Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. SMART GRIDS: APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA PRIME – PLC EM UM SISTEMA REAL PARA APLICAÇÕES EM SMART METERING HERIBERTO B. NONEMACHER, DOUGLAS D. C. KARNIKOWSKI, PAULO S. SAUSEN, MAURICIO DE CAMPOS Grupo de Automação Industrial e Controle, Depto. De Ciências Exatas e Engenharias, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) Rua Lulu Ilgenfritz - 480, 98700-000, Ijuí, RS, BRASIL E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] [email protected] ALEXANDRE C. OLIVEIRA Laborátorio Eletrônica Industrial e Acionamentos de Máquinas, Depto. de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Av. Aprígio Veloso, 882, 58109-970, Bairro Bodocongó. Campina Grande, PB, BRASIL E-mail: [email protected] PAULO RICARDO DA S. PEREIRA DIVISÃODE PLANEJAMENTO E ENGENHARIA, DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO, COMPANHIA ESTADUAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – CEEE-D AV. JOAQUIM PORTO VILANOVA, 201 – PORTO ALEGRE/RS – CEP: 91410-400 E-MAILS: [email protected] Abstract⎯ The concept of smart grids permits transform the electrical system, designed in the 40s of last century, in a modern system with intelligent applications and high level of automation. This development must be observed more intense when the large-scale use of electronic electricity meters with remote reading. Among the many existing technologies for transmitting data, the communication through the actual structure of power grid known as PLC (Power Line Communication) is the most promising. Many standards have emerged in order to establish protocols and transmission media in smart grids In relation to the PLC one of the most promising technologies is the PRIME (Powerline Intelligent Metering Evolution). This work objective presents a concrete results from the PRIME technology application in a electricity distribution network in Brazil. The system was tested in a metropolitan network of the city of Porto Alegre, with high load-flow characteristics and consumers primarily commercial. It can be seen on the results obtained in the initial tests, the system proposed by the PRIME Alliance based on OFDM modulation, does not show the desired performance when applied to an actual Brazilian system. Keywords⎯ PRIME, PLC, Narrowband, Smart Grids. Smart Metering. Resumo⎯ O conceito de Smart grids permite transformar o sistema elétrico, concebido na década de 40 do século passado, em um sistema moderno com aplicações inteligentes e alto grau de automação. Esta evolução deverá ser percebida de forma mais intensa quando da utilização em larga escala dos medidores eletrônicos de energia elétrica com leitura remota. Entre as muitas tecnologias existentes para a transmissão destes dados a transmissão das informações através da própria estrutura da rede elétrica conhecida como PLC (Power Line Communication) é a mais promissora. Muitas normas e padrões vêm surgindo no sentido de se estabelecer protocolos e meios de transmissão em smart grids. No que se refere ao PLC uma das mais promissoras é a tecnologia PRIME (PoweRline Intelligent Metering Evolution). Este trabalho, objetiva apresentar resultados concretos da aplicação da tecnologia PRIME em uma rede de distribuição brasileira. O sistema foi testado em uma rede metropolitana da cidade de Porto Alegre, com elevado nível de fluxo de carga e consumidores com características principalmente comerciais. Pode-se observar nos resultados obtidos nos testes iniciais, que o sistema proposto pela Aliança PRIME, baseado na modulação OFDM, não apresenta o comportamento desejado quando aplicado em um sistema real brasileiro. Palavras-chave⎯PRIME, PLC, Banda Estreita, Redes Inteligentes, Medição Inteligente. 