XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Analogia e combinação de previsões aplicados à demanda de novos produtos Diego Bouvie Grippa (UFRGS) [email protected] Fernando de Oliveira Lemos (UFRGS) [email protected] Flávio Sanson Fogliatto (UFRGS) [email protected] Resumo Com a diminuição do ciclo de vida dos produtos, lançamentos de novos produtos ocorrem com uma maior freqüência. Uma previsão de demanda acurada desses novos produtos fornece apoio à tomada de decisões em empresas, além de ser de extrema importância para um planejamento empresarial correto. Este artigo apresenta uma metodologia para previsão de demanda de novos produtos. A metodologia é baseada em previsões por analogia e combinação de previsões quantitativas e qualitativas. O artigo traz, inicialmente, uma revisão bibliográfica sobre analogia e combinação de previsão, seguido de um estudo de caso, onde a metodologia proposta é aplicada na obtenção de uma previsão de demanda para um produto que está sendo introduzido no mercado brasileiro. Palavras chave: Previsão de Demanda, Analogia, Combinação. 1. Introdução Realizar uma previsão de demanda significa predizer necessidades antes que elas realmente aconteçam (ARCHER, 1980). Para este fim, normalmente utilizam-se dados históricos da empresa, informações sobre ambiente e outras variáveis que possam interferir na demanda de um determinado produto. A previsão de demanda tem um papel muito importante nas empresas, pois fornece informações para que seus diversos setores planejem e controlem de forma adequada todas suas ações (TANWARI & BETTS, 1999). Os resultados da previsão são a base para a definição de modificações no nível de mão-de-obra, fluxo de caixa, definição de promoções de vendas, gestão de estoques e capacidade, entre outras atividades. Os múltiplos métodos utilizados para a realização de previsões são classificados em qualitativos e quantitativos. Previsões baseadas em opiniões de especialistas são chamadas de previsões qualitativas, e, normalmente, são utilizadas quando os dados históricos inexistem ou são escassos (PELLEGRINI & FOGLIATTO, 2001). Métodos baseados em dados históricos são conhecidos como métodos de previsões quantitativas. Podem-se realizar previsões quantitativas através de análise de séries temporais ou através de modelos causais (ARCHER, 1980). Atualmente, com o propósito de encontrar a melhor previsão, estão sendo desenvolvidos diversos estudos sobre previsões por analogia e combinação de previsões. A proposta deste trabalho é apresentar uma metodologia para a previsão de novos produtos, a qual consiste na utilização do método de analogia e combinação de métodos qualitativos e quantitativos. A idéia de elaborar uma metodologia de previsão de demanda de novos produtos se mostra muito oportuna, visto que produtos com ciclo de vida cada vez menor são uma tendência crescente, fazendo com que a substituição de produtos e o lançamento de novos produtos sejam bastante freqüentes. A lacuna de trabalhos na literatura acerca do desenvolvimento de métodos de previsão para novos produtos, para os quais dados históricos são escassos ou inexistentes, foi constatada por autores como Armostrong (2001) e Kuyven & Cunha (2003). Um levantamento bibliográfico ENEGEP 2005 ABEPRO 2736 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 recente elaborado por Kahn (2002) listou 25 trabalhos relacionados, em maior ou menor grau, ao tema; nenhum deles, entretanto, propõe a combinação de previsões como sistemática para previsão de demanda de produtos novos. Assim, pode-se classificar a proposta metodológica aqui apresentada como original, por não encontrar paralelo na literatura, e como atualizada, por abordar um tema de discussão recente. 2. Referencial teórico A grande dificuldade para a obtenção de previsões de demanda para novos produtos é a falta de dados históricos. Para suprir esta necessidade, foram desenvolvidos os métodos de analogia. Segundo Georgoff & Murdick (1986), realizar uma previsão por analogia significa utilizar dados de um domínio em outro, acreditando que estes domínios possuam características semelhantes. Entretanto, é importante que a analogia seja realizada de forma estruturada. Deve-se realizar uma avaliação da previsão, pois não há garantia alguma de que o que aconteceu no passado se repetirá no futuro (SOUDER & THOMAS, 1994). Segundo Armstrong (2001), um uso formal