Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica MARCELO PEREIRA DE LIMA ANÁLISE BIOMECÂNICA DO CHUTE FRONTAL DE LUTADORES DE ARTES MARCIAIS MISTAS BIOMECHANICAL ANALYSIS OF THE CHUTE FRONT OF FIGHTERS OF MIXED MARTIAL ARTS São José dos Campos, SP 2014 II Marcelo Pereira de Lima ANÁLISE BIOMECÂNICA DO CHUTE FRONTAL DE LUTADORES DE ARTES MARCIAIS MISTAS Orientador: Prof. Dr. Osmar Pinto Neto Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. São José dos Campos, SP 2014 III IV V AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Antonio Pereira de Lima e Célia Moreira de Lima, que não mediram esforços para me darem a educação que tenho hoje. Minha Esposa Ladimárcia Gonçalves dos Santos eterna companheira. Meus filhos Caio Henrique Gonçalves de Lima e Felipe Gonçalves de Lima, no qual são minhas inspirações para viver cada vez melhor e foram e serão minhas fontes de energia. Ao Professor Dr. Osmar Pinto Neto por ser mestre no sentido literal que a denominação confere. Um exemplo de amor à profissão, que conduz seus alunos e a ciência com excelência, por acreditar em projetos inovadores e complexos. Sua amizade, confiança e ensinamentos dedicados. Ao Professor e amigo Dr. Felipe Arruda Moura, que prontamente me atendeu em um momento de necessidade. Certo que sua contribuição será de grande valia para o trabalho. Certamente uma pessoa com muita luz e sabedoria. A Professora e Drª Sueli Rodrigues Carrijo que sempre me incentivou a continuar com os meus estudos. Aos Professores e amigos da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos. A equipe do Arena Esportiva 235 e Crossfit Vale, que nos ajudaram nas coletas. Ao programa de Pós Graduação, que sempre foi coerente com nossas necessidades, principalmente a Sra. Nidia Domingues, sempre eficiente e disposta a ajudar, orientar e nos agraciar com sua amizade. Aos professores do programa, que em suas caminhadas nos direcionaram os melhores ensinamentos. Agradeço pelo exemplo e por todo o ensinamento adquirido. Aos amigos, que estiveram ao meu lado nesta jornada e agradáveis lembranças que serão eternamente guardadas no meu coração. Muito obrigado. VI ANÁLISE BIOMECÂNICA DO CHUTE FRONTAL DE LUTADORES DE ARTES MARCIAIS MISTAS RESUMO Neste estudo analisaram-se as características biomecânicas do chute frontal de lutadores de Artes Marciais Mistas (MMA). Participaram cinquenta e cinco atletas adultos com peso médio e desvio padrão 778 N ± 127,53 N, sendo seis atletas profissionais e os restantes amadores com um tempo médio de prática nas artes marciais de 8 ± 3 anos. Foi utilizada 1 câmera digital CASIO, (modelo EX-ZR 100), a 240 Hz. As seguintes variáveis foram quantificadas: velocidade máxima em X e em Y, aceleração máxima em X e em Y (tornozelo) na fase de ataque. No interior do boneco de pancadas (BOB), foi instalado um acelerômetro triaxial (VERNIER), que mede a vibração em três eixos: X, Y e Z. O acelerômetro possuem três cristais, posicionados de modo que cada um reaja à vibração em um eixo diferente. A frequência de aquisição vai de (0 a 100 Hz), e tem o objetivo de obter a aceleração resultante máxima após o impacto do chute realizado pelos participantes. Através da análise cinemática obtida através do BOB, pelos marcadores na cabeça e no ombro, foi obtido à aceleração e velocidade em X e em Y da cabeça e do ombro após o impacto do chute. Também foi quantificada a força do chute no momento do impacto, o ângulo do joelho da perna de ataque no momento do impacto e a força de reação do solo na posição inicial do chute, no momento do impacto (pico 1) e após o impacto (pico 2). Utilizou-se o método estatístico de regressão linear múltipla – Stepwise e o quadrado da correlação (R²). O intervalo adotado em todos os casos foi de 95% (p<0,05). Os resultados evidenciaram: a velocidade máxima do chute, (no eixo X orientado para frente 7,30 m/s ± 2,07 m/s e no eixo Y na direção vertical orientado para cima 5,63 m/s ± 1,10 m/s). A aceleração do chute (no eixo X, 62,27 m/s² ± 120,90 m/s² e em Y, 75,67 m/s² ± 97,50 m/s²). Os valores de força do chute tiveram média e desvio padrão de 2298,57 N ± 1071,05 N e os valores do ângulo do joelho, no momento do impacto, foram de 129° ± 14,70°. Conclui-se que a força do chute frontal, teve maior correlação com o ângulo do joelho, 0,284 (28%). Considerando-se a amostra analisada verificou-se que para os valores de impacto VII encontrados neste estudo é possível com um chute no MMA produzir com um único golpe um efeito efetivamente arrasador. Palavras-chave: MMA, biomecânica, chute frontal, força. VIII BIOMECHANICAL ANALYSIS OF THE FRONT KICK OF MIXED MARTIAL ARTS FIGHTERS ABSTRACT In this study we analyzed the biomechanical characteristics of the front kick fighters of mixed martial arts (MMA). Participated in fifty-five adult athletes with average weight and standard deviation 778 N ± 127.53 N, consisting of six professional athletes and the rest amateurs with an average time of practice in martial arts of 8 ± 3 years. We used 1 CASIO digital camera, model (EX-ZR 100), 240 Hz. The following variables were measured: maximum speed on X and Y, maximum acceleration on X and Y (ankle) in the attack phase. Inside the dummy shots (BOB) a triaxial accelerometer (VERNIER), measuring the vibration in three axes has been installed: X, Y and Z. They have three crystals positioned so that each responds to vibration in a shaft different, often acquisition (0 to 100 Hz) with the aim of obtaining maximum resultant acceleration of the shot after impact performed by the participants. By kinematic analysis obtained via BOB, by bullets in the head and shoulder, was obtained the average acceleration and velocity in X and in Y head and shoulder after the impact of the kick. Was also quantified, the force of the kick at the moment of impact, the knee of the leg angle of attack at the moment of impact and the ground reaction force in the initial position the kick, at the moment of impact (peak 1) and after the impact (peak 2). We used the statistical method of multiple linear regression-Stepwise and the square of the correlation (R²). The interval adopted in all cases was 95% (p < 0.05). The results showed: the maximum speed of the kick (on the X axis oriented forward 7.30 m/s ± 2.07 m/s and the y-axis vertically oriented up 5.63 m/s ± 1.10 m/s). The acceleration of the kick (in the x-axis, 62.27 m/s² ± 120.90 m/s² and in Y, 75.67 m/s² ± 97.50 m/s²). The values of the strength of the kick had mean values and standard deviation of 2298,57 N ± 1071,05 N and the values of the angle of the knee, at the moment of impact, were 129° ± 14.70°. It is concluded that the strength of the front kick, had higher correlation with the knee angle, 0.284 (28%). Considering the sample analysed it was found that for impact values found in this IX study confirm that with a kick in MMA, it is possible to produce with a single blow an effect effectively slashing. Keywords: MMA , biomechanics , front Kick, strength. X LISTA DE FIGURAS Figura 1: Quadro a quadro do movimento do chute frontal com deslocamento................................................................................ 33 Figura 2: Desenho experimental................................................................... 40 Figura 3: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados cinemáticos do pé na execução do chute frontal................ 41 Figura 4: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados da cabeça do BOB após o impacto do chute.................... 42 Figura 5: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados do ombro do BOB após o impacto do chute..................... 43 XI LISTA DE TABELAS Tabela 1: Média e Desvio padrão da aceleração e velocidade dos chutes.. 41 Tabela 2: Média e Desvio padrão da aceleração e velocidade da cabeça e do ombro após o impacto do chute............................................... 42 Tabela 3: Média e Desvio padrão dos picos de força da plataforma............. 43 Tabela 4: Teste de Stepwise para variáveis obtidas através do BOB............ 44 Tabela 5: Teste de Stepwise para variáveis dos atletas................................ 44 XII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMM – Artes Marciais Mistas MMA – Mixed Martial Arts FRS – Força de Reação do Solo DVIDEOW® - Digital Video for Biomechanics for Windows 32 bits BOB – Boneco de Pancadas KB – Kettlibell DLT – Direct Linear Transfomation DALC – Distúrbios Associados a lesão em chicote XIII SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 15 1.1. Objetivo Geral.......................................................................................... 17 1.2 Objetivos Específicos............................................................................... 18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 19 2.1. Mixed Marcial Arts (MMA)....................................................................... 19 2.2. Biomecânica............................................................................................ 23 2.3. Mecânica................................................................................................. 24 2.3.1. Cinemática............................................................................................ 24 2.3.2. Cinética................................................................................................. 25 2.4. Conceitos físicos..................................................................................... 