UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL DOUTORADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS DOENÇAS EMERGENTES E AGRAVOS INUSITADOS OCORRIDOS NO AMAZONAS – 2004 A 2009 MARCELO CORDEIRO DOS SANTOS MANAUS 2009 i MARCELO CORDEIRO DOS SANTOS DOENÇAS EMERGENTES E AGRAVOS INUSITADOS OCORRIDOS NO AMAZONAS – 2004 A 2009 Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para obtenção do título de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador: Profa. Dra. Maria das Graças Costa Alecrim MANAUS 2009 ii DEDICATÓRIA Aos meus pais, Targino e Marcia, a quem devo todas minhas conquistas. A minha filha, Bruna, por quem busco todas as conquistas. iii AGRADECIMENTOS Agradeço profundamente a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho, em especial: A Profa. Graça Alecrim, minha orientadora, por ter acreditado no projeto e pelo permanente incentivo para que eu chegasse ao final desse trabalho; Ao Dr. Bernardino Cláudio de Albuquerque, mestre e amigo, pelo apoio, pelas críticas, sugestões e pelo exemplo profissional; Ao Prof. Antonio Ruffino Neto, meu orientador do mestrado, pela amizade e pelos ensinamentos; Ao Prof. Marcus Barros, eterno exemplo de educador, pela amizade e pelos ensinamentos; Ao Dr. Evandro Melo, pelo incentivo, respeito e confiança depositada; A Profa. Maria das Graças Barbosa, coordenadora do doutorado, pela paciência, sugestões e incentivo; Ao Dr. Sinésio Talhari, pelo inestimável apoio a este trabalho e sobretudo a pós-graduação; Ao Dr. Silas Guedes, pelo entusiasmo, amizade e apoio; Ao Dr. Wilson Alecrim, pela confiança, incentivo e amizade; Ao Dr. Andres Lescano, pelos ensinamentos, amizade e importantes contribuições; Ao Dr. Carlos Augusto Borborema e ao Dr. Heitor Dourado, visionários que foram ao criarem a FMTAM; A Dra. Maria Paula Mourão, amiga verdadeira, médica e professora brilhante; Ao Dr. Marcus Lacerda, grande amigo, que de aluno tornou-se meu professor; As professoras Lucilaide Santos e Marilú Victoria pelo apoio e compreensão na disciplina de DIP na fase final da tese; A amiga Rossicleia Lins Monte, por todo o apoio e amizade; Ao Dr. Luis Ferreira, pelas críticas e sugestões por ocasião da aula de qualificação; Aos amigos e funcionários da FVS, em especial Rosemary Pinto, Giralcina Aguiar, Leila Brasil, Tirza Mattos, Camila Freire e Maria José, pelo companheirismo e incentivo; iv A Conceição Tufic e Marcos André, da pós-graduação, por todo apoio recebido; A todos os funcionários da unidade hospitalar da FMTAM pela dedicação aos pacientes; Aos professores e preceptores da FMTAM: Dra. Vera Márcia, Dr. Eucides Batista, Dra. Márcia Melo, Dra. Zenilda Michelis, Dra. Zeina Sampaio, Dr. Jose Carlos e Dr. Claudio Carvalho pela amizade e por todos os ensinamentos; Ao Dr. Marcus Guerra, pela acolhida quando pela primeira vez visitei a FMTAM; Aos meus estudantes, fonte de estímulo permanente; Ao Dr. João Hugo, médico residente, que aceitou o desafio de participar da assistência dos pacientes com Doença de Haff, pela enorme contribuição; Aos Doutores Seniores: Angelica Espinosa, Samira Buhrer, Marcelo Mira e Reynaldo Dietze pela inestimável contribuição ao trabalho e, principalmente, pela revisão dos artigos científicos; Aos colegas médicos: Gama Filho, Pablo Santos, André Siqueira, Heliana Matos e Wilson Filho, pela amizade e confiança depositada; A Tatyana Amorin e Vivian Pereira pela amizade e carinho; A Sandra Lins, Joice Claret e Fátima Cibele pela compreensão e companheirismo; A Janaina França por todo o apoio prestado; Aos colegas de doutorado pela convivência; Aos professores do doutorado pelos ensinamentos; Ao Ary e João Gabriel, pela revisão dos meus textos em inglês; Ao meu irmão, Fabio, pelo incentivo e amor incondicional; A Solange, minha “mãedrasta”, por todo apoio a minha formação médica; A Celina, esposa e amiga, que criou condições pessoais para que eu pudesse desenvolver a tese; A FMTAM, UEA, FVS, SUFRAMA, CAPES, FMURAKI pela viabilização deste trabalho. v EPÍGRAFE Quando o mundo sofre um risco coletivo, a defesa se torna uma responsabilidade partilhada entre todas as nações. Dra. Margaret Chan, Diretora Geral da Organização Mundial de Saúde; World Health Day 2007. vi RESUMO As doenças emergentes se caracterizam por produzir importantes repercussões no desenvolvimento econômico e social das nações. O novo Regulamento Sanitário Internacional estabeleceu novas estratégias para vigilância em saúde nos países membro da OMS, com o objetivo de detectar e investigar agravos que se caracterizem como emergência em saúde pública. Com o objetivo de aprimorar a resposta as situações de emergência epidemiológica no Brasil, o Ministério da Saúde criou, em outubro de 2005, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde. No Amazonas, com a criação da Fundação de Vigilância em Saúde em julho de 2004, a investigação dos eventos de relevância em saúde pública no Estado receberam, desde então, a coordenação do Núcleo de Respostas Rápidas da Fundação. O presente estudo teve como objetivo descrever as doenças emergentes e agravos inusitados ocorridos no Amazonas de 2004 a 2009. Foram incluídos os agravos de relevância epidemiológica regional, nacional ou internacional, sendo o trabalho apresentado no formato de artigos científicos. No período de estudo foram detectados e investigados cinco agravos considerados de emergência em saúde pública que até então, não haviam sido descritos na região. O primeiro artigo descreveu-se os primeiros casos de infecção por hantavirus no Amazonas, o segundo reportou um surto de meningite química causado por anestésico similar e o terceiro artigo descreveu os primeiros casos de doença de Haff identificados no Estado, que se apresentaram na forma de surto. Além dos artigos, no presente estudo são apresentados outros dois agravos ocorridos no Amazonas; um surto de fasciolose humana no município de Canutama e a emergência do vírus Influenza A (H1N1) na região. Apesar do Estado do Amazonas ainda estar no processo de adequação ao Regulamento Sanitário Internacional, a estrutura atual de vigilância em saúde mostrou-se eficiente, considerando que surtos de doenças emergentes e agravos inusitados ocorridos na região foram prontamente detectados e investigados. Palavras-chave: Investigação de surtos. Hantavirose. Meningite química. Doença de Haff. Fasciolose humana. Influenza A (H1N1). vii ABSTRACT The emerging diseases are characterized by producing important effects over the economic and social development of the nations. The new International Health Regulations introduced new strategies for health surveillance in the WHO member countries in order to detect and investigate diseases that are characterized as public health emergency. In order to improve the response to emergency situations epidemiological status in Brazil, the Ministry of Health established in October 2005, the Center for Strategic Information in Health Surveillance. In the State of Amazonas, with the creation of the Health Surveillance in July 2004, the investigation of the events holding relevance to public health in the State has received since then, the coordination of the Center for Rapid Response. This study aimed for describing the emerging diseases and unusual diseases occurring in the State of Amazonas from 2004 to 2009. We included events with regional, national or international epidemiology relevance. The work was presented in the format of scientific papers. During the study period, five diseases considered of public health emergency that until then had not been described in the region were detected and investigated. The first article described the first cases of Hantavirus infection in the Amazon, the second reported outbreak of meningitis caused by chemically-related anesthetic and the third article described the first cases of Haff disease identified in the State, which occurred in the form of an outbreak. In addition to the articles, the present study describes two other emerging diseases which occurred in the State of Amazonas; an outbreak of human fascioliasis in the city of Canutama and the emergence of influenza A (H1N1) virus in the region. Despite the state of Amazonas still being in the process of adaptation to the International Health Regulations, the current structure of health surveillance was efficient, whereas outbreaks of emerging diseases and health problems unusual developments in the region were readily identified and investigated. Key-words: Outbreak investigations. Hantavirus infection. Chemical meningitis. Haff disease. Fasciolisis. Influenza A (H1N1). Amazonas. viii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Figura 2: Figura 3: Figura 4: Figura 5: Figura 6: Figura 7: Figura 8: Figura 9: Figura 10: Figura 11: Figura 12: Figura 13: Figura 14: Figura 15: Figura 16: Figura 17: Figura 18: Surto de gastroenterite causado por água contaminada, por data de início de sintomas, de 30 de maio a oito de setembro de 2004, Ohio, EUA........................................................................................................... Data de início dos sintomas, por faixa etária, de surto de Coqueluche ocorrido e comunidade militar da Alemanha, de abril a junho de 2005.......................................................................................................... Distribuição mundial dos casos confirmados da nova gripe (Influenza A, H1N1) em 21 de maio de 2009................................................................. Distribuição dos casos confirmados de influenza A (H1N1) nos EUA em 05 de maio de 2009.................................................................................. Impacto econômico direto por surtos de doenças infecciosas, 19902003.......................................................................................................... Distribuição das notificações de eventos de relevância em saúde pública à OMS por regiões, de 2003 a 2006............................................ Provável transmissão de 22 casos de SARS durante vôo internacional.............................................................................................. Sala de Situação do CIEVS...................................................................... Distribuição dos eventos notificados ao CIEVS por região geográfica, 2006 a 2008.............................................................................................. Distribuição dos eventos notificados ao CIEVS por região geográfica, 2006 a 2008.............................................................................................. Organograma da Fundação de Vigilância em Saúde............................... Fluxograma para avaliação de agravos notificados................................. Localização do município de Canutama, Amazonas Fluxograma utilizado pelos profissionais de saúde da Infraero para avaliação de casos suspeitos de Influenza A (H1 N1)............................. Fluxograma para casos suspeitos de Influenza A (H1 N1) disponibilizado aos profissionais de saúde da rede de assistência no período pré-epidêmico.............................................................................. Fluxograma para casos suspeitos de Influenza A (H1 N1) disponibilizado aos profissionais de saúde da rede de assistência no período epidêmico.................................................................................... Curva epidêmica dos casos de Influenza A (H1 N1) confirmados no Amazonas, 2009....................................................................................... Distribuição, quanto à faixa etária, dos casos de Influenza A (H1 N1) confirmados no Amazonas, 2009............................................................. 23 24 27 28 29 31 33 35 37 41 42 49 75 77 77 78 79 80 ix LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária CDC Center for Disease Control and Prevention CECEPI Comitê Estadual de Contingência para Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza CIEVS Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde ESPII Emergência em Saúde Pública EPISUS Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde EUA Estados Unidos da América FETP Field Epidemiology Training Programs FMTAM Fundação de Medicina Tropical do Amazonas FVS Fundação de Vigilância em Saúde GPHIN Global Public Health Information Network GOARN Global Outbreak Alert and Response Network HIV Vírus da Imunodeficiência Humana MS Ministério da Saúde NMRCD US Naval Medical Research Center Detachment NUREP Núcleo de Respostas Rápidas OMS Organização Mundial de Saúde RSI Regulamento Sanitário Internacional SARS Síndrome Respiratória Aguda Grave SEMSA Secretaria Municipal de Saúde SUSAM Secretaria de Estado da Saúde SVS Secretaria de Vigilância em Saúde x SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 12 1.1 Reconhecendo um surto........................................................................... 12 1.2 Por que investigar surtos?........................................................................ 13 1.3 Limitações das investigações de surtos................................................... 15 1.4 Etapas de Investigação de surtos............................................................. 16 1.5 As Doenças Emergentes.......................................................................... 26 1.6 Vigilância Epidemiológica das Doenças Emergentes............................... 30 1.7 Estrutura de resposta às situações de emergência epidemiológica no Brasil......................................................................................................... 32 Núcleo de Respostas Rápidas do Amazonas........................................... 37 1.8 2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 19 3 OBJETIVOS................................................................................................... 20 4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 45 5 RESULTADOS.............................................................................................. 50 5.1 Hantavirose……………………………………………………………………. 50 5.2 Surto de meningite química…………………………………………………. 5.3 55 Surto de Doença de Haff........................................................................... 60 5.4 Surto de reações adversas a oxacilina..................................................... 5.5 Surto de fasciolose humana ..................................................................... 74 5.6 Pandemia de influenza A (H1N1).............................................................. 76 67 5 CONCLUSÃO................................................................................................ 81 6 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 83 7 OBRAS CONSULTADAS............................................................................... 90 8 APÊNDICES................................................................................................... 91 Apêndice A – Ficha de investigação do surto de meningite química..... 92 Apêndice B – Nota técnica de rabdomiólise............................................ 94 Apêndice C – Ficha de investigação do surto de rabdomiólise............... 97 9 ANEXOS........................................................................................................ 98 Anexo A – Portaria nº 5, de 21 de fevereiro de 006................................ 99 xi Anexo B – resposta à ANVISA................................................................. 105 Anexo C – resolução RE No. 841 da ANVISA.......................................... 107 Anexo D – e-mail com aceite do artigo de revista.................................... 109 12 INTRODUÇÃO Nos últimos 50 anos, os vírus Ebola1, HIV2 e o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS)3, são exemplos de microorganismos que foram descritos como agentes de novas doenças, com diferentes formas de transmissão e, ainda, como causa de surtos, epidemias e pandemias.4 No Brasil, a febre purpúrica brasileira 5 e o vírus Sabiá6 são exemplos de novos agravos descritos nas últimas décadas. Define-se surto ou epidemia a ocorrência de um evento relacionado à saúde que claramente exceda a expectativa normal, podendo envolver doença infecciosa ou não infecciosa. Não há nenhuma regra geral sobre o número de casos que devem existir para que um surto seja considerado uma epidemia. Epidemia é caracterizada quando o número de casos excede o esperado, tendo como base a experiência anterior para dada população.7 Pandemia é definida quando uma epidemia acomete diversos países, sendo que a Aids é considerada, atualmente, a principal delas. 8 Os três principais objetivos de uma investigação de surto são: 7 Identificar o agente etiológico; Determinar a fonte de infecção, caracterizando o evento quanto à distribuição por pessoa, lugar e tempo, bem como as taxas de ataque específicas; Formular recomendações para impedir a transmissão da doença. 1.1 Reconhecendo um surto Um surto pode ser reconhecido de diversas formas. É freqüente a identificação de surtos por profissionais da saúde, que alertam as autoridades sanitárias a respeito da ocorrência de um agravo inusitado ou ocorrência de surtos. Por exemplo, a síndrome do choque tóxico estafilocócico foi identificada inicialmente por médicos. 9 No 13 surto de encefalite pelo vírus do Oeste do Nilo Ocidental em Nova York, Estados Unidos da América (EUA), apesar de 14 pacientes terem sido internados em diversos hospitais no período de oito a 22 de agosto de 1999, apenas quatro foram notificados, sendo que todos por um único médico infectologista. 