# 20 informativo sbm • ano 5 / 2013 A revista do Microbiologista. Foto: Mário Takeashi ISSN 1982-1301 www.sbmicrobiologia.org.br Editorial Índice Prezado Microbiologista, Ciência in Foco É com grande satisfação que publicamos a 20ª edição da Revista Microbiologia in Foco. Continuamos com os objetivos iniciais selecionando temas abrangentes e de interesse na divulgação da Microbiologia. Voltamos a enfatizar que esperamos e contamos com a colaboração ativa dos leitores sugerindo temas e encaminhando artigos para publicação. Esperamos que comunidade de microbiologistas continue a colaborar ativamente para que essa iniciativa possa alcançar o objetivo de divulgar a microbiologia nos mais diversos setores da comunidade brasileira. Lembramos que a revista é de informação e divulgação e é composta de várias seções: Seção 1: Ciência in foco: artigos de informação sobre temas relevantes Seção 2: Resenhas: comentários sobre livros Seção 3: Resumos comentados de trabalhos científicos relevantes Seção 4: Homenagem a profissionais com destaque na fundação da SBM e no desenvolvimento da Microbiologia Seção 5: Ensino em Microbiologia Seção 6: Departamento in Foco: Departamentos em destaque: Noticias de interesse da Microbiologia Seção 7: Leitor in Foco: espaço aberto ao leitor Seção 8: Empresas in Foco - Informes publicitários: espaço destinado a empresas Agradecemos a todos que colaboraram com a edição número 20 da revista Microbiologia in Foco e contamos com a colaboração dos colegas para futuros artigos. Dossiê da Produção Científica em Microbiologia no Brasil em 2009 e seu Impacto Medido pelas Citações em 2010 na Base Web of Science . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Microrganismos no controle simbiótico de pragas e doenças. . . . . . . . . 21 Radiação ionizante no controle de fungos toxigênicos e micotoxinas. . . . 31 Quantificação de vírus por PCR quantitativo (PCRq): comparação entre dois métodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Selo de Qualidade SBM . . . . . . . 43 SBM In Foco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Agenda In Foco . . . . . . . . . . . . . . . 45 Adalberto Pessoa Junior Presidente Marina B. Martinez Editora Carlos P. Taborda Editor Expediente SBM in Foco Revista da Sociedade Brasileira de Microbiologia Ano 5, nº 20 São Paulo: SBM, 2013 Periodicidade Trimestral Editores: Carlos P. Taborda e Marina B. Martinez Tiragem: 2000 exemplares - Circulação Nacional Distribuição gratuita para sócios SBM Impressão: Vox Editora Ltda. (11) 3871-7300 Curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Microbiologia . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Fique sócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Diagramação: Hermano Design Editorial [email protected] Responsabilidade autoral: Todos os artigos assinados são de responsabilidade dos respectivos autores Responsabilidade editorial: Tífani Luri N. Hanashiro 3 Ciência in Foco dossiê da PRodução cientÍfica eM MicRoBiologia no BRasil eM 2009 e seu iMPacto Medido Pelas citaçÕes eM 2010 na Base WeB of science Abel L. Paker Coordenador operacional do Programa SciELo Rogério Meneghini Coordenador Científico do Programa SciELO rogé[email protected] SciELo, Rua Machado Bitencourt, 430 – 04044-001 São Paulo, SP uma breve introDução históriCa À miCrobiologia brasileira A microbiologia tem seus pontos culminantes como outras ciências. No contexto mundial as figuras magnas são sem dúvida a de Louis Pasteur na França e de Robert Koch na Alemanha. No cenário brasileiro sobressai Carlos Chagas e suas descobertas de ponta na doença que leva o seu nome. A adoção da linha de Pasteur na medicina brasileira teve o seu ponto máximo com a campanha de erradicação da febre amarela e da malária na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX por Oswaldo Cruz. Porém tem-se que retroceder pelo menos uma geração se quisermos dimensionar o sentido realmente inovador das iniciativas de Oswaldo Cruz. Trata-se de chegarmos à Escola Tropicalista Baiana. Esta iniciativa, só assim designada em meados do século passado, chegou a Salvador uma geração antes da criação da Escola de Manguinhos (posteriormente Instituto Oswaldo Cruz) no Rio de Janeiro, e era centrada na Faculdade de Medicina na Bahia. Entre as figuras de destaque estavam Otto Wucherer, com treinamento na Inglaterra, e que para cá veio como médico da comunidade alemã da Bahia, John Paterson, escocês que veio para a mesma finalidade em relação à comunidade britânica, e João Francisco da Silva Lima, português que tinha forte contato com a Europa. Estes médicos foram responsáveis pela criação do periódico Gazeta Mercantil da Bahia. Ao redor deles jovens médicos se alinharam, com algumas características comuns: eram adeptos do cientificismo, inclinados para a teoria do germe em contraposição ao miasma, eram abolicionistas e republicanos. Grande parte dos relatos da Escola Tropicalista Baiana foi narrada em estudos de Peard (1992). Contribuições importantes da escola baiana vieram através da identificação de vermes Ancylostomum duodenale, ligados à hipoemia, por Wucherer e de estudos de vermes ligados à doença hemato-chyluria. Porém o grupo baiano não progrediu para formar efetivamente uma verdadeira escola como a auto-designação fazia crer, pois os seus líderes dispersaram-se por várias atividades profissionais e políticas, sendo que alguns deles transferiram-se para o Rio de Janeiro. Nesta cidade uma nova tendência médica começava a aparecer, deixando de concentrar-se em parasitologia dos vermes ou helmintos, e centralizando-se muito na febre amarela. Uma figura que desponta é a de Domingos José Freire, com treinamento na Europa e grande influência no ensino com ênfase na ciên- 5 cia experimental (ele mesmo devotado à química orgânica). Isso o estimulou a utilizar antissépticos e antipiréticos alemães contra a febre amarela. Além disso chegou a produzir uma vacina atenuada de Cryptococcus xanthogenicus, por ele considerado erroneamente como a causa etiológica da febre amarela. Em 1900 a proposta de Carlos Finley de que a febre amarela não era contagiosa e sim transmitida por um mosquito foi comprovada por uma comissão americana através de estudos realizados em Cuba. Em São Paulo, Emílio Ribas comprovou com auxílio de voluntários a transmissão por via do mosquito Aedes aegypti. Com o conhecimento desta descoberta Oswaldo Cruz, um jovem médico com estágio por três anos no Instituto Pasteur de Paris, e alçado à posição de Diretor-geral da Saúde Pública pelo então Presidente da República Rodrigues Alves, promove uma campanha de erradicação da febre amarela e da malária na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX . A campanha agressiva de combate ao mosquito transmissor, e de uma vacinação obrigatória, gerou uma reação violentamente contrária da população, mas que foi finalmente dominada. É forçoso admitir que Oswaldo Cruz não se destacou particularmente por alguma descoberta científica de vulto e sim pela sua competência e coragem na área sanitária e pelo esforço em motivar jovens do Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (mais tarde, em 1908, denominado Instituto Oswaldo Cruz) a se dedicarem à pesquisa, transmitindo a eles a percepção de sua importância, um legado de sua permanência na Europa. Entre seus seguidores estava Carlos Chagas médico formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que muito cedo foi recrutado por Oswaldo Cruz junto ao seu instituto para missões sanitaristas, principalmente relacionadas à malária. É espantoso que numa dessas missões Chagas descobriu uma nova espécie de protozoário e que este era o agente etiológico da doença que posteriormente levou ao seu nome. O trabalho de Chagas é considerado como o único que ostenta um descobridor de todos os agentes de uma doença infecciosa: a anatomia patológica, o meio de 6 transmissão (o inseto barbeiro) a etiologia (Trypanosoma cruzi), suas formas clínicas e sua epidemiologia. Chagas teve um reconhecimento internacional imperecível por estas descobertas. É interessante que Chagas não teve uma formação internacional como outros médicos contemporâneos, incluindo Oswaldo Cruz. Este fato denota que já no seu início o Instituto Oswaldo Cruz se constituía numa verdadeira Escola, capaz de formar pesquisadores de porte. Figura contemporânea a Oswaldo Cruz, e também de destaque internacional foi Henrique da Rocha Lima, médico carioca formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Fez parte do grupo do Instituto Oswaldo Cruz por vários anos, alternando com períodos de estadas longas na Alemanha, onde alcançou grande prestígio. Trabalhou com muitas patologias sendo o seu feito máximo a caracterização do então provável agente causador do tifo exantemático, o qual denominou de Rickettsia prowazeki. Houve grande disputa pela primazia das descobertas relacionadas com o agente etiológico do tifo exantemático e neste episódio Rocha Lima foi preterido em relação à H. T. Ricketts, principalmente no contexto da comunidade científica anglo-americana. A despeito disso recebeu grande prêmios internacionais de reconhecimento, talvez o mais importante a condecoração da Cruz de Ferro concedida pelo imperador da Alemanha, Guilherme II. Na mesma época que o Instituto Oswaldo Cruz se desenvolvia no Rio de Janeiro, através de pesquisa e atividades sanitaristas, São Paulo enriquecia com café, atraia migrantes e imigrantes e se tornava mais vulnerável a doenças tropicais. Com recursos do estado foi possível atrair médicos pesquisadores e sanitaristas do exterior e da Escola do Rio de Janeiro para desenvolverem trabalhos importantes como cientistas e detentores de cargos públicos para liderar combates às doenças infecciosas. Adolfo Lutz, nascido no Rio de Janeiro, passou longo tempo de sua juventude na Europa onde se formou em medicina na Suíça, e teve uma sólida formação em pesquisa na Alemanha e nos Estados Unidos, antes de retornar ao Brasil em 1892. Ficou um longo tempo no Estado de São Paulo, onde se dedicou ao combate de epidemias de várias doenças infecciosas, até retornar ao Rio de Janeiro em 1908 onde se integrou ao Instituto Oswaldo Cruz. Em São Paulo Adolfo Lutz veio a conhecer e tornar-se amigo de Vital Brasil, médico formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e que tornou-se figura mundialmente conhecida pelos seus trabalhos de desenvolvimento do soro antiofídico. Este trabalho foi desenvolvido na fazenda do Butantan, que posteriormente tornou-se o Instituto do mesmo nome. Outra figura de ponta em São Paulo foi Emílio Ribas que já trabalhava com a hipótese do vetor Aedes aegypti da febre amarela, confirmado por seus trabalhos com voluntários na transmissão da doença. Também formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi co-criador do Instituto Butantan, assumindo cargos importantes e teve considerável destaque em batalhas sanitaristas contra a febre amarela, tuberculose, hanseníase, varíola, e na criação dos Laboratórios de Análises Clínicas e Bromatólógica. Após uma carreira rica em feitos científicos na Alemanha e no Instituto Oswaldo Cruz, Rocha Lima assumiu em 1927 uma posição de liderança no recém-criado Instituto Biológico de São Paulo, tornando-se em 1933 o seu Diretor. Por mais de 20 anos Rocha Lima exerceu este comando. Seu prestígio, atributos de liderança e conhecimentos na área de saneamento microbiológico impulsionam o Biológico a se tornar uma instituição de proa nas áreas de combate a doenças animais e de plantas e, ainda mais, em pesquisa básica em biologia. Como em muitas instituições científicas brasileiras, a uma fase dourada, muito dependente de lideranças fortes, segue-se à sua saída um período de declínio. Muito embora o Instituto Biológico continue contribuindo com pesquisadores qualificados em estudos relacionados com patologias vegetais e animais sua proeminência nacional não pôde ser revivida. Como se pode ver a microbiologia brasileira centrou-se na primeira metade do século em estudos de sanitarismo. Na metade do século já havia um inves- timento forte em vários países, principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra e França, em estudos genéticos com bactérias e vírus. O interesse neste caso era voltado para o entendimento de fenômenos biológicos básicos. Pode-se dizer que, de certa forma, o Brasil chegou bem atrasado à esta área, ao contrário do que acontecera na microbiologia sanitarista. Isto fez com que o produto desta abordagem genética, a moderna biologia molecular, também chegasse atrasada em nosso país. Em 1980 dez por cento dos artigos sobre microrganismos nos Estados Unidos eram relacionados com bioquímica/biologia molecular; no Brasil apenas dois por cento. Este atraso se projetou até o presente: numa lista dos vinte países de maior produção científica, o percentual de estudos microbiológicos conectados à bioquímica/biologia molecular em países desenvolvidos é da ordem de 10%, enquanto que o do Brasil é de 5% (décima nona posição). Houve uma melhora, indubitavelmente, mas falta espaço para o país competir com mais força no contexto da microbiologia moderna, penetrando nas áreas de desenvolvimento de produtos farmacêuticos, controle de microrganismos causadores de doenças, produção industrial de vitaminas, enzimas e alimentos, e biotecnologia de maneira geral. Metodologia A presente pesquisa foi feita na base Web of Science (Thomson-Reuters, abreviadamente WoS) tomando como período de publicações dos artigos o ano de 2009 e buscando as citações dos mesmos nos ano de 2009 e 2010. A pesquisa foi realizada em março de 2010. A metodologia utilizada na busca de artigos seguiu o seguinte procedimento: Na página de entrada do WoS definiu-se o tópico “microbiology” para uma busca incial. Os artigos recuperados representam uma minoria dos artigos da área de microbiologia, correspondendo apenas àqueles em que “microbiology” foi utilizado como palavra chave. A partir dos artigos recuperados fez-se um levantamento de outras palavras chaves e definiu-se um conjunto daquelas mais empregadas. A partir destas foi montada uma cadeia de palavras chaves, utilizando operadores booleanos e wildcards (*) para abranger o máximo de artigos considerados pertinentes á área. No caso presente, a cadeia utilizada foi: microbiology or mycology or antibiotic* or antibiotic resistance or bacteria or virus* or fungus or fungi or protozoa or immunology or microbial epidemiology or agricultural microbiology or Escherichia* or arthroplasty or human-immunodeficiency-virus or HIV or yellow-fever* or candida or artificial caries or amazonensis or immune-response or gastroenteritis or antifungal* or leptospirosis or tuberculosis or pneumonia or paracoccidioidomycosis or infection Escolheu-se o período desejado de busca de artigos (2009) e no campo “address” o país de pesquisa. No caso do Brasil, obteve-se o resultado de 4031 artigos. A adequação da cadeia de tópicos é testada introduzindo-se outros tópicos relacionados à microbiologia e verificando-se que tal procedimento não resulta em valores significamente maiores de artigos recuperados. Isto acontece porque um determinado artigo apresenta um conjunto de tópicos ligados à microbiologia, e, na maioria dos casos, ao menos um deles faz parte da cadeia utilizada. Em outras palavras, com esta cadeia está se operando próximo do limite de recuperação de artigos de microbiologia, com um mínimo de perda. Por outro lado, recupera-se com este procedimento artigos que são marginais à microbiologia, e não de microbiologia propriamente. Porém, estes se constituem em minoria. Publicação internacional em microbiologia Tanto na base WoS como na base Scopus, as duas maiores bases bibliométricas do mundo, o Brasil ocupa a 13a posição em termos de número de artigos em todas as áreas (2009). Na área de microbiologia o Brasil salta para a 11a posição, com 4031 artigos (Tabela 1). Dois países, Austrália e Coréia do Sul, que no cômputo do total de publicações estão à frente do Brasil, na área de microbiologia se posicionam abaixo. O percentual de publicações do Brasil, que representa 2,5% da produção mundial, na área de microbiologia passa para 3,2%. Quando se consideram as citações concedidas aos artigos em 2010, o destaque brasileiro é esmaecido. O número médio de citações por artigo, que representa o impacto dos mesmos, é bem menos auspicioso que a produtividade do Brasil na área de microbiologia: 1,345 citações por artigo de (Tabela 1), o que representa a 36a posição, à frente apenas da Rússia neste contexto de 37 nações. Esta posição desfavorável não é apanágio da área de microbiologia, pois no contexto global o Brasil se encontra na 37a posição na base WoS. Há duas razões principais para isso: uma é que grande parte dos artigos nacionais dos últimos dois anos na base WoS são de periódicos brasileiros que recentemente ingressaram na base. Este número, que era de 27 periódicos em 2006, saltou para 134 em 2010. Foi o maior aumento, tanto em valor relativo como absoluto na base WoS, neste intervalo de 4 anos. A baixa visibilidade dos periódicos nacionais e o aumento do número de artigos representado pelos mesmos (35% do total de artigos brasileiros na WoS) têm portanto um peso no baixo impacto dos artigos, o que deverá diminuir à medida que os periódicos nacionais tornem-se mais conhecidos. Porém, um fator mais importante a pesar no impacto dos artigos é o grau de colaboração internacional que um país apresenta. O Brasil neste contexto está numa condição extremamente frágil, ocupando a 40a posição, com apenas 25% de seus artigos com colaboração internacional. Para efeito de comparação os 15 países europeus com economias mais fortes têm um nível médio de colaboração internacional de 50,7%. A área de microbiologia não se constitui em exceção quanto ao baixo nível de colaboração internacional, como mostra a Tabela 2. Entre os 35 países tabulados, o Brasil se encontra na penúltima posição. Pode-se notar nesta