UNAMA – UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CCET - CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL UM COMPARATIVO ENTRE MISTURAS ASFÁLTICAS CONVENCIONAL E COM 10% DE RESÍDUO DE MANGANÊS, UTILIZANDO SEIXO ROLADO ANDRÉ TEIXEIRA ROSA DIRCEU GABRIEL BARBOSA CUNHA BELÉM 2010 2 ANDRÉ TEIXEIRA ROSA DIRCEU GABRIEL BARBOSA CUNHA UM COMPARATIVO ENTRE MISTURAS ASFÁLTICAS CONVENCIONAL E COM 10% DE RESÍDUO DE MANGANÊS, UTILIZANDO SEIXO ROLADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Benedito Coutinho Neto. BELÉM 2010 3 4 Aos nossos pais e irmãos. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter nos dado o dom da vida, e com ela sabedoria e a oportunidade de realizar nossos sonhos. Aos nossos pais, Célio Ribeiro da Cunha e Maria da Penha Alves Barbosa Cunha, Elizete Teixeira Rosa, em memória de Miguel da Paixão Rosa, que sempre nos incentivaram com muita dedicação, confiança, apoio, compreensão e muito amor que nos deram ao longo de nossas vidas, nos educando e ensinando sempre os valores de um homem com dignidade, honestidade responsabilidade, respeito ao próximo e amor acima de tudo. Aos nossos irmãos, em especial Claudio Eduardo, Nádia Maria e Allan Teixeira Rosa pelo carinho, companheirismo, dedicados a nós durante todo o decorrer do curso de engenharia. As nossas namoradas Jessica Miranda (Dirceu), Aline de Almeida Pereira (André) por todo o apoio, carinho e compreensão concedidos, mesmos nos momentos mais difíceis em que estive ausente, me incentivando e me dando forças quando necessário. Ao nosso orientador, Prof. Dr. Benedito Coutinho Neto, pela oportunidade concedida de sermos seus orientados, e por ter sido incansável durante a este período com sua nobreza e paciência para conosco, neste estudo. Temos como um grande amigo. Aos nossos amigos que nos deram apoio e que nos ajudaram direto e indiretamente na realização deste trabalho incentivando e acreditando no nosso futuro. Em especial ao Michel Costa pela ajuda e auxilio na realização dos ensaios executados. Aos técnicos Odirlei e Beto (Laboratório de Materiais de Construção, Mecânica dos solos e Misturas Asfálticas – UNAMA) por todo apoio concedido nos processos laboratoriais, sempre de bom humor. A empresa CONSTRUFOX, que nos cedeu o material para realização de nossos ensaios (CAP). 6 RESUMO CUNHA, Dirceu Gabriel; ROSA, André Teixeira (2010). Um comparativo entre misturas asfálticas convencional e com 10% de resíduo de manganês, utilizando seixo rolado. TCC (Graduação em Engenharia Civil) – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade da Amazônia, Belém, 2010. Ao ser depositado de maneira incorreta no meio ambiente, o resíduo da produção do minério de manganês pode causar danos tanto à flora e à fauna, quanto à saúde humana. Tudo isso, principalmente, devido ao arsênio, um elemento químico comum na natureza e, quando proveniente de minerais (inorgânicos), se ingerido é de difícil metabolização. E por ser um elemento cumulativo, este pode causar doenças sérias, como o câncer. Vale ressaltar, que a afinidade química entre o manganês e o arsênio é muito boa, portanto, é preocupante a presença deste elemento no resíduo de manganês. O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de alternativa para utilização desse resíduo com a finalidade de contribuir para a minimização deste problema, reutilizando-o na combinação de agregados utilizados na fabricação de concreto asfáltico usinado a quente (C.A.U.Q.). Este trabalho não teve a pretensão de avaliar o potencial de poluição ambiental deste resíduo quando incorporado à massa asfáltica solta e compactada, isso será realizado futuramente. A metodologia de dosagem e a confecção dos corpos-de-prova fora realizadas por meio do Método Marshall. Desta forma, foram avaliados os parâmetros tradicionais deste método, com mistura convencional com seixo rolado e mistura com 10% de resíduo de manganês. Além disso, realizou-se o ensaio de Dano por Umidade Induzida, que objetiva predizer em longo prazo a susceptibilidade da mistura ao deslocamento da película asfáltica. E o Rice Test, ensaio para a obtenção da densidade real da mistura. Com base nos resultados obtidos, concluiu-se, em linhas gerais, que a reutilização do resíduo de manganês na pavimentação asfáltica, quanto às propriedades mecânicas, pode se tornar viável, pois as misturas comportaram-se de forma bastante similares. PALAVRAS-CHAVE: Resíduo de manganês. Passivo ambiental. Misturas asfálticas. C.A.U.Q. Dano por umidade induzida. Rice Test. 7 ABSTRACT CUNHA, Dirceu Gabriel e ROSA, André Teixeira (2010). A comparison between conventional and asphalt mixtures with 10% residual manganeses, using pebbles. CBT (Graduation in Civil Engineering) – Center for Science and Technology, Universidade da Amazônia, Belém, 2010. When incorrectly placed in the environment, the residue from the production of manganese ore can damage both flora and fauna, even human health. All this, mainly due to arsenic, a chemical element common in nature, and when it comes from the mineral (inorganic), if it is ingested, it’s difficult to metabolize. Because it is a cumulative element, this can cause serious illnesses such as cancer. It is noteworthy that the chemical affinity between manganese and arsenic is very effective, so the presence of this element in the residue of manganese is worrying. The aim of this final paper project is to present a study of alternative use for this waste in order to contribute to reduce this problem by reusing it through the combination of aggregates used in the manufacture of hot machined asphaltic concrete (C.A.U.Q). This study did not intend to evaluate the potential of environmental pollution of this waste when embedded in the asphalt mix and compacted loose, this will be done later. The dosage methodology and the preparation of test-bodies were performed by the Marshall Method. Thus, we assessed traditional parameters of this method, with mixtures containing gravel and crushed stone and 10% of residual manganese. Moreover, the Damage by Induced Humidity Test was done, which aims to predict in long-term the susceptibility to displacement of the mixture of asphaltic film. Based on these results, we concluded, in general, that the reuse of residual manganese in asphalt pavement, regards to their mechanical properties, is viable, because the mixtures presented similar behaviors. KEY WORDS: Manganese waste. Environmental passive. Asphaltic mixtures. C.A.U.Q. Damage by induced humidity. Rice Test. 8 LISTAS DE TABELAS Tabela 1 – Granulometria de todos os materiais utilizados na pesquisa. 37 Tabela 2 – Granulometria dos agregados utilizados na composição convencional com seixo. 38 Tabela 3 – Granulometria dos agregados utilizados na composição com 10% de RM. 39 Tabela 4 – Resultado da abrasão Los Angeles com o seixo proveniente de Ourém-PA. 42 Tabela 5 – Resultado da abrasão Los Angeles com o RM proveniente da Serra do Navio – AP. 42 Tabela 6 – Resultado da densidade real e aparente, porcentagem de vazios e absorção do seixo proveniente de Ourém-PA. 43 Tabela 7 – Resultado da densidade real e aparente, porcentagem de vazios e absorção do RM proveniente da Serra do Navio - AP. Tabela 8 – Resultado da densidade real da areia proveniente de Ourém-PA. 43 44 Tabela 9 – Características físicas de todos os agregados minerais utilizados nesta pesquisa. 46 Tabela 10 – Resultados de todos os ensaios de caracterização do CAP. 52 Tabela 11 – Superfície especifica das misturas. 53 Figura 12 – Teores de ligante para moldagem das misturas. 54 Tabela 13 – Novos teores de ligante para moldagem das misturas. 54 Tabela 14 – Especificação das misturas asfálticas para a camada de rolamento. 60 Tabela 15 – Resultados médios dos ensaios Marshall para mistura convencional. 61 Tabela 16 – Resultados médios dos ensaios Marshall para mistura com 10% RM. 63 Tabela 17 – Resultados do dano da umidade induzida para mistura convencional com seixo com volume de vazios 7 ± 1%. 66 Tabela 18 – Resultado do dano da umidade induzida para mistura com 10% de resíduo de manganês com volume de vazios 7 ± 1%. 67 Tabela 19 – Densidade teórica da mistura convencional. 68 Tabela 20 – Densidade teórica da mistura com 10% RM. 68 Tabela 21 – Resultados das densidades. 70 9 LISTAS DE FIGURAS Figura 1 – Mapa com a localização de Serra do Navio, estrada de ferro e do porto de Santana-AP. 21 Figura 2 – Material estéril, (subproduto), depositado na região da Serra do Navio. 23 Figura 3 – Barragem de rejeitos não impermeabilizada. 25 Figura 4 – Deposição indevida de rejeitos. 26 Figura 5 – Esquema de peneiras para a análise granulométrica. 34 Figura 6 – Peneiras para análise granulométrica. 34 Figura 7 – Granulometria da areia proveniente de Ourém-Pa. 35 Figura 8 – Granulometria do seixo proveniente de Ourém-Pa. 35 Figura 9 – Granulometria do resíduo de manganês proveniente da Serra do Navio - AP. 36 Figura 10 – Granulometria do seixo e do RM. 37 Figura 11 – Curva granulométrica dos agregados utilizados na pesquisa com a mistura convencional com seixo. 38 Figura 12 – Curva granulométrica dos agregados utilizados na pesquisa com a mistura de 10% de RM. 39 Figura 13 – Curva granulométrica das misturas convencional e com adição de 10% RM. 40 Figura 14 – Moinho de esferas. 41 Figura 15 – Adesividade do Seixo. 45 Figura 16 – Adesividade do RM. 45 Figura 17 – Adesividade da areia. 46 Figura 18 – Momento em que o CAP atinge seu Ponto de Fulgor. 48 Figura 19 – Gráfico da Viscosidade Saybolt-Furol (CAP - 50/70). 49 Figura 20 – Viscosímetro Saybolt-Furol. 49 Figura 21 – Detalhe das esferas começando atravessar o anel. 50 Figura 22 – Penetrômetro. 51 Figura 23 – Soquete Marshall 55 Figura 24 – Prensa Marshall/CBR Automatizado 56 Figura 25 – Mistura repousando em temperatura ambiente por 2 horas. 57 Figura 26 – Momento em que material fica por 16 horas a 60°C em estufa. 57 Figura 27 – Corpos-de-prova em banho de água a uma temperatura de 25°C. 57 10 Figura 28 – Prensa Marshall/CBR Automatizado. 57 Figura 29 – Corpos-de-prova no dessecador no processo de saturação. 58 Figura 30 – Verificação de temperatura dos corpos-de-prova dentro do freezer. 58 Figura 31 – Corpos-de-prova em banho maria de água destilada a uma temperatura de 60°C. Figura 32 – Mesa giratória utilizada no ensaio Rice test. 58 59 Figura 33 - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas convencional com seixo. 62 Figura 34 – Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas convencional com seixo. 64 11 LISTA DE SÍMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANP Agência Nacional de Petróleo ASTM American Socity for Testing and Materials CAP Cimento Asfáltico de Petróleo CAUQ Concreto Asfáltico Usinado a Quente CFA Companhia Ferroligas do Amapá DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte ES Especificação de serviçio ICOMI Indústria e Comércio de Minérios S/A JPE Jaakko Poyry Engenharia Ltda ME Método de Ensaio NBR Norma Brasileira RM Resíduo de Manganês sSF Viscosidade Saybolt-Furol UNAMA Universidade da Amazônia 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 TEMA EM ESTUDO 13 1.2 JUSTIFICATIVA 13 1.3 METODOLOGIA 14 1.4 OBJETIVOS 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16 2.1 PRODUÇÃO DE MANGANÊS 16 2.1.1 Manganês 16 2.1.2 Características do manganês 17 2.1.3 Reservas 18 2.1.4 Produção 19 2.1.5 Perspectivas 19 2.2 MANGANÊS NA SERRA DO NAVIO 20 2.2.1 Beneficiamento 22 2.2.2 Passivo ambiental 24 2.3 MISTURA ASFÁLTICA, C.A.U.Q. 27 2.3.1 Ligante Asfáltico 28 2.3.2 Agregados 29 2.4 MÉTODO DE DOSAGEM – MARSHAL 30 3 MATERIAIS E MÉTODOS 33 3.1 ENSAIOS DE CARACTERIZACÃO DO AGREGADO 33 3.1.2 Análise granulométrica (DNER – ME 083/98) 34 3.1.2.1 Agregados 35 3.1.2.2 Resíduo de manganês 36 3.1.2.3 Composição das misturas 37 3.1.2 Abrasão Los Angeles (DNER ME – 035/98) 40 3.1.2.1 Abrasão Los Angeles do Seixo 41 3.1.2.2 Abrasão Los Angeles do Resíduo de Manganês 42 3.1.3 Determinação da absorção e densidade do agregado graúdo (DNER – ME 081/98) 42 13 3.1.4 Densidade real das partículas do agregado miúdo (DNER – ME 084/95) 43 3.1.5 Adesividade (DNER-ME 078/94 e DNER-ME 079/94) 44 3.1.5.1 Adesividade de agregado graúdo (DNER-ME 078/94) 44 3.1.5.2 Adesividade de agregado miúdo (DNER-ME 079/94) 45 3.2 ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DO CAP 47 3.2.1 Ponto de fulgor (DNER – ME 148/94) 47 3.2.2 Viscosidade Saybolt furol (DNER – ME 004/94) 48 3.2.3 Ponto de amolecimento (DNER – ME 247/94) 50 3.2.4 Penetração (DNER – ME 003/99) 51 3.2.5 Densidade (DNER – ME 193/96) 52 3.3 MÉTODO DA SUPERFÍCIE ESPECÍFICA. 