1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL CRISTINA GONZAGA MARQUES PROJETAÇÃO ERGONÔMICA: O caso da ponteira de muletas para deficientes físicos permanentes. SÃO LUÍS 2004 2 CRISTINA GONZAGA MARQUES PROJETAÇÃO ERGONÔMICA: O caso da ponteira de muletas para deficientes físicos permanentes. Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industrial da Universidade Federal do Maranhão UFMA, para obtenção do grau de Bacharel em Desenho Industrial. Orientador: Dr. Raimundo Lopes Diniz SÃO LUÍS 2004 3 Marques, Cristina Gonzaga Intervenção Ergonomizadora: a marcha de usuários de muletas (deficientes físicos permanentes) em terrenos arenosos / Cristina Gonzaga Marques – São Luís, 2004. ----f. Monografia (Graduação em Desenho Industrial) - Curso de Desenho Industrial, Universidade Federal do Maranhão, 2004. 1. Ergonomia – Deficientes Físicos 2. Muletas 3.Marcha Normal Humana I. Título CDU 65.015.11-056-26 4 CRISTINA GONZAGA MARQUES PROJETAÇÃO ERGONÔMICA: O caso da ponteira de muletas para deficientes físicos permanentes. Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industrial da Universidade Federal do Maranhão UFMA, para obtenção do grau de Bacharel em Desenho Industrial. APROVADA EM / / BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Prof° Raimundo Lopes Diniz (orientador) Doutor em Engenharia de Produção Universidade Federal do Rio Grande do Sul ________________________________________________ Profº Sanatiel de Jesus Pereira Doutor em Engenharia Florestal Universidade Federal do Paraná _________________________________________________ Profª Silvia Karla de Oliveira Saraiva Especialista em Metodologia do Ensino Superior Universidade Federal do Maranhão 5 Este trabalho é dedicado a Deus, por todas as bênçãos derramadas. E a minha família, que me incentivou muito a concluí-lo. 6 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a DEUS, por ter nos dado a vida, a inteligência e o pensar; Ao professor Drº. Raimundo Lopes Diniz, meu orientador, que sempre esteve presente em todas as fases deste trabalho; A professora Maria da Consolação, pela ajuda e colaboração; A professora Cecilma Texeira, pela ajuda e colaboração; Aos professores e funcionários da Coordenação e do Departamento do Curso de Desenho Industrial da UFMA, pelo interesse, dedicação, no ambiente de classe e fora dele; Ao Sr. João Carlos, meu pai quem tanto amo, pelo apoio nas horas mais difíceis que tive em toda a minha vida, pela compreensão, pelo incentivo constante e pela dedicação que dispensou a mim; A Sônia Maria, minha mãe, a quem também amo, mesmo ausente incentivou a conclusão deste curso; A Maria Aparecida, minha madrasta, a quem também amo, pela amizade, paciência, colaboração e compreensão; A minha irmã Renata, pela contribuição e carinho dedicados; Ao meu irmão João Carlos, pela compreensão e carisma; Ao meu namorado Fábio Henrique, pela ajuda técnica nas horas críticas, pela motivação e pelo carinho que sempre dispensou a mim; Aos meus amigos de turma: Roberta, Érica, Lílian, Liliany, Carlos e Delson, pela amizade, carinho, incentivo e ajuda para conclusão deste trabalho. A todas as pessoas que de uma forma ou outra contribuíram para a elaboração desta monografia. 7 “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. (Einstein) 8 RESUMO Intervenção Ergonômica na atividade de marcha dos usuários de muletas (deficientes físicos permanentes) em superfícies rígidas e terrenos arenosos. O objetivo geral do presente trabalho é contribuir com o conforto, segurança, saúde e qualidade de vida aos usuários de muletas. Realiza-se uma intervenção ergonomizadora (Moraes & Mont’Alvão,1998) da atividade de marcha dos deficientes usuários de muletas, para o mapeamento dos constrangimentos ergonômicos da atividade e análise da postura dos deficientes físicos permanentes, (de acordo com a marcha “normal”(Boccolini,1990). Buscam-se subsídios para a projetação ergonômica de uma ponteira de muletas que possa ser usada tanto em superfícies rígidas quanto em terrenos arenosos Palavras Chaves: ergonomizadora. Deficientes físicos permanente, muletas, Intervenção 9 ABSTRACT Ergonomic Intervetion: The crutchs users in sandy and rigid (permanent physical deficients) case. The main porpuse of this survey is to contribute with the confort, security, health and life quality to crutch users. Makes an ergonomic intervention of march activities of crutchs deficient users, to the ergonomics constraint survey of march activities and posture analysis of permanent physical deficients (according to the normal march). Searches for subsidies to an ergonomic projection of sandy and rigid crutch´s tip. Keywords: Permanent physical deficients. Crutch. Ergonomic intervention. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Linha de Marcha.............................................................................................................. 25 Figura 2 – Áboboda Plantar............................................................................................................... 25 Figura 3 – Variações de posição dos membros inferiores durante a Marcha................................... 26 Figura 4 – Detalhe primeiro duplo apoio............................................................................................ 28 Figura 5 – Segundo duplo apoio....................................................................................................... 29 Figura 6 – Etapas do passo.............................................................................................................. 30 Figura 7 – Oscilação de perna e braços durante a marcha.............................................................. 32 Figura 8 – Marcha Ceifánte............................................................................................................... 33 Figura 9 – Marcha em Tesoura......................................................................................................... 33 Figura 10 – Marcha Digitígrada......................................................................................................... 34 Figura 11 – Marcha Parkinsoniana.................................................................................................... Figura 12 – Marcha Escavante......................................................................................................... Figura 13 – Marcha Atáxica Cordonal............................................................................................... 34 35 36 Figura 14 – Marcha Miopática........................................................................................................... 38 Figura 15 – Marcha Histérica........................................................................................................... 38 Figura 16 – Marcha com encurtamento de um membro inferior....................................................... 41 Figura 17 – Marcha na rigidez do joelho.......................................................................................... 41 Figura 18 – Marcha quando os abdutores estão fracos................................................................... 42 Figura 19 – Posição correta da muleta axilar.................................................................................. 44 Figura 20 – Local onde foram realizadas as observações e entrevistas.......................................... 50 Figura 21 – Caracterização e posição serial do SHTM..................................................................... 59 Figura 22 – Ordenação Hierárquica do Sistema............................................................................... 60 Figura 23 – Expansão do SHTM....................................................................................................... 60 Figura 24 – Modelagem Comunicacional do SHTM.......................................................................... Figura 25 – Fluxograma operacional da marcha em superfícies rígidas.......................................... 61 62 Figura 26 – Fluxograma operacional da marcha em terrenos arenosos........................................... 64 Figura 27 – Má postura do deficiente durante a marcha................................................................... 65 11 Figura 28 – APAE, deficiente em processo inicial de marcha para adaptação de prótese, com auxílio das muletas............................................................................................................................. 66 Figura 29 – Falta de estabilidade na areia – deficiente em desiquilíbrio........................................... 69 Figura 30 – Processo de marcha em terreno arenoso de deficiente usuária de muletas. Detalhe da postura........................................................................................................................................... 69 Figura 31 – Má postura do deficiente durante a marcha.................................................................. 70 Figura 32 – Detalhe da muleta na areia........................................................................................... 70 Figura 33 – Andador dinâmico.......................................................................................................... 72 Figura 34 – Andador posterior........................................................................................................... 72 Figura 35 – Andador compacto......................................................................................................... 73 Figura 36 – Andador infantil.............................................................................................................. 73 Figura 37 – Andador para idosos...................................................................................................... 74 Figura 38 – Andador articulado......................................................................................................... 74 Figura 39 – Muletas axilares / muleta Los Franklin........................................................................... 74 Figura 40 – Bengala de quatro apoios.............................................................................................. 75 Figura 41 – Jetcar............................................................................................................................. 75 Figura 42 – Carro de solo.................................................................................................................. Figura 43 – Deslizador...................................................................................................................... Figura 44 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos tipo “Bóia” 1.......................................... 76 77 79 Figura 45 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos tipo “Bóia” 2.......................................... 80 Figura 46 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos – Alternativa 3...................................... 80 Figura 47 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos – Alternativa final................................. 81 Figura 48 – Conector de união entre haste e ponteira...................................................................... 82 Figura 49 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos – Dimensionamento alternativa final.... 83 . 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Marchas em patologias neurológicas.............................................................................. 39 Tabela 2 – Descrição dos respondentes do questionário................................................................. 56 13 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Gráfico relativo ao resultado dos questionários.............................................................. 68 14 SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................................................................... 08 ABSTRACT....................................................................................................................................... 09 LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................... 10 LISTA DE TABELAS........................................................................................................................., 12 LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 16 1.1. Justificativa................................................................................................................................. 19 1.2. Objetivos..................................................................................................................................... 