10 As equipes locais de vigilância podem, por exemplo, identificar um surto de hepatite B, cuja fonte de infecção foi um dentista, ao se analisar regularmente as exposições de risco dos casos notificados de hepatite B. 11 O reconhecimento oportuno da ocorrência de uma epidemia é um dos maiores desafios da vigilância em saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os países devam dedicar todos os esforços para que emergências epidemiológicas sejam prontamente reconhecidas. Uma das estratégias recomendadas é a vigilância eletrônica de doenças, onde variações na incidência de agravos podem ser detectadas precocemente.12 Um dos países que adotou um sistema como este foi a Indonésia. Através de uma abordagem sindrômica, informações de atendimentos de 11 hospitais, de oito províncias diferentes, são enviadas diariamente por e-mail para Ministério da Saúde daquele país. Um programa analisa os dados, buscando identificar indícios de ocorrência de surtos.13 1.2 Por que investigar surtos? A razão de ser de uma investigação de surto é controlar a epidemia prevenindo a ocorrência de mais casos. Antes de se estabelecer a estratégia de controle, é necessário reconhecer em que etapa de seu curso a epidemia se encontra. O número de casos está aumentando ou o surto já está se extinguindo? A resposta a essa questão condicionará o objetivo da investigação. 7 Se a epidemia estiver ainda em curso, o objetivo será prevenir novos casos; portanto, a investigação se concentrará na extensão do evento e no tamanho e nas características da população sob risco para delinear e desenvolver medidas 14 apropriadas de controle. Caso a epidemia já esteja em seu término, prioriza-se a adoção de medidas visando à prevenção de novos surtos. 7 Os esforços despendidos na investigação do surto e nas medidas de controle devem ser proporcionais aos conhecimentos disponíveis a respeito da causa, da origem e do modo de disseminação da epidemia. Por exemplo, a recente epidemia de infecções pós-cirúrgicas causadas por micobactérias de crescimento rápido descrita no Brasil(14), resultou em novas recomendações para esterilização de artigos críticos nos hospitais brasileiros pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).15 Embora a investigação de surtos possa apresentar algumas características semelhantes às da pesquisa epidemiológica, há pelo menos três diferenças importantes entre ambas:7 As investigações epidemiológicas de campo iniciam-se com freqüência sem hipótese clara. Geralmente, requerem o uso de estudos descritivos para a formulação de hipóteses, que posteriormente serão testadas por meio de estudos analíticos, na maior parte das vezes, de caso-controle.7 Quando ocorrem eventos que implicam medidas imediatas de proteção à saúde da comunidade exposta ao risco, a investigação do surto deve se restringir, no primeiro momento, à coleta dos dados e sua análise, com o objetivo de desencadear rapidamente as ações de controle.7 A amplitude e o grau de aprofundamento das investigações de surto de doenças agudas dependerão do grau de conhecimento da etiologia, da fonte e modos de transmissão e das medidas de controle disponíveis. Os referenciais teóricos aplicados nas investigações epidemiológicas de campo originam-se da clínica médica, da epidemiologia e das ciências de laboratório. 7 15 A investigação de surtos constitui atividade que, obrigatoriamente, deve ser incorporada por qualquer sistema de vigilância, não só visando a eventos adversos à saúde raros e pouco conhecidos, mas também a doenças cujos conhecimentos estejam bem estabelecidos.16 As epidemias devem ser encaradas como experimentos naturais, cuja investigação, com alguma freqüência, permitirá a identificação de lacunas no conhecimento, induzindo o desenvolvimento de pesquisas que poderão resultar no aprimoramento dos serviços de saúde. Muitas vezes a investigação de um surto que se apresenta inicialmente como rotineira pode resultar em ampliação do conhecimento a respeito do agravo estudado, de seu agente, fonte(s) e modo(s) de transmissão. 7 Neste último caso, muitas vezes é necessário descartar ou caracterizar mudanças no comportamento da doença, do agente, da fonte ou modo de transmissão. Foi o que ocorreu, em meados da década de 1980, na epidemia de poliomielite causada pelo poliovírus tipo 3 na Finlândia, onde 95% da população encontrava-se imunizada contra poliomielite.17, 18 Estudos genéticos demonstraram que a epidemia ocorreu devido a mutação do vírus circulante.19 Outro exemplo é a investigação de um surto de diarréia grave causado pela Salmonella newport. Nesse episódio, todas as cepas isoladas mostraram-se multirresistentes a antibióticos, apresentando também um plasmídio com idêntico padrão molecular de restrição. A ampliação dessa investigação permitiu estabelecer uma relação desse surto com o uso de antibióticos em doses elevadas na ração destinada à criação de gado.20 Atualmente, a relação entre administração de antibióticos a indivíduos infectados por bactérias multirresistentes e ocorrência de diarréia grave está bem estabelecida. 21 1.3 Limitações das investigações de surtos Apesar das investigações de surtos constituírem importante instrumento dos 16 serviços de saúde para o aperfeiçoamento das ações de controle, algumas limitações são reconhecidas:7 Geralmente, não é possível utilizar protocolos de pesquisa bem planejados. É freqüente a utilização de diferentes fontes, em que a integralidade e precisão das informações variam dramaticamente, assim como o propósito com que foram originalmente registradas. Diferentemente dos estudos planejados, em que o tamanho da amostra é adequadamente estabelecido por epidemiologistas, nas investigações de surtos o número de casos é geralmente pequeno, o que, sob diversos aspectos, dificulta a análise. 1.4 Etapas de Investigação de Surtos(7, 22) 1ª etapa - definição de caso A definição de caso consiste na padronização de um conjunto de critérios. O objetivo é estabelecer se um determinado paciente deve ser classificado como caso em referência ao agravo de interesse à investigação. A definição de caso inclui critérios clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, e estes últimos devem sempre delimitar os caracteres epidemiológicos relativos ao tempo, lugar e pessoa. Não se deve incluir na definição de caso uma exposição ou fator de risco que esteja entre os possíveis fatores associados à doença e, portanto, provavelmente estará entre as hipóteses a serem analisadas durante a investigação. 17 Em determinadas situações em que o diagnóstico de certeza é difícil, seja por motivos técnicos ou operacionais, os casos notificados podem ser categorizados em: Confirmados; Compatíveis; Possíveis. Essa categorização deve ser feita com base em diagnóstico clínico apoiado ou não em testes laboratoriais e, ainda, no número, natureza e gravidade dos sinais e sintomas apresentados. Para ser classificado como caso confirmado, geralmente é necessário a confirmação laboratorial. Os casos compatíveis freqüentemente apresentam quadro clínico típico, porém sem confirmação laboratorial. Os casos possíveis apresentam somente algumas características clínicas típicas. Como exemplo, as definições de caso do surto de febre purpúrica brasileira foram:5 Caso confirmado: criança de três meses a 10 anos, residente em município onde ocorreu epidemia de conjuntivite purulenta nos últimos 45 dias, apresentando doença febril aguda, sem foco infeccioso identificado, com isolamento de Haemophylus aegyptius em líquido corpóreo normalmente estéril (sangue, líquor, etc.). Caso compatível: criança de três meses a 10 anos, residente em município onde ocorreu epidemia de conjuntivite purulenta nos últimos 45 dias, apresentando doença febril aguda, febre igual ou superior a 38,5º C, dor abdominal e/ou vômitos, com desenvolvimento de petéquias ou púrpuras e evolução para choque e óbito em menos de 36 horas. Exames bacteriológicos e imunológicos negativos para Neisseria 18 meningitidis, Haemophylus influenzae e Haemophylus aegyptius; sem evidências de meningite, mas com história de conjuntivite purulenta nos últimos quinze dias. Caso possível: criança de três meses a 10 anos, residente em município onde ocorreu epidemia de conjuntivite purulenta nos últimos 45 dias, apresentando doença febril aguda, febre igual ou superior a 38,5º C, dor abdominal e/ou vômitos, com desenvolvimento de petéquias ou púrpuras e evolução para cura mediante tratamento adequado com antibióticos. Exames bacteriológicos e imunológicos negativos para Neisseria meningitidis, Haemophylus influenzae e Haemophylus aegyptius; sem evidências de meningite. Geralmente, utiliza-se a estratégia de aplicar no início da investigação definição de caso mais sensível, portanto sem categorizá-lo em possível, compatível ou confirmado. À medida que a investigação se desenvolve e surgem hipóteses plausíveis, a definição de caso é modificada, tornando-se mais específica e discriminatória. Uma definição de caso mais sensível no início da investigação favorece a identificação da extensão do problema, assim como a população afetada, permitindo muitas vezes o surgimento de hipóteses relevantes para a identificação do agente causal e das fontes e modos de transmissão. No entanto, se casos falsamente positivos para testar essas hipóteses forem incluídos, aplicando-se métodos da epidemiologia analítica, resultados incorretos poderão ser obtidos.7 2ª etapa - confirmação do diagnóstico e verificação da ocorrência real de casos7, 22 O objetivo dessa etapa é verificar se os casos foram corretamente diagnosticados. Muitas vezes é necessário o reexame dos pacientes e/ou a revisão detalhada dos prontuários clínicos e dos procedimentos de laboratório. Sempre que possível esses procedimentos devem ser efetuados em conjunto com os médicos responsáveis pelo atendimento dos pacientes, certificando-se da consistência dos resultados do laboratório quando comparados com os achados clínicos. Tal conduta 19 visa excluir erros que possam ter elevado artificialmente o número de casos. É sempre necessário fazer uma lista dos achados clínicos com as respectivas distribuições de freqüências, uma vez que serão úteis para a caracterização do espectro da doença e para uma etapa posterior da investigação, quando será necessária uma definição de caso mais específica. Essa listagem de freqüência de manifestações clínicas e de resultados de exames laboratoriais é tão importante, que muitas vezes é interessante apresentá-la como primeira tabela no relatório final da investigação a ser encaminhado às unidades de saúde, com os comentários e recomendações pertinentes. 3ª etapa - confirmação da existência do surto 7, 22 Ainda que, com intuito didático, as duas primeiras etapas terem sido apresentadas separadamente, na prática elas são executadas simultaneamente. No início da investigação, é importante partir do pressuposto de que o conjunto de casos identificados num primeiro momento, sugerindo um surto epidêmico, pode estar na verdade incorretamente diagnosticado ou diagnosticado segundo diferentes critérios. Portanto, uma das primeiras tarefas de uma investigação é confirmar se, de fato, um surto está ocorrendo. Nessa etapa, pode-se verificar a existência de um verdadeiro surto, ou a ocorrência de casos esporádicos de uma mesma doença ou, até mesmo, pseudo-surtos que podem consumir tempo expressivo e recursos financeiros. 23, 24 Em algumas situações um surto pode ser atribuído a um determinado agente e posteriormente o aprofundamento da investigação determina outra etiologia, como o que ocorreu em um surto de gastroenterite nosocomial que, inicialmente, indicou ser causada pelo Clostridium difficile e com utilização de técnicas laboratoriais adequadas, foi possível caracterizar o Norovirus como agente causador do surto.25 Outro procedimento indispensável nessa etapa é a determinação do número de casos normalmente esperado na comunidade ou no grupo de indivíduos afetados, para compará-lo com os ocorridos durante o período do possível surto. A confirmação da ocorrência de surto é realizada comparando-se os dados atuais de incidência da 20 doença em questão com aqueles registrados nas semanas ou meses anteriores, ou ainda, se disponível, com a incidência relativa ao período correspondente nos anos anteriores na população exposta ao risco. 7 4ª etapa - identificação e contagem de novos casos Essa etapa é desenvolvida no campo, examinando e entrevistando pacientes e seus contatos. Esse procedimento constitui importante fonte adicional de informação relativa a casos não diagnosticados ou não notificados, além de possibilitar melhor conhecimento do espectro clínico da doença e, muitas vezes, permitir a identificação da fonte de infecção.7 Nessa etapa, recomenda-se uso de questionário com o objetivo de melhor conhecer os sintomas clínicos da doença, além de obtenção de amostras biológicas e ambientais para serem enviadas para laboratório a fim de se estabelecer, por exemplo, definição de caso confirmado.7 A ampla divulgação entre médicos, pessoal de enfermagem e de laboratório das características do surto e da importância de sua completa investigação constitui um dos instrumentos que facilitam esse procedimento. 7 Ao final dessa etapa, deve-se elaborar uma lista com todos os casos identificados, colocando-se nas colunas o nome ou iniciais dos pacientes e as principais variáveis a serem analisadas.7 5ª etapa - análise dos dados disponíveis Nessa fase da investigação, em que os dados disponíveis já devem proporcionar uma visão mais abrangente do evento, a análise deve ser efetuada cuidadosamente, buscando identificar informações que facilitem a elaboração de hipóteses. 21 A análise, nesse momento, tem por objetivo: 7 Identificar as fontes e modos de transmissão; Estimar o momento provável de exposição dos suscetíveis à(s) fonte(s) de infecção; Caracterizar a duração da epidemia. As informações coletadas devem ser organizadas de forma a responder às seguintes questões:7 Relativas ao tempo Quais foram o período exato do início e a duração da epidemia? Conhecido o diagnóstico, qual foi o período provável de exposição? A transmissão durante a epidemia se deu por veículo comum, pessoa a pessoa ou por ambas as formas? Relativas ao lugar Qual é a distribuição espacial dos casos? Quais são as taxas de ataque por local de ocorrência? Segundo os atributos das pessoas Quais são as taxas de ataque específicas por sexo, grupo etário, grupo sócio-econômico ou por outros critérios pelos quais podemos identificar 22 grupos de pessoas que possam apresentar características comuns em relação à exposição a um possível fator de risco? Quais são os grupos, segundo características como sexo, idade, nível sócioeconômico, que possivelmente foram expostos ao maior risco de adoecer? Quais são as outras características que distinguem os indivíduos atingidos da população não atingida? Características relativas ao tempo Na análise das características relativas ao tempo, um procedimento importante é a construção da curva epidêmica, tendo como principais objetivos: Buscar indícios da provável forma de transmissão associada ao surto, ou seja, se a disseminação da epidemia se deu por fonte comum, por transmissão pessoa a pessoa ou por ambas. Identificar o período provável de exposição dos casos às fontes de infecção. A curva epidêmica é um gráfico em que cada um dos casos da doença ocorridos durante o período epidêmico é registrado de acordo com a data do início da doença. Na construção dessa curva é necessário definir o intervalo de tempo adequado para o registro dos casos. Um critério para a escolha desse intervalo é que o mesmo se situe entre 1/8 e 1/4 do período de incubação da doença em questão. 7 Na interpretação preliminar da curva epidêmica deve-se considerar sua forma, pois a curva resulta: Do modo de transmissão predominante do surto, fonte comum (Figura 1) ou pessoa-pessoa (Figura 2); 23 Do período de exposição dos suscetíveis à fonte de infecção; Do período de incubação mínimo, médio e máximo da doença responsável pelo surto. Figura 1: Surto de gastroenterite causado por água contaminada, por data de início de sintomas, de 30 de maio a oito de setembro de 2004, Ohio, EUA. (Reproduzida de O’Reilly, et al., 2007)26 Métodos utilizados para determinação do período provável de exposição Método do período médio de incubação: identifica-se a data do pico da epidemia e calcula-se retrospectivamente, a partir dessa data, o tempo equivalente ao período médio de incubação, obtendo-se o dia provável de exposição. 