UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FERNANDO SÉRGIO PEREIRA DE SOUSA PLANEJAMENTO COMO DISPOSITIVO PARA A GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL FORTALEZA – CEARÁ 2011 FERNANDO SÉRGIO PEREIRA DE SOUSA PLANEJAMENTO COMO DISPOSITIVO PARA A GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Saúde Pública. Área de Concentração: Saúde Coletiva. Orientadora: Profª. Dra. Maria Salete Bessa Jorge. FORTALEZA – CEARÁ 2011 S725p Sousa, Fernando Sérgio Pereira de Planejamento como dispositivo para a gestão do cuidado em saúde mental / Fernando Sérgio Pereira de Sousa. — Fortaleza, 2011. 108 p. ; il. Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Salete Bessa Jorge. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Pública) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública. Área de Concentração: Saúde Coletiva. 1. Planejamento em saúde. 2. Saúde mental. 3. Gestão de cuidados. I. Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública. CDD: 614.981 FERNANDO SÉRGIO PEREIRA DE SOUSA PLANEJAMENTO COMO DISPOSITIVO PARA A GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Saúde Pública. Área de Concentração: Saúde Coletiva. Aprovada em: _____/_____/________. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profª. Dra. Maria Salete Bessa Jorge (Orientadora) Universidade Estadual do Ceará – UECE _______________________________________________________ Profª. Dra. Maria Lúcia Silva Servo Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS _______________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva Universidade Estadual do Ceará – UECE A Deus, fonte inesgotável de inspiração e bênçãos em minha vida. Pelo maior de todos os dons que me deste – O DOM DA VIDA. Aos meus Pais, pelo incentivo e apoio incondicional em todos os meus projetos de vida. A Viviane, pelo companheirismo e por escolher estar lado a lado comigo em mais uma conquista. AGRADECIMENTOS À minha família, núcleo de aprendizado e espaço onde compartilho alegrias, felicidades, além de medos, conflitos e desafios impostos pela necessidade real e profunda de conviver. À minha família agregada: Cláudia, Arthur, Rayssa, Lia e Pedro, que durante esse percurso do mestrado me acolheu em sua casa com muita atenção, carinho e acima de tudo me dando força e coragem de acreditar que somos capazes de transformar o nosso interior, se em nossos relacionamentos existe respeito e desejo de aceitar as pessoas, mesmo que não tenham lanços sanguíneos, como elas são. À Professora Dra. Maria Salete Bessa Jorge, minha orientadora, pelos grandes momentos que me fez refletir e ressignificar olhares, mesmo diante muitas vezes de uma relação desafiadora e instigante que é se lançar e desejar compartilhar saberes com essa Enfermeira que é exemplo de luta, garra, resiliência e dedicação pela profissão e pelo ensino. Aos colegas do GRUPSFE definir sigla, pelo carinho, pelo acolhimento e pela perseverança de todos, em especial: Márcia Mont´Alverne, Germane, Mardênia, Paulo Quinderé, Danielle, Cintia, Diego, Renata, Randson, Luciana Gurgel e Emanuel pela amizade surgida com a convivência, com quem pude dividir mais de perto minhas dúvidas, angústias, e com certeza sonhos e muitas risadas. Aos professores e funcionários do CMASP, sem exceção, pelo profissionalismo e colaboração efetiva no percurso desta caminhada. Em destaque, Mairla, Cláudia e D.Maria, pelos momentos que me ajudaram nos “vexames” e “aperreios”. Também pelas boas risadas e conversas nos corredores e bastidores. Aos meus colegas acadêmicos e amigos do CMASP, pelas discussões temáticas, debates construtivos, momentos de vivências na sala de aula e também risadas “RM” e “AUTISTA”. À Professora Dra. Marluce Maria Araújo Assis, pelas contribuições valiosas nas etapas deste trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo financiamento e viabilização do projeto de pesquisa. Aos trabalhadores de Saúde Mental de Sobral-CE, pessoas as quais tive a oportunidade de compartilhar saberes e práticas que foram e sempre serão importantes para o meu crescimento profissional. Também, pelo o estabelecimento de vínculos, amizades e companheirismo. Às equipes de trabalhadores de