25 2.4.1. Velocidade............................................................................................ 25 2.4.2. Aceleração............................................................................................ 26 2.4.3. Momento linear ou quantidade de movimento..................................... 26 2.4.4. Força.................................................................................................... 26 2.4.5. Energia cinética.................................................................................... 26 2.5. Áreas de estudo da biomecânica............................................................ 27 2.5.1. Antropometria....................................................................................... 27 2.5.2. Cinemetria............................................................................................ 28 2.5.3. Dinamometria....................................................................................... 28 2.5.3.1. Testes e medidas em dinamometria................................................. 28 2.5.3.2. Plataformas de força......................................................................... 29 2.5.4. Acelerômetro........................................................................................ 30 2.6. Métodos biomecânicos utilizados nos estudos de artes marciais.......................................................................................................... 31 2.7. Chute frontal............................................................................................ 32 3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................. 37 3.1. Amostra................................................................................................... 37 3.2. Procedimentos......................................................................................... 37 3.3. Análise de dados..................................................................................... 39 4. RESULTADOS............................................................................................... 41 XIV 5. DISCUSÃO..................................................................................................... 45 6. CONCLUSÃO................................................................................................. 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 49 15 1. INTRODUÇÃO As Artes Marciais nasceram há muito séculos atrás, originadas pela necessidade de autodefesa. Porém é difícil precisar esta origem, visto que a história antiga, tanto no ocidente como no oriente, por vezes é difícil de ser estudada devido a existência de poucos relatos escritos e à mistura entre a história real e as lendas dos povos antigos (TORRES, 2006). Contudo, parece existir um consenso entre os autores nesse sentido quando se trata de artes marciais, sendo impossível precisar com certeza a origem destas modalidades, mas parecem concordar que sua origem se deu na Índia, depois passando para a China e por fim o Japão (STINY, 1975.). Na luta entre tribos, os guerreiros compreenderam a necessidade do treinamento físico e especifico em lutas para obterem melhor resultado nos combates e as habilidades necessárias eram treinadas nos tempos de paz (HIRATA; VECCHIO, 2006). Hoje elas são praticadas quase exclusivamente como esporte de competição. No passado o combate já constituía esporte, como ocorriam nas olimpíadas da idade antiga, com o pugilato (que lembra o boxe moderno), a partir do qual surge depois o pancrácio (que permite usar de todos os recursos: golpes, estrangulamentos, chaves de articulações e assim por diante), modalidades que atraíram muita atenção do público nos jogos olímpicos (VINCENZO, 2007). As Artes Marciais sofreram alterações ao longo do tempo, modificando-se com as sociedades em que estão inseridas, mas, alguns aspectos tradicionalistas persistem enraizados, principalmente nas de origem oriental (DRIGO, 2007). Outra alteração importante foi à transformação destas em modalidades esportivas, impulsionadas pela mídia (BETTI; ZULIANI, 2002). As artes marciais mistas (AMM), mais conhecida pela sigla MMA (do inglês: mixed martial arts) são artes marciais que incluem tantos golpes de combate em pé quanto técnicas de luta no chão. As artes marciais mistas podem ser praticadas como esporte de contato em uma maneira regular ou em um torneio na qual dois concorrentes tentam derrotar um ao outro. É um esporte que integra ações motoras de diferentes esportes de combate, como boxe, Kick-boxing, Karatê, Muay thai, Jiujitsu, Judô e Werstling resultando em um amplo espectro de técnicas (FRANCHINI et al , 2011). 16 Os estudos biomecânicos das artes marciais buscam sua compreensão e quantificação, para que futuramente possibilitem a melhoria das técnicas por meio de treinamento (OLIVEIRA et al., 2006), tornando-se necessárias pesquisas que potencialmente possam ajudar os técnicos, treinadores e professores de artes marciais no planejamento desses treinamentos, a fim de dar ao atleta a melhor oportunidade para usar sua habilidade completamente desenvolvido, de pleno direito. As artes marciais estão presentes no dia a dia de muitas pessoas. Podemos dividir os praticantes de artes marciais em dois principais grupos: atletas que participam de competições e praticantes em busca de uma melhor qualidade de vida buscando tanto a saúde física como mental. Os estudos biomecânicos das artes marciais buscam resultados que possam a vir a auxiliar esses diferentes grupos de praticantes: assim lidam diretamente com diversos fatores como desempenho, eficiência, controle motor, etc. (NETO et al., 2009). Fundamental a muitas das artes marciais é a capacidade de chutar, sendo que nas competições de MMA é necessário um bom nível de proficiência na execução de todos os chutes básicos, e um bom conhecimento de seus princípios subjacentes essenciais. Dentre eles o impacto de um chute, dependente de certo número de variáveis como: o tipo de chute utilizado, a velocidade com a qual o chute é executado, a flexibilidade e a força de reação do solo gerada como resposta no momento antes ou durante o impacto do chute no adversário. O chute frontal tem se tornado unanimidade no mundo do MMA. De manobra pouco utilizada para um festival de nocautes, a patada típica das artes marciais em pé (como Karatê e Taekwondo) é o golpe do momento em praticamente todas as organizações de MMA pelo mundo. Segundo Marques Junior (2011), em seu estudo sobre a velocidade do soco e do chute do Karatê, o karateca é um lutador que realiza um soco ou chute em alta velocidade. Isso é constatado nos campeonatos desse esporte, a maior parte das lutas é decidida em poucos segundos, 80% dos combates acabam em menos de 50 centésimos. Em geral, um praticante dessa arte marcial efetua um soco numa velocidade linear de 9,8 metros por segundo (m/s), enquanto que o chute é mais rápido, é executado em 14,4 m/s. Robertson e Gordon (2002) em seu estudo sobre a Biomecânica no chute frontal (mae geri) no Karatê, analisaram as forças produzidas pelas articulações dos membros inferiores da perna do chute de dois atletas de elite (quarto dan), 17 realizando a postura do chute frontal com as pernas fechadas e abertas. O objetivo foi determinar as contribuições e as sequencias dos momentos do tornozelo, joelho e quadril. Alguns outros estudos buscaram comparar variáveis lineares, angulares, momentos de força e impacto das articulações do quadril, joelho e tornozelo de atletas de alto nível do sexo masculino e feminino, nas modalidades de Karatê, Thaiboxe e Taekwondo (FALCO et al., 2009; PECORAIOLI; MERNI, 2007). Além disto, o tamanho da amostra foi pequeno (n<5). Considerando a importância dos parâmetros biomecânicos de artes marciais como uma ligação para melhorar as técnicas utilizadas, bem como para avaliar o desempenho, o presente trabalho consiste em um estudo de biomecânica de um movimento de arte marcial, mais especificamente o chute frontal. Ao estudar este fenômeno, o profissional tem a possibilidade de definir um modelo ou padrão para certa habilidade motora, podendo assim intervir com a prática de treinamento e correção de movimento visando à melhoria na execução do mesmo. Especificamente existe a necessidade de se caracterizar as variáveis biomecânicas de lutadores de MMA durante o chute frontal. Portanto parece haver uma lacuna de informações que estejam relacionadas sobre as variáveis características destes atletas durante o chute frontal com a força. Desta forma a questões que ainda precisam ser respondidas sobre a biomecânica do chute frontal: • Características de velocidade e aceleração dos chutes dos atletas; • Quais são as variáveis biomecânicas que determinam a força do chute. Visando responder a essas questões referentes às variáveis biomecânicas do chute definiram-se os seguintes objetivos do presente estudo. 1.1. Objetivo Geral Analisar as características biomecânicas do chute frontal de atletas de MMA 18 1.2. Objetivos Específicos - Estimar valores de força gerados pelo chute frontal de atletas das artes marciais mistas durante o impacto no boneco de pancadas; - Quantificar a força de reação do solo antes, durante e após o chute; - Analisar a relação entre a força do chute e o deslocamento do boneco de pancadas; - Analisar a relação entre a força do chute com o ângulo do joelho no momento do impacto no boneco de pancadas. 