52 3.4 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS. 54 3.4.1 Moldagem dos corpos-de-prova para a dosagem Marshall (DNER – ME 043/95). 3.4.2 Dano por umidade induzida (Ensaio modificado de LOTTMAN). 55 56 3.4.3 Densidade máxima teórica de misturas asfálticas (Rice Test – ASTM 2041/00). 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS MÉTODOS. 59 60 4.1 – MÉTODO DE DOSAGEM MARSHALL. 60 4.1.1 Mistura com CAP 50/70, convencional com seixo. 61 4.1.2 Mistura com CAP 50/70, com adição de 10% de resíduo de manganês. 63 4.2 ENSAIO DE UMIDADE INDUZIDA (MODIFICADO DE LOTTMAN). 65 4.3 DENSIDADE MÁXIMA TEÓRICA DE MISTURAS ASFÁLTICAS. (RICE TEST – ASTM 2041/100). 68 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES. 69 5.1 – DOSAGEM MARSHALL. 69 5.2 – UMIDADE INDUZIDA. 70 5.3 – RICE TEST. 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 71 14 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 TEMA EM ESTUDO Esse projeto de pesquisa tem como intuito, fazer uma análise comparativa, e demonstrativa entre misturas asfálticas convencional com seixo rolado, e misturas asfálticas com adição de 10% do resíduo de manganês, na composição do C.A.U.Q. (Concreto Asfáltico Usinado a Quente), onde muitas das vezes esses rejeitos são depositados de maneira inadequada ao meio ambiente. O resíduo é oriundo da extração e produção do minério de manganês e seu reaproveitamento, parcialmente, como no caso em estudo, é uma forma nobre de dar destino adequado a este resíduo. 1.2 JUSTIFICATIVA O resíduo oriundo da produção de manganês, quando depositado incorretamente no meio ambiente, tem causado sérios danos a natureza e a sociedade, como foi o caso ocorrido na Serra do Navio. Desta forma, este estudo visa analisar a viabilidade da adição de 10% de resíduo de manganês em misturas asfálticas, partindo da hipótese de que o resíduo quando 15 envolvido pela película asfáltica não libera substâncias indesejáveis, tais como metais pesados, arsênio e surfactantes, que venham a poluir os mananciais e, assim, contaminar a flora e a fauna e conseqüentemente, ser nociva a integridade física e mental do ser humano. (BURLAMAQUI, A. T.; SOUZA, R. O.; COUTINHO NETO, B. Avaliação dos parâmetros Marshall em misturas asfálticas tipo C.A.U.Q. com 5, 15 e 25% de resíduo de manganês. Coninfra, São Paulo, julho 2009). Na atividade de pavimentação de vias se utiliza muitos recursos naturais não renováveis, e pode-se dizer que a extração de agregados já é um grande enfrentamento com ambientalistas, pois causa grandes impactos ao meio ambiente. Ao utilizar esse resíduo em revestimento asfáltico, ou seja, dar a ele um destino adequado, ao mesmo tempo iremos contribuir para a preservação dos recursos naturais, saúde e bem estar de toda população. Este e outros fatos relatados despertaram o interesse dos autores deste trabalho na fundamentação deste estudo, que abordam inicialmente, a produção de manganês no pais, seus impactos ambientais gerados pelo resíduo de manganês, e os seus possíveis ensaios para uma comparação física da composição convencional e com adição de 10% de resíduo de manganês. 1.3 METODOLOGIA Os materiais utilizados nesta pesquisa, como o seixo e a areia são da região amazônica, proveniente do município de Ourém-Pa, já o resíduo de manganês é oriundo da Serra do Navio, localizado no Estado do Amapá, e o Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP 50/70), foi doado pela empresa CONSTRUFOX, localizada em Marabá, distante 485 km da cidade de Belém para à UNAMA – Universidade da Amazônia. Para a caracterização desses materiais foram seguidas todas as especificações e normas do DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte, e da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas. Todos os ensaios de caracterização e de avaliação das misturas foram realizados no Laboratório do curso de Engenharia Civil da UNAMA – Universidade da Amazônia, com a orientação do Prof. Dr. Benedito Coutinho Neto. 16 1.4 OBJETIVOS Geral: Avaliar o reaproveitamento da adição do resíduo de manganês no teor de 10%, oriundo da Serra do Navio, como agregado graúdo em misturas asfálticas, tipo C.A.U.Q. (Concreto Asfáltico Usinado a Quente), tendo como parâmetros embasadores os resultados dos ensaios de dosagem Marshall (DNER-ME 043/95), Resistência a Tração (DNER-ME 138/94) e Umidade Induzida (ENSAIO MODIFICADO DE LOTTMAN – AASHTO 283/99) e Densidade Máxima Teórica de Misturas Asfálticas (RICE TEST – ASTM 2041/100). Específicos: Caracterizar os agregados utilizados na composição granulométrica das misturas: seixo, areia e resíduo de manganês; Caracterizar o Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP, utilizado na Região; Caracterizar as misturas asfálticas em estudo; Executar o ensaio de Rice Test. 17 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBIOGRÁFICA 2.1 PRODUÇÃO DE MANGANÊS 2.1.1 Manganês O manganês é o 12º elemento mais abundante na crosta terrestre, é um metal que pertence à classe dos metais de transição, possui número atômico 25, está localizado no grupo 7 da tabela periódica, foi descoberto em 1774 pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele e isolado no mesmo ano por seu colaborador, Johan Gottlieb Gahn. Apresenta as seguintes características físico-químicas: peso atômico 54,983 g, densidade 7,21 a 7,40 g/cm3, é quebradiço, mas apresenta um alto grau de dureza, encontra-se no estado sólido na natureza, apresenta-se como um metal cinza brilhante. O manganês tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento dos diversos processos de fabricação do aço, pois é o quarto metal mais utilizado do mundo, depois do ferro, alumínio e cobre, ele esta presente em nosso dia-a-dia, como no aço utilizado em carros e na construção civil, por isso cerca de 90% de todo manganês consumido anualmente vai para siderúrgicas como elemento de liga (SANTANA, 2009). Ele é utilizado como elemento de liga e desoxidante moderado. Em aços de baixo carbono, o manganês residual aumenta a sua dureza e resistência. Como elemento de liga, o 18 manganês permite a fabricação dos chamados aços manganês austeníticos, com elevada dureza superficial. Em aços ferramenta, a presença do manganês melhora a temperabilidade. Em associação com o enxofre, o manganês é utilizado nos aços de usinagem fácil. Ele não é reciclável e não possui um substituto econômico, em virtude de ele possuir preço relativamente baixo além de benefícios técnicos, e é exatamente por causa dessas características que atualmente a utilização de outra substância não é cogitada (SANTANA 2009). Na escala de utilização o minério de manganês, aparece em segundo lugar como mercado mais importante, o mercado de pilhas, existe também outro mercado pouco conhecido deste minério que é o de algumas vitaminas, pois o manganês é essencial para todas as formas de vida, inclusive o ser humano, que precisa consumir de 1 a 5 mg por dia deste mineral que é absorvido no intestino delgado, acabando na maior parte no fígado, de onde se dirige para as diferentes partes do organismo (SANTANA, 2009). No entanto, o manganês em excesso é tóxico. Exposições prolongadas a compostos de manganês, de forma inalada ou oral, podem provocar efeitos adversos no sistema nervoso, respiratório e outros. A demanda por manganês vem crescendo nos últimos anos impulsionada pela expansão da indústria de aço global. Este crescimento está sendo dirigido pela expansão da indústria de aço chinesa que agora responde por quase 40% de produção de aço mundial, e por conta disso, segundo as empresas responsáveis por sua extração, o comércio mundial de manganês tem previsão de crescimento de aproximadamente 7% ao ano, durante os próximos cinco anos (SANTANA, 2009). 2.1.2 Características do manganês Segundo Santana (2009), o minério de manganês, ele é largamente empregado na indústria siderúrgica, para a qual o seu valor de uso está estreitamente associado ao percentual de manganês contido no minério. A fração restante da produção do minério de manganês que não é absorvida pela siderurgia é pouco significativa (5%), sendo utilizada na indústria química, cerâmica, elétrica e de fertilizantes. Os minérios de manganês são classificados de acordo com critérios baseados no percentual do conteúdo metálico e de componentes 19 acessórios, bem como em sua granulometria. A classificação mais geral distingue minérios do tipo metalúrgico, químico e eletrolítico. 2.1.3 Reservas As principais reservas de manganês estão em países essencialmente situados no mundo ocidental, como a Austrália (160 milhões/t), Gabão (160 milhões/t) e África do Sul (4,0 bilhões/t), que fornecem algo em torno de 90% do mercado internacional. Gana e Índia, que exportavam grandes quantidades de minério com alto teor de concentrado, neste momento estão exportando somente quantidades com médio ou baixo grau de concentração (SANTANA, 2009). Existem grandes reservas de manganês no fundo dos oceanos, no entanto o manganês está na forma de “polymetallic”, isto é, juntamente com outros minérios, as estimativas dessas reservas variam muito, e algumas apontam que os nódulos contêm em média 25% de manganês. A exploração necessitaria ser a uma profundidade de aproximadamente 5.000 metros, o que tornaria a operação difícil e muito cara. Estes nódulos são vistos agora como potencialmente exploráveis no longo prazo (SANTANA, 2009). As reservas brasileiras no ano de 2003 eram da ordem de 131 milhões de toneladas, contra 587 milhões em 2008, o que importa dizer que houve um incremento de quase 350%, motivado pela reavaliação das reservas existentes no território nacional. O mesmo processo de reavaliação de reservas mostrou que no ano de 2006, as mesmas estavam superestimadas. O teor médio do manganês das reservas nacionais atinge 32,5% e suas principais reservas nacionais estão localizadas nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia e Pará (SANTANA, 2009). O Estado de Minas Gerais continua sendo o que mais possui reservas, com valor estimado em mais de 511 milhões de toneladas, em seguida aparece o estado de Mato Grosso do Sul com quase 38 milhões de toneladas e o Pará com 25 milhões de toneladas. As reservas localizadas nos demais estados ainda não são utilizadas de forma expressiva, em virtude dos maiores produtores do manganês em território nacional serem as empresas pertencentes ao grupo VALE que localizam sua produção em sua maioria nos estados de Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul e Pará e a Mineração Buritirama, que concentra sua produção no município de Marabá, no estado do Pará (SANTANA, 2009). 20 2.1.4 Produção A produção mundial de minério de manganês em 2008 atingiu 14 milhões de toneladas, mostrando assim um acréscimo de aproximadamente 11% em relação a 2007, quando a produção atingiu 12,6 milhões de toneladas. A produção brasileira em 2008 chegou a 2,4 milhões de toneladas, o que importa dizer que houve um incremento de 28% em relação a 2007, motivado principalmente pela demanda internacional, que estava aquecida antes da crise internacional, sendo que produção brasileira em 2008, representou 17,1% da produção mundial, o que coloca o Brasil em 2 º lugar no ranking mundial. No Brasil a VALE pretende no curto prazo, instalar dois novos projetos de mineração no estado do Pará um deles de exploração de manganês, no qual estima investir cerca de R$ 36,2 milhões, que tem o nome de Projeto Buriti, e se localiza na cidade de Marabá, este novo projeto seria o segundo localizado em território paraense, pois a VALE já possui um lavra de manganês localizada em Parauapebas-Pa, que é a mina do azul, que em 2008 produziu 2 milhões de toneladas do minério, o que representou um acréscimo de 111% em relação a 2007 (SANTANA, 2009). 