Saúde Mental do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), da Secretaria Executiva Regional IV (SER IV), em especial do CAPS da SER V, pela disponibilidade e luta diária na defesa de um sistema de saúde mais justo. Aos usuários e familiares de toda a Rede de Atenção à Saúde Mental de Fortaleza-CE, que apesar de não terem sido sujeitos da minha pesquisa de forma direta, mas com certeza foram o pano de fundo de inspiração, além de motivarem a reflexão sobre a esperança, a dignidade e o respeito pelo outro. Cenários Por tanto tempo me enganei Em personagens me escondi Montei cenários, fui ator Fui me tornando um perdedor Quando de mim eu me perdi Mas de repente eu pude ouvir A tua voz chamar por mim Me convencendo a regressar Reassumir o meu lugar Reconquistando o que perdi Coração acelerado Sempre pronto pra mentir Na surpresa de um olhar se perde E perdido vira presa fácil Pra que Deus o leve pela vida Em seus braços Por mais que eu procure noutras praças Noutros rastros, direções Por mais que eu procure noutros olhos A coragem pra não desistir Somente o amor de Deus me faz Ser eu mesmo sem precisar mentir Só ele me mostra o sempre oculto Das virtudes que estão em mim Que as tramas da farsa se destramem E que a verdade acenda sua luz E se desfaçam todos os cenários Não quero a vida pra fazer ensaio Quero viver como se fosse hoje O último dia Que se dissolva toda fantasia Não quero a máscara da hipocrisia E que ao final de tudo o grande aplauso Seja pra vida E que ao final de tudo o grande aplauso Seja pra vida (Pe. Fábio de Melo) RESUMO Objetiva-se compreender o planejamento em saúde como um dispositivo de (mudança ou manutenção) do modelo de atenção à saúde mental; discutir a dinâmica da gestão do cuidado em saúde mental e suas interfaces com o planejamento; e descrever as estratégias de planejamento. O percurso metodológico se orientou pela pesquisa qualitativa, em uma perspectiva crítica-reflexiva. O estudo foi realizado nos Centros de Atenção Psicossocial, da Secretaria Executiva Regional IV e V de Fortaleza-CE. Para a coleta das informações foi utilizado à entrevista semiestruturada, a observação sistemática e os documentos. Como participantes da pesquisa incluíram-se 20 trabalhadores da saúde mental, distribuídos em dois grupos. Os dados foram organizados e analisados pelos pressupostos da análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que o planejamento em saúde mental é um dispositivo importante na rede de saúde mental, no entanto, o sistema de saúde mental não tinha estabelecido uma estratégia de planejamento capaz de articular as ações em saúde mental dentro dos diversos níveis de complexidade do sistema de saúde. Assim, apesar dos avanços ocorridos na saúde mental do município, o modelo de atenção à saúde mental ainda se modulava na convivência desarmônica entre o modelo de atenção manicomial e o de atenção psicossocial. Concluiu-se que o planejamento das ações de saúde mental não tinha superado o modelo psiquiátrico asilar na composição dos saberes e das práticas, apresentando sérios limites e desafios no estabelecimento de ações integrais e nas interconexões entre os serviços de saúde mental com os demais serviços de saúde e setores sociais. Palavras-chave: Planejamento; Gestão do cuidado; Saúde mental. ABSTRACT The objective was to understand the health planning as a device (change or maintenance) of model mental health care, discuss the dynamics of the management of mental health care and its interface with the planning, and describe the planning strategies. The methodological course was guided by qualitative research, critical and reflective perspective. The study was conducted in community mental health services of the Regional Executive Office IV and V of Fortaleza-CE. We used to collect the information to semi-structured interviews, systematic observation and documents. As participants in the study were included 20 mental health workers, divided into two groups. Data were organized and analyzed by the assumptions of content analysis. The results showed that the mental health planning is conceived as an important device in the network of mental health, however, the mental health