19 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Mixed Marcial Arts (MMA) É uma modalidade de luta cujo próprio nome já transmite sua complexidade, pois é uma mistura de artes marciais, assim o praticante necessita possuir um amplo conhecimento em artes marciais e/ou diferentes modalidades de combate como, por exemplo: Boxe, Judô, Muay thai, Karatê, Jiu jitsu, e Werstling, a fim de ampliar seu repertório motor, aumentando seu acervo de golpes e tornando-se um profissional mais completo. O atleta de MMA se depara com variadas situações no momento da luta, pois cada adversário possui uma especialidade ou adota uma estratégia de luta diferente, portanto um bom profissional tem que estar sempre muito bem preparado fisicamente, taticamente e psicologicamente, para suprir qualquer tipo de necessidade (FERREIRA FILHO; MACCARIELO, 2009). Devido a essa diversidade de praticantes de diferentes modalidades marciais, as características físicas nem sempre são semelhantes, deixando o combate ainda mais emocionante, pois nem sempre o maior fisicamente sagra-se vencedor, surpreendendo principalmente o público leigo, que se impressiona com o aspecto físico, considerando-o prioritário para se chegar à vitória. A história do MMA está intimamente ligada com a família Gracie. O patriarca da família Carlos Gracie, aprendeu os princípios do jiu-jítsu com um professor japonês chamado Mitsuyo Maeda que chegou ao Brasil com o objetivo de ajudar uma colônia de imigrantes no Norte do país. Carlos Gracie era o mais velho dos cinco irmãos meninos e passou seus conhecimentos da arte para eles que foram adaptando as regras e golpes, criando assim o Gracie Jiu-Jitsu (GRACIE, 2007). Os integrantes da família Gracie, para promoverem e comprovarem que seu estilo de luta era superior e mais eficaz que as outras modalidades de combate, criaram em 1993 um evento de artes marciais chamado The Ultimate Fighting Championship (UFC). Hoje, o UFC é a principal organização de MMA e impõe as regras unificadas de Mixed Martial Arts, sem exceção. Com mais de 20 eventos por ano, o UFC obtêm 20 a maioria dos lutadores de elite no mundo. Os eventos são realizados não só nos Estados Unidos, mas em muitos países em todo o globo. Os primeiros UFCs chocaram o mundo devido às poucas regras existentes, os atletas não utilizavam luvas, não havia limite de tempo, não havia divisão de peso e a luta ocorria numa arena octagonal parecida com uma jaula (GRACIE, 2007). Apesar da sua denominação, MMA ou Vale-Tudo não significa que o combate seja desprovido de regras, ou seja, vale qualquer coisa, mas sim que todos os estilos de lutas são permitidos. De acordo com a preferência, domínio ou situação de combate, o atleta poderá utilizar-se do Boxe, Jiu-jitsu, Muay-thai, Judô, Taekwondo, Karatê e Werstling (FREITAS, 2002). O MMA é a modalidade de luta mais completa e complexa do mundo, pois o lutador tem que reunir e integrar todas as especialidades de esporte de combate e artes marciais (BARRETO, 2003). Segundo Alves apud Ferreira (2006) as atividades físicas das lutas realizadas em qualquer local tornam-se aquilo que os próprios praticantes dela utilizam, ou seja, não são nem nocivas e nem virtuosas em si, ela transforma-se segundo o contexto. Assim, a modalidade MMA vem evoluindo e profissionalizando-se, adotando regras mais rígidas a fim de preservar a integridade física dos atletas e tornar cada vez mais atrativa a prática da modalidade (FREITAS, 2002). Segundo Alonso (2002) as principais regras do MMA são: • Divisão de categorias por peso; • Obrigatoriedade em utilizar as luvas de dedos abertos fornecidas pelo evento • Protetor bucal e genital (coquilha); • Os lutadores não podem aplicar na pele produtos como óleo e vaselina; • Há possibilidade de o árbitro interromper o combate caso o atleta não consiga responder mais aos golpes; • Não são permitidos golpes baixos, cabeçadas, morder, nem golpes que tenham a intenção de furar os olhos do adversário, é proibido acertar golpes na nuca, agarrar as cordas do ringue, jogar o oponente para fora do ringue, se os dois lutadores estiverem no solo a ponto de sair do ringue, o juiz deve parar a luta e colocar os dois na mesma posição no centro do ringue. 21 As regras para o término do combate são: • A luta termina quando um dos combatentes não consegue mais se defender dos golpes deferidos contra ele; • Quando o lutador bate no tatame, indicando que não suporta mais o golpe, o treinador joga a toalha no ringue, o lutador desmaia ou o juiz decide que ele não pode mais continuar, o lutador sangra, e o ferimento não é estancado pelo médico no tempo estabelecido, o lutador viola as regras listadas acima, o tempo de luta se esgota. O MMA é uma modalidade de luta cujos atletas em combate, embora demonstrem preferências, nem sempre seguem um único estilo de arte marcial. Entre as diferentes modalidades de lutas podemos citar as principais que têm como características o uso do chute como técnica: A história do Muay-Thai caminha junto com o povo tailandês que utilizava selvagemente a técnica de luta nos campos de batalha. Posteriormente o Muay-Thai evoluiu e foram criados regras e regulamento tornando-se a favorita “brincadeira e passatempo” da população tailandesa, do exército e do Rei (BARBOSA, 2007). De acordo com Nascimento e Almeida (2007), o Muay-Thai é conhecido no Brasil também como Boxe Tailandês e os golpes mais utilizados na modalidade são: os socos, chutes circulares (sempre aplicados com a canela) e chutes frontais. A palavra Karatê significa em japonês “mãos vazias”, sendo assim os praticantes utilizam como armas os braços, as mãos, as pernas, e os pés, ou seja, qualquer parte do corpo (FERREIRA FILHO; MACCARIELO, 2009). Segundo as lendas históricas o Karatê surgiu da mistura do boxe chinês com um estilo de luta de Okinawa no Japão. No Karatê existe o Kumitê que seria a luta propriamente dita, onde os karatecas devem focalizar fortemente os golpes, mas antes do contato é necessário um controle preciso e o Kata que são exercícios predeterminados que devem ser executados com muita concentração e harmonia em uma espécie de apresentação com um adversário. O Taekwondo (TKD) é uma forma de arte marcial que surgiu na Coréia no século XX e é derivada do Taekkyon, uma arte marcial ancestral surgida naquele país por volta de 37 a.C. na época da dinastia Koguryo (PENG, 2009), e do Karate- 22 do, que foi introduzido na Coréia após a segunda guerra por coreanos que estavam no Japão (PIETER, 2009). O nome Taekwondo foi definido em 1955 em um comitê encabeçado por Choi Hong Li. Taekwondo significa literalmente os caminhos dos pés e das mãos (PIETER, 2009). Apesar de o Taekwondo apresentar golpes com as mãos e os pés em situações de combate – incluindo as competições esportivas – os chutes são mais utilizados (KIM; KIM; IM, 2011) Barreto (2003) considera todas as lutas uma ciência, pois prevê ocorrências dentro de uma situação de competição, por exemplo, quando um atleta aplica um golpe prevendo antecipadamente a resposta do outro. Uma considerável quantidade de pesquisas tem voltado sua atenção para a necessidade e importância no processo de treinamento e melhora no desempenho individual dos atletas de MMA. Desse modo, serão apresentados a seguir estudos que procuraram a partir da perspectiva da ciência avaliar e analisar o desempenhos dos atletas de MMA. Amtmann, Amtmann e Spath (2003), realizaram uma análise da atual compreensão dos sistemas bioenergéticos no MMA por meio de pesquisas sobre a resposta de lactato sanguíneo para treinamento de MMA e luta, assim como outras pesquisas em vários esportes de combate. Esta análise produziu recomendações gerais por parte dos autores de usar intervalos para o treinamento de alta intensidade de atletas de MMA, baseado em torno da aptidão do atleta ou a especificidade das lutas de MMA e períodos de descanso. Ferreira Filho e Maccariello (2009) verificaram como o trabalho psicológico pode influenciar no desempenho competitivo dos lutadores de MMA, identificando o quanto a preparação psicológica está relacionada com o resultado da luta. Na tentativa desse objetivo participaram do estudo 20 atletas de MMA do Estado de São Paulo, do sexo masculino na faixa etária de 21 a 35 anos e que já tiveram participação em alguma competição de MMA. Os dados foram coletados através da utilização de um questionário contendo 5 questões fechadas verificando a importância atribuída à preparação psicológica. Pôde ser constatado que os lutadores de MMA com idade mais elevada praticam com maior intensidade a preparação psicológica em relação aos mais jovens e obtiveram maior número de vitórias. Ficou evidenciado que apenas a preparação psicológica não leva o lutador a 23 obter exclusivamente vitórias, mas essa preparação juntamente com as preparações físicas, técnicas e táticas leva a obtenção considerável de êxitos em competições. Gochioco et al. (2010) analisaram o perfil fisiológico de oito lutadores de MMA de experiência não revelada. Os autores analisaram e compararam o perfil dos lutadores de MMA aos de elite do Judô, Kung fu, e os atletas de luta livre. Os resultados encontrados para o teste de composição corporal foram: gordura corporal (13.29 ± 4.22%), salto vertical (58,42 ± 5,84 cm), flexibilidade (29,91 ± 9,04 cm), força de preensão (91,5 ± 6,51 Kg), VO2max (53,44 ± 5,77 mL/kg/m) e o teste de Repetição Máxima (1-RM) de agachamento (1,45 ± 0,2%) e supino (1,25 ± 0,14%). Os resultados do estudo descobriram que lutadores de MMA são mais similares fisiologicamente aos lutadores