da analogia pode auxiliar previsões qualitativas, já que, através da analogia, tendências relativas ao otimismo ou visão irreal do ambiente podem ser eliminadas. Diversos aspectos podem ser utilizados para a realização da analogia, por exemplo: funcionalidades dos produtos, tipo de compradores, estrutura do mercado, condições econômicas, nível de inovação, programa de marketing para o lançamento do produto, entre outros (SOUDER & THOMAS, 1994). O uso do forecasting por analogia em uma estratégia de previsão combinada pode trazer benefícios significativos em termos de acurácia de previsão, no caso de novos produtos. Segundo Bopp (1985) existem três motivos para combinar previsões: (i) desejo de obter a melhor previsão, ou seja, a previsão mais acurada; (ii) usar previsões de diferentes métodos, ao invés de definir, como sendo a melhor, uma única previsão; ou (iii) presença de dados irregulares. Segundo Hogarth apud Blattberg & Hoch (1990), combinar previsões qualitativas e quantitativas aprimora as previsões, pois as fraquezas de um modelo tendem a ser canceladas pelas forças do outro e vice-versa. Por exemplo, métodos qualitativos são flexíveis e, portanto, incorporam mudanças no ambiente rapidamente, o que não ocorre com as técnicas quantitativas. Por outro lado, métodos quantitativos apresentam resultados consistentes com os padrões de demandas passadas, o que compensa a inconsistência inerente a julgamentos humanos. Corroborando este estudo, uma pesquisa realizada por Collopy & Armstrong (1992) mostra que a maioria dos especialistas em forecasting acredita que combinar métodos qualitativos com quantitativos pode trazer ótimos resultados em termos de precisão para as previsões. Existem diversas maneiras de realizar a combinação de previsões. Neste estudo, optou-se por apresentar somente dois métodos, os quais são de simples utilização e trazem resultados satisfatórios. Os métodos são (i) o ajuste de previsões quantitativas, através do uso de opiniões de especialistas, e (ii) uso de média aritmética. O ajuste de previsões quantitativas por especialistas é uma forma muito utilizada para combinar métodos quantitativos e qualitativos. Entretanto, normalmente empresas utilizam esta técnica informalmente, dificultando a reprodução da previsão por outros, visto que não existe uma documentação apresentando os procedimentos utilizados para o ajuste (BUNN & WRIGHT, 1991). De acordo com Reinmuth & Guerts apud Bunn & Wright (1991), em épocas atípicas (ex., promoções), previsões baseadas na análise de séries temporais podem ser significativamente aprimoradas por ajustes de especialistas. O principal motivo para esta melhoria na previsão é que modelos quantitativos dificilmente incorporam mudanças radicais no ambiente, problema que é corrigido através do ajuste. ENEGEP 2005 ABEPRO 2737 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 A média aritmética é um dos métodos mais populares para combinação de diferentes previsões (FLORES & WHITE, 1989). A combinação pode ocorrer através de média simples ou ponderada. Todavia, de acordo com estudo realizado por Blattberg & Hoch (1990), resultados obtidos utilizando média simples não diferem significativamente do melhor resultado utilizando média ponderada. Mesmo com a combinação de poucas previsões individuais, a média simples leva a um aumento significativo na exatidão da previsão (RINGUEST & TANG, 1989). Caso não haja nenhuma forte evidência de que o uso de um método para previsão é o mais indicado, é recomendada a utilização de combinação de previsões através de média simples (MAKRIDAKIS & WINKLER, 1983 apud THOMAS, 1987). 3. Metodologia para previsão de demanda e estudo de caso A empresa analisada no estudo de caso, localizada no estado do Paraná, produz medidores de energia elétrica, os quais são fornecidos para empresas de distribuição de energia tanto no Brasil quanto no exterior. A empresa está introduzindo no mercado brasileiro medidores eletrônicos de energia, o qual já apresentou sucesso no mercado Europeu e dos Estados Unidos. Além de medidores eletrônicos a empresa produz medidores eletromecânicos. Os medidores eletrônicos, e eletromecânicos são classificados como monofásicos e polifásicos. As etapas seguidas neste estudo de caso foram adaptadas dos princípios de previsão de demanda apresentados por Armstrong (2001); são elas: (i) estruturação do problema; (ii) obtenção de informações; (iii) implementação dos métodos de previsão; e (iv) avaliação do método de previsão. 