20 1.2.1. Geral...................................................................................................................... 20 1.2.2. Específicos............................................................................................................. 20 1.2.3. Operacionais.......................................................................................................... 21 1.3. Estrutura do Trabalho................................................................................................................. 22 2 FISIOTERAPIA DIRECIONADA PARA O USO DE ÓRTESES E PRÓTESES............................ 23 2.1.Locomoção Normal Humana....................................................................................................... 23 2.2. Variedade de Marchas em Patologias Neurológicas................................................................. 32 2.3. Outros tipos de Marcha.............................................................................................................. 37 2.4.Variedades de Marchas em Patologias Ortopédicas.................................................................. 39 2.5.Recomendações para o uso de muletas.................................................................................... 43 3 MÉTODOS E TÉCNICAS.............................................................................................................. 45 3.1.Intervenção Ergonomizadora...................................................................................................... 46 3.1.1.Apreciação Ergonômica...................................................................................... 46 3.1.2.Diagnose Ergonômica........................................................................................ 46 3.1.3.Projetação Ergonômica...................................................................................... 47 3.1.4.Avaliação, Validação e / ou Testes Ergonômicos............................................... 48 3.1.4.Detalhamento Ergonômico e Otimização........................................................... 48 3.2. Técnicas de Pesquisa Descritiva............................................................................................... 49 3.2.1. Observação Assistemática................................................................................ 49 3.2.2. Observação Sistemática.................................................................................... 50 3.2.3. Entrevistas Abertas............................................................................................ 52 15 3.2.4. Questionário e Escala de Avaliação................................................................... 54 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................................. 57 4.1 Intervenção Ergonomizadora...................................................................................................... 57 4.1.1.Apreciação ergonômica..................................................................................... 57 4.1.2.Diagnose ergonômica........................................................................................ 67 4.1.3.Projetação ergonômica....................................................................................... 71 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................... 84 5.1. Sugestões para pesquisas posteriores....................................................................................... 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS................................................................................................. 88 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ ANEXOS........................................................................................................................................... 91 92 16 1 INTRODUÇÃO Segundo dados da Organização Mundial de Saúde cerca de 10% (o equivalente a 15 milhões de pessoas) da população brasileira é constituída de indivíduos com algum tipo de deficiência, que pode ser congênita ou provocada. Esta última está relacionada em grande parte aos acidentes de trânsitos, de trabalho e à violência urbana, que acaba gerando um grande número de deficientes físicos (Alves, 2000, apud Oliveira et al., 2001)¹. De acordo com artigo 5º § 2º, da lei nº 8.112/90 (CORDE, 1996, apud Oliveira et al., 2001)² e com o decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, uma Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) é aquela que apresenta em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica, mental ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano, sendo classificada como portadora de deficiência física aquela que apresente alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, comprometendo a sua função motora. É comum que as pessoas com deficiência física façam uso de prótese, órteses ou outras ajudas técnicas. ____________ ¹ALVES, Simone. Encontro debate as deficiências da sociedade frente ao portador de deficiência – Revista CIPA. Edição n.°250, São Paulo: CIPA Editora, 2000 (p.p.44-69) ²CORDE, Resultado da sistematização dos trabalhadores da Câmara Técnica sobre reserva de vagas para portadores de deficiência - subsídios para regulamentação do artigo 5°&2° da Lei 8112/90. Brasília, 1996 (p.7-9). 17 As ajudas técnicas são dispositivos especiais com o objetivo de compensar parcial ou totalmente uma ausência ou perda de função (Tortosa, 1997). As próteses e as órteses são tipos de ajudas técnicas, sendo que a prótese é um dispositivo artificial que substitui uma parte que falta no corpo humano; enquanto as órteses são dispositivos que auxiliam na realização de funções humanas, como no caso da cadeira de rodas, das muletas, entre outras. Locomover-se com a ajuda de próteses ou órteses, representam um maior gasto energético do que uma caminhada normal, que deve ser acrescentado aos gastos de energia da tarefa regular do trabalho. Para que a adaptação das ajudas técnicas (órteses e próteses, etc.) aos PPDs aconteça de maneira segura e eficiente, é necessário o acompanhamento de um profissional de reabilitação. O intuito da reabilitação é fazer com que o homem volte a ter uma vida normal em sociedade, através de um processo de relacionamento físico, habitacional e de transporte, serviços sociais, oportunidades educacionais e de trabalho, vida cultural e social, incluindo esportes e facilidades recreativas acessíveis para todos (Nowak,1999). Assim como a reabilitação, a ergonomia pode contribuir para que as pessoas portadoras de deficiências possam produzir e competir em igualdade de condições aos trabalhadores considerados “normais”, evitando que haja uma incompatibilidade entre a natureza da tarefa e as capacidades residuais laborais das PPDs, ou seja, impedir que ocorra um mau aproveitamento do deficiente no trabalho (Oliveira et al, 2001). Para o projeto ou design eficiente dos suportes técnicos aos deficientes, é preciso conhecer as possibilidades físicas e psíquicas do ser humano para que em nenhum momento este se veja superado em suas capacidades. Deve- 18 se, portanto, adequar a estas capacidades os instrumentos de trabalho, o ambiente e a organização onde ele vai desenvolver suas atividades (San Roman, 1997, apude Oliveira et al, 2001¹). E, neste contexto, se faz também presente a ergonomia. A ergonomia é a ciência que estuda a interação entre o homem e o seu universo de trabalho, tal como máquinas, equipamentos, mobiliário, ambiente físico e organizacional, visando segurança, eficiência e uma melhor qualidade de vida. Segundo o conselho da International Ergonomics Association (IEA) (2003), a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica dedicada ao conhecimento das interações entre ser humano e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos para o projeto, de modo a otimizar o bem estar do ser humano e o desempenho do sistema como um todo. O ergonomista contribui para a projeção e avaliação de tarefas com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Já a Ergonomia da Reabilitação, proporciona o bem estar físico e mental do deficiente, melhorando seu desempenho motor e sua postura, conseqüentemente, aumentando sua qualidade de vida e contribuindo para o não surgimento de problemas físicos, posturais e mentais no futuro, interagindo o deficiente no seu ambiente físico e de trabalho, respeitando suas limitações (Nowak, 1999). Este tema de projeto conduz a um trabalho de pesquisa no âmbito da Ergonomia da Reabilitação, o que contribuirá para a melhoria das condições de vida de portadores de deficiências, e mais, para o desenvolvimento humano na sua vida familiar, no trabalho e no lazer, através de um projeto de um adaptador para terrenos ____________ ¹SAN ROMAN. Ergonomia como complemento a la formacion del minusválido. Minusval, Madrid, nº108, set/out., p.26-27, 1997 19 arenosos para deficientes usuários de muletas. De modo geral, proporcionar igualdade entre deficientes físicos e pessoas sem deficiência, equacionando as diferenças e reabilitando-os para atividades tradicionais e sadias, é a proposta deste projeto de pesquisa. Na presente pesquisa, utilizou-se o método de intervenção ergonomizadora (Moraes & Mont`Alvão, 1998). Sendo que, na fase de apreciação ergonômica usaram-se as seguintes técnicas: entrevistas abertas e observações assistemáticas para o levantamento de constrangimentos ergonômicos (problematização); e na fase de diagnose ergonômica as técnicas: observação sistemática (análise de posturas ocupacionais e análise da tarefa do usuário alvo) e um questionário aberto. Na etapa de projetação ergonômica lança-se mão de um método projetual (Baxter, 1998) onde realizaram-se pesquisas de similares (produtos e outras pesquisas de ergonomia e referências bibliográficas) que, junto com os resultados da apreciação e da diagnose, serviram para elaboração de requisitos projetuais com vistas ao desenvolvimento de produto (um adaptador para muletas adequado, de uso simples, seguro e eficaz para a referida atividade). 1.1.Justificativa Após a realização de observações assistemáticas, percebeu-se a dificuldade no uso de muletas, por deficientes físicos permanentes, em terrenos arenosos. Notou-se a dificuldade na transição da marcha nesse tipo de terreno, em decorrência da área de contato da ponteira da muleta com a superfície. Verificou-se, então, a possibilidade e necessidade de se projetar uma ponteira para muletas ideal para a marcha de deficientes em terrenos arenosos e que servisse também para o uso em superfícies rígidas, com o objetivo de proporcionar a esses deficientes uma melhor qualidade de vida, incluindo-os na sociedade e possibilitando-os a acessibilidade integral. Vale ressaltar, ainda, o fato de não conter na literatura pesquisas referentes ao problema detectado. 1.2.Objetivos 1.2.1.Geral A presente pesquisa visa observar e analisar a atividade da marcha de deficientes usuários de muletas (em superfícies rígidas e terrenos arenosos) para, 20 assim, poder contribuir com conforto, segurança, saúde e qualidade de vida destes deficientes físicos, por meio de uma intervenção ergonomizadora, buscando subsídios para a projetação ergonômica de uma ponteira para muletas que sirva tanto para superfícies rígidas quanto para terrenos arenosos. 1.2.2.Específicos a) Realizar uma intervenção ergonomizadora (Moraes e Mont´Alvão, 1998) na atividade de marcha de deficientes físicos usuários de muletas (em superfícies rígidas e terrenos arenosos); b) realizar um mapeamento de constrangimentos ergonômicos (apreciação ergonômica) na atividade de marcha de deficientes físicos usuários de muletas; c) analisar as posturas ocupacionais e a tarefa durante a atividade de marcha de deficientes físicos usuários de muletas (diagnose ergonômica); d) elaborar um briefing projetual que sirva de referência para eventuais desenvolvimentos de projetos de ponteiras para muletas relacionados à atividade de marcha de deficientes físicos usuários de muletas, com base nas etapas anteriores ( apreciação e diagnose ergonômica); e) gerar alternativas projetuais, a nível de representação bidimensional, visando recomendações ergonômicas para o projeto da nova ponteira de muletas. 1.2.3.Operacionais 21 a) Realizar observação assistemática (por meio de registro fotográfico e caderneta de campo) da atividade de marcha dos deficientes usuários de muletas; b) realizar observação sistemática por meio de registro de comportamento (registro fotográfico) da atividade de marcha dos deficientes físicos usuários de muletas (Boccolini, 1990); c) realizar entrevistas abertas inestruturadas com três profissionais da área de reabilitação (fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais); d) aplicação de entrevista aberta e questionário fechado com dez deficientes usuários de muletas; e) realizar pesquisa de similares de produtos (muletas) e materiais industriais, que poderão ser utilizados no desenvolvimento do projeto da ponteira para muletas. 