1 Introdução Atualmente, em sistemas elétricos, existe a forte tendência da utilização de novos padrões, protocolos, estruturas entre outros meios que facilitem o uso da tecnologia em todo o ciclo de geração, transmissão, distribuição e consumo da energia elétrica. O conceito de Smart Grids engloba as tecnologias mais im- ISBN: 978-85-8001-069-5 portantes e permite a concretização deste “novo” sistema Elétrico. Ele permite transformar o sistema elétrico, concebido na década de 40 do século passado, em um sistema moderno com aplicações inteligentes e alto grau de automação. Estes conceitos, permitirão que as concessionárias de energia e os consumidores mudem sua concepção de disponibilidade e consumo de energia elétrica. 1452 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. A evolução do sistema elétrico, entretanto, não acontece de forma rápida, ele deve ser alterado de forma gradual. Esta evolução deverá ser percebida de forma mais intensa quando da utilização em larga escala dos medidores eletrônicos de energia elétrica com leitura remota, que permitirão aplicar novas modalidades tarifárias e novos comportamentos de consumo. Tanto a utilização de tais medidores quanto os demais conceitos de smart grids requerem meios eficientes e práticos de transmissão de dados. Estes, devem permitir a interação do consumidor com a concessionária. Entre as muitas tecnologias existentes para a transmissão destes dados, a que possui grande potencial, é a transmissão das informações através da própria estrutura da rede elétrica, mais comumente conhecida como PLC (Power Line Communication). O PLC tem como principal vantagem o fato de permitir a utilização da infraestrutura existente, constituída essencialmente pela estrutura primária da rede elétrica. Muitas normas e padrões vêm surgindo no sentido de se estabelecer protocolos e meios de transmissão em smart grids. No que se refere ao PLC uma das mais promissoras é a tecnologia PRIME (PoweRline Intelligent Metering Evolution) proporcionando padrões de protocolos e técnicas de modulação, entre outros aspectos. Este trabalho, objetiva apresentar resultados concretos da aplicação da tecnologia PRIME em uma rede de distribuição brasileira. O sistema foi testado em uma rede metropolitana da cidade de Porto Alegre, com elevado nível de fluxo de carga e consumidores com características principalmente comerciais. Outra particularidade desta rede, é que a mesma pertence ao sistema de distribuição subterrâneo reticulado. Este sistema tem como principal característica a grande concentração de distribuição de cargas e ainda que todos os transformadores de distribuição (160 no total com 500kVA, classe 15kV) estão conectados no secundário, se caracterizando assim como um caso crítico para este tipo de sistema de comunicação. Além do já exposto, as características de operação das redes elétricas no Brasil, o clima e sobretudo a falta de padronização, têm se apresentado como uma grande barreira para adoção destas tecnologias. 2 Smart Grids Conforme Falcão (Falcão, 2010), as Smart Grids (Rede Inteligente, traduzido para o Português) devem ser entendidas muito mais como um conceito, do que uma tecnologia propriamente dita. Este, se baseia na utilização intensiva de tecnologia de automação, computação e comunicações para monitoramento e controle da rede elétrica, as quais permitirão a implementação de estratégias de controle e otimização da rede de forma mais eficiente. A geração descentralizada, conhecida também por Geração Distribuída (GD), é uma componente importante no conceito de redes inteligentes onde a ISBN: 978-85-8001-069-5 energia é gerada junto ou próxima dos consumidores, independente da potência, tecnologia e fonte de energia utilizada. Essa geração seria essencialmente formada por pequenas centrais compostas por fontes de energias renováveis, ligadas na rede de distribuição através do uso da Eletrônica de Potência (Wottrich, 2010). Ocorrendo assim, a necessidade da integração entre a infraestrutura do sistema elétrico de potência e a infraestrutura de comunicações digitais e