24 Método do período máximo e mínimo de incubação: identificam-se as datas do primeiro e últimos casos da epidemia e calcula-se retrospectivamente a partir dessas datas o período provável de exposição, tomando como referência para o cálculo dos períodos mínimo e máximo de incubação. Esse método pode ser aplicado somente quando a duração da epidemia for aproximadamente igual ou menor que a diferença entre o período máximo e mínimo de incubação. Figura 2: Data de início dos sintomas, por faixa etária, de surto de Coqueluche ocorrido e comunidade militar da Alemanha, de abril a junho de 2005. (Reproduzida de Mancuso, et al., 2007)27 Recursos humanos nas investigações de surtos O sucesso das investigações de surtos depende substancialmente da qualificação e experiência profissional das equipes de investigação. Além disso, todo 25 surto ou epidemia deve ser encarado como uma oportunidade de treinamento para essas equipes.7 Alguns programas de formação de recursos humanos foram desenvolvidos nas últimas décadas. O Center for Disease Control and Prevention (CDC), de 1975 a 2001, graduou 945 profissionais de saúde em investigação de surtos, de diversos países, inclusive o Brasil. O curso, com duração de dois anos, tem como principal desvantagem um alto custo.28 Na América Latina, desde 2002, o U.S. Naval Medical Research Center Detachment (NMRCD), Lima, Peru, um dos cinco departamentos de defesa americano, desenvolve programa de treinamento na região com objetivo de formar recursos humanos em investigação de surtos. O curso é ministrado em espanhol em duas etapas: a primeira, presencial, com duração de cinco dias, onde são abordados assuntos teóricos e discussão de casos entre os alunos e a segunda etapa, não presencial, onde cada participante deverá redigir relato de surto que o aluno tenha investigado previamente. Até 2006, 33 cursos foram ministrados para 1343 alunos de 14 países diferentes.29 No Brasil, teve inicio em 2000 o Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EPISUS) criado pelo Ministério da Saúde (MS). Este programa de treinamento é desenvolvido no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), em Brasília/DF, com colaboração do CDC. O EPISUS representa o Brasil na rede internacional denominada Field Epidemiology Training Programs (FETP). O curso tem duração de dois anos, com carga horária aproximada de 3.600 horas. O treinamento inicia-se com um curso introdutório de uma semana, ainda durante o processo seletivo. Os candidatos aprovados na fase final da seleção iniciam as atividades com um curso intensivo de quatro semanas de duração, focado em conteúdos de bioestatística, epidemiologia e vigilância em saúde, incluindo um estudo de campo. Após o curso intensivo, os alunos são alocados em áreas técnicas da SVS, como por exemplo, vigilância de hantavírus, febre amarela, influenza, leptospirose, 26 raiva, doenças exantemáticas febris, meningites, tuberculose, malária, dengue, vigilância de doenças e agravos não transmissíveis. De 2000 a 2008 58 profissionais de saúde foram formados pelo EPISUS.30 1.5 As Doenças Emergentes Em 21 de abril de 2009, o (CDC) publicou no Morbidity and Mortality Weekly Report, dois casos de gripe em crianças identificados no sul da Califórnia, causada por um novo vírus influenza A, do subtipo H1N1. Os pacientes eram procedentes do México e o vírus influenza isolado ainda não havia sido descrito como causa de gripe em humanos.31 Posteriormente esse novo vírus foi caracterizado como de origem suína, porém com constituinte genético de aves e humanos.32 Em 24 de abril de 2009, a OMS notificou aos países membros a ocorrência de casos humanos de influenza suína que vinham ocorrendo, a partir de 18 de março, no México e nos EUA.33 Em 25 de abril, seguindo o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), a OMS declarou este evento como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).34 Em 21 de maio de 2009, 30 dias após o primeiro relato do CDC, 41 países reportaram oficialmente 11.034 casos da nova gripe, incluindo 85 mortes (Figura 3). Nos EUA, em 05 de maio, 642 casos haviam sido confirmados, sendo que praticamente em todos os Estados foram identificados pacientes com a doença (Figura 4). No México, país com o maior número de óbitos pela nova gripe, estima-se que o vírus A H1N1 reduzirá em 0,3% da riqueza nacional, algo em torno de 2,3 bilhões de dólares.35 Inúmeros eventos esportivos foram cancelados, assim como escolas, restaurantes, fábricas e comércio foram fechados. No Canadá, o índice de cancelamentos de viagens para o México chegou a 100% em algumas agências. Quanto à Europa, as principais operadoras reportaram cancelamentos de vôos entre 27 90% e 100%.36 A Figura 5 exemplifica algumas doenças emergentes com seus respectivos impactos econômicos.37 Figura 3: Distribuição mundial dos casos confirmados da nova gripe (Influenza A, H1N1) em 21 de maio de 2009. Fonte: OMS 28 Figura 4: Distribuição dos casos confirmados de influenza A (H1N1) nos EUA em 05 de maio de 2009. (reproduzida de Dawoo, et al., 2009)32 No Brasil, a SVS iniciou a coordenação das ações de vigilância em 25 de abril, sendo que em sete de maio o primeiro caso da nova gripe foi confirmado no país. 38 No Amazonas, em 27 de abril ocorreu a primeira reunião do Comitê Estadual de Contingência para Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza (CECEPI). O CECEPI é composto por representantes da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (SUSAM), Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA) e ANVISA, sendo presidido pelo Diretor da FVS.39 29 Figura 5: Impacto econômico direto por surtos de doenças infecciosas, 1990-2003. (reproduzida de WHO, 2007)37 Em 11 de junho de 2009, a OMS elevou o nível de alerta para o nível 06, declarando a primeira pandemia do século XXI. 40 Possivelmente, nenhum outro evento ocorrido na história recente poderia exemplificar Doença Emergente como da infecção pelo novo vírus Influenza A (H1N1). Na primeira edição do Emerging Infectious Diseases, Stephen Morse definiu doenças emergentes como ''Infecções que têm surgido recentemente na população, ou que tenham existido, mas vem aumentando rapidamente em incidência ou distribuição geográfica''.41 Um conceito mais abrangente de Doenças emergentes seria “doenças que surgiram, ou foram descobertas, ou tiveram sua incidência aumentada, ou reapareceram ou mudaram seu padrão epidemiológico, ou que tiveram elevada percepção social, nos últimos 20 anos”. 42 Estas doenças se caracterizam por produzir 30 importantes repercussões no desenvolvimento econômico, comportamento da população, turismo, migração e mudanças biológicas em agentes, vetores e hospedeiro. A pandemia causada pelo vírus influenza A H1N1 certamente servirá de instrumento de avaliação dos sistemas de vigilância em saúde das nações, particularmente em relação à capacidade de resposta frente a uma emergência de saúde pública de grande capacidade de disseminação entre as pessoas. 1.6 Vigilância Epidemiológica das Doenças Emergentes Nos últimos anos, a ocorrência de epidemias e pandemias por doenças emergentes ou reemergentes, obrigou a comunidade internacional a aprimorar os serviços de vigilância em saúde. De 2003 a 2006 a OMS recebeu 685 notificações de eventos que se configuraram como de relevância em saúde pública (Figura 6).37 Dentre os fatores que contribuíram para esta mudança estão à pressão demográfica, mudanças no comportamento social e alterações ambientais. Outro aspecto importante refere-se à globalização que integrou os países, refletindo no aumento da circulação de pessoas e mercadorias, estreitando as distâncias e compartilhando agentes de doenças que são endêmicos ou inofensivos em determinadas regiões, mas que poderiam determinar graves problemas de ordem econômica, social, política e de saúde em outras regiões.43 A expansão da circulação do vírus da influenza H5N144, bem como a pandemia por SARS3 e o uso de Antraz em ações terroristas45-47 são alguns exemplos da necessidade de aperfeiçoamento na vigilância em saúde em âmbito internacional e nacional (federal, estadual e municipal). Para adequar-se a esse cenário, nos últimos 50 anos, a legislação internacional em saúde sofreu diversas modificações visando atuar como facilitador na cooperação internacional, e o seu maior ícone é o RSI.48 31 Figura 6: Distribuição das notificações de eventos de relevância em saúde pública à OMS por regiões, de 2003 a 2006. (reproduzida de WHO, 2007)37 A primeira versão desse documento começou a vigorar em 1951, três anos após a criação da OMS, consolidando várias convenções internacionais anteriores a 2ª Guerra Mundial. Em 1969, o RSI sofreu alterações estruturais e pequenas mudanças subseqüentes, com exclusão de doenças, mas mantendo sua estrutura global. Essa versão vigorou até 14 de junho de 2007 e legislava apenas sobre febre amarela, peste e cólera, demonstrando-se completamente defasado e insuficiente para o enfrentamento no novo contexto mundial. Seu texto não fornecia subsídios legais para o enfrentamento de situações que fugiam a esse escopo. A última revisão do RSI ocorreu entre 1995 e 2005 e manteve o lema principal desse instrumento: “máxima proteção com o mínimo de interferência no tráfego mundial”. 48 Durante a revisão do RSI, em 2003, a OMS vivenciou na prática as limitações do regulamento vigente naquele período, quando ocorreu a pandemia de SARS. 3 Na 32 Figura 7 é possível reconhecer a complexidade da dinâmica de transmissão da SARS durante um vôo internacional.49 Naquela ocasião, todos os países membros afetados pela pandemia notificaram e cooperaram com a OMS, com exceção da China. Isso ocorreu apesar da OMS não poder obrigar, legalmente, os países signatários a fazê-lo.37 O instrumento disponível, mais eficaz, que OMS dispunha para obter informações complementares à oficial, enviada pelos países, era o sistema de captura de rumores desenvolvido pelo Canadá, denominado Global Public Health Information Network (GPHIN). Esse mecanismo já era utilizado pela GOARN (Global Outbreak Alert and Response Network), desde 2001. Com isso, em 2005, a captura de informações em fontes não oficiais passou a constar no texto final da última versão do RSI.48 Em maio de 2005, o novo RSI foi aprovado durante a 58ª Assembléia Mundial da Saúde entrando em vigor em 15 de junho de 2007. Foi o marco para o estabelecimento de novas estratégias para vigilância em saúde pública com o objetivo de detectar ocorrências que possam constituir uma emergência de ESPII, independentemente da sua origem ou natureza. 48 Neste contexto, somente os países que souberem interpretar adequadamente essa nova versão do regulamento, e criar condições favoráveis para sua aplicação nas ações de rotina do sistema de saúde, em todos os níveis de complexidade e esferas governamentais, serão os maiores beneficiados. Com isso, garantirão a soberania nacional e evitarão perdas econômicas desnecessárias, seja pelo absenteísmo de trabalhadores, morte de cidadãos ou redução no comércio, produção ou turismo. 1.7 Estrutura de resposta às situações de emergência epidemiológica no Brasil 33 Com o objetivo de aprimorar a resposta as situações de emergência epidemiológica do País, o MS, por intermédio da SVS criou, em outubro de 2005, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS). O CIEVS (portaria no. 30, de 07 de julho de 2005) tem como principal objetivo fortalecer a capacidade do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS) para identificar precoce e oportunamente emergências epidemiológicas de relevância nacional, a fim de organizar a adoção de respostas adequadas que reduza o risco á saúde da população. Além disso, o centro também tem a função de aperfeiçoar o processo de monitoramento e avaliação dos principais programas de prevenção e controle de doenças coordenadas pela SVS, como o de tuberculose, dengue, hanseníase, DSTAids e malaria.50 Caso 13 pessoas 04 pessoas 01 pessoa 02 pessoas 02 pessoas Índice Hong Kong Taiwan Singapura China Tripulantes Ín Figura 7: Provável transmissão de 22 casos de SARS durante vôo internacional. (adaptado de WHO, 200737, extraído de Olsen, et al., 2003) 49 34 O CIEVS serve de apoio ao processo de coordenação da SVS e auxilia a adoção de respostas oportunas para o gerenciamento de crises e análises epidemiológicas.50 O modelo desenvolvido pela SVS foi baseado no Strategic Health Operation Center (SHOC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça, e em centros semelhantes que foram recentemente estabelecidos nos Estados Unidos e Canadá.37 Uma central de notificações funciona, dentro do CIEVS, 24 horas por dia, todos os dias do ano. Essa central tem a função de receber e buscar informações que possam se constituir em emergências de relevância nacional, seja por meio da notificação dos profissionais e serviços de saúde, utilizando telefones, fax ou emails, e também pela avaliação diária de notícias na imprensa. As notificações são recebidas de forma continua, avaliadas e encaminhadas para técnico habilitado que faz a analise do evento notificado e adota os procedimentos recomendados. 50 Os eventos que se configurem como de relevância nacional são investigados pela Unidade de Respostas Rápidas (URR) da SVS, que utiliza a estrutura tecnológica do CIEVS para acionar técnicos, especialistas, redes de profissionais, secretarias de saúde, laboratórios e institutos de pesquisa. Fóruns virtuais, chats e-mails, videoconferências e outras funcionalidades tecnológicas do CIEVS servem para unificar os grupos envolvidos na investigação e resposta, coordenando suas atividades para garantir rapidez e eficácia. O CIEVS visa, assim, ser um mecanismo facilitador para a integração das equipes de campo com os gestores e técnicos dos diversos níveis do SUS. O espaço físico e virtual do CIEVS também é um facilitador na comunicação com a mídia e com a população em geral em situações de emergências epidemiológicas (Figura 8).50 De 2006 a 2008, foram notificados ao CIEVS 543 eventos considerados de relevância em saúde pública, de vários grupos de doenças (Quadro 1) e de todas as regiões do Brasil (Figura 9).51 35 Figura 8: Sala de Situação do CIEVS. (reproduzida de CIEVS, 2006)50 Dentre os agravos notificados ao CIEVS, destacam-se a epidemia de febre amarela silvestre nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal em 2007 52; surto de Doença de Chagas Aguda de transmissão oral em Santa Catarina 53; epidemia de micobacteriose atípica relacionada à vídeolaparoscopia nos Estados do Rio de Janeiro14, São Paulo, Pará54 e Paraná55; surto de hantavirose do Distrito Federal 56; surto de meningite asséptica em Salvador-BA57 e o surto de Sarampo no interior da Bahia.58 Especificamente na Região Amazônica, foram reportados surtos em diversos Estados, como o de conjuntivite aguda por Emmonsia sp. (adiaspiromicose) no Rio Araguaia,Tocantins59; epidemia por febre do Oropouche no Pará 60; surto de Beriberi no Maranhão61; primeiros casos de Febre Purpúrica Brasileira na Região Norte 62 e o surto de Doença de Chagas Aguda de transmissão oral no Pará.63 36 Quadro 1: Grupos de eventos notificados ao CIEVS, 2006 a 2008. Fonte: CIEVS O objetivo maior do CIEVS é garantir uma melhor preparação do Brasil para responder tanto aos desafios postos pelas doenças emergentes, inclusive pela possibilidade de sua disseminação internacional, quanto para aperfeiçoar os programas de prevenção e controle de doenças que representam um grande desafio para nossa saúde pública. Atualmente, além da esfera nacional, está prevista a estruturação de unidades físicas, dotadas de infra-estrutura alerta, monitoramento e resposta às emergências em saúde pública, 24 horas por dia, em todos os dias do ano, em todas as Secretarias de Saúde dos Estados e suas respectivas capitais, além do Distrito Federal. Estas unidades atuam como Ponto Focal Estadual ou Municipal para o RSI na Rede CIEVS.50 37 Esta unidade deve ser utilizada para integrar e articular as ações de comando e controle na resposta as emergência, pois estão dotadas de equipamentos para essa finalidade. Figura 9: Distribuição dos eventos notificados ao CIEVS por região geográfica, 2006 a 2008. Fonte: CIEVS 1.8 Núcleo de Respostas Rápidas do Amazonas A Amazônia brasileira, nas últimas décadas, tem sido cenário importante da ocorrência de doenças e agravos inusitados, seja pela emergência de doenças que não faziam parte do quadro nosológico regional ou através da reemergência de doenças regionais, muitas vezes com nova expressão na sua dinâmica de transmissão. 64-67 A investigação desses eventos no Estado do Amazonas, com dimensões continentais, da informação até a investigação do problema, demanda um espaço de tempo 38 considerável o que pode determinar intervenções intempestivas ou inoportunas, muitas vezes sem o devido esclarecimento do problema. Situações epidêmicas focais, cada vez mais se tornam freqüentes e com expressões diferenciadas que requerem equipes multidisciplinares para a sua elucidação. Doenças de Chagas por transmissão via oral 68, pneumonite eosinofílica69 e faciolose70, são exemplos de agravos das últimas décadas. Tais fatos extrapolam a capacidade de resposta técnica dos serviços de saúde, principalmente no que diz respeito ao enfrentamento das emergências epidemiológicas. Com a criação da Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas, instituída através da Lei Nº 2.895 de 03 de junho de 2004, foi definido em seu organograma o Núcleo de Resposta Rápida – NUREP (Figura 10), competindo-lhe atuar nas seguintes situações: Surtos de doenças emergentes Introdução no Estado de vetor e/ou agente infeccioso erradicado ou não existente Epidemias integrantes do Regulamento Sanitário Internacional Epidemias caracterizadas como expansão para áreas indenes Doenças decorrentes de enchentes, secas e outras calamidades e/ou desastres relevantes em saúde pública e quando demonstrada a insuficiência da ação do município Outras situações de relevância epidemiológica. 39 Em 2005, assumimos a coordenação do núcleo e naquele ano foi apresentado o plano de estruturação do NUREP com os seguintes objetivos: Objetivo geral Estruturar, na FVS, NUREP: uma unidade de resposta capaz de monitorar e intervir, de forma ágil e oportuna, as emergências epidemiológicas que ocorram em qualquer ponto do Estado. Objetivos especificos Estruturar o NUREP para seu funcionamento operacional e logístico Criar meios de identificação, caracterização, monitoramento e intervenção precoce nas emergências epidemiológicas de relevância estadual. Coordenar investigações epidemiológicas de agravos emergentes e reemergentes e catástrofes naturais, propor medidas de intervenção e controle. Apoiar municípios e áreas técnicas da Secretaria de Saúde, através do suporte técnico e operacional. Desenvolver métodos e técnicas que ampliem a capacidade de investigação e intervenção nos problemas de saúde de relevância para o Estado. Capacitar recursos humanos para a constituição da rede estadual de respostas às emergências epidemiológicas. Socializar a experiência adquirida. 