Tabela uma correlação estreita entre o nível de colaboração internacional e o impacto dos artigos medido pelo índice 7 de citações por artigo. Tal correlação torna-se mais visível quando apresentada em forma gráfica (Figura 1). Na figura são destacados o Brasil e a Suiça, para evidenciar a notável influência da colaboração internacional com o impacto alcançado pelos artigos. Outros países latino americanos estão em posição bem mais destacada em colaboração internacional na área de microbiologia; o México colabora em 52,6% dos artigos (a vizinhança geográfica com os Estados Unidos pode pesar neste contexto), o Chile em 43,3% e a Argentina em 38,3%. Estes níveis de colaboração se refletem em valores de citações por artigo superior aos do Brasil. Os Estados Unidos ocupa neste quadro uma situação ímpar, pois é o país mais procurado para colaboração mas ele próprio não apresenta altos índices de colaboração. Certamente esta baixa taxa de colaboração internacional não se reflete em baixos níveis de impacto, pois é compensado por uma elevada taxa de colaboração interna entre as inúmeras instituições de alto nível que existem neste país. A Tabela 3 mostra os países que mais colaboraram com o Brasil em 2009 na área de microbiologia (coluna 2) e, Tabela 1. Publicação internacional em microbiologia em 2009 8 Posição País Artigos em 2009 Citações em 2010 Citação/artigo (entre parênteses a posição) 01 EUA 36439 120795 3,315 (6) 02 Inglaterra 8183 27306 3,337 (4) 03 Alemanha 8033 24379 04 China 7625 15311 05 Japão 6770 06 França 07 para comparação, no total de artigos (coluna 3). Os Estados Unidos despontam, como sempre na primeira colocação, com 11,2%. As colaborações na área de microbiologia não diferem de forma significativa das colaborações no total de artigos. Periódicos mais utilizados nas publicações em microbiologia. Os autores brasileiros da área de microbiologia utilizaram 547 periódicos em 2009, sendo 63 deles nacionais. A Tabela 2. Colaboração internacional em publicações em microbiologia em 2009. País % colaboração Citação por artigo 3,035 (14) Suiça 57,8 4,220 2,080 (29) Dinamarca 52,9 3,280 14605 2,157 (27) Israel 52,7 3,322 6557 19424 2,962 (15) México 52,6 2,793 Canada 4819 14898 3,092 (13) Bélgica 50,8 3,126 08 Itália 4749 12288 2,587 (21) Canada 50,0 3,092 09 Espanha 4487 10546 2,350 (22) Áustria 49,9 2,881 10 Índia 4217 6024 1,429 (35) Nova Zelândia 49,3 3,248 11 Brasil 4031 5420 1,345 (36) Irlanda 48,0 2,788 12 Austrália 3495 11152 3,191 (11) África do Sul 47,0 2,309 13 Holanda 3028 10698 3,533 (3) Suécia 46,6 3,220 14 Coréia do Sul 2903 5271 1,815 (33) Hungria 46,0 2,251 15 Suiça 2486 10492 4,220 (1) Holanda 45,3 3,533 16 Bélgica 2034 6358 3,126 (12) Portugal 43,6 2,137 17 Suécia 1815 5844 3,220 (9) Chile 43,3 1,817 18 Taiwan 1807 3611 1,998 (30) Inglaterra 42,8 3,337 19 África do Sul 1488 3436 2,309 (23) Noruega 41,9 2,605 20 Israel 1335 4435 3,322 (5) Finlândia 40,0 2,700 21 Polônia 1235 1925 1,559 (34) Austrália 39,7 3,191 22 Dinamarca 1195 3920 3,280 (7) Argentina 38,3 1,913 23 México 1195 3338 2,793 (17) Alemanha 38,0 3,035 24 Áustria 1091 3144 2,881 (16) França 35,8 2,962 25 Grécia 1003 2164 2,158 (26) Rússia 34,6 1,221 26 Rússia 975 1191 1,221 (37) Grécia 33,7 2,158 27 Irlanda 898 2504 2,788 (18) República Checa 31,4 2,161 28 Argentina 880 1683 1,913 (31) Itália 28,9 2,587 29 Portugal 827 1767 2,137 (28) China 25,0 3,035 30 Finlândia 754 2036 2,700 (19) Estados Unidos 24,4 3,315 31 Noruega 727 1894 2,605 (20) Espanha 24,2 2,350 32 República Checa 669 1446 2,161 (25) Taiwan 23,7 1,998 33 Hong Kong 657 2528 3,848 (2) Polônia 23,1 1,559 34 Nova Zelândia 637 2069 3,248 (8) Coréia do Sul 21,9 1,815 35 Cingapura 609 1953 3,207 (10) Índia 21,1 1,429 36 Hungria 471 1060 2,251 (26) Brasil 21,1 1,345 37 Chile 388 705 1,817 (32) Japão 19,7 2,157 Tabela 3. Países que mais colaboraram com o Brasil em artigos na área de microbiologia em 2009 País % de artigos de % de artigos microbiologia totais em em colaboração colaboração Estados Unidos 11,20% 9,69% França 2,83% 3,08% Inglaterra 2,36% 2,49% Espanha 2,06% 2,12% Alemanha 1,59% 2,53% Argentina 1,41% 1,54% Itália 1,36% 1,66% Canadá 1,19% 2,10% Australia 0,98% 0,97% Portugal 0,87% 1,20% Holanda 0,84% 0,98% México 0,67% 0,74% Bélgica 0,62% 0,67% Suiça 0,62% 0,72% Japão 0,60% 0,65% Colômbia 0,57% 0,67% África do Sul 0,57% 0,28% Chile 0,47% 0,65% China 0,47% 0,61% Venezuela 0,47% 0,24% Tabela 4 mostra os artigos publicados em periódicos nacionais, que somaram 1262 (31,3 % do total). Como se vê, a área de microbiologia utiliza um percentual extremamente significativo do total de periódicos nacionais disponíveis na base WoS, ou seja, 47%. Destacam-se a Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Memória do Instituto Oswaldo Cruz e o Brazilian Journal of Microbiology. O caráter multidisciplinar desta área explica a grande variedade de periódicos. Porém é preciso adiantar que o processo de busca pode levar a artigos que tem relação apenas marginal com a microbiologia. Por outro lado, a microbiologia no contexto da base WoS abrange não só bactérias, mas também eucariotos unicelulares e vírus. Os 1262 artigos em periódicos nacionais geraram 678 citações em 2010, ou seja 0,537 citações por artigo, um valor bem inferior à média de 1,345 citações por artigo. A Tabela 5 mostra os periódicos internacionais em que mais se publicaram artigos de microbiologia em 2009. São mostrados apenas os 104 periódicos Figura 1. Correlação entre porcentagem dos artigos em colaboração internacional e o número de citações por artigo, na área de microbiologia que publicaram mais do que 5 artigos. No total foram utilizados 484 periódicos internacionais, que publicaram 2769 artigos (68,7% do total). Estes geraram 4742 citações, o que significa 1,712 citações por artigo, um valor 3,2 vezes superior àquele alcançado pelos artigos publicados em periódicos nacionais. É difícil concluir o quanto pesam dois parâmetros que influem nos valores de citações por artigo: a qualidade dos artigos e a visibilidade dos periódicos. O impacto é certamente influenciado por ambos mas não é possível avaliar em que extensão. Quanto à visibilidade existe um fator que certamente tem um peso extraordinário e que é o idioma. Todos os 2769 artigos em periódicos internacionais são em inglês, enquanto que entre os periódicos nacionais, 634 artigos (50,2%) foram em português e 628 (49,8%) em inglês. Certamente o uso de português, uma língua pouco divulgada no mundo científico, pesa muito negativamente no impacto medido por citações por artigo. Artigos de 2009 com e sem colaboração internacional com maiores números de citações em 2010 As Tabelas 6 e 7 mostram os artigos em microbiologia de 2009, de autores brasileiros, que mais foram citados em 2010. A Tabela 6 se refere aos artigos sem colaboração internacional com mais de 10 citações e a Tabela 7 àqueles com colaboração internacional com mais de 25 citações. Nota-se que entre os artigos sem colaboração apenas 3 dos 18 listados foram publicados em um periódico nacional, o Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. No caso de artigos em colaboração internacional, os 10 artigos listados foram publicados em periódicos internacionais. Em relação aos tópicos dos artigos mais citados, 8 foram relacionados com infecções bacterianas, 6 com infecção viral, 4 com infecção por protozoários, 5 com biotecnologia e 2 com imunologia/ biologia celular. Nota-se claramente que os periódicos utilizados para publicação de artigos com colaboração internacional têm fatores de impacto maior do que aqueles utilizados para publicação de artigos sem colaboração internacional. Instituições que se destacam na publicação de artigos em microbiologia em 2009 A Tabela 8 mostra as 50 instituições brasileiras que mais publicaram na área de microbiologia em 2009. A USP se destaca com um número de artigos quase 3 vezes maior do que a segunda 9 Tabela 4. Periódicos nacionais utilizados na área de microbiologia em 2009 Periódico REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL MEMORIAS DO INSTITUTO OSWALDO CRUZ BRAZILIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY PESQUISA VETERINARIA BRASILEIRA BRAZILIAN JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES CIENCIA RURAL ARQUIVO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINARIA E ZOOTECNIA JORNAL BRASILEIRO DE PNEUMOLOGIA CADERNOS DE SAUDE PUBLICA JOURNAL OF VENOMOUS ANIMALS AND TOXINS INCLUDING TROPICAL DISEASES QUIMICA NOVA REVISTA BRASILEIRA DE FARMACOGNOSIA-BRAZILIAN JOURNAL OF PHARMACOGNOSY REVISTA DO INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL DE SAO PAULO BRAZILIAN JOURNAL OF MEDICAL AND BIOLOGICAL RESEARCH CIENCIA & SAUDE COLETIVA CIENCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS GENETICS AND MOLECULAR RESEARCH REVISTA DA ASSOCIACAO MEDICA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE ZOOTECNIA-BRAZILIAN JOURNAL OF ANIMAL SCIENCE BRAZILIAN JOURNAL OF BIOLOGY BRAZILIAN ARCHIVES OF BIOLOGY AND TECHNOLOGY REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINARIA ARQUIVOS DE NEURO-PSIQUIATRIA JOURNAL OF THE BRAZILIAN CHEMICAL SOCIETY REVISTA BRASILEIRA DE PARASITOLOGIA VETERINARIA ACTA ORTOPEDICA BRASILEIRA CLINICS SCIENTIA AGRICOLA ANAIS DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIENCIAS JORNAL DE PEDIATRIA PESQUISA AGROPECUARIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR REVISTA DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DA USP SEMINA-CIENCIAS AGRARIAS REVISTA DE SAUDE PUBLICA CIENCIA E AGROTECNOLOGIA REVISTA LATINO-AMERICANA DE ENFERMAGEM GENETICS AND MOLECULAR BIOLOGY ACTA PAULISTA DE ENFERMAGEM BRAZILIAN JOURNAL OF POULTRY SCIENCE ANAIS BRASILEIROS DE DERMATOLOGIA NEOTROPICAL ENTOMOLOGY ARQUIVOS BRASILEIROS DE CARDIOLOGIA BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIA DO SOLO PLANTA MEDICA BOLETIM DO CENTRO DE PESQUISA DE PROCESSAMENTO DE ALIMENTOS SAO PAULO MEDICAL JOURNAL REVISTA BRASILEIRA DE FRUTICULTURA REVISTA BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA ARQUIVOS BRASILEIROS DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA HORTICULTURA BRASILEIRA REVISTA CAATINGA REVISTA CIENCIA AGRONOMICA CIENCIA FLORESTAL REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE BRAZILIAN JOURNAL OF PHARMACEUTICAL SCIENCES REVISTA BRASILEIRA DE ENTOMOLOGIA REVISTA DE NUTRICAO-BRAZILIAN JOURNAL OF NUTRITION ACTA BOTANICA BRASILICA REVISTA DE PSIQUIATRIA CLINICA ACTA CIRURGICA BRASILEIRA ACTA PARASITOLOGICA TOTAL 10 Número Artigos 104 89 76 61 58 52 52 51 49 42 33 31 31 27 21 20 20 20 19 19 18 17 16 15 15 15 15 14 14 14 13 13 13 12 12 11 11 10 10 10 10 9 8 8 8 7 7 7 6 6 5 5 4 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 1262 Tabela 5. Periódicos Internacionais utilizados na área de microbiologia em 2009 (apenas aqueles que publicaram mais do que 5 artigos) Periódico Número Artigos Periódico Número Artigos AIDS RESEARCH AND HUMAN RETROVIRUSES 54 PAN AMERICAN JOURNAL OF PUBLIC HEALTH 10 AMERICAN JOURNAL OF TROPICAL MEDICINE AND HYGIENE 53 TRANSPLANTATION PROCEEDINGS 10 VETERINARY PARASITOLOGY 48 BIOSCIENCE JOURNAL 9 ACTA TROPICA 39 INTERNATIONAL JOURNAL OF ANTIMICROBIAL AGENTS 9 ACTA SCIENTIAE VETERINARIAE 38 JOURNAL OF ANTIMICROBIAL CHEMOTHERAPY 9 VACCINE 32 MICROBIAL PATHOGENESIS 9 PLOS NEGLECTED TROPICAL DISEASES 26 9 MYCOSES 25 ORAL SURGERY, MEDICINE, PATHOLOGY, RADIOLOGY AND ENDODONTOLOGY PARASITOLOGY RESEARCH 24 RETROVIROLOGY 9 EMERGING INFECTIOUS DISEASES 20 BMC INFECTIOUS DISEASES 8 EXPERIMENTAL PARASITOLOGY 20 JOURNAL OF ENDODONTICS 8 INTERNATIONAL JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES 20 JOURNAL OF ETHNOPHARMACOLOGY 8 TROPICAL PLANT PATHOLOGY 20 NATURAL PRODUCT COMMUNICATIONS 8 MICROBES AND INFECTION 19 PARASITOLOGY 8 INTERNATIONAL JOURNAL OF TUBERCULOSIS AND LUNG DISEASE 17 VETERINARY IMMUNOLOGY AND IMMUNOPATHOLOGY 8 WORLD JOURNAL OF MICROBIOLOGY & BIOTECHNOLOGY 8 JOURNAL OF MEDICAL VIROLOGY 17 ANNALS OF TROPICAL MEDICINE AND PARASITOLOGY 7 MYCOPATHOLOGIA 17 BIOORGANIC & MEDICINAL CHEMISTRY 7 INFECTION AND IMMUNITY 16 BONE MARROW TRANSPLANTATION 7 ANTIVIRAL THERAPY 15 HAEMATOLOGICA-THE HEMATOLOGY JOURNAL 7 JOURNAL OF VIROLOGICAL METHODS 15 INFECTION CONTROL AND HOSPITAL EPIDEMIOLOGY 7 LATIN AMERICAN JOURNAL OF PHARMACY 15 JOURNAL OF HELMINTHOLOGY 7 TRANSACTIONS OF THE ROYAL SOCIETY OF TROPICAL MEDICINE AND HYGIENE 15 JOURNAL OF HOSPITAL INFECTION 7 JOURNAL OF INSECT PHYSIOLOGY 7 CURRENT DRUG TARGETS 14 LANCET 7 AIDS 13 ORAL MICROBIOLOGY AND IMMUNOLOGY 7 JOURNAL OF APPLIED MICROBIOLOGY 13 PARASITOLOGY INTERNATIONAL 7 JOURNAL OF APPLIED ORAL SCIENCE 13 PEDIATRIC INFECTIOUS DISEASE JOURNAL 7 JOURNAL OF IMMUNOLOGY 13 PHARMACEUTICAL BIOLOGY 7 JOURNAL OF MEDICAL MICROBIOLOGY 13 PHOTOMEDICINE AND LASER SURGERY 7 LETTERS IN APPLIED MICROBIOLOGY 13 SCANDINAVIAN JOURNAL OF IMMUNOLOGY 7 MEDICAL MYCOLOGY 13 SMALL RUMINANT RESEARCH 7 PARASITE IMMUNOLOGY 13 ACTA CRYSTAL F-STRUCT BIOL AND CRYSTALLIZATION COMMUNIC 6 TRANSFUSION 13 APPLIED BIOCHEMISTRY AND BIOTECHNOLOGY 6 TROPICAL MEDICINE & INTERNATIONAL HEALT 13 BIOCHEMISTRY 6 CURRENT MICROBIOLOGY 12 CARBOHYDRATE POLYMERS 6 DIAGNOSTIC MICROBIOLOGY AND INFECTIOUS DISEASE 12 CLINICAL IMMUNOLOGY 6 ARCHIVES OF VIROLOGY 11 COCHRANE DATABASE OF SYSTEMATIC REVIEWS 6 CLINICAL AND EXPERIMENTAL IMMUNOLOGY 11 EPIDEMIOLOGY AND INFECTION 6 FEMS MICROBIOLOGY LETTERS 11 FREE RADICAL BIOLOGY AND MEDICINE 6 JAIDS-JOURNAL OF ACQUIRED IMMUNE DEFICIENCY SYNDROMES 11 INTERNATIONAL JOURNAL OF DERMATOLOGY 6 JOURNAL OF CHEMICAL TECHNOLOGY AND BIOTECHNOLOGY 6 JOURNAL OF CLINICAL MICROBIOLOGY 11 JOURNAL OF GENERAL VIROLOGY 6 JOURNAL OF CLINICAL VIROLOGY 11 JOURNAL OF INFECTION 6 JOURNAL OF PARASITOLOGY 11 JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES 6 ANNALS OF THE NEW YORK ACADEMY OF SCIENCES 10 JOURNAL OF ORAL PATHOLOGY & MEDICINE 6 ANTIMICROBIAL AGENTS AND CHEMOTHERAPY 10 JOURNAL OF PERIODONTOLOGY 6 BIORESOURCE TECHNOLOGY 10 LASERS IN MEDICAL SCIENCE 6 BMC MICROBIOLOGY 10 MICROBIAL ECOLOGY 6 CANADIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY 10 MICRON 6 CLINICAL AND VACCINE IMMUNOLOGY 10 PEPTIDES 6 EUROPEAN JOURNAL OF MEDICINAL CHEMISTRY 10 RESEARCH IN VETERINARY SCIENCE 6 INFECTION GENETICS AND EVOLUTION 10 VIRCHOWS ARCHIV 6 NEUROIMMUNOMODULATION 10 VIRUS RESEARCH 6 11 Tabela 6. Artigos em microbiologia, sem colaboração internacional, que alcançaram maiores números de citações (acima de 10 citações) em 2010 TÍTULO PERIÓDICO AUTORES CITAÇÔES em 2010 Heart, 9, 524, 2009 Rassi A, Dias JCP, MarinNeto JA, et al. 18 Mem Inst Oswaldo Cruz, 104, 31, 2009 Coura JR, Dias JCP 16 Interferons: Signaling, antiviral and viral evasion Immunol Lett, 122, 1, 2009 Bonjardim CA, Ferreira PCP, Kroon EG 14 Evidence of the presence of T helper type 17 cells in chronic lesions of human periodontal disease Oral Microbiol Immunol, 24, 1, 2009 Cardoso CR, Garlet GP, Crippa GE, et al. 14 Sorting variables by using informative vectors as a strategy for feature selection in multivariate regression J Chemometrics, 23, 32, 2009 Teofilo RF, Martins JPA, Ferreira MMC 12 Group A rotavirus genotypes and the ongoing Brazilian experience - A Review Mem Inst Oswaldo Cruz 103, 745, 2009 Leite JPG, Carvalho-Costa FA, Linhares AC 12 Human schistosomiasis mansoni: Immune responses during acute and chronic phases of the infection Acta Tropica, 108, 109, 2008 Caldas IR, Campi-Azevedo AC, Oliveira LFA, et al. 12 The growing importance of materials that prevent microbial adhesion: antimicrobial effect of medical devices containing silver Intern J Antimicrobiol Agents, 34, 103, 2009 Monteiro DR, Gorup LF, Takamiya AS, et al. 12 Plos Neglect Trop Diseases, 2, e309, 2008 Cardoso FC, Macedo GC, Gava E, et al. 12 Mem Inst Oswaldo Cruz, 104, 122, 2009 Britto CC 12 Bacterial Keratinases: Useful Enzymes for Bioprocessing Agroindustrial Wastes and Beyond Food Bioproc in Technol, 1, 105, 2008 Brandelli A 11 Carbapenem-hydrolysing beta-lactamase KPC-2 in Klebsiella pneumoniae isolated in Rio de Janeiro, Brazil J Antimicrob Chemoth 63, 265, 2009 Peirano G, Seki LM, Val Passos VL, et al. 11 Ecology of Rickettsia in South America Ann NY Acad Sci,1166, 156, 2009 Labruna MB 11 Leishmania amazonensis promastigotes induce and are killed by neutrophil extracellular traps Proc Natl Acad Sci USA, 106, 6748, 2009 Guimaraes-Costa AB, Nascimento MTC, Froment GS, et al. 11 Marine Sponges: Potential Sources of New Antimicrobial Drugs Current Pharmac Biotechnol, 10, 86. 2009 Laport MS, Santos OCS, Muricy G 11 Construction and Assessment of Reaction Models of Class I EPSP Synthase: Molecular Docking and Density Functional Theoretical Calculations J Biomolec Struct Dynamics, 27, 195. 