processamento de dados. Tal integração exigirá o desenvolvimento de novos métodos de gerenciamento e operação do sistema elétrico. Ainda, segundo Falcão (Falcão, 2010), é possível atribuir as redes inteligentes inúmeros benefícios, nos quais pode se mencionar: • Capacidade de detectar, analisar, responder e restaurar falhas na rede; • Inclusão do comportamento dos consumidores nos processos de planejamento e operação da rede; • Prover energia de qualidade; • Integração de diversas fontes de energia; • Mercado de energia mais competitivo, favorecendo o mercado varejista e a micro-geração; Diversas tecnologias de comunicação se apresentam como opção de suporte para à Smart Grid, podendo-se citar além do PLC, sistemas de RF PTP, PMP e MESH (Wi-Fi mesh, zigbee), rede celular e fibra óptica. A tendência indica que as redes inteligentes sejam atendida, não por apenas um sistema de comunicação, mas pela união desses com seus nós de rede supervisionados por um sistema de gerência dedicado (Gonçalves & Granato, 2011). Assim como as tecnologias citadas anteriormente, a tecnologia de Medição Eletrônica passou por rápidas mudanças tecnológicas, possibilitando a curto prazo a implantação do monitoramento em tempo real do consumo e da qualidade de energia elétrica entregue aos consumidores, permitindo inclusive a visualização destes dados pelo próprio consumidor. A integração desses medidores e da comunicação digital forma o Smart Metering (Medição Inteligente, traduzido para o Português), que também faz parte do conceito Smart Grid. Outros benefícios que devem ser obtidos com a implementação do Smart Metering são: diminuição das perdas de energia, aperfeiçoamento da previsão de demanda de energia, controle automático para cortes de energia, a possibilidade de tarifas de energia diferenciadas por horários de consumo e a própria medição/controle da energia produzida pela GD, onde é necessária a análise da direção do fluxo de potência (Ali, et al., 2010). Atualmente, um grupo de empresas e instituições vem desenvolvendo um padrão de comunicação destinado à mediação remota, conhecido como PRIME. O objetivo é o desenvolvimento de uma nova solução aberta, de telecomunicações públicas e não proprietária, que irá apoiar não só as funcionalidades de medi- 1453 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. ção inteligente, mas também o progresso em direção à Smart Grid (PRIME ALLIANCE, 2011). A estrutura básica apresentada é ilustrada na Figura 1, demonstrando os componentes de uma Smart Grid direcionada para medidores eletrônicos. ração entre as duas técnicas de modulação é apresentada na Figura 2. Figura 2: Comparação entre FDM e OFDM. Figura 1: Estrutura básica do Smart Metering. Como pode ser observado na figura 1, cada residência possui um medidor eletrônico individual, que por sua vez, é constituído de um modem PLC operando como escravo na rede. Junto ao transformador de distribuição existe um modem concentrador conectado as três fases do sistema, definido como base de envio e recepção de dados. Cada modem base (mestre) armazena os dados em um concentrador, os envia através de um meio de comunicação para um servidor central, que pode ser acessado para efetuar o gerenciamento e faturamento. Neste caso, cabe-se ressaltar que a Tecnologia PLC é mais adequada apenas para a chamada última milha, após o concentrador normalmente são utilizadas infraestruturas existentes, como fibra ótica, Internet (3G, ADSL, etc...) ou ainda wi-fi/rádio. A base desta estrutura portanto é a comunicação pela rede elétrica, para o sistema PRIME a técnica de modulação OFDM (Orthogonal frequency-division multiplexing) , é a utilizada e será abordada no próximo capítulo. 