2.1.5 Perspectivas O minério de manganês não tem previsão de substituição no curto prazo, pois seu custo de produção é relativamente baixo e as reservas descobertas e exploradas cobrem perfeitamente a demanda mundial. A produção mundial em 2009 deve desacelerar devido à crise americana¸ que abalou os demais setores da economia, e com isto a produção brasileira em especial, devido à paralisação de parte da produção da companhia VALE, a maior produtora nacional e umas das maiores mundiais, deve ter também uma desaceleração, acompanhando a tendência mundial, o fato justifica-se em virtude da produção de manganês ser direcionada na sua maioria para o setor de ferroligas e diante da desaceleração na demanda do setor siderúrgico, a demanda por minério de manganês conseqüentemente será afetada (SANTANA, 2009). 21 2.2 MANGANÊS NA SERRA DO NAVIO Serra do Navio situa-se no estado do Amapá, e possui uma localização privilegiada pelo fato de estar cercada por rios navegáveis que deságuam em mares de rotas comerciais, como ilustrado na Figura 01, latitude 0°55’ norte e longitude 52°05’ oeste, às margens do Rio Amapari, o qual faz parte da bacia hidrográfica do Rio Araguari, teve uma mercantilização do minério de manganês na década de 50, onde todo o minério ali extraído era escoado por 192 km por estrada de ferro, até o porto de Santana, situado as margem esquerda do canal Norte do Rio Amazonas. Naquela época o manganês era considerado um minério de grande importância no mercado internacional, pois, em plena “guerra fria”, a antiga União Soviética, detentora das maiores reservas mundiais de manganês, insumo indispensável à indústria do aço, havia suspendido a sua exportação. Com isto as reservas da Serra do Navio ganharam enorme importância, elas foram inclusive declaradas, em setembro de 1946, por decreto-lei do presidente Eurico Gaspar Dutra, como “reserva nacional”, cujo estudo e aproveitamento deveriam ser feitos pelo Governo do Território Federal do Amapá sob a orientação do Conselho Nacional de Minas e Metalurgia. O decreto tinha, em verdade, um caráter retórico. A real intenção do governo Dutra em consonância com a orientação política de caráter liberal em vigência naquele momento era transferir a exploração da mina integralmente para o âmbito da iniciativa privada (SCARPELLI, 2006). Em dezembro de 1947, por meio de contratos de concessão, a ICOMI recebeu autorização do governo federal para pesquisar e valorizar o minério da Serra do Navio. E em 1950, sob a alegação da necessidade de aporte técnico e de recursos financeiros, a ICOMI associa-se à Bethlehem Steel Company, naquele momento uma das gigantescas corporações norte-americanas produtoras de aço, que passou a participar com 49% do capital da empresa. Como justificativa para a admissão do novo sócio ao empreendimento, a ICOMI argumentava que na ocasião, não existindo no país, nem a técnica especializada, nem os recursos financeiros, que permitissem realizar obra de mérito, à altura dos interesses da Nação, a ICOMI buscou entendimentos no exterior tendo conseguido interessar a Bethlehem Steel Company, empresa americana, que reunia todas as credenciais para tornar o empreendimento um sucesso completo (SANTANA, 2009). 22 Figura 01 – Mapa com a localização de Serra do Navio, estrada de ferro e do porto de Santana-AP (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). 23 Com o início das atividades da ICOMI, o Brasil passou a ser o quarto maior produtor de minério de manganês, sendo superado apenas pela então União Soviética, pela África do Sul e pela Índia. A produção da ICOMI nos primeiros anos de operação oscilou em torno de 700 mil toneladas anuais e destinou-se basicamente ao abastecimento do mercado norteamericano. A ICOMI lavrou e comercializou minérios de manganês da Serra do Navio desde 1957 até 1997. A maior parte da produção foi constituída de blocos naturais de minério, os quais no processo de preparo para a venda não sofreram nenhuma alteração química ou mineral em sua constituição. Foram apenas britados, peneirados e classificados granulometricamente, até atingir às especificações exigidas pelos compradores, e lavados, para remoções de argilas (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). 2.2.1 Beneficiamento A remoção do capeamento estéril era realizada por equipamentos denominados moto scrapers, em seguida, era realizado o desmonte, feito por tratores de esteiras, e em casos nos quais os corpos mineralizados eram compostos por materiais maciços, para o desmonte, se recorria inicialmente a explosivos. Após o desmonte, iniciava se a retirada do minério por escavadeiras mecânicas que também realizavam o seu carregamento em caminhões, que descarregado diretamente em um sistema de peneiras que fornecia somente o material acima de seis polegadas ao britador primário, e assim se iniciava o beneficiamento do minério, que era realizado em uma usina. O minério britado era então conduzido por uma correia a uma peneira que separava dois produtos. O primeiro, com granulometria acima de duas polegadas e meia, que entrava em um circuito de britagem secundária e o segundo, com dimensão inferior a esta, que era conduzido a um processo de lavagem, em seguida a uma segunda peneira, em que o minério era separado em faixas granulométricas representando subprodutos distintos: o material acima de meia polegada, lançado por correia de minério grosso ao silo de grosso, denominado pela empresa “Grosso 48”, o material com dimensão inferior a meia polegada era conduzido a uma quarta peneira para retirar aquelas frações com dimensão inferior a 5/16 polegadas, fornecendo o produto denominado pela empresa “bitolado”. Havia como subprodutos do beneficiamento o “miúdo” e o “fino” do minério, que possuíam granulometria inferior a 5/16 polegadas que eram armazenados em grandes pilhas, 24 como mostra a Figura 02, pois estes materiais não eram comercializados até os anos 70 (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Figura 02 – Material estéril, (subproduto), depositado na região da Serra do Navio (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Na década de 70, a tendência à ampliação da oferta de manganês no mercado mundial é mantida como decorrência do aparecimento de novas fontes de suprimento, da produção da Austrália, do Gabão e do Brasil terem sofrido gradual ampliação, e pelo fato de ter também ávido, como conseqüência de novas tecnologias siderúrgicas, uma redução do volume de minério de manganês requerido por tonelada de aço produzido, o que tornou o mercado de minério de manganês altamente competitivo. Estas mudanças no mercado mundial do manganês, fruto das oscilações vinculadas à chamada escassez relativa do mineral foram indutoras de mudanças na organização industrial adotada pela ICOMI para a valorização do manganês da Serra do Navio. De tal modo que a ICOMI introduziu a mais significativa das alterações nos processos de beneficiamento do manganês na história da empresa. Tratou-se da construção da usina destinada a concentrar as frações finas do minério de manganês na Serra do Navio e da usina de pelotização no Porto de Santana (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Até meados da década de setenta, os fragmentos mais finos, menores que um milímetro, não encontrava compradores, e desta forma eram estocados em Serra do Navio. Para a comercialização desses finos foi construída, próximo ao porto, uma usina de pelotização, a qual, utilizando altas temperaturas no processo de beneficiamento, aglomerava 25 os finos em pelotas endurecidas de cerca de 1 centímetro de diâmetro, o enquadrando nas exigências para a sua comercialização. A usina operou de 1973 a 1983, interrompendo a produção de pelotas quando coincidiu que o mercado passou a solicitar o fino em estado natural, com um aumento excessivamente alto dos preços de combustíveis que se conjugou a queda do mercado em pelotas, tanto em preço quanto em demanda (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). De 1989 até 1996 a usina foi usada para a produção de sinter, que é um aglomerante mais frágil que a pelota, formado a temperaturas de ordem de 700 °C. Assim, a partir de 1988, a ICOMI passou a utilizar o processo de sinterização, por meio do qual aqueles “finos” de minério, que não teriam valor de uso, eram aglomerados ganhando a possibilidade de valorização e conseqüentemente de serem mercantilizados. A operação da usina de sinterização em 1989 permitiu à ICOMI, além de atender à demanda do mercado externo por sinter de manganês, tornar-se fornecedora desta matéria-prima à Companhia Ferroligas do Amapá – CFA, para a produção de ligas de ferro-manganês de alto carbono. A produção de sinter se iniciava com a preparação e classificação granulométrica das matérias-primas, fundentes e carvão vegetal. Como em todo processo siderúrgico, a composição de carga em faixas bem delimitadas permite atingir maior eficiência. De tal forma, as matérias-primas antes enviadas ao forno são submetidas a um sistema de britagem e de classificação das faixas granulométricas. No caso da sinterização, requeria partículas com dimensões inferiores a seis milímetros (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Somente décadas depois seria constatado que esta forma de disposição dos rejeitos seria responsável pela contaminação por arsênio e manganês tanto de lençóis freáticos quanto de águas superficiais, como se indicará mais adiante. 2.2.2 Passivo ambiental Como decorrência da valorização das minas de minério de manganês da Serra do Navio, além de sua dispersão, o encerramento da exploração industrial do manganês deixou como saldo um “passivo ambiental” ainda não detectado em sua plenitude. 26 São considerados passivos ambientais, os danos causados ao meio ambiente, representando, assim, a obrigação, e a responsabilidade social da empresa com os aspectos ambientais. No caso do manganês da Serra do Navio foi considerado como passivo ambiental a contaminação de lençóis freáticos com arsênio na área do porto da ICOMI em Santana, como também de cursos d’água nas proximidades daquela área. Este passivo ambiental esta relacionado à medida que o minério fino que era aquecido a elevadas temperaturas na Serra do Navio para a execução dos processos de sinterização e pelotização, parte do minério recristalizou em hausmanita e tetroita, minerais instáveis a superfície. E parte do arsênio saiu da proteção dos hidróxidos de ferro e de manganês e tornou-se solubilizável em condições ambientais. O arsênio solubilizável a mais que ficou retido no interior das pelotas manteve-se estável, visto que ali não poderia ser alcançado. Todas as pelotas produzidas foram comercializadas e consumidas em alto-fornos, onde removido por técnicas siderúrgicas convencionais (SCARPELLI, 2006). No entanto, o processo da sinterização e pelotização deixaram uma quantidade de rejeitos, composto de resíduos finos e algumas pelotas mal formadas, mal compactadas ou pequenas, estes rejeitos foram depositados em uma barragem artificial, situada ao lado da usina de sinterização e pelotização. Na qual era constituída de uma escavação que alcançou o nível freático e limitada lateralmente por muro de terra compactada. Ali, o arsênio solubilizável, e à superfície dos grãos foi dissolvido e contaminou a água da barragem, e as águas dos subsolos em suas imediações (SCARPELLI, 2006). Na Figura 03, pode-se observar uma a barragem de rejeitos não impermeabilizada, onde foi depositado o resíduo de manganês. 