system has failed to establish a planning strategy can connect to shares on mental health within different levels of complexity of the health system. Thus, despite advances in the mental health of the municipality, the model of mental health care is still living in disharmonious modulates between the hospice model of care and psychosocial care. It is concluded that the planning of mental health services has surpassed the model psychiatric asylum in the composition of knowledge and practices, had serious limitations and challenges in the establishment of full shares and the interconnections between mental health services with other services health and social sectors. Key words: Planning; Care management; Mental health. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1– Pirâmide Populacional de Fortaleza Figura 2– Mapa de distribuição das Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza Figura 3– Mapa da Secretaria Executiva Regional IV do município de Fortaleza Figura 4– Rede Assistencial de Saúde Mental Quadro 1– Características dos modelos de Gestão Propostos pelas Correntes de Planejamento e Gestão no Brasil. 2004 Quadro 2 – Quadro comparativo entra as prioridades o Planejamento Normativo, Estratégico e Analítico/Institucional Quadro 3 – As várias dimensões da gestão do cuidado Quadro 4– Equipamentos e Serviços que compõem a RASM de Fortaleza Quadro 5– Sujeitos do estudo Quadro 6– Confronto dos depoimentos do Grupo I Quadro 7– Confronto das unidades analíticas entre os Grupos I e II Quadro 8– Confronto das categorias empíricas do Grupo I Quadro 9– Confronto das categorias empíricas entre os Grupos I e II 44 45 48 72 31 32 36 47 51 55 55 56 56 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAPS Centro de Atenção Psicossocial CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras drogas CAPS i Centro de Atenção Psicossocial – Infância e adolescência CCSM Coordenação Colegiada de Saúde Mental CENDES Centro de Estudos para o Desenvolvimento Econômico e Social CEP Comitê de Ética em Pesquisa CFS Centro de Saúde da família CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CRSM Coordenador Regional de Saúde Mental DMP Departamento de Medicina Preventiva ENSP- Escola Nacional de Saúde Pública ESF – Estratégia Saúde da família GRUPSFE – Grupo de Pesquisa em Saúde Mental, Família e Práticas de Saúde e Enfermagem HSMM - Hospital de Saúde Mental de Messejana IPC - Instituto de Psiquiatria do Ceará PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde PES - Planejamento Estratégico Situacional RASM - Rede Assistencial de Saúde Mental SER - Secretaria Executiva Regional SMS - Secretaria Municipal de Saúde SRT - Serviços Residenciais Terapêuticos SUS - Sistema Único de Saúde UECE - Universidade Estadual do Ceará UFBA - Universidade Federal da Bahia UIPHG - Unidade de Internação Psiquiátrica no Hospital Geral Dr. Estevam UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas USP - Universidade de São Paulo ZOOP - Planejamento por Projeto Orientado por Objetivos SUMÁRIO 1 AS PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES E A CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO 1.1 Encontro do Pesquisador com o Objeto de Estudo 1.2 Construção do Objeto de Estudo e Pressupostos Teóricos 2 OBJETIVOS 2.1 Geral 2.2 Específicos 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Caminhos Percorridos pelo Planejamento em Saúde no Cenário Brasileiro 3.2 Gestão do Cuidado 13 13 14 23 23 23 24 24 33 4 METODOLOGIA 42 4.1 Tipo de Estudo 42 4.2 Campo empírico do Estudo 42 4.3 Participantes do Estudo 50 4.4 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados 4.5 Análise e Interpretação dos Dados 4.6 Questões Éticas 5 CATEGORIAS DE ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.. 5.1 Diálogos sobre o reconhecimento do planejamento como dispositivo para a organização e funcionamento dos serviços de saúde mental 51 53 57 58 5.2 Planejamento: um subsídio para as mudanças no modelo de saúde mental 64 5.3 Conjunto de estratégias de planejamento utilizadas para a organização dos serviços de saúde mental 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 81 89 REFERÊNCIAS 92 APÊNDICES 103 58