3.1. Estruturação do problema Nesta etapa, primeiramente define-se o objetivo da previsão, o qual, neste estudo de caso, é obter uma previsão acurada da demanda de medidores eletrônicos monofásicos e polifásicos para o mercado interno. A escolha deste problema deve-se ao fato de que as vendas de medidores eletrônicos estão muito abaixo da previsão realizada pela empresa, resultando em grandes dificuldades para a realização de um correto planejamento de curto e médio prazo. Para completar a estruturação do problema, deve-se definir o período, horizonte e intervalo de previsão. Definiu-se um período de previsão mensal, pois é com esta freqüência que se faz o planejamento da produção e de estoques na empresa. Optou-se por um horizonte de previsão de seis meses. Foi feita uma opção por um horizonte de previsão relativamente curto, porque o mercado para medidores de energia elétrica é bastante instável, já que está sujeito a diversos fatores, como decisões que o governo possa tomar em relação à utilização de medidores eletrônicos em nível residencial. O intervalo de previsão será mensal, já que a empresa realiza um acompanhamento mensal de suas vendas e, desta maneira, ela poderá facilmente realizar um aprimoramento contínuo da previsão realizada neste trabalho. 3.2. Obtenção de informações Esta etapa é de extrema importância para se obter uma previsão acurada, pois sem informações adequadas e confiáveis, a acurácia da previsão fica bastante comprometida. As informações a serem obtidas podem ser de dois tipos (MAKRIDAKIS et al., 1998): (i) dados estatísticos, e (ii) informações subjetivas oriundas de julgamentos de especialistas. Nesta etapa deve-se identificar dados que possam ser utilizados na previsão. Os primeiros dados obtidos foram referentes às vendas dos medidores eletrônicos de outubro de 2002 a julho de 2004, os quais são apresentados na Tabela 1. Entretanto, como o medidor eletrônico é um produto novo no mercado brasileiro, suas vendas ainda não possuem um histórico significativo, o que pode ser verificado na Figura 1, sendo estes dados insuficientes para a ENEGEP 2005 ABEPRO 2738 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 realização de uma previsão quantitativa. Armstrong (2001) sugere que quando não há a possibilidade de se realizar a previsão quantitativa, deve-se realizar uma previsão puramente qualitativa ou previsão por analogia. Como os dados de demanda relativos aos medidores eletromecânicos também foram disponibilizados pela empresa, optou-se pela realização de uma previsão por analogia. A analogia entre medidores eletromecânicos e eletrônicos é justificada por eles possuírem funcionalidades semelhantes, os mesmos compradores e estrutura de mercado semelhante. Os dados dos medidores eletromecânicos eram referentes às vendas da empresa no período de outubro de 2001 a julho de 2004, e estavam estratificados segundo a classificação (monofásico e polifásico) e quanto ao mercado de destino do produto vendido (interno e externo). Mês out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 Carga Diária 0 500 252 1000 0 3 200 531 100 500 550 Mês set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 Carga Diária 1594 1111 828 680 0 82 479 700 685 562 602 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 2003 Tabela 1- Dados de medidores eletrônicos 2004 Figura 1 – Série temporal medidores eletrônicos 3.3. Implementação dos métodos de previsão Como citado anteriormente, pelo fato dos dados das demandas de medidores eletrônicos serem insuficientes para a realização de uma previsão quantitativa, optou-se por obter uma previsão por analogia utilizando os dados de demanda dos medidores eletromecânicos. A previsão por analogia combinará métodos quantitativos e qualitativos, no intuito de ajustar as diferenças de grandezas entre a demanda dos dois produtos. Para a implementação da previsão por analogia, foram seguidos os seguintes passos: (i) previsão qualitativa; (ii) previsão quantitativa; e (iii) combinação das previsões. A previsão qualitativa tem como principal objetivo obter parâmetros que possibilitem a realização do ajuste nas previsões quantitativas obtidas. Este ajuste é muito importante em previsões por analogia, pois, sem ele, a acurácia das previsões fica bastante comprometida. Para a