de Judô e menos parecido com atletas de Kung-fu. Marinho (2011) em seu estudo identificou as características antropométricas de atletas de MMA. Com uma amostra de 10 atletas de MMA, do sexo masculino, com idade 31,50 ± 4,01 anos, com 5,10 ± 1,07 anos de prática na modalidade. Antes da coleta de dados, todos os atletas responderam negativamente aos itens do questionário PAR-Q[16], em seguida participaram de uma palestra explicativa que os informavam acerca dos objetivos e metodologias do trabalho, juntamente dos procedimentos para realização dos protocolos. Os atletas demonstraram um alto IMC e um baixo percentual de gordura, o que pode indicar a presença do componente mesomórfico, como característica predominante para esses atletas. É importante o conhecimento do percentual de gordura, assim como a massa isenta de gordura, devido a divisão das categorias de peso, uma vez que os atletas tentam maximizar a massa isenta de gordura e diminuir o percentual de gordura, para lutarem em categorias de peso mais leves, com um nível de força maior. A massa corporal e a estatura são relativamente maiores que o reportado na literatura. Entretanto, quando o percentual de gordura é comparado com o de outras modalidades de lutas, como judô, luta olímpica e jiu-jitsu, este é ligeiramente pior. 2.2. Biomecânica A biomecânica é definida como o estudo das forças e suas influências nos seres vivos (GRIMSHAW et al., 2006). É a ciência que busca explicar como as formas de movimento dos corpos de seres vivos acontecem na natureza a partir de parâmetros cinemáticos e dinâmicos (HIRATA, 2002). Um dos aspectos do movimento humano 24 a ser explorado é o padrão cinemático do movimento, preocupando em descrever o movimento dos corpos a partir de uma perspectiva espacial e temporal. Assim, informações cinemáticas sobre o movimento incluem considerações de deslocamento, velocidade e aceleração dos corpos (CUNHA, 2011). É composta por procedimentos de natureza basicamente óptica, nas quais as medidas são realizadas através de indicadores indiretos obtidos através de imagens ou não. Inicialmente, pode-se considerá-la como um método que permite análises qualitativas, a partir da observação das imagens obtidas através de fotografia, filme ou película (TEIXEIRA; SILVA; CARVALHO, 2003). Porém a partir da mensuração do deslocamento de segmentos, representados pelos pontos selecionados no corpo humano, e do tempo, por meio da frequência de aquisição, pode-se derivar grandezas cinemáticas como velocidade e aceleração linear ou angular, podendo ser montado uma análise biomecânica quantitativa dos movimentos humanos (AMADIO, 1996). O conteúdo da biomecânica foi extraído da mecânica, uma área da física que consiste no estudo do movimento e no efeito das forças incidentes em um objeto. 2.3. Mecânica Mecânica é a ciência que se preocupa com os efeitos das forças que agem sobre os objetos (McGINNIS, 2002). A mecânica pode ser dividida em estática, ou mecânica dos objetos em repouso ou movendo-se a uma velocidade constante; e dinâmica ou mecânica dos objetos em movimento acelerado. A dinâmica é subdividida em: Cinemática e Cinética. 2.3.1. Cinemática Um dos instrumentos mais explorados para a melhoria do desempenho esportivo é a análise cinemática. Esta análise utiliza instrumento óptico que permite o registro espaço-temporal do movimento, podendo ser realizado através de filmadoras convencionais (digitais ou analógicas) ou até por dispositivos mais sofisticados baseados em sistemas optoeletrônicos (OKAZAKI, et al., 2012). Assim, uma descrição detalhada do movimento de qualquer ação pode ser realizada para 25 entender deslocamentos, velocidades ou acelerações em qualquer instante de tempo desejado na análise. A cinemática também é utilizada para analisar detalhes do movimento que não são possíveis em outras ferramentas. Por exemplo, em movimentos rápidos fica difícil para um observador identificar possíveis erros no desempenho por causa da nossa limitação em extrair informações visuais mais rápidas. Existem vários métodos para coletar dados cinemáticos para uma análise quantitativa (OKAZAKI, et al., 2012). Os laboratórios de biomecânica, por exemplo, podem usar acelerômetros, que medem diretamente as acelerações dos segmentos do corpo. O método mais comum de obter dados cinemáticos, contudo, é a cinematografia de alta velocidade ou o vídeo de alta velocidade (VIERO, 2012). 2.3.2. Cinética A cinética analisa as forças e os torques relacionados ao movimento. Assim, é possível compreender o efeito das forças do sistema que atuam no movimento ou que são consequências dele. Para entender como as forças interagem com o movimento são necessários sensores capazes de quantificar as forças que agem no sistema motor. (OKAZAKI et al., 2012). No esporte, os instrumentos utilizados mais comuns são: plataforma de força, equipamentos isocinéticos e dinamômetros de força adaptados para condições especiais. 2.4. Conceitos físicos O conhecimento de diversos conceitos físicos é fundamental para um bom estudo biomecânico (NETO; MAGINI; SABA, 2007). Sendo assim, a seguir dar-se á alguns conceitos básicos da física Newtoniana usadas neste trabalho. 2.4.1. Velocidade A velocidade instantânea pode ser definida como sendo a taxa de variação da posição de um determinado corpo no tempo, em um determinado instante. Matematicamente, podemos expressar a velocidade instantânea como a derivada do espaço no tempo ou dx/dt (NETO; MAGINI; SABA, 2007). A velocidade média é a 26 razão entre o deslocamento de um determinado corpo e o intervalo de tempo que levou para esse corpo se deslocar (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 1997). 2.4.2. Aceleração Aceleração instantânea pode ser definida como a taxa de variação da velocidade de um determinado corpo no tempo, em um determinado instante. A aceleração média é a razão entre a mudança da velocidade de um determinado corpo e o intervalo de tempo que levou para que ocorresse essa mudança (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 1997). 2.4.3. Momento linear ou quantidade de movimento A quantidade de movimento ou momento linear de um corpo é um vetor definido pelo produto da massa do corpo pela sua velocidade (NETO; MAGINI; SABA, 2007). Segundo Neto apud Merian (1976) a lei de conservação de momento linear diz que em um sistema de corpos isolados, ou seja, onde as somas das forças externas aplicadas a esses corpos é zero, a soma do momento linear dos corpos é constante. 2.4.4. Força Dentro da biomecânica, o conceito de força muscular resultante é muito importante, e é conhecida como sendo a força que implica em um determinado movimento humano (NETO; MAGINI; SABA,, 2007). Durante a colisão, a magnitude da força de impacto cresce de zero até atingir um máximo no período de contração, e então decresce de volta a zero no período de restituição (MCINNIS; WEBB, 1971). 2.4.5. Energia cinética Energia cinética é uma grandeza escalar sempre positiva que está associada a um estado ou condição de movimento de um determinado corpo (NETO apud MERIAN, 1976). 27 2.5. Áreas de estudo da biomecânica As áreas de estudo da biomecânica no qual este trabalho irá utilizar será: a dinamometria, a antropometria, e a cinemetria. A dinamometria consiste em avaliar a quantidade de força externa e, consequentemente interna que está atuando sobre um corpo, sendo de fundamental importância para a determinação do sentido do movimento (NETO; MAGINI; SABA, 2007). A antropometria preocupa-se em determinar características e propriedades do aparelho locomotor, como as dimensões das formas geométricas de segmentos corporais, distribuição de massa, posições articulares entre outras. A cinemetria consiste em um conjunto de métodos que busca medir os parâmetros cinemáticos do movimento a partir de aquisição de imagens durante a execução do movimento. O presente trabalho usará conceitos de dinamometria, antropometria e cinemetria para quantificar parâmetros relacionados a um chute frontal do MMA. No entanto, devido à natureza do movimento estudado, novas tecnologias devem ser desenvolvidas para obtenção de dados confiáveis. 2.5.1. Antropometria Em termos de antropometria, há técnicas desenvolvidas confiáveis para obtenção de valores de massas de diferentes segmentos do corpo (NETO et al., 2007). A antropometria analisa os aspectos estruturais como a forma, o tamanho e o peso do corpo humano, dos implementos e ambiente que interagem entre si. Entretanto, no caso de um golpe, a massa envolvida na colisão não é a massa específica de um ou mais segmento do corpo, mas sim o que é conhecida como massa efetiva de impacto. Segundo o conceito de Plagenhoef de massa efetiva, em termos físicos, é a medida da contribuição inercial de um corpo na transferência de momento durante uma colisão, sendo igual à própria massa do corpo no caso de um corpo rígido. No caso de um golpe de artes marciais, podemos entender a massa efetiva como sendo a massa de um corpo rígido imaginário que com a mesma velocidade do pé do atleta antes do impacto causaria o mesmo efeito ao objeto alvo que o pé do atleta. 28 2.5.2. Cinemetria O instrumento básico para medidas cinemáticas é o baseado em câmeras de vídeo que registram a imagem do movimento ou as coordenadas de pontos de interesse e então através de software específico calculam as variáveis de interesse (NETO; MAGINI; SABA, 2007). A maioria dos sistemas desenvolvidos para aplicação em cinemetria compõe-se de câmeras de vídeo que registram imagens a uma frequência máxima aproximada de 300-500 Hz. O presente trabalho usa uma câmera rápida com resolução temporal programada para 240 quadros por segundo (frequência de amostragem de 240 Hz). 