40 Estrutura física O NUREP funciona no complexo da Sala de Situação da FVS, sito à Rua Visconde de Laguna nº 140 - Parque das Laranjeiras, Manaus-AM, compreendendo sala de informática e teleconferência e sala administrativa do NUREP (Figura 11). Está prevista a reprodução do modelo nas macrorregioes do estado do Amazonas, com instalações futuras em mais quatro municípios. Recursos humanos A equipe será composta de: Um médico infectologista/epidemiologista. Dois enfermeiros com formação na área de saúde pública. Três técnicos para apoio técnico administrativo. Estrutura operacional O NUREP funcionará 24 horas por dia com caráter presencial de 12 horas e sob forma de sobreaviso pelo restante das 12 horas podendo ser acionado por telefones (fixo ou celular), fax, correio eletrônico e outros meios de comunicação, pelos parceiros da área de saúde dos três níveis de gestão do SUS e demais áreas de interesse da saúde coletiva. Para tanto, será instituído plantão técnico permanente, presencial e a distância, sendo necessária a aquisição de equipamentos e materiais adequados as necessidades do NUREP. Atualmente, o NUREP é um ponto focal do CIEVS. O núcleo dispõe de uma pick-up 4X4 de uso exclusivo, dois telefones móveis, um e-mail institucional, estrutura 41 física com televisor LCD, fax, provedor e GPS. Ainda não foi estruturado recursos humanos para o núcleo, sendo que quando necessário servidores de outros setores da FVS são designados para alguma investigação, conforme a necessidade. Figura 10: Organograma da Fundação de Vigilância em Saúde 42 Figura 11: Reunião do CECEPI nas dependências do NUREP. 43 2. JUSTIFICATIVA Nas investigações epidemiológicas, a elucidação do agente etiológico, fatores de risco e adoção de medidas de prevenção e controle em tempo hábil só é possível a partir da notificação imediata de um evento, não sendo recomendável aguardar o resultado final das análises laboratoriais para adoção de medidas oportunas. Basicamente isso depende da integração entre os profissionais de saúde do setor público e privado, Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e o Ministério da Saúde (MS). Nos últimos cinco anos o Estado do Amazonas vem se estruturando para atender as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional. Nesse processo de estruturação, alguns eventos ocorridos no Estado foram caracterizados como emergências em saúde pública, exigindo das instituições responsáveis pelas investigações e assistência dos pacientes um grande esforço para resolução do problema. No entanto, apesar das inúmeras experiências bem sucedidas no Estado, poucas foram as que resultaram em divulgação no meio científico. Na medida em que participamos diretamente das investigações, de algumas dessas emergências, nada mais oportuno que resultassem no presente estudo. A tese será apresentada através de artigos científicos, sendo que apenas os eventos que tiveram a participação direta deste pesquisador foram objeto de publicação. A descrição de outros agravos, investigados por outros profissionais, foram obtidos através de notas técnicas, relatórios ou literatura científica. 44 3. OBJETIVOS 3.1 Geral Descrever as doenças emergentes e os agravos inusitados ocorridos no Amazonas, de 2004 a 2009. 3.2 Específicos Identificar o agente etiológico; Determinar a fonte de infecção, caracterizando o evento quanto à distribuição por pessoa, lugar e tempo, bem como as taxas de ataque específicas; Formular recomendações para prevenção de futuros eventos. 45 4. MATERIAL E MÉTODOS Os agregados de casos (surtos) suspeitos ou confirmados das doenças de notificação compulsória estabelecidos na Portaria nº 5, de 21 de fevereiro de 2006 (Anexo A), identificados no Amazonas no período de 2004 a 2009, foram incluídos no estudo. Os agravos inusitados, caracterizados como ocorrência de casos ou óbitos de doença de origem desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, também foram incluídos. Como instrumento para avaliação de agravo quanto à relevância em saúde pública foi utilizado o fluxograma apresentado na Figura 12.48 As informações quanto possíveis ocorrências foram obtidas através de profissionais de saúde, revisão dos dados obtidos pela vigilância epidemiológica, fluxo formal de notificação ou a partir de notícias de órgãos de imprensa. Após aplicação do fluxograma, quando caracterizado provável evento de relevância epidemiológica, cumpriu-se as seguintes etapas: 1ª etapa – definição de caso7 A definição de caso incluiu critérios clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, e estes últimos foram caracterizados quanto ao tempo, lugar e pessoa. No início das investigações, foram utilizadas definições de caso mais sensíveis possíveis. À medida que a investigação se desenvolveu, a definição de caso, quando pertinente, foi modificada objetivando maior especificidade. 2ª etapa - confirmação do diagnóstico e verificação da ocorrência real de casos7, 22 Com o objetivo de verificar se os casos foram corretamente diagnosticados, 46 efetuou-se reexame dos pacientes, revisão de prontuários clínicos e procedimentos de laboratório. Sempre que possível esses procedimentos foram realizados em conjunto com os médicos responsáveis pelo atendimento dos pacientes, certificando-se da consistência dos resultados do laboratório quando comparados com os achados clínicos. Tal conduta visou excluir erros que pudessem aumentar artificialmente o número de casos. Foram confeccionadas listas dos achados epidemiológicos, clínicos e resultados de exames laboratoriais, com as respectivas distribuições de freqüências. 3ª etapa - confirmação da existência do surto 7, 22 As duas primeiras etapas foram executadas simultaneamente. No início da investigação, foi considerado que os casos identificados inicialmente, sugerindo um surto epidêmico, poderiam ter sido diagnosticados incorretamente ou diagnosticados segundo diferentes critérios. Nessa etapa, pôde-se verificar a existência de um verdadeiro surto, ou a ocorrência de casos esporádicos de uma mesma doença ou, até mesmo, pseudo-surtos. A ocorrência de surto foi confirmada comparando-se os dados atuais de incidência do agravo em questão com aqueles registrados nas semanas ou meses anteriores, ou ainda, se disponível, com a incidência relativa ao correspondente nos anos anteriores na população exposta ao risco. (7) período A ocorrência de surto também foi definida se o agravo investigado ainda não houvesse sido descrito localmente. 4ª etapa - identificação e contagem de novos casos 7 Essa etapa foi desenvolvida no campo, examinando e entrevistando os pacientes e seus contatos. Como instrumento de coleta de dados, foi aplicado questionário específico para cada agravo. 47 5ª etapa - análise dos dados disponíveis7 As informações coletadas foram organizadas objetivando a responder às seguintes questões: Relativas ao tempo Período de início e a duração do evento. Período provável de exposição. Forma de transmissão (veículo comum, pessoa a pessoa ou por ambas as formas). Relativas ao lugar Distribuição espacial dos casos. Taxas de ataque por local de ocorrência. Segundo os atributos pessoais Taxas de ataque específicas por sexo, grupo etário, grupo sócio-econômico ou por outros critérios pelos quais podemos identificar grupos de pessoas que apresentaram características comuns em relação à exposição a um possível fator de risco. Os grupos, segundo características quanto ao sexo, idade, nível sócioeconômico, que foram expostos ao maior risco de adoecer. 48 Características que distinguiram os indivíduos atingidos da população não atingida. Características relativas ao tempo: construção da curva epidêmica. 49 Figura 12: Fluxograma para avaliação dos agravos notificados. (adaptado de RSI, 2005)48 50 5. RESULTADOS 5.1 Hantavirose O primeiro artigo intitulado: “Human hantavirus infection, Brazilian Amazon” foi publicado no Emerging Infectious Diseases, volume 12 de 2006 e teve como objetivo reportar os primeiros casos de hantavirose no Amazonas. O paciente índice foi admitido na FMTAM em junho de 2004 com síndrome febril respiratória aguda. O mesmo informou que sua esposa havia falecido em Itacoatiara-AM, duas semanas antes, com os mesmos sintomas. Esta informação, associada ao relato de contato com roedores em área rural, foi decisiva para a formulação da hipótese de hantavirose. Minha participação no caso se deu pelo fato de estar exercendo, na ocasião, a função de Diretor Clínico da FMTAM. Diariamente realizava visitas ao ProntoAtendimento da Instituição prestando consultoria aos médicos plantonistas. Em uma dessas visitas, tomei conhecimento do caso e pude contribuir para o diagnóstico do paciente. A partir da notificação de caso suspeito de hantavirose, a Vigilância Epidemiológica Estadual, em parceria com o MS, conduziu busca ativa de casos, captura de roedores e coleta de amostras de soro dos familiares do caso índice para realização de sorologia para hantavírus. Inicialmente não foram identificados indivíduos sintomáticos e das 81 amostras coletadas para sorologia, nenhuma resultou positiva para hantavírus. Dos 11 roedores silvestres capturados, em 04 foram detectados anticorpos da classe IgG para hantavírus. Apesar da negatividade das sorologias realizadas nos indivíduos expostos, foi mantida vigilância dos mesmos quanto ao surgimento de alguma sintomatologia. Isto permitiu o reconhecimento de mais dois casos de hantavirose: um irmão do caso índice, com quadro febril indiferenciado, sem nenhuma manifestação cardiopulmonar e seu tio, que referiu apenas cefaléia. Em ambos a sorologia para hantavírus resultou 51 positiva (IgM). A identificação destes dois casos caracterizou claramente formas oligossintomáticas de hantavirose. A caracterização da circulação do hantavirus na região resultou em inquérito soroepidemiológico em humanos (área urbana e rural) e roedores da área rural de Itacoatiara, Amazonas. Este projeto é coordenado pela FMTAM e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). 71 55 5.2 Surto de meningite química O segundo artigo intitulado: “Outbreak of chemical meningitis following spinal anesthesia caused by chemically-related bupivacaine”, teve como objetivo descrever um surto de meninigite química causado por anestésico similar, ocorrido em hospital da rede privada de Manaus, foi publicado no Infection Control and Hospital Epidemiology, em setembro de 2009. Em fevereiro de 2006, foram diagnosticados quatro casos de meningite em período de três dias neste hospital. Em comum, eram pacientes do gênero feminino que estavam em pós-operatório imediato de cirurgias de caráter eletivo. A direção da unidade decidiu suspender as cirurgias no hospital e a Vigilância Epidemiológica foi notificada. Participei diretamente da investigação do evento em virtude de ter sido solicitado a emitir parecer como infectologista e, ainda, naquele momento já estava exercendo a função de assessor na FVS. Os resultados das análises do líquor (LCR) das pacientes sugeriam etiologia bacteriana, porém alguns pontos se mostraram relevantes: os sinais e sintomas de meningite iniciaram pouco tempo após cada procedimento (uma a duas horas); as cirurgias foram realizadas por equipes diferentes; um único anestésico, de um mesmo lote, foi utilizado; as quatro pacientes tinham histórico de atopia e foi evidenciado na analise do LCR a presença de eosinófilos. A partir destes achados, a hipótese de meningite química foi formulada. A investigação conduzida no hospital, utilizando-se uma ficha de investigação (Apêndice A), não revelou novos casos. A ANVISA foi notificada quanto à hipótese de meningite química relacionada ao anestésico e sugerimos a suspensão do uso do fármaco no país até que o evento fosse totalmente esclarecido. Infelizmente, a ANVISA questionou o diagnóstico (Anexo B) e não adotou medidas de ordem preventiva em âmbito nacional. Em março de 2006, com 56 a ocorrência de oito casos semelhantes na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, a ANVISA suspendeu temporariamente a distribuição, comércio e uso do produto. Em maio de 2006, a agência suspendeu definitivamente o uso do produto (Anexo C). 922 infection control and hospital epidemiology september 2009, vol. 30, no. 9 Although antimicrobial resistance is a worldwide concern, it is a local problem in the first instance because selection for, and spread of, resistant microorganisms is occurring in individual hospitals and communities.2 Thus, hospital antibiotic stewardship has been developed for the prevention and containment of antimicrobial resistance, together with rigorous infection control programs. Despite the consensus on the importance of antibiotic policies in curbing inappropriate antibiotic use, the rate of compliance with the recommendations of these guidelines has been shown to be low, ranging from 18% to 33% of hospitals in compliance.2,3,5,6 The present results confirm these findings—only 31% of the prescribed antibiotics were chosen according to the hospital antibiotic policy. The findings of our study show that the number of patients who were switched from IV to oral therapy, according to the hospital antibiotic policy recommendations, was low (ie, 41 of 183 patients [22%]). The importance of complying to this policy of switching from IV to oral therapy is 3-fold. First, oral therapy is more convenient for the patient and for hospital staff. Second, it reduces the occurrence of vasculitisassociated peripheral vascular canulae. Third, the costs associated with oral treatment are much reduced compared with IV therapy. An appropriate switch from IV to oral therapy has been shown to be associated with a reduction in drug costs, length of hospital stay, and patient-related morbidity.7-9 In conclusion, the findings of our study indicate that restrictive interventions may have a greater impact than do persuasive interventions, confirming findings published elsewhere.4 Our study showed that, despite repeated publications on the topic, there is a lot of room for improvement in antibiotic use as a means of attacking the growing problem of antimicrobial resistance. acknowledgments We thank the clinical staff in the 2 surgical wards in our study for their contribution. Potential conflicts of interest. All authors report no conflicts of interest relevant to this article. Mamoon A. Aldeyab, PhD; Salah M. Elshibly, MD, PhD; James C. McElnay, PhD; Elizabeth Davies, MB BCh BAO, FRCPath; Michael G. Scott, PhD; Fidelma A. Magee, BSc; Paul Leyden, MB, BCh, FFARCS(I); Mary P. Kearney, MB BCh BAO, FRCPath From the Clinical and Practice Research Group, School of Pharmacy, Queen’s University Belfast, Belfast (M.A.A., J.C.E.), and Antrim Area Hospital, Northern Trust, Antrim (S.M.E., E.D., M.G.S., F.A.M., P.L., M.P.K.), Northern Ireland. Address reprint requests to Mary P. Kearney, MB BCh BAO, FRCPath, Antrim Area Hospital, Northern Trust, 45 Bush Road, Antrim BT42 2RL, Northern Ireland ([email protected]). Infect Control Hosp Epidemiol 2009; 30:921-922 䉷 2009 by The Society for Healthcare Epidemiology of America. All rights reserved. 0899-823X/2009/3009-0020$15.00. DOI: 10.1086/599308 references 1. Paterson DL. The role of antimicrobial management programs in optimizing antibiotic prescribing within hospitals. Clin Infect Dis 2006; 42(Suppl 2):S90–S95. 2. MacDougall C, Polk RE. Antimicrobial stewardship programs in health care systems. Clin Microbiol Rev 2005; 18:638–56. 3. Lesprit P, Brun-Buisson C. Hospital antibiotic stewardship. 