1.3.Estrutura do Trabalho Esta monografia esta estruturada em 5 capítulos. Na introdução apresenta-se o delineamento, a justificativa e os objetivos da pesquisa. No capítulo 2 aborda-se a fisioterapia direcionada para o uso de órteses e próteses, havendo necessidade de estudo aprofundado em Locomoção “Normal” para se poder fazer um comparativo entre as marchas patológicas, que são especificadas também neste capítulo. O capítulo 3 trata dos métodos e técnicas utilizados na pesquisa, apresentando justificativas do seu uso e das estratégias de pesquisa adotadas para a coleta de dados. No capítulo 4 apresentam-se os resultados e discussões das fases da Intervenção Ergonomizadora citadas no capítulo anterior, bem como a etapa de projetação ergonômica (pesquisa de similares, pesquisa de materiais industriais, processos de fabricação estudados e geração de alternativas). E, finalmente, o capítulo 5 relatam as considerações finais desta pesquisa. 22 2 FISIOTERAPIA DIRECIONADA PARA USO DE ÓRTESES E PRÓTESES Fisioterapia é uma ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. É o tratamento de pacientes por diferentes meios físicos com o objetivo de restaurar ao máximo a sua capacidade funcional e independência para o trabalho no lar e na sociedade, conjuntamente com outros profissionais de saúde (COFFITO, 2003). Na fisioterapia, inclui-se a avaliação das condições iniciais do paciente e o prognóstico como parte essencial de um programa terapêutico que alcança o nível de auxílio para subsistência e reemprego, capacitando os deficientes. Requer habilidade para reconhecer e impedir riscos ocupacionais e industriais. Por meios físicos entendem-se exercícios ativos, mobilização passiva de estruturas articulares por meios manuais e mecânicos, massagens, estimulação elétrica de tecido neuromuscular e hidroterapia. Para tal, o profissional de fisioterapia precisa ter conhecimentos condizentes ao processo de Locomoção “Normal” Humana que será descrito a seguir. 2.1. Locomoção Normal Humana (Boccolini, 1990) Aprender a andar acontece tão cedo, que dificilmente alguém se lembra de como foi feito. Observando-se uma criança que está começando a andar, verificase que o aprendizado é feito através do sistema de tentativa e erro. Aos poucos, a criança vai adquirindo a coordenação de movimentos necessários para o 23 aprimoramento da marcha. Porém, quando um indivíduo, devido a traumatismos ou patologias, sofre lesões perdendo os membros inferiores ou afetando o seu funcionamento, é necessário que ele reaprenda a marcha para que possa voltar a locomover-se. Conhecer os atos e ações necessários para o andar, bem como conhecer o andar muscular e tempo gasto para isso, é fundamental para auxiliar no desenvolvimento da presente pesquisa. Apesar das variações que podem ocorrer em pessoas diferentes ou na mesma pessoa, devido a mudanças de velocidade da marcha ou de fatores como o tipo de calçado, existem certos eventos observáveis que são iguais para todos. A marcha humana é um processo de locomoção no qual o corpo ereto e em movimento é apoiado primeiro por um dos membros e depois pelo outro. Conforme o corpo em movimento passa para a perna de apoio, a outra perna balança para frente, preparando-se para a próxima fase de apoio. Um dos pés está sempre no chão e, durante o período em que o apoio é transferido da perna apoiada para a perna que avança, há um breve momento em que os dois pés ficam no chão. À medida que a pessoa anda mais depressa os períodos de duplo apoio ficam cada vez menores e quando a pessoa corre, desaparecem no conjunto e são substituídos por breves períodos em que nenhum dos pés está no solo (duplo balanço) “o homem parece voar”. As alternâncias cíclicas da função de apoio de cada perna e a existência de um período de transferência, em que ambos os pés estão no solo, são características essenciais do processo de locomoção, conhecidas como MARCHA (Figura 01). 24 Figura 01 – Linha de Marcha FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 O passo é a distância que separa dois apoios sucessivos do mesmo pé no solo, mede-se de calcâneo a calcâneo Chama-se ângulo do passo o ângulo formado pela linha de marcha e o eixo do pé. Seu valor normal é de 15º. A amplitude do passo é a distância que separa o calcâneo da linha de marcha, que para uma velocidade média é de mais ou menos 6 cm. A linha vertical que cai sobre a tíbio társica do pé portanto divide o passo em duas partes: posterior e anterior. A duração do passo compreende o período de apoio duplo e o do apoio unilateral, duas vezes mais largo. Com certa cadência os dois tempos se igualam, sendo a cadência o número de passos por minuto. A velocidade de marcha, é o espaço percorrido por minuto, e é igual a longitude do passo por sua cadência (Figura 02). Figura 02 – Áboboda Plantar FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 25 Se marcharmos a pequenos passos aumenta a cadência, aumentamos a longitude do passo. Num adulto de altura média, a cadência máxima é de 140 passos por minuto. Uma velocidade maior obtém-se com passos mais curtos 170 passos por minuto. Para um homem que mede 1,70m, a longitude do passo oscila entre 75 a 85cm. A cadência econômica varia entre 110 e 130 passos por minuto. A velocidade horária será de 5 a 6.5km. Para obter um rendimento maior no trabalho muscular, é necessário alargar o passo mais do que acelerar a cadência. Atualmente, existem verdadeiros laboratórios de marcha, onde são estudadas todas as variações, e onde são produzidos bloqueios nervosos para verificar como se comportaria a marcha após cirurgias. Os japoneses criaram um sistema de biofeedback para exame e treino de marcha, acoplados a computadores, barras paralelas, com áudio e visuais feedback, onde são medidos tempo e distância do passos, e onde podem orientar e corrigir defeitos da marcha (Figura 03). Figura 03 - Variações de posição dos membros inferiores durante a marcha. Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas No ato de andar existem dois elementos fundamentais: 1. Forças contínuas de reação do solo que apóiam o corpo; 2. Movimento periódico de cada um dos pés de uma posição de apoio para a seguinte, na direção da progressão. 26 Esses elementos são importantes e indispensáveis para qualquer forma de marcha bípede, não importando o quanto sejam distorcidos por incapacidades físicas. São igualmente fundamentais quando são utilizadas próteses e órteses. Estes dois elementos básicos da marcha originam movimentos corporais específicos observados em todos durante a locomoção. À medida que o corpo passa para o membro que apóia peso, ocorrem três desvios diferentes a partir da progressão uniforme em linha reta. A cada passo, a velocidade corporal aumenta e diminui ligeiramente, o corpo se eleva e cai algum centímetro e oscila ligeiramente de um lado para o outro. Esses movimentos estão relacionados entre si, de modo sistemático. O corpo precisa desacelerar e, a seguir, acelerar novamente a cada passo, porque o apoio proporcionado pelos membros inferiores não permanece diretamente sob o tronco o tempo todo. O pé de apoio começa à frente do corpo, quando tende a desacelerá-lo e, a seguir, passa por baixo deste e vai para trás, tendendo a acelerá-lo novamente. Esse movimento de difícil visão, pode ser facilmente percebido quando uma pessoa carrega uma vasilha rasa com água. Nessa situação, é quase impossível evitar que a água vá para frente e para trás, em conseqüência das acelerações e desacelerações alternantes do tronco. Ao passar sobre a perna de apoio, o tronco eleva-se até o momento em que o pé fica diretamente abaixo dele, para então, descender novamente, quando o pé passa para trás. A maior elevação ocorre na velocidade mais baixa e a menor quando a velocidade é a maior. Quando há o apoio simples, o tronco também tende a inclinar-se lateralmente sobre o membro de apoio. A pelve atinge o deslocamento lateral máximo um pouco depois do médio apoio e, a seguir, começa a voltar para o outro lado. A quantidade de oscilação lateral aumenta quando a largura do passo 27 aumenta. Normalmente, existe simetria no movimento, e os padrões se repetem em cada ciclo sucessivo. Apesar do corpo humano sofrer, no espaço, deslocamentos translacionais, a marcha só é obtida pelos deslocamentos angulares dos vários segmentos do corpo em torno dos eixos localizados próximos às articulações. Como os movimentos de translação do corpo são o produto final dos deslocamentos angulares de cada segmento, e são facilmente percebidos e mensuráveis, podem ser usados como um conjunto de parâmetros para descrição que trata apenas do movimento e ignora as forças que os produzem. Constitui só um, a pequena parte do todo o que compõe a MARCHA HUMANA. A marcha se caracteriza pelo fato duplicado de que o corpo jamais abandona totalmente o contato com o solo e de que em certos movimentos os dois pés estão apoiados no solo. Deste ponto de vista podemos dividir didaticamente o Ciclo da Marcha em fases. Um dos pontos mais importantes do exame Ortopédico é a analise do Ciclo da Marcha e suas implicações patológicas. a) Fase 1 - Primeiro duplo apoio: Os dois membros estão separados ou afastados como um compasso aberto. Um dos membros aborda o solo com o calcanhar e o e o outro aponta dos dedos (Figura 04). Figura 04- Detalhe primeiro duplo apoio FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 28 b) Fase 2 - Primeiro apoio Unilateral: Um dos membros serve de ponto fixo, o outro membro oscila como um pêndulo de trás para diante. Na metade de seu movimento, cruza o membro fixo, é o Momento da Vertical, ou seja, o membro fixo esta completamente reto em alinhamento com bacia e o tronco todo o peso do corpo se apoia neste membro. Um dos membros avança o outro se posterioriza. É como se um dos membros empurrasse o corpo para frente. c) Fase 3 - Segundo duplo apoio: O membro oscilante aterrissa no solo com o calcanhar. O membro oposto apóia o solo com a ponta dos pés. Acontece o oposto que ocorreu no primeiro duplo apoio (Figura 05). Figura 05 - Segundo duplo apoio. FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 d) Fase 4 - Segundo apoio Lateral: O membro oposto será o ponto fixo, o membro oposto se eleva e oscilante trás para frente, para tocar o solo no final do movimento, assim o ciclo recomeça. O movimento completo se compõe de dois passos: um passo direito e um passo esquerdo. O passo é, em efeito, à distância que separa dois apoios sucessivos do mesmo pé no solo. Durante a oscilação do membro, o 29 corpo está situado em um ponto colocado entre dois pontos de apoio, assim podemos dividir o passo em duas metades: posterior e anterior. O apoio unilateral é duas vezes maior que o duplo apoio (Figura 06). Figura 06 – Etapas do Passo. FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 Observar os seguintes eventos: o Início do apoio com o calcâneo; o total apoio do calcâneo. Ao mesmo tempo, a primeira e quinta cabeça abordam o solo, formando em cada local pontos de apoio tríplice; o estes dois pontos de apoio anteriores colocam-se em contato e fundem-se sobre a linha média; o forma-se um apoio plantar anterior que ocupa todo o ante-pé. A posterior é ovalada (4) que acabam unindo-se pela borda externa (5) a pressão vai diminuindo sobre o calcâneo e aumentando gradativamente sobre o ante-pé; 30 o o calcâneo eleva-se. A imagem de apoio anterior aparece dilatada pela sua borda interna e prolongada para trás pela borda externa. As extremidades dos cinco dedos aderem-se vigorosamente ao solo. A primeira cabeça e a face plantar do halux constitui um apoio direto essencial. A quinta cabeça e a face plantar dos quatro e dos externos formam um apoio direto menos importante. As cabeças metatarsianas médias, apoiam as indiretas, recebem pressão menor; o o apoio vai diminuindo sobre a quinta cabeça; o durante uma curta fração de tempo salta sobre a cabeça do quarto dedo (9).; o o apoio externo passa da quarta cabeça para a terceira. Notamos que o passo é normal para um pé estritamente normal, com arcos bem individualizados e músculos potentes. Num pé plano o passo se desenvolve regularmente do calcâneo até a ponta, sobre a borda externa. Em um pé cavo os apoios do calcâneo e do ante-pé permanecem sempre separados. Porém, nestes três tipos morfológicos existem numerosas variantes e elementos de transição. Por outra parte, o jogo das pressões encontra-se modificado pela forma do calçado. Um calcâneo alto predominante favorece apoio anterior. ¾ movimentos de rotação dos quadris e dos ombros - o membro posterior coloca para trás a metade correspondente da pélvis, para que o tronco permaneça em equilíbrio, é preciso que o eixo dos ombros gire no sentido inverso. Quando a perna esquerda começa oscilar para frente, o braço direito oscila para trás (Figura 07). 