27 Figura 03 – Barragem de rejeitos (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003) não impermeabilizada Quando a contaminação foi identificada o rejeito foi retirado da barragem, depositado em terra firme e coberto por plástico. Essa remoção foi executada em 1998, onde foi constatado que o rejeito continha grande quantidade de material coloidal, formado no próprio local a partir de minerais como hausmanita e a tetroita. Quanto à água da barragem após a retirada dos rejeitos, o arsênio nela contida oxida-se natural e constantemente, precipitando juntamente com hidróxidos de ferro e de manganês neo-formados (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Na Figura 04, pode-se verificar o acúmulo de rejeitos, ainda sem destinação definida, provenientes do beneficiamento de minério de manganês nas usinas de sinterização e pelotização e estocados na área portuária da ICOMI em Santana, AP 28 Figura 04 – Deposição indevida de rejeitos (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2003). Devido à existência de aglomerados populacionais, em especial uma vila ribeirinha denominada Vila do Elesbão, construída em palafitas às margens do Rio das Amazonas e cuja população é estimada em 2.600 pessoas que poderiam ter tido contato com as águas com elevados teores de arsênio, ao que se somou a possibilidade dos sedimentos de fundo e da fauna aquática do igarapé Elesbão estarem comprometidos, foi executado o monitoramento específico das águas, sedimentos e ictiofauna. Tais levantamentos foram realizados pela Jaakko Pöyry Engenharia Ltda. – JPE, que concluíram, que mesmo com a paralisação da usina de sinterização, e conseqüente emissão de efluentes, tanto os teores de manganês quanto os de arsênio estavam acima dos limites, e, ainda, a existência de indícios de bioacumulação de ferro e manganês em algumas espécies de peixes, não sendo, entretanto, detectada bioacumulação de arsênio nas amostras de peixe analisadas naquele estudo. Os estudos da JPE comprovaram que os teores de arsênio decaíam com o aumento da distância em relação às bacias de disposição e que esta contaminação estava relacionada também aos efluentes da sinterização e pelotização, desativada em 1996, como também a já citada barragem de rejeitos (JPE, 1998). Constatado que os rejeitos contendo arsênio atingiram águas do nível freático e igarapés como decorrência da disposição inadequada dos rejeitos produzidos pelo processo de 29 beneficiamento, tanto da pelotização quanto da sinterização do minério de manganês a ICOMI foi multada em R$ 52 milhões, a empresa recorreu à justiça contra a multa e até o final desta pesquisa ainda não foi encontrada uma solução. 2.3 MISTURA ASFÁLTICA, TIPO C.A.U.Q Segundo a DNIT 031/06 o concreto asfáltico é uma mistura produzida a quente, em usina apropriada, constituído de agregado mineral graduado, fíler e ligante betuminoso (CAP). Para uso em pavimentação as misturas asfálticas devem apresentar as seguintes características: durabilidade, impermeabilidade, resistência, estabilidade, flexibilidade, rigidez, trabalhabilidade, resistência à derrapagem e à fadiga. As suas principais características mecânicas necessárias para a mistura asfáltica segundo Coelho (1992) são: Trabalhabilidade; Durabilidade; Estabilidade; Flexibilidade; Resistência por aderência superficial; A trabalhabilidade é relativa às operações de homogeneização e espalhamento da massa, devendo ocorrer sem grande dificuldade. A durabilidade é a resistência das misturas às ações do clima, tempo e do tráfego, devendo haver um bom envolvimento dos agregados pelo asfalto devido a uma boa homogeneização, ao teor ótimo de ligante e a uma compactação eficiente com um baixo volume de vazios. Uma mistura asfáltica tem estabilidade quando tem a capacidade de suportar os carregamentos provenientes do tráfego sem sofrer danos irreversíveis e permanentes. A flexibilidade é a propriedade da mistura de resistir à flexão causada pela ação de cargas repetidas sem que ocorra a fadiga do pavimento e deformações permanentes da camada da base. Quantidade, características e temperatura do ligante podem influenciar nesta propriedade. 30 A resistência por aderência superficial é a propriedade do pavimento de resistir ao escorregamento dos pneus dos veículos, que também depende diretamente das características dos pneus e do seu estado de conservação. Os agregados utilizados na composição da mistura asfáltica são importantes na obtenção de camadas com textura e atrito superficial convenientes a oferecer resistência ao deslizamento dos pneus dos veículos, ou seja, resistência por aderência superficial. Coutinho Neto (2004) lembra que tradicionalmente as misturas asfálticas são compostas por agregado graúdo e miúdo, material de enchimento (fíler) e ligante asfáltico, sendo, algumas vezes, modificada por aditivos ou materiais reciclados como: borracha de pneus, polímeros ou outras substâncias que possam conferir-lhe melhores características. 2.3.1 Ligante Asfáltico O ligante asfáltico é um dos mais antigos materiais da construção utilizados pelo homem, possuindo relatos de mais de 8.000anos, quando os Sumérios (6.000 AC) usavam-no na fabricação de embarcações. Devido às suas propriedades aglutinantes e impermeabilizantes. Foi utilizado largamente na Antiguidade para a impermeabilização de telhados e banheiras públicas, a edificação de estruturas, a construção de estradas e até para a mumificação de corpos no Egito Antigo Naquela época, alguns ainda atribuíam ao petróleo propriedades laxantes, cicatrizantes e anti-sépticas. Citações bíblicas revelam o emprego do derivado de petróleo como impermeabilizante na Arca de Noé e como material aglutinante na Torre de Babel. Já a pavimentação asfáltica, com os conceitos atuais, data de 1829 em Lyon, França, quando se utilizou um mastique asfáltico para melhorar as condições de rodagem (MANUAL DO ASFALTO, 1989). A produção de asfalto no Brasil começou em 1944, na refinaria de Ipiranga, até então eram importados de trindade, em tambores de 200 litros (SENÇO, 1997). O CAP é utilizado principalmente devido suas características adequadas para aplicação na composição de pavimentos flexíveis. É obtido na destilação do petróleo em refinarias ou de jazidas naturais, atualmente o asfalto e o material mais utilizado no mundo, que tem como simbologia CAP. 31 Nesse estudo, será utilizado o CAP, este pode ser encontrado em estado sólido ou semi-sólido, e com consistência favorável para a pavimentação. São comercializados quatro tipos de CAP, que são definidos exclusivamente pela penetração: CAP 30/45; CAP 50/70; CAP 85/100 e CAP 150/200. Sendo o CAP utilizado neste estudo o CAP 50/70. 2.3.2 Agregados Basicamente agregados são materiais granulares inertes que compõe a mistura desejada, cujas partículas são ligadas por um aglutinante. Bauer (1985) nos diz que os agregados desempenham uma função econômica da máxima importância, pois geralmente é o elemento de custo mais baixo por unidade de volume, além de atuar de forma decisiva no incremento de certas propriedades como o aumento da resistência ao desgaste e outras, sita também, que podemos classificar os agregados quanto à sua origem, às dimensões e ao peso unitário. Na engenharia de pavimentos os materiais granulares, além de comporem a mistura asfáltica, também servem para execução de outras etapas do processo de pavimentação como a composição da base, que antecede a capa de asfalto. A escolha dos agregados também é de suma importância tendo em vista que o teor de agregado na mistura está na faixa de 91 a 95,5%, haja vista as especificações contidas no DNIT–ES 031/2006 determinam teores máximo e mínimo de asfalto, respectivamente, 9 e 4,5% para a faixa “C” (referente à camada de rolamento). Segundo o ASPHALT INSTITUTE (1989), a quantidade de agregado mineral em misturas asfálticas de pavimentação é geralmente de 90 a 95% em peso e 70 a 85% em volume e esta parcela mineral é em parte a responsável pela capacidade de suporte de cargas dos revestimentos, influenciando assim o desempenho dos pavimentos. Na pavimentação asfáltica o agregado é também usado comumente na base e eventualmente na sub-base. Na pavimentação rígida o agregado é usado na confecção do concreto de cimento Portland. Quanto à classificação dos agregados segundo sua natureza, encontra-se a seguinte classificação como sendo a mais usada no Brasil, na qual os agregados são divididos em Naturais: aqueles que são utilizados tal como se encontram na natureza, salvo operações de britagem e lavagem como, por exemplo, os cascalhos, saibros, areias; e em artificiais: aqueles que resultam de uma alteração física ou química de outros materiais, como a escória de alto 32 forno, argila expandida, ou que exige extração como é o caso das rochas, sendo a pedra britada o tipo mais comum. A seleção dos materiais granulares para a produção de misturas asfálticas é determinada pela identificação da; Tamanho e graduação; Rigidez; Limpeza; Textura superficial; Forma das partículas; Absorção; Afinidade pelo asfalto; Para qualquer tipo de mistura onde haja agregados, é importante saber a superfície especifica dos mesmos, ou seja, a área das faces externas por m³. A superfície especifica do agregado aumenta à medida que o seu diâmetro diminui, sendo que as mesmas estarão em contato com o ligante. Desta forma, o conhecimento de sua superfície especifica possibilita uma previsão do consumo do ligante. 2.4 MÉTODO DE DOSAGEM - MARSHAL A mistura asfálticas nada mais é do que a mistura de agregados e ligante asfáltico, onde a granulometria dos agregados devam ser de uma forma que resulte no menor numero de vazios possíveis no interior da mistura, selecionando os percentuais de materiais com granulometria diferentes, para que no final tenha uma granulometria balanceada. Conforme Senço (2001), o projeto de concepção de um traço de concreto asfalto para a pavimentação, é constituído de um estudo de seleção e dosagem dos materiais constituintes, tendo por finalidade enquadrá-los economicamente nas especificações estabelecidas. Em geral as misturas asfálticas são dosadas, pelo método Marshall descrito na norma DNER-ME 043/95, apresentando como principais parâmetros a estabilidade, fluência e volume de vazios. Segundo Bertollo (2002), o método foi concebido na década de 30, por Bruce Marshall, engenheiro do Departamento do Estado do Mississipi, o qual consiste na 33 determinação da quantidade ótima de ligante a ser utilizado numa mistura betuminosa. O principal cuidado é quanto à temperatura de mistura dos materiais, que tende a ser mais alta. Na dosagem das misturas asfálticas, o método Marshall considera os seguintes parâmetros: Granulometria: busca a densidade máxima possível para garantir a máxima estabilidade; Densidade aparente da mistura: pode ser calculada com os corpos-de-prova do ensaio de dosagem; Densidade máxima teórica da mistura: densidade da mistura suposta sem vazios; Percentual de vazios da mistura (Vv): volume total de pequenas bolsas de ar existentes entre as partículas de agregados recobertos por cimento asfáltico em uma mistura compactada em relação ao volume total da mistura; Percentual de vazios do agregado mineral (VAM): percentual do volume e espaço intergranular de uma mistura asfáltica compactada que inclui o volume de ar e de asfalto, em relação ao volume total da mistura; Relação betume vazios (RBV): percentual do volume de VAM que é preenchido com cimento asfáltico; Estabilidade: carga, em Kgf, sob a qual o corpo-de-prova rompe quando submetido à compressão radial; Fluência: deformação total, em décimos de milímetros ou centésimos de polegadas, que o corpo-de-prova sofre ao romper; Em resumo, a metodologia Marshall consiste em moldar uma série de corpos-de-prova com diferentes teores de ligante asfáltico e fazer sua compactação a quente, no interior dos moldes cilíndricos, que depois de extraídos dos moldes metálicos, são guardados ao ar livre por 24 horas e em seguida, são imersos na água a 60 graus. Após esta etapa, é aplicada a compressão diametral, pela prensa, através de um molde de compressão cilíndrico, idealizado por Marshall. A carga máxima suportada pelo corpo-de-prova é denominada estabilidade Marshall, e a deformação causada pela ruptura, de fluência. Além destes valores, são 34 calculadas também a densidade, volume de vazios e a relação entre vazios dos agregados preenchidos de betume. 