MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO Departamento de Desenvolvimento Energético Projeto PNUD BRA 01/039 PRODUTO III – PLANO DE AÇÃO PARA INCENTIVO AO USO DE AQUECEDORES SOLARES Proposta de Marco Lógico para Implementação do Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar de Água no Brasil Consultor: Aurelio de Andrade Souza Brasília, Agosto de 2007. INDICE A. Introdução ............................................................................................................................. 3 B. Marco de referência ................................................................................................................ 4 B.1 Barreiras à difusão tecnológica do aquecimento solar ....................................................... 6 B.2 Qualificação da cadeia produtiva do aquecimento solar no Brasil....................................... 9 B.3 Principais desafios das políticas públicas e do marco regulatório ..................................... 10 C. Justificativa: Benefícios Sócio-Econômico-Ambientais .............................................................. 12 D. O Plano de Ação para o Programa Solar Brasil ........................................................................ 15 D.1 Aperfeiçoamento das Políticas Públicas e Marco Regulatório ........................................... 16 D.1.1 Seminário Internacional................................................................................................ 16 D.1.2 Elaboração e regulamentação de projeto de lei para compensação de renúncias fiscais.... 16 D.1.3 Capacitação de Gestores Municipais .............................................................................. 17 D.1.4 Elaboração e Disseminação de Normas e Procedimentos: ............................................... 17 D.1.5 Alteração na Lei do FGTS incorporando aquecimento solar ............................................. 17 D.1.6 Alteração da Lei no 5.655/1971 e da Lei 10438/2002: .................................................... 17 D.1.7 Realização de plano de comunicação e marketing da Caixa (CEF): .................................. 18 D.2 Qualificação da Cadeia Produtiva .................................................................................. 18 D.2.1 Realização de Cursos de Capacitação Profissional e Empreendedora: .............................. 18 D.2.2 Implantação de portal do aquecimento solar ................................................................. 18 D.2.3 Sensibilização da Sociedade.......................................................................................... 19 D.2.4 Capacitação de Profissionais de Projeto ......................................................................... 19 D.3 Desenvolvimento e Difusão Tecnológica ........................................................................ 19 D.3.1 Identificação de demanda e oferta tecnológica: ............................................................. 19 D.3.2 Lançamento de Edital para Financiamento de Projetos: .................................................. 20 E. Considerações Finais ............................................................................................................. 20 F. Anexos ................................................................................................................................. 22 F.1 Matriz de Marco Lógico para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar .......... 22 F.2 Referências.................................................................................................................. 29 F.3 Indicadores sociais do aquecimento solar ...................................................................... 30 Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 2 A. Introdução Este documento consiste na apresentação de um Plano de Ação, estruturado sob a forma de Programa, com o objetivo de incrementar a utilização da tecnologia solar térmica para aquecimento de água no Brasil. Este trabalho integra a terceira parte do estudo de identificação de oportunidades e mecanismos de viabilização de ações, contratado pelo Governo Federal por meio do Ministério de Minas e Energia. De acordo com o Termo de Referência definido para elaboração desta proposta, seguiram-se os objetivos específicos: 1. Identificar e propor a priorização de ações promotoras de eficiência energética para incentivar o uso de aquecedores solares, mais adequadas à realidade brasileira, e apresentar seus respectivos potenciais de eficiência energética