realização da previsão qualitativa foi estruturada uma pesquisa. A pesquisa foi submetida a especialistas da área de distribuição de energia elétrica do Brasil, os quais deram suas opiniões sobre a demanda de medidores eletrônicos no mercado brasileiro. Os resultados obtidos na pesquisa, que serão utilizados para o ajuste da previsão quantitativa, são apresentados na Tabela 2. Nesta pesquisa, obteve-se evidência da tendência de substituição dos medidores eletromecânicos monofásicos e polifásicos por medidores eletrônicos. Taxa de substituição de medidores eletromecânicos por eletrônicos Taxa média Taxa anual Otimista Taxa anual Pessimista Monofásico Polifásico Monofásico Polifásico Monofásico Polifásico 3,0% 3,0% 4,5% 4,5% 1,0% 2,0% Tabela 2 – Resultado da pesquisa qualitativa Para a previsão quantitativa serão utilizados os dados referentes à demanda de medidores eletromecânicos monofásicos e polifásicos, já que a previsão qualitativa indicou que os dois modelos de medidores seriam substituídos no Brasil. Após análise das séries temporais dos medidores monofásicos e polifásicos, retiraram-se ENEGEP 2005 ABEPRO 2739 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 dados referentes ao período de outubro de 2001 a junho de 2002, pois estes foram considerados atípicos (contaminados por eventos especiais como o “efeito apagão”, o qual interferiu na demanda de medidores). Estes dados estavam prejudicando a identificação de um padrão de comportamento para a previsão. Também se definiu que seriam utilizados os dados de carga diária média de produção mensal para a obtenção das previsões quantitativas. A utilização destes dados se deve ao fato de que, quando utilizados os dados de carga total de produção mensal, não existia um padrão nas séries temporais analisadas que resultasse em uma boa modelagem matemática de previsão. Além disso, os dados de lead time de entrega de matéria-prima estavam em base diária, logo a utilização de carga diária facilitaria o planejamento da empresa. Para medidores monofásicos, optou-se por realizar uma previsão utilizando dados de demanda total de medidores monofásicos (soma do mercado interno e externo), alternativa esta que resultou em bom ajuste do modelo de previsão aos dados (apresentados na Tabela 3). Estes dados apresentaram tendência e sazonalidade. A sazonalidade se caracterizou devido à existência de um aumento nas vendas no início do ano e de diminuição no final. Segundo Georgoff & Murdick (1986), um dos modelos indicados para séries temporais que apresentam tendência e sazonalidade é o modelo de Winters multiplicativo. Este modelo de fato se mostrou adequado, com boa capacidade preditiva (R² = 0,92). Os resultados, obtidos com a utilização do software ForecastPro (1999), são apresentados na Tabela 4, e o gráfico com a série temporal e a previsão na Figura 2. Para a realização da desagregação das previsões obtidas, ou seja, definir a parcela referente ao mercado interno, calculou-se a média dos percentuais mensais de vendas para o mercado doméstico no último ano e multiplicaram-se os resultados obtidos na previsão por essa média. A média dos percentuais mensais foi igual a 64%. A previsão de demanda doméstica para medidores monofásicos é apresentada na Tabela 5. Mês jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 Carga Diária 1945 1919 1320 1571 1481 Mês dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 Carga Diária 1660 1850 2235 2500 2709 Mês mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 Carga Diária 2734 2724 2416 2296 2020 Mês out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 Carga Diária 1487 1968 2002 2597 2616 Mês mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 Carga Diária 3187 3328 3266 3187 3238 Tabela 3 – Dados de demanda total de medidores monofásicos Observando-se os percentuais mensais de vendas para o mercado interno, observou-se uma variabilidade relativamente alta. Assim, com o intuito de se obter uma previsão com uma maior acurácia, fez-se uma previsão utilizando os dados de demanda do mercado interno de medidores monofásicos, para se obter uma previsão através de média aritmética das duas previsões. Para a obtenção da previsão com os dados de demanda do mercado interno, apresentados na Tabela 6, foi utilizado o modelo de média móvel, utilizando os quatro últimos meses, pois este modelo é o que melhor se adapta a uma série bastante irregular (GEORGOFF & MURDICK, 1986). O resultado é apresentado na Tabela 7 e o gráfico com a série temporal e a previsão, na Figura 3. De posse das duas previsões, fez-se uma média aritmética simples para cada mês, para se obter a previsão de demanda para mercado interno de medidores eletromecânicos monofásicos. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 8. Para a previsão dos medidores eletromecânicos polifásicos, foram utilizados os dados apresentados na Tabela 9. Para este tipo de medidor não foi realizada a previsão dos dados agregados (mercado interno e externo), pois não se obteve um padrão de demanda modelável matematicamente. Os dados se mostraram bastante irregulares, e o modelo mais indicado para este caso é a média móvel (GEORGOFF & MURDICK, 1986). Para a média móvel utilizou-se uma janela ENEGEP 2005 ABEPRO 2740 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 de cinco meses, o que resultou no melhor ajuste. O resultado obtido é apresentado na Tabela 10 e o gráfico com a série temporal e a previsão, na Figura 4. Mês Carga Diária ago-04 2837 set-04 2326 out-04 1970 nov-04 2344 dez-04 2441 jan-05 3016 Ajuste do Modelo 92% 3500 3000 2500 2000 1500 Tabela 4- Previsões de demanda total de medidores monofásicos 2003 2004 2005 Figura 2 – Previsão de demanda total para medidores monofásicos (linha grossa: dados históricos; linha fina: previsão) Mês ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 Carga Diária 1810 1484 1257 1496 1558 1924 Tabela 5 – Primeira previsão de demanda do mercado interno de medidores monofásicos Mês jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 Carga Diária 1423 803 1273 1571 1173 Mês dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 Carga Diária 660 1650 1627 1456 1922 Mês mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 Carga Diária 1543 978 1496 1601 1430 Mês out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 Carga Diária 1270 1410 633 998 1604 Mês mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 Carga Diária 2223 1894 1764 2012 3010 Tabela 6 – Dados de demanda de mercado interno de medidores monofásicos Mês Carga Diária ago-04 2170 set-04 2170 out-04 2170 nov-04 2170 dez-04 2170 jan-05 2170 Ajuste do Modelo 18% Tabela 7- Segunda previsão de demanda do mercado interno de medidores monofásicos 3000 2500 2000 1500 1000 2003 2004 2005 Figura 3 – Segunda previsão de demanda do mercado interno medidores monofásicos (linha grossa: dados históricos; linha fina: previsão) Mês ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 Carga Diária 1990 1827 1714 1833 1864 2047 Tabela 8 – Média das previsões de demanda do mercado interno de medidores monofásicos ENEGEP 2005 ABEPRO 2741 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Mês jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 Carga Diária 978 511 579 1468 1361 Mês dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 Carga Diária 1721 1733 1405 1530 1744 Mês mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 Carga Diária 1848 1873 1895 1603 1538 Mês out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 Carga Diária 1103 1038 940 836 1060 Mês mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 Carga Diária 1156 1071 1084 1313 1352 Tabela 9 – Dados de demanda do mercado interno de medidores polifásicos Mês Carga Diária ago-04 1196 set-04 1196 out-04 1196 nov-04 1196 dez-04 1196 jan-05 1196 Ajuste do Modelo 10% Tabela 10- Previsão de demanda do mercado interno de medidores polifásicos 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 2003 2004 2005 Figura 4 – Previsão de demanda do mercado interno de medidores polifásicos (linha grossa: dados históricos; linha fina: previsão) Obtidas as previsões qualitativas e quantitativas, pode-se realizar a combinação das previsões. A combinação foi realizada através de um ajuste da previsão quantitativa (valores das Tabelas 8 e 10) utilizando a taxa de substituição média, apresentada na Tabela 1, obtida na previsão qualitativa. Para a obtenção da previsão de demanda (carga diária média mensal) do mercado interno para medidores eletrônicos, somaram-se os resultados obtidos com a previsão ajustada e a média da demanda passada por medidores eletrônicos, desconsiderando meses nos quais a demanda foi igual a zero. O resultado é apresentado na Tabela 11. Mês ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 Carga Diária 127 122 118 122 123 128 Tabela 11 – Previsão de demanda do mercado interno de medidores eletrônicos O resultado apresentado pode ser alterado pela empresa. Caso verifique-se que o cenário atual é mais otimista ou pessimista, a empresa poderá utilizar as outras taxas de substituição apresentadas na Tabela 1, com isso obtendo resultados mais adequados à realidade. A avaliação da metodologia de previsão proposta será realizada pela própria empresa, que optou por não divulgar os dados atuais de demanda por medidores eletrônicos. Sem esses dados, não foi possível realizar a validação da metodologia proposta para apresentação neste estudo. 