31 Erro! Figura 07- Oscilação das pernas e braços durante a marcha. FONTE: http://www.geocities.com/banderas2002_br/marcha1 Deste modo os dois eixos giram no sentido inverso. Só estão paralelos no momento da vertical. 2.2. Variedade de Marchas em Patologias Neurológicas (Alencar 1994). a) Marchas nas Lesões Piramidais Lesões do Neurônio Motor Superior ou Primeiro Neurônio - Marchas Espásticas. ¾ marcha Ceifánte ou Helicópode - o membro inferior encontra-se estirado sobre o solo, o pé em ligeiro eqüino e, às vezes, os dedos flexionados. O membro inferior se torna rígido e aparentemente maior que o oposto. Quando quer andar, o paciente leva o membro estirado inicialmente para fora, por ser demasiadamente longo, depois, para frente, descrevendo um movimento de circundução na coxa, como se ceifasse a terra. O membro superior apresenta-se em flexão. O braço posiciona-se em rotação interna, adução, unido ao tronco, e o antebraço, ligeiramente flexionado em pronação, dedos fletidos (Figura 08); 32 Figura 08 – Marcha Ceifánte Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas ¾ marcha paretoespástica - Nas paraparesias espásticas, de origem medular - O paciente tem grande dificuldade para levar o membro à frente. A marcha se faz com passos curtos e arrastando os pés no solo, produz muito dispêndio e cansaço; ¾ marcha em tesoura - Encontrada na paralisia cerebral ou enfermidade de Little, pois além da hipertonia extensora dos membros pélvicos, há acentuado hipertonia dos músculos adutores, fazendo com que as coxas se unam e os membros inferiores se cruzem para o lado oposto, conferindo à deambulação alternância cruzada em cada passo (Figura 09); Figura 09 – Marcha em Tesoura Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 33 ¾ marcha digitígrada - Verificada quando há hipertonia, sobretudo dos músculos gêmeos e sóleo. A marcha se faz na ponta dos pés, marcha de bailarina (Figura 10); Figura 10 – Marcha Digitígrada Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas b) Marchas nas afecções extrapiramidal ¾ marcha parkinsoniana - a marcha se faz em bloco, pois o paciente encontra-se rígido. A rigidez muscular generalizada torna difícil o início da marcha, dando a impressão de que o enfermo se acha preso ao solo. Às vezes, só após algumas tentativas consegue iniciar a marcha, que se realiza em passos curtos, com a cabeça e o tórax inclinados para frente. Os antebraços e os joelhos rígidos em discreta flexão. Não há o balanço dos braços como na marcha normal (Figura 11); Figura 11 – Marcha Parkinsoniana Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 34 ¾ marcha coréica - Marcha com passos irregulares e inseguros, com movimentos involuntários do tipo dônico, arrítmicos e aperiódicos, com predomínio nas extremidades distais dos membros, mais nos superiores, e que se acentua quando o doente faz meia-volta; ¾ marcha de dromedário - encontrada na distonia muscular deforrmante, como conseqüência das posições anomalias determinadas pela flexão do quadril, lordose e escoliose lombares, com proeminência das nádegas. d) Marchas nas Lesões do Neurônio Motor Inferior ou Segundo Neurônio ¾ marchas paréticas, lesões periféricas: o marcha escavante - encontrada em lesões do nervo fíbula comum ou ciaticopoplíteo externo, que não permite a dorsiflexão do pé. Em conseqüência, o paciente ao andar flete a coxa, levanta demasiadamente a perna e nota-se que o pé cai. O bico do sapato toca no solo como se escavasse o mesmo, por isto seu nome "escavante" ou stepage (Figura 12). Figura 12 – Marcha Escavante Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 35 o marcha com apoio da mão no joelho - quando há lesão do nervo femoral, a força do quadríceps encontra-se comprometida. O paciente só consegue andar se apoiar a mão no joelho, e há grande dificuldade em subir escadas. o marcha na ponta dos Pés - impossível quando a lesão é do nervo tibial ou ciaticopoplíteo interno. Há déficit do músculo tríceps sural e a extensão do pé ou flexão plantar é impossível ou difícil, e o paciente não pode andar na ponta dos pés; o marcha atáxica cordonal - vista na síndrome cordonal posterior ou atáxia sensitiva. O paciente caminha olhando para o chão, substituindo com os olhos as informações proprioceptivas das sensibilidades profundas que não atingem o cérebro. Marcha insegura, passos desordenados, base de sustentação aumentada (pernas afastadas), levanta demasiado as pernas e toca com o calcanhar bruscamente no solo. Também chamada marcha calcaneante ou talonante, que é impossível ou difícil se os olhos estão fechados (Figura 13); Figura 13 – Marcha Atáxica Cordonal Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 36 o marcha atáxica vestibular - como nas lesões cerebelares, a marcha é em ziguezágue ou titubeante, com alargamento da base de sustentação, desvios e tendência a quedas. Os desvios se processam na direção do lado afetado e podem ser vistos pela chamada "marcha em estrela" de Babinski e Weill. Manda-se o paciente andar em ambiente amplo e em linha reta, dando cerca de oito a 10 passos para frente e, em seguida, para trás, repetindo o processo cinco ou seis vezes. Como há desvio sempre para o lado acometido, o traçado desta marcha configura-se à forma dos raios de uma estrela. o marcha ebriosa ou atáxica cerebelar - quando há lesão cerebelar, o paciente aumenta a base de sustentação para poder ficar de pé, já que muitas vezes é até impossível esta posição. Pode haver oscilações para os lados e tendência a quedas. É difícil a marcha em linha reta, pois há desvio de marcha para o lado do hemisfério lesionado, e o enfermo, tentando compensar este erro, desvia para o lado oposto, voltando logo para o lado do seu defeito e da compensação. É uma marcha em ziguezágue, e a impressão é de que 0 paciente se encontra embriagado. 2.3. Outros tipos de Marchas a) Marcha Miopátïca ou Anserina Nela, há oscilações da bacia, as pernas estão afastadas, há hiperlordose lombar, como se o paciente quisesse manter o corpo em equilíbrio, em posição ereta, apesar do déficit muscular. A inclinação do tronco para um lado e para o outro confere à marcha a semelhança da marcha de um 37 ganso, daí o nome de marcha anserina. Este tipo de marcha pode ser encontrada em qualquer processo que cause fraqueza dos músculos pélvicos, como nas polineuropatias pseudomiopáticas, miosites e polimiosites (Figura 14). Figura 14 – Marcha Miopática Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas b) Marcha na Arteriosclerose Cerebral Em pequenos passos, os joelhos ficam ligeiramente fletidos, os pés se arrastam no solo, como se o paciente tivesse medo de elevá-los ou não tivesse força para fazê-lo ou, ainda, por causa do déficit de equilíbrio. A marcha histérica é difícil de descrever, pois o paciente assume atitudes as mais diversas (Figura 15). Figura 15 – Marcha histérica Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 38 A marcha do idoso também se processa com os pés arrastando no chão, não só por fatores biomecânicos - a distribuição do peso do corpo no pé é diferente do paciente jovem - mas também pelo seu equilíbrio ortostático ser menor. Marchas em patologias neurológicas estão agrupadas (Tabela 1). Lesões Piramidais Ceifánte (hemiplégicas) Lesões Extrapiramidais Marchas Parkinsoninam Lesões Periféricas Escavante-nervo fibular Tesoura (enf. Little) Paratoespática (paraparesia) Marcha coreica Marcha com apóio dos joelhos –nervo femoral Impossibilidade de ficar nas pontas dos pés (nervo tibial ) Marcha dromedário Atáxias Afecções Musculares Marcha Miopática. Marcha calcaneante (lesão coronal) Marcha embriosa (lesão Cerebelar) Marcha em estrela (lesão vestibular) Digitígrada (hipertonia dos músculos gêmios e sólios) Tabela 1 - Marchas em Patologias neurológicas Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas 2.4. Variedades de Marchas em Patologias Ortopédicas e Reumatológicas. (Alencar,1994) Nestas patologias, os tempos de marcha não são iguais em extensão, duração e velocidade para ambos os membros inferiores. Na marcha normal, os músculos abdutores da extremidade sustentadora do peso do corpo se .contraem e mantêm a pélvis de ambos os lados no mesmo nível ou mantêm levemente elevado o lado da pélvis, que não está sustentando o peso do corpo. Quando há dor ou fraqueza muscular, isto está alterado. O paciente que sofre lesão articular de um membro, se tem dor, terá seu passo mais curto e a fase de apoio terá duração menor. Alguns tipos de marcha são tão característicos que, muitas vezes, só em vêlo caminhar, faz-se diagnóstico, que pode ser confirmado ao exame completo. 39 a) Marcha no Quadril Doloroso A articulação enferma permanece em flexão durante a fase de apoio. Esta postura é compensada pela hiperlordose lombar, enquanto que o pé se faz eqüino. O hemipasso é menor em velocidade e em duração. O corpo pode inclinar em direção do quadril envolvido e ficar equilibrado nesta posição, aliviando o espasmo muscular. b) Marcha na Anquilose Unilateral do Quadril Efetua-se com um movimento combinado de membro inferior, pélvis e coluna lombar, no qual a pélvis e o membro inferior são projetados para diante como se fosse uma só peça. c) Marcha na Anquilose Bilateral Cada metade da pélvis, com seu membro correspondente, é projetada para diante, primeiro um lado, depois o outro. Esta Projeção se faz por um movimento de incurvação da coluna lombar unilateral. d) Marcha na Luxação Unilateral do Quadril Durante a fase de apoio do membro luxado, o corpo se inclina para o lado enfermo e, no momento de deslocar este membro do solo, o tronco em sua totalidade efetua uma inclinação exagerada para o lado oposto, com o objetivo de levar para frente o referido membro. e) Marcha na Luxação Bilateral Repete-se o quadro antes descrito, para ambos os lados. A inclinação do tronco para um lado e para o outro tem sido comparada à marcha do pato, semelhante à marcha miopática neurológica. f) Marcha com Encurtamento de um Membro Inferior 40 Encurtamentos de um a dois centímetros não alteram muito os tempos e forma de marcha. Encurtamentos maiores são compensados pela posição do eqüinismo do pé. Quando o encurtamento é muito grande, além do eqüinismo, observa-se uma pronunciada descida da hemi-pélvis correspondente, durante o apoio ao referido membro (Figura 16). Figura 16 – Marcha com encurtamento de um membro inferior Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas g) Marcha na Rigidez do Joelho Como o paciente não pode fletir o joelho na fase de passagem do membro posterior para anterior, eleva demasiadamente o quadril no lado acometido para que o pé possa deslocar-se (Figura 17). Fig.17 - Marcha na Rigidez do Joelho Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas h) Marcha na Rigidez do Tornozelo 41 Neste caso, o contato do pé com o solo faz-se de uma só vez e na fase de impulso, não podendo ficar na ponta do pé, flete demasiadamente o joelho para processar o passo. i) Marcha Quando os Abdutores Estão Fracos Sendo incapazes de manter o nível da pélvis quando o peso do corpo for direcionado para o lado, poderá ocorrer a queda da pélvis para o lado oposto, originando uma claudicação do abdutor, também chamada de Trendelenburg. A porção superior do corpo se transfere para o lado normal, diminuindo o peso no lado envolvido. Este tipo de marcha pode ser causado por várias lesões, como nas miopatias, luxação bilateral de quadril, polineuropatias (Figura 18). Figura 18 – Marcha quando os abdutores estão fracos Fonte: http://www.ruymaia.hpg.ig.com.br/marchas j) Marcha com Artelho para Fora Verificada em anormalidade de tornozelo, pé, retroversão do colo do fêmur e na artrite reumatóide. É desajeitada e fatigante. Quando há dor nos tornozelos ou nos pés, os pacientes podem diminuir seus movimentos através do desvio lateral do pé. Isto faz com que andem arrastando o pé da parte lateral para medial, evitando o movimento de apoio calcâneo e o deslocamento do peso do corpo para a porção anterior 42 do pé. Este desvio ocasiona uma deformidade de eversão do pé; sendo o talo e os ossos naviculares deslocados medial e inferiormente e ó arco longitudinal caindo, o paciente tende a andar na parte interna do pé. O pé assume uma posição chata e, se houver um envolvimento artrítico das articulações intertarsianas, ele se tornará rígido. Com o pé voltado para o lado externo a marcha ocasionará uma pressão maior sobre a primeira articulação metacarpofalángiana com o peso caindo para o lado do artelho maior, de modo a empurrá-lo para diante, ocasionando uma deformidade mais severa do hálux valgo. A eversão e o desvio lateral do pé tendem a exercer um esforço adicional nos ligamentos mediais dos joelhos e, conseqüentemente; podem forçar os joelhos a uma posição valgo. k) Marcha com o Artelho para Dentro A marcha com desvio medial dos artelhos ou.marcha de pombo resulta do deslocamento anterior do pé para dentro em relação à linha média e é, em geral, de origem congênita. O peso do corpo cai mais no lado externo do pé, diminuindo a pressão na primeira articulação metatarsiana. Neste tipo de desvio, geralmente há associação com pé supinado. 