2.5.3. Dinamometria Engloba todos os tipos de medidas de força (e pressão). As forças mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reação. Forças internas são geralmente calculadas. O instrumento básico em dinamometria é a plataforma de força, que mede a força de reação do solo (FRS) e o ponto de aplicação desta força (AMADIO et al., 2002). 2.5.3.1. Testes e medidas em dinamometria. Segundo Viero (2012) os principais objetivos que indicam a utilização da dinamometria são: análise da técnica de movimento; análise da condição física; controle da sobrecarga; influência de fatores externos; influência de fatores internos; monitoramento dos atletas; e indicadores para detecção de talentos esportivos. Indicadores das forças externas: interpretados a partir das forças de reação do solo, pressões, torques, impulsos, gradiente de força, centro de pressão, etc. Indicadores de forças internas: interpretadas a partir de torques das forças musculares, forças musculares e forças nas superfícies articulares. Parâmetros estes que assumem a indicação do controle de movimento e limites da sobrecarga articular (AMADIO et al., 2002). Através da dinamometria podem ser medidas as forças externas. Para isso podem ser utilizados strain gauges cuja resistência elétrica se altera de acordo com a compressão e extensão, ou cristais piezoelétricos que reagem com uma alteração da distribuição da carga elétrica em função da 29 aplicação de uma força. As plataformas de força medem a força de reação do solo na superfície de contato durante a fase de apoio do movimento. A força de reação do solo é representada em forma de vetor em função do tempo, considerando-se a sua ação tridimensional (componentes: vertical, ântero-posterior e mediolateral). Em suma, a plataforma quantifica a variação dinâmica da força reação do solo durante a fase de contato entre corpos, fase está onde ocorre a transferência destas forças externas para o corpo determinando alterações nas condições do movimento. Elementos fundamentais para a medida da força são os transdutores de força piezoelétricos e/ou células de carga strain-gauge (VIERO, 2012). Os sinais obtidos pelos transdutores são enviados por intermédio de cabos e interruptores a um amplificador de sinais (amplificador de cargas), de modo que se possa obter a mensuração tridimensional da Força Reação do Solo (Fx, Fz, Fy), assim como dos momentos na superfície da plataforma (My, Mx, Mz), as coordenadas do centro de pressão (Ax, Az), assim como o coeficiente de atrito (AMADIO et al., 2002). 2.5.3.2. Plataformas de força. Os biomecânicos medem os componentes da FRS utilizando a plataforma de força. Plataformas de força têm sido utilizadas desde a década de 1930, mas se tornaram mais presentes na década de 1980 (HAMILL; KNUTZEN, 2008). As forças não são visíveis e nem podem ser avaliadas durante um exame clínico. No entanto, a força de reação do solo pode ser medida por plataforma de força, que é um instrumento utilizado para análise cinética da marcha em muitos laboratórios. A plataforma de força fornece dados objetivos que descrevem aspectos da marcha que não são detectados por observação visual (BARELA; DUARTE, 2006). Segundo Barela e Duarte (2006), a plataforma de força consiste de duas superfícies rígidas (uma superior e outra inferior) que são interligadas por sensores de forças. Há vários modos de construção da plataforma segundo o posicionamento dos sensores, mas são destacados três em particular: 1) plataforma com um único sensor no centro; 2) plataforma triangular com sensores nos seus três cantos; e plataforma retangular com sensores nos seus quatro cantos, que é a mais utilizada nas plataformas disponíveis comercialmente. Nas plataformas de força retangulares que medem as três componentes da FRS, cada um dos quatro sensores de força 30 registra a força aplicada nas direções médio-lateral (X), ântero-posterior (Y) e vertical (Z). A partir dos componentes da FRS e das componentes do momento de força, é possível se obter uma importante grandeza mecânica, o CP (centro de pressão). O CP é o ponto de aplicação da resultante das forças verticais agindo sobre a superfície de suporte. O dado do CP refere-se a uma medida de posição definida por duas coordenadas na superfície da plataforma, sendo identificadas em relação à orientação do indivíduo que se encontra sobre a plataforma: (a-p) direção ânteroposterior e (m-l) direção médio-lateral (BARELA; DUARTE, 2006). A partir dos sinais mensurados pela plataforma de força, a posição de CP é dada por: CP a-p = (-h.Fx – My)/Fz CP m-l = (-h.Fy + Mx)/Fz Onde h é a altura da base de apoio acima da plataforma de força. Exemplo: um tapete sobre a plataforma de força. Segundo Barela e Duarte (2006), a seleção e instalação da plataforma de força são de extrema importância para a qualidade dos dados adquiridos. Dois aspectos devem ser considerados: 1) com relação à estrutura em que a plataforma será afixada, que deve ser rígida para evitar qualquer tipo de vibração, e ser plana para evitar que a plataforma de força se movimente, provavelmente, uma das melhores formas para se instalar uma plataforma de força seja posicioná-la sobre uma base de concreto nivelada; 2) a plataforma de força tem uma superfície superior e uma superfície inferior. 2.5.4. Acelerômetro Além da descrição cinemática, pode-se avaliar o sucesso de um golpe analisando um de seus efeitos, como por exemplo, a força de impacto gerada. Força de impacto pode ser definida como sendo as forças que resultam de uma colisão entre dois objetos que tem o pico ocorrendo antes de 50 m/s após o primeiro contato entre dois objetos (NIGG; NURSE; STEFANYSHYN, 1999). É possível, por exemplo, conhecendo o pico de aceleração de um chute, assumir que quanto maior esse pico, maior será o impacto do chute ao acertar o alvo. 31 Esteves et al. (2007) analisaram o chute lateral no Taekwondo, utilizando um acelerômetro fixado no tornozelo do indivíduo. O atleta realizou quatro séries de dez repetições do chute e o pico de aceleração de cada repetição foi encontrado e normalizado pela aceleração da gravidade, obtendo uma avaliação média do impacto, que nesse caso foi de 334,88 g. O’Sullivan et al., (2009) analisaram o impacto do chute circular comparando duas alturas de alvo em uma amostra composta por 5 praticantes experientes de Taekwondo. O impacto foi avaliado utilizando acelerômetros colocados dentro de um saco de areia. Além disso, foi utilizada cinemetria para mensurar velocidade da perna e outras variáveis. Uma força de 6400 ± 898 N foi encontrada quando o alvo estava em uma altura normal e de 5419 ± 659 N para a elevação do alvo. 2.6. Métodos biomecânicos utilizados nos estudos de artes marciais Métodos biomecânicos são utilizados nos estudos de artes marciais buscando sua compreensão e quantificação, e serão apresentados mostrando como estes estudos foram realizados. Hondzinski e Flanders (2001) utilizaram um sistema de vídeos verificando cinco voluntários sem qualquer experiência em artes marciais com o objetivo de descrever o processo de aprendizagem de um movimento desconhecido que envolve todo o corpo. Os resultados mostraram que os indivíduos, através da prática, mudaram o ângulo de torção e inclinação do tronco, facilitando a postura e o ajuste do chute. Sforza et al (2002), realizaram uma análise tridimensional do chute do karatê (Mae Geri) através de um instrumento óptico eletrônico. Treze marcadores reflexivos foram colocados anatomicamente com o objetivo de medir a reprodutibilidade da técnica. Foi concluído que a maior reprodutibilidade foi observada no plano horizontal e ainda foi observado desvio menor no quadril e na cabeça. Movimentos no tornozelo e no joelho apresentaram alta variabilidade no membro dominante. Oliveira et al. (2006), identificou a força de preensão palmar em atletas de nível competitivo de jiu jitsu, utilizando um dinamômetro hidráulico e concluiu que os atletas não apresentaram elevados valores de resistência palmar à pressão em comparação com atletas de outras modalidades de artes marciais. 32 Esteves et al. (2007), usando um velocímetro triplo axial acoplado à parte de trás do tornozelo do indivíduo, estudou o chute do taekwondo chamado bandal tchagui. Os resultados mostraram que, devido à alta desaceleração acentuada durante o impacto, a estrutura do pé torna-se susceptível a lesões. Neto e Magini (2008), através de uma câmera rápida (1000 Hz), compararam os valores de força, potência e eficiência do golpe de palma do Kung-fu entre indivíduos experientes e amadores. Gorgy, Vercher e Goyle (2008), utilizaram uma plataforma de força em um estudo sobre os efeitos da prática das artes marciais chinesas Tai-chi-chuan, Pashing koua e Oi-chuan no controle postural, usando perturbação externa com os praticantes em posição ortostática. No experimento, a plataforma de força foi inesperadamente deslocada lateralmente. Esta manobra foi realizada com os voluntários mantendo os olhos abertos e fechados. A amostra foi composta por profissionais de artes marciais e praticantes e não praticantes de esportes. Foi ensaiado o deslocamento do centro de massa, a amplitude dos músculos posturais e o tempo. Conclui-se que a prática das artes marciais influência sobre o equilíbrio, diminuindo o deslocamento do centro da massa e pressão, tão bem como o aumento da utilização da estratégia de tornozelo para tratar a perturbação. No entanto não houve mudanças nos padrões temporais dos sinais eletromiográficos dos músculos investigados. 