2009 Ramalho TC, Caetano MS, da Cunha EFF, et al. 11 Fems, Microbiol Lett, 297, 137, 2009 Hernandes RT, Elias WP, Vieira MAM, et al. 11 Clinical & Vaccine Immunol, 16, 636, 2009 Ferreira DM, Darrieux M, Silva DA, et al. 11 Challenges and opportunities for primary, secondary, and tertiary prevention of Chagas’ disease Epidemiology, control and surveillance of Chagas disease-100 years after its discovery Schistosoma mansoni Tegument Protein Sm29 Is Able to Induce a Th1Type of Immune Response and Protection against Parasite Infection Usefulness of PCR-based assays to assess drug efficacy in Chagas disease chemotherapy: value and limitations An overview of atypical enteropathogenic Escherichia coli Characterization of Protective Mucosal and Systemic Immune Responses Elicited by Pneumococcal Surface Protein PspA and PspC Nasal Vaccines against a Respiratory Pneumococcal Challenge in Mice colocada, a UNESP. Esta mesma tendência ocorre em muitas outras áreas de conhecimento e pesa muito para isso a dimensão da instituição; atualmente a USP conta com cerca de 5.700 professores, cerca de duas a três vezes mais do que outras destacadas universidades brasileiras. A Tabela 9 mostra as instituições 12 que mais publicaram na área de microbiologia em 2009, em 11 países que se destacam nesta área. A Universidade de Harvard é a líder mundial com 1658 artigos. A USP, além de primeira colocada no Brasil, é a segunda colocada nesta área, entre todas as universidades mundiais, segundo a base WoS. Agências de fomento e países que se destacam nos investimentos para produção científica em microbiologia em 2009 Fomento financeiro é a força motriz da produção científica. Em geral, os recursos para a produção científica Tabela 7. Artigos em microbiologia, com colaboração internacional, que alcançaram maiores números de citações (acima de 25 citações) em 2010 TÌTULO PERIÓDICO AUTORES CITA-ÇÔES em 2010 Lancet, 374, 796, 2009 Lennox JL, Dejesus E, Lazzarin A, et al. 51 J Infec Diseases, 199, 926, 2009 Brown DR, Kjaer SK, Sigurdsson K, et al. 41 Nature, 461, 1282, 2009 Maslowski KM, Vieira AT, Ng A, et al. 32 AIDS, 23, 2289, 2009 Katlama C, Haubrich R, Lalezari J, et al. 31 JAMA, 302, 2323, 2009 Vincent JL, Rello J, Marshall J, et al. 29 Emerging Infec Disieases, 15, 1068, 2009 Howard SJ, Cerar D, Anderson MJ, et al. 28 Sustained efficacy and immunogenicity of the human papillomavirus (HPV)-16/18 AS04-adjuvanted vaccine: analysis of a randomised placebo-controlled trial up to 6.4 years Lancet, 374, 1975, 2009 Romanowski B, de Borba PC, Naud PS, et al. 26 C-Peptide Levels and Insulin Independence Following Autologous Nonmyeloablative Hematopoietic Stem Cell Transplantation in Newly Diagnosed Type 1 Diabetes Mellitus JAMA, 301, 1183, 2009 Couri CEB, Oliveira MCB, Stracieri ABPL, et al. 26 Moxifloxacin versus ethambutol in the initial treatment of tuberculosis: a double-blind, randomised, controlled phase II trial Lancet, 373, 1183, 2009 Conde MB, Efron A, Laredo C, et al. 25 Definition, Prognostic Factors, Treatment, and Response Criteria of Adult T-Cell Leukemia-Lymphoma: A Proposal From an International Consensus Meeting J Clinical Oncology, 27, 30, 2009 Tsukasaki K, Hermine O, Bazarbachi A, et al. 25 Safety and efficacy of raltegravir-based versus efavirenz-based combination therapy in treatment-naive patients with HIV-1 infection: a multicentre, double-blind randomised controlled trial The Impact of Quadrivalent Human Papillomavirus (HPV; Types 6, 11, 16, and 18) L1 Virus-Like Particle Vaccine on Infection and Disease Due to Oncogenic Nonvaccine HPV Types in Generally HPV-Naive Women Aged 16-26 Years Regulation of inflammatory responses by gut microbiota and chemoattractant receptor GPR43 Efficacy and safety of etravirine in treatment-experienced, HIV-1 patients: pooled 48 week analysis of two randomized, controlled trials International Study of the Prevalence and Outcomes of Infection in Intensive Care Units Frequency and Evolution of Azole Resistance in Aspergillus fumigatus Associated with Treatment Failure Tabela 8. Cinquenta Instituições brasileiras que mais publicaram artigos de microbiologia em 2009 INSTITUIÇÂO UNIV SAO PAULO UNIV ESTADUAL PAULISTA UNIV FED RIO DE JANEIRO UNIV FED MINAS GERAIS FIOCRUZ, MINISTÈRIO DA SAÚDE UNIV FED RIO GRANDE DO SUL UNIV ESTADUAL CAMPINAS UNIV FED SAO PAULO FUNDACAO OSWALDO CRUZ UNIV FED BAHIA UNIV FED VIÇOSA UNIV FED PARANA UNIV FED FLUMINENSE UNIV FED PERNAMBUCO UNIV FED CEARA UNIV FED GOIAS UNIV BRASILIA UNIV FED SANTA CATARINA UNIV FED SANTA MARIA INST OSWALDO CRUZ INST ADOLFO LUTZ UNIV ESTADO RIO DE JANEIRO INST BUTANTAN UNIV ESTADUAL MARINGA UNIV ESTADUAL LONDRINA UNIV FED PELOTAS NÚMERO DE ARTIGOS 976 356 326 298 237 217 215 203 190 98 93 93 91 88 81 76 73 71 68 66 65 61 59 57 53 50 INSTITUIÇÂO UNIV FED RURAL RIO DE JANEIRO UNIV FED UBERLANDIA PONTIFICIA UNIV CATOL RIO GRANDE DO SUL UNIV FED RIO GRANDE DO NORTE UNIV FED PARAIBA UNIV FED PARA UNIV FED ESPIRITO SANTO UNIV FED LAVRAS UNIV FED RURAL PERNAMBUCO UNIV ESTADUAL NORTE FLUMINENSE HOSP CLIN PORTO ALEGRE UNIV FED SAO CARLOS UNIV FED MATO GROSSO UNIV FED OURO PRETO UNIV FED MATO GROSSO DO SUL UNIV ESTADUAL SANTA CRUZ UNIV FED TRIANGULO MINEIRO UNIV FED AMAZONAS UNIV FED JUIZ DE FORA MINIST SAUDE UNIV ESTADUAL CEARA EMBRAPA RECURSOS GENET & BIOTECNOL UNIV ESTACIO SÁ UNIV FED ALAGOAS NÚMERO DE ARTIGOS 50 48 43 39 38 35 35 33 31 30 29 29 25 25 23 21 21 19 19 17 17 15 15 14 4932 13 Tabela 9. Instituições em 11 países que se destacaram em publicações sobre microbiologia em 2009 PAÍS INSTITUIÇÂO NÚMERO DE ARTIGOS EUA HARVARD UNIV 1658 UNIV SÃO PAULO 976 UNIV LONDON IMPERIAL COLLEGE 696 BRASIL INGLATERRA UNIV MUNICH 444 CHINA ALEMANHA ZHEJIANG UNIV 377 JAPÃO UNIV TOKIO 677 FRANÇA INST PASTEUR 603 CANADÁ UNIV TORONTO 614 ITALIA UNIV MILAN 393 UNIV BARCELONA 355 ALL INDIA INST MED SCI 174 ESPANHA INDIA Tabela 10. Agências de fomento citadas em 50 ou mais artigos na área de microbiologia (2009) 14 PAÌS AGÊNCIA DE FOMENTO ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH NÚMERO DE ARTIGOS 7768 CHINA NSFC-NATIONAL NATURAL SCIENCE FOUNDATION OF CHINA 1942 ESTADOS UNIDOS NATIONAL SCIENCE FOUNDATION 1592 ALEMANHA DFG, GERMAN RESEARCH FOUNDATION 1200 ESTADOS UNIDOS NAT INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES 1152 JAPÂO MINIISTRY OF EDUCAT CULT SPORTS SCIE AND TECHNOL OF JAPAN 959 EUROPA EUROPEAN UNION 819 BRASIL CNPq 745 EUROPA EUROPEAN COMMISSION 731 INGLATERRA WELLCOME TRUST 580 CANADÁ CANADIAN INSTITUTES OF HEALTH RESEARCH 568 JAPÂO JAPAN SOCIETY FOR THE PROMOTION OF SCIENCE 515 ESTADOS UNIDOS NATIONAL CANCER INSTITUTE 501 ESTADOS UNIDOS NATIONAL CANCER INSTITUTE 460 ESTADOS UNIDOS US DEPARTMENT OF ENERGY 414 ESPANHA SPANISH MINISTRY OF EDUCATION AND SCIENCE 412 INGLATERRA BIOTECHN ANS BIOLOG SCI RES COUNCIL 408 JAPÃO MINISTRY OF HEALTH LABOR AND WELFARE OF JAPAN 379 BRASIL FAPESP 363 SUIÇA SWISS NATIONAL SCIENCE FOUNDATION 351 INGLATERRA MEDICAL RESEARCH COUNCIL 347 ESTADOS UNIDOS US DEPARTMENT OF AGRICULTURE 332 TAIWAN NATIONAL SCIENCE COUNCIL 330 SUÉCIA SWEDISH RESEARCH COUNCIL 321 BRASIL CAPES 319 ESTADOS UNIDOS PUBLIC HEALTH SERVICE 299 CHINA NATIONAL BASIC RESEARCH PROGRAM OF CHINA 278 AUSTRALIA NAT HEALTH and MED RES COUNCIL OF AUSTRALIA 274 ESTADOS UNIDOS NATIONAL CENTER FOR RESEARCH RESOURCES 271 RUSSIA RUSSIAN FOUNDATION FOR BASIC RESEARCH 218 Tabela 10. Agências de fomento citadas em 50 ou mais artigos na área de microbiologia (2009) (continuação) PAÌS AGÊNCIA DE FOMENTO ESTADOS UNIDOS HOWARD HUGHES MEDICAL INSTITUTE NÚMERO DE ARTIGOS 189 ESTADOS UNIDOS AMERICAN HEART ASSOCIATION 178 ESTADOS UNIDOS CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION 178 CHINA NAT HIGH TECHN RES AND DEVELOP PROGRAM OF CHINA 169 MEXICO CONACYT 162 FINLÂNDIA ACADEMY OF FINLAND 157 CHINA CHINESE ACADEMY OF SCIENCES 155 AUSTRALIA AUSTRALIAN RESEARCH COUNCIL 154 ESPANHA INSTITUTO DE SALUD CARLOS III 148 ESTADOS UNIDOS PFIZER 146 CANADA NAT SCI AND ENGIN RES COUNCIL OF CANADA 143 ESTADOS UNIDOS BILL AND MELINDA GATES FOUNDATION 136 ARGENTINA CONICET 133 CORÈIA KOREAN GOVERNMENT 130 CORÉIA KOREA SCIENCE AND ENGINEERING FOUNDATION 129 NORUEGA NORWEGIAN RESEARCH COUNCIL 127 ESTADOS UNIDOS NAT INST OF CHILD HEALTH AND HUMAN DEVELOPMENT 126 ESTADOS UNIDOS DEPARTMENT OF VETERANS AFFAIRS 125 FRANÇA AGENCE NATIONALE DE LA RECHERCHE 124 FRANÇA INSERM 117 HOLANDA NETHERLANDS ORGANI FOR SCIENTIFIC RESEARCH NWO 117 ESTADOS UNIDOS DEPARTMENT OF VETERANS AFFAIRS 116 BRASIL FAPERJ 113 ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE OF GENERAL MEDICAL SCIENCES 113 ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE OF GENERAL MEDICAL SCIENCES 113 112 REPÙBLICA CHECA MINISTRY OF EDUC YOUTH and SPORTS OF THE CZECH REP ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE ON DRUG ABUSE 111 ESTADOS UNIDOS MERCK 109 ESTADOS UNIDOS NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE 105 CANADA NSERC-NAT SCI and ENGEN RES COUNCIL of CANADA 104 CHINA NATIONAL SCIENCE FOUNDATION OF CHINA 103 ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE OF MENTAL HEALTH 103 INDIA DEPARTMENT OF BIOTECHNOLOGY GOVERNMENT OF INDIA 102 101 CORÉIA KOREA RESEARCH FOUNDATION ESTADOS UNIDOS AMERICAN CANCER SOCIETY 98 TAILÂNDIA THAILAND RESEARCH FUND 97 ESTADOS UNIDOS GLAXOSMITHKLINE 92 ESTADOS UNIDOS BURROUGHS WELLCOME FUND 87 FRANÇA CENTRE NATIONAL DE LA RECHERCHE SCIENTIFIQUE 85 ALEMANHA FONDS DER CHEMISCHEN INDUSTRIE 80 BRASIL FAPEMIG 76 JAPÂO MINISTRY of AGRIC FORESTRY AND FISHERIES OF JAPAN 75 ESTADOS UNIDOS FOGARTY INTERNATIONAL CENTER 75 CHINA MINISTRY OF EDUCATION OF CHINA 73 FRANÇA INSTITUT PASTEUR 71 15 Tabela 10. Agências de fomento citadas em 50 ou mais artigos na área de microbiologia (2009) (continuação) PAÌS AGÊNCIA DE FOMENTO INGLATERRA EPSRC 70 GLOBAL GLAXOSMITHKLINE 70 GLOBAL BILL MELINDA GATES FOUNDATION 69 INGLATERRA ROYAL SOCIETY 68 POLÔNIA POLISH MINISTRY OF SCIENCE AND HIGHER EDUCATION 66 INGLATERRA CANCER RESEARCH UK 65 GLOBAL PFIZER 65 ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE OF DIABETES AND DIGESTIVE AND KIDNEY DISEASES 65 ESTADOS UNIDOS NATIONAL INSTITUTE OF ENVIRONMENTAL HEALTH SCIENCES 65 ESPANHA GENERALITAT DE CATALUNYA 63 IRLANDA SCIENCE FOUNDATION IRELAND 63 ITALIA ITALIAN MINISTRY OF HEALTH 61 ALEMANHA MAX PLANCK SOCIETY 61 ISRAEL ISRAEL SCIENCE FOUNDATION 60 ESTADOS UNIDOS NATIONAL MULTIPLE SCLEROSIS SOCIETY 60 ÁFRICA DO SUL CSIR -COUNCIL for SCIENT and INDUSTRIAL RESEACH 59 EUROPA FEDER-FUNDO EUROPEU DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 59 FRANÇA FONDATION POUR LA RECHERCHE MEDICALE 59 AUSTRIA AUSTRIAN SCIENCE FUND 57 ALEMANHA BMBF-FEDERAL MINISTRY OF EDUCATION and RESEARCH 57 JAPÂO JAPAN SCIENCE AND TECHNOLOGY AGENCY 55 ESPANHA JUNTA DE ANDALUCIA 55 EUROPA EUROPEAN SOCIAL FUND 54 ISLÂNDIA SIGRID JUSELIUS FOUND 54 INDIA CSIR NEW DELHI 53 CHILE FONDECYT 53 CHINA CHINA POSTDOCTORAL SCIENCE FOUNDATION 52 CHINA HI TECH RES and DEVEL PROGRAM OF CHINA 52 REPÚBLICA CHECA ACADEMY OF SCIENCES OF THE CZECH REPUBLIC 51 ITALIA MIUR –ITALIAN HIGHER EDUCATIONS 50 ESPANHA SPANISH GOVERNMENT 50 disponibilizada em artigos de periódicos são quase que totalmente provenientes do setor público. A Tabela 10 mostra as 110 instituições de fomento que investiram em pesquisas que resultaram em 50 ou mais artigos em microbiologia em 2009. Nota-se a ausência de agências de 10 países, entre os 37 maiores produtores de ciência mostrados na Tabela 1 (Bélgica, Portugal, República Checa, Grécia, Hungria, Irlanda, África do Sul, Nova Zelândia, Cingapura e Coréia do Sul). Porém, no caso de países europeus, instituições de fomento da comunidade européia podem estar sendo responsáveis pelo apoio financeiro. É preciso dizer também que muito frequen- 16 NÚMERO DE ARTIGOS temente as fontes de recursos não são indicadas nos artigos. Vê-se que, entre as 110 agências, destacam-se pelo Brasil o CNPq, FAPESP, CAPES, FAPERJ e FAPEMIG, nas posições 8, 19, 25, 53 e 71, respectivamente. Em termos de artigos de pesquisa financiada por país, o Brasil se destaca na 5a posição, com 1616 artigos com financiamento revelado, isto é, 5,06% do total (Tabela 11). O realce a ser feito é que esta posição é alcançada por duas razões: um efetivo apoio das agências de fomento e um grau de profissionalismo destacado dos autores ao indicarem a fonte de recursos para as suas pesquisas. Principais sub-tópicos de pesquisa em microbiologia no Brasil A Tabela 12 mostra os principais sub-tópicos abordados nas investigações microbiológicas no Brasil. A classificação dos sub-tópicos é feita pelo Web of Science. As palavras chaves utilizadas na busca dos artigos de microbiologia levam a artigos que, embora enquadrando-se em microbiologia, tem sub-tópicos de áreas vicinais, pela metodologia do Web of Science. Por exemplo, o artigo “Molecular and clinical evidence Ehrlichia chaffeensis infection in Cameroonian patients with undifferentiated Tabela 11. Destaque em número de agências de fomento nos países que Tabela 12. Principais sub-tópicos mais produzem artigos em microbiologia (2009) dos artigos brasileiros de NÚMERO DE AGÊNCIAS NÚMERO DE ARTIGOS QUE RECEBERAM AUXÍLIO microbiologia de 2009. Um mesmo ESTADOS UNIDOS 30 15114 CHINA 7 2772 JAPÃO 5 1983 EUROPA 4 1663 BRASIL 5 1616 INGLATERRA 6 1538 ALEMANHA 4 1398 PAÍS artigo pode estar classificado com mais de um sub-tópico SUB-TÓPICO NÚMERO DE ARTIGOS Medicina Tropical 430 Doenças Infecciosas 408 Imunologia 400 395 CANADA 3 815 Microbiologia ESPANHA 5 728 Ciências Veterinárias 354 FRANÇA 5 456 AUSTRALIA 2 428 Parasitologia 336 CORÈIA 3 360 Saúde Pública, Ambiental e Ocupa cional 226 SUIÇA 1 351 Bioquímica e Biologia Molecular 215 TAIWAN 1 330 Farmacologia e Farmácia 214 SUECIA 1 321 RUSSIA 1 218 Virologia 207 GLOBAL 3 204 Biotecnologia e Microbiologia Aplicada 180 REPÚBLICA CHECA 2 163 Odontologia, Cirurgia Oral e Medicina 128 MEXICO 1 162 Ciência e Tecnologia dos Alimentos 107 FINLÂNDIA 1 157 ÍNDIA 2 155 Sistema Respiratório 99 ARGENTINA 1 133 Química Medicinal 98 NORUEGA 1 127 Ciência das Plantas 92 HOLANDA 1 117 Pesquisa em Medicina Experimental 87 ITALIA 2 111 Biologia 86 TAILÂNDIA 1 97 POLÒNIA 1 66 Zoologia 84 IRLANDA 1 63 ISRAEL 1 60 ÁFRICA DO SUL 1 59 ÁUSTRIA 1 57 ISLÂNDIA 1 54 CHILE 1 53 31929 febrile illness” (Ann Trop Med, 103, 719, 2009) tem como sub-tópicos “Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional, Parasitologia e Medicina Tropical”. Na tabela pode-se notar o fraco percentual de pesquisa microbiológica no sub-tópico de bioquímica e biologia molecular, como já comentado na introdução. Nota-se também, em parte como conseqüência deste fato, uma produção relativamente baixa relacionada com biotecnologia e microbiologia aplicada, uma área de grande importância para o Brasil em termos de inovação tecnológica e produção industrial. Autores de artigos em microbiologia de 2009 que foram mais citados no período (2009-2010) A Tabela 13 mostra os autores de instituições brasileiras cujos artigos na área de microbiologia de 2009 foram mais citados no período 2009-2010. Abrangeu-se um período maior de citações do que nos demais levantamentos mostrados pois buscou-se dados mais significativos no contexto de impacto individual. Nota-se uma preponderância de artigos relacionados com microbiologia e imunologia de parasitas de doenças tropicais, que de certa forma segue uma tradição do sucesso alcançado desde a primeira metade do século passado pelos microbiologistas brasileiros. É interessante notar a distribuição dos autores por estados: 26 (SP), 22 (RJ), 17 (RS), 13 (MG), 7 (BA), 5 (CE), 3 (PR), 2 (ES), 1 (GO), 1 (PB). Esta distribuição é muito diferente daquela que se tem para a ciência como um todo, onde o Estado de São Paulo chega a cerca de 50% da produção científica. Porém, ela se aproxima da distribuição de artigos de microbiologia por estado (Tabela 14), confirmando que nesta área científica, por razões históricas e conjunturais, outros estados destacaram-se acima de suas médias da ciência geral. Considerações finais Microbiologia é uma área de grande destaque na ciência brasileira, em grande 17 Tabela 13. Noventa e oito autores do Brasil mais citados em 2009-2010 em artigos sobre microbiologia de 2009 no Web of Science. São mostrados os artigos com 8 ou mais citações 18 NOME INSTITUIÇÂO R CORREA-OLIVEIRA Inst Rene Rachou, Lab Imunol Celular e Mol MG NÚMERO DE CITAÇÕES 19 MARIZA G MORGADO Dep Imunol do Inst Oswaldo Cruz, Fiocruz RJ 17 MAURO M TEIXEIRA Dep Imunol Bioq, Inst Cien Biol, UFMG 17 REYNALDO DIETZE Univ Fed Esp Santo, Ctr Cien Saude, Nucl Doen Infec 16 EM CARVALHO Univ Fed Bahia, Hosp Univ Prof Edgard Santos 15 D DRIEMEIER Univ Fed Rio Grande do Sul, Setor Patol Vet, Fac Vet 15 PT BOZZA Fund Oswaldo Cruz, Inst O Cruz, Lab Imunofarm RJ 14 WALTER F DE AZEVEDO Jr Ponti Univ Catolica Rio Grande do Sul, Fac Biociências 14 B GRINSZTEJN Inst Pesq Clin Evandro Chagas Fiocruz, RJ 14 JORGE KALIL Un Sao Paulo, Inst Coração, Lab Genet & Cardiol Mol 14 CV NAKAMURA Univ Estadual Maringa, DAC, PR 14 EDUARDO F FLORES Univ Fed Santa Maria, Dept Vet Prevent Med, RS 13 SOLANGE M GENNARI Univ Sao Paulo, Fac Med Vet Zoot 13 RAFAEL A CACERES Pont Univ Catol Rio Grande do Sul, Fac Biociências 12 RICARDO S DIAZ Univ Fed Sao Paulo 12 MARCELO B LABRUNA Univ Sao Paulo, Dept Med Vet Prevent & Saude Anim, FMVZ 12 H LANGONI Univ Est São Paulo, Fac Med Vet & Zootecn Botucatu, SP 12 MARIA CRISTINA S LOURENCO Fiocruz MS, Inst Pesquisa Clin Evandro Chagas, RJ 12 ML MARTINS Univ Fed Minas Gerais, ICB, Dept Microbiol 12 JANIO M SANTURIO Univ Fed Santa Maria, Dept Microbiol & Parasitol, RS 12 AMICAR TANURI Univ Fed Rio de Janeiro, IB, Dept Gen 12 ML BARRETO Univ Fed Bahia, Inst Saude Colet 11 E CUNHA-NETO Univ Sao Paulo, Fac Med, Div Clinica Imunol & Alergia 11 ODIR A DELLAGOSTIN Univ Fed Pelotas, Ctr Biotecnol, RS 11 BENEDITO P DIAS Univ Estadual Maringa, Dept Anal Clin, PR 11 EG KROON Univ Fed Minas Gerais, Inst Ciencias Biol, Lab Virus 11 JOSE G LEITE Inst Oswaldo Cruz Fiocruz, Lab Virol Comparada, RJ 11 MITERMAYER G REIS Min Saude, Fund Oswaldo Cruz, Ctro Pesq Goncalo Moniz, BA 11 JS SILVA Univ Sao Paulo, Dept Bioq & Imunol, Fac Med Ribeirão Preto, SP 11 A TEIXEIRA-CARVALHO Fiocruz, MS, Inst Rene Rachou, Lab Biomc Diag & Monit, RJ 11 TANIA UEDA-NAKAMURA Univ Estadual Maringa, Dept Anal Clin, PR 11 DANIEL A ATHANAZIO Univ Fed Bahia, Inst Cien Saude , Dept Biointeract 10 VERA L CAPELOZZI Univ Sao Paulo, Fac Med, Dept Patologia 10 HENRIQUE DM COUTINHO Univ Reg Cariri, Ctr Cie Biol & Sau, Crato, CE 10 WANDERLEY DE SOUZA Univ Fed Rio de Janeiro, Inst Biofis Carlos Chagas Filho 10 EDUARDO A DONADI Univ Sao Paulo, Dept Med, Ribeirao Preto 10 PL HO Inst Butantan, Ctr Biotecnol, SP 10 ALBERT I KO Min Sau, Fund Oswaldo Cruz, Ctro Pesq Gonçalo Monizr, BA 10 AlCYONE A MACHADO Univ Sao Paulo, Fac Med Ribeirao Preto, Dept Med 10 OA MARTINS Fiocruz MS, Inst Rene Rachou, Lab Biomarc Diagnost & Monit, RJ 10 E MASSAD Univ Sao Paulo, Fac Med 10 SILVIA G MONTEIRO Univ Fed Santa Maria, Dept Microbiol & Parasitol, RS 10 ESTER C SABINO Fundacao Prosangue, Hemoctr, Sao Paulo, SP 10 DIOGENES S SANTOS Pont Univ Catol Rio Grande do Sul, Pesquisas Biol Mol & Func 10 ANTONIO L TEIXEIRA Univ Fed Minas Gerais, Fac