35 CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS Neste capítulo, abordam-se os materiais escolhidos para a realização deste trabalho, que são os encontrados no Estado do Pará, para que possam ser obtidos os resultados mais próximos possíveis à realidade da região, bem como os equipamentos utilizados e os procedimentos de dosagem das misturas pelo método Marshall (DNER-ME 043/95) e todas as caracterizações dos agregados e ligante. O método escolhido para a avaliação das propriedades foi o “Dano por umidade induzida (Ensaio Modificado de LOTTMAN – AASHTO T 283/99). 3.1 ENSAIOS DE CARACTERIZACÃO DO AGREGADO Para a caracterização dos agregados, foram feitos os seguintes ensaios: Análise granulométrica (DNER – ME 083/98); Abrasão Los Angeles (DNER – ME 035/98); Determinação da absorção e densidade do agregado graúdo (DNER – ME 081/98); Densidade real das partículas do agregado miúdo (DNER – ME 084/95); Adesividade (DNER-ME 078/94 e DNER – ME 079/94); 36 3.1.2 Análise granulométrica (DNER – ME 083/98) A distribuição granulométrica dos agregados é determinada usualmente por meio de uma análise por peneiramento. Nessa análise uma amostra seca de agregado é fracionada através de uma série de peneiras com aberturas de malha progressivamente menores. Uma vez que a massa da fração de partículas retida em cada peneira é determinada e comparada com a massa total da amostra, a distribuição é expressa como porcentagem em massa em cada tamanho de malha de peneira. Utilizou-se a norma DNET – ME 083-98 para a execução do método de ensaio, onde foi extraída uma amostra do agregado quarteada com massa entre 1 e 1,5 Kg, O tempo de peneiração foi em media de 5 minutos e as peneiras utilizadas foram: 22,00mm, 19,10mm, 12,70mm, 9,52mm, 9,52mm, 4,76mm, 2,00mm, 0,42mm, 0,177mm, e 0,074mm (Figuras 05 e 6). Figura 05 – Esquema de peneiras para a análise granulométrica (Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros/Liedi Bariani Bernucci. – Rio de Janeiro: PETROBRAS: ABED A, 2006) Figura 06 – Granulométrica. Peneiras para análise 37 3.1.2.1 Agregados Foram usados como agregados o seixo rolado de origem quartzosa e a areia, provenientes da região de Ourém-Pa, distante aproximadamente 130 km da cidade de Belém. As Figuras 07 e 08 mostram com clareza a granulometria obtida nos ensaios dos agregados utilizados nesta pesquisa. Porcentagem que passa (%) Curva Granulométrica da Areia 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 22 19,1 22 Abertura das peneiras (mm) Curva Granulométrica da Areia Figura 07 – Granulometria da areia proveniente de Ourém-PA. Porcentagem que passa (%) Curva Granulométrica da Seixo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 Abertura das peneira (mm) Curva Granulométrica do Seixo Figura 08 – Granulometria do seixo proveniente de Ourém-Pa. 38 3.1.2.2 Resíduo de manganês O resíduo de manganês utilizado em estudo, cuja granulometria expressa na Figura 09, é proveniente da Serra do Navio, no estado do Amapá, onde a ICOMI fez o beneficiamento do minério de manganês durante anos. O mesmo foi fornecido para instituição da UNAMA – Universidade da Amazônia, e com a orientação do Professor Dr. Benedito Coutinho Neto, os autores deste trabalho esperam dar inicio a um estudo com uma linha de pesquisa em acrescentar 10% do resíduo de manganês na mistura asfáltica, substituindo desta forma apenas a porcentagem de seixo pela do resíduo proporcionalmente. Curva Granulométrica do Resíduo de Manganês Porcentagem que passa (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 22 Abertura das peneiras (mm) Curva Granulométrica do Resíduo de Manganês Figura 09 – Granulometria do resíduo de manganês proveniente da Serra do Navio AP. Os gráficos apresentados anteriormente mostram com claresa a granulométria dos materiais utiizados na composição da mistura, onde pode-se notar uma semelhança na granulometria do seixo e do RM. A Tabela 01em resumo e com detalhes, a porcentagem de agregado passante em cada peneira. 39 Tabela 01 – Granulometria de todos os materiais utilizados na pesquisa. Série ASTM Abertura Em (mm) 22 19,1 12,7 9,52 4,76 2 0,42 0,177 0,074 Nº 4 Nº 10 Nº 40 Nº 80 Nº 200 Areia %passando 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 99,30 63,63 9,72 5,68 Seixo % passando 100,00 100,00 88,89 77,60 53,79 25,51 6,90 2,95 1,30 Resíduo % passando 100,00 100,00 100,00 100,00 74,00 29,00 11,50 7,50 5,00 3.1.2.3 Composição das misturas Para a realização da composição dos agregados (Faixa “C” do DNIT), Foi utilizado o método de tentativas, através do programa EXCEL (Microsoft Office 2000), com o aplicativo (planilha de cálculo). Foi definido primeiramente a composição da mistura convencional apenas com seixo e areia, e em seguida foi composta a mistura com o mesmo teor de areia, substituindo apenas o seixo pelo resíduo de manganês, pois devido à semelhança granulométrica entre eles, como mostra a Figura 10, foi possível alterar a mistura com apenas essa modificação de agregados. Porcentagem que passa (%) Curva Granulométrica do Seixo e Resíduo de Manganês 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 Abertura das peneiras (mm) Curva Granulométrica do Seixo Curva Granulométrica do RM Figura 10 – Granulometria do seixo e do Resíduo de Manganês. 22 40 A semelhança granulométrica fez com que a composição das misturas convencional e com adição de 10% do resíduo de manganês fossem praticamente iguais, permitindo assim uma melhor comparação mecânica entre elas. A principal diferença observada entre elas, que influenciou diretamente no teor de ligante para moldagem, foi à quantidade de finos, que diminuiu com a troca do seixo pelo resíduo de manganês, devido à quantidade de areia contida no seixo. Desta forma pode ser observar nas Tabelas 02 e 03 a composição das figuras que são expostas em formas de gráficos nas Figuras 11 e 12. Tabela 02 – Granulometria dos agregados utilizados na composição convencional com seixo. Série ASTM Seixo % passando Abertura Em (mm) Areia % passando 0,8 Nº 4 Nº 10 Nº 40 Nº 80 Nº 200 SOMA (%) Faixa C DNIT/2006 (%) 0,2 22 100,00 80,00 100,00 20,00 100,00 - 19,1 100,00 80,00 100,00 20,00 100,00 100 12,7 88,89 71,11 100,00 20,00 91,11 80 a 100 9,52 4,76 2 0,42 0,177 0,074 77,60 53,79 25,51 6,90 2,95 1,30 62,08 43,03 20,41 0,80 2,36 1,04 100,00 100,00 99,30 63,63 9,72 5,68 20,00 20,00 19,86 12,73 1,94 1,14 82,08 63,03 40,27 13,53 4,30 2,18 70 a 90 44 a 72 22 a50 8 a 26 4 a 16 2 a 10 Porcentagem que passa (%) Curva da mistura Convencional com Seixo 100 80 60 40 20 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 Abertura das peneiras (mm) Limite Superior - Faixa C Limite Inferior - Faixa C Curva Granulométrica dos Agregados da Mistura Convencional com Seixo Figura 11 – Curva granulométrica dos agregados utilizados na pesquisa com a mistura convencional com seixo. 41 Tabela 03 – Granulometria dos agregados utilizados na composição com 10 % de RM. Série ASTM Abertura Em (mm) Seixo % passando Areia % passando Resíduo % passando 0,70 0,20 0,10 SOMA (%) Faixa C DNIT/ 2006 (%) 22 100,00 70,00 100,00 10,00 100,00 20,00 100,00 - 19,1 100,00 70,00 100,00 10,00 100,00 20,00 100,00 12,7 88,89 62,22 100,00 10,00 100,00 20,00 92,22 9,52 77,60 54,32 100,00 10,00 100,00 20,00 84,32 100 80 a 100 70 a 90 Nº 4 4,76 53,79 37,65 74,00 7,40 100,00 20,00 65,05 44 a 72 Nº 10 2 25,51 17,86 29,00 2,90 99,30 19,86 40,62 22 a 50 Nº 40 0,42 6,90 4,83 11,50 1,15 63,63 12,73 18,71 8 a 26 Nº 80 0,177 2,95 2,07 7,50 0,75 9,72 1,94 4,76 4 a 10 Nº 200 0,074 1,30 0,91 5,00 0,50 5,68 1,14 2,55 2 a 10 Curva da mistura com 10% de RM Porcentagem que passa (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 Abertura das peneiras (mm) Limite Superior - Faixa C Limite Inferior - Faixa C Curva Granulométrica dos Agregados com 10% de RM Figura 12 – Curva granulométrica dos agregados utilizados na pesquisa com a mistura de 10% de RM. 42 O gráfico da Figura 13 mostra com mais detalhe a diferença entre as duas misturas e como elas se comportam no limite da Faixa C do DNIT. Onde pode ser observada uma grande semelhança nas duas misturas. Porcentagem que passa (%) Curvas da Mistura convencional e RM 100 80 60 40 20 0 0,074 0,177 0,42 2,0 4,76 9,52 12,7 19,1 Limite Superior - Faixa C Limite Inferior - Faixa C Curva Granulométrica dos Agregados com 10% de RM Curva Granulométrica dos agregados da Mistura Convencional com Seixo Figura 13 – Curva granulométrica das misturas convencional e com adição de 10% RM. 3.1.2 Abrasão Los Angeles (DNER ME – 035/98) Agregados localizados próximos ou na superfície do pavimento devem apresentar resistência à abrasão maior do que os localizados nas camadas inferiores. Nesse ensaio, os agregados são submetidos a algum tipo de degradação mecânica e medida a alteração provocada, principalmente na granulometria original, ao final da degradação. Dessa forma as características de tenacidade, resistência abrasiva e até mesmo de dureza dos agregados são presumidamente avaliadas (MARQUES, 2001). O ensaio de abrasão Los Angeles e comumente utilizado para medir a resistência à abrasão de um agregado. Nesse ensaio uma amostra de agregado de cerca de 5.000g é submetida a 500 ou 1.000 revoluções no interior do cilindro de um equipamento padronizado, (Figura 14), e de acordo com a norma, um número variado de esferas de aço, é adicionado no cilindro, induzindo impactos nas partículas durante as suas revoluções. O resultado é avaliado 43 pela redução de massa dos agregados retidos na peneira de n° 12 (1,68mm) em relação à massa inicial da amostra especificada. Figura 14 – Moinho de esferas. 3.1.2.1 Abrasão Los Angeles do Seixo Após passar 15 Kg da amostra pelas peneiras indicadas pela norma, foi possível analisar que a peneira com maior retenção do material foi a de 6,35mm e 4,8mm, enquadrando assim o material na “Graduação C”. Com isto foi separado 2500 Kg de material passante na peneira 9,5 e retido na 6,35mm e 2500 Kg de material passante na peneira 6,35mm e retido na de 4,8mm. O material foi adicionado ao moinho de esferas que operou em uma rotação entre 30 e 33 r.p.m. até que fosse atingido 500 rotações com 8 esferas padronizadas pela norma em seu interior. Ao término da operação o moinho foi esvaziado e o material peneirado numa peneira de 1,68mm. A fração passante foi descartada e o material retido foi lavado, seco em estufa e pesado para o cálculo da abrasão para a obtenção dos resultados mostrados na Tabela 04. 44 Tabela 04 – Resultado da abrasão Los Angeles com o seixo proveniente de Ourém-Pa. Abrasão Los Angeles (DNER-ME 035/98) – SEIXO 500 NUMERO DE ROTAÇÕES APÓS ENSAIO 16 MATERIAL RETIDO NA PENEIRA DURAÇÃO DO ENSAIO:(min) Nº 12 (1,68 mm) 8 MATERIAL PASS. NA PENEIRA Nº NÚMERO DE ESFERAS 12 (1,68 mm) C GRADUAÇÃO % DE DESGASTE 2240,40 2759,6 55,192 3.1.2.2 Abrasão Los Angeles do Resíduo de Manganês O procedimento para o resíduo de manganês foi exatamente igual, se enquadrando na mesma graduação “C”. Tabela 05 – Resultado da abrasão Los Angeles com o RM proveniente da Serra do Navio-AP. Abrasão Los Angeles (DNER-ME 035/98) – RESÍDUO DE MANGANÊS 500 NUMERO DE ROTAÇÕES APÓS ENSAIO 16 MATERIAL RETIDO NA PENEIRA DURAÇÃO DO ENSAIO:(min) Nº 12 (1,68 mm) 8 MATERIAL PASS. NA PENEIRA Nº NÚMERO DE ESFERAS 12 (1,68 mm) C GRADUAÇÃO % DE DESGASTE 3549,40 1450,60 29,012 3.1.3 Determinação da absorção e densidade do agregado graúdo (DNER – ME 081/98) A densidade do agregado graúdo (seixo e resíduo de manganês) foi obtida de acordo com a norma DNER – ME 081/98, onde cada amostra foi lavada e secada, ate que ocorresse a constância de massa, e então foi submetida a ficar imersa em água durante um período de 24 horas. Removeu-se a amostra da água, e obteve sua massa na condição de superfície seca saturada, onde toda a água visível na superfície do agregado foi retirada com o auxilio de um pano que absorvesse a água da superfície, em seguida realizou-se uma pesagem hidrostática do material, registrando a leitura na balança e após secagem determinou-se a massa do agregado seco. De posse das duas leituras, foram determinadas as medias para a densidade real, densidade aparente e absorção dos agregados, mostradas nas Tabelas 06 e 07. 