2.7. Chute frontal. Dentre as diferentes técnicas existentes do chute, foi escolhido para este estudo o chute frontal por ser um movimento que se executa para frente e permite sua realização durante o deslocamento sem desviar o olhar do alvo. O treinamento do chute frontal inicia-se na posição parada (LUBES, 1994), onde os pés podem estar juntos – calcanhares unidos e ponta dos pés afastados – ou separados lateralmente pela distância dos quadris. O chute frontal é executado levantando-se o joelho, que irá arrastar a perna e consequentemente o pé, até uma altura acima do quadril e a partir deste instante a “alavanca” sobre o joelho é acionada e impulsiona a perna a frente, levando o pé ao encontro do alvo e após o choque a perna é recolhida rapidamente para fornecer estabilidade estática para o executor. A intensidade do chute é determinada pelo 33 avanço do quadril durante o instante do contato do pé com o alvo (NAKAYAMA, 2003). Figura 1: Quadro a quadro do movimento do chute frontal com deslocamento Fonte: Produção do próprio autor A Figura 1 descreve o processo de execução do chute e apresenta as articulações envolvidas no processo (quadril, joelho e tornozelo), os quadros indicam o caminho seguido pelo pé desde sua posição de repouso. Uma considerável quantidade de pesquisas tem voltado sua atenção para a necessidade de uma análise biomecânica do chute frontal em atletas de artes marciais buscando a melhora no processo de treinamento e no desempenho nas lutas. Em um estudo sobre o chute frontal do Karatê, Emmermacher et al., (2007) recrutaram 3 karatecas, um faixa laranja e dois faixa preta (2º e 3º Dan). O golpe dos lutadores foi coletado em máxima velocidade linear, através da técnica de chute denominada Mawashi geri e Kizami mawashi geri (chute realizado com a perna da frente da base). Em ambos os golpes os karatecas efetuaram o Mawashi geri na 34 direção do tronco (kekomi) e do rosto (keage). Em cada golpe e conforme a direção, cada esportista realizou 6 tentativas e após a série aconteceu um intervalo de 3 minutos para restaurar a ATP-CP. A filmagem bidimensional aconteceu com uma frequência de aquisição de imagens de 250 Hz e foi praticada com o uso de uma câmera VICON® system 8 MX 40. A filmagem ocorreu no plano sagital (de lado) e imediatamente os dados foram transferidos para um computador e depois foram analisados pelo software de biomecânica para estabelecer a velocidade linear do Mawashi geri. Os resultados da pesquisa determinaram a seguinte velocidade linear do chute: Kizami mawashi geri kekomi com 2,19 ± 0,27 a 2,54 ± 0,29 m/s, Mawashi geri kekomi com 3,05 ± 0,21 a 3,50 ± 0,13 m/s, Kizami mawashi geri keage com 2,36 ± 0,17 a 2,55 ± 0,25 m/s e mawashi geri keage 3,05 ± 0,21 a 3,49 ± 0,14 m/s. Quando foi comparado o Mawashi geri kekomi versus o Kizami mawashi geri kekomi e Mawashi geri keage versus o Kizami mawashi geri keage, o teste U de MannWhitney identificou diferença significativa (p≤0,05), ou seja, a velocidade linear do Mawashi geri foi superior porque essa técnica de chute gera uma aceleração mais longa. Chang e Tang (2007) investigaram os efeitos da velocidade nos movimentos do chute no Taekwondo, em duas situações, ou seja, chutando um alvo o mais rápido possível e repetindo a mesma tarefa sem um alvo. Utilizando uma câmera de vídeo com uma alta frequência de imagens, concluiu-se que a velocidade máxima do dedo do pé e do tornozelo, considerando a existência de um alvo foi significativamente mais elevada do que seria sem o alvo, e, ainda, a velocidade angular do quadril, joelho e tornozelo não apresentaram diferenças significativas entre as situações que retorna com ou sem o alvo. Nestes estudos foi utilizado o método da cinemetria. Neste estudo Piemontez et al. (2013) analisaram as características de variáveis cinemáticas do chute semicircular no karatê nas fases de ataque e de retorno, relacionados à estatura e comprimento do membro inferior de chute. Participaram 20 atletas, adultos, faixas preta de karatê, sexo masculino, de alto nível técnico, que treinam e competem a modalidade na graduação faixa preta há pelo menos 5 anos, filiados à Associação de Artes Marciais Shubu-Dô. Foram utilizadas 6 câmeras do sistema Vicon MX-13, a 200Hz, por 4 s. As variáveis selecionadas foram: tempo total de execução do chute, velocidades lineares inicial e máxima, 35 acelerações médias (tornozelo, joelho e quadril) na fase de ataque, e velocidades lineares pós-contato e máxima, acelerações médias do tornozelo, joelho e quadril na fase de retorno do chute semicircular. Os resultados evidenciaram que: a) o tempo da fase de ataque é menor que a fase de retorno; b) os valores das variáveis cinemáticas da fase de ataque são maiores que a fase de retorno; c) os atletas apresentam estatura mediana; d) há uma fraca relação entre as variáveis antropométricas, cinemáticas e temporais, constatando esta influência efetivamente na fase de contato e de retorno do chute semicircular; e) no retorno o comprimento do membro inferior de chute exerceu de moderada a fraca influência sobre o tempo retorno do tornozelo, e junto com a estatura, sobre a velocidade máxima do joelho no retorno. Conclui-se que o tempo de execução é considerado uma variável importante durante a execução do chute semicircular. O atleta com menor estatura e menor comprimento do membro inferior de chute, é mais eficiente no chute semicircular em termos de menor tempo de contato com o alvo e retorno mais rápido do membro inferior de chute para retomada da base de luta, preparando-se para aplicação do próximo golpe ou de uma defesa. Gianino (2010) selecionou karatecas de uma escola do ensino fundamental e fez uma filmagem bidimensional com o uso de uma câmera (não fez descrição da câmera) no plano sagital (de lado). Os dados obtidos pela câmera foram enviados para um computador e depois foram analisados pelo software de biomecânica (não fez descrição do software) para estabelecer a velocidade linear do Gyaku zuki tchudan (tchudan é um soco na direção do tronco), do Oi zuki tchudan e do Mae geri keage (keage é um chute na altura do rosto). Os resultados apresentados foram através da média da velocidade linear, que foi 13 m/s para o Gyaku zuki tchudan, 10 m/s para o Oi zuki tchudan e 19 m/s para o Mae geri keage. Em um estudo similar no laboratório, Mehanni (2004), investigou a cinemática linear e angular do Kizami zuki tchudan. Foram selecionados 7 karatecas faixa preta com Dan entre o 1º ao 4º. A filmagem bidimensional aconteceu com uma frequência de aquisição de imagens de 50 Hz e foi praticada com o uso de cinco câmeras Sony® DCR-VX 100 E no tripé Panasonic®. A filmagem ocorreu no plano sagital esquerdo (lado esquerdo) com duas câmeras, no plano sagital direito (lado direito) foram utilizadas duas câmeras e no plano frontal (de costas) uma câmera registrou as imagens do Kizami zuki. Os dados obtidos pela câmera foram enviados para um computador e depois foram 36 analisados pelo software APAS® (Ariel Performance Analysis Systems) para estabelecer a velocidade linear e angular da técnica ofensiva. Oliveira et al., (2008) estudaram a simetria intermembros do Mae geri kekomi (kekomi é um chute feito na direção do tronco) do karatê. Participaram da pesquisa 10 karatecas de faixa roxa a preta, do gênero masculino (total de 9) e feminino (total de 1) com idade de 29,1 ± 15,02 anos. O procedimento para a coleta de dados foi de posicionar o esportista na base Zenkutsu dachi e realizar o Mae geri kekomi num alvo. Cada lutador pode fazer 5 tentativas em máxima velocidade. A filmagem foi realizada com uma frequência de aquisição de imagens de 60 Hz e foi efetuada por uma câmera Panasonic® M-9000. Os chutes foram coletados no plano sagital (de lado), mas essas imagens foram capturadas por uma placa Studio DV Pinnacle® para serem realizados os procedimentos de sincronização, medição, calibração e reconstrução tridimensional dos marcadores através do software Dvideow® (Digital Video for Biomechanics for Windows 32 bits) para estabelecer a média da velocidade linear da perna esquerda e direita. O teste “t” independente não identificou diferença significativa (p>0,05) entre o lado dominante e não dominante do karateca, ambas as pernas apresentaram a mesma média da velocidade linear do Mae geri kekomi, 23 m/s. Chiu e Shiang (1999) recrutaram doze karatecas faixa preta (8 homens e 4 mulheres) que disputaram os Jogos Asiáticos de 1988. Um acelerômetro foi fixado no membro superior do lutador para determinar a média da velocidade linear do Gyaku zuki tchudan. Os resultados apontaram uma velocidade linear de 6,1 a 8,5 m/s. Como foram verificados nos itens acima, todos os trabalhos visam compreender melhor o chute frontal de algumas artes marciais através de uma análise biomecânica. Especificamente existe a necessidade de se caracterizar as variáveis biomecânicas de lutadores de MMA durante o chute frontal. Portanto parece haver uma lacuna de informações que estejam relacionadas sobre as variáveis biomecânicas que determinam a força do chute. 