3 Transmissão OFDM O PLC é um sistema de telecomunicações que utiliza a própria rede elétrica para transportar sinais de telecomunicações em modulação de frequência. Uma das técnicas de modulação utilizada para este sistema é a OFDM, o qual surgiu a partir da técnica FDM (Frequency Division Multiplexing) que é a multiplexação por divisão de frequência, ou seja, consiste na transmissão paralela de dados em diversas subportadoras como a modulação PSK (Phase Shift Keying) ou QAM (Quadrature Amplitude Modulation) (Pinto & Albuquerque, 2002). Uma compa- ISBN: 978-85-8001-069-5 O OFDM requer conjuntos de osciladores coerentes, resultando numa implementação complexa e cara. Entretanto, esses processos de modulação e demodulação podem ser executados de uma forma mais simples, utilizando-se de algoritmos FFT (Fast Fourier Transform) e IFFT (Inverse Fast Fourier Transform) (Pinto & Albuquerque, 2002). Cada subportadora pode ser constituída de uma modulação PSK ou QAM. No caso do PSK, a transmissão da informação acontece através da alteração de fase do sinal conforme o nível lógico do bit, o nome desta modulação por representar apenas um bit é conhecido como DBPSK (Differencial Binary Phase Shift Keying). Também são utilizadas DQPSK (Differencial Quadrature Phase Shift Keying) e a D8PSK (Differencial Eight Quadrature Phase Shift Keying), que utiliza de parâmetros de fase e quadratura da onda portadora (Maulburg, 2004). A constelação pode ser visualizada na Figura 3. Figura 3: Modulação DBPSK, DQPSK, D8PSK. A modulação por amplitude e quadratura (QAM – Quadrature Amplitude Modulation) é resultante de uma combinação entre as modulações ASK (Amplitude Shift Keying) e PSK. O mapeamento por código Gray é o método utilizado na distribuição do código binário do diagrama de irradiação, pois a distância de Hamming entre os adjacentes é uma unidade (Laskoski, et al., 2006). Na Figura 4, estão ilustradas três formas possíveis de fazer a modulação 16-QAM ou QAM16, nesta modulação é transmitido 4 bits de informação. As larguras de banda propostas para utilização em comunicação através da rede elétrica em baixa tensão são classificadas como banda estreita (3kHz à 184,5kHz) e banda larga (1,7MHz à 30MHz). A banda estreita é destinada às companhias de distribuição de energia, já é a banda larga será destinada a trans- 1454 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. missão de internet, com expectativas de atingir 200Mbps (Ross, 2011). Figura 4: Técnicas de modulação QAM16. Para sistemas Smart Grids, a banda estreita é baseada principalmente na regulamentação europeia chamada CENELEC EN 50065: “Signaling on lowvoltage electrical installations in the frequency range 3kHz to 148,5KHz”, e estão distribuídas em faixas de frequência, cada qual com a sua proposta de utilização (Kaspar, 2007). Na Figura 5 tem-se uma ilustração da distribuição das bandas, e a seguir, na Tabela 1, a destinação destas frequências. Figura 5: Limite do nível de saída de acordo com as faixas de frequência. Tabela 1: Faixas de frequência CENELEC EN50065-1. Banda Proposta - Apenas companhias de distribuição A Companhias de distribuição com suas licenças B Disponível para consumidores sem restrição C Disponível para uso com protocolo de acesso de mídia D Disponível para consumidores sem nenhuma restrição Assim como outros meios de comunicação, a transmissão via PLC sofre com fatores de impedância e ruído. O ruído é gerado principalmente por cargas não lineares conectados à rede, e também por acoplamento de ondas de rádio e influências atmosféricas. A atenuação é a perda de potência do sinal durante sua propagação e depende do comprimento físico e da faixa de frequência transmitida. Outro fator são os múltiplos percursos que compõem a rede, causando descasamento de impedâncias, dependendo principalmente das características físicas e da topologia da rede (Çelebi, 2010). ISBN: 978-85-8001-069-5 É possível citar como ruídos que podem interferir no funcionamento dos sistemas PLC o ruído de fundo, ruído de banda estreita e o ruído impulsivo. Entre os ruídos citados anteriormente, o ruído impulsivo é um dos que mais afeta a qualidade de