Med, Dept Med Interna 10 LUISA L VILLA Ludwig Inst Canc Res, Sao Paulo, SP 10 JV ARAUJO Univ Fed Vicosa, Dept Vet, MG 9 LUIZ A BASSO Pont Univ Catol Rio Grande Sul Ctr Pesquisas Biol Mol & Func, 9 FRANCISCO I BASTOS Fundacao Oswaldo Cruz, Ctr Cie & Tecnol Inform, RJ 9 Tabela 13. Noventa e oito autores do Brasil mais citados em 2009-2010 em artigos sobre microbiologia de 2009 no Web of Science. São mostrados os artigos com 8 ou mais citações (continuação) NOME INSTITUIÇÂO GONZALO BELLO Fiocruz MS, Inst Oswaldo Cruz, Lab AIDS & Imunol Mol, RJ NÚMERO DE CITAÇÕES 9 JOSE GM COSTA Univ Reg Cariri, CCBS, LPPN, Crato, CE 9 J RODRIGUES COURA Inst Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, Lab Doencas Parasitarias. RJ 9 ALEKSANDRO S DA SILVA Univ Fed Santa Maria, Dept Microbiol & Parasitol, RS 9 AJ DUARTE Hosp Coração, Lab Clin, São Paulo, SP 9 VITOR F FERREIRA Univ Fed Fluminense, Inst Quim, Dept Quim Organ, Niterói, RJ 9 B GALVAO-CASTRO Fund Oswaldo Cruz, Ctr Pesq Goncalo Moniz, RJ 9 PAULO GARCIA FILHO Univ Gama Filho, Dept Endodont, RJ 9 EG KALLAS Univ São Paulo, Inst Coração, Lab Genet & Cardiol Mol 9 WALTER LILENBAUM Univ Fed Fluminense, Dept Microbiol & Parasitol, Niterói, RJ 9 ZIP LOBATO MAPA, Lanagro , Pedro Leopoldo, MG 9 JOSE H PILOTTO Inst Pesquisa Clin Evandro Chagas, Fundacao Oswaldo Cruz, RJ 9 MARCOS FG ROCHA Univ Estadual Ceara, Fac Vet, Program Postgrad Cie Vet 9 RENATO L SANTOS Univ Fed Minas Gerais, Escola Vet, Dept Clin & Cirurgia Vet 9 LUIZ C SEVERO Univ Fed Rio Grande do Sul, ProgrPosgrad Cie Pneumol 9 CELIO L SILVA Univ Sao Paulo, Nucl Pesq Tuberc, Fac Med Ribeirao Preto 9 FERNANDO R SPILKI Ctr Univ Feevale, Inst Cie Sau, Novo Hamburgo, RS 9 LUIS FERNANDO TIMMERS Pont Univ Catol Rio Grande do Sul, I, Fac Biociencias 9 SA VASCONCELLOS Univ Sao Paulo, Lab Zoonoses Bacterianas , Fac Med Vet & Zoo 9 VALDILEA G VELOSO Fiocruz MS, Inst Pesquisa Clin Evandro Chagas, RJ 9 TEREZA CS VILLA Univ Sao Paulo, Escola Enfermagem Ribeirao Preto 9 ALEXANDRE P ZAVASCKI Hosp Clin Porto Alegre, Infect Dis Unit, RS 9 SYDNEY H ALVES Univ Fed Santa Maria, Curso Posgrad Ciencias Farmaceut, RS 8 ALDINA BARRAL Fund Oswaldo Cruz, Ctr Pesquisas Goncalo Moniz, Salvador, BA 8 G BENARD Univ Sao Paulo, Fac Med, Lab Invest Dermatol & Immunodef 8 ADRIANO BRANDELLI Univ Fed Rio Grande do Sul, Dept Cie Alim, Lab Bioq Microbiol Apl 8 RAIMUNDA SN BRILHANTE Univ Fed Ceara, Dept Patol & Med Legal, Fac Medicina 8 MARIANGELA CARNEIRO Univ Fed Minas Gerais, Dept Parasitol, Inst Ciencias Biol 8 JULIO CEZAR M CASCARDO Univ Estadual Santa Cruz, Dept Biol Sci, Ilheus, BA 8 PAULO MZ COELHO Fiocruz , Ctr Pesquisas Rene Rachou, Lab Esquistossomose, MG 8 RC DA SILVA Univ Est Sao Paulo, Fac Med Vet Botucatu, SP 8 MARCOS VINICIUS N DE SOUZA Inst Tecnol Farm Manguinhos, Rio De Janeiro, RJ 8 LUCIA H FACCIOLI Univ Sao Paulo, Fac Ciencias Farmaceut Ribeirao Preto, SP 8 LUIZ TADEU M FIGUIREDO Univ Sao Paulo, Fac Med, Ribeirao Pretol 8 R HIRATA Univ Estado Rio De Janeiro, Dept Microbiol Imunol Parasitol 8 CY KOGA-ITO Univ Estado São Paulo, São José dos Campos, SP 8 CQF LEITE Univ Estadual Paulista, Fac Cie Farmaceut, Sao Paulo, SP 8 ETHEL LN MACIEL Univ Fed Espirito Santo, Ctr Ciencias Saude, Vitória, ES 8 MARCIO NUCCI Univ Fed Rio de Janeirol 8 FC PIMENTA Univ Fed Goias, Inst Patol Trop & Saude Publ, Goiania, Go 8 CARLOS A ROSA Univ Fed Minas Gerais, Inst Ciencias Biol, Dept Microbiol 8 AC SEGURADO Univ Sao Paulo, Dept Doenças Infec, Fac Med 8 JOSE JC SIDRIM Univ Estadual Ceara, Fac Vet, Fortaleza, CE 8 AR SILVA Univ Fed Vicosa, Dept Vet, Vicosa, MGl 8 NEIDE M SILVA Univ Fed Uberlandia, Inst Cie Biomed , Ocular Immunol Lab, MG 8 JOSE F SIQUEIRA Univ Estacio Sa, Fac Dent, Microbiol , Rio De Janeiro, RJ 8 JOSE P SIQUEIRA Univ Fed Paraiba, Lab Genet Microorganisms, Joao Pessoa, PB 8 MILENA BP SOARES Fiocruz MS, Ctr Pesquisas Goncalo Moniz, Salvador, BA 8 RUDI WEIBLEN Univ Fed Santa Maria, Dept Vet Prevent Med, Santa Maria, RS 8 19 Tabela 14. Publicações em microbiologia em 2009 na base WoS dos estados brasileiros e respectivas citações em 2009-2010 ESTADO NUMERO DE ARTIGOS CITAÇÔES EM 2010 CITAÇÔES/ARTIGO São Paulo 1791 2507 1,400 Rio de Janeiro 840 1304 1,552 Minas Gerais 601 897 1,492 Rio Grande do Sul 440 496 1,127 Paraná 267 314 1,176 Bahia 195 325 1,667 Pernambuco 152 131 0,862 Brasília 139 180 1,295 Ceara 119 156 1,311 Santa Catarina 117 122 1.043 Goiás 98 147 1,500 Para 78 109 1,397 Paraíba 69 76 1,101 Amazonas 60 68 1,133 Rio Grande do Norte 49 62 1,265 Mato Grosso 47 58 1,234 Espírito Santo 46 31 0,674 Alagoas 39 57 1,462 Mato Grosso do Sul 26 43 1,653 Sergipe 16 24 1,500 parte devido à forte influência de estudos parasitológicos que dominaram os interesses de pesquisa no século passado. No entanto, um novo horizonte que se descortina na área está muito relacionado com biotecnologia, mormente no que diz respeito a processos bioquímicos de fermentação para a obtenção de combustíveis, medicamentos e outros produtos, em micro e macro escala. Neste caso, sem dúvida, a biologia molecular desempenha um papel vital, no isolamento e modificação de genes que se 20 prestem a produção de compostos específicos. Esta área merece, sem dúvida, uma parcela significativa dos esforços e investimentos em pesquisa no Brasil na atualidade. Referências 1. Jaime L. Belchimol. A instituição da microbiologia e a história da saúde pública no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva,5, 265-292, 2000. 2. Ítalo Suassuna. Brasileiros pioneiros na história da microbiologia médica. 1. Rocha Lima (1879 – 1956). Revista Paraense de Medicina, 20, 61-63, 2006. 3. J.G. Peard. The Tropicalist School of Medicine of Bahia, Brazil, 1869-1889. Columbia University, Dissertation, Information Service,Michigan, 1992. 4. Márcia Maria Rebouças. Pelo resgate da memória documental das ciências e da agricultura: o acervo do Instituto Biológico de São Paulo. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 13, número 4, 2006. Ciência in Foco MicRoRganisMos no contRole siMBiÓtico de PRagas e doenças Prof. Dr. Paulo Teixeira Lacava Departamento de Morfologia e Patologia, Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Thomas Albert Miller Department of Entomology, University of California Riverside Prof. Dr. João Lúcio de Azevedo Departamento de Genética – ESALQ, Universidade de São Paulo Um novo conceito de transformação genética chamado paratransgênese tem sido proposto para a prevenção de transmissão de patógenos por inseto vetores (Beard et al., 2001; Rio et al., 2004). Paratransgênese nesse tipo de aplicação significa a alteração genética de microrganismos simbióticos que possam ser transmitidos via vetor. Esta estratégia de prevenção de doença vêem sendo chamada de controle simbiótico, como uma variação da chamada terapia simbiótica (Ahmed, 2003). A técnica de paratransgênese é empregada para criar condições de impedir a transmissão do patógeno pelo inseto vetor. A estratégia de controle simbiótico pode empregar dois métodos: o de paratransgênese e o de não manipulação genética, para o controle de pragas e doenças. Em muitos casos a solução pode estar simplesmente na competição como forma de controle, pois a manipulação genética pode implicar no aumento de custo na estratégia de controle (Beard et al., 2001). A chave do controle simbiótico está em achar um microrganismos candidato que co-exista no mesmo nicho ou ecossistema onde reside o problema, isto é, para o agente controlador ter acesso ao patógeno e atuar no seu controle ou eliminação. O controle simbiótico é diferente do controle biológico clássico. Neste último, não necessariamente é utilizado um agente de controle nativo do nicho para o qual é necessário uma estratégia de controle. Por outro lado, o controle simbiótico busca preferencialmente agentes de controle já adaptados à aquele nicho afetado por uma praga ou doença; ou seja, no controle simbiótico todos os elementos estão presentes e estabelecidos no ecossistema (Rao et al., 2005; Miller, 2007). a filosofia Do Controle simbiótiCo Em contraste com os métodos de controle de doenças transmitidas por insetos vetores na agricultura e na saúde (Tabela 1), o controle simbiótico não visa controlar diretamente o vetor da doença, mas sim afetar o patógeno, ou seja diretamente afetando sua habilidade de sobreviver ou idiretamente bloqueando a sua transmissão pelo inseto vetor (Miller, 2007). Em muitos casos isto é alcançado pela interação/competição do patógeno com um microrganismo simbiótico. Todos exemplos de doenças citados nessa publicação ainda não possuem cura. De fato, nenhuma doenças causada por patógeno que é transmitida por inseto vetor possui realmente uma cura. Dessa forma, o controle simbiótico oferece uma nova estratégia alternativa para o controle de doenças que envolvem insetos vetores (Miller, 2007). tabela 1 . métoDos ClássiCos De Proteção Para a agriCultura e saúDe . método agricultura medicina Mecânico Tratos culturais Sanitário Químico Agroquímicos Antibiótico Biológico Controle biológico Terapia probiótica Genético Variedades resistentes Melhoramento de raças Fonte: adaptado Miller (2007) e Van Emden (1989) 21 MICRORGANISMOS SIMBIÓTICOS Associações simbióticas possuem um importante papel em ecossistemas naturais, possuindo grande potencial para aplicação em diversas áreas de interesse com potencial uso na indústria, agricultura e saúde. Em ecossistemas naturais, várias associações simbióticas são bem conhecidas e estudadas. Dessas associações podem ser citadas: Rizhobium-leguminosa, microrganismos do trato intestinal animal, micorrizas arbusculares, liquens e microrganismos endofíticos (Hirsch et al., 2001; Ohkuma, 2003; van der Heijden et al., 1998; Ahmadjian & Jacobs, 1981). Embora associações simbióticas tenham sido estudadas extensivamente, os resultados ainda são limitados para aplicações práticas. Particularmente, pesquisas na utilização de microrganismos simbióticos são limitadas pelas dificuldades de isolamento e manutenção de culturas puras de simbiontes. A eficência da associação de um microrganismos simbiótico pode variar de acordo com genótipo do hospedeiro. Wilkinson et al (1996) estudou a efetividade de Bradyrhizobium sp. na nodulação de raiz em associação e sugere que essa bactéria simbiótica é mais efetiva quando é nativa da planta hospedeira em comparação com as isoladas de outras plantas, mesmo que geneticamente relacionadas às plantas estudadas. Tudo isso indica a ocorrência de uma co-evolução neste sistema de associação. Endofíticos Simbióticos Microrganismos endofíticos são aqueles que habitam o interior das plantas sem causar qualquer efeito negativo aparente (Hallmann et al., 1997; Bacon & White, 2001). Esta comunidade microbiana é constituída principalmente por fungos e bactérias, e ao contrário dos microrganismos fitopatogênicos, não causam prejuízos à planta hospedeira (Neto et al., 2003). Mais recentemente, Azevedo & Araújo (2007) definem endófitos como todos os microrganismos que habitam o interior da planta hospedeira, sem causar danos aparentes ou estruturas externas visíveis, excluindo desta 22 maneira microrganismos que fixam nitrogênio atmosférico e produzem nódulos nas raízes vegetais, como também os fungos micorrízicos, ambos conceitualmente endofíticos mas que apresentam características próprias e bem mais estudados que os endofíticos que habitam partes aéreas de plantas. A penetração dos microrganismos endofíticos dá-se principalmente por aberturas naturais ou artificiais tais como estômatos, região de emissão de raizes secundárias, ferimentos causados por instrumentos agrícolas e microferimentos nas raízes ocasionados pelo atrito destas com partículas do solo (Neto et al., 2003). Após a penetração estas bactérias e fungos disseminam-se de maneira sistêmica para diversas partes da planta, habitando de forma ativa o apoplasto, vasos condutores, em alguns casos ocorrendo colonização intracelular. O acúmulo de informações a respeito da interação planta/endófitos (Hallmann et al., 1997; Azevedo et al., 2000; Araújo et al., 2001) e com os resultados promissores observados, tem sido dada especial atenção ao estudo de microrganismos endofíticos como agentes de controle biológico de inúmeras doenças de plantas (Hallmann et al., 1997; M’Piga et al., 1997), pragas (Azevedo et al., 2000) como promotores de crescimento vegetal (Hallmann et al., 1997; Bent & Chanway, 1998) e ainda o uso de bactérias endofíticas como fitoremediadores de áreas poluídas (Newman & Reynolds, 2005). Microrganismos endofíticos são assim, potenciais candidatos a serem utilizado em estratégias de controle simbiótico. CONTROLE SIMBIÓTICO O estudo de microrganismos associados a insetos em diferentes estratégias de controle biológico tem sido desenvolvido, primeiramente pela utilização de microrganismos patogênicos ao inseto (Schnepf et al., 1998). Uma outra estratégia adicional é a exploração de microrganismos simbióticos, com o objetivo de reduzir insetos vetores competentes na transmissão de doenças (Beard et al., 1998). Esta redução da capacidade de um inseto vetor como um agente transmissor de doença pode estar basea- do em microrganismos que interferem naturalmente na preseça do patógeno (Baldridge et al., 2004) ou ainda poderia ser alcançado por meio da manipulação genética de microrganismos simbióticos em insetos. Microrganismos a quais possuem a capacidade de se multiplicarem em populacões de insetos hospedeiros são particularmente promissores, desde que eles também possam ser explorados para expressar uma característica genética desejada (Zabalou et al., 2004). Um pré-requesito para o desenvolvimento de futuras estratégias para o controle simbiótico da população de insetos e insetos vetores é a identificação de associações que possuam características promissoras entre microrganismos e insetos. Estás características incluem a presença de microrganismos simbióticos nos organismos hospedeiros, que estes também sejam hospedeiros de patógenos e ainda que possuam potencial para propagar-se rapidamente entre a população hospedeira (Marzorati et al., 2006). Uma vez que o agente de controle simbiótico seja identificado para atuar, todas as manipulações devem ser ser realizadas considerando o local da ação. Entretanto, uma solução alcançada utilizando a estratégia de controle simbiótico em uma localização específica pode não atuar satisfatoriamente em outro local e condição, diferentemente do que pode ocorrer no controle biológico clássico. Após indentificado um microrganismo com potencial para ser um candidato no controle simbiótico, este deve ter a habilidade de ser cultivado e re-introduzido no seu nicho original e ainda ser conveniente para alterações genéticas, caso necessário (Miller, 2007). PARATRANSGÊNESE E O CONTROLE SIMBIÓTICO A manipulação genética de insetos transmissores de doenças é uma estratégia alternativa objetivando a eliminação do inseto vetor dentro de uma população. A expressão de genes que produzem produtos que possuam a habilidade de bloquear ou eliminar a transmissão por parte de insetos vetores poderia prover a uma valiosa ferramenta no controle de diversas doenças causadas por insetos transmissores. Dentro deste contexto, existem duas abordagens para a transformação genética de inseto vetores. A primeira envolve a transformação direta via inserção de material genético exógeno (Durvasula et al., 2003). Isto é realizado utilizando elementos móveis, como os transposons, para a transformação genética (Coates et al., 1998; Jasinskiene et a1., 1998; Catteruccia et a1., 2000). A segunda abordagem envolve a expressão de genes exôgenos utilizando um microrganismo simbiótico, transformado genéticamente e que seja nativo ao inseto transmissor da doença. Esse método tem recebido especial atenção recentemente sendo um típico exemplo de paratransgênese (Durvasula et al., 2003, Miller 2007). Paratransgenese é uma nova abordagem para controlar insetos vetores transmissores de doenças, principalmente artrópodes; sendo derivado da ocorrência natural de interações entre vetor e patógeno e populações de microrganismos simbióticos que colonizam o inseto. Considerando que a presença de tais microrganismos dentro do inseto vetor é fundamental na paratransgênese, as exigências descritas a seguir são necessárias para o sucesso da estratégia de paratransgênese (Durvasula et al., 2003): • Os microrganismos selecionados para cultivo e manipulação genética in vitro devem co-existir com o inseto transmissor da doença; • Métodos simples para isolar e transformar microrganismos simbióticos devem estar presentes; • A transformação genética de microrganismos simbióticos tem que resultar em mutantes estáveis, sem perda de aptidão, reprodutividade e manter a característica de uma relação simbiótica, além de manter taxas comparáveis ás da linhagem selvagem; • A manipulação genética de um microrganismo simbiótico não deve afetar suas funções simbióticas no inseto vertor e hospedeiro; • A expressão de produtos oriundos de microrganismos geneticamente alterados deve atingir o patógeno e ser capaz de interromper o ciclo de transmissão da doença pelo inseto vetor; • A manipulação genética de bactérias simbióticas não deve ser virulenta contra o inseto vetor em questão ou mesmo contra outros organismos presente no ambiente. Além disso, bactérias selecionadas para serem utilizadas em paratransgênese não devem ser patogénicas contra elas mesmas; A paratransgênese para a manipulação de insetos vetores transmissores de doenças, requer uma avaliação da biologia da população do inseto; assim como assegurar uma taxa de transmissão do microrganismos simbiótico dentro da dinâmica da população de vetores. A reprodubilidade da estratégia de paratransgênese deve ser baseada na observação de como o inseto/microrganismo interage com o ambiente, para que esta se apresente o mais próximo do que ocorre na natureza, visando assim o sucesso do controle simbiótico (Durvasula et al., 