45 Tabela 06 – Resultado da densidade real e aparente, porcentagem de vazios e absorção do Seixo proveniente de Ourém-Pa. DENSIDADE REAL DO AGREGADO GRAÚDO – DNER – ME 081/98(SEIXO) Nº de ensaios AMOSTRA Peso da Cesta Vazia ao Ar (g) Peso da Cesta + Amostra seca ao Ar (g) Peso da Amostra Seca ao Ar (g) Peso da Cesta Vazia Imersa (g) Peso da Cesta + Amostra Imersa (g) Peso da Cesta + Amostra Umida ao Ar (g) DENSIDADE REAL (D)=(B-A)/((B-A)-(E-D)) A B C D E F 1 226,70 1191,70 964,90 196,20 818,80 1238,10 2,82 Média 2 226,70 1189,50 962,80 196,20 818,40 1237,60 2,83 2,823 DENSIDADE APARENTE DO AGREGADO GRAÚDO – DNER-ME 195/97(SEIXO) DENSIDADE APARENTE (d)=(B-A)/(F-A)-(E-D) 2,48 11,96 4,82 PORCENTAGEM DE VAZIOS INTERNOS=(D-d)x100/D PORCENTAGEM DE ABSORÇÃO (S)=(F-B)*100/C 2,48 29,74 5,00 2,479 12,167 4,907 Tabela 07 – Resultado da densidade real e aparente, porcentagem de vazios e absorção do RM proveniente da Serra do Navio-AP. DENSIDADE REAL DO AGREGADO GRAÚDO – DNER – ME 081/98(MANGANÊS) AMOSTRA Peso da Cesta Vazia ao Ar (g) Peso da Cesta + Amostra seca ao Ar (g) Peso da Amostra Seca ao Ar (g) Peso da Cesta Vazia Imersa (g) Peso da Cesta + Amostra Imersa (g) Peso da Cesta + Amostra Umida ao Ar (g) DENSIDADE REAL (D)=(B-A)/((B-A)-(E-D)) Nº de ensaios A B C D E F 1 226,70 1187,70 961,00 196,20 897,60 1305,20 3,70 2 226,70 1192,30 965,60 196,20 892,20 1306,40 3,58 Média 3,642 DENSIDADE APARENTE DO AGREGADO GRAÚDO – DNER-ME 195/97(MANGANÊS) DENSIDADE APARENTE (d)=(B-A)/(F-A)-(E-D) 2,55 2,52 2,532 PORCENTAGEM DE VAZIOS INTERNOS=(D-d)x100/D 31,16 29,74 30,448 PORCENTAGEM DE ABSORÇÃO (S)=(F-B)*100/C 12,23 11,82 12,022 3.1.4 Densidade real das partículas do agregado miúdo (DNER – ME 084/95) Para a determinação da densidade do agregado miúdo (seixo), conforme a norma foi separada uma amostra de 1 Kg de material, passando na peneira 4,8mm e 0,075mm e colhida 500g de material retido entre estas peneiras. Em seguida foi pesado um picnômetro seco, e conseqüentemente o mesmo com amostra dentro, adição de água destilada para mais uma pesagem, seu aquecimento durante um período de cerca de 15 minutos para expulsar todo o ar 46 existente no interior. Após o resfriamento, o picnômetro deve ser completado com água na mesma marca que estava antes de ir para o aquecimento, para outro procedimento de pesagem. Em seguida, foi retirado todo o material de dentro do picnômetro, limpo e colocado água até a mesma marca anterior, para ser realizada a última pesagem. Após todas as leituras registradas em balança foram feito os cálculos e obtido os resultados conforme mostra a Tabela 08. Tabela 08 – Resultado da densidade real da areia proveniente de Ourém-PA. AGREGADO MIÚDO – DENSIDADE REAL DNER-ME 084/95(AREIA) MASSA ESPECÍFICA REAL – MÉTODO DO PICNOMETRO Nº de ensaios AMOSTRA 1 2 Picnometro Seco. (A) 171,80 141,50 Picnometro + Solo. (B) 371,80 341,50 Picnometro + Solo + Água (C) 810,20 780,80 Picnometro + Água (D) 684,80 655,00 2,68 2,70 DENSIDADE REAL TOTAL DENSIDADE REAL MÉDIA = (B-A)/((D-A)-(C-B)) Média 2,688 3.1.5 Adesividade (DNER-ME 078/94 e DNER-ME 079/94) É a qualidade que o agregado possui, em “deixar-se” recobrir por uma película betuminosa, a qual deve resistir à ação da água, sem se deixar haver o deslocamento da película. Determina-se a relação de perda de resistência, pela ação da água, assim não havendo boa adesividade entre o ligante asfáltico e os agregados graúdos ou miúdos (DNERME 078/94 e DNER-ME 079/94), pode ser empregado o melhorador de adesividade na quantidade fixada no projeto. Adesividade é a propriedade que tem o agregado de ser aderido por material betuminoso. 3.1.5.1 Adesividade de agregado graúdo (DNER-ME 078/94) O ensaio de adesividade foi realizado de acordo com o método DNER-ME 078/94, onde descreve todo seu procedimento. Foi utilizado no ensaio o CAP 50/70 e a parte graúda do seixo e do manganês. A separação da amostra correspondente foi 500g de material passante na peneira 19mm e retido na 12,7mm, que se deve ser lavado e colocado em água destilada durante 1 minuto, em seguida levar o agregado em estufa a 120°C no período de 2 47 (duas) horas. Após este procedimento o ligante betuminoso, CAP deve ser aquecido em estufa a 120°C e o agregado a 100°C, sobre o agregado adiciona-se 17,5 g de Cimento Asfático (CAP) com a ajuda de uma espátula foi misturado até a amostra ficar completamente coberta, e em seguida foi sobreposto sobre uma superfície lisa, até que o ligante esfriasse para em seguida levá-lo a um copo de vidro (ou copo de Becker), e coberto com água destilada, para ser levado a estufa com temperatura a 40 °C repousando por 72 horas, Figura 5.c, onde depois é retirado e avaliado como satisfatório ou insatisfatório. Os resultados são caracterizados visualmente, pelo deslocamento total, deslocamento parcial ou não deslocamento da película, este de melhor resultado. Foram executados dois ensaios para o seixo e dois para o resíduo de manganês para uma melhor análise dos resultados, e pode-se observar que os dois agregados tiveram resultados satisfatórios, como mostra as Figuras 15 e 16. Figura 15 – Adesividade do Seixo. Figura 16 – Adesividade do RM. 3.1.5.2 Adesividade de agregado miúdo (DNER-ME 079/94) O ensaio de adesividade do agregado miúdo foi realizado de acordo com o método DNER-ME 079/94, onde foi retirada uma amostra de 71% de agregado passante na peneira 0,59mm e retido na de 0,21mm e 29% de ligante a quente. Após o seu resfriamento, separarmos cerca de 5g da mistura, para colocar no tubo de ensaio com água destilada e aquecermos a uma temperatura de aproximadamente 110°C, com tempo de fervura de 1 minuto, como não houve o deslocamento da película, partiu-se para as soluções sendo que apenas a partir da 2ª segunda solução que a película betuminosa começou a se soltar. Desta forma o resultado se deu satisfatório de acordo com a norma. 48 A Figura 16 mostra com clareza o momento em que a 2ª solução começou a soltar a película betuminosa. Figura 17 – Adesividade da areia. A Tabela 09 mostra com clareza e de uma forma resumida todos os resultados obtidos nos ensaios de caracterização dos agregados. Tabela 09 – Características físicas de todos os agregados minerais utilizados nesta pesquisa. Ensaio Métodos Agregado Mineral Resíduo de Seixo Manganês 55% (<40) 29% (<40) Areia 1. Abrasão Los Angeles DNER ME-035/38 - 2. Densidade DNER ME-081/98 e DNER ME-084/94 2,823 3,642 2,688 3. Absorção DNER ME-081/98 4,907 12,022 - Satisfatório Ótimo Adesividade DNER ME-078/94 e DNER ME-079/94 Satisfatório 4. 3.2 ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO DO CAP O ligante utilizado na composição da mistura foi o CAP 50⁄70 doado pela empresa CONSTRUFOX para instituição de ensino superior da UNAMA – Universidade da Amazônia que cedeu o material para a realização desta pesquisa. 49 Para a caracterização do CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo utilizado na mistura foi executado os seguintes ensaios. Ponto de fulgor (DNER – ME 148/94); Viscosidade Saybolt furol (DNER – ME 004/94); Ponto de amolecimento (DNER – ME 247/94); Penetração (DNER – ME 003/99); Densidade (DNER – ME 193/96); Todos os ensaios foram executados no laboratório de misturas asfálticas da UNAMA – Universidade da Amazônia. 3.2.1 Ponto de fulgor (DNER – ME 148/94) É um ensaio muito prático ligado a segurança do manuseio do asfalto durante seu transporte, estocagem e usinagem. Permite observar a menor temperatura na qual os gases emanados durante o aquecimento do material asfáltico se inflamam por contato com uma chama padronizada. Valores de ponto de fulgor de CAP são normalmente superiores que 230°C, e seu ensaio basicamente é o processo de se colocar uma quantidade de CAP no recipiente do equipamento da Figura 18, juntamente com um termômetro, acender-se a chama padrão bem acima do CAP e inicia-se o aquecimento até provocar chamas. A temperatura na qual o CAP entra combustão fogo é denominada de ponto de fulgor. 50 Figura 18 – Momento em que o CAP atinge seu Ponto de Fulgor. 3.2.2 Viscosidade Saybolt furol (DNER – ME 004/94) No ensaio Saybolt-Furol se encontra as temperaturas de misturação e compactação das misturas. O método se caracteriza pelo tempo, em segundos, que uma determinada quantidade de material betuminoso leva para escoar 60 ml através de um orifício de dimensões padronizadas, a uma determinada temperatura. O ensaio se destina a medir a consistência dos materiais betuminosos em estado líquido, de uma forma prática, utilizando o viscosímetro Saybolt para a obtenção do resultado destes ensaios. Esse equipamento se destina a medir a resistência desses materiais ao escoamento, em temperaturas variadas, de acordo com as suas consistências. O ensaio consiste em aquecer cerca de 500 ml de CAP a temperatura na qual se deseja fazer o ensaio e logo após colocar dentro do viscosímetro (Figura 20), que já estará ligado na temperatura desejada, ao confirmar a temperatura do CAP desejada através de um termômetro, é iniciado o ensaio, cronometrando o tempo que o material leva para encher o recipiente com 60 ml. Nessa pesquisa foi executado ensaios para as temperaturas (135°, 155° e 177°), e traçado o gráfico (Temperatura x sSF), da Figura 19. 51 Figura 19 – Gráfico da Viscosidade Saybolt-Furol (CAP - 50/70). Figura 20 – Viscosímetro Saybolt-Furol. 52 3.2.3 Ponto de amolecimento (DNER – ME 247/94) Como já é conhecido os asfaltos amolecem a temperaturas relativamente baixas e há necessidade de conhecer este ponto para utilização e preparo. A temperatura a qual o CAP passa de material em estado plástico ou semi-sólido para o estado líquido é conhecido como Ponto de Amolecimento. O ponto de amolecimento, é a temperatura lida no momento em que uma esfera metálica padronizada, atravessa um anel também padronizado, perfeitamente cheio com o material betuminoso, e toca uma placa de referencia, após ter percorrido uma distância de 25,4mm, sob condições especificas (Figura 21). Este ensaio procede a partir da amostra que é fundida em um molde em forma de anel, este é mantido suspenso em um banho à temperatura controlada, e sobre ele, é colocado uma bola de aço. O conjunto e aquecido a uma velocidade constante, fazendo com que a amostra amoleça dentro do anel e ceda ao peso da bola que se deslocará a uma determinada distância. Figura 21 – Detalhe das esferas começando a atravessar o anel. 53 3.2.4 Penetração (DNER – ME 003/99) Para a classificação dos asfaltos por penetração utiliza-se o método descrito na ABNT/NBR 6576 dividindo-os em CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100. Este método avalia a consistência dos materiais betuminosos onde consiste na penetração vertical de uma agulha padrão em uma das amostras do material, onde a distância entre a amostra e a agulha é medida em décimos de milímetros isto realizado em equipamento conhecido como penetrômetro (Figura 22), para isso é necessário que a amostra esteja em sob condições específicas de temperatura, carga e tempo (25°C, 100 g, 5 s). A amostra fundida deve ser colocada em recipiente apropriado para a amostra, a temperatura ambiente será utilizada inicialmente para resfriá-lo e após banho de água com temperatura controlada. Figura 22 – Penetrômetro. 