transmissão PLC, tal ruído normalmente é gerado por aparelhos elétricos (Çelebi, 2010). O ruído impulsivo pode ser classificado em três tipos: • Ruído impulsivo periódico síncrono com a rede elétrica, geralmente causada por retificadores a diodo que operam em sincronia com o ciclo da rede elétrica; • Ruído impulsivo periódico assíncrono com a rede elétrica, gerado pela comutação de conversores estáticos; • Ruído impulsivo aperiódico, ocasionado por chaveamentos transientes, acarretados principalmente por acionamentos de equipamentos elétricos; 4 PRIME O PRIME busca relacionamento ativo entre consumidor e concessionaria, promovendo um consumo consciente e participativo através de novas modalidades tarifárias, e também criando uma interface que permitirá com que as pessoas façam escolhas baseadas em informações em tempo real colaborando com a sustentabilidade do serviço. A tecnologia PRIME é baseada na modulação OFDM em banda CENELEC-A. O objetivo é estabelecer um conjunto completo de padrões a nível internacional que permitirá a interoperabilidade entre equipamentos e sistemas de diferentes fabricantes (PRIME ALLIANCE, 2011). O modelo de referência é baseado em protocolo de camadas apresentadas na Figura 6. Figura 6: Camadas do protocolo PRIME. A camada de sub-convergência classifica o tráfego para associá-lo com sua conexão MAC apropriada. Esta camada realiza mapeamento de qualquer tipo de tráfego a ser devidamente incluído no MAC das unidades de serviço de dados. Assim, várias camadas de sub-convergência são definidas a fim de 1455 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. acomodar diferentes tipos de tráfegos (PRIME ALLIANCE, 2008). Já a camada MAC fornece funcionalidades do núcleo MAC de acesso à rede, a alocação de largura de banda, gerenciamento de conexão e resolução de topologia. Foi definido para uma conexão ambiente Mestre-Escravo orientado, e otimizado para ambientes de baixa tensão (PRIME ALLIANCE, 2008). Na camada MAC, a subrede é composta de dois tipos de nós. O nó base (mestre) e o nó de serviço (escravo): • O nó base é a raiz da árvore, atua como um nó mestre, gerenciando e fornecendo conectividade à subrede. Há apenas um nó base de dados em uma subrede; • O nó serviço são os ramos da árvore, esses começam em um estado desconectado e são responsáveis por conectar-se à subrede e de comutar dados entre seus vizinhos. Cada nó possui um endereço universal MAC de 48bits que será inserido no processo de fabricação. A segurança da informação é realizada através do algoritmo de criptografia AES (PRIME ALLIANCE, 2008). Por fim, a camada física (PHY) transmite e recebe MAC PDUs entre nós vizinhos. Ele é baseado em multiplexação OFDM na faixa de frequência CENELEC A e a taxa de dados pode chegar até 130kbps (PRIME ALLIANCE, 2008). A modulação OFDM é gerada a partir de três possíveis constelações PSK: DBPSK, DQPSK ou D8PSK. Assim, teoricamente as velocidades alcançam em torno de 47kbps, 94kbps e 141kbps, respectivamente (PRIME ALLIANCE, 2008). As descrições abaixo são parâmetros do PRIME OFDM relevantes para manter a compatibilidade entre as camadas físicas. Tabela 2: Tabela de parâmetros físicos. Frequência Banda de Base (Hz) Espaçamento das subportadoras (Hz) 250000 488,28125 Número de subportadoras de dados 84 (Cabeçalho) Nímero de subportadoras piloto 13 (Cabeçalho) Intervalo FFT (amostras) Intervalo FFT (µs) Ciclo prefixado (amostras) Ciclo prefixado (µs) Intervalo de símbolos (amostras) Intervalo de símbolos (µs) Período do Preâmbulo 96 (Carga Útil) 1 (Carga Útil) 512 2048 48 192 560 2240 2048 Existem ainda, parâmetros da modulação para cada subportadora OFDM, descrito na Tabela 3. Tabela 3: Parâmetros de cada subportadora. DBPSK ISBN: 978-85-8001-069-5 DQPSK D8PSK Código Convolucional (1/2) Informação de bits por subportadora Informação de bits por símbolos OFDM Limite de dados bruto (kbps aprox.)