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Al-Eidan FA, McElnay JC, Scott MG, Kearney MP, Troughton KE, Jenkins J. Sequential antimicrobial therapy: treatment of severe lower respiratory tract infections in children. J Antimicrob Chemother 1999; 44:709–715. Outbreak of Chemical Meningitis Following Spinal Anesthesia Caused by Chemically Related Bupivacaine To the Editor—Meningitis following spinal anesthesia is a rare clinical complication, of bacterial etiology in the majority of cases.1 Rarer still is meningitis following spinal anesthesia from a chemical origin. Relatively common until the first half of the 20th century, chemical meningitis has scarcely been reported in the past 50 years, nearly always characterized by occurrence in isolated cases.2 The use of improved techniques for production of anesthetics is the main factor for the large reduction in incidence of this type of meningitis.2 Of the few reported cases in recent years, none was noteworthy for the relationship between chemical meningitis and chemically related anesthetics. On February 22, 2006, a 34-year-old woman was admitted to the intensive care unit of a private hospital located in the Brazilian Amazon with signs of headache, vomiting, agitation, disorientation, and nuchal rigidity, which began 2 hours after she underwent a caesarian section delivery (case 1). A cerebrospinal fluid examination was conducted, and antibiotic therapy with vancomycin and ceftriaxone was initiated in conjunction with dexametosone. The cerebrospinal fluid analysis suggested bacterial meningitis (Table). Treatment was continued, and the patient improved rapidly. Approximately 48 hours after the first case, a 24-year-old woman began experiencing facial pruritis, disorientation, and letters to the editor nuchal rigidity 1 hour after she underwent a caesarian section delivery (case 2). The cerebrospinal fluid examination revealed features similar to those of the first case (Table). The patient was treated with ceftriaxone and dexametosone, with clinical improvement observed in 24 hours. Twenty-four hours after the second case, 2 others were diagnosed. A 42-year-old woman underwent urethral lithotripsy, and 12 hours later she developed headache, vomiting, and disorientation (case 3). Another patient, also 42 years old, underwent a hysterectomy, and 13 hours later she had the same symptoms (case 4). Both underwent lumbar puncture (Table) and were treated with ceftriaxone and dexametosone. The results of blood cultures of samples obtained from the 4 case patients before antibiotic therapy were negative, and the cerebrospinal fluid samples obtained from the patients at the end of the 10 days of treatment were normal. The patients were released from treatment without sequelae. All had a common atopy (allergic rhinitis). On the basis of the identification of these 4 cases, all surgical procedures were suspended at the institution in question, and an active search for similar cases was conducted among all postoperative patients. In addition, a strict review was conducted of all charts of patients who had been released. From February 20 through February 25, 2006, there were 85 surgeries performed at the hospital, 18 of which used spinal anesthesia. None of the other postoperative patients, besides the aforementioned cases, described the same symptoms. The surgeries were performed by different surgical teams, and the hospital adopted protocols for prevention of surgical infection. All of the cases had in common the use of a chemically related anesthetic of bupivacaine chlorhydrate, lot 001, produced by a laboratory located in another Brazilian state. Health surveillance officials were notified of the possibility of adverse effects of the anesthesia, and the product was recalled. Surgeries at the hospital resumed, and no other case was diagnosed. A study was conducted of other hospitals in the region, and none had used the anesthetic. The national health surveillance agency ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) was also notified, and on March 17, 2006, the Agency’s Web site published a resolution suspending the distribution, sale, or use of the product throughout the countable. Results of Cerebrospinal Fluid Analysis of 4 Cases of Chemical Meningitis Variable a Globulin level Glucose level, mg/dL Protein level, mg/dL WBC count, cells/mm3 Cytology, % of all cells Neutrophils Lymphocytes Eosinophils note. Case 1 Case 2 Case 3 Case 4 ⫹⫹⫹ 50 315 5776 ⫹⫹ 23 504 1306 ⫹⫹⫹ 68 198 2800 ⫹⫹⫹ 70 258 5800 100 0 0 65 29 06 70 20 10 74 19 07 In all cases, the appearance was cloudy and the culture result was negative. WBC, white blood cell. a Pandy test. 923 try.3 That document also makes reference to 8 cases of adverse reactions to the same product, from the same lot, in another Brazilian state. The outbreak we describe involves, to our knowledge, the first report of chemical meningitis that resulted from chemically related bupivacaine. Chemically related drugs have been the subject of discussion with regard to the need for greater regulation of their production, given that severe adverse drug reactions have been reported.4 Despite the questions raised as to the differential diagnosis between chemical and infectious meningitis,5 we regard the chemical etiology of the aforementioned cases to be irrefutable, given that there was no sign of bacterial growth in any of the cerebrospinal fluid samples and, principally, because of the incidence of similar cases in another region of the country linked to the same lot and the presence of eosinophils in the cerebrospinal fluid, indicating a possible component of hypersensitivity. It is probable that the allergenic component was the determinant factor for only 4 of the 18 exposed patients to show symptoms, given that they were the only ones to develop atopy. The occurrence of this outbreak reinforces the need for greater control in the production of chemically related medications. Physicians, pharmacists, regulatory agencies, and hospital administrators should maintain strict supervision over the products used in their institutions. Particularly in developing countries, such as Brazil, the dissemination of chemically related drugs, under the justification of reduced costs, can lead to severe consequences for patient health. acknowledgments Potential conflicts of interest. All authors report no conflicts of interest relevant to this article. Marcelo Cordeiro dos Santos, MD, MSc; Bernardino Claudio de Albuquerque, MD, MSc; Rossicléia Lins Monte, MSc; Gilberto Gama Filho, MD; Maria das Graças Costa Alecrim, MD, PhD From Amazonas State University (M.C.d.S., M.d.G.C.A.), Tropical Medicine Foundation of Amazonas (M.C.d.S., R.L.M., M.d.G.C.A.), Health Surveillance Foundation (M.C.d.S., B.C.d.A.), University of Amazonas (B.C.d.A.), Santa Julia Hospital (G.G.F.), and Nilton Lins University Center (M.d.G.C.A.), Manaus, Amazonas, Brazil. Address reprint requests to Marcelo Cordeiro dos Santos, MD, Tropical Medicine Foundation of Amazonas, Av. Pedro, Teixeira, 25, CEP: 69040-000, Manaus, AM, Brazil ([email protected]). Presented as part of the doctoral degree thesis of M.C.d.S. at Amazonas State University. Infect Control Hosp Epidemiol 2009; 30:922-924 䉷 2009 by The Society for Healthcare Epidemiology of America. All rights reserved. 0899-823X/2009/3009-0021$15.00. DOI: 10.1086/599358 references 1. Baer ET. Post–dural puncture bacterial meningitis. Anesthesiology 2006; 105:381–393. 2. Bert AA, Laasberg LH. Aseptic meningitis following spinal anesthesia—a complication of the past? Anesthesiology 1985; 62:674–677. 924 infection control and hospital epidemiology september 2009, vol. 30, no. 9 3. National Agency of Health Surveillance of Brazil, 2003. Available at: http: //www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2006/030506.htm. Accessed June 14, 2006. 4. Casadevall N, Nataf J, Viron B, et al. Pure red-cell aplasia and antierythropoietin antibodies in patients treated with recombinant erythropoietin. N Engl J Med 2002; 346:469–475. 5. Ray P, Badarou-Acossi G, Viallon A, et al. Accuracy of the cerebrospinal fluid results to differentiate bacterial from non bacterial meningitis, in case of negative gram-stained smear. Am J Emerg Med 2007; 25:179–184. Asymptomatic Carriage of Clostridium difficile among HCWs: Do We Disregard the Doctor? To the Editor—Clostridium difficile is a toxin-producing bacterium that causes diseases ranging from mild diarrhea to severe pseudomembranous colitis.1 Disease is seen predominantly among elderly hospitalized patients who have received antibiotics or chemotherapy. Among healthy individuals, asymptomatic intestinal carriage rates of 3%–15% have been reported.2 C. difficile can change into a resilient spore form when exposed to heat, drought, antibiotics, alcohol, or an aerobic environment. When excreted with feces, spores can persist in the environment for months, waiting to germinate when the environment turns favorable again. The spores of C. difficile frequently contaminate multiple skin sites, even after resolution of diarrhea in symptomatic patients.3 For healthcare workers (HCWs), glove wearing and hand washing with water and soap are the most effective ways of preventing the spread of spores.4,5 Our primary hypothesis is that HCWs can play a role in the transmission of C. difficile and that HCWs on a ward with patients with C. difficile infection (ie, the index ward) will have a higher prevalence of skin carriage than HCWs on a ward without patients infected with C. difficile (ie, the control ward). The aim of this research was to investigate the burden of hand and skin carriage among HCWs in an index ward and HCWs in a control ward and to compare skin carriage to intestinal carriage of C. difficile between these groups. HCWs from 4 internal medicine wards in a 1,000-bed academic hospital were asked to participate. One of the wards had 2 patients with proven C. difficile infection, whereas the other wards had no patients with diarrhea or confirmed C. difficile infection. All wards were evaluated on the same day. The medical ethical commission of our hospital approved the study. HCWs were randomly asked to participate if they had worked more than 2 shifts in the past 4 days. Profession, antibiotic use in previous weeks, contact with symptomatic C. difficile–infected patients, and information on bowel movements were recorded anonymously. Hands of participating subjects were imprinted on plates containing cysteine, hy- drochloride, norfloxacin, and moxalactam (CDMN) agar. Plates were cultured anaerobically for 48 hours. Samples from the lower abdominal region were obtained for culture by use of skin swabs, which were placed in a Stuart medium, inoculated onto CDMN agar, and subsequently cultured for 48 hours. Fresh fecal samples from the subjects were tested for the presence of toxins A and B by use of an enzyme-linked immunosorbent assay (Meridian Premier). To compare results and characteristics between the wards, we used the Fisher exact test and the Student t test. Hand and skin cultures were performed for 25 HCWs on the index ward and for 25 on the control ward. One participant on the index ward was excluded after he disclosed that he had worked on both wards in recent weeks. Eleven physicians, 25 nurses, and 13 other personnel (janitors and secretaries) were tested. None of the cultures of hand and skin specimens yielded C. difficile. We obtained fecal specimens from 13 HCWs working on the index ward and from 17 HCWs on the control ward. Specimens from 3 individuals (23% [95% confidence interval, 5%–54%]) on the index ward tested positive for C. difficile toxin, compared with specimens from 1 individual (6% [95% confidence interval, 0.1%–29%]) on the control ward. Three of the subjects with C. difficile– positive cultures were physicians, and 1 was a nurse. None of the C. difficile–positive subjects reported having had diarrhea in the previous month. We found no evidence of an increased prevalence of C. difficile skin carriage among randomly selected HCWs on a ward with and a ward without patients with confirmed C. difficile infection. However, we did find that 13% of study participants were positive for intestinal carriage of this pathogen and that most carriers were physicians. The prevalence of intestinal carriage was similar among HCWs on a ward with and a ward without patients with C. difficile infection. In the literature, data on skin carriage among HCWs are scarce. Most studies focused on spores of C. difficile in the environment of patients with C. difficile infection and demonstrated an abundance of spores in the hospital environment.6,7 However, McFarland et al5 showed that 59% of HCWs had skin carriage of C. difficile directly after patient contact, without wearing gloves. In several studies, hand washing and glove wearing reduced the prevalence of carriage to zero.4,5 Our study was designed to measure skin carriage in a normal work setting where glove wearing is common practice, which could have contributed to the low prevalence of carriage observed on the hands and skin of our subjects. The prevalence of intestinal carriage in our study accords with rates reported in the literature. Kato et al2 found that hospital personnel had a lower rate of intestinal carriage than did other groups in the population (4.3% vs 15.3%). Another study showed no intestinal carriage of C. difficile among 55 hospital workers.8 Because we did not type the C. difficile isolates, a relationship between C. difficile–carrying HCWs and C. difficile–infected patients could not be established. This, together with the small sample size, is a limitation of our study. Whether the prevalence of 60 5.3 Surto de Doença de Haff O terceiro artigo intitulado: “Outbreak of Haff Disease in the Brazilian Amazon” teve como objetivo descrever 27 casos de Doença de Haff identificados no Amazonas. Este estudo foi aceito para publicação no Pan American Journal of Public Health (Anexo D). Em junho de 2008, recebemos ligação telefônica de um colega médico intensivista do Pronto Socorro Municipal 28 de Agosto solicitando orientações para o caso de uma médica internada na unidade com o diagnóstico de rabdomiólise e que não se identificou nenhum fator de risco para a doença. No mesmo dia visitamos a paciente e a mesma informou que sua mãe apresentou a mesma sintomatologia poucos dias antes de seus sintomas. Observamos que o único ponto em comum entre as duas pacientes era o fato de terem ingerido o mesmo peixe poucas horas antes do início dos sintomas. Outro aspecto que chamou a atenção foi que outras duas pessoas que residiam com na mesma residência não apresentaram sintomas e nem haviam consumido o peixe. Ao revermos rabdomiólise encontramos a descrição de casos associados a ingestão de pescado que foram caracterizados como Doença de Haff. A partir desse achado, deflagrou-se investigação nos hospitais de Manaus em busca de novos casos, sendo distribuída nota técnica sobre o assunto para os profissionais de saúde e utilizou-se como instrumento ficha de investigação (Apêndice F). A investigação resultou na identificação de 27 casos de Doença de Haff em Manaus e em Municípios vizinhos, sendo esta a primeira descrição da doença no continente Sul Americano. 61 OUTBREAK OF HAFF DISEASE IN THE BRAZILIAN AMAZON Haff disease, first reported along the Baltic coast in 1924, is unexplained rhabdomyolysis in a person who ate fish in the 24 hours before onset of illness (1). Outbreaks resembling Haff disease were described in Sweden and the Soviet Union between 1934 and 1984 (2, 3). In the United States, only three reports have been published to date (4). Haff disease remains a rare clinical syndrome for which there is no physiologic explanation. Outbreaks of Haff disease have never been reported in Brazil. But in June 2008, a 39-year-old, female medical doctor was admitted by the emergency service of a public hospital in Manaus, Amazonas State, Brazil, with diffuse myalgia and chest pain. The plasma creatine kinase (CK) activity levels were 6,252 units per liter (U/L) and no history of classic risk factors for rhabdomyolysis was detected. Her mother had been admitted one week before, presenting the same symptoms. Both women reported eating fish 24 hours before the onset of symptoms; further inquiry revealed that two residents from the same household who had not eaten fish did not become sick. The attending physician at the hospital was intrigued by the diagnosis of the two familial cases of Haff disease and began an epidemiologic investigation, looking for similar cases and potential risk factors. A case report form was designed and distributed along with a technical note to all hospitals in Manaus, instructions on how to report suspected cases, and suggestions for their management. The cases were defined as those who were hospitalized on or after 1 June 2008 with a diffuse myalgia of sudden onset who ate fish in the 24 hours before onset of illness and CK serum activity that 62 exceeded five times the upper limit of normal. Patients with a classic risk factor for rhabdomyolysis were not included. The results of the investigation are reported here. Twenty-five cases of Haff disease were identified in Manaus between June and September 2008. All reported consumption of fried or roasted pacu (Mylossoma spp.), tambaqui (Colossoma macropomum), or pirapitinga (Piaractus brachypomus)—three river fishes of the region—within 24 hours before the onset of symptoms. All patients were older than 13 years of age (range 13–80 years); there were a similar number of males and females (59% and 41%, respectively). Three patients came from rural areas surrounding Manaus and nine patients were clustered in four families: the initial mother– daughter pair, a brother–sister pair, a husband–wife pair, and a family of three (husband, wife, and daughter). Five other members of these four families, who did not eat fish, did not fall ill. All patients were hospitalized (range 3–6 days) with myalgia of sudden onset, mostly localized at the beginning of symptoms and followed by generalized spreading within a few hours. Nineteen patients reported chest pain, among other symptoms (see Table 1). No fever or kidney damage was observed. Predominant laboratory abnormalities were elevated CK serum activity (mean = 12,795 U/L, range 1,444–36,896 U/L). Serum activities of transaminases and lactate dehydrogenase were also elevated. In two patients, myoglobin was measured and found to be higher than 700 U/L. Serology for leptospirosis and hepatitis A and B was negative. Patients were treated with intravenous fluid hydration and bicarbonate infusion. No deaths were observed. 