e eventuais co-benefícios decorrentes (geração de emprego, diminuição do orçamento familiar, redução de impactos ambientais etc), articulando tais proposições com o Plano Nacional de Eficiência Energética; 2. Detalhar as ações priorizadas na área de eficiência energética com seus respectivos potenciais, com definição de objetivos, metas, custos, prazos, responsabilidades e atribuições dos agentes envolvidos, bem como seus benefícios. Para elaboração do Programa (Plano de Ação) de acordo com os requisitos mencionados nos dois itens acima, foi utilizado um modelo metodológico de planejamento que possibilite ao gestor do Programa os seguintes benefícios: i) interrelacionar a finalidade, os objetivos, os resultados e as atividades do plano de ação permitindo consistência ao planejamento; ii) monitorar e avaliar os resultados por disponibilizar um sistema integrado de metas e indicadores, definido por meio de índices e indicadores quantificados; iii) definir fatores críticos que possibilita o planjemento e implantação de um sistema de gerenciamento de riscos; e, por fim iv) delimitar a definição de papéis e responsabilidades dos atores envolvidos na execução, promovendo sinergias de esforços e maior resolutividade das ações propostas. Este documento é composto por cinco partes. Na primeira, é discutido o Marco de Referência para a elaboração do Plano de Ação, revisando de forma sintética as principais barreiras e causas que impedem o aumento do uso de aquecimento solar de água no Brasil, detalhadas nos Produto I e II deste estudo. Na parte seguinte são descritos os benefícios gerados a partir dos objetivos e resultados do Plano do Programa do ponto de vista social, econômico e ambiental. Na terceira parte, o Plano do Programa é apresentado com a descrição dos seus objetivos, componentes de resultados e atividades. Por fim, na útlima parte elencam-se as considerações finais, indicando os desdobramentos necessários para execução e gerenciamento do Programa a partir da implementação do plano de ação. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 3 B. Marco de referência A utilização de sistemas de aquecimento solar no Brasil e no resto do mundo é motivada principalmente por medidas governamentais em parceria com empresas privadas, e, em menor escala, pela sociedade civil organizada. Tais iniciativas possuem arranjos particulares em cada país de acordo com os aspectos políticos, sócio-econômicos, tecnológicos, ambientais, climatológicos e culturais existentes nos diferentes contextos nacionais. O contexto brasileiro apresenta algumas iniciativas para promover a utilização de aquecimento solar de água nos segmentos residencial, comercial ou industrial. Os resultados mais expressivos são identificados nos programas implementados pelas concessionárias de energia elétrica com recursos próprios e públicos, seja por meio de programas de pesquisa e desenvolvimento (P&D), em escala quase incipiente, ou dos programas de eficiência energética (PEE). Destacam-se também outras políticas governamentais com ênfase em renúncia fiscal de ICMS e IPI para indústria de equipamentos, além de Programas Especiais, ainda em caratér experimentais, de Financiamento para aquisição de sistemas de aquecimento termosolar junto à Caixa Econômica Federal. Embora as inciativas acima apresentem avanços em termo de política pública nacional, os resultados brasileiros de penetração de mercado desta tecnologia ainda estão aquém do potencial do País. Em 2004, a Agência Internacional de Energia (IEA) apresentou os indicadores internacionais de capacidade instalada e penetração de mercado e classificou o Brasil em vigésimo segundo lugar no que diz respeito à relação entre a quantidade capacidade instalada e o tamanho da sua população. O índice brasileiro de penetração dos sistemas de aquecimento solar por número de habitantes é atualmente de cerca de 1,0 MWt por 100 mil habitantes, bem abaixo de diversos países com menor insolação localizados na Europa, America do Norte e Asia. Capacidade Instalada Penetração de Mercado País GWt País MWt / 100 mil hab China 43.4 Chipre 63.0 Japão 5.5 Israel 52.0 Turquia 5.1 Barbados / Grécia 19.2 Alemanha 4.0 Austria 18.8 Israel 3.4 Alemanha 4.8 Brasil (7) 1.6 Brasil (22) 0.9 Quadro com principais países onde o aquecimento solar é mais difundido no mundo e a capacidade instalada nestes países, em GWt e a potência instalada, em MWt / 100 mil hab. IEA, 2005 De acordo com a tabela acima, a capacidade instalada nacional era de cerca de 1,6 GWt, o que corresponde (segundo