_ Max. tamanho MSDU (em bits) com 63 símbolos Max. tamanho MSDU (em bytes) com 63 símbolos On Off On Off On Off 0,5 1 1 2 1,2 3 48 96 96 192 144 288 21,4 42,9 42, 9 85,7 64,3 128, 6 301 6 604 8 604 0 12096 906 4 181 44 377 756 755 1512 113 3 226 8 E para o cabeçalho têm-se os seguintes parâmetros: Tabela 4: Tabela de parâmetros para o cabeçalho. Código Convolucional (1/2) Informação de bits por subportadora Informação de bits por símbolos OFDM DBPSK On 0,5 42 Cada transmissão começa com um preâmbulo fixo. O preâmbulo é usado para fins de sincronização e a estrutura é apresentada na tabela 5: Tabela 5: Tabela de parâmetros para o cabeçalho. Preâmbulo Cabeçalho Carga útil 2,048ms 4,48ms M x 2,24ms 2 símbolos M símbolos Logo após o preâmbulo, 13 subportadoras piloto são inseridos em cada um dos dois primeiros símbolos OFDM para fornecer informações suficientes para estimar o erro de amostragem e o inicio da frequência de amostragem. Estes dois símbolos formam o cabeçalho. O cabeçalho é modulado em DBPSK com 84 subportadora de dados que compõem 84 bits por símbolo, e sempre é enviado através da codificação convolucional (PRIME, 2008). No entanto, a carga é codificada em DBPSK, DQPSK ou D8PSK, dependendo da relação nível de sinal-ruído (SNR) disponível para atingir o BER (Bit error rate – limite de bit erro). Assim, a camada MAC vai selecionar o melhor esquema de modulação usando informações de erros dos últimos quadros. O sistema então ira configurar-se dinamicamente para fornecer o melhor compromisso entre rendimento e eficiência na comunicação (PRIME, 2008). Então, cada símbolo OFDM transporta uma carga de dados em 96 subportadoras e uma portadora piloto, e em cada subportadora a carga será de 1, 2 ou 3 bits (PRIME, 2008). 5 Resultados Obtidos O sistema testado foi instalado no sistema network/reticulado da CEEE-D (Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica) na região metro- 1456 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. politana de Porto Alegre. O sistema network, também conhecido como sistema reticulado, é um modelo de sistema de distribuição em baixa tensão, possuindo um conjunto de transformadores cujos secundários são ligados em paralelo, suprindo a carga. Essa topologia permite que o fornecimento de eletricidade se mantenha mesmo que um ou mais transformadores saiam de serviço, desde que a potência total dos transformadores remanescentes seja igual ou superior à demanda drenada pelas cargas, além disso, permite a melhoria da característica de tensão secundária (GOUVÊA, et al. 2005). O transmissor de sinal PLC foi instalado no reticulado nordeste (RNE), na saída de baixa tensão do transformador identificado pela caixa transformadora T-103-7A (código CEEE-D), o qual tem o alimentador 2RNE como supridor de energia. A distância aproximada entre o transmissor e receptor é cerca de 250 metros, uma vez que não existe um caminho direto e os cabos contornam a praça. Figura 8 – Característica de tensões RMS monofásicas mínimas e máximas Figura 7 - Localização do transmissor e receptor de sinal PLC. Antes da análise do comportamento do sinal PLC foi realizada uma avaliação da característica de carga da região de estudo de transmissão de sinal PLC na rede subterrânea network baseado na norma IEEE 1159.. Para esta avaliação foi utilizado o analisador de energia modelo PowerGuide 4400 da marca Dranetz®. Conforme já esperado em função das características do sistema reticulado, as tensões possuem um comportamento bastante estável mesmo sob variações de carga, conforme pode ser observado na figura 8. Como os consumidores da região analisada são caracterizados principalmente por unidades comerciais e residenciais, a corrente drenada da rede apresenta uma maior intensidade nos períodos comerciais. Isso pode ser verificado na Figura 9, que apresenta os valores mínimos e máximos das correntes RMS no período de análise. Ainda, em um sistema reticulado a impedância série entre a carga