2003). A expressão de anticorpos, utilizando a técnica de paratransgênese Cecropina A e outros peptídios de imunização são promissores para uma estratégia de paratransgênese. Entretanto, estes compostos não possuem em muitos casos especificidade para atividade bactericida contra uma variedade de bactérias Gram-negativas que podem ser encontradas em insetos e plantas em condições de campo (Durvasula et al., 2003). Além disso, é importante considerar que com o passar do tempo, as populações alvo adquirem resistência a tais peptídios. A necessidade de uma outra classe de moléculas que possa ser expressa concomitantemente ou consecutivamente como peptídios de imunização, tem redirecionado as pesquisas para buscar anticorpos de cadeia simples (monoclonais) como estratégia na paratransgênese. Recentemente, com as técnicas que envolvem bacteriófagos, têm se tornado possível a clonagem de genes que codificam anticorpos monoclonais, que são expressos em vários sistemas vivos (Sidhu, 2001; Sidhu et al., 2003; Paschke, 2006). A tecnologia mais usada para a triagem de fragmentos de anticorpos sin- téticos que reconhecem um determinado antígeno, sem usar um sistema animal, vale-se da expressão de uma coleção de anticorpos (biblioteca) na superfície de fagos; técnica está também conhecida por “exposição fágica” ou “phage display” (Goletz et al., 2002). A utilização da tecnologia de biblioteca de peptídios expressa em bacteriófagos, ou “phage display”, para selecionar peptídios específicos ligantes a receptores vêm sendo cada vez mais utilizada como uma estratégia de paratransgênese dentro do controle simbiótico. “Phage display” de peptídios é uma poderosa ferramenta que, utilizando bacteriófagos geneticamente modificados para expressar seqüências de pequenos peptídios na sua superfície, permite a busca de pares receptores-ligantes. Os ligantes são os peptídios identificados que se ligam a receptores presentes no alvo em estudo. O sistema do “phage display” é capaz de interagir com o meio por meio de pequenos peptídios expressos na sua superfície. Como a informação codificadora da seqüência do peptídio está contida no genoma do bacteriófago, uma única partícula viral ligada à superfíce de uma célula ou tecido pode ser recuperada por infecção bacteriana e o peptídio responsável é assim identificado. Poucas técnicas permitem estudar interações moleculares de uma única molécula ou célula, sem qualquer conhecimento prévio sobre a natureza da mesma. CONTROLE SIMBIÓTICO NA AGRICULTURA Controle Simbiótico da “Doença de Pierce” A “Doença de Pierce” em videira, é causada pela bactéria Xylella fastidiosa, a qual bloqueia os vasos xilemáticos das plantas afetadas (Hopkins & Purcell, 2002; Hackett et al., 2003). A linhagem de X. fastidiosa que causa a doença em videira nos EUA, provavelmente é originária dos estado da Florida, passando pelo estado do Texas. Essa doença agravou-se quando foi introduzida na California a cigarrinha vetora Homalodisca coagulata, também conhecida como “glassy-winged sharpshooter” (GWSS) (Almeida & Purcell, 2003). 23 Atualmente na California, pesquisas estão sendo desenvolvidas objetivando o controle simbiótico da doença buscando interomper o seu ciclo desde a transmissão pelo inseto vetor até o bloqueio da X. fastidiosa na planta hospedeira (Bextine et al., 2004; Miller, 2007). Três potenciais candidatos bacterianos para o controle simbiótico desta doença foram selecionados de GWSS no sul da California (Bextine et al., 2004). Todos os três candidatos foram também detectados como endófitos em dieferentes plantas hospedeiras e transmitidos pelo inseto vetor da “Doença de Pierce”, indicando que o candidato para o controle simbiótico pode colonizar a planta hospedeira e o inseto vetor. Dentre estes três candidatos selecio- nados a espécie Alcaligenes denitrificans var. xylosoxidans (Axd) foi selecionada para desenvolver a estratégia de controle simbiótico para a doença. Axd foi alterada geneticamente para expressar uma proteína vermelha fluorescente (DsRed) (Lampe et al., 1999; Lampe et al., 2000; Bextine et al., 2004), introduzindo assim uma marca genética para o monitoramento na planta hospedeira e no inseto vetor. Bextine et al. (2004, 2005) sugeriu o uso de bactérias endofíticas na estratégia de paratransgênese (Beard et al., 2001) para o controle simbiótico da “Doença de Pierce”, ou seja utilizar um endófito, transformado geneticamente, para controlar X. fastidiosa em videira. Um número de candidatos como peptídios antimicrobianos já foram testados Figura 1. Anticorpo de cadeia simples (scFV S1), a qual é expressado na superfície do bacteriofago M13, tem sido selecionado contra Xylella fastidioda, agente causal da Pierce’s Disease. Adaptado Arora et al (2005) e Lampe (2005). Figura 2. Esquema hipotético de anticorpos, produzidos por uma bactéria simbiótica, atuando sobre a superfície de Xylella fastidiosa. Figura gentilmente cedida por J.L. Ramirez. 24 para o possível uso no controle simbiótico da “Doença de Pierce” (Kuzina et al., 2006). Lampe (2006) testou anticorpos de cadeia simples, específicos para a linhagem de X. fastidiosa da videira (Figura 1), com objetivo de utilizar esses anticorpos no controle simbiótico e utilizando bactérias endofíticas expressando esse tipo de agente antimicrobiano (Figura 2). De acordo com Bextime et al (2004, 2005), a Figura 3 mostra os passsos para a adoção do controle simbiótico da “Doença de Pierce”. Controle Simbiótico da Clorose Variegada dos Citros (CVC) A Clorose Variegada dos Citros (CVC) é causada pela Xylella fastidiosa, uma bactéria Gram-negativa, sem motilidade, limitada ao xilema (Rosseti et al., 1990; Hartung et al., 1994). Ela é transmitida naturalmente por insetos suctoriais (Hemiptera: Cicadellidae) que se alimentam da seiva bruta do xilema (Roberto et al., 1996). Em citros esta bactéria é capaz de infectar especialmente laranjas-doce, mas é encontrada também em outros hospedeiros como tangerina, tangores, tangelos e limão (Laranjeira et al., 1998). Segundo Alves (2003) ainda há divergências no que diz respeito ao modo de ação de X. fastidiosa causando patogênese em citros. Contudo, a hipótese mais bem aceita foi proposta Hopkins em 1989. De acordo com o autor, X. fastidiosa leva a disfunções no sistema condutor de água em plantas de citros (Hopkins, 1989). O principal mecanismo de patogênese seria a falta de translocação de água e nutrientes devido à oclusão de vasos do xilema pelos agregados bacterianos, devido a deposição de pectina e de goma fastidiana (Souza, 2002), em conjunto com reações de resistência da própria plantas. As reações de resistência mais comuns das plantas de citros à CVC, seriam a formação de tiloses pelo hospedeiro, resultando em estresse hídrico (Fry & Milholland, 1990; Alves, 2003). Outras reações também observadas de resistência da planta à entrada do patógeno bacteriano são a formação de cristais de cálcio em vasos, que possivelmente levariam à destruição das membranas da pontuação, causan- do cavitação nos vasos com embolia (Shultz & Matthews, 1988; Alves, 2003). Segundo Costerton & Irvin (1981), a formação de agregados de células de X. fastidiosa dever-se-ia à liberação de polissacarídeos extracelulares que facilitariam a adesão célula-célula. de Souza et al. (2005) apontam que a formação do biofilme por X. fastidiosa dentro dos vasos da planta com posterior bloqueio no sistema de água é causa da patogênese desta bactéria em citros. Azevedo & Araújo (2003) descrevem o potencial uso do gênero Methylobacterium spp., a qual coloniza o mesmo nicho que X. fastidiosa em citros, numa estratégia de reintroduzir esse endófito geneticamente modificado em plantas de citros, com o objetivo de controlar a CVC. Nesse estudo foi descrita a utilização de um vetor replicativo PeglA160 para produzir um isolado geneticamente modificado de Methylobacterium expressando resistência a um antibiótico além do gene da endoglucanase. É sabido que X. fastidiosa produz uma goma, denominada goma fastidiana (da Silva et al., 2001), a qual pode ser responsável pela obstrução dos vasos de xilema em plantas afetadas pela CVC. Dessa forma a produção de endoglucanase por um endófito oriundo de plantas cítricas poderá transformar este endófito em um agente de controle simbiótico contra X. fastidiosa visando o controle da CVC. Além disso, o gênero bacteriano Alcaligenes é isolado endofiticamente em alta freqüência também em plantas cítricas (Araújo et al., 2001), sendo assim possível também tentar para X. fastidiosa, agente causal da CVC, similar estratégia de controle aplicada para a “Doença de Pierce”. Controle Simbiótico da “Doença Amarela da Videira” ou “Flavescence dorée” (FD) Hoje em dia uma das mais importantes doenças de videira na Europa é a “Flavescence Dorée” (FD) (Doi et al., 1967; Bianco et al., 1996; Batlle et al., 1997; Angelini et al., 2001; Bianco et al., 2001; Martini et al., 2002), tendo como agente causal a bactéria “Candidatus Phytoplasma vitis” (Lee et al., 2000; Jagoueix-Eveillard et al., 2001; Nam- Figura 3. Cronologia para adoção do controle simbiótico em estratégia de paratransgênese utilizando uma bactéria endofítica (simbiótica) no ciclo de doenças onde o agente causal é a Xylella fastidiosa (adaptado de Lacava et al. 2009). ba, 2002; Oshima et al., 2004). A FD é uma doença transmitida e dissiminada em plantas de videiras por meio de um inseto vetor, Scaphoideus titanus, lepidóptero (Hemiptera: Cicadellidae). O S. titanus transmite a bactéria para o floema das plantas de videira ao se alimentar delas. O controle da FD na Europa é prioridade nas áreas de produção de vinhos, entretanto as medidas de controle estão restritas a destruição de pomares e extensiva aplicação de inseticidas contra S. titanus, com óbvias implicações ecológicas e econômicas; além da aplicação de inseticida não ser compatível com a produção orgânica de uvas e vinhos. Mais recentemente, tem aumentado o interese no potencial uso de agentes de controle biológico (Beard et al., 1998; Beard et al., 2002; Rio et al., 2004; Schnepf et al., 1998) por meio do uso de microrganismos associados com insetos. Diferentes estratégias de controle biológico estão sendo desenvolvidas. Uma delas é o uso de microrganismos patogênicos a insetos (Schnepf et al., 1998). Uma possível estratégia adicional é a utilização de microrganismos simbióticos, com o objetivo de reduzir a capacidade do inseto vetor em transmitir uma doença (Beard et al., 1998). A redução da capacidade do inseto vetor em disseminar uma doença poderia ser baseada 25 em microrganismos que interferem naturalmente na presença do patógeno ou poderia ser alcançado por meio da manipulação genética de microrganismos simbióticos de insetos. Microrganismos que possuem a capacidade de se espalhar em populações de insetos hospedeiros são interesantes, desde que eles também possam ser explorados para serem transformados genéticamente com uma característica desejável (Zabalou et al., 2004). Marzorati et al. (2006), focando no controle simbiótico do FD, descrevem uma bactéria simbiótica detectada no inseto S. titanus. Os resultados, descrevem que essa bactéria simbiótica possue as mesma rotas de colonização que a “Ca. Phytoplasma vitis” dentro do corpo do inseto, incluindo as glandulas salivares. O estudo de Marzorati et al. (2006) utilizando técnicas como PCR, DGGE e microscopia eletrônica indicou que duas bactérias coexitem no mesmo inseto vetor de FD, uma o próprio agente causal da FD, “Ca. Phytoplasma vitis” e uma outra endosimbionte, classificada como “Ca. Cardinium hertigii” (ST1-C). Ambas colonizam os mesmos orgãos, como intestino e glândula salivar, além da gordura corpórea. A colonização destas duas bactérias nos mesmo tecidos do inseto hospedeiro torna possível o estudo da interação potencial entre essas duas bactérias no corpo do inseto tornando viável que a ST1-C seja um interessante candidato para o controle simbiótico da FD, por meio da paratransgenese (Beard et al 1998, Bextine et al., 2004; Rio et al., 2004). Aflatoxina Aflatoxinas são micotoxinas proveniente de várias espécies do fungo Aspergillus. Este fungo reside no solo, mas também pode colonizar grãos e sementes, especialmente as culturas de cereais e amendoim, se as condições de umidade forem favoráveis. Todos os animais são suscetíveis ao envenenamento por aflatoxina, que pode causar danos ao fígado além de induzir a formação de cancer. Embora o ser humano tenha uma tolerância bastante alta, a presença de aflatoxina em várias culturas como sementes de algodão para a alimentação 26 de animais ou amendoin para consumo humano pode desencadear conseqüências econômicas severas para o crescimento do setor agrícola que produz este tipo de insumo e cultura. Cotty et al. (1994) desenvolveram uma estratégia de controle simbiótico, sem utilização de alterações genéticas, para prevenir a contaminação de sementes de algodão por aflatoxina. Várias linhagens de Aspergillus flavus, a mais comum fonte de contaminação por aflatoxina, foram ensaiadas para a produção de aflatoxina. Em uma dessas linhagens, AF-36 (Ehrlich & Cotty, 2004), verificou-se que ela não produz aflatoxina. A linhagem foi recentemente registrada como um biopesticida na Agência de Proteção Ambiental Americana (“US Environmental Protection Agency”) para aplicação em solos nos quais a cultura do algodão é plantada (Antilla & Cotty, 2002; Cleveland, et al., 2003; Jones, 2003). Quando cultivada em semente de trigo e disseminado no solo, a linhagem AF-36 superou outras espécies de Aspergillus, deixando a colheita de algodão relativamente livre de contaminação por aflatoxina em uma resposta de competitividade clássica. O tratamento de um único campo com a linhagem AF-36 tem um efeito dispersivo, espalhando o fungo para campos adjacentes e com duração aproximada de um ano no campo tratado [http://archives.foodsafetynetwork. ca/agnet/2004/6-2004/agnet_june_22-2. htm#story3]. Esta versão do AF-36 como produto comercial nos EUA foi registrada como Afla-Guard® (Hagan, 2005) e há dados que indicam redução da contaminação por aflatoxina em torno de 60 a 98%. CONTROLE SIMBIÓTICO APLICADO À SAÚDE Controle Simbiótico aplicado área médica Doenças inflamatórias do intestino ou IBD incluem ulceratites/colites e a doença de Crohn, cada qual afetando diferentes partes do intestino. Embora o agente causal da IBD seja desconhecido, os sintomas são evidenciados pela inflamação da mucosa do intestino. O tratamento da IBD envolve anti-inflamatórios, medicamentos para interromper a reação do tecido inflamado e terapia imuno-repressiva. O controle simbiótico da IBD foi reportado quando foram isoladas bactérias do intestino, atuando como veículos de agentes anti-inflamatórios, tais como a interleucina-10 (Westendorf, et al., 2005). Outras aplicações do controle simbiótico na area da saúde pública, incluem a proteção contra o vírus da HIV, numa estratégia para prevenir infecções por HIV via controle simbiótico bacteriano como veículo para tal controle (Chang et al., 2003; Rao, et al., 2005). Uma linhagem probiótica de Escherichia coli-Nissle1917 foi utilizada como veículo para “HIV-gp41-hemolisina A”, um peptídio híbrido que bloqueia a fusão entre o vírus da HIV e as células hospedeiras. Foi reportado ainda que pequenas quantidades (micromolares) de um peptídio protetor produzido pela linhagem E. coli-Nissle1917, modificada geneticamente, foi capaz de colonizar camundongos por semanas ou meses. As colônias estavam presentes no reto, vagina e intestino delgado e ainda perto do local de contato com o vírus da HIV (Rao et al, 2005). Lagenaur & Berger (2005), enfatizam que a abordagem de utilizar uma bactéria viva para o controle de doenças na área médica não é uma novidade por si só, mas que está é uma estratégia moderna quando utiliza-se uma bactéria geneticamente engenherada como veículo para uma terapia gênica na administração de compostos para o combate de uma doença. Controle Simbiótico da Doença de Chagas (Trypanosoma cruzi) O exemplo original do controle simbiótico é oriundo da sua aplicação na Doença de Chagas (DC) (Durvasula et al., 1997; Durvasula et al., 1999a, 1999b; Beard, et al., 1998; Beard et al., 2002), e foi desenvolvida no laboratório do Professor Frank Richards na “Yale Medical School” (EUA). A DC é causada por um protozoário, Trypanosoma cruzi o qual é transmitido por um inseto vetor sendo um deles, no caso do Brasil o Triatoma infestans. Esse inseto vetor da sub-família Triatominae que se alimenta exclusivamente de vertebrados homeo- térmicos é um hematófago. O ciclo da doença tem início quando o T. infestans pica uma pessoa infectada com o T. cruzi. No intestino do T. infestans o T. cruzi irá se reproduzir. Ao picar novamente outra pessoa o T. infestans deposita suas fezes na pele da pessoa, que se infecta com o T. cruzi quando se coça. Os parasitas (T. cruzi) invadem primeiro as células da pele e em seguida a circulação sanguínea. Na fase assintomática da doença, o T. cruzi se concentra nas fibras musculares. O ciclo recomeça quando a pessoa é picada novamente. Durvasula et al. (1997), descreveram uma bactéria simbiótica ao inseto vetor da DC, a bactéria Rhodococcus rhodnii. Esses mesmo autores em uma estratégia de controle simbiótico para a DC, transformaram genéticamente R. rhodnii para expressar cecropina A (Boman et al. 1989; Beard et al., 1992), um peptídio letal ao T. cruzi. Os insetos que possuiam essa bactéria transformada e expressando a cecropina A, apresentaram a eliminação ou redução do número de T. cruzi. Desta forma, a expressão de moléculas com atividade anti-parasítica pela transformação genética de bactérias simbióticas de inseto vetores transmissores de doenças pode servir como uma poderosa abordagem para o controle de certas doenças transmitidas por artropodes. Esse método de controle simbiótico tem sido desenvolvido para que, dentro das populações do inseto vetor da DC, a bactéria transformada geneticamente