54 3.2.5 Densidade (DNER – ME 193/96) Segundo a Norma (DNER ME - 193/96), a densidade dos asfaltos varia entre 0,9 e 1,4, ainda que o mais comum encontrado seja entre 1,0 e 1,1. O ensaio consiste basicamente apenas em colocar o material ensaiado a 25° C e mantê-lo, até posteriormente levá-lo à água onde será imerso, no qual, deverá estar à mesma temperatura. O resultado da densidade determina se a uniformidade do material e também seu teor de impurezas. A Tabela 10 mostra com bastante clareza a caracterização do CAP utilizado neste estudo. Tabela 10 – Resultados de todos os ensaios de caracterização do CAP. ENSAIOS Densidade Ponto de Fulgor (ºC) Ponto de Amolecimento (ºC) Penetração (25º C, 100g, 5 Seg) (0,1 mm) Viscosidade Saybolt – 135º C Furol (sSF) 150º C 175 ºC MÉTODOS DNER ME-193/96 DNER ME-148/94 (ABNT MB-11341) VALORES INDICADOS - RESULTADOS 1,008 235 (mín) 311º C ABNT NBR 6500/00 46 (mín) 51º C DNER ME-003/99 50 a 70 63 DNER 004/94 (ABNT MB-517/71) 141 (mín) 141 (mín) 141 (mín) 234 83 42 3.3 MÉTODO DA SUPERFÍCIE ESPECÍFICA Depois de fixada a granulometria da mistura, foi calculado o teor provável de asfalto através do método da superfície específica através da seguinte formula: S = (0,14 x a + 0,20 x b + 0,32 x c + 2,30 x d +12 x e + 135 x f) 100 Onde: S - superfície específica do agregado, em m2/kg; a – é a porcentagem que passa na peneira 19,1mm retida na peneira 12,7mm; b – é a porcentagem que passa na peneira 12,7mm retida na peneira 9,5mm; c – é a porcentagem que passa na peneira 9,5mm retida na peneira 4,8mm; d – é a porcentagem que passa na peneira 4,8mm retida na peneira 0,297mm; e – é a porcentagem que passa na peneira 0,297mm retida na peneira 0,074mm; f – é a porcentagem que passa na peneira 0,074mm; (3,01) 55 Tabela 11 – Superfície especifica das misturas. Misturas Superfície Especifica Composição Convencional com Seixo 5,68 Composição com 10% de RM 6,06 Com base nos resultados obtidos para cada composição, estima se o teor de asfalto Tca: Tca = m x Si1/5 Tca = 3,75 (3.02) Onde: m = módulo de riqueza (3,75 - 4,00) Si = Superfície especifica da mistura. Em seguida o teor de asfalto devido à densidade do agregado mineral é corrigido, segundo a seguinte expressão: T’ca = 2,65 x Tca dag (3.03) Onde: T’ca = teor de asfalto corrigido; dag = densidade dos agregados. dag = (3.03) Com o teor de asfalto corrigido, será calculada a porcentagem de asfalto em relação à mistura (Pca). Pca = 100 x T’ca 100 + T’ca (3.04) A moldagem foi feita para os valores de Pca encontrados e Pca +/- 0,5 e Pca +/- 1,0, Conforme mostra a Tabela 12. 56 Tabela 12 – Teores de ligante para moldagem das misturas. Pca Pca – 1,0 Pca – 0,5 Pca Pca + 0,5 Pca + 1,0 Porcentagem de CAP para cada composição Mistura Convencional Mistura com 10 % de Com Seixo RM 3,73% 3,85 % 4,23% 4,35 % 4,73% 4,85 % 5,23% 5,35 % 5,73% 5,85 % 3.4 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS Nesta pesquisa foi utilizada uma porcentagem considerável de areia, 20% em cada uma das misturas. A areia e um material que tem formação natural e que ao longo do tempo vai criando formas, fazendo que ela possua uma superfície especifica relativamente alta, e uma baixa resistência ao cisalhamento, aumentando bastante a porcentagem de volumes de vazios de uma mistura, este efeito poderia ser amenizado com um material de enchimento (cimento, cal, etc.) mais os autores desta pesquisa optaram por não utilizar este tipo de material. Na elaboração dos ensaios foi observado que não seria possível alcançar os 4% de volume de vazios na mistura devido à alta porcentagem de areia utilizada. Desta forma foi estipulada uma nova porcentagem de CAP para a composição (Tabela 13), onde se conseguiu alcançar uma porcentagem de 6 a 8% de Vv. Com o objetivo de enquadrar nas especificações para se fazer o ensaio de umidade induzida, e assim fazer um comparativo entre as duas misturas. Tabela 13 – Novos teores de ligante para moldagem das misturas. Pca Pca – 1,0 Pca – 0,5 Pca Pca + 0,5 Porcentagem de CAP para cada composição Mistura Convencional Mistura com 10 % de Com Seixo RM 7,73% 7,73 % 8,23% 8,23 % 8,73% 8,73 % 9,23% 9,23 % 3.4.1 Moldagem dos corpos-de-prova para a dosagem Marshall (DNER – ME 043/95) O processo de moldagem dos corpos-de-prova foi realizado no laboratório de misturas asfálticas da UNAMA, onde a preparação para a moldagem ocorreu da seguinte forma; os agregados enquadrados na (faixa “C” do DNIT) e o asfalto foram aquecidos separadamente, 57 sendo o ligante entre as temperaturas de 154°C a 161,5°C conforme a temperatura de misturação do CAP, e os agregados dez a quinze graus acima de acordo com a norma. Foi misturado um corpo-de-prova por vez, e compactado em seguida, sendo 1200g dos agregados já misturados e o restante de CAP em gramas conforme a porcentagem calculada, a compactação iniciou-se entre 146°C a 150°C e não houve reaquecimento da mistura. A mistura foi colocada no molde, já pré-aquecido a 150°C e compactado com 75 golpes em cada face do corpo-de-prova, com um soquete de 4540g, caindo a uma altura de 45,72 cm padronizado conforme a Figura 23. Em cada face da mistura antes da compactação, foi colocado papel filme para evitar o contato do soquete com o material. Para o ensaio Marshall foram moldados 30 corpos-de-prova, sendo 15 (três por teor de asfalto) para cada mistura. Após a compactação destes, foram retirados do molde após 24 horas. Figura 23 – Soquete Marshall Os corpos-de-prova foram identificados, determinado as suas propriedades volumétricas e pesados ao ar, para obter as suas características físicas (massa aparente, volume de vazios, relação betume vazios). E para a obtenção da densidade aparente, os corpos de provas foram pesados imersos em água. Todos os procedimentos para a determinação da densidade aparente foram realizados de acordo com o DNER ME-117/94. 58 Após determinadas todas as propriedades volumétricas dos corpos-de-prova, estes foram colocados em banho maria com água destilada, durante 30 minutos a 60°C, para em seguida serem submetidos imediatamente ao ensaio Marshall, conforme mostra a Figura 24, para a determinação de suas características mecânicas de estabilidade e fluência. Figura 24 – Prensa Marshall/CBR Automatizado 3.4.2 Dano por umidade induzida (Ensaio modificado de LOTTMAN) O ensaio de Dano por Umidade Induzida tem o objetivo de predizer em longo prazo (quatro a 12 anos, segundo AASHTO T 283/99), ou seja, este ensaio induz os corpos-deprova ao envelhecimento. O inicio do seu processo é o mesmo já explicado recentemente para o método Marshall, sendo que após o processo de misturação deixou-se o material em temperatura ambiente por 2 horas ± 30 minutos em um recipiente apropriado (Figura 25), para em seguida ser colocado em estufa (Figura 26) a uma temperatura de 60°C por 16 horas. Após este período colocou-se esta mistura em recipientes menores e já separados a uma temperatura de compactação por mais 2 horas, para então ser compactada, para um percentual de vazios de 7 ± 1%. Foram moldados 16 corpos de prova, sendo 8 para a mistura convencional, e 8 para a mistura com adição de 10% RM. 59 Figura 25 – Mistura repousando em temperatura ambiente por 2 horas. Figura 26 – Momento em que material fica por 16 horas a 60°C em estufa. Após desmoldar os corpos-de-prova e tirar todas as propriedades volumétricas, estes foram divididos em dois grupos de 4 corpos-de-prova, de forma em que a médias de % de vazios dos grupos fossem aproximadas. O primeiro grupo foi colocados em sacos plásticos impermeáveis e submetidos a um banho de água na temperatura de 25°C (Figura 27), por pelo menos duas horas para serem submetidos ao ensaio de resistência a tração (Figura 28) e determinar a media dos três valores. Figura 27 – Corpos-de-prova em banho de água a uma temperatura de 25°C. Figura 28 – Prensa Marshall/CBR Automatizado O segundo grupo foi saturado numa porcentagem de 55% a 80% em um dessecador (Figura 29) com água destilada por um período de 10 minutos, depois de saturados foram novamente tiradas suas propriedades volumétricas, e em seguida envolvidos firmemente em filme plástico, acondicionando cada um em um saco plástico impermeável com 10 ml de água 60 destilada dentro, para serem colocados em um freezer a uma temperatura de -18 ± 3°C (Figura 30) por pelo menos 16 horas. Figura 29 – Corpos-de-prova no dessecador no processo de saturação. Figura 30 – Verificação de temperatura dos corpos-de-prova dentro do freezer. Após esse período os corpos-de-prova foram retirados e colocados imediatamente, em um banho maria de água destilada, em temperatura de 60 ± 1°C, por 24 horas ± 1 hora (Figura 31), para em seguida serem submetidos a outro banho por mais 3 horas pelo menos a uma temperatura de 25 ± 0,5°C, para em seguida serem submetidos ao ensaio de resistência a tração e determinada sua média. Figura 31 – Corpos-de-prova em banho maria de água destilada a uma temperatura de 60°C. 3.4.3 Densidade máxima teórica de misturas asfálticas (Rice Test – ASTM 2041/00) Este ensaio teve como objetivo determinar a densidade e o peso específico máximo teórico das misturas ensaiadas (corpos-de-prova), a uma temperatura de 25°C. 61 Os corpos-de-prova utilizados neste ensaio foram separados manualmente em partículas com cuidado de evitar fraturas nos agregados. Em seguida essa amostra foi pesada ao ar, e posta em um vasilhame padronizado e adicionado água, a uma temperatura de 25°C até cobri-la completamente. A amostra foi submetida em seguida a uma aplicação gradual crescente de vácuo, utilizando um mecanismo mecânico (mesa giratória), (Figura 32) com o intuito de retirar todo o ar da amostra, após um período de 10 minutos a amostra foi pesada hidrostaticamente em água a uma temperatura de 25°C, e determinada a sua densidade teórica máxima (DTM), pela seguinte expressão; Onde: A - peso da amostra seca pesada ao ar, em g; C - peso da amostra imersa em água a 25oC, em g. Figura 32 – Mesa giratória utilizada no ensaio Rice test. 62 CAPÍTULO 4 – DISCURSÃO DOS RESULTADOS Neste capitulo são abordadas considerações sobre os resultados obtidos com o auxílio do aplicativo EXCEL (Microsoft® Office 2000). A norma DNIT ME-031/2004 admite o mínimo de três valores para a determinação da média. 4.1 – MÉTODO DE DOSAGEM MARSHALL Para a determinação dos parâmetros necessários a traçar os gráficos referentes ao ensaio Marshall, densidade teórica máxima (Dt), volume de vazios (Vv), densidade real média do agregado mineral (Drm), vazios do agregado mineral (VAM), teor de vazios preenchidos por cimento asfáltico (Vb) e relação betume/vazios (RBV), utilizaram-se as expressões preconizadas pela NBR 12891/93. As especificações do DNIT para o teor ótimo de asfalto para a camada de rolamento estão na Tabela 14. Tabela 14 – Especificação das misturas asfálticas para a camada de rolamento. Discriminação Porcentagem de vazios Relação Betume e/Vazios (%) Estabilidade, mínima (Kgf) Resistência à tração por compressão diametral Fluência (mm) Camada de Rolamento 3a5 75 a 82 500 (75 golpes) 0,65 Mpa 2 a 4,5 63 4.1.1 Mistura com CAP 50/70, convencional com seixo A seguir são apresentados os resultados obtidos para a mistura com cimento asfáltico de petróleo – CAP 50/70 convencional com seixo rolado. A norma DNIT ES-031/2006 admite o mínimo de três valores para a determinação da média, obtidas pela metodologia Marshall apresentadas na Tabela 15. Como pode ser observado na tabela a seguir os resultados obtidos não foram satisfatórios, pois as especificações da norma do DNIT não foram alcançadas neste ensaio. Os gráficos com as curvas das variações físicas e mecânicas em função da quantidade de ligante utilizado para a determinação do teor ótimo de ligante Figura 33. Tabela 15 – Resultados das médias dos ensaios Marshall para mistura convencional. Teor (%) 7,73 8,23 8,73 9,23 D.ap. 2,247 2,258 2,247 2,251 Est. (Kgf) 1269 1027 1049 1061 Flu. (mm) 2,10 2.06 2,05 2,48 Vv (%) 8,40 7,42 7,17 6,29 RBV (%) 66,70 71,30 73,10 76,60 VAM (%) 25,83 25,86 26,63 26,90 64 2,258 2,253 2,248 2,243 Estabilidade(kgf) Dens. Ap (g/cm3) 2,263 7,50 8,00 8,50 % CAP 9,00 9,50 7,50 8,00 8,50 % CAP 9,00 9,50 7,50 8,00 8,50 9,00 9,50 1300 1250 1200 1150 1100 1050 1000 Fluência (mm) 2,50 1,50 Vv (%) % CAP 9,00 8,50 8,00 7,50 7,00 6,50 6,00 7,50 8,00 8,50 % CAP 9,00 9,50 7,50 8,00 8,50 9,00 9,50 9 9,5 RBV (%) 80,0 75,0 70,0 65,0 60,0 % CAP 27,2 VAM 26,8 26,4 26 25,6 7,5 8 8,5 % CAP Figura 33 - Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas convencional com seixo. 