geradora de harmônicas de corrente e o transformador é pequena, isso faz com que a distorção da tensão seja pequena. Figura 9 - Característica das correntes RMS mínimas e máximas Figura 10 - Harmônicas de tensão mais significativas referentes à fase A ISBN: 978-85-8001-069-5 1457 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. A Figura 10 apresenta o comportamento temporal das harmônicas ímpares de tensão mais significativas identificadas no período de avaliação da rede, entre as harmônicas que apresentaram maiores amplitudes destacam-se a 3ª, 5ª, 7ª e 9ª, sendo que as demais não apresentaram valores significativos em comparação a estas e por isso não foram apresentadas. A Figura 11 apresenta o comportamento temporal das harmônicas de correntes ímpares mais significativas identificadas no período de avaliação da rede, entre as harmônicas que apresentaram maiores amplitudes destacam-se a 3ª, 5ª, 7ª e 9ª, sendo que as demais não apresentaram valores significativos em comparação a estas e por isso não foram apresentadas. Como se pode verificar, a presença de harmônicas acompanha o aumento da carga drenada da rede, e tem maior magnitude especialmente em períodos de carga comercial. laboratório foi possível concluir que os reatores eletrônicos, de baixa qualidade, utilizados na iluminação fluorescente normalmente utilizado em consumidores comerciais são os principais causadores deste efeito. Figura 12 – Média Diária de amostras recebidas em função da Hora do dia em março de 2012. 7 Conclusão Figura 11 - Harmônicas de correntes mais significativas referentes à fase A O comportamento da transmissão de dados pode ser verificado através da Figura 12, a qual demonstra a média dos dados recebidos por horários do dia, no mês de março de 2012. Na mesma figura pode-se observar a comparação do sistema PRIME com modulação OFDM e um sistema tradicional PLC 2G com modulação FDK ambos operando na Banda A da norma CENELEC. Fazendo-se um comparativo entre a figura 12 e a figura 9, pode-se perceber que a perda da comunicação de dados do sistema PRIME se dá exatamente no período de maior carga consumida através do transformador analisado, comprovando a influência do fluxo de potência. No entanto, é possível observar que o sinal do PLC PRIME, somente trafega na rede adequadamente no horário compreendido entre as 24h. até 8h. Período em que a maior parte da iluminação dos consumidores, está desligada. Em testes de ISBN: 978-85-8001-069-5 Como pode ser observado o sistema proposto pela Aliança PRIME baseado na modulação OFDM, não apresenta o comportamento desejado quando aplicado em um sistema real, brasileiro. Uma das causas da perda de pacotes é sem dúvida a influência do fluxo de carga na rede na transmissão dos dados. No entanto, detectou-se a presença de componentes harmônicas e ruído impulsivo na rede elétrica onde o sinal do PLC – PRIME esta presente. Este tipo de ruído é gerado principalmente por conversores eletrônicos de baixa qualidade utilizado em iluminação fluorescente, a mais utilizada nesta região. Neste sentido na versão final deste artigo será incluída uma proposta de alteração na faixa de operação do sinal OFDM. Agradecimentos Os Autores agradecem ao apoio da CEEE-D, Programa de P&D ANEEL, e a UNIJUI. Referências Bibliográficas Ali, S. S., Maroof, M. & Hanif, S., (2010). Smart Energy Meters For Energy Conservation & Minimizing Errors. IEEE. Çelebi, H. B., (2010). Noise and multipath characteristics of power line communication channels. [Online] Available at: 1458 Anais do XIX Congresso Brasileiro de Automática, CBA 2012. http://scholarcommons.usf.edu/etd/1594/ [Acesso em 10 Março 2012]. Falcão, D. M., (2010). Integração de Tecnologias para Viabilização da Smart Grid. Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, 18 Maio. Gonçalves, J. & Granato, S., (2011). PLC como Tecnologia de Suporte à Smart Grid. 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