metodologia do IEA, que considera que cada m² Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 4 de coletor equivale a 0,7 kWt) a aproximadamente 2.266.000 m2, ou 566.500 sistemas. Tal resultado confere ao Brasil a sétima colocação entre os maiores mercados no mundo em número de sistemas instalados (potência total instalada). Neste sentido, para o Brasil alcançar a média de área instalada de coletores solares para cada 100 mil habitantes dos países filiados à IEA, a área instalada em operação deveria ser próxima a 7 milhões de m², pouco mais do que o dobro dos valores atuais. O gráfico a seguir, extraido do relatório anual da ABRAVA - O Mercado Brasileiro De Aquecedores Solares Em 2006, lançado em Março de 2007, apresenta a evolução do mercado entre 2000 e 2006 com dados da área total instalada (valores acumulados e em operação – representado pela linha) e da área adicionada ao total (valores anuais – representado pelas barras verticais) de coletores solares no Brasil. Mercado Brasileiro de Aquecimento Solar 600.000 3.500.000 Nova Área Coletora Instalada(m2) Área Coletora Acumulada em Operacao(m2) 3.000.000 2.500.000 400.000 2.000.000 300.000 1.500.000 200.000 1.000.000 100.000 Área Coletora Acumulada em Operaçao (m2) Área Coletora Instalada no ano (m2) 500.000 500.000 0 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Fonte: Abrava 2007 Verifica-se neste período um incremento médio e constante da área total acumulada, de cerca de 1 milhão de metros quadrados em 2000 para pouco mais de 3 milhões de metros quadrados em 2006, correspondendo a uma capacidade de 2,1 GWt de capacidade instalada. Um crescimento da área total instalada no país de aproximadamente 3 vezes em 6 anos, ou seja, o mercado triplicou neste período. Considerando os dados de “nova área” instalada por ano, verifica-se um crescimento médio anual da ordem de 14% ao ano. Do ponto de vista da produção brasileira de coletores termossolares houve um crescimento de menos de 50 mil m², em 1985, até o pico de pouco menos de 500 mil m² em 2001. Como decorrência deste ano atípico, marcado pela crise no setor elétrico (o “apagão”) e a necessidades de redução do consumo de energia elétrica, o crescimento da “nova área” instalada foi de cerca de 85% (aproximadamente 480 mil metros quadrados instalados em 2001). Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 5 Já no ano seguinte, e com o afastamento da possibilidade de racionamento de eletricidade, a produção caiu para pouco mais de 300 mil m² por ano. Ainda que o desempenho no aumento de capacidade instalada tenha sido positivo nos últimos dez anos, o mercado Brasileiro de aquecimento solar ainda cresce lentamente comparado a outros países com menores índices de radiação solar. Percebe-se que diversos países Europeus, com índices de insolação menores que os do Brasil, possuem maior penetração da tecnologia de aquecimento solar, com destaque para Áustria, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Suíça, dentre outros. Para explicar este baixo aproveitamento do potencial de mercado nacional, alguns estudos aprontam, de forma comum, três aspectos determinantes: o primeiro diz respeito às deficiências no desenvolvimento e difusão tecnológica de sistemas termosolares; em segundo lugar, reforçando o anterior, às condições de competitividade desfavoráveis na cadeia produtiva; e, por fim, as fragilidades das Políticas Públicas, incluindo Marco Regulatório, que não estimulam o fortalecimento do mercado. Ressalte-se que a dificuldade de acesso ao financiamento é outro ponto importante e comunmente citado nos relatórios, no entanto, esta barreira a disseminação de sistemas de aquecimento solar, ou dificuldade para tal disseminação, esta também associada ao marco regulatório e político. A seguir, é apresentada uma análise sintética destes três aspectos que formam os eixos principais de elaboração do Plano de Ação. B.1 Barreiras à difusão tecnológica do aquecimento solar Uma breve análise do setor comercial do aquecimento solar no Brasil ajuda a entender algumas barreiras comerciais ao pleno desenvolvimento deste setor. No Brasil ocorrem distorções de mercado bem particulares no segmento de aquecimento de água devido à competição com equipamentos que utilizam outras tecnologias de menor preço e de fácil instalação, ainda que apresentem baixa ecoeficiência. A tecnologia de aquecimento de água mais difundida no mercado residencial brasileiro é a termo-elétrica, sob a forma de “chuveiros elétricos”. Este fato se explica pelo baixo custo inicial dos