fixe-se e multiplique-se para estabelecer uma rotina de aquisição simbiótica e como conseqüência bloquear a transmissão da doença (Durvasula, et al., 1999a). Dotson et al. (2003), também trabalhando no controle simbiótico da DC, buscou aperfeiçoar o sistema que transformação de R. rhodnii com elementos integrativos de micobacteriófagos-L1, obtendo melhores resultados de transformação e estabilidade do que os obtidos por Durvasula et al. (1997). Controle Simbiótico da Malária Favia et al. (2007) mostraram que uma bactéria do gênero Asaia (α-proteobacteria) tem uma associação estável com a larva e o adulto de Anopheles stephensi, um importante mosquito vetor de Plasmodium vivax, o principal agente causal da malaria na Ásia e em outros continentes. Este autores provaram que Asaia é a bacteria dominante na microbiota associada a este mosquito por várias técnicas, tais como: PCR quantitativo, gene 16S rRNA, microscopia eletrônica e hibridização in situ do gene 16S rRNA. Mostraram assim, que essa bactéria está presente em grande densidade populacional no intestino da fêmea e na area reprodutiva masculina do mosquito. Além disso estes autores ainda conseguiram transformar Asaia com o gene da proteina verde fluorescente (GFP), verificando a estabilidade dessa bactéria após ser modificada geneticamente e ainda comprovando a sua habilidade em colonizar outras parte do mosquito, como as glândulas salivares. O trabalho de Favia et al. (2007), sugere que Asaia, poderá ser um candidato para o controle da malária, utilizando técnicas de engenharia genética ou paratransgenese, numa estratégia de controle simbiótico. CONCLUSÕES O controle e a administração de pragas e doenças tem sido um desafio significante e constante para os profissionais das áreas médica e agrícola. O surgimento de problemas relacionados à produção e colheita de alimentos nos remete à preocupação do uso exagerado de insumos e defensivos agrícolas, criando a necessidade de regulamentos ambientais mais rigorosos, gerando assim a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias para produção de alimentos mais sustentáveis em relação ao controle de pragas e doenças, sem prejuizos ambientais. Dentro deste contexto, o desenvolvimento de pesquisas que envolvam estratégias de controle simbiótico e outros métodos nessa área, vêem sendo pesquisados, sobretudo em interações que envolvam a presença de insetos vetores para a transmissão de uma determinada doença. Dentro desse contexto, novas abordagens para o desenvolvimento sustentável do controle biológico de insetos e insetos vetores de doenças vêem sendo desenvolvidas, baseadas nas relações simbióticas, que são ecologicamente menos prejudiciais ao meio-ambiente do que os métodos atuais de controle químicos em uso. As duas últimas décadas testemunharam o aparecimento e desenvolvimento do campo de estudo das relações simbióticas, particularmente o da simbiose em insetos, devido ao uso de técnicas moleculares que revelaram a diversidade de microrganismos simbióticos associados aos insetos. Com o avanço deste campo de pesquisa, dados suficientes foram gerados para compreender o valor aplicado dessa linha de pesquisa. Desta forma, uma moderna estratégia de controle biológico, chamado de “controle simbiótico” está começando a se desenvolver. O controle simbiótico utiliza microrganismos simbióticos para o controle de populações de pragas ou como veículos de anti-transmissão de populações de insetos vetores de doenças. Métodos modernos permitem o desenvolvimento de estratégias utilizando microrganismos simbióticos geneticamente alterados ou mesmo não alterados, para vários propósitos, tais como o controle simbiótico. O controle simbiótico é essencialmente um tema interdisciplinar que requer métodos e protocolos provenientes de diferentes áreas de estudos, incluindo a biologia molecular, microbiologia, fitopatologia, virologia, entomologia, imunologia, genética e ecologia, apenas para citar algumas delas. REFERÊNCIAS AHMADJIAN, V.; JACOBS, J.B. Relationship between fungus and alga in the lichen Cladonia cristatella Tuck. Nature, v.289, p.169-172, 1981. AHMED, F. E. 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O termo micotoxina é originado da palavra grega “mykes”, que significa fungo; e do latim “toxicum”, que significa veneno ou toxina (BULLERMAN, 1979; CORRÊA, 2010).O estudo das micotoxinas ganhou maior atenção a partir da descoberta das aflatoxinas na Inglaterra, em 1960. Vários relatos colocam as micotoxinas como responsáveis por surtos que ocorreram em várias fases da história. As micotoxicoses foram confundidas diversas vezes com pragas, envenenamentos e epilepsias. No que se refere às formas de exposição às toxinas, elas ocorrem predomi- nantemente pela ingestão de alimentos contaminados utilizados em dietas, tais como o milho (matéria prima básica na formulação das rações), o amendoim, o trigo, o caroço de algodão e o sorgo, entre outros (CHU, 1991). Desta forma, as micotoxinas podem entrar na dieta humana e animal, por meio de contaminação direta ou indireta destes alimentos. Os fungos produtores de micotoxinas podem crescer e produzir toxinas, seja em produtos agrícolas, no campo, por ocasião do armazenamento, durante o transporte, na industrialização ou ainda em qualquer momento na fase de consumo, desde que as condições de temperatura e de umidade sejam favoráveis (RAMAKRISHNA et al., 1991). O metabolismo fúngico produz dois tipos de metabólitos, os primários, que são compostos indispensáveis para o seu crescimento (carbono, lipídios e açúcares) e os secundários que são produzidos por várias espécies de fungos durante o crescimento exponencial, como os antibióticos, quinonas e mico- toxinas, assim considerados produtos de biossíntese fúngica (STEYN, 1977; BU’LOCK, 1980). As principais espécies fúngicas produtoras de micotoxinas pertencem aos seguintes gêneros: Aspergillus,Penicillium, Fusarium, Alternaria, Claviceps, Myrothecium, Stachybotrys, Phoma, Trichotecium, Cephalosporium, Trichoderma, Cladosporium, Pithomyces, etc. Os gêneros Aspergillus, Penicillium, Fusarium destacam-se como os mais importantes (CAST, 2003; PITT & HOCKING, 1997). Os três grandes grupos de micotoxinas e seus respectivos fungos produtores, podem ser assim distribuídos: (1) aflatoxinas, metabólitos biossintetizados, principalmente por Aspergillus flavus, A. parasiticus e A. nomius; (2) ocratoxinas, produzidas por A. ochraceus (A. alutaceus) e algumas espécies do gênero Penicillium; (3) fusariotoxinas, produzidas por Fusarium spp., tendo como principais representantes, as fumonisinas, a zearalenona, a moniliformina e os tricotecenos (CORRÊA, 2010). 31 Na medida em que todas as espécies são em geral ubiquitárias (presentes em diversos ambientes ou locais), observam-se doenças por elas produzidas em todas as partes do mundo. Salientando-se a ocorrência de micotoxicoses específicas em certos países, decorrentes de fatores climatológicos, de certas técnicas agrícolas regionais, bem como das práticas de armazenamento adotadas. No Brasil, as micotoxinas mais detectadas em alimentos são as aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, ocratoxina A e deoxinivalenol (RODRIGUEZ-AMAYA & SABINO, 2002). De acordo com Cast (2003) e Hussein & Brasel (2001) a contaminação de alimentos por micotoxinas pode acarretar perdas econômicas de milhões de dólares, associadas ao impacto para a saúde humana, produtividade animal e também ao comércio internacional destes produtos, já que muitos países estabeleceram limites máximos para micotoxinas em alimentos. Os principais substratos suscetíveis à contaminação por micotoxinas, especialmente aflatoxinas, incluem o amendoim, milho, sementes de algodão e castanhas, especialmente, a castanha-do-Brasil (JELINEK, 1987; RODRIGUEZ-AMAYA & SABINO, 2002; BAQUIÃO et al. 2012) Dependendo dos teores de micotoxinas ingeridos, quatro tipos básicos de toxicidade são verificados: a aguda, a crônica, a mutagênica ou teratogênica. O efeito agudo mais freqüente é o da deterioração das funções hepáticas e renais, fatais em alguns casos. Algumas micotoxinas agem primariamente, interferido na síntese protéica, produzindo dermonecrose e imunodeficiência extrema. O efeito crônico de muitas micotoxinas é o da indução de neoplasias, principalmente no fígado. Algumas interferem na replicação do DNA e, consequentemente, podem resultar efeitos mutagênicos e teratogênicos (GOMPERTZ et al.,2008) No Brasil, a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 7, de 18 de fevereiro de 2011, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas.Esta resolução possui o objetivo de estabelecer os limites máximos para aflatoxinas (AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 e AFM1), ocra- 32 toxina A (OTA), desoxinivalenol (DON), fumonisinas (FB1 + FB2), patulina (PAT) e zearalenona (ZON) admissíveis em alimentos prontos para oferta ao consumidor e em matérias-primas. Os alimentos a serem monitorados nos limites máximos tolerados são: amendoim e seus derivados; alimentos à base de cereais para alimentação infantil (lactentes e crianças de primeira infância); café torrado (moído ou em grão) e solúvel; cereais e produtos de cereais; especiarias; frutas secas e desidratadas; nozes e castanhas; amêndoas de cacau e seus derivados; suco de maçã e polpa de maçã; suco de uva e polpa de uva; vinho e seus derivados; fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de seguimento para lactentes e crianças de primeira infância; leite e produtos lácteos, leguminosas e seus derivados (ANVISA, 2011). 1. 2 Radiação Ionizante Apesar do alto nível de segurança dos produtos alimentícios fornecidos para consumo, os perigos e riscos microbiológicos continuam existindo (DIEHL, 1995). A magnitude da perda econômica, devido a doenças transmitidas por alimentos contaminados com organismos patogênicos, é um fator limitante para o comércio internacional de alimentos (IAEA, 1996). A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estimou que, mundialmente, cerca de 25 % de todos produtos alimentícios são desperdiçados após a colheita. Muitos países perdem quantidades consideráveis de grãos, por causa da infestação de insetos, contaminação de fungos e germinações prematuras (FORSYTHE, 2002). Estima-se ainda que cerca de 50 % dos produtos perecíveis como carne, peixes, frutas e vegetais, sejam perdidos antes de atingirem o consumo final (VILLAVICENCIO, 1998). A irradiação de alimentos contribui de maneira significativa no controle dos perigos microbiológicos (AN-HUNG FU et al., 1995), constituindo-se em importante método para redução das perdas econômicas provenientes da deterioração, aumentando o nível de segurança dos alimentos e favorecendo a aceitação dos produtos exportados pelos países em desenvolvimento (LOAHARANU, 1994). A irradiação tem sido frequentemente utilizada para retardar a senescência de flores, na inibição da formação de tubérculos de raízes, no controle da deterioração e frutas, retardando o amadurecimento das mesmas, na radiodesinfestação (insetos), na radiodesinfecção (patógenos) e na esterilização de embalagens. Em tecnologia de alimentos se preconiza a congruência de técnicas para preservação de alimentos e, neste sentido, a irradiação é um processo que pode ser empregado isoladamente ou conjuntamente com outras tecnologias, tais como resfriamento, calor, congelamento e embalagem (WIENDL, 1997). 1.3. Legislação sobre radiação No Brasil, a primeira legislação sobre o emprego da radiação ionizante como processo de conservação foi estabelecida através do Decreto-Lei número 72.718, de 29 de agosto de 1973. As Portarias número 9, de março de 1985 e número 30, de 25 de setembro de 1989, aprovadas posteriormente pela Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos, foram revogadas pela Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001, da Agência nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2001). Esta resolução estabelece que qualquer alimento poderá ser tratado por radiação desde que sejam observados as seguintes condições:a) A dose mínima absorvida deve ser suficiente para alcançar a finalidade pretendida:b) A dose máxima absorvida deve ser inferior àquela que comprometeria as propriedades funcionais e ou os atributos sensoriais do alimento; c) A embalagem deve ter condições higiênicas aceitáveis para o processo de irradiação; d) O rótulo deve conter os dizeres “Alimento Tratado POR PROCESSO DE IRRADIAÇÃO”; e) Quando um produto irradiado é utilizado como ingrediente em outro alimento, deve declarar essa circunstância na lista de ingredientes, entre parênteses, após o nome do mesmo. Thankur & Singh (1995) destacaram a necessidade de se adotar uma legislação, que seja mundialmente aceita, para facilitar o comércio internacional de alimentos irradiados e ajudar no desenvolvimento do mercado para estes produtos. O mesmo é enfatizado por Hackwood (1991) que afirma que a desarmonia que existe nas legislações e regulamentos relacionados com a irradiação de alimentos é o maior inibidor na comercialização de alimentos irradiados. A falta de harmonia constitui uma barreira para o comércio internacional. Quando utilizado dentro dos limites permitidos pela legislação, apresenta inúmeras vantagens, a saber: não provoca aumento na temperatura, não deixa resíduos tóxicos, não altera significativamente o aspecto, o sabor e as qualidades nutritivas dos alimentos, deixando-os o mais perto possível do seu estado natural. No aspecto financeiro, a utilização torna-se economicamente viável, tanto no que se refere ao custo da operação quanto à durabilidade de produtos perecíveis, pois aumenta à vida útil de grãos armazenados, dando ao produtor a opção de comercializá-lo após o período de pico de safra, conseguindo assim, preços melhores (ICGFI, 1999; RELA et al., 2005). 1.4. Conceitos Gerais As radiações são classificadas em duas categorias: radiação ionizante (raios X, raios gama, elétrons, partículas alfa, etc.), que interage com átomos ou moléculas, ou seja, é capaz de converter átomos e moléculas em íons pela remoção de elétrons de suas órbitas; e radiação não ionizante (ondas de rádio, TV, microondas, radiação infravermelha, luz visível), que não possui energia suficiente para arrancar elétrons dos átomos, sendo, portanto, inofensiva ao homem (RUSTOM, 1997). As radiações ionizantes podem ser formadas por partículas energéticas carregadas, como os prótons, elétrons, pósitrons e partículas alfa, bem como nêutrons (eletricamente neutro), embora a dificuldade de penetração não permita a utilização de algumas delas em alimentos. As radiações eletromagnéticas de alta frequência (fótons com alta energia) estão representadas pelos raios-X e os raios gama. A radiação ionizante inativa os organismos deteriorantes de alimentos, tais como as bactérias, os bolores, as levedu- ras. Pelo fato de controlar as mudanças biológicas normais associadas à maturação, à germinação e ao envelhecimento, é considerado um processo eficaz para prolongar o tempo de conservação de frutas frescas e hortaliças. Também demonstra eficácia no controle de vermes e insetos que, presentes em alimentos, comprometem a qualidade dos mesmos levando a rejeição do produto pelos consumidores. É importante lembrar que a própria atividade metabólica dos insetos pode contribuir para tornar o substrato mais susceptível à contaminação fúngica e bacteriana, aumentando as perdas econômicas e reduzindo o valor nutritivo dos alimentos (BRIGIDE, 2002). Existe um interesse crescente no desenvolvimento da irradiação como um tratamento quarentenário para o comércio internacional, uma vez que a irradiação é uma técnica efetiva na desinfestação de pragas, podendo ser usada para tratamento de uma grande variedade de frutas frescas, vegetais e flores (ARTHUR, 1996). É importante salientar que as radiações utilizadas no processamento de alimentos não possuem energia suficiente para provocar qualquer reação nuclear na matéria e, portanto, não deixam nenhum resíduo radioativo no material submetido a esse tipo de radiação. Por essa razão, o alimento ou qualquer outro material submetido a esse tipo de radiação não se torna radioativo (MAXY, 1992; SATIN, 1993). O parâmetro utilizado para se mensurar a radiação se fundamenta na quantidade de energia depositada no material irradiado, referida como dose absorvida. A unidade de dose de absorção adotada é o Gray (Gy), onde 1 kGy é equivalente à absorção de 1 joule/Kg (DIEHL, 1992). Nos processos industriais é fundamental que se conheça a quantidade de energia absorvida pelo material quando ele é exposto à radiação ionizante, isto porque, os efeitos químicos, físicos e biológicos causados pela radiação nos materiais são dependentes da energia absorvida (SATIN, 1993). A adequação nutricional dos alimentos irradiados é sumarizada em muitas revisões, as quais nos mostram claramente que as alterações ocorridas nos alimentos são mínimas ou, em alguns casos, nulas quando se é respeitada a dose certa para cada tipo de alimento (DIEHL et al., 1994). Em geral, o processo de irradiação nas doses recomendadas acarreta poucas alterações químicas nos alimentos. Segundo Diehl (1992; 1995), nas doses de até 1kGy, as perdas nutricionais são consideradas insignificantes e nenhuma das alterações conhecidas encontradas nos alimentos irradiados é nociva ou perigosa, estando dentro dos limites encontrados normalmente para alimentos (SATIN, 1993; DELINCÉE et al., 1998). Em 1992, a Americam Medical Association afirmou que o alimento irradiado, produzido de acordo com as Boas Práticas de Fabricação (BPF), deve ser considerado seguro e nutricionalmente adequado, pois: 1-não induz a alteração na composição do alimento, que do ponto de vista toxicológico, poderiam levar a efeitos adversos à saúde humana; 2-não introduz alterações na microflora do alimento, que poderiam aumentar o risco microbiológico para o consumidor; 3- não leva a perdas nutritivas, que poderiam impor efeitos adversos ao estado nutricional individual ou populacional (SPOLAORE et al., 2003). 