63 In only 4 months, 27 cases of Haff disease were reported in Manaus and surrounding municipalities of the Brazilian Amazon. The diagnosis of Haff disease was made based on the fact that none of the cases could be explained by classic causes of rhabdomyolysis; all patients reported consumption of fish within 24 hours before the onset of symptoms; some cases occurred in family clusters and no cases were observed after the beginning of the period of prohibition of fishing in the region that occurs every year from October to March. This possible association between fish eating and rhabdomyolysis in the Amazon region may have an important impact, as fish is a major source of protein in the Brazilian Amazon (5). Active surveillance of this supposedly uncommon condition is necessary to corroborate its frequency in the region and enhance our understanding of this elusive disease. This paper is part of the doctoral thesis of Marcelo Cordeiro dos Santos of Amazonas State University, Amazonas State Tropical Medicine Foundation. The views expressed here are those of the authors and do not necessarily reflect the official policy or position of the Brazilian Government, the U.S. Government, Department of the Navy, or Department of Defense. Marcelo Cordeiro dos Santos, MD, MSc Universidade do Estado do Amazonas Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Fundação de Vigilância em Saúde Centro Universitário Nilton Lins 64 Manaus, Amazonas, Brazil Phone/fax: 55 92 3238 1718 E-mail: [email protected] Bernardino Claudio de Albuquerque, MD, MSc Fundação de Vigilância em Saúde Manaus, Amazonas, Brazil Rosemary Costa Pinto, BSc Fundação de Vigilância em Saúde Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brazil Giralcina Pessoa Aguiar, BSc Fundação de Vigilância em Saúde Manaus, Amazonas, Brazil Andres G. Lescano, MHS, PhD U.S. Naval Medical Research Center Detachment Universidad Peruana Cayetano Heredia Lima, Peru João Hugo Abdalla Santos, MD Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Manaus, Amazonas, Brazil Maria das Graças Costa Alecrim, MD, MSc, PhD Universidade do Estado do Amazonas Fundação de Medicina Tropical do Amazonas 65 Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brazil REFERENCES 1. Zu Jeddeloh B. Haffkrankheit. Ergeb Inn Med Kinderheilkd. 1939;57:138–82. 2. Buchholz U, Mouzin E, Dickey R, Moolenaar, Sass N, Mascola L. Haff disease: from the Baltic Sea to the US shore. Emerg Infect Dis. 2000;6:192–5. 3. Berlin R. Haff disease in Sweden. Acta Med Scand. 1948;129:560–72. 4. Langley RL, Bobbitt WH III. Haff disease after eating salmon. South Med J. 2007;100(11):1147–50. 5. Ministério da Integração Nacional, Brasil. Relatório do censo estrutural da pesca de águas continentais da região norte. Brasilia; Ministério da Integração Nacional: 2006. 66 TABLE 1. Symptoms of Haff disease cases, Amazon, Brazil, 2008 Symptom (n = 27) Number of reports % Myalgia 27 100 Chest pain 19 70.4 Neck pain 17 62.9 Muscular stiffness 13 48.1 Pain upon light touch 12 44.4 Weakness 11 40.7 Nausea 11 40.7 Muscle contracture 10 37 Dark urine 9 33.3 Vomiting 9 33.3 Malaise 8 29.6 Diarrhea 4 14.8 67 5.4 Surto de reações adversas a oxacilina similar O quarto artigo será submetido para publicação e descreve um surto de reações adversas a oxacilina similar. O evento foi identificado e investigado durante minhas atividades na Comissão de Controle Infecção Hospitalar da FMTAM. A ocorrência desde agravo, semelhantemente ao surto de meningite química, demonstra a Diferentemente necessidade dos de fármacos maior controle genéricos, que de medicamentos necessitam de similares. estudos de bioequivalência para serem classificados como tal, o medicamento similar utiliza denominação genérica, apresenta o mesmo fármaco, concentração, forma farmacêutica e via de administração que o medicamento de referência ou de marca, porém não apresenta comprovada bioequivalência, não podendo, portanto, ser com ele intercambiável.72 Provavelmente, os surtos de meningite química e de reações adversas a oxacilina tenham ocorrido por este motivo. 68 Artigo a ser submetido: Surto de Reações Adversas a Oxacilina Biosimilar Marcelo Cordeiro dos Santos MD, MSc, Professor. (Corresponding author) Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Fundação de Vigilância em Saúde, Manaus, Amazonas, Brasil; Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil. Endereço de correspondência: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas. Av. Pedro Teixeira, 25, CEP: 69040-000, Manaus, AM, Brasil. Fone/fax: 55 92 2127 3489. E-mail: [email protected] Marcus Vinicius Guimarães de Lacerda, MD, PhD, Professor Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil. Maria Paula Gomes Mourão, MD, PhD, Professor Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil. Maria das Graças Costa Alecrim MD, MSc, PhD, Professor Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil; Centro Universitário Nilton Lins Manaus, Amazonas, Brasil. 69 A oxacilina é uma penicilina resistente a penicilinase, considerada droga de escolha para tratamento de infecções causadas por cepas de estafilococos meticilina sensível1, sendo a única representante da classe das oxazolylpenicilinas disponível para uso no Brasil.2 A oxacilina foi descrita como causa de reações adversas (RA), como hepatoxidade, neutropenia e rash cutâneo, principalmente após 02 semanas de uso.3-7 Porém, são relatos de casos isolados ou resultados obtidos através de estudos de seguimento que avaliaram freqüência de reações adversas. Relatamos aqui 04 casos de RA à oxacilina biosimilar, ocorridas na forma de surto, em hospital universitário localizado na Amazônia brasileira. Em outubro de 2008, durante visita de rotina às enfermarias do hospital, a equipe de controle de infecção (ECI) da unidade identificou um paciente masculino, de 19 anos, internado com diagnóstico de infecção de partes moles, que após melhora clínica significativa após 12 dias de oxacilina (12g/dia), recrudesceu febre e laboratorialmente apresentava-se com neutropenia e eosinofilia, sendo que nos primeiros dias de internação apresentava leucocitose, sem eosinofilia (Tabela). A oxacilina era o único fármaco em uso sistemático e após ser descartado o diagnóstico de parasitose intestinal, através de exame parasitológico de fezes, foi formulada a hipótese de RA a oxacilina e o tratamento antimicrobiano foi trocado para cefalexina (caso 1). O paciente evoluiu afebril 24 horas após a troca do esquema, com normalização do leucograma em 48 horas. Vinte e quatro horas após o Caso 1, a ECI detectou, em outra enfermaria do hospital, paciente masculino, de 15 anos, com diagnóstico de sepse estafilocócica, que no 18º. dia de oxacilina (8g/dia) iniciou quadro de febre acompanhada de náuseas, vômitos e rash cutâneo. Os exames laboratoriais evidenciaram neutropenia, eosinofilia e aumento das enzimas hepáticas (Caso 2). A hipótese de RA a oxacilina foi formulada e o tratamento antimicrobiano foi suspenso. A partir da identificação dos dois casos, foi realizada busca ativa de todos os pacientes em uso de oxacilina no hospital, sendo observados mais 02 indivíduos: um 70 masculino de 19 anos no 4º. dia de oxacilina (8g/dia), com o diagnóstico inicial de piomiosite tropical (caso 3) e outro paciente masculino, de 21 anos, no 5º. dia de oxacilina (6g/dia) com diagnóstico de infecção de partes moles (caso 4). Em ambos os indivíduos foi observado leucograma com neutropenia e eosinofilia intensa, sendo a oxacilina substituída por cefalotina. Nenhum outro paciente internado na instituição estava em uso de oxacilina. Semelhantemente ao Caso 1, as alterações clínicas e laboratoriais dos casos 2, 3 e 4 regrediram poucos dias após suspensão da droga, bem como não observamos, em nenhum dos pacientes, parasitose intestinal. Com a caracterização de um surto de RA, a Vigilância Sanitária local e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária foram notificadas e o uso de oxacilina no hospital foi suspenso. Observou-se que a oxacilina utilizada na instituição era biosimilar, pertencente a um único lote. A instituição havia adquirido o produto recentemente e os primeiros pacientes que receberam o produto foram os aqui relatados. Em revisão de prontuários de 11 pacientes que fizeram uso de oxacilina de outra marca, nos três meses anteriores, não foram observados sinais de RA. Observamos relação entre o tempo de uso da oxacilina e intensidade das RA. O paciente em uso de oxacilina há 18 dias (caso 2), apresentou febre, rush, neutropenia, eosinofilia e hepatite, enquanto que os pacientes em uso há quatro e cinco dias (caso 3 e 4, respectivamente), desenvolveram apenas neutropenia e eosinofilia. Aparentemente não houve relação entre dose e intensidade de RA, pois o paciente com maior dose (caso 1) apresentou um número inferior de reações em relação ao caso 2. Nossos achados são semelhantes aos de Sousa et al. que, acompanhando 130 crianças em uso de oxacilina, observaram que 27 pacientes desenvolveram RA, sendo febre e rush as RA mais freqüentes. Após 14 dias de uso, as ocorrências de RA a oxacilina foram significativamente maiores (risco relativo=5,49) quando comparadas com tempo de uso menor que 14 dias. 8 71 As RA a oxacilina ocorrem por mecanismos imunológicos ou não imunológicos. Dentre os imunológicos, a reação de hipersensibilidade tipo 1, mediada por IgE, é o mecanismo mais freqüente, enquanto que as chamadas reações idiossincráticas seriam as principais causas de natureza não imunológica. 9 Portanto, como esses mecanismos têm relação com aspectos individuais, observam-se casos esporádicos de RA, diferentemente do ocorrido em nosso estudo. Na medida em que os quatro casos de RA ocorreram em um curto espaço de tempo, relacionaram-se a um único lote e outros casos não foram observados antes do uso do produto na instituição, formulamos a hipótese de que esse evento foi causado, exclusivamente, por problemas relacionados ao medicamento. Essa hipótese carece de confirmação, pois não foi possível realizarmos análise da qualidade do produto. O presente relato, que seja do nosso conhecimento, é o primeiro que descreve RA à oxacilina biosimilar e esse tipo de medicamentos foram recentemente implicados como causa de grave reação adversa no Brasil. 10 A ocorrência desse agravo inusitado reforça a necessidade de maior controle na produção, distribuição e comércio de medicamentos quimicamente relacionados. Médicos, farmacêuticos, agências regulatórias e administradores hospitalares devem manter estreita vigilância nos produtos utilizados em suas instituições. Particularmente em países em desenvolvimento como o Brasil, a disseminação do uso de medicamentos similares com a justificativa de redução de custos, pode, como nesse relato, determinar graves conseqüências a saúde das pessoas. 72 Tabela. Descrição dos casos de reações adversas a oxacilina. Parâmetro Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 (mg/kg/dia) 200 180 180 150 Tempo de uso (dias) 12 18 4 5 Reações Adversas F/N/E F/V/R/N/E/H N/E N/E Leucócitos totais (mm3) 8.560 9.340 6.850 5.700 PMN (%) 23 21 29 34 EOS (%) 32 38 23 38 AST (UI/L) 35 420 31 33 ALT (UI/L) 38 474 37 39 Dose utilizada NOTA: F, febre; N, neutropenia; E, eosinofilia, V, vômitos; H, hepatite; AST, aspartato aminotransferase; ALT, alanino aminotransferase, NEU, neutrófilos; EOS; eosinófilos. 73 Referências 1. Chambers H. Penillins. In: Mandell GL, Bennett JE; Dolin, R. editor. Principles and Practice of Infectious Diseases. 6 ed. Philadelphia: ELSEVIER; 2005. p. 281-93. 2. Ministério da Saúde do Brasil. ANVISA. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). 2006. 3. Fallon JA, Tall AR, Janis MG, Brauer MJ. Oxacillin-induced granulocytopenia. Acta Haematol. 1978;59(3):163-70. 4. Dahlgren AF. Adverse drug reactions in home care patients receiving nafcillin or oxacillin. 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Outbreak of chemical meningitis following spinal anesthesia caused by chemically related bupivacaine. Infect Control Hosp Epidemiol. 2009 Sep;30(9):922-4. 74 5.5 Surto de fasciolose humana A fasciolose é uma zoonose causada por um parasita trematódeo que acomete o homem como hospedeiro definitivo acidental e esporádico. O homem pode ser infectado acidentalmente a partir da ingestão de vegetais crus contaminados, água, fígado cru de carneiro e gado.73 É doença epidêmica na América do Sul, Porto Rico, África e China, sendo que os bovinos são os animais mais acometidos. 74 No Brasil, 44 casos de fasciolose humana foram descritos até 2000, 33 deles no Paraná, o restante na Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul.75 Clinicamente a doença se apresenta em três fases: aguda, com duração de um a três meses, caracterizada por febre, dor abdominal e eosinofilia intensa; fase de latência, que pode durar vários anos, quando o individuo permanece assintomático e fase crônica, que se dá com a fixação dos parasitas no sistema biliar, causando inflamação e obstrução. Geralmente, na fase crônica, o paciente apresenta episódios de cólica biliar, podendo evoluir com quadros semelhantes à colecistite e colangite.73 Em maio de 2005, a vigilância epidemiológica do município de Canutama (Figura 13) notificou a ocorrência de um surto de fasciolose humana à FVS, doença até então, não reportada na região norte do Brasil.70 Uma equipe de investigação constituída por técnicos da FVS, da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado do Amazonas, da Coordenadoria Executiva de Defesa Animal e Vegetal do Estado do Amazonas, da Secretaria Municipal de Saúde de Canutama e da Secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, deslocou-se até o Município para realizar a investigação epidemiológica. 75 A principal atividade econômica do Município de Canutama é a agricultura, predominando a cultura de mandioca, seguindo-se abacaxi, arroz, cana-de-açúcar, feijão, fumo e milho. Entre as culturas permanentes destacam-se o abacate, banana, laranja e limão. A Pecuária é representada principalmente por bovinos e suínos, com produção de carne e leite destinada ao consumo local.76 Figura 13: Localização do município de Canutama, Amazonas (extraído de Biblioteca Virtual do Amazonas, 2009) 76 Como parte da investigação do surto, realizou-se um inquérito parasitológico de fezes, no período de 21 a 30 de maio de 2005, com delineamento transversal, na área urbana do Município. Das 558 pessoas que coletaram amostras fecais, 11 (2%) resultaram positivas para Fasciola hepatica, sendo que 72,7% foram do sexo feminino. A idade mediana foi de cinco anos (03-18 anos). Dos 11 casos, cinco apresentaram sintomatologia, principalmente dor abdominal e falta de apetite. Apenas um caso apresentou febre, vômitos, diarréia e emagrecimento. Não foram observadas associação entre a doença e variáveis sanitárias ou alimentares (como consumo de verduras cruas).70 Na medida em que não foram encontrados fatores de risco para fasciolose humana em Canutama, maiores estudos devem ser conduzidos para identificação destes fatores. A presença de hospedeiros intermediários (caramujos Lymnaea) e de 76 reservatórios mamíferos também necessita de investigação, pois ainda não há informação precisa sobre as espécies de caramujos presentes na localidade, tampouco a confirmação de infecção animal. 5.6 Pandemia de Influenza A (H1 N1) A vigilância de possíveis casos de influenza A (H1N1) teve início logo após a primeira reunião do CECEPI, em 27 de abril de 2009. Naquele momento, o principal objetivo era monitorar os passageiros procedentes de vôos internacionais. Os profissionais de saúde da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO) e da rede de assistência de Manaus receberam treinamento quanto ao manejo de pacientes suspeitos e estipulo-se que qualquer indivíduo procedente do exterior identificada com sintomas de gripe deveria ser encaminhado para FMTAM (Figuras 14 e 15), onde seriam efetuadas coletas de amostras de secreções respiratórias para diagnostico especifico e, quando indicado, tratamento antiviral. Os dados da SEMSA revelam que, até 24 de junho de 2009, oito pessoas foram consideradas casos suspeitos, sendo todos procedentes de Miami, EUA. Nenhum dos casos foi confirmado laboratorialmente, até que em 25 de junho, um jovem de 19 anos, masculino, procedente do Chile, foi admitido na FMTAM com febre, tosse seca e odinofagia.77 O resultado da reação da cadeia de polimerase (PCR) de amostra de secreção respiratória revelou o vírus influenza A (H1N1). No período de 25 de junho a 09 de agosto, outros 22 casos importados da nova gripe foram confirmados em Manaus. Em 09 de agosto, uma gestante de 22 anos, manicure, residente no bairro São Jorge em Manaus, foi admitida com na FMTAM com quadro de febre, tosse seca, dispnéia, náuseas e vômitos. Apesar da paciente não referir viajem para outros Estados, a mesma foi considerada caso suspeito e recebeu tratamento específico. Após 48 horas de internação, recebeu alta com orientação de isolamento domiciliar. O resultado da PCR para Influenza A (H1N1) resultou positivo, caracterizando o primeiro caso autóctone do Amazonas. 77 Figura 14: Fluxograma utilizado pelos profissionais de saúde da Infraero para avaliação de casos suspeitos de Influenza A (H1 N1). Figura 15: Fluxograma para casos suspeitos de Influenza A (H1 N1) disponibilizado aos profissionais de saúde da rede de assistência no período pré-epidêmico. A partir da caracterização da transmissão sustentada do vírus em Manaus, o CECEPI atualizou a definição de caso suspeito e, seguindo as recomendações do MS, 78 implantou a vigilância da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Desde então, a coleta de amostras para exame específico e o tratamento antiviral restringiu-se a pacientes suspeitos de SRAG ou com fator de risco para formas graves (Figura 15). Figura 16: Fluxograma para casos suspeitos de Influenza A (H1 N1) disponibilizado aos profissionais de saúde da rede de assistência no período epidêmico. Até 31 de agosto de 2009, o Estado do Amazonas totalizou 65 casos da nova gripe, todos na capital, sendo 45 confirmados laboratorialmente e 20 por vínculo epidemiológico (Figura 16).78 A curva epidêmica indica uma tendência de queda na incidência de novos casos, semelhante ao observado no restante do Brasil. 