37 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Amostra O termo de Consentimento informado foi elaborado e enviado para aprovação prévia, conforme os padrões do comitê de ética e pesquisa do Hospital Universitário Gaffree e GUINLE/HUGG/UNIRIO. Participaram neste estudo um grupo de cinquenta e cinco atletas de MMA masculinos, sendo que seis atletas são profissionais e o restante amadores, com um tempo médio de prática de 8 ± 3 anos. Os participantes tinham entre 18 a 40 anos de idade, com peso médio e desvio padrão 778 N ± 127,53 N. Todos os participantes eram destros e deram o seu consentimento escrito e autorização da imagem para a participação no estudo. 3.2. Procedimentos A tarefa que os participantes executaram foi desferir o chute frontal em direção a um alvo. Cada participante realizou uma tentativa, com a ordem de realização randomizada. O alvo constituiu em um boneco de pancadas (BOB) com altura de 1,68 m do solo e massa de 132 Kg. Para obter forças de impacto aproximadas dos golpes foi determinada a massa efetiva do BOB. Para isso, foram analisados diversos impactos de um kettlebell (KB) de massa conhecida sobre o BOB. O kettlebell foi suspenso por uma corda e através de um movimento pendular acertando o BOB, diversas vezes com velocidades diferentes. A velocidade do KB antes do impacto e do conjunto KB + BOB após o impacto foi determinada através de análise cinemática como a descrita anteriormente. Consideraram-se os impactos como inelásticos e assumiu-se conversão de quantidade de movimento. Assim através de uma regressão linear obteve-se a massa efetiva do BOB. A distância entre o executante e o alvo foi de 1,50 m, que também foi à distância na qual foi colocada a plataforma de força da marca VERNIER com as dimensões de 28 cm x 32 cm x 5 cm, com um intervalo de força de -850 a 3500 N ou 38 -200 a 850 N, onde o valor positivo é uma força de compressão. O software NetForce® versão 2.4.0 permitiu controlar as plataformas de força monitorando em tempo real e realizando as aquisições dos dados em arquivos armazenando as três reações (Fx, Fy e Fz) e os três momentos (Mx, My e Mz). Os dados podem ser adquiridos em diferentes frequências de aquisição (50,100, 200, 500, 1000, 2000, 4000, 8000 Hz), mas para o presente estudo a frequência de aquisição utilizada foi de 2000 Hz. A interface utilizada para a coleta de dados da plataforma de força foi o LABQUEST® 2. No interior do BOB, foi instalado um acelerômetro triaxial (VERNIER), que mede a vibração em três eixos: X, Y e Z. O acelerômetro possuem três cristais, posicionados de modo que cada um reaja à vibração em um eixo diferente. A frequência de aquisição vai de (0 a 100 Hz), e tem o objetivo de obter a aceleração resultante máxima após o impacto do chute realizado pelos participantes, utilizando o software específico Logger Pro 3®. Os movimentos dos participantes foram filmados por uma câmera digital (CASIO, modelo EX-ZR 100), com frequência de 240 Hz, posicionada perpendicularmente a perna da frente quando na postura do chute. Os chutes foram coletados no plano sagital dos participantes. Para a filmagem, três marcadores passivos revestidos por adesivo reflexivo foram afixados nos seguintes pontos anatômicos: quadril (trocânter maior), joelho (epicôndilo lateral), tornozelo (maléolo lateral) e dois foram afixados no BOB: cabeça (temporal) e no ombro (deltoide). O ciclo de movimento filmado e analisado correspondeu ao período entre um sinal de luz dado para o participante até o retorno à postura após o impacto. Após a captura da imagem foram realizados os procedimentos de sincronização, medição, calibração e reconstrução bidimensional dos marcadores através do software KINOVEA. Deste modo, os parâmetros de homografia da transformação imagemobjeto foram calculados baseados no DLT (Direct Linear Transformation) proposto por Abdel-Aziz e Karara (1971). Os dados de posição obtidos pela análise dos vídeos foram tratados no Matlab® (Matlab 7.0, Matlab Inc.). Primeiramente, os dados foram filtrados (Butteworth ordem 4; passa-baixa em 14 Hz) e após a filtragem foram interpolados (Cubic spline interpolation) e usados para gerar uma função. Funções de velocidade e aceleração foram obtidas através da primeira e segunda derivada da função. A 39 partir dessas funções obtidas de velocidade e aceleração, valores máximos e mínimos de velocidade e aceleração foram determinados. 3.3. Análise de dados Para a apresentação das variáveis cinemáticas do chute, as variáveis cinemáticas obtidas através do BOB após o impacto do chute e a força de reação do solo antes e durante o impacto do chute, foram utilizadas as médias e desvios padrão. • Velocidade máxima em X do chute; • Velocidade máxima em Y do chute; • Aceleração máxima em X do chute; • Aceleração máxima em Y do chute; • Velocidade máxima em X da cabeça do BOB após o impacto; • Velocidade máxima em Y da cabeça do BOB após o impacto; • Aceleração máxima em X da cabeça do BOB após o impacto; • Aceleração máxima em Y da cabeça do BOB após o impacto; • Aceleração mínima em X da cabeça do BOB após o impacto; • Aceleração mínima em Y da cabeça do BOB após o impacto; • Velocidade máxima em X do ombro do BOB após o impacto; • Velocidade máxima em Y do ombro do BOB após o impacto; • Aceleração máxima em X do ombro do BOB após o impacto; • Aceleração máxima em Y do ombro do BOB após o impacto; • Aceleração mínima em X do ombro do BOB após o impacto; • Aceleração mínima em Y do ombro do BOB após o impacto; • Força do Chute calculado através do impacto no BOB; • Ângulo do joelho de ataque no momento do impacto; • Forças de reação do solo na posição inicial do chute, no momento do impacto (pico 1) e após o impacto (pico 2). Através do método de Stepwise de regressão linear foi utilizado um teste F para a maior correlação linear entre as variáveis. 40 Y Figura 2: Desenho experimental. Fonte: Produção do próprio autor 41 4. RESULTADOS Para melhor organização e exposição dos resultados, os mesmos serão apresentados e discutidos sequencialmente aos testes executados pelos indivíduos, buscando os objetivos estabelecidos no estudo. A Tabela 1 apresenta os valores de velocidade e aceleração dos chutes. Tabela 1: Média e Desvio padrão da aceleração e velocidade dos chutes Variáveis Média Desvio Padrão Velocidade máxima em X do chute 7,30 m/s 2,07 m/s Velocidade máxima em Y do chute 5,63 m/s 1,10 m/s Aceleração em X do chute 62,27 m/s² 120,90 m/s² Aceleração em Y do chute 75,67 m/s² 97,50 m/s² Significativo p≤0,05. A Figura 3 mostra a variação da posição do pé através dos tempos gerados pelo Matlab 7.0®. 2,0 P osição X (m ) 1,5 1,0 Posição Pé Posição Pé Filtrado 0,5 0,0 -0,5 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 Tempo (s) Figura 3: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados cinemáticos do pé na execução do chute frontal. Fonte: Produção do próprio autor. 42 A Tabela 2 apresenta os valores de aceleração e velocidade em relação a força aplicada no BOB, nos pontos cabeça e ombro. Tabela 2: Média e Desvio padrão da aceleração e velocidade da cabeça e do ombro após o impacto do chute. Variáveis Média Desvio Padrão Velocidade máxima em X da cabeça do BOB após o impacto 4,30 m/s 1,47 m/s Velocidade máxima em Y da cabeça do BOB após o impacto 0,72 m/s 0,40 m/s Aceleração em X da cabeça do BOB após o impacto 91,73 m/s² 31,88 m/s² Aceleração em Y da cabeça do BOB após o impacto 38,25 m/s² 14,89 m/s² Aceleração mínima em X da cabeça do BOB após o impacto 87,01 m/s² 44,57 m/s² Velocidade máxima em X do ombro do BOB após o impacto 2,72 m/s 1,04 m/s Velocidade máxima em Y do ombro do BOB após o impacto 0,46 m/s 0,37 m/s Aceleração em X do ombro do BOB após o impacto 51,86 m/s² 23,83 m/s² Aceleração em Y do ombro do BOB após o impacto 18,62 m/s² 13,30 m/s² Aceleração mínima em Y do ombro do BOB após o impacto 23,13 m/s² 12,78 m/s² Significativo p≤0,05. A Figura 4 ilustra a representação das curvas de posição referentes à cabeça do BOB, após o impacto do chute. 0,010 0,4 0,005 0,000 P osição Y (m ) Posição X (m) 0,3 0,2 0,1 -0,005 -0,010 -0,015 0,0 Posição Cabeça Posição Cabeça Filtrado Posição Cabeça Posição Cabeça Filtrado -0,020 -0,1 -0,025 0,0 0,1 0,2 0,3 Tempo (s) 0,4 0,5 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo (s) Figura 4: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados da cabeça do BOB após o impacto do chute. Fonte: Produção do próprio autor. 43 A Figura 5 ilustra a representação das curvas de posição referentes ao ombro do BOB, após o impacto do chute. 