2.5. Recomendações para o uso de muletas o Usando corretamente a muleta axilar. Para encontrar a altura adequada da muleta, sugerem-se os seguintes critérios: verifique a altura da muletas considerando do topo à base incluindo a ponteira de borracha; deitado de costas na cama, com o corpo o mais reto possível, 43 meça da axila ao meio do tornozelo (maléolo lateral); colocando as mãos no apoio das hastes, a flexão de seus braços não deverá estar inferior a 30 graus (Figura 19). Figura 19 – Posição correta da muleta axilar. Fonte: http//www.arico-ortopedia.com.br/acessórios/usando_corretamente. 3 MÉTODOS E TÉCNICAS Segundo Moraes & Mont’Álvão (1998) em uma pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem nela interferir para modificá-la: interessa-se em descobrir e observar fenômenos e procura descrevêlos, classificá-los e interpretá-los. A ergonomia, ao avaliar as condições de trabalho 44 e analisar a tarefa, realiza pesquisas descritivas. Sob o ponto de vista da natureza, a presente pesquisa (monografia) classifica-se como descritiva de caráter exploratório, pois visa gerar informações sobre as atividades de marcha dos deficientes usuários de muletas e recomendações de design de uma ponteira de muletas para terrenos arenosos. De acordo com os objetivos específicos da presente pesquisa, este trabalho faz uma abordagem qualitativa, pois avalia a atividade do usuário de muletas por meio de inquirições e observações. Este trabalho está direcionado a um grupo de deficientes (sujeitos da pesquisa), englobando 10 pessoas: 6 homens e 4 mulheres, com idade entre 25 e 65 anos, deficientes permanentes de 2 à 12 anos decorrentes de acidentes e patologias. Apenas 1 destes deficientes apresenta um problema físico originado do seu nascimento (encurtamento de um membro inferior causando deficiência em sua marcha) necessitando assim, do apoio das muletas. Para estes deficientes, a dificuldade de adaptação é grande, sendo que todos eles passam por fase de adaptação com as muletas nas sessões de fisioterapia, até que possam marchar “normalmente” sem o auxilio de um profissional de reabilitação. Este grupo de deficientes, é composto por usuários permanentes de muletas, sujeitos da pesquisa. 3.1. Intervenção Ergonomizadora (Moraes & Mont’Alvão, 1998) A intervenção ergonomizadora pode ser dividida nas seguintes grandes etapas: 3.1.1. Apreciação ergonômica 45 A apreciação ergonômica é uma fase exploratória que compreende o mapeamento dos problemas ergonômicos. Consiste na delimitação dos problemas ergonômicos – posturais, informacionais, acionais, cognitivos, comunicacionais, interacionais, deslocacionais, movimentacionais, operacionais, espaciais, físico, ambientais. Fazem-se observações assistemáticas e entrevistas no local, registros fotográficos e em vídeo (que serão descritos posteriormente). Esta etapa termina com o parecer ergonômico, que compreende a apresentação ilustrada dos problemas. Concluí-se com a hierarquização dos problemas e sugestões preliminares de melhoria. 3.1.2.Diagnose ergonômica; A diagnose ergonômica permite aprofundar os problemas priorizados e testar predições. Consideram-se a ambiência tecnológica, o ambiente físico e o ambiente organizacional da tarefa. É o momento das observações sistemáticas das atividades da tarefa, dos registros de comportamento, em situação real de trabalho (que serão descritos posteriormente). Realizam-se gravações em vídeo, entrevistas estruturadas, verbalizações e aplicam-se questionários e escalas de avaliação. Registram-se freqüências e/ou duração de posturas assumidas, tomada de informações, acionamentos, comunicações e/ou deslocamentos. Somente se pode descrever uma postura quando se considera a duração (a mudança ou a manutenção de uma postura). Deste modo, realizam-se registros e medições de freqüência e tempo, para possibilitar afirmações validas sobre a carga postural dos usuários de muletas. 46 O ergonomista deverá, portanto, identificar a atividade postural do operador, as manutenções prolongadas de postura e as mudanças freqüentes de postura como elementos da carga física de trabalho. 3.1.3. Projetação ergonômica; A projetação ergonômica trata de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e ferramentas às características físicas, psíquicas e cognitivas do trabalhador / operador / usuário / consumidor / manutenidor / instrutor. Compreende o detalhamento do arranjo e da conformação das interfaces, dos subsistemas e componentes instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico ambientais. Termina com o projeto ergonômico: conceito do projeto, sua configuração, conformação, perfil e dimensionamento, considerando espaços, estações de trabalho, subsistemas de transporte e de manipulação, telas e ambientes. A organização do trabalho e a operacionalização da tarefa também são objetos de propostas de mudanças. Na pesquisa supracitada, dentro da projetação ergonômica, utilizou-se um método projetual (Baxter,1998) até a fase de conceito de projeto (geração de alternativas), como recomendações projetuais das ponteiras dos usuários de muletas. Fez-se uma pesquisa de similares para conhecimento dos produtos e materiais industriais utilizados da área em estudo, além de uma pesquisa sobre os processos de fabricação. 3.1.4. Avaliação, validação e / ou testes ergonômicos; 47 A avaliação, validação e / ou testes ergonômicos tratam de retomar aos usuário / operadores / usuários / consumidores / manutenidores / instrutores os argumentos, as propostas e alternativas projetuais. Compreende-se simulações e avaliações através de modelos de testes. As técnicas de conclave objetivam conseguir a participação dos usuários / trabalhadores nas decisões relativas às soluções a serem implementadas, detalhadas implantadas. Para fundamentar escolhas, realizam-se, também, testes e experimentos com variáveis controladas. 3.1.5.Detalhamento ergonômico e otimização. O detalhamento e a otimização ergonômica compreendem a revisão do projeto, após sua avaliação pelo contratante e validação pelos operadores, conforme as opções do decisor, segunda as restrições de custos, as prioridades tecnológicas da empresa solicitante, a capacidade instalada do implementador e as soluções técnicas disponíveis. Termina com as especificações ergonômicas para o subsistemas e componentes interfaciais, instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico ambientais. É preciso enfatizar que na presente monografia, a proposta de intervenção ergonomizadora abrange somente as seguintes etapas: a apreciação, a diagnose e a projetação ergonômica. 3.2. Técnicas de Pesquisa Descritiva 3.2.1.Observação assistemática 48 A observação assistemática é também chamada de ocasional ou não estruturada. É a que se realiza, sem planejamento e sem controle aprioristicamente definidos, sobre os fenômenos que ocorrem de modo imprevisto (Moraes & Mont’Alvão, 1998). Segundo Rudio (1982), quando se afirma que na observação assistemática o acontecimento se da de modo imprevisto, isso não significa que seja necessariamente repentino, sem nenhuma previsão do pesquisador. Na verdade, pode indicar também que o acontecimento era esperado mas se desconhecia em maior ou menor grau, o momento da sua ocorrência e as suas características da sua dinâmica de desenvolvimento. Para Moraes & Mont’Alvão, (1998), sob o ponto de vista da pesquisa, é muito importante o registro que se faz da observação. Nele deve haver grande fidelidade (anotam-se apenas os fatos que foram observados sem misturá-los com desejos e avaliações pessoais). Durante a apreciação ergonômica, seja na fase da problematização ou durante a sistematização, o ergonomista lança mão da observação assistemática. Esta fase da observação funciona, também, como preparação para a formulação do problema, explicitação de hipóteses, definições de variáveis, assim como para o planejamento e elaboração dos instrumentos da observação sistemática, do registro de comportamento, e para preparação de questionários em escalas de avaliação. Na referida pesquisa, foram feitas observações assistemáticas na Clínica Escola da APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) e Clínica Integrada de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do UNICEUMA (Centro Unificado do Maranhão), por meio de caderneta de campo. Observaram-se usuários de muletas em sessões de fisioterapia para adaptação das novas órteses e próteses (Figura 20) 1 49 2 3.2.2. Observação sistemática A observação sistemática recebe também as denominações de planejada, estruturada ou controlada. É a que se realiza em condições controladas para responder a propósitos que se definam a priore ( Moraes & Mont”Alvão, 1998). No seu sentido escrito, somente a observação sistemática configura uma técnica cientifica. A observação assistemática se daria então, durante os estudos exploratórios para a pesquisa ( Moraes & Mont”Alvão, 1998). O ergonomista lança mão da observação sistemática, na etapa de diagnósticos, durante a análise da tarefa, quando dos registros comportamentais das atividades da tarefa (posturas assumidas, exploração visual, manipulações acionais, comunicações e deslocamentos). De acordo com Rudio (1982), o planejamento de uma observação sistemática inclui: o a delimitação da área da realidade empírica onde as informações podem e devem ser obtidas; o a indicação do campo que compreende a população (a que ou a quem observar), a circunstâncias (quando observar), o local (onde observar); 50 o para limitá-lo mais ainda, pode-se dividi-los em unidades de observação, que são grupamentos de pessoas, coisas, acontecimentos etc., que sob o ponto de vista de nossos conceitos (ou da compreensão que temos dos mesmos), possuem características comuns é, de alguma orma, são significativas para pesquisa em questão; o a determinação do tempo e da duração da observação; o a definição dos instrumentos que se utilizaram e a explicitação do modo de utilizá-los; o a preparação do material de apoio (planilhas de registros, fichas de entrevista etc.). Na presente monografia, foram feitas observações sistemáticas (registros fotográficos e análise da marcha) com oito deficientes na clínica da APAE (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais), e dois deficientes na clínica Integrada de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do UNICEUMA, acompanhando sua marcha e suas dificuldades de locomoção, comparando-as à locomoção “normal” humana (Boccolini, 1990). Foi também, feita observação sistemática com um destes deficientes na praia, (superfície arenosa), repetindo a técnica de acompanhamento da marcha que foi feito em superfície rígida Os dados coletados relacionados aos acompanhamentos da marcha de usuários de muletas, foram armazenados em um protocolo individual de coleta de dados registrando dados como: tempo (registrado com um cronômetro manual) para marcha, freqüência e dificuldades em cada fase da marcha seguindo os padrões da marcha humana (Bocoloni,1990). Registrou-se a duração das posturas assumidas em cada fase da marcha, além de, ao mesmo tempo em que estas observações eram executadas, foram sendo anotadas as reclamações e observações de cada 51 deficiente usuário de muletas. O procedimento supracitado serviu como um meio de comparação entre a marcha realizada em superfícies rígidas e superfícies arenosas. 