1.5. Efeitos químicos da radiação ionizante 1.5.1. Radiólise e radicais livres A água está presente em todos os alimentos, em uma proporção de 90 % nos vegetais, 80 % nas frutas, 60 % em carnes e 40 % em pães. Geralmente os produtos desidratados contêm uma menor proporção de água: 13 % para farinha de trigo, 10 % para vegetais desidratados, 5 % para castanhas. Quando a radiação ionizante interage com a água, ocorre um fenômeno denominado radiólise da água (DIEHL, 1995). Quando água é irradiada com radiações ionizantes, várias espécies de radicais livres são formadas. A primeira consequência da radiólise gama da água é a formação de espécies excitadas, que por sua vez se decompõem em espécies reativas. Estas espécies, ao reagirem entre si e com outras moléculas presentes, podem formar outras espécies, tais como radicais, íons, elétrons aquosos, átomos de hidrogênio, produtos moleculares e produtos gasosos como apresentado a 33 seguir, onde as espécies formadas prioritariamente são •OHe e-aq.(CAMPOS et al., 2004). Radicais livres são átomos ou moléculas que possuem um ou mais elétrons desemparelhados disponíveis para formar ligações químicas. São espécies muito reativas, geralmente, com um tempo de vida muito curto, em virtude da capacidade de gerar outros radicais, por reação com uma molécula neutra, sendo o novo radical capaz de repetir o processo, estabelecendo assim, reações muito rápidas em cadeia (BUCHALLA et al., 1993). Os produtos oriundos da radiólise da água são: 1) Radical hidroxila (•OH); 2) Elétron aquoso (e-aq); 3) Átomo de hidrogênio (•H); 4) Hidrogênio (H2); 5) Peróxido de hidrogênio (H2O2); 6) Próton hidratado(H3O+) (DIEHL, 1995). O radical hidroxila (•OH), o elétron aquoso (e–aq) e o átomo de hidrogênio (•H) são produtos da radiólise muito reativos, entretanto, o hidrogênio (H2) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) são endoprodutos da radiólise da água, muito estáveis por causa da seguinte reação: H2O2 + e–aq→ •OH + OHH2 + •OH → H2O + •H Eles são consequentemente produzidos em baixas quantidades, mesmo quando as doses de irradiação são muito altas. A saturação da água com o oxigênio pode aumentar, intensamente, a produção de H2O2. A formação do H2O2, conhecido por ser um agente oxidante, tem grande significado na irradiação de alimentos. O •OH é um poderoso agente oxidante e o e-aqé um forte agente redutor. O •H é um agente redutor menos efetivo. Considerando que todos os alimentos contêm substâncias que podem ser oxidadas ou reduzidas, as reações acima descritas são esperadas quando alimentos que contêm água são irradiados (DIEHL, 1995). Corre & Venaille (1988) afirmaram que radicais livres, oriundos da radiólise da água intracelular, são os produtos responsáveis pelos danos celulares, e que, ao contrário dos produtos com elevado teor de água, a desidratação favorece a um aumento da radiorresistência dos microrganismos. 1.5.2. Influência do oxigênio A presença ou ausência de oxigênio 34 durante a irradiação é de grande importância durante o curso da radiólise. A água, em equilíbrio com o oxigênio do ar, contem baixas concentrações de oxigênio. Os átomos de hidrogênio podem reduzir o oxigênio para o radical hidroperóxido, que é um agente antioxidante fraco (DIEHL, 1995). •H + O2 → •HO2 Em equilíbrio com radical ânion superóxido: •HO2→ H+ + •O2– Outro caminho para a formação do •O2- é a reação de elétron aquoso com oxigênio: e–aq + O2 → •O2– Através da remoção de agentes redutores (e-aqe •H), a importância do radical •OH e, portanto, o papel das reações de oxidação, se torna maior em soluções oxigenadas. Ambos radicais hidroperóxido (•OH) e radicais superóxido (•O2-) podem causar o aumento do peróxido de hidrogênio (H2O2): 2 •HO2 → H2O2 + O2 •O2– + •HO2 + H+ → H2O2 + O2 Como demonstrados anteriormente, muitos outros radicais são produzidos quando os alimentos são irradiados. O oxigênio pode acrescentar alguns dos radicais, levando ao aumento de radicais peróxidos (GRANT et al., 1991). A radiossensibilidade das bactérias é menor em condições de anaerobiose, em contrapartida o efeito letal das radiações ionizantes aumenta em presença de oxigênio, provavelmente pela oxidação dos lipídios de membrana, que reduz a energia e o material necessário para a reparação das lesões (CORRE & VENAILLE, 1988). 1.5.3. Influência do pH O pH de um sistema aquoso é outro fator que pode influenciar o resultado do tratamento com irradiação, por causa do equilíbrio das reações (descritas abaixo), que são pH dependentes. e–aq+ H+D •H •H + OH- De-–aq Em meio ácido ocorre o desaparecimento de elétrons hidratados (1a equação), enquanto que em meio alcalino há um favorecimento da formação de elétrons hidratas (2a equação) (DIEHL, 1995). 1.5.4. Influência da temperatura O frio pode promover efeito protetor aos efeitos da radiólise. Em temperaturas baixas, como -2 ºC ocorre maior difusão de moléculas e radicais livres, se comparado a -10 ºC e uma proporção ainda menor quando comparado com -80 ºC (DIEHL, 1995). As reações intermediárias da radiólise da água são interrompidas em materiais congelados e são, desta forma, mantidos inertes das reações entre os radicais livres ou com o substrato. Quando o material alcança novamente a temperatura ambiente, os danos no substrato são muito menores do que em produtos não congelados, quando irradiados (LEY et al., 1970). O gelo funciona como um radioprotetor, reduzindo a formação de radicais livres (CORRE & VENAILLE, 1988). 1.5.5 Efeitos direto e indireto Quando a radiação ionizante é absorvida em materiais biológicos, esta atua diretamente sobre alvos críticos da célula. As moléculas de ácido nucléico ou DNA podem ser ionizadas ou excitadas e, por meio disso, iniciar a cadeia de eventos (quebra de pontes de hidrogênio, quebra da dupla fita, formação de dímeros de pirimidina, perda das bases, etc.) que induzem a mudança biológica e a morte celular, se a mudança é suficientemente séria. Este é o efeito direto da radiação no DNA, o qual é o processo dominante quando esporos secos são irradiados. Alternativamente, a radiação ionizante pode interagir com a água do interior da célula, e produzir radicais livres, os quais podem se difundir extensivamente, atingindo e danificando o DNA. Este efeito indireto da radiação é importante em células vegetativas, cujos citoplasmas contêm cerca de 80 % de água (DIEHL,1995). Em resumo, no mecanismo direto a radiação age diretamente sobre o DNA, danificando o material genético. Já no mecanismo indireto, as moléculas como a água (que constituem cerca de 70 % das células), são quebradas pela irradiação. Seus produtos, o radical livre hidroxila (•OH) e o produto oxidante peróxido de hidrogênio (H2O2), entre outros, são muito eficientes em produzir dano biológico, ao atacar biomoléculas importantes da célula. Após a irradiação de uma solução aquosa, as moléculas do substrato são afetadas diretamente através da incidência de elétrons ou por reações com os produtos resultantes da radiólise. Inicialmente ocorrem os efeitos diretos, e mais tarde, os efeitos indiretos da radiação. Em soluções diluídas (< 0,1 M), os efeitos indiretos predominam. Já em concentrações superiores a 1 M os efeitos diretos passam a ser importantes (DIEHL, 1995). 1.5.6 Efeito da diluição O aumento da radiosensibilidade com o aumento da diluição é conhecido como efeito da diluição. Quando uma solução diluída é irradiada, a extensão da degradação do soluto depende do número de radicais reativos disponíveis para a reação com as moléculas do soluto. A enzima pectinase apresenta uma alta radiorresistência quando irradiada em estado seco, mas é amplamente inativada quando irradiada em soluções (FARKAS, 1985). 1.5.7. Efeitos biológicos da radiação ionizante A radiação pode causar uma variedade de efeitos físicos e bioquímicos nos microrganismos. A destruição ou inativação dos microrganismos pela irradiação ocorre em progressão geométrica (HANSEN & SHAFFER, 2001). Segundo Corre & Venaille (1988), as modificações no DNA e RNA incluem a hidratação da citosina, ruptura das pontes de hidrogênio, formação de pontes entre duas hélices ou entre partes de uma mesma hélice, entre outras. Como consequência, ocorre o bloqueio da duplicação de DNA (quando não existe um sistema de reparação adequado), paralisação da síntese de proteína, quando o RNA mensageiro reencontra um códon radiomodificado, para o qual não existe um RNA de transferência. Enfim todos estes processos têm como consequência a inibição da reprodução e crescimento dos microrganismos. As moléculas de DNA são enormes quando comparadas com outras moléculas, dentro de uma estrutura celular, por isso constituem o alvo principal dos efeitos da radiação. Considerando que a sensibilidade de macromoléculas à irradiação é proporcional ao seu peso molecular, uma dose de 0,1 kGy sobre uma célula bacteriana irá danificar 2,8 % do DNA, enquanto que a mesma dose irá danificar 0,14 % das enzimas e apenas 0,005 % dos aminoácidos. O dano em 2,8 % do DNA é letal para uma grande fração das células irradiadas, e isto pode ser facilmente observado pelo decréscimo das unidades formadoras de colônia (UFC) em meio de cultura; contudo o dano de 0,14 % sobre as enzimas dificilmente é detectado, apenas por sofisticados métodos analítico e, no caso dos aminoácidos, não é possível detectar em sistemas biológicos (DIEHL, 1995). As células apresentam diferentes sensibilidades aos efeitos somáticos da radiação ionizante, dependendo do tipo e da fase de seu ciclo de reprodução. Células em divisão, ou as que são metabolicamente ativas, ou ainda, as que se reproduzem rapidamente são mais sensíveis que aquelas altamente diferenciadas (OKUNO, 1988). Geralmente os organismos mais simples são mais resistentes aos efeitos da radiação ionizante. Por exemplo, os vírus são mais resistentes que os bolores que, por sua vez, são mais resistentes que os seres humanos (MONK et al.,1995). A TAB. 1 apresenta dados de diferentes procedências, relativos às doses aproximadas de radiação necessárias para destruir diferentes tipos de microrganismos. A eficácia da ação bactericida e fungicida de uma determinada dose de radiação depende dos seguintes fatores: 1) Tipo e espécie de microrganismos; 2) Número de microrganismos (ou esporos) existentes inicialmente; 3) Composição do alimento (constituintes do alimento como as proteínas, enzima catalase e substâncias redutoras exerçam sobre os microrganismos uma ação protetora); 4) Existência ou falta de oxigênio; 5) Estado físico, quantidade de umidade e a temperatura do alimento exerce uma influência diferente nos microrganismos; 6) Fatores próprios dos microrganismos (idade, a temperatura ótima de crescimento,células vegetativas ou esporuladas) podem influir no nível de sensibilidade dos microrganismos (MURANO, 1995). 1.6. Efeitos da radiação em fungos e micotoxinas em alimentos Salama et al. (1977) relataram que a resistência fúngica à radiação é devido ao conteúdo de água no micélio e à produção de radioprotetores químicos naturais. Alguns autores postulam que os fungos elaboram numerosos produtos metabólicos como álcoois, ácidos, enzimas, pigmentos corantes, polissacarídeos, esteróis e alguns produtos de natureza complexa como ergotinina, antibióticos como penicilina, notatina, flavicina, fumigacina e espinosilina. Citam ainda, que tais constituintes intracelulares fúngicos (compostos sulfídricos, pigmentos, amino ácidos, proteínas e ácidos graxos) são os responsáveis pela radioresistência (Aziz et al., 1997; Silveira, 1995). TABELA 1. Doses letais aproximadas de radiação ionizante Organismos Humanos Dose (kGy) 0.0056-0.0075 Insetos 22-93 Vírus 10-40 Leveduras 4-11 Fungos filamentosos 1.3-11 Escherichia coli (Gram negativa) 1.0-2.3 Salmonella spp. (Gram negativa) 3.7-4.8 Bacillus subtilis (esporos) 12-18 Clostridium botulinum (A) (esporos) 19-37 Staphylococcus aureus (Gram positivo) 1.4-7 Fonte – Adaptado de Frazier & Westhoff, 1993 35 Abou Shady et al. (1992) concluíram que a resistência à radiação é proporcional à concentração total de lipídios em células bacterianas. Aziz et al.,(1997) relaciona a radioresistência de esporos com a porcentagem dos lípides totais do micélio. Os mesmos autores relataram que a quantidade de lipídios no micélio de A. flavus é de 7,8 %. A melanina, um pigmento e polímero que protege organismos contra os raios UV, também pode determinar a radiorresistência, especialmente em fungos demáceos (negros). Aquino et al. (2010) demonstraram a radiorresistência de Phoma spp. à radiação gama na dose de 5 kGy em plantas medicinais. Outros estudos também demonstraram uma elevada resistência de fungos demáceos (Alternaria alternata, Cladosporium cladosporioides, Curvularia lunata, etc.) à radiação gama (SALEH et al.,1988; BRAGHINI et al. 2009a). Foi observada a sobrevivência de Cladosporium spp. e Rhizopus spp. (Fig. 1) em 10 % das amostras irradiadas de guaraná em pó e em grãos em dose de 5 kGy (AQUINO et al., 2007). Leveduras são mais resistentes em relação aos fungos filamentosos. A aplicação de diferentes doses de feixes de elétrons e radiação gama (0, 2,5; 5; 7,5; 10; 15 e 30 kGy) para descontaminação de sementes de Lotus, revelou uma significativa dose-dependência na redução da contaminação fúngica (BHAT et al., 2005). Os autores observaram que as leveduras sobreviveram às doses eleva- das (acima de 10 kGy) e foram completamente eliminadas com a dose de 15 kGy. Isso se explica uma vez que o substrato pode conter agentes protetores ou antioxidantes (conhecidos como scavengers) os quais podem conferir uma ação protetora de fungos contra os efeitos da radiação. Schubert (1981) mencionou que scavengers podem reagir com radicais livres (originados da radiólise) conferindo um efeito protetor ou reduzindo os danos causados pela radiação, nas células fúngicas e que, seriam atacadas por tais radicais livres. Isso explica as elevadas doses para a descontaminação (10 e 15 kGy) recomendadas para leveduras, uma vez que durante a fermentação, as leveduras produzem ácido lático, ácido acético e álcool, substancias que podem agir como antioxidantes (scavengers), dando um efeito protetor para as leveduras contra os radicais livres formados pela irradiação no meio (AQUINO, 2011). Existem um número de estudos conflitantes que demonstram diferentes resultados na degradação de micotoxinas em condições laboratoriais. Muitos estudos demonstraram que diferentes linhagens, condições de esporulação, umidade e dose de irradiação podem afetar o crescimento fúngico e produção de micotoxinas. (AZIZ & MOUSSA, 2002; VAN DYCK et al., 1982; PASTEUR & BULLERMAN, 1988; MITCHELL, 1988). Várias publicações sugerem que fungos são sensíveis à radiação gama e que a produção de micotoxinas diminui após a irradiação de alimentos (REFAI et al., Figura1. Efeito da radiação gama em Rhizopus spp. nas doses de 0, 2, 5 e 10 kGy (AQUINO et al. 2007). 36 1996; Youssef et al., 1999). Neste sentido, Aziz et al., (2002) demonstraram redução na concentração de AFB1 em ameixas e tâmaras irradiadas com a dose de 3,5 kGy e estocadas em refrigeração durante 28 dias, em relação ao dia 0 (sem irradiação). Amostras de trigo e farinha de trigo foram coletadas em mercados no Egito e submetidas à análise quanto à presença de micotoxinas (desoxinivalenol-DON, zearalenona-ZEA e toxina T-2), produzidas por fungos do gênero Fusarium, e quanto ao uso de radiação gama como medida de controle na produção de micotoxinas. Doses de 6 kGy foram satisfatórias na eliminação da flora fúngica presente nas amostras. Uma redução nas concentrações de DON, ZEA e toxina T-2 foram observadas em doses de 4 kGy, porém a eliminação completa das micotoxinas foi obtida em doses de 8 kGy (AZIZ et al., 1997). A presença de água livre no substrato ou a Atividade de água (Aw) tem um importante papel na degradação de aflatoxinas com o emprego de radiação gama, uma vez que a radiólise da água (efeito indireto) leva à formação de radicais livres altamente reativos. Esses radicais atacam diretamente a AFB1 no anel terminal furano, gerando produtos de baixa atividade biológica (DIEHL, 1995). Aquino et al. (2005) estudaram a influência da Aw na redução de aflatoxinas em milho, usando as doses de 2 e 5 kGy. A redução de AFB1 foi de 68.9 % e AFB2 foi 97.6 %, nas amostras submetidas à dose de 2 kGy. A redução de AFB1 e AFB2 foi menor em amostras irradiadas com 5 kGy, na ordem de 46 % e 94 %, respectivamente, embora a dose fosse maior. A elevada sensibilidade de AFB1 e AFB2 nas amostras irradiadas com 2 kGy, comparada à 5 kGy pôde ser explicada pelos elevados valores da Aw nas amostras irradiadas com 2 kGy, de 0.91, se comparada com as amostras irradiadas com 5 kGy, cuja Aw era mais baixa (0.88). No mesmo estudo, foi demonstrado que a dose de 10 kGy, associada com uma elevada Aw (0.94), resultou em níveis não detectáveis de AFB1 e AFB2 nas amostras de milho. Esses dados demonstraram que com elevados valores de Aw o efeito da radiação gama é mais efetivo no controle de aflatoxinas em um substrato. Braghini et al. (2009b) estudaram os efeitos da radiação gama, usando 3 diferentes doses, na produção da toxina alternariol (AOH) e alternariol monometil éter (AME) em sementes de girassol, inoculadas com esporos de Alternaria alternata e irradiadas com 2; 5 e 7 kGy. A Aw de todas as amostras foram ajustadas para 0.98 e os dados revelaram uma diminuição dos níveis de toxinas proporcional ao aumento das doses empregadas. A produção de AOH e AME foi maior no grupo controle (sem irradiação) quando comparadas ao grupo irradiado.O percentual de redução de AOH e AME foi de 99 % para ambas as toxinas nos grupos irradiados com 5 e 7 kGy. Aziz et al. (2002), analisando micotoxinas em frutas, revelou a ocorrência de ácido penicílico, patulina, ácido ciclopiazônico, citrina, ocratoxina A e aflatoxina B1. As frutas foram irradiadas com doses de 1,5 e 3,5 kGy, onde foi verificado um decréscimo na contagem do número de células viáveis fúngicas e, em doses de 5 kGy, as micotoxinas não foram detectadas. Aziz et al. (2007) analisaram o controle de Fusarium e da fumonisina B1 em grãos de cereais através da radiação gama e com a dose de 5 kGy reduziram os níveis da toxina em 96,6 %, 87,1 % e 100 % nos grãos de trigo, de milho e cevada, respectivamente. Porém com a dose de 7 kGy, ocorreu a eliminação total da toxina nos grãos de trigo e milho. Algumas micotoxinas apresentam mais resistência à degradação, como as fumonisisnas. A redução nos níveis de fumonisinas após a irradiçãoforam estudadas por Ferreira- Castro et al. (2007) usando amostras de milho contaminadas artificialmente com Fusarium verticillioides. A dose aplicada foi de 5 e 10 kGy, com uma redução de 21 % e 62.5 %, respectivamente. Ainda neste estudo, foi demonstrado que a dose de 10 kGy não foi suficiente para a completa degradação de fumonisina, mesmo com a Aw das amostras variando entre 0.83 e 0.86. Os resultados deste estudo corroboram com os dados encontrados por Visconti et al. (1996) que observaram que a dose de 15 kGy eliminou os fungos contaminantes em farinhas, mas a redução de fumonisinas foi aproximadamente de 20%. Aziz et al. (1997) observaram que a dose de 6 kGy eliminou os fungos em farinha de trigo, mas foi necessário empregar a dose de 8 kGy para a degradação de fumonisinas. AZIZ, N.H.; EL-FOULY, M.Z.; ABU-SHADY, M.R.; MOUSSA, L.A.A. 