79 Os casos predominaram no gênero masculino (55,4%) e em adultos jovens, com mediana de 21 79 anos (Figura 17). A maior incidência da nova gripe em jovens também foi descrita nos EUA (mediana de 20 anos), Espanha (22 anos) e Austrália (18 anos). 80-83 N° de casos 1º caso autóctone Semana epidemiológica Figura 17: Curva epidêmica dos casos de Influenza A (H1 N1) confirmados no Amazonas, 2009. Dos 65 casos confirmados, dois evoluíram para óbito, sendo um paciente masculino, 11 anos, que no sexto dia de doença desenvolveu quadro de insuficiência respiratória e óbito após 24 horas de internação em UTI e o outro, paciente feminino, 52 anos, no oitavo dia de evolução iniciou quadro de dispnéia intensa e após cinco dias internada em UTI evoluiu para óbito. Os dois óbitos ocorreram em pacientes previamente hígidos, sem co-morbidades. Segundo o MS, a taxa global de mortalidade no Brasil até a semana epidemiológica 34 foi de 0,34 óbitos por 100.000 habitantes, variando de 1,74/100.000 no Paraná a 0,01/100.000 no Pará, Pernambuco e Bahia. No Amazonas, a taxa de 80 mortalidade por Influenza A (H1N1) até 31 de agosto de 2009 foi de 0,06 por 100.000 habitantes.79 Historicamente, a incidência de gripe na região norte do Brasil é maior no período chuvoso, entre os meses de dezembro e junho. Possivelmente, a incidência de casos da nova gripe será maior neste período e, consequentemente, a demanda de pacientes graves também será maior. Portanto, o maior desafio do Estado do Amazonas será disponibilizar leitos de unidade de terapia intensiva suficientes, com equipes treinadas, principalmente no interior, onde não há estrutura suficiente para atendimento de doentes críticos. Figura 18: Distribuição, quanto à faixa etária, dos casos de Influenza A (H1 N1) confirmados no Amazonas, 2009. 81 CONCLUSÃO No presente estudo foram descritos seis agravos caracterizados como emergência em saúde pública que, até então, não haviam sido descritos na região. A identificação dos casos de hantavirose demonstrou que há circulação do vírus no Amazonas, resultando em estudo soroepidemiológico na região Itacoatiara; A ocorrência de meningite química na forma de surto não havia sido descrita na literatura, sendo que o evento caracterizou-se como emergência em saúde pública nacional, na medida em que casos semelhantes foram descritos em outros Estados, relacionados ao mesmo lote do anestésico; Os primeiros casos de Doença de Haff na América do Sul foram descritos. Considerando a importância econômica e social de peixe na Amazônia, concluímos que a condução de estudos epidemiológicos e ambientais bem desenhados é imperiosa, objetivando avaliar os reais riscos às pessoas e, ainda, permitir adoção de medidas preventivas contra a doença; Um segundo evento relacionado a medicamento similar foi descrito. Os quatro casos reações adversas a oxacilina e o surto de meningite química demonstraram a necessidade de maior controle e farmacovigilância dos produtos similares; Com a identificação dos primeiros casos no interior do Amazonas, concluímos que a fasciolose humana é uma doença emergente no Amazonas. Não foram identificados pelo estudo realizado fatores de risco 82 para a doença na região, o que impõe a realização de novos estudos para melhor conhecimento da doença; Após três meses da primeira descrição do novo subtipo de influenza nos EUA, o vírus influenza A (H1N1) apresenta transmissão sustentada no Amazonas, onde, de 65 casos confirmados até 31 de agosto de 2009, dois óbitos ocorreram em pessoas previamente saudáveis. O sistema de saúde do Estado deverá estruturar-se para um possível aumento significativo de casos no período chuvoso; Apesar do Estado do Amazonas ainda estar no processo de adequação ao Regulamento Sanitário Internacional, a estrutura atual de vigilância em saúde mostrou-se eficiente, considerando que surtos de doenças emergentes e agravos inusitados ocorridos na região foram prontamente detectados e investigados. Neste processo de estruturação, sugerimos maiores investimentos na formação de recursos humanos em investigação de surtos, tanto na capital como interior, e que estes profissionais sejam alocados para atividade fim. Quanto à inexperiência em conduzir investigações de campo, o presente estudo demonstrou que não faltarão oportunidades para treinamento das equipes. 83 REFERÊNCIAS 1. Emond RT, Evans B, Bowen ET, Lloyd G. A case of Ebola virus infection. Br Med J. 1977 Aug 27;2(6086):541-4. 2. CDC. Pneumocystis pneumonia--Los Angeles. 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IDENTIFICAÇÃO E DADOS PRE-CIRURGICOS Nome: ............................................................................................................................. ............. Data de Internação: .......... / .......... / .......... Idade: ............ anos Leito: Data da Cirurgia:........./........./................. .......................... Registro: .................................... Gênero: 1-M 2-F ........ Setor: ............................ Diagnostico de internação: ...................................................................................................................................... ........................ Equipe Cirúrgica Cirurgião 1:________________________________ Cirurgião 2:________________________________ Anestesista:________________________________ Auxiliar:____________________________________ Circulante:_________________________________ Tempo de internação antes da cirurgia (horas):_______________ Tricotomia: 1-Sim 2-Não ........ ANTECEDENTES Co-morbidades: ........ ........ Alergia ........ Diabetes ........ Asma Outra:........................................................................................................................... Medicação em uso: Cirurgia anterior?: 1-Sim 2-Não 1-sim 2-Não Qual?................................................................................................. ........ ........ Há quanto tempo:___________________________ Tipo de anestesia: ___________________________Reação à anestesia? 1-Sim 2-Não DADOS CIRURGICOS Uso de EPI pela equipe: 1-Sim 2-Não ........ Antisseptico utilizado para a anestesia: ______________________________ Anestésico utilizado:________________________________ Quantidade inoculada (em ml):______________________ Outras medicações Medicação 1:____________________________Medicação 2:_________________________ Medicação 3:____________________________Medicação 4:_________________________ Medicação 5:____________________________Medicação 6:_________________________ ........ 95 Infusão: 1-SG 5% 2-SF 0,9% 3- Ringer ........ Profilaxia Cirúrgica: 1-Sim 2-Não Qual? ........ Qual a sala? _________ Qual a cirurgia?_____________________________________ Tempo de cirurgia (horas)?_____________ Tipo de anestesia: 1-Local 2-Raqui 3- Epidural 4- Geral ........ Material utilizado na anestesia (informar se descartável): Material 1:____________________________ Material 2:_________________________ Material 3:____________________________ Material 4:_________________________ Material 5:____________________________ Material 6:_________________________ Uso de O2: 1-Sim 2-Não 1-Cateter 2-Mascara 3- VM ........ Procedimentos invasivos: 1-sim 2-não ....... Se sim, qual (is)?: CVC: VM: ....... ....... SV: ....... ........ SNG: ....... DADOS POS-CIRURGICOS Sintomatologia pos-cirurgia: Quais? Febre: ....... 1-Sim 2-Não Cefaleia: ....... ........ Vômitos:: ....... Rigidez de nuca:: ........ Prurido:: ........ Desorientacao:: ........ Agitação :: ........ Sonolencia:: ........ Alucinacao :: ........ Hipotensão:: ........ Outros:_______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ Qual o primeiro sintoma:_____________________________ Tempo (horas) do surgimento do primeiro sintoma: _____________________ Prescrição após a cirurgia: Medicação 1:____________________________Medicação 2:_________________________ Medicação 3:____________________________Medicação 4:_________________________ Medicação 5:____________________________Medicação 6:_________________________ Tempo (horas) da melhora clinica: _____________________________ Tempo (horas) da melhora da cefaléia: _________________ OBS: _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ 96 FICHA CLÍNICA RABDOMIÓLISE Data de inclusão: ...... / ...... / ...... Número pesquisa IDENTIFICAÇÃO Nome: ..................................................................................................... ................................................ Registro: .......................................... Raça/cor: 1-branca Data de nascimento: 2-parda .......... 3-negra 4-indígena / .......... / .......... 5-amarela ........ Idade: ............ anos Gênero: 1-M 2-F ........ Residência: .......................................................................................................................... ................................................................................. Bairro: Município: ..................................................................... ......................................... Telefone: ............................... Endereço provisório: ............................................................................................................................. ........................................................ Ocupação: ........................................................................................... Local trabalho: ............................................................................. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E PATOLÓGICOS Origem: 1-domicílio 2-rede de saúde Unidade de Internação: ......................................................................................................... ..................................................... 1-Manaus 2-Outro município 3-Outro estado Em Manaus, zona: ........ Qual? ......................................................................... ........ 1-leste 2-oeste 3-norte 4-sul 5-centro-sul 6-centro-oeste Quantas pessoas residem no mesmo domicílio (além do entrevistado) .......... Teve trauma recente (até 7 dias antes)? 1-sim 2-não .......... Esforço físico vigoroso recente (até 7 dias antes)? 1-sim 2-não .......... Epilepsia? 1-sim 2-não Hiper ou hipotermia? .......... ........... 1-sim 2-não Fez uso de alguma medicação antes do início dos sintomas (até 7 dias antes)? 1-sim 2-não .......... .......... Qual (is)?............................................................................................................. ................................................................................................... Teve exposição a alguma substância tóxica antes do início dos sintomas (até 7 dias antes)? 1-sim 2-não .......... Qual (is)?............................................................................................................................. .............................................................. Tem diabetes? 1-sim 2-não .......... Recebeu alguma vacina recentemente (até 7 dias antes)? Teve febre antes ou durante os sintomas atuais? 1-sim 1-sim 2-não 2-não ...... 3-ignorado Teve contato ou conhecimento de casos semelhantes na família? Alguma outra doença crônica? 1-sim 2-não ....... Etilista? 1-sim 2-não ......... Uso de drogas? 1-sim 2-não ......... Qual? 1-sim 2-não 3- Não se aplica ......... 1-sim 2-não .......... Qual? ........................................................................................... Tabagista? 1-sim 2-não ......... Está grávida? ....... ............................................................... Se sim, quanto tempo? ............... semanas 97 HISTÓRIA ALIMENTAR 24h ANTES DO INÍCIO DOS SINTOMAS Arroz 1- sim 2- não Farinha 1-sim 2-não Pimenta Vinagrete Feijão 1- sim 2- não ........ Tipo de farinha : Branca ........ 1-sim 2-não Se sim, Qual? ....... 1-sim 2-não Baião 1- sim 2- não ........ ...... ............................................................... Outro acompanhamento: ....... Amarela ...... ........ .................................................................................. Outros alimentos consumidos: ................................................................................................................................................................... .................................................................................. .................................................................................. ..................................................................... Frango 1-sim 2-não Peixe 1-sim 2-não Frito Carne de porco 1-sim 2-não ....... Fresco 1- sim 2- não ....... Congelado 1- sim 2- não ........ 1-sim 2-não ........ Se frito, Qual óleo? Cozido 1-sim 2-não ....... Assado 1-sim 2-não Qual peixe? Pacu Tambaqui ...... Sardinha ...... Carne 1-sim 2-não ........ ........ ............................................................... ........ Matrinchã ...... ........ ...... Jaraqui ...... Outros ........................................... Local de aquisição do pescado ............................................................... Qual o nome do vendedor ou da banca de peixe? Procedência do peixe conhecida 1- sim 2- não ....................................................................................................................... ........ Se sim, Qual? Quantas pessoas comeram o mesmo peixe (além do entrevistado)? Quantas pessoas apresentam sintomas ............................................................... ........ ........ HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL Apresenta sintomas 1-sim 2-não .......... No. de horas após ingestão do peixe: Febre Se sim, doença atual há ...... Mialgia 1-sim 2-não Vômitos 1-sim 2-não ...... Náuseas 1-sim 2-não 1-sim 2-não Dispnéia 1-sim 2-não Colúria ...... Dor abdominal 1-sim 2-não Dor no tórax 1-sim 2-não Cefaléia 1-sim 2-não ....... Dormência 1-sim 2-não ....... ....... ....... Dor a leve palpação muscular 1-sim 2-não ...... A/Oligúria 1-sim 2-não ....... Diarréia dias (____/____/____) .......... 1-sim 2-não Boca seca 1-sim 2-não ........ ...... ...... 1-sim 2-não ....... Fraqueza 1-sim 2-não ....... ....... Rigidez muscular 1-sim 2-não ....... Nucalgia 1-sim 2-não ....... Dormência 1-sim 2-não ....... Contratura muscular 1-sim 2-não Algum sinal de outra infecção simultânea? 1-sim 2-não ...... ...... Qual? Mal estar 1-sim 2-não ....... ....... ..................................................................... 98 EXAMES COMPLEMENTARES NA ADMISSÃO CPK total (UI/ml): .......................... CPK-MB ………....... % MB/total: ................... Uréia (mg/dL): ........................... Creatinina (mg/dL): Cálcio: DHL (U/L): ................... ................ ........................... Albumina (g/dL): .................. Fósforo: .............. AST (U/L): ....................... ALT (U/L): ....................... Magnésio: ....................... Na++ (µmol/L): ............... K+ (µmol/L): ............... Mioglobina: soro: .............. urina: .............. Ácido úrico: ........... Hemoglobina (g/dL): .................... Hematócrito: ............... % Leucócitos: ............... x 103/mm3 Plaquetas: ............... x 103/mm3 Neutrófilos: Linfócitos: Bastões: ............... ............... % % ............... Eosinófilos: EAS (urina) / Hemoglobinúria? 1-Sim 2-Náo ...... % ............... % Quantas por campo? ...................................... EVOLUÇÃO CLÍNICA Sinais/sintomas Febre Mialgia Rigidez muscular Fraqueza Náuseas/vômitos Dor a palpação Oligúria Colúria Insuficiência renal Óbito D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 99 EVOLUÇÃO LABORATORIAL D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Leucócitos Plaquetas Hematócrito Uréia Creatinina CPK CPK MB Mioglobina Sódio Potássio Cálcio Albumina AST ALT Hemoglobinúria DHL EXAMES ESPECÍFICOS (Especificar) E OBSERVAÇÕES CONCLUSÃO Diagnóstico final: ...... 1-rabdomiólise sem complicações 2- rabdomiólise com insuficiência renal 3- rabdomiólise oligo/assintomática 4- indefinido 5- outros Qual? ..................................................................... Evolução: Investigador: 1- seguimento ambulatorial 2- cura 3- óbito ...... FVS 100 FUNDAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Núcleo de Respostas Rápidas ALERTA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ORIENTAÇÕES PARA CASOS DE RABDOMIÓLISE INTRODUÇÃO A rabdomiólise é definida como uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lise das células musculares esqueléticas, com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação. É uma entidade comum e, não raras vezes, de etiologia multifatorial. Ocorre normalmente em indivíduos saudáveis, na seqüência de traumatismo, atividade física excessiva, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas ou infecções. A partir do início de junho do corrente ano, a FVS, através do Núcleo de Respostas Rápidas do Amazonas (NURER-AM), detectou um aumento no número de casos de rabdomiólise atendidos na rede de assistência de Manaus, sendo que em alguns destes em uma mesma família e, ainda, sem que fosse possível identificar fatores de risco classicamente descritos. Diante da necessidade de investigação desse agravo, a FVS, no uso de suas atribuições, determina que deva ser IMEDIATAMENTE notificado para o NURER-AM, através dos telefones 9601-7200/9951-2045 ou e-mail [email protected], todo caso que preencha a seguinte definição: DEFINIÇÃO DE CASO SUSPEITO DE RABDOMIÓLISE - Toda pessoa procedente do Amazonas, com quadro de mialgia súbita e níveis de CPK (creatinofosfoquinase) total acima de cinco vezes dos valores de referência, a partir de 02 de junho de 2008. Para o manejo clínico dos pacientes, sugerimos a adoção do seguinte protocolo: 1- ROTINA LABORATORIAL 101 1.1 À admissão: CPK total, hemograma, glicose, uréia, creatinina, transaminases, DHL, ionograma, CK-MB, Mioglobina, troponina e EAS com PH urinário 1.2 A cada 12 horas: CPK total, CK-MB, mioglobina e pH urinário. 