3.2.3.Entrevistas Abertas Pode-se definir entrevista como técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obter dados que interessem à investigação. A entrevista, é, portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra constitui-se em fonte de informação (Moraes & Mont’Alvão, 1998). a) Entrevista Aberta Inestruturada Este tipo de entrevista não requer um roteiro prévio de perguntas, sendo compostas apenas de estímulos iniciais, ditados pelos objetivos da pesquisa. Neste sentido, o entrevistado é livre para conduzir o processo, enquanto o entrevistador se limita “ao recolhimento da informação, à estimulação da comunicação e a manter o fluxo de informações sobre as variáveis estudadas (Moura et al., 1998). b) Entrevista Aberta Estruturada Caracterizam-se por apresentarem um roteiro prévio de perguntas que são elaboradas a partir dos objetivos do estudo, que contém um número limitado de categorias de respostas (Fontana & Frey apud Moura et al, 1998)³. 52 Na etapa de apreciação ergonômica, foram realizadas entrevistas abertas inestruturadas com três profissionais da área da saúde dos locais estudados (Clínica Escola da APAE e Clínica Integrada de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do UNICEUMA) para uma maior interação sobre o contexto do tratamento de reabilitação dos deficientes, ou seja, para se conhecer mais sobre as atividades dos deficientes durante o tratamento (alongamento, exercícios em barras paralelas, rampa e escada), e com 10 deficientes usuário de muletas, fazendo-se uma única pergunta: “Fale sobre o uso das muletas (pontos positivos e negativos)”. Estas Entrevistas foram realizadas com o objetivo de conhecer melhor as satisfações e insatisfações do deficiente em relação ao uso das muletas. Dos 10 deficientes entrevistados, 8 estavam em fase de fisioterapia na APAE e 2 na Clínica Integrada do UNICEUMA, sendo que todos são deficientes permanentes. Apenas 1 destes deficientes possui uma patologia desde que nasceu, sendo que os outros 9 são deficientes a pouco tempo (2 à 12 anos) e estão em fase de uso diário das muletas, e 5 aguardam por próteses e 4 já estão em processo de ____________ ³ Fontana, A. & Frey, JH. Interviewing: The Art of science. In: Denzin, N.K. E Lincoln, Y.S (Orgs.). (pp. 361-376). Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage (1994). adaptação à elas. 3.2.4. Questionário e Escala de Avaliação Gil (1978) define o questionário como a técnica de investigação composta pelo um número mais ou menos elevado de questões apresentado por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, expectativas e situações vivenciadas. 53 Eles podem ser diretamente aplicados a grupos de indivíduos, em situações nas quais o pesquisador explica os objetivos da pesquisa, dá instruções e esclarece as dúvidas como responder ao instrumento e, em seguida, solicita que todos o preencham, procurando se assegurar de que o fazem da forma mais completa possível. Os questionários podem ser abertos ou fechados. Os questionários abertos são aqueles que permitem ao respondente expressar livremente sua opinião sobre o que esta sendo perguntado. Os questionários fechados apresentam um número limitado de alternativas de respostas e são mais fáceis de serem respondido e analisados, além de permitirem uma comparação direta das respostas fornecidas por diferentes sujeitos (Moura et al, 1998), muitas vezes, os questionários vêm acompanhados de escalas de avaliação. As escalas se constituem em instrumentos nos quais os sujeitos devem assinalar, em um contínuo ordenado, o grau em que uma determinada situação se aplica a eles ou a outras pessoas. Tal contínuo pode ser expresso de forma numérica direta (1 a 5, por exemplo), ou pode se constituir em palavras ou expressões (muitíssimo, muito, ás vezes, quase, nunca) que são posteriormente transformados em valores numéricos (Moura et al, 1998). Na etapa de diagnose ergonômica foi utilizado um questionário fechado, com uma escala, aplicado nos mesmos lugares de observações e entrevistas, aos mesmos deficientes usuários de muletas indagados anteriormente, com seis questões objetivas referente aos problemas observados e enumerados nas etapas anteriores. Não foi feito pré – teste com este questionário, o qual foi aplicado diretamente, porém não houve problemas com relação ao entendimento das questões da pesquisa por parte dos respondentes. 54 Com base nos dados da entrevista, elaborou-se um questionário (anexo B) com questões relativas aos itens mencionados nas entrevistas. O nível de satisfação do sujeito (respondente / deficiente físico) com relação a cada questão foi aferido por meio de uma escala de avaliação contínua, sugerida por Stone et al. (1974). Os autores recomendam o uso desta escala com duas âncoras nas extremidades (insatisfeito e satisfeito) e uma âncora no centro (neutro). Esta escala tem 15 cm e ao longo dela o sujeito (respondente) deve marcar a sua percepção sobre o item. A intensidade de cada resposta pode variar entre 0 (zero) e 15 (quinze). O questionário não requereu o nome dos respondentes, ou seja, manteve-se o anonimato dos mesmos, mas requereu dados relativos ao sexo, à faixa etária, a causa e ao tipo de deficiência). Na tabulação do questionário o peso do item é gerado por sua média aritmética. O questionário foi entregue aos 10 usuários que participaram das entrevistas e observações, mas apenas 9 responderam e retornaram. A descrição dos respondentes do questionário foi armazenada em uma tabela para agrupar os sujeitos da pesquisa (tabela 2).Os dados deste questionário foram armazenados em planilha Excel (Anexo D) e transformados em um gráfico. A tabela 2 apresenta uma descrição geral sobre os respondentes do Questionário. 55 Tempo de deficiência Causa da deficiência Faixa Etária Sexo Variável Descrição Associação de Pais e Amigos de Excepcionais APAE Homens 5 Clinica Integrada de Fisioterapia e Terapia Ocupacional UNICEUMA 1 Mulheres 3 1 4 18 à 25 3 1 4 26 à 45 4 1 5 Acima de 45 1 --- 1 Fraturas --- 2 2 Neurológicas 1 --- 1 Reumatismo 1 --- 1 Acidentes 6 --- 6 Menos de 1 ano 1 à 2 anos 5 --- 5 1 --- 1 3 à 5 anos 2 --- 2 6 à 12 anos --- 1 1 Desde nascimento --- 1 1 Tabela 2 - Descrição dos respondentes do questionário. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. Intervenção Ergonomizadora 4.1.1.Apreciação Ergonômica Nº respondentes do questionário 6 56 A fase de apreciação foi embasada nos resultados das entrevistas abertas e observações assistemáticas. Foram verificadas e anotadas as opiniões referentes às entrevistas aplicadas aos deficientes. Nenhum dos deficientes citou qualquer ponto positivo sobre o uso das muletas. Os resultados das entrevistas com os deficientes mostraram que os pontos negativos foram mencionados pela maioria, mas, 3 dos entrevistados preferiam não opinar sobre o uso (os pontos positivos e negativos destas órteses). Alguns destes deficientes declararam ter atividades diárias normais, e que, o uso das muletas não interfere nestas atividades. Mas, quando indagados sobre atividades tradicionais como ir à padaria, ao supermercado, ao centro da cidade, à praia e fazer passeios de ônibus, queixam-se de falta de segurança nas muletas por elas escorregarem ou afundarem, às vezes, preferem nem sair de casa. Outra queixa comum, foi que as muletas causam feridas na região do corpo em contato direto com o equipamento, além disso, o impacto causado com o contato no solo, é transferido para regiões sensíveis quando estas apresentam algum tipo de desconforto ou incômodos causados por dor decorrentes de disfunções, como cabeça e dentes. a) Sistematização do Sistema Homem-Tarefa-Máquina Segundo a técnica da abordagem de sistemas, para que se possa definir a obtenção do sistema, é necessário propor modelos do sistema do operando. Estes, segundo Cardoso (1998), constituem-se ferramentas importantes para o observador / pesquisador. Ao se elaboraram os modelos da sistematização, tem-se uma melhor compreensão do sistema como um todo e de suas partes neste todo, o que pode facilitar a obtenção de melhores resultados ao se intervir neste sistema. Os modelos 57 elaborados na sistematização, segundo Moraes & Mont´Alvão (1998), apresentamse na seguinte ordem: o Caracterização do sistema; o posição serial do sistema; o ordenação hierárquica do sistema; o expansão do sistema; o modelagem comunicacional do sistema; o fluxograma de atividades. Na primeira etapa da sistematização tem-se a delimitação do sistema alvo, que é o recorte do sistema e, conseqüentemente, o objeto de estudo – deficientes físicos permanentes usuários de muletas em atividade de marcha (superfícies rígidas e terrenos arenosos). Tem-se a seguir a elaboração dos principais modelos utilizados que segue a ordem de acordo com Moraes & Mont´Alvão (1998), iniciando com a caracterização e posição serial do sistema (Figura 21). 58 Figura 21 – Caracterização e posição serial do SHTM. 59 Figura 22 – Ordenação Hierárquica do Sistema. Figura 23 – Expansão do SHTM. 60 Figura 24 – Modelagem Comunicacional do SHTM 61 Figura 25- Fluxograma operacional da marcha em superfícies rígidas. 62 Antes do uso propriamente dito das muletas, se necessário, o deficiente faz o ajuste de altura das órteses, auxiliado pelo profissional da área da saúde, fisioterapeuta, objetivando a posição correta das muletas para não interferir em sua postura. A ordenação hierárquica em terreno arenoso é similar ao de terreno rígido, porém não há um sistema alimentador e, conseqüentemente, também não há inserção do Sistema Alvo (deficientes físicos permanentes em terrenos arenosos) dentro de uma Hierarquia, não há, também, definição da Modelagem Comunicacional do SHTM e da expansão do SHTM para terrenos arenosos. Não há caixa de areia nos centros de reabilitação. Os deficientes não são capacitados para usarem as muletas em terrenos arenosos. Por outro lado, analisou-se a tarefa dos deficientes nestes terrenos arenosos por meio de observações sistemáticas de acordo com a figura 26. 63 Figura 26- Fluxograma operacional da marcha em terrenos arenosos. 64 b) Problematização do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM) Cumpre agora explicitarem os problemas que determinam constrangimentos ergonômicos para o usuário / operador / trabalhador, no caso, o deficiente físico permanente usuário de muletas em superfícies rígidas e arenosas. Disfunções ergonômicas do SHTM: o Problemas Interfaciais – Instabilidade e dificuldade de locomoção com o apoio destas órteses em terrenos de superfícies rígidas (cimento, algumas cerâmicas) e em terrenos arenosos; posturas prejudiciais resultante do mau posicionamento das muletas, nos braços e nas axilas do deficientes (Figura 27). Figura 27 - Má postura do deficiente e mau posicionamento das muletas durante a marcha no terreno arenoso o Problemas Acionais – repetitividade da atividade da marcha, ritmo e pausas influenciados pelo tipo de superfície irregular. O deficiente tem dificuldade em manter o mesmo tipo e ritmo de marcha, devido à problemas de encaixe da ponteira na haste por esta ser escorregadia e frágil, sendo sua reposição constante. Há dificuldade de aprendizado e capacitação durante o uso simultâneo da próteses e órteses (Figura 28). 65 Figura 28 - APAE, deficiente em processo inicial de marcha para adaptação de prótese, com auxílio das muletas. o Problemas Espaciais / Arquiteturais - falta de acessibilidade do deficiente em lugares de lazer com terrenos arenosos (praia); Acesso a coletivos difícil devido aos degraus e ao piso irregular deste veículo, fazendo com que não haja o apoio correto da ponteira das muletas. o De acessibilidade - falta acessibilidades às áreas de lazer com terrenos arenosos (praia, por exemplo) o Problemas Psicossociais - exclusão de deficientes de suas atividades cotidianas , inclusive de opção de lazer, como praia Custos Humanos do SHTM o Problemas Interfaciais - dores freqüentes na coluna provocadas pelo uso incorreto ou mau uso das órteses; feridas na região axilar e dos seios conseqüentes do modelo axilar de muletas. c) Parecer ergonômico O parecer ergonômico foi definido a partir dos resultados da sistematização do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM) e da problematização das atividades e situações vividas por deficientes permanentes usuários de muletas da Clínica Escola da APAE e Centro Integrado de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do UniCEUMA. No geral, 66 foram encontrados problemas interfaciais (relacionados à adoção de posturas prejudiciais, acionais, espaciais, de acessibilidade, psicossociais e interfaciais. Propõe-se, então, que questões relacionadas (específicas) ao uso das muletas sejam exploradas na diagnose ergonômica, descrita a seguir. 