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Nesse método, partículas virais purificadas (normalmente por ultracentrifugação em gradiente de CsCl) são analisadas utilizando espectrofotômetro na absorbância em 260nm. Medidas de densidade ótica são relacionadas com o coeficiente de extinção molar, que é a capacidade de uma determinada quantidade de substância absorver luz a um dado comprimento de onda. Esse método depende do conhecimento prévio desse coeficiente que por vezes não está disponível na literatura (Maizel, White & Scharff, 1968). Métodos biológicos normalmente 40 dependem da detecção de efeito citopático sobre culturas de células, detecção de formação de placas visíveis em monocamada de células ou a detecção do produto de transgenes em células-alvo (para vírus recombinantes). Esses métodos permitem avaliar a capacidade infectante das partículas virais e expressar essa capacidade em unidades relativas de medida. No caso do ensaio com placa as unidades são denominadas UFP (Unidades formadoras de placas) e no caso de transgenes de UTG (Unidades de Transferência de Genes). Ambas estão relacionadas diretamente com as partículas infecciosas (Mittereder, March & Trapnell, 1996). No entanto, esses métodos consomem grande quantidade de tempo em sua preparação e execução. Novos métodos utilizando o PCR quantitativo (PCRq) podem ser uma alternativa para contornar esse problema. Reações de PCRq podem ser executadas em aproximadamente 40 minutos adicionados ao tempo de preparação das placas de reação. Essa plataforma pode ser padronizada para quantificar grande variedade de vírus com boa eficiência e baixo limite de detecção (Yáñez et al., 2011). O método padrão de quantificação em reações de PCRq atualmente é o método Ct (cycle threshold), que depende do usuário para determinar o nível de amarração de fluorescência para as reações, o que pode levar a grande variação na quantificação dos resultados inter-usuários. Apesar de ser um procedimento simples, a precisão das estimativas é imprecisa se a eficiência de todas as reações não for a mesma (i.e., presença de inibidores em algumas amostras). De fato esse método pressupõe uniformidade na eficiência das reações (Guescini, Sisti, Rocchi, Stocchi & Stocchi, 2008). Outros métodos baseiam-se em regressões não lineares, dentre eles, o proposto por Guescini et. al (2008). Esse método proposto por esse grupo de pesquisadores italianos ajusta uma curva por regressão não-linear aos resultados do PCR em tempo real e determina o parâmetro Cy0 (relacionado com o Ct) definido por esse grupo de pesquisadores. A vantagem desse método é evitar a suposição de que todas as reações possuem a mesma eficiência, o que pode reduzir erros devido a inibidores co-extraídos com o DNA viral. Figura1. Exemplo de curva de amplificação, ΔRn em função do ciclo reacional, com linha de amarração para quantificação com o método Ct. Abscissa (eixo X) representa os ciclos reacionais. A ordenada (eixo Y) é o ΔRn, que é a diferença da fluorescência do fluoróforo (SYBR®), que interage com o fita dupla de DNA, com a fluorescência do fluoróforo de referência (ROX). Métodos de Ciclo “Threshold” – Ct Atualmente o método de escolha no cálculo de PCR em tempo real é geralmente baseado no método de ciclo de “threshold”. Esse ciclo é determinado como o número do ciclo fracionário na região logarítmica da curva de amplificação onde a reação atinge uma quantidade fixa de produtos de PCR. Esse ponto de ajuste é realizado traçando-se uma linha paralela à abscissa da curva de fluorescência do real-time cuja posição é determinada pelo usuário (Bustin, 2004). A Figura 1 mostra uma reação de PCRq utilizando o método Ct. A linha de amarração, paralela à abcissa, em rosa está indicando o ponto de ajuste escolhido para essa reação. Em reações com eficiências diferentes, o método Cy0 apresenta menor erro nas quantificações quando comparado com o método Ct (Figura 3) (Guescini et al., 2008). Sua precisão também é mantida mesmo em reações com diferentes eficiências, em que outros métodos são sensíveis a essas variações. O nosso grupo de pesquisa testou ambos os método (Cy0 e Ct) em quantificações de adenovírus e não observamos diferença entre os resultados utilizando os dois métodos quanto ao valor total alcançado. Esses resultados indicam a ausência de inibidores nas reações que realizamos. Porém, observamos tendência de menor variação para o método de Cy0. A menor variação dos resultados foi observada para quantificações de concentrações de DNA até determinada quantidade (∼104 genomas por µL). A quantificação de amostras com baixa concentração (<104 genomas por µL) de DNA para o método Cy0 apresentou maior variação do que utilizando o método Ct. A regressão não linear dos Método de ajuste nãolinear - Cy0 O método Cy0 baseia-se no ajuste não linear da função de Richard (Richards, 1959), que é uma extensão da curva logística de crescimento aos resultados brutos da reação de PCRq. O valor Cy0 é o ponto de interseção entre o eixo da abcissa e a tangente do ponto de inflexão da curva de Richard obtida pela regressão não linear dos dados brutos. Esse método não assume mesma eficiência entre as reações, uma vez que determina uma curva para cada conjunto de resultados (Figura 2). Figura 2. Exemplo de ajuste dos resultados de PCR em tempo real à equação de Richard, com a reta tangente ao ponto de inflexão e a interceção com o eixo X (Cy0). Fluorescência (ΔRn), fluorescência do SYBR® green normalizada pelo fluoróforo ROX. Abscissa em valores de ciclos de reações em cadeia da polimerase. 41 Figura 3. Curva da fluorescência em função do número do ciclo da reação obtida do mesmo DNA inicial, mas em presença de quantidades decrescentes de mix de amplificação, que gera suave inibição da reação. Essa suave inibição no PCR produz curvas menos inclinadas (b e c) que o controle (a). Quando analisadas pelo método de Ct, essas curvas mostram maiores valores de Ct com coeficiente de variação de 1,45 (%) (A). Um exemplo do método Cy0 foi avaliado para o mesmo grupo de resultados. Nesse método, as reações de amplificação foram descritas pela tangente do ponto de inflexão das curvas de fluorescência. Como mostrado nessas figuras (A e B), as linhas (a, b e c) geradas pelas reações de PCR em diferentes eficiências e com mesma quantidade inicial tendem a cruzar o eixo X numa mesma região (◊), levando a pequenas variações de Cy0 (Coeficiente de variação igual a 0,6 (%)) (B). resultados depende dos resultados da reação de PCR em tempo real. Quando há baixa concentração de DNA no início da reação ocorre deslocamento da curva de fluorescência no eixo x para a direita. Isso significa que parte da informação relacionada com a fase de platô da reação não é obtida uma vez que a reação não possuiu ciclos suficientes para permitir que amostras com baixa concentração de DNA atingisse esse platô. A ausência dessa região leva a menor precisão no ajuste não linear e, portanto a uma maior variação. Aumentar o número de ciclos reacionais pode levar a uma redução nessa variação e melhorar a quantificação para essa condição. Outra saída pode estar vinculada a uma solução matemática e computacional, talvez a implementação de novo algoritmo (sequência de instruções de cálculos) que contorne esse problema na quantificação em baixas concentrações de DNA. O desenvolvimento de novos métodos e o aperfeiçoamento dos atuais são alternativas que podem fornecer resultados e soluções para diferentes áreas 42 da ciência e da tecnologia. É importante ressaltar que métodos baseados em PCR em tempo real possuem o potencial para atingir as necessidades de laboratórios de pesquisa, de análises clínicas e também de indústrias biofarmacêuticas que desejem trabalhar com vírus. Por isso é importante estudar e padronizar uma técnica de quantificação precisa, exata e robusta, que traga resultados confiáveis e permita a comparação de resultados entre grupos diferentes. Referências Bustin, S. A. (2004). A-Z of Quantitative Pcr (p. 882). International University Line. 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A certificação do produto começou a ser uma exigência do mercado e os fabricantes passaram a se preocupar mais em adequar sua produção e seus produtos dentro de parâmetros qualitativos e com preços competitivos. O programa de certificação da SBM visa certificar produtos quanto a sua qualidade microbiológica e/ou sua capacidade germicida. O processo de certificação pela SBM segue um programa internacional, cujas diretrizes emanam da Organização Mundial de Saúde. O primeiro produto a receber o Selo de Qualidade da SBM foi o Dettol® produzido pela empresa Reckitt-Benckiser nas formas de sabonete em barra, sabonete líquido e gel anti-séptico. Este selo foi concedido após avaliação de parecer técnico-específico emitido por especialistas indicados pela SBM. Como solicitar o Selo SBM As empresas interessadas em encaminhar seus produtos para avaliação do programa de certificação da SBM devem: - Enviar carta à Sociedade Brasileira de Microbiologia e solicitar que o produto, fabricado ou comercializado no Brasil seja analisado para receber o Selo de Qualidade SBM; - Também é preciso enviar estudos já realizados sobre o produto, como análises, pesquisas e formulação, além de informações adicionais que houver; - Caso a comissão de avaliação achar necessário, novos testes em laboratórios credenciados poderão ser solicitados. Vigência é de 24 meses Depois do envio deste material, o SBM firma com a empresa solicitante um protocolo de pesquisa, informando os objetivos, procedimentos e tempo de estudo. A realização dos ensaios dura entre 30 a 90 dias e todas as análises realizadas, materiais e equipamentos utilizados obedecem a normas específicas para cada produto. Sendo o produto aprovado, deverá a Empresa assinar um Contrato que rege todos os pontos do relacionamento com a SBM, passando a efetuar um pagamento mensal pela utilização da marca. Este valor mensal também é definido conforme o resultado da análise do Questionário de Perfil da Empresa. Para tornar possível mais essa atividade da SBM, foi realizado um convênio de parceria com empresa tradicional em proficiência, a Controllab. Para obtenção de maiores esclarecimentos entre em contato com: [email protected] 43 SBM in foco - A forma direta de falar com os microbiologistas. Apresentamos o plano de comercialização para 1 ou 4 edição (ões) da Revista Microbiologia in Foco. Periódico da Sociedade Brasileira de Microbiologia, com tiragem de 2000 exemplares e distribuição gratuita. Revista de informação e divulgação sobre temas em bacteriologia, micologia e virologia nas várias áreas de abrangência da Microbiologia: ambiental, agrícola, básica, de alimentos, industrial, médica humana e veterinária e oral. A revista ainda conta com espaços para divulgação de consensos, agenda científica, atualidades e oportunidades de trabalho. Venha fazer parte deste veículo de informação atualizada! Atenciosamente, Marina Baquerizo Martinez e Carlos P. Taborda - Editores Sociedade Brasileira de Microbiologia VALORES: Capa Final Interna Capa Final Externa ½ página (par) Página Inteira (par) ½ página (impar) Página Inteira (impar) 1 edição R$ 2.000,00 1 edição R$ 2.500,00 1 edição R$ 1.000,00 1 edição R$ 1.850,00 1 edição R$ 1.350,00 1 edição R$ 2.150,00 4 edições – R$ 4.000,00 cada 4 edições – R$ 5.200,00 cada 4 edições – R$ 1.600,00 cada 4 edições – R$ 3.600,00 cada 4 edições – R$ 2.400,00 cada 4 edições – R$ 4.400,00 cada FORMA DE PAGAMENTO: 15 dias após a edição da Revista, através de boleto bancário com recibo oficial. página inteira 21 x 28 cm 1/2 página 18 x 12 cm Para anunciar entre em contato com Jair Cagnotto: E-mail: [email protected] Telefone: (11) 3813-9647 ou 3037-7095 www.sbmicrobiologia.org.br 44 Agenda in Foco AGENDA 2013 Início das inscrições e submissão dos resumos 04 de fevereiro de 2013 www.sbmicrobiologia.org.br/27cbm Prezados Colegas Microbiologistas É com enorme satisfação que informamos que o 27° Congresso Brasileiro de Microbiologia, organizado pela Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM) será realizado no período de 29 de setembro a 03 de Outubro de 2013, no Centro de Convenções de Nata, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. Estamos trabalhando para elaborar um evento de alto nível científico e planejamos oferecer uma programação científica atrativa que abordará temas relevantes e atuais para que você se sinta estimulado a participar. Comece a se preparar para participar deste congresso que está sendo formatado pensando em oferecer, com conforto e qualidade, ciência de alto nível e a oportunidade de aproveitar tudo de bom o que a cidade de Natal e região têm a oferecer. Estamos certos de que o 27° CBM será um sucesso. Esperamos encontrá-los para compartilhar novos conhecimentos. Um abraço, Adalberto Pessoa Junior Presidente - SBM 45 FIQUE SÓCIO Os sócios da SBM têm direito a descontos especiais nos eventos promovidos ou patrocinados pela SBM. Para usufruir do desconto de associado em nossas atividades é imprescindivel estar anuente a dois anos consecutivos com a sociedade. Além disso, têm acesso livre à revista científica Brazilian Journal of Microbiology (BJM) e que se destina à publicação de trabalhos de pesquisa originais, notas breves e revisões, envolvendo todos os aspectos da Microbiologia. É considerada uma das revistas científicas mais importantes do nosso país. O BJM tem uma política muito severa de avaliação dos trabalhos submetidos à publicação, sendo cada manuscrito avaliado por pelo menos dois revisores criteriosamente selecionados. A revista Microbiologia in Foco tem o objetivo de promover o intercâmbio de informações científicas entre os associados, publicando os autores nacionais de expressão. Adota o mesmo critério de avaliação e excelência que a SBM sempre adotou. Enviaremos o último número da Microbiologia in Foco a todos os novos associados, após sua efetiva associação. Fique sócio da SBM. Veja informações no site: www.sbmicrobiologia.org.br Lembre-se: um sócio da SBM integra a maior e mais representativa associação da comunidade científica que atua na microbiologia nacional. Valores para associação Categoria de Sócio ............................................... Anuidade 2012 Aluno de Graduação....................................................R$ 85,00 Aluno de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado)......R$ 135,00 Aluno de Pós-Doutorado..............................................R$ 165,00 Profissional..................................................................R$ 195,00 Assinatura Jurídica......................................................R$ 355,00 Biênio 2012-2013 SBM 2012-2013 Presidente Adalberto Pessoa Junior, USP-SP 1º Tesoureiro Carlos Pelleschi Taborda, USP-SP Vice Presidente Alexandre Soares Rosado, UFRJ-RJ 2º Tesoureiro Maria Cristina Dantas Vanetti, UFV-MG 1º Secretário Carla Taddei de Castro Neves, USP-SP Conselho Fiscal Bernadette D.G.M. Franco, USP-SP Sergio E. L. Fracalanza, UFRJ-RJ Agnes Marie Sá Figueiredo, UFRJ-RJ 2º Secretário Lauro Santos Filho, UFPB-PB Representantes de Área SBM 2012-2013 Coleções de Cultura Manuela da Silva, Fiocruz/RJ Carlos Augusto Rosa – UFMG/MG Microbiologia Clínica Elizabeth de Andrade Marques – UERJ/RJ Marina Baquerizo Martinez – FCF/USP Parasito-Hospedeiro Sandro R. de Almeida – USP/SP Dario Simões Zamboni – USP/RP Ensino Karla Tereza Silva Ribeiro – UFPA/PA Marcela Pelegrine Peçanha – PUC/SP; UNISO Microbiologia Industrial Luiz Henrique Guimarães – USP/Ribeirão Preto Eleni Gomes – UNESP/Rio Preto Microbiologia do Solo Itamar Soares de Melo – Embrapa/SP Vânia Maria Maciel Melo – UFC/CE Infecções Hospitalar Ana Lúcia Darini – USP/RP Afonso Luis Barth – UFRGS/RS Microbiologia Veterinária Microbiologia Médica Rinaldo Aparecido Mota – UFRPE/PE Leila Carvalho Campos – Fiocruz/BA Tânia Aparecida T. Gomes do Amaral – UNIFESP/SP Odir Antônio Dellagostin – UFPel/RS Microbiologia de Alimentos Bernadete G. Franco – USP/SP Ricardo Souza Dias – FUNED/MG/Metodista de Minas Micologia Célia Maria de Almeida Soares – UFG/GO Marcio Rodrigues – UFRJ/RJ Virologia Flávio Guimarães da Fonseca – UFMG/MG Luciana Barros de Arruda – UFRJ/RJ Microbiologia Ambiental Vivian Pelizari – USP/SP Raquel Peixoto – UFRJ/RJ Micotoxinas Marta Taniwaki – ITAL/SP Adriana de Almeida Palma – ITAL/SP Genética de Microrganismos e Bioinformática Artur Silva – UFPA/PA Gustavo Goldman – USP/SP