1.3 A cada 24 horas: uréia e creatinina 2- HIDRATAÇÃO Os pacientes devem receber aporte volêmico acima das necessidades básicas diárias visando à manutenção de fluxo renal adequado. Recomenda-se o uso de solução cristalóide (Soro Fisiológico a 0,9% ou Solução de Ringer com Lactato) no volume de 30 a 45 ml / kg de peso corporal nas 24 horas. Devem ser observados criteriosamente os pacientes com limitação à hidratação vigorosa, como, por exemplo, portadores de insuficiência cardíaca ou doença renal prévias. Nestes casos o volume e a velocidade da hidratação devem ser determinados por parâmetro clínicos. 3- DIURÉTICOS Os diuréticos estão indicados. Deve ser dada preferência aos diuréticos de alça (Furosemida) em relação aos diuréticos osmóticos (Manitol). A dose recomendada é de 40 a 60 mg / dia de Furosemida por via intravenosa, dividida em 2 a 3 tomadas diárias. A diurese e o Balanço Hídrico diário devem ser observados rigorosamente. Cuidados devem ser tomados para que não ocorra hipotensão e / ou hipovolêmia, condições que implicam na piora do débito renal. 4- BICARBONATO DE SÓDIO A despeito de não haver evidências claras dos benefícios do uso de Bicarbonato de Sódio no prognóstico destes pacientes, o seu uso deve ser considerado. A dose sugerida é de 60 mEq / dia, diluídos na hidratação venosa das 24 horas. A solução de Bicarbonato de Sódio a 8,4% contém 01 mEq / 1 ml, portanto 1 ampola de 10 ml contém 10 mEq. O uso de Bicarbonato de Sódio é indicado para a alcalinização da urina, objetivando um pH urinário ≤ 6,5. 5- ANALGESIA 102 Está indicada em todos os pacientes enquanto persistirem as dores musculares. Recomenda-se o uso de Tramadol na dose de 150 a 300 mg / dia nos pacientes com função renal normal, divididos em 3 tomadas diárias. Nos casos de função renal diminuída com CrCl (clearence de creatinina) entre 10 e 50 ml/min, a dose não deve ultrapassar 200 mg / dia. Nos pacientes com CrCl < 10 ml/min o uso deve ser avaliado caso a caso. Dipirona Sódica pode ser usada na dose de 1 g intravenoso a cada 4 horas independentemente da função renal. Os antiinflamatórios não hormonais como adjuvantes da analgesia estão formalmente CONTRAINDICADOS. 6- HEMODIÁLISE Não há evidência de benefícios da realização precoce de Hemodiálise. Normalmente as Insuficiências Renais por depósito de pigmentos são limitadas e a recuperação da função renal ocorre entre 7 e 10 dias. O tratamento renal substitutivo deve ser considerado nos pacientes oligo-anúricos. 7- OBSERVAÇÕES Deve-se evitar o uso de drogas de excreção renal. Quando o uso destas for imprescindível, as doses devem ser ajustadas conforme o CrCl. As drogas empregadas no tratamento das hiperlipidemias estão formalmente CONTRAINDICADAS. Caso o paciente faça uso prévio, o mesmo deve ser interrompido. Não há qualquer evidência do beneficio do uso de corticóides. Literatura Sugerida BAGLEY, W.H., YANG, H., SHAH, K.H. Rhabdomyolysis. Ann Intern Med 2:210–218, 2007. ROSA, N. G., et al. Rabdomiólise. Acta Méd Port 18: 271-282, 2005. 103 9 ANEXOS 104 PORTARIA SVS Nº 5, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2006 DOU 22.02.2006 Inclui doenças na relação nacional de notificação compulsória, define doenças de notificação imediata, relação dos resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos Laboratórios de Referência Nacional ou Regional e normas para notificação de casos. O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso das atribuições que lhe confere o Art. 36 do Decreto nº. 4.726, de 9 de junho de 2003 e, considerando o disposto no Art. 4º da Portaria nº 2.325, de 8 de dezembro de 2003, resolve: Art. 1º Adotar a Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória, constante do Anexo I desta Portaria, incluindo-se a notificação de casos suspeitos ou confirmados de influenza humana por novo subtipo. Art. 2º A ocorrência de agravo inusitado, caracterizado como a ocorrência de casos ou óbitos de doença de origem desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida, independente de constar na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória, deverá também ser notificada às autoridades sanitárias. Art. 3º As doenças e agravos relacionados no Anexo II desta Portaria, para todo território nacional, devem ser notificados, imediatamente, às Secretarias Estaduais de Saúde, e estas deverão informar, também de forma imediata, à Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS. Parágrafo Único: A notificação imediata deverá ser realizada por um dos seguintes meios de comunicação: I.: Serviço de notificação eletrônica de emergências epidemiológicas (e-notifica), por meio de mensagem de correio eletrônico enviada ao endereço [email protected] ou, diretamente pelo sítio eletrônico da Secretaria de Vigilância em Saúde, no endereço www.saude.gov.br/svs; II. Serviço telefônico de notificação de emergências epidemiológicas, 24 horas (Disque- 105 Notifica) por meio de ligação para o número nacional que será divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS, sendo este serviço destinado aos profissionais de saúde cujo Município ou Estado não possuam serviço telefônico em regime de plantão para recebimento das notificações imediatas. Art. 4º Os agravos de notificação imediata, constantes do Anexo II desta Portaria, devem ser notificados em, no máximo, 24 horas a partir do momento da suspeita inicial. Parágrafo único. A notificação imediata não substitui a necessidade de registro posterior das notificações em conformidade com o fluxo, a periodicidade e os instrumentos utilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN. Art. 5º Os profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino, em conformidade com a Lei nº. 6259 de 30 de outubro de 1975, são obrigados a comunicar aos gestores do Sistema Único de Saúde - SUS a ocorrência de casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas nos anexo I, II e III desta Portaria. Parágrafo único. O não cumprimento desta obrigatoriedade será comunicado aos conselhos de entidades de Classe e ao Ministério Público para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Art. 6º. Os resultados dos exames laboratoriais das doenças de notificação imediata relacionadas no Anexo III desta Portaria devem ser notificados, pelos laboratórios de referência nacional, regional e laboratórios centrais de saúde pública de cada Unidade Federada, concomitantemente às Secretarias Estaduais de Saúde, Secretarias Municipais de Saúde e a SVS/MS, conforme estabelecido no Art. 3º desta Portaria. Art. 7.º A definição de caso para cada doença relacionada no Anexo I desta Portaria, obedecerá à padronização definida pela SVS/MS. Art. 8º É vedada a exclusão de doenças e agravos componentes da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória pelos gestores municipais e estaduais do SUS. Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 10 Fica revogada a Portaria nº. 33/SVS, de 14 de julho de 2005, publicada no DOU nº. 106 135, Seção 1, pág. 111, de 15 de julho de 2005. JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR ANEXO I Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória I. Botulismo II. Carbúnculo ou Antraz III. Cólera IV. Coqueluche V. Dengue VI. Difteria VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob VIII. Doenças de Chagas (casos agudos) IX. Doença Meningocócica e outras Meningites X.Esquistossomose (em área não endêmica) XI. Eventos Adversos Pós-Vacinação XII.Febre Amarela XIII. Febre do Nilo Ocidental XIV. Febre Maculosa XV. Febre Tifóide XVI. Hanseníase XVII. Hantavirose 107 XVIII. Hepatites Virais XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical XX. Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana XXII. Leishmaniose Visceral XXIII.Leptospirose XXIV. Malária XXV. Meningite por Haemophilus influenzae XXVI. Peste XXVII.Poliomielite XXVIII.Paralisia Flácida Aguda XXIX.Raiva Humana XXX.Rubéola XXXI.Síndrome da Rubéola Congênita XXXII. Sarampo XXXIII. Sífilis Congênita XXXIV. Sífilis em gestante XXXV. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS XXXVI. Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave XXXVIII. Tétano 108 XXXIX. Tularemia XL. Tuberculose XLI. Varíola ANEXO II Doenças e Agravos de notificação imediata I. Caso suspeito ou confirmado de: a) Botulismo b) Carbúnculo ou Antraz c) Cólera d) Febre Amarela e) Febre do Nilo Ocidental f) Hantaviroses g) Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) h) Peste i) Poliomielite j) Raiva Humana l) Sarampo, em indivíduo com história de viagem ao exterior nos últimos 30 (trinta) dias ou de contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao exterior m) Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda n) Síndrome Respiratória Aguda Grave o) Varíola p) Tularemia 109 II. Caso confirmado de: a) Tétano Neonatal III. Surto ou agregação de casos ou de óbitos por: a) Agravos inusitados b) Difteria c) Doença de Chagas Aguda d) Doença Meningocócica e) Influenza Humana IV. Epizootias e/ou morte de animais que podem preceder a ocorrência de doenças em humanos: a) Epizootias em primatas não humanos b) Outras epizootias de importância epidemiológica ANEXO III Resultados laboratoriais devem ser notificados de forma imediata pelos Laboratórios de Saúde Pública dos Estados (LACEN) e Laboratórios de Referência Nacional ou Regional I. Resultado de amostra individual por: a) Botulismo b) Carbúnculo ou Antraz c) Cólera d) Febre Amarela e) Febre do Nilo Ocidental f) Hantavirose g) Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) 110 h) Peste i) Poliomielite j) Raiva Humana l) Sarampo m) Síndrome Respiratória Aguda Grave n) Varíola o) Tularemia II. Resultado de amostras procedentes de investigação de surtos: a) Agravos inusitados b) Doença de Chagas Aguda c) Difteria d) Doença Meningocócica e) Influenza Humana 111 Manaus, 03 de março de 2006 Do: Coordenador CIEVS-AM Ao: Senhor Diretor Técnico da FVS Assunto: Respostas à ANVISA Por intermédio da Vigilância Sanitária, a ANVISA enviou questionamentos em relação aos casos de meningite nosocomial ocorridos no Hospital Santa Julia, cujas respostas são: Todos os casos aconteceram com os mesmos profissionais ou ocorreram em equipes diferentes? Em equipes e procedimentos cirúrgicos diferentes. Qual ou quais as técnicas utilizadas (anti-sepsia da pele, etc)? As preconizadas pela CCIH do hospital e de acordo com a literatura. Avaliação das doses utilizadas? Sim, de 2 a 4 ml. Qual o tipo de seringa utilizada pelo anestesista? Descartável da marca BD. Foram avaliados os registros de reprocessamento? São utilizados indicadores de validação do processo (Indicador e integrador químico e teste biológico semanal). Os funcionários trabalham sob o regime de escala. Como foi efetuada a verificação entre a realização do processo na CME e o descrito em POP,s? Há rotina de supervisão semanal. Não foram encontradas irregularidades. Foram feitas entrevistas com funcionários, pacientes e profissionais envolvidos? Sim, e nada relevante foi observado. As pacientes foram vacinadas contra meningite? Não. Foi realizada alguma avaliação nos profissionais de saúde? Sim, foi colhido SWAB da nasofaringe e até o momento não se caracterizou nenhum portador. Foi feito sorotipagem? Nenhum exame microbiológico resultou positivo (bacterioscopia, cultura e látex) A visualização de eosinófilos nas amostras foi um achado relevante. Todos, inclusive o anestesista usavam mascara? Sim. Qual a freqüência de limpeza/manutenção do ar condicionado do bloco? Semanal/trimestral. 112 A meningite e bacteriana ou asséptica? Após cuidadosa avaliação dos casos e, principalmente após revisão da literatura, formulamos a hipótese de meningite química. Sugestão para que sejam elaboradas fichas de investigação: Já confeccionadas. Havia registros de casos anteriores? Não. Estão sendo revistos todos os prontuários dos pacientes que realizaram cirurgia no período. No momento da identificação dos casos, apenas um dos pacientes internados em pós-operatório referiu sintomas, porém o exame do liquor resultou normal (paciente submetido à anestesia geral). Quantas cirurgias foram realizadas no período? De 20 a 25 de fevereiro foram realizadas 85 cirurgias, sendo 18 com raquianestesia. As pacientes apresentaram algum tipo de complicação? Não. Quais as explicações para o evento se o resultado das análises do medicamento não indicar irregularidade? Um estudo caso-controle (em andamento) poderá responder este questionamento. Bibliografia Consultada BENDER, A. et al. Severe symptomatic aseptic chemical meningitis following myelography. Neurology. v. 63, p. 1311-13, 2004. FORGATS, P. et al. Characterization of Chemical Meningitis after Neurological Surgery. Clinical Infectious Diseases. v. 32, p. 179-85, 2001. FRANÇOIS, B. et al. Méningite à la bupivacaine. La Revue de Médecine Interne. v. 20, p. 71920, 1999. NISHMURA, C. et al. Two cases of chemical meningitis following spinal anesthesia. Journal of Anesthesia. v. 15, p. 111-13, 2001. 113 Brasília, 3 de maio de 2006 - 10h30 Agência suspende fabricação, venda e uso do anestésico Tradinol A Anvisa suspendeu a fabricação, comércio e uso, em todo país, do anestésico Tradinol Pesado (Cloridrato de Bupivacaína 5 mg/ml + Glicose 80 mg/ml), fabricado e comercializado pelo laboratório Hipolabor, de Sabará (MG). A resolução foi publicada no Diário Oficial desta terça-feira (2/5). O produto obteve resultados insatisfatórios nos ensaios de aspecto do produto e esterilidade bacteriana e fúngica. A solução, que deve ser límpida e transparente, apresentou partículas visíveis, além da presença de bactérias e fungos contaminantes. Um lote do produto já havia sido suspenso, em março, após suspeita de causar reações adversas em oito mulheres que se submeteram à cirurgia no Hospital Municipal São João de Deus, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. As reações relatadas foram dor de cabeça, agitação e confusão psicomotora http://www.anvisa.gov.br/divulga2______bloqueado/noticias/2006/030506.htm título: Resolução RE nº 841, de 17 de março de 2006 ementa não oficial: Determina, como medida cautelar de interesse sanitário, a suspensão da distribuição, comércio e uso, em todo território nacional, dos produtos TRADINOL PESADO (Cloridrato de Bupivacaína) lote AR 001/05, fabricado em 05/05 e válido até 05/07 e CLORIDRATO DE LIDOCAÍNA 2%, Solução Injetável, lote LL 239/05, fabricado em 12/05 e válido até 12/07 fabricados e comercializado pela empresa HIPOLABOR INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA. ME, CNPJ nº.19.570.720/0001-10, localizada na Rodovia BR 262, Km 12,3 Borges, Sabará/MG, por não atender as exigências regulamentares da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. publicação: D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 21 de março de 2006 órgão emissor: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária alcance do ato: federal - Brasil área de atuação: Medicamentos http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=21271&word= 114 título: Resolução RE nº 1309, de 28 de abril de 2006 ementa não oficial: Determina, como medida cautelar de interesse sanitário, a suspensão da fabricação, comércio e uso, em todo território nacional, do produto TRADINOL PESADO (Cloridrato de Bupivacaína 5mg/ml + Glicose 80mg/ml), fabricado e comercializado pela empresa HIPOLABOR INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA. - ME, CNPJ nº.19.570.720/0001-10, localizada na Rodovia BR 262, Km 12,3 - Borges, Sabará/MG, por não atender as exigências regulamentares da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. publicação: D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 02 de maio de 2006 órgão emissor: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária alcance do ato: federal - Brasil área de atuação: Medicamentos http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=21878&word= 115 10-Sep-2009 2009-00180.R1 - Outbreak of Haff Disease in the Brazilian Amazon Dear Prof. dos Santos: We are pleased to inform you that we have completed the editorial processing of your above-mentioned article. This manuscript is now scheduled to appear in one of the next issues of the Revista Panamericana de Salud Pública/Pan American Journal of Public Health. Accordingly, a copy of the edited text containing queries is enclosed for your approval. We would be most grateful if you could return the text with the query answers at your earliest convenience, but NO LATER THAN 18 SEPTEMBER 2009. Please send us your answers by ELECTRONIC MAIL: Send your answers using the “Track Changes” command in Word, under the “Tools” menu. In this way, you and the editor will be able to clearly and easily see your changes. Please refrain from making any changes to your text without highlighting them in some way. Once the article has been published, we will send you the courtesy copies of the issue in which it appears. PLEASE ACKNOWLEDGE RECEIPT OF THIS MESSAGE. Sincerely, Marita Leone Pan American Health Organization Publications Program Tel.: (202) 974-3055