5.1.2. Diagnose Ergonômica a) Questionário fechado Dos deficientes que responderam ao questionário, a maioria é composta de homens com idade entre 18 e acima de 45 anos, sendo que a maioria deles é deficiente a menos de 1 ano decorrentes de acidentes. Nos casos analisados, 87,5% dos deficientes sofreram amputações, sendo que, as doenças ou traumas que levaram à esta conseqüência foram várias, dentre elas: fraturas irreversíveis, acidentes, câncer no osso, infecção no pé, tétano, etc. A faixa etária dos respondentes variou de 18 à mais de 45 anos. Dos 10 deficientes que responderam o questionário, apenas um não mencionou dificuldades quanto ao uso das muletas. Nos resultados do questionário, com escala de avaliação (que variou de 0 = satisfação à 15 = insatisfação), que foi aplicado aos deficientes físicos usuários de muletas, notou-se que: sobre o uso da muletas em superfícies rígidas, o nível de satisfação pode ser considerado satisfatório (6,08); o uso das muletas em geral (8,72) e a segurança (9,03) gerou pequeno grau de insatisfação; e os itens, acesso à locais de lazer (12,16), uso das muletas em associação com próteses (12,67) e uso em terrenos arenosos (13,28), geraram grande nível de insatisfação. Verificou-se, ainda, que o “uso em terrenos arenosos”, obteve o maior nível de 67 insatisfação corroborando com os resultados da problematização do SHTM (problema interfacial). No geral, todos os usuários mostraram-se insatisfeitos com o uso das muletas (Gráfico 1). Quesitos sobre o uso das muletas Gráfico relativo a percepção sobre o uso das muletas uso em superfície rígida 6,08 Uso das muletas 8,72 Segurança 9,03 Média Acesso: locais de lazer 12,16 Uso das muletas + próteses 12,67 Uso em terrenos arenosos 0- Satisfação 15 - Insatisfação 13,28 0 7,5 15 Nível de satisfação Gráfico 1 –Resultado dos questionários b) Observação Sistemática – comparação entre a marcha “normal” (Boccolini, 1990) e a marcha dos deficientes físicos. O sistema da marcha compreende: o Fase 1 - Primeiro duplo apoio; o Fase 2 - Primeiro apoio Unilateral; o Fase 3 - Segundo duplo apoio; o Fase 4 - Segundo apoio Lateral. Na fase do Primeiro duplo apoio, ocorre um desequilíbrio do deficiente, enquanto os membros estão separados em forma de compasso, devido à falta de estabilidade e apoio na areia (Figura 29). 68 Fig. 29- Falta de estabilidade na areia – deficiente em desequilíbrio. Na Fase do Primeiro apoio Unilateral, o deficiente no momento da “vertical” (momento em que o membro fixo esta completamente reto em alinhamento com a bacia e o tronco), apóia todo o peso em um dos membros, ocasionando o afundamento da ponteira da muleta, chegando a cobrir parte da haste (Figura 30); Figura 30 – Processo de Marcha em terreno arenoso de deficiente usuária de muletas. Detalhe da postura No Segundo duplo apoio ocorre o mesmo desequilíbrio do que na fase 1, seguido de desconforto em sua postura, devido às irregularidades do terreno e a total observação dos impactos do solo pelos deficientes (Figura 31). 69 Figura 31- Má postura do deficiente durante a marcha Na Fase do Segundo apoio Lateral, um dos membros como ponto fixo afunda a muleta, a ponteira, em alguns casos, sai da haste da muleta neste momento (Figura 32). Figura 32 - Detalhe da muleta enterrada na areia. Verificou-se que um usuário de muletas, seja ele amputado, lesionado ou fraturado, não executada facilmente nenhuma etapa, das etapas relacionadas, de acordo com a marcha “normal” descrita por Boccolini,1990. Registro e análise da freqüência da Marcha dos usuários de muletas a) superfície rígida: De acordo com as informações registradas no protocolo de coleta de dados, um usuário de muletas, portador de prótese ou não, em sua 70 atividade de marcha, utiliza de 4 à 5 segundos para apanhar as muletas, mais cinco segundos para posicioná-las e ainda mais 10 segundos para dar inicio à marcha. Tem como média, 2,4 passos por minuto, ou 1 passo completo a cada 25 segundos b) terreno arenoso Na segunda etapa da avaliação do registro da freqüência da marcha, realizaram-se os mesmos testes na praia (superfície arenosa), e verificaram-se grandes mudanças de acordo com o tempo para realização das tarefas. O deficiente usuário de muletas,na mesma sua atividade de marcha, utiliza o mesmo tempo para apanhar as muletas (de 4 à 5 segundos), posiciona-as com cerca de 8 segundos e inicia a marcha, então com cerca de mais 14 segundos. O tempo que o deficiente leva para executar um passo completo praticamente dobra em relação ao uso de muletas em terrenos rígidos, cerca de 47 segundos 5.1.3. Projetação Ergonômica a) Pesquisa de Similares Alguns equipamentos auxiliam na locomoção de pessoas que apresentam deficiências e a fazem com dificuldade. Estes equipamentos são denominados órteses (Boccolini, 1990). As órteses podem ser inúmeras e variáveis. Neste caso, subdividem-se entre andadores, bengalas, muletas e outros tipos de apoio em geral, descritos a seguir: 71 o Andador dinâmico - estrutura dobrável em tubo de alumínio; altura regulável; idade de 3 a 10 anos; peso 1 Kg. Modelo simples e com banco ( Figura 33) Figura 33 – Andador dinâmico Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Andador posterior- Confeccionado em tubos de aço, alumínio e fibra de vidro e acabamento em tinta poliéster e E.V.A. Rodas traseiras de 3" e 1/2 e dianteira de 4" 1/2. As rodas dianteiras são "bobas" e as traseiras possuem um sistema que as bloqueie, para que o andador só ande para a frente. Regulável a todas as alturas e está disponível, no tamanho P, M e G. Seu fechamento é fácil e rápido. Este andador é o que oferece melhor equilíbrio e segurança a pessoas que estão iniciando a marcha. Possibilita uma postura correta através de seus cintos e suportes, porém com muita liberdade (Figura 34). Figura 34 – Andador posterior Fonte: http://www.lmrio.com.br/ 72 o Andador compacto ( infantil e adulto ) - estrutura tubular; apoio para tronco com regulagem de altura em forma de mesa; acabamento em pintura eletrostática; idade: 5 a 10 anos; peso 5 Kg (Figura 35). Figura 35– Andador compacto Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Andador infantil - estrutura em aço; apoios para tronco ajustáveis; idade de 2 a 5 anos; peso 4 Kg (Figura 36). Figura 36 – Andador infantil Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Andador para idosos - usado para facilitar a locomoção de idosos.Provido de pequeno assento para descanso.Estrutura tubular em aço; punhos de apoio com altura regulável dotado de freio manual; acabamento em pintura eletrostática; peso 12 Kg (Figura 37). 73 Fig 37 - Andador para idosos Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Andador articulado e fixo em alumínio - estrutura dobrável em tubo de alumínio; altura regulável; peso 1 Kg (Figura 38). Figura 38 – Andador articulado Fonte: http://www.lmrio.com.br/ 2 o Muletas - Muleta axilar ¹ e Los Franklin ² em alumínio com regulagem (Figura 39). Atualmente produzida em tubos de alumínio, com ajustes para altura. Produzida somente para adultos. Figura 39– Muletas axilares¹ (das extremidades), muleta los Franklin ² central). Detalhe das ponteiras e empunhaduras. Fonte: http://www.lmrio.com.br/ 74 o bengala de 4 apoios - Confeccionada em fibra de vidro e tubo de alumínio. Possui regulagem de altura e está disponível tanto para crianças quanto para adultos (Figura 40). Figura 40 – Bengala de quatro apoios Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Jetcar - aparelho para locomoção autônoma, de fácil manejo, por crianças de 1 a 5 anos portadoras de paralisia dos membros inferiores. Ideal para uso dentro e fora da residência, evitando que a criança se arraste no chão. Assento concha em fibra de vidro com pintura automotiva em cores vivas; rodas de nylon de 10" de diâmetro e pneus de borracha maciça; rodinha de apoio de 2" de diâmetro em plástico rígido; peso aproximado: 3 Kg (Figura 41). Figura 41 – Jetcar Fonte: http://www.lmrio.com.br/ 75 o Carro de Solo - Veículo anatômico para locomoção de paraplégicos em casa, jardins, sítios etc. Concha confeccionada em resina de poliéster reforçada com fibra de vidro e acabamento em pintura automotiva solidarizada em chassis de ao tubular. Esta concha é dotada de cinto para fixação dos pés durante a movimentação, proporcionando ao usuário total independência e segurança; Rodas principais em nylon de 16" de diâmetro com mancais em teflon e pneus em borracha maciça; Roda "louca"com 5" de diâmetro que serve como apoio (Figura 42). Figura 42 - Carro de Solo Fonte: http://www.lmrio.com.br/ o Deslizador - Veículo anatômico para locomoção de paraplégicos em pisos de difícil transito, como areia, grama, pedrisco etc. Confeccionado em fibra de vidro de alta resistência sendo resistente a água do mar e da piscina; Assento em forma de concha, base tipo trenó, em poliuterano de alta densidade que diminui o atrito e tiras de fixação e cabo de tração em nylon facilitando o transporte do deficiente; peso total: 10Kg (Figura 43). 76 Figura 43 - Deslizador Fonte: http://www.lmrio.com.br/ De maneira geral, o dimensionamento das ponteiras para muletas encontradas variaram de 3 à 5 cm de diâmetro de largura e de 3 à 4 cm de altura. O diâmetro interno das ponteiras pesquisadas possui 2,5 cm. b) Conceito do Projeto Com base nos resultados e discussões da apreciação e diagnose ergonômicas, e na pesquisa de similares realizada elaborou-se o conceito do projeto. Nesta monografia, usaram-se critérios de classificação dos Requisitos Projetuais adaptado de Rodriguez (sem data), para compor o conceito do projeto. 77 o Requisitos de Uso PRATICIDADE Fácil manuseio e encaixe CONVENIÊNCIA Ser durável SEGURANÇA Não deve oferecer riscos aos usuários de muletas MANUTENÇÃO Fácil limpeza e manutenção MANIPULAÇÃO Fácil encaixe da ponteira nas muletas Dimensionamento adequado para suportar o peso do usuário sem afundar na areia. Adequação para suportar peso e impactos sem comprometer a estabilidade e postura do deficiente. Visualmente agradável e inovador, fugindo da cor tradicional (preto) Fácil transporte. Prevê-se a ponteira poderá inclusive ser transportada já encaixada na muleta. CONFIGURAÇÃO USABILIDADE PERCEPÇÃO TRANSPORTE o Requisitos de Função MECANISMOS CONFIABILIDADE VERSATILIDADE RESISTÊNCIA ACABAMENTO Mecanismos simples de encaixe e absorção de impactos. Amortecer contato com o terreno arenoso e rígido O usuário deverá ter confiança na utilização do produto. Poderá também, além de ser utilizado em terrenos arenosos, ser utilizados em outras superfícies irregulares. Suportar a ação da intempéries e tensão do peso do usuário. Deverá ter cores agradáveis e modernas, coerentes ao ambiente de utilização; sem arestas; sem rebarbas. o Requisitos Estruturais N° DE COMPONENTES CENTRO DE GRAVIDADE Peça única mais um conector. Estrutura circular, permite ao ponto de gravidade ser central o Requisitos Técnicos – Produtivos Depois de aprovado o protótipo, ser produzido industrialmente MODO DE PRODUÇÃO por processos de fabricação tipo sopro. MATÉRIAS PRIMAS CONTROLE QUALIDADE Produzida em Polipropileno. Comprovação de sua funcionalidade por testes realizados. Análise de falhas. c) Geração de alternativas o Alternativa 1 A primeira idéia surgiu a partir do funcionamento e observação de uma câmara de pneu de bicicleta. Teria-se uma ponteira que lembrasse uma 78 “bóia” e que pudesse receber ar por um pito lateral na medida que fosse necessário.Suas dimensões foram determinadas a partir da verificação de que as ponteiras tradicionais apresentavam de 3 à 5 cm de largura e, no mínimo, 4 cm de altura e afundavam na areia, então, aumentando-se sua área de contado e permanecendo sua altura em vista de que a haste precisava encaixar com firmeza na ponteira, pretendia-se que a ponteira não afundasse. De fato, nos testes realizados com mock-ups ela não afundou. Porém sua dimensão exagerada comprometia a marcha do usuário. Além disso, a idéia foi substituída porque, depois de estudos mais detalhados dos materiais, verificou-se que o material poderia ser facilmente desgastado, ou mesmo estouraria com o peso e a abrasão (Figura 44). Figura 44 - Ponteira para muletas para terrenos arenosos tipo “Bóia”. o Alternativa 2 Depois de verificada a necessidade de melhoramento dos materiais, verificou-se então que suas dimensões também deveriam acompanhar sua escala de evolução para satisfazer aos requisitos. Sua largura passou a ter 8cm e sua altura 5cm. Já definidos os materiais, era composta por quatro peças, de dois materiais distintos: um flexível e um rígido. A união destas peças não foi viável e então esta alternativa também não poderia ser projetada (Figura 45). 