0,35 0,03 0,30 0,02 Posição Y (m) Posição X (m) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,01 Posição Ombro Posição Ombro Filtrado 0,00 0,01 Posição Ombro Posição Ombro Filtrado -0,02 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,0 0,5 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo (s) Tempo (s) Figura 5: Ilustração representativa das curvas de posição referentes aos dados do ombro do BOB após o impacto do chute. Fonte: Produção do próprio autor. A Tabela 3 apresenta a média e desvio padrão dos resultados dos picos de força realizada contra o solo no momento do chute. Tabela 3: Média e Desvio padrão dos picos de força da plataforma. Variáveis Média (N) Desvio Padrão (N) Força inicial 292,56 94,15 Pico 1 998,53 287,17 Pico 2 1098,39 446,91 Os valores de força do chute tiveram média e desvio padrão de 2298,57 N ± 1071,05 N. Os valores de média e de desvio padrão do ângulo do joelho, no momento do impacto, foram de 129° ± 14,70°. Foi utilizado o quadrado da correlação (R²), entre a variável independente força do chute com as variáveis cinemáticas do chute e do BOB após o impacto do 44 chute, com a flexão do joelho e com a força de reação do solo antes, no impacto e após o impacto do chute. Quando correlacionamos a variável dependente força com o deslocamento após o impacto do BOB, verificamos uma variabilidade de 52%. Com valores significativos para as variáveis da aceleração negativa no eixo X na cabeça do alvo (28%), aceleração máxima no eixo X no ombro (16%) e aceleração negativa no eixo Y no ombro (8%), conforme mostra a Tabela 4. Tabela 4: Teste de Stepwise para variáveis obtidas através do BOB Adjusted R Std. Error of the Square Estimate .278 .264 923.440 .668b .446 .424 816.900 .723c .523 .493 766.020 Model R R Square 1 .527a 2 3 Também foi correlacionada a variável dependente força, com o sujeito. Com uma variabilidade de 57%, com os valores expressivos para o ângulo do joelho no momento do impacto (30%), Pico 1 da plataforma de força (13%), velocidade máxima em X do chute (9%) e aceleração máxima em X do chute (5%), demonstrado na Tabela 5. Tabela 5: Teste de Stepwise para variáveis dos atletas Adjusted R Std. Error of the Square Estimate .298 .284 914.520 .654b .428 .405 833.838 3 .720c .518 .488 773.422 4 .757 .574 .537 735.153 Model R R Square 1 .546a 2 45 5. DISCUSSÃO O propósito deste estudo foi de analisar as características biomecânicas do chute frontal de lutadores de artes marciais mistas e todas as variáveis cinemáticas obtidas através do BOB, após o impacto do chute. Uma das características importantes para o presente estudo foi a força do chute aplicada no BOB, com média e desvio padrão 2298,57 N ± 1071,05 N. Apesar de alguns estudos citados e referenciados neste trabalho terem quantificado o chute frontal do Karatê (Mae-geri), ou o chute frontal do Taekwondo, em concordância com Gulledge e Dapena (2007) as forças relatadas em alguns estudos que citaram, seriam válidas para as comparações entre as condições dentro de cada estudo, mas devido às condições serem diversas não se deve comparar os estudos entre si. Por exemplo, Smith e Hamill (1985) citam o estudo de Sato onde o mesmo afirma ser necessária uma força de 1100 N para fraturar uma mandíbula. Em um estudo específico sobre a prática de Karatê de quebramento de objetos, Walker (1975) estimou o valor necessário para quebrar tijolos em cerca de 3200 N. No estudo de Wilk, MacNair e Feld (1983) o valor estimado do pico de força produzido pelos sujeitos deste estudo foram em torno de 2400 N a 2800 N, citam ainda Vos e Binkhorst que também observaram grandes valores de picos para quebras que não obtiveram êxitos mencionando que um sujeito é capaz de gerar mais força do que se requer para a quebra, mas que a força exercida por si só, não é um parâmetro importante. Na verdade, são fundamentais um posicionamento adequado do pé ou da mão, etc. Gianino (2009) diz ser inerente a qualquer técnica do karatê a doutrina do golpe definitivo, ou seja, que é possível produzir com uma única ação um efeito devastador. Quando investigamos a correlação 52% entre a força do chute e as variáveis cinemáticas do BOB após o impacto do chute, podemos explicar que: a aceleração mínima no eixo X da cabeça do BOB tem uma variabilidade de R² = 0,278 (28%). O instante em que acontece a aceleração mínima é o momento em que a cabeça do 46 BOB volta para trás, após ser impulsionada para frente pelo impacto. A aceleração média e desvio padrão foram de -87,01 m/s² ± 44,57 m/s². Segundo Banic et. al., (2004) lesão em chicote (ou simplesmente chicote) é definida como “aquela associada a um mecanismo de aceleração e desaceleração de transferência de energia aplicada ao pescoço geralmente decorrente de acidente automobilístico”. O impacto pode resultar em lesões esqueléticas e de tecidos moles, os quais podem ocasionar uma variedade e uma diversidade de manifestações clínicas, que incluem cervicalgia, rigidez do pescoço, tontura, par estesias, e dificuldades cognitivas como a perda de memória. Estas manifestações clínicas são conhecidas como distúrbios associados à lesão em chicote (DALC). Pode-se afirmar que quanto mais forte o chute, maior vai ser o efeito do chicote. A variabilidade R² = 0,424 (16%) da aceleração máxima no eixo X no ombro do BOB, explica que quanto mais força atribuída no impacto maior vai ser a aceleração do ombro no eixo X, conforme explica a segunda lei de Newton citado por Hamill e Knutzen (2008), a mudança de movimento é proporcional à força incidente, e tal mudança ocorre na direção da linha reta na qual a força incidiu. A variabilidade R² = 0,493 (8%) da aceleração mínima do eixo Y do ombro pode ser explicada pelo efeito de chicote do ombro. O instante em que acontece a aceleração mínima é o momento em que o tronco do BOB volta para trás, após ser impulsionada para frente pelo impacto, ou seja, quanto maior a força maior vai ser esse efeito. Segundo Moss et al. (2012), a face (1699, 15% e 3º lugar na quantidade de lesão), o pescoço (976, 8% e 5º lugar) e a cabeça (420, 4% e 6º lugar) são regiões do corpo dos lutadores de artes marciais que aconteceram lesões. Também após ser investigada a correlação entre a análise cinemática dos atletas, os dados da plataforma de força antes, durante e após o chute com a força do chute, explicam 57%, tendo uma variabilidade R² = 0,298 (30%) para o ângulo do joelho no impacto do chute, com média e desvio padrão de 129° ± 14,70°. Isso explica que quanto maior a flexão do joelho no momento do chute, maior será a força. A variabilidade R² = 0,405 (13%) para os valores do pico 1 da plataforma de força (momento do impacto do chute no alvo) corrobora com alguns estudos que dizem ser uma maneira particular ou forma de cada indivíduo, que se utiliza melhor dessa reação do solo ou de acelerar sua massa para que ao final se transfira a 47 energia e se efetive o impacto ao alvo propriamente dito. Convém citar Gianino (2009) quando fala que praticamente todas as partes do corpo participam sinergicamente da ação seja com propósito de aumentar a velocidade ou massa efetiva de impacto, sendo que para adquirir essa sinergia não é simples como controlar e ativar as diversas tensões musculares num momento oportuno. Destaque novamente para Gianino (2009), quanto ao movimento nascer da pressão do pé de trás que está na plataforma e se transmitir em espiral em toda a cadeia cinética. Outra variável dependente da força do chute em R²=0,488 (9%) da velocidade máxima do chute no eixo X, com média e desvio padrão 7,30 m/s ± 2,07 m/s, corrobora com alguns estudos realizados. O valor obtido na variável velocidade máxima no eixo X (7,30 m/s) é menor do que os valores obtidos por Martins, Pinto e Melo (2010) e Pecoraioli e Merni (2007) com karatecas (10,03 m/s e 9,94 m/s). Além disto, Moss et al. (2012) em seu estudo de meta-análise evidenciou que o Mae geri (chute frontal) é golpe com maior velocidade linear do Karatê (15,76 m/s ±5,45 m/s). Acredita-se que este fato possa ser atribuído a diversidade de técnicas motoras (BOHME, 2003). Pieter e Pieter (1995) e Serina e Lieu (1991), analisaram as lesões potenciais de compressão torácica, quando não é usado nenhum equipamento de proteção corporal, de quatro chutes do Taekwondo (entre eles o frontal) frequentemente utilizados em competições. De acordo com os autores, a média de velocidade dos chutes foi de 15 m/s, o que prevê uma probabilidade significativa de dano grave, ocasionando um desvio torácico de 3 a 5 cm. E finalizando a correlação entre a análise cinemática dos atletas, os dados da plataforma de força antes, durante e após o chute com a força do chute (57%), o R²=0,536 (5%) para a aceleração máxima no eixo X do chute 62,27 m/s² ± 120,90 m/s². Alguns estudos como o de Vecchio (2013) analisam os efeitos de diferentes protocolos de treinamento para executar o chute no Taekwondo. Um chute mais ágil disponibiliza menos tempo de reação e contra-ataque do oponente. 48 6. CONCLUSÃO O principal objetivo deste estudo foi analisar as características biomecânicas do chute frontal em atletas de MMA onde os objetivos específicos propostos foram verificar os valores de forças geradas pelo chute frontal durante o impacto no alvo fixo; quantificar a força de reação do solo em relação ao chute e analisar as variáveis cinemáticas de velocidade e aceleração do chute. Considerando-se a amostra analisada verificou-se que para os valores de impacto encontrados neste estudo é possível com um chute no MMA produzir com um único golpe um efeito efetivamente arrasador. Compreender parâmetros biomecânicos do chute frontal do MMA pode motivar novas pesquisas que venham esclarecer métodos de treinamentos e prevenir lesões provenientes desse golpe. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDEL-AZIZ, Y.I. KARARA. H.M. Direct linear transformation from comparator coordinates into object-space coordinates in close-range photogrammetry. Proceedings of the Symposium on Close-Range Photogrammetry. Falls Church. VA: American Society of Photogrammetry, 1971. ALONSO, M. Regras do Vale Tudo. Revista Tatame 77: 12, 2002. AMADIO, A. Fundamentos Biomecânicos para a Análise do Movimento Humano. Edição da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. AMADIO, A.; ÁVILA, A.; GUIMARÃES, A. et al. Métodos de medição em biomecânica do esporte: descrição de protocolos para aplicação nos centros de excelência esportiva (REDE CENESP - MET). Documento elaborado pelo Grupo de Biomecânica para a Rede do Centro de Excelência Esportiva do Ministério de Esporte e Turismo (CENESP-MET). Rev. 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