65 4.1.2 Mistura com CAP 50/70, com adição de 10% de resíduo de manganês A seguir são apresentados os resultados obtidos para a mistura com cimento asfáltico de petróleo – CAP 50/70 utilizando 10% de resíduo de manganês na composição da mistura, Tabela 16 e Figura 34. O ensaio da mistura com 10% de resíduo de manganês não foi satisfatório, pois assim como a mistura convencional não foram alcançados os parâmetros especificados pela norma do DNIT. Observa-se que tanto a mistura convencional com seixo rolado e a com 10% de resíduo de manganês tiveram resultados similares. Tabela 16 – Resultados das médias dos ensaios Marshall para mistura com 10% RM. Teor (%) 7,73 8,23 8,73 9,23 D.ap. 2,261 2,271 2,267 2,267 Est. (Kgf) 1132 1031 1048 935 Flu. (mm) 2,10 2.10 2,00 2,20 Vv (%) 9,70 8,56 8,00 7,28 RBV (%) 64,10 68,40 71,00 74,00 VAM (%) 27,03 27,10 27,63 28,04 66 Estabilidade(kgf) Dens. Ap (g/cm3) 2,30 2,29 2,28 2,27 2,26 2,25 2,24 7,50 8,00 7,50 8,00 8,50 % CAP 9,00 9,50 8,50 % CAP 9,00 9,50 8,50 9,00 9,50 8,50 % CAP 9,00 9,50 8,50 9,00 9,50 1200 1150 1100 1050 1000 950 900 Vv (%) Fluência (mm) 2,50 1,50 7,50 8,00 7,50 8,00 7,50 8,00 % CAP 10,00 9,20 8,40 7,60 6,80 6,00 RBV (%) 80,0 75,0 70,0 65,0 60,0 VAM % CAP 28,8 28,4 28 27,6 27,2 26,8 7,5 8 8,5 % CAP 9 Figura 34 – Gráfico dos parâmetros Marshall das misturas asfálticas convencional com seixo. 9,5 67 4.2 ENSAIO DE UMIDADE INDUZIDA (MODIFICADO DE LOTTMAN) A RRT - Relação de resistência a tração (índice numérico das misturas asfálticas ao efeito prejudicial da água) é calculada pela expressão: , (4.01) , (4.02) , (4.03) Onde: Onde: RT1 – resistência à tração (KPa) dos CPs RT2 – resistência à tração (KPa) dos CPs sem condicionamento; com condicionamento. P – carga de ruptura (N); P – carga de ruptura (N); t – altura do corpo-de-prova (mm); t’ – altura do corpo-de-prova (mm); D – diâmetro do corpo-de-prova (mm). D – diâmetro do corpo-de-prova (mm). Misturas que apresentem Relação de Resistência à Tração igual ou superior a 70% são consideradas, quanto à deterioração por umidade, de boa qualidade (HICKS, 1991), contudo para a AAMAS (1991), este valor deve ser superior a 80%. Nas Tabela 17 e 18, são apresentados os resultados e algumas características dos corpos ensaiados para a mistura convencional com seixo e com 10% RM. 68 Tabela 17 – Resultados do dano da umidade induzida para mistura convencional com seixo com volume de vazios 7 ± 1%. Pesquisa: TCC - Andre / Dirceu Aditivo: sem aditivo Dosagem: Mistura - Seixo convencional Método de compactação: Marshall Esforço: 75 golpes Data do Ensaio: 14 a 16/11/2010 Laboratoristas: Andre / Dirceu Grupo 01 (condicionados) Identificação da Amostra Diâmetro em mm (pol) D 1 2 3 7 8 101,55 101,65 101,71 101,65 101,67 101,59 101,71 101,69 67,85 61,99 67,89 68,02 Massa seca ao ar em g A 1294,6 1289,3 1294,6 1284,2 1301,2 1174,3 1298,3 1282,6 Massa do CP em g, antes da saturação parcial a vácuo B 1294,8 1289,6 1294,9 1284,3 1301,3 1174,5 1298,8 1282,9 Massa imersa em g C 717,8 718,5 719,4 714,8 723,1 653,0 722,7 716,4 E 577,0 571,1 575,5 569,5 578,2 521,5 576,1 566,5 F 2,244 2,258 2,250 2,255 2,250 2,252 2,254 2,264 G 2,420 2,420 2,420 2,420 2,420 2,420 2,420 2,420 H 7,29 6,71 7,04 6,82 7,01 6,95 6,88 6,44 I 42,04 38,33 40,54 38,84 40,51 36,25 39,61 36,50 23,12 21,08 22,30 21,36 22,28 19,94 21,79 20,08 33,63 30,67 32,43 31,07 32,41 29,00 31,69 29,20 B’1 1317,7 1310,4 1316,9 1305,6 1323,5 1194,2 1320,1 1302,7 Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo (máx.) B’2 1328,2 1320,0 1327,0 1315,3 1333,6 1203,3 1330,0 1311,8 12770 12930 Densidade específica aparente (A/E) Densidade específica máxima % de vazios (100(G-F)/G) Volume de vazios (HE/100) em cm 3 Volume extremo de água que po ser absorvido em cm3 (min.) J'1 Volume extremo de água que po ser absorvido em cm3 (máx.) J’2 Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo (mín.) Carga em N (lbf) - Não condicionados Temp. de sat. em min P’ 67,88 Pmédia = 12600 Pré. em kPa ou mm de Hg (pol. Hg) 12030 B’ 1321,0 1312,5 1318,7 1308,7 Massa imersa em g, após saturação parcial a vácuo C’ 743,9 741,3 742,3 739,9 t' 68,06 68,19 67,60 67,82 E’ 577,1 571,2 576,4 568,8 F’ 2,243 2,257 2,246 2,258 J’ 26,20 22,90 23,80 24,40 Altura do cp após cond. Em mm (pol) Volume (B’-C’) em cm Densidade específica aparente (A/E’) Volume de água absorvido em cm 3 % de saturação (100J’/I) S’ 62,32 59,74 58,71 62,82 Carga em N (lbf) - Condicionados P’ 11390 11110 12510 12130 Res. s/ cond. (2000P/ tD) (2P/ tD) em kPa, psi Std 1188,70 Res. c/ cond. (2000P’/ t’D)(2P’/ t’D) em kPa Stm 1049,2 1020,4 1158,4 1120,2 Rel. de Res. à Tração (100 Stm/ Std) Danos da umidade induzida (visual) Falha/esmagamento do agregado 12670 5 min. / 15 pol. De Hg Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo 3 68,08 6 t Volume (B-C) em cm 67,47 5 Altura em mm (pol) 3 67,85 4 Grupo 02 RRT 91,4 S'média = 60,90 % P'média = 10999.75 1106,5 1280,8 1177,4 1087,03 1190,1 69 Tabela 18 – Resultado do dano da umidade induzida para mistura com 10% de resíduo de manganês com volume de vazios 7 ± 1%. Pesquisa: TCC - Andre / Dirceu Aditivo: sem aditivo Método de compactação: Marshall Data do Ensaio: 14 a 16/11/2010 Dosagem: Mistura - Seixo com 10% de RM Esforço: 75 golpes Laboratoristas: André / Dirceu Grupo 01 (condicionados) Identificação da Amostra 1 2 3 7 8 Diâmetro em mm (pol) D 101,69 101,49 101,66 101,65 101,69 101,59 101,82 101,67 Altura em mm (pol) t 66,23 62,49 66,40 66,71 Massa seca ao ar em g A 1292,9 1292,7 1288,4 1284,2 1286,4 1205,0 1282,6 1282,6 Massa do CP em g, antes da saturação parcial a vácuo B 1293,1 1292,8 1288,6 1284,2 1286,5 1205,2 1282,9 1282,7 Massa imersa em g C 728,2 727,8 725,1 723,8 724,2 679,2 722,6 721,6 Volume (B-C) em cm3 E 564,9 565,0 563,5 560,4 562,3 526,0 560,3 561,1 66,25 4 Grupo 02 65,80 66,09 5 66,73 6 Densidade específica aparente (A/E) F 2,289 2,288 2,286 2,292 2,288 2,291 2,289 2,286 Densidade específica máxima G 2,445 2,445 2,445 2,445 2,445 2,445 2,445 2,445 H 6,39 6,42 6,49 6,27 6,43 6,30 6,38 6,51 I 36,11 36,29 36,55 35,16 36,17 33,16 35,72 36,52 19,86 19,96 20,10 19,34 19,89 18,24 19,65 20,09 28,89 29,03 29,24 28,13 28,93 26,53 28,58 29,22 1312,8 1312,7 1308,5 1303,5 1306,3 1223,2 1302,2 1302,7 Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo (máx.) B’2 1321,8 1321,7 1317,6 1312,3 1315,3 1231,5 1311,2 1311,8 Carga em N (lbf) - Não condicionados 13170 12670 % de vazios (100(G-F)/G) Volume de vazios (HE/100) em cm 3 Volume extremo de água que po ser absorvido em cm3 (min.) J'1 Volume extremo de água que po ser absorvido em cm3 (máx.) J’2 Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo (mín.) B’1 Temp. de sat. em min P’ Pmédia = 12552,5 Pré. em kPa ou mm de Hg (pol. Hg) 13580 10 min. / 15 pol. De Hg Massa do CP em g, após saturação parcial a vácuo B’ 1314,2 1314,6 1311,1 1305,2 Massa imersa em g, após saturação parcial a vácuo C’ 745,3 744,5 744,7 746,8 t' 66,24 66,06 66,70 66,36 E’ 568,9 570,1 566,4 558,4 2,273 2,267 2,275 2,300 Altura do cp após cond. Em mm (pol) Volume (B’-C’) em cm3 Densidade específica aparente (A/E’) F’ Volume de água absorvido em cm3 J’ 21,10 21,80 22,50 21,00 % de saturação (100J’/I) S’ 58,44 60,07 61,56 59,72 12630 11320 11840 10920 Carga em N (lbf) - Condicionados P’ Std 1196,39 Res. c/ cond. (2000P’/ t’D)(2P’/ t’D) em kPa Stm 1193,7 1074,9 1111,7 1030,6 Rel. de Res. à Tração (100 Stm/ Std) RRT Res. s/ cond. (2000P/ tD) (2P/ tD) em kPa, psi Danos da umidade induzida (visual) Falha/esmagamento do agregado 10790 92,2 S'média = 59,95 % P'média = 1178,5 1274,1 1082,1 1240,2 1102,73 1189,3 70 4.3 DENSIDADE MÁXIMA TEÓRICA DE MISTURAS ASFÁLTICAS (RICE TEST – ASTM 2041/100) As Tabelas 19 e 20 mostram com clareza os resultados da densidade teórica de cada uma das misturas ensaiadas, que pode ser observado uma densidade maior por parte da mistura com 10% de resíduo de manganês, isso devido a grande densidade do agregado de resíduo utilizado na composição da mistura. Tabela 19 – Densidade teórica da mistura convencional RICE TEST – ASTM 2041/00 (CONVENCIOANAL) 1500,20 Peso ao ar (g) 841,10 Peso Imerso (g) Densidade máxima teórica 2,276 Tabela 20 – Densidade teórica da mistura com 10% RM RICE TEST – ASTM 2041/00 (10% RM) Peso ao ar (g) Peso Imerso (g) Densidade máxima teórica 1500,20 846,30 2,294 71 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Neste capítulo, apresentam-se as conclusões e sugestões fundamentadas nos resultados, nas análises e nas discussões apresentadas no capítulo 4. Vale lembrar que a escolha de resíduo de manganês como agregado opcional se fundamentou no fato da agressão ambiental gerada pelo seu acúmulo em grande quantidade no meio ambiente. Porém a avaliação de interesse a este trabalho se fundamentou apenas em ensaios específicos à pavimentação, não tendo sido avaliado impactos ou benefícios ambientais, embora acredita-se que a reutilização do resíduo de manganês reduz consideravelmente os prejuízos causados ao meio ambiente. 5.1 – DOSAGEM MARSHALL Na dosagem Marshall, os resultados não foram satisfatórios, pois não se alcançou os parâmetros necessários que o DNIT estipula, devido à grande quantidade de areia utilizada na mistura. Mais se pode observar que a mistura com resíduo de manganês possui um maior consumo de ligante asfáltico em relação à mistura convencional, devido ao seu alto valor de absorção em relação aos outros agregados, é que a estabilidade das misturas não teve grande diferença. 72 Para os trabalhos realizados com a mesma linha de pesquisa futuramente, vale salientar que a areia da região amazônica possui uma superfície específica alta, sendo necessário a utilização de um material de enchimento na mistura. 5.2 – UMIDADE INDUZIDA Dos resultados obtidos neste ensaio concluiu-se que as duas misturas tiveram um comportamento satisfatório, pois se enquadraram dentro das especificações tanto de (HICKS, 1991) e (AAMAS 1991), tendo uma diferença insignificante entre as misturas. 5.3 – RICE TEST Por meio dos resultados obtidos neste ensaio, pode ser feito uma comparação entre a densidade máxima teórica das misturas (RICE TEST) ensaio que possibilita anular os vazios de uma mistura e calcular de forma exata sua densidade. Com a densidade aparente que foi calculada apenas com o peso da amostra ao ar dividido pelo volume do corpo-de-prova, não tendo a preocupação da quantidade de vazios que o corpo-de-prova poderia ter. Os resultados foram bastante próximos, mais se pode observar uma densidade maior ao eliminar os vazios da mistura. 73 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6500/00: materiais betuminosos – determinação do ponto de amolecimento. Rio de Janeiro, 2000. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGEM – DNER. Método de ensaio DNER-ME 004/94, materiais betuminosos – determinação da viscosidade “Saybolt-Furol” a alta temperatura (ABNT-MB 517). Rio de Janeiro, 1994. 2p. ______. Manual de Pavimentação. 3.ed. Rio de Janeiro: DNIT, 2006. ______. Método de ensaio DNER-ME 079/94, agregados – adesividade a ligante betuminoso. Rio de Janeiro, 1994, 12p. ______. 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Método de ensaio DNER-ME 003/98, material betuminoso – determinação da penetração. Rio de Janeiro, 1999. 7p. COUTINHO NETO, Benedito. Avaliação do reaproveitamento de areia de fundição como agregado em misturas asfálticas densas. São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. Especificação de serviço DNIT ES-031/2006, pavimentos flexíveis – concreto asfáltico. Rio de Janeiro, 2006. 14p. OBSERVATÓRIO SOCIAL. Comportamento Social e Trabalhista: Relatório Geral de Observação (ICOMI – AMAPÁ). Disponível em: http://www. observatóriosocial.org.br /download/ReGeicomiport.pdf. Acesso em: 30 mai. 2010. JPE. Disposição final dos resíduos da usina de pelotização/sinterização. Santana/AP: ICOMI, 1998. LIEDI, B. B.; MOTTA, L. M. G.; CERATTI, J. A. P.; SOARES, J. B.. Pavimentação Asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro: PETROBRAS: ABEDA, 2008. SANTANA, Humberto. 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