79 Figura 45 - Ponteira para muletas para terrenos arenosos tipo “Bóia”. o Alternativa 3 Após algumas verificações, e ajustes configuracionais, notou-se que para melhor desenvoltura da marcha, as novas ponteiras para muletas deveriam ser fabricadas em Polipropileno pelo processo de Sopro, sendo este material capaz de amortecer os impactos. Suas dimensões: 8cm largura X 5cm de altura, o vão central para encaixe da haste da muleta 2,5cm e seu fundo 1cm (Figura 46). Figura 46 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos. 80 o Alternativa 4 (Final) A alternativa 3 sofreu evolução e reformulou-se na alternativa 4 (Figura 47). As dimensões da alternativa final permaneceram 8cm largura X 5cm de altura, o vão central para encaixe da haste da muleta 2,5cm e seu fundo 1cm. A alternativa final recebeu frisos e superfície com textura na sua parte inferior. Recebeu também uma segunda peça: um conector que une a haste da muleta e a ponteira (Figura 48). Figura 47 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos – Alternativa final Questões Configuracionais para a alternativa escolhida (Alternativa 4) Materiais Industriais De acordo com os materiais verificados na pesquisa de similares e também de acordo com a necessidade e aplicabilidade do projeto em questão, foi realizada uma pesquisa para conhecimento e definição dos materiais da nova ponteira. Segundo Pereira (1995), os polímeros estão substituindo os metais, as madeiras, os vidros e as cerâmicas. devido as suas características e vantagens 81 sobre outros materiais, como: a facilidade de manuseio, uniformidade do material,variedade de produtos, fabricação econômica, baixo peso especifico, resistência a corrosão, isolante elétrico, possibilidade de coloração. Estes materiais que sob oportunas ações térmicas e mecânicas, se deixam conformar ou moldar com relativa facilidade. Os produtos básicos dos materiais plásticos são as resinas sintéticas. Pode-se dizer que há duas etapas na fabricação de produtos plásticos, a primeira é um processo químico para criar a resina e a segunda consiste em dar a forma ao material convertendo-o em produto final, podendo ser conformados de acordo com vários tipos de moldagem. Desta forma, tecnicamente pode-se perceber que o material indicado para a fabricação da ponteira para muletas é o Polímero Termoplástico Poloipropileno. Fabricação O método de fabricação estabelecido é o sopro. Consiste basicamente na expansão de uma pré-forma aquecida de material plástico, sob a ação de ar comprimido, no interior de um molde bipartido. É o processo ideal para peças ocas (Pereira, 1995). Figura 48 – Conector de união entre haste e ponteira. 82 o Dimensionamento Figura 49 – Ponteira para muletas para terrenos arenosos – Alternativa final 83 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa teve como objetivo geral observar e analisar a atividade de marcha dos deficientes físicos permanentes usuários de muletas, visando relacionar a atividade de marcha destes deficientes em superfícies rígidas e em terrenos arenosos e, ainda, poder contribuir com conforto, segurança, saúde e qualidade de vida, buscando gerar subsídios para a projetação ergonômica de uma ponteira de muletas para terrenos arenosos. Para tanto, realizou-se uma intervenção ergonomizadora (Moraes & Mont’Alvão, 1998) até a fase de projetação ergonômica nas atividades de marcha de deficientes físicos permanentes usuários de muletas em duas situações: a) em duas clínicas de Reabilitação (APAE e UNICEUMA) em São Luís-MA, quando do uso das muletas em superfícies rígidas; b) em uma praia, na mesma cidade, quando do uso de muletas em terrenos arenosos. Para confirmar o problema relacionado ao uso de muletas por deficientes físicos permanentes usuários de muletas, foram realizadas observações assistemáticas (por meio de registro fotográfico e caderneta de campo) da atividade de marcha dos deficientes usuários de muletas; observações sistemáticas por meio de registro de comportamento da atividade de marcha dos deficientes físicos usuários de muletas (registro fotográfico); entrevistas abertas inestruturadas com três profissionais da área de reabilitação (fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais);entrevistas abertas e questionário fechado com dez deficientes usuários de muletas; pesquisa de similares de produtos (muletas) e materiais industriais, que poderão ser utilizados no desenvolvimento do projeto do produto. Os resultados das entrevistas com os deficientes serviram como base para o desenvolvimento de um questionário fechado, o qual posteriormente foi aplicado 84 aos mesmos deficientes. As entrevistas mostraram que há insatisfação com o uso das muletas e as queixas mais comuns, foram que as muletas causam feridas na região do corpo em contato direto com o equipamento, o impacto causado com o contato no solo, que é transferido para regiões sensíveis quando estas apresentam algum tipo de desconforto ou incômodos causados por dor decorrentes de disfunções, como cabeça e dentes. Verificaram-se problemas interfaciais, acionais, espaciais / arquiteturais e psicossociais, além dos custos humanos com problemas interfaciais. Nesta etapa, verificou-se, ainda, que o tempo para realização da marcha nos dois tipos de terrenos, arenosos e rígidos, pode variar. Enquanto na superfície rígida o deficiente demora 25 segundos para executar um passo completo, no terreno arenoso, este mesmo deficientes chega a gastar 47 segundos, mostrando que há maior dificuldade de uso das muletas em terrenos arenosos. Nas análises da atividade de marcha dos deficientes físicos usuários de muletas, podem-se verificar as diferenças destes terrenos para o deficiente, notando-se, ainda, que a atividade de marcha em um terreno arenoso é mais complexa e mais demorada de ser executada do que na superfície rígida em decorrência do mau design das ponteiras e da não capacitação dos deficientes para o uso das muletas em terrenos arenosos. Não há uma inserção do sistema alvo dentro de uma hierarquia, pois os deficientes não são habilitados para atividade de marcha em terrenos arenosos nas clínicas de reabilitação. Nos resultados do questionário, com escala de avaliação, que foi aplicado aos deficientes físicos usuários de muletas, notou-se que, sobre o uso da muletas em superfícies rígidas, pode ser considerado satisfatório; o uso das muletas em geral e a segurança geraram pequeno grau de insatisfação; e os itens, acesso à locais de lazer, uso das muletas em associação com próteses e uso em terrenos 85 arenosos, gerou grande nível de insatisfação. Verificou-se, ainda, que o “uso em terrenos arenosos”, obteve o maior nível de insatisfação. No geral, todos os usuários mostraram-se insatisfeitos com o uso das muletas. De modo geral, observou-se nos resultados da apreciação e da diagnose, que há a necessidade do redesign da ponteira das muletas de maneira que possa ser usada tanto em terrenos rígidos quanto em arenosos. Assim, os requisitos propostos para o redesign da ponteira para muletas são: o Fácil manuseio e encaixe; o Durável; o Não deve oferecer riscos aos usuários das muletas; o Estabilidade; o Dimensionamento adequado para suportar o peso do usuário sem afundar na areia; o Visual agradável e inovador, fugindo da cor tradicional (preto); o Fácil transporte; o Sistema de absorção de impactos; o Leve; o Suportar a ação de intempéries; o Peça única; o Estrutura circular, permitindo que o centro de gravidade fique no cento da peça; o Produzido industrialmente por polímero polipropileno , pelo processo de sopro. Por fim, ficou notório, então, a necessidade de preocupação tanto com a reabilitação de deficientes físicos permanentes usuários de muletas para terrenos 86 arenosos, sugerindo-se nos centros de reabilitação uma “caixa de areia” para capacitação, quanto a criação de uma nova ponteira para que deficientes físicos fiquem possibilitados a andar em superfícies rígidas quanto em terrenos arenosos, sem dificuldades. 5.1. Sugestões para Pesquisas posteriores Propõe-se a realização de testes de usabilidade com uma ponteira a partir dos requisitos sugeridos a nível de mockups, modelos e protótipos, para que se possa verificar e comparar o tempo antes gasto com um ponteira para muletas tradicional e posteriormente com uma ponteira apropriada, ideal para a marcha em terrenos arenosos. Propõe-se, ainda, uma Intervenção Ergonomizadora (Moraes & Mont’Alvão, 1998) mais profunda, com uma quantidade maior de sujeitos (deficientes físicos). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCASE, Alberto. Semiologia em Reabilitação. Ed. Ataneu, 1994. 87 ALVES, Simone. Encontro debate as deficiências da sociedade frente ao portador de deficiência. Revista CIPA. Edição nº 250, São Paulo: CIPA Editora, 2000 N (p.p.44 – 69). MAIA, Ruy. A Marcha Humana - Texto recuperado da internet no dia 16/01/2004. Disponível em: http:// www. ruymaia.hpg.ig.com.br BAXTER, M. Projeto de produto: Guia Prático para o Design de Novos Produtos. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 1995. 258 p. BOCCOLINI, Fernando. Reabilitação: Amputados - Amputações – Próteses. São Paulo: Robe, 1990. 254 p. COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – Brasília, 2003. Texto recuperado da internet no dia 20/02/2004. Disponível em http:// www.coffito.org.br. GIL, A. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas S.A, 1978. INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION (IEA) – The discipline of ergonomics – Texto recuperado da internet no dia 14/10/2003. http:iea.cc/ergonomics/, 2000. 88 MORAES, ANAMARIA de. e MONT´ALVÃO, CLAÚDIA. Ergonomia: Conceitos e Aplicações. Rio de Janeiro : 2AB Editora Ltda., 1998. 119 p. MOURA, LÚCIA S. de. et al. Manual de elaboração de projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. 134p. NOWAK, E. Ergonomia and Rehabilitation in: KARWOWSKI, W. e MARRAS, W. (eds) the ocupapional ergonomics: Handbook. London Boca Raton Washington. DC: CRS press, 1999. 198 p. PEREIRA, Sanatiel de Jesus e MONTEIRO, Leila do Vale. Materiais Industriais: Tecnologia de Polímeros. São Luís, 1995. RODRIGUEZ M., Gerardo. Manual de diseño industrial. G. Gili. México, sem data. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vazes,1982. 124p SAN ROMAN. Ergonomia como complemento a la formacion del minusválido. Minusval, Madrid, nº108, set./out., p.26 – 27, 1997. STONE, H., et al.. Senroty Evaluation by quantitative descriptive analysis. Food Technology. 28 (1), 1974, pp. 24 – 34. 89 TORTOSA, Loudes et al. Ergonomia e discapacidad. Madri: IMSERSO, 1997. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, MARIA do ROSÁRIO GUIMARÃES, et al. Manual para elaboração de trabalhos científicos. São Luís: UFMA, 2002. 44 p. BONSIEPE, G. e WALKER, R., Um Experimento em Projeto do Produto / Desenho Industrial. Brasília: Coordenação Editorial / CNPq, 1983. IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher Ltda,1992. 90 NAHUZ, CECÍLIA dos SANTOS e FERREIRA, LUZIMAR SILVA. Manual para normatização de monografias. São Luís: Aurora da Graça Almeida, 2002. 172 p. ANEXOS 91 ANEXO A ERGONOMIA DA REABILITAÇÃO DEFICIENTES FÍSICOS USUÁRIOS DE MULETAS Entrevista Estruturada DATA: ___/___/___ LOCAL:______________________ Nº_____________ FALE SOBRE O USO DAS MULETAS (PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS / DIFICULDADES E FACILIDADES). ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 92 ANEXO B QUESTIONÁRIO DE VALIDAÇÃO DEFICIENTE FÍSICO USUÁRIO DE MULETAS Prezado (a) Sr (a) Este questionário não é obrigatório, mas sua opinião sobre a sua atividade de marcha com o uso das muletas é MUITO IMPORTANTE. Solicito, então, que você preencha os dados e marque com um X, na escala a resposta que melhor representa a sua opinião Não é necessário escrever o seu nome. Estas informações são sigilosas e servirão para o trabalho de conclusão do Curso de Desenho Industrial. Obrigado. IDADE SEXO FEMININO MASCULINO TEMPO DE DEFICIÊNCIA ALGUNS MESES 2 À 5 ANOS 6 À 12 ANOS FRATURAS NEUROLÓGICAS MAIS DE 15 ANOS DESDE NASCIMENTO TIPO DE DEFICIÊNCIA ORTOPÉDICAS REUMATISMO 93 ACIDENTE OUTROS 1. USO DAS MULETAS ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 2. SEGURANÇA COM AS MULETAS ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 3. ACESSO À LUGARES DE LAZER ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 4. ANDAR SOBRE SUPERFÍCIES RÍGIDAS ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 5. ANDAR SOBRE TERRENOS ARENOS ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 6.USO DE MULETAS ASSOCIADO AO USO DE PRÓTESES ___________________________________________________________________ SATISFEITO NEUTRO INSATISFEITO 94 ANEXO C RESULTADOS TABULADOS DAS QUESTÕES DO QUESTIONÁRIO 1 2 3 4 5 6 DEFICIENTE USO DAS MULETAS SEGURANÇA COM AS MULETAS ACESSO À LUGARES DE LAZER ANDAR SOBRE SUPERFÍCIES RÍGIDAS ANDAR SOBRE TERRENOS ARENOSOS USO DAS MULETAS + USO DE PRÓTESES 1º 8,2 7,5 10,2 3 13,4 14,5 2° 2 1,8 3,5 2,1 10,5 8 3º 14,4 10,5 14,5 1,5 13 12,1 4° 9,4 13 12,1 9,5 12,9 14,9 5° 7,4 6,8 11,3 8,6 13,4 13,5 6° 10,1 9,8 14,6 7,2 14,8 14,6 7° 12,6 8,9 13,6 6,2 14,2 12 8° 6,5 9,6 13,5 5,1 13,2 14,2 9° 9,5 8,9 13,6 12,5 14,6 8 10° 7,1 13,5 14,7 5,1 12,8 14,9 MÉDIA 8,72 9,03 12,16 6,08 13,28 12,67