4. Conclusão Este artigo apresentou uma metodologia para a previsão de demanda de novos produtos. A metodologia proposta se mostrou particularmente adequada para aplicação em casos onde um novo produto irá substituir algum outro existente. A metodologia consistiu em combinar previsões qualitativas e previsão quantitativa, numa estratégia de forecasting por analogia. Trata-se de uma abordagem original, pois não encontra paralelo na literatura consultada, e atualizada, pois aborda um tema que é objeto de pesquisas documentadas em publicações recentes. ENEGEP 2005 ABEPRO 2742 XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção – Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005 Verificou-se que a metodologia é de fácil implementação através de sua validação em um estudo de caso. Observou-se que a coleta de dados adequados e auxílio computacional são essenciais na obtenção da previsão quantitativa; por outro lado, entrevistas a especialistas e clientes da empresa são fundamentais para a obtenção da previsão qualitativa. Acredita-se que a praticidade e facilidade de compreensão da metodologia são fatores que poderão incentivar sua aplicação em outros estudos de caso. Referências ARCHER, B. H. (1980) – Quantitative and intuitive techniques. International Journal of Tourism Management. Vol. 1, n.1, p.5-12. ARMSTRONG, J. S. (2001) – Principles of Forecasting: A Handbook for Researchers and Practitioners. Kluwer Academic Publishers. Norwell. BLATTBERG, R. C. & HOCH, S. J. (1990) – Database models and managerial intuition: 50% Model + 50% Manager. Management Science. Vol. 36, n. 8, p. 887-899. BOPP, A. E. (1985) – On combining forecasts: some extensions and results. Management Science. Vol. 31, n. 12, p. 1492-1498. BUNN, D. & WRIGHT, G. (1991) – Interaction of judgmental and statistical forecasting methods: issues & analysis. Management Science. Vol. 37, n. 5, p. 501-518. COLLOPY, F. & ARMSTRONG, J. S. (1992) – Expert opinions about extrapolation and the mystery of the overlooked discontinuities. International Journal of Forecasting. Vol. 8, n. 4, p. 575-582. FLORES, B. E. & WHITE, E. M. (1989) – Combining forecasts: why, when and how. The Journal of Business Forecasting Methods & Systems. Vol. 8, n.3, p. 2-5. FORECAST PRO, Ver. 3.0 (1999) – User’s manual. Business Forecast System Inc., MA. GEORGOFF, R. G. & MURDICK, R. G. (1986) – Manager’s guide to forecasting. Harvard Business Review. Vol. 64, n. 1, p. 110-120. KAHN, K.B. (2002) - An exploratory Investigation of new product forecasting practices. J.Product Innovation Man., v.19, n.2, 133-143. KUYVEN, P.S. & CUNHA, G.D. (2003) – Análise de demanda para desenvolvimento de produtos no setor de brinquedos. Anais do IV Congr.Bras.Gestão e Desenv. de Produtos, em CD-ROM, Gramado (RS). MAKRIDAKIS, S.; WHEELWRIGHT, S.; HYNDMAN, R. (1998) – Forecasting: Methods and applications. 3a ed., New York, John Wiley e Sons. PELLEGRINI, F. R. & FOGLIATTO, F. S. (2001) Metodologia para implantação de sistemas de previsão de demanda – técnicas e estudo de caso. Anais do XXI ENEGEP – CD-ROM, Salvador. RINGUEST, J. L. & TANG, K. (1989) – An empirical comparison of five procedures for combining (or selecting) forecasts. Socio-Economic Planning Sciences. Vol 23, n. 4, 1989, p. 217-225. SOUDER, W. E. & THOMAS, R. J. (1994) – Significant issues for the future of product innovation. Journal of Product Innovation Management. Vol. 11, n. 4, p. 344-353. TANWARI, A. U. & BETTS, J. (1999) – Impact of forecasting on demand planning. Production and inventory management journal. Vol. 40, n. 3, p. 31-35. THOMAS, R. J. (1987) – Forecasting new product market potential: combining multiple methods. Journal of Product Innovation Management. Vol. 4, n. 2, p. 109-119. ENEGEP 2005 ABEPRO 2743