mesmos, pois são produzidos em larga escala, além de apresentarem grande simplicidade de instalação e manutenção. A outra razão da larga penetração desta tecnológica deve-se ao relativo baixo custo da energia elétrica no País na época que se iniciou a utilização em massa de equipamentos elétricos, fruto de políticas de geração e distribuição de energia elétrica em grandes blocos, inciadas na década de 70, em resposta à crise do petróleo daquela década. No atual contexto, entretanto, essa solução tecnológica não é sustentável do ponto de vista da eficientização energética, pois esta solução é bastate eletro-intensiva e traz uma seríe de malefícios para o setor de energia elétrica, principalmente nos horários de ponta, quando a demanda de energia elétrica atinge seu pico diário. De acordo com dados Companhia de Força e Luz da cidade de São Paulo (CPFL) a demanda total de energia elétrica, nos horários entre 17 e 22 horas, pode atingir o dobro da demanda verificada em outros horários, principalmente no setor residencial Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 6 em decorrência principalmente da realização dos banhos utilizando chuveiros elétricos. Os gráficos a seguir apresentam as curvas de cárga típicas de concessíonárias de distribuição de energia no Sudeste (esquerda) e Nordeste (direita) do Brasil, considerando somente a contribuição dos chuveiros elétricos por região. Estes gráficos foram gerados por meio dos simuladores do SINPHA, disponíves na página do PROCEL na Intenet (www.procelinfo.com.br), e faz parte da pesquisa recentemente apresentada pela Eletrobras. Percebe-se, portanto, a semalhança na formação da ponta nos horários entre 17 e 21 horas em todas as regiões do Brasil, principalemente por conta dos chuveiros elétricos. Contudo, vale registrar os valores de 200 Wh/h no pico da demanda no Sudeste (No Sul esse número é de 400 Wh/h) e de pouco mais de 75 Wh/h no Nordeste (No Norte esse número é de 12 Wh/h). Esse fato, conforme visto no primeiro relatório desse estudo, Produto I, sinaliza a diversidade no hábito da utilização de água aquecida para banho regional, o que certamente refletirá a aplicação e penetração de sistemas termosolares no Brasil. Curva de carga típida de concessionária do Sudeste (esq.) e Nordeste (dir.) considerando a utilização unicamente dos chuveiros elétricos. Fonte: PROCEL / SINPHA, 2007. Como previamente discutido no primeiro relatório, o número médio de chuveiros por residência no Brasil é de 0,91, ou seja, quase um chuveiro por residência, com concentração maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os chuveiros elétricos estão presentes na sua maioria no Sul e Sudeste, 24% e 26%, respectivamente, e com participação de 26% no Centro-Oeste. Já no Norte e Nordeste, estes percentuais são bem mais baixos, da ordem de 2% e 14%, respectivamente. Considerando ainda os dados da pesquisa de posses de equipamentos elétricos e hábitos de uso – ano base 2005 – cerca de 80,9% dos domicílios brasileiros aquecem água para tomar banho, sendo que desse universo 73,5% o fazem utilizando energia elétrica como fonte de aquecimento. Sendo que os chuveiros Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 7 elétricos correspondema a 99,6% dos sistemas de aquecimento de água que utilizavam eletricidade no Brasil. Estes equipamentos, além de consumirem cerca de 5% de toda a eletricidade produzida no país, são responsáveis por aproximadamente de 18% do pico de demanda do sistema elétrico nacional. Ou seja, nitidamente a substituição dos chuveiros elétricos representa um foco de ação de eficiência energética no Brasil. O mercado de aquecimento de água no setor industrial, não obstante sua importância, não se destaca por conta das decisões de investimentos serem fortemente orientadas para outras prioridades que oferecem melhores retornos sobre os investimentos. Nesse sentido, ainda existem diversas outras ações de eficiência energética e mudança de processo industrial, que podem resultar em maiores ganhos e retorno mais rápido, com menor investimento. Embora seja relativamente fácil constatar a viabilidade econômica e financeira dessa tecnologia aplicada a diversos tipos de indústria que demandam temperatura para processo na faixa de 50 a 250 graus Celcius, principalmente aquelas do setor textil, agronegócios, alimentício e de bebidas, o setor industrial tem pouca representatividade no volume total de coletores instalados no Brasil nos últimos anos. Os resultados da pesquisa de posses de equipamentos elétricos e hábitos de uso apontam alguns resultados que apoiam esta teoria. Ao questionar a predisposição dos entrevistados para substituir o sistema de aquecimento elétrico por sistema de aquecimento solar, aproximadamente 12 % estaria dispostos a fazê-lo considerando o Brasil e cerca de 18% no Sudeste. Opostamente, aproximadamente 25% do entrevistados não apresentaram predisposição a trocar a eletricidade por aquecimento solar no Brasil, esse número é ainda maior no Sul do país, cerca de 47%. No Sul do Brasil existe um chuveiro elétrico em pelo menos 98,6% dos domicílios, e no Sudeste em cerca de 91%, conforme dados da pesquisa de posses de equipamentos elétricos e hábitos de uso. A hipótese é que no Sudeste há uma maior disseminação e conhecimento acerca da tecnologia, e de fato é o maior mercado do aquecimento solar no Brasil, e que no Sul os sistemas de aquecimento solar não estão bem disseminados, ou que o histórico de instalações no passado não contribuiu para a satisfação dos usuários, criando barreiras a sua disseminação. Relatos de representantes do setor de aquecimento solar de que no Sul prevaleceu uma onda de más práticas de instalação no final da década de 80 e na década de 90. Possivelmente contribuindo com a maior rejeição dessa tecnologia que no Sudeste. Verifica-se, portanto, que a baixa difusão tecnológica dos sistemas de aquecimento termosolar está diretamente ligada às condições distintas de competitividade nos mercados residenciais e industriais e serviços. O mercado residencial é atualmente atendido por tecnologias consolidadas e mais baratas, contudo de forma geral pobremente instalado, principalmente para reduzir custos iniciais e garantir maior atratividade e maior volume de venda. No setor de serviços as aplicações são diversas, assim como são diversas as barreiras existentes, conforme mencionadas nesse relatório, que contribuem para a baixa disseminação desta tecnologia neste Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 8 segmento. No mercado industrial, o retorno econômico da adoção deste tipo de tecnologia ainda não se justifica quando comparado às outras ações de eficientização energética de menor investimento que apresentam maior retorno financeiro, tais como iluminação, ar-condicionado, correção de fator de potência, dentre outras medidas. Um fato, no entanto, é comum aos três tipos de segmentos de mercado, há pouca disseminação de informações e conhecimento sobre a tecnologia, comprovando para o usuário final os reais benefícios sócio-econômicos do aquecimento solar. Este talvez seja o maior entrave do setor de aquecimento solar atualmente, não só no Brasil, mas a nível mundial. Uma barreira somente resolvível com campanhas informativas e de educação e desenvolvimento de tecnologia. B.2 Qualificação da cadeia produtiva do aquecimento solar no Brasil A cadeia produtiva de sistemas de aquecimento solar apresenta uma estratégia mais verticalizada na indústria de fabricação de equipamentos, incluindo desde a produção dos equipamentos, engenharia, comercialização, distribuição e instalação junto ao cliente final. A indústria é formada por empresas de médio porte e atuam nos mercados residencial, comercial (obras de médio e grande porte), prospectando e atendendo diretamente sem integração com outras estruturas empresariais. A implicação desta estrutura é a existência de fragilidades nos elos finais da cadeia, especialmente do ponto de vista de desenvolvimento de estruturas locais, capacitadas e organizadas para atender às demandas de projeto, comercialização, instalação e manutenção dos sistemas. As instalações de médio e grande porte, por exemplo, são dificilmente atendidas por empresas integradoras locais que distribuem/comercializam equipamentos e utilizam mão de obra local para os serviços de instalação e manutenção, pois concorrem diretamente com a indústria de equipamentos que regulam os preços de forma homogênea em todos os elos da cadeia produtiva. A sobrevivência destes pequenos negócios locais / regionais de comercialização e serviços (instalação e manutenção) passa a depender então da diminuição de margem de negociação com os clientes finais. Este contexto de necessidade de redução de custos das pequenas empresas locais implicou na queda de qualidade dos serviços de instalação e manutenção das instalações. Ou seja, a baixa agregação de valor destes serviços dificulta o investimento em capacitação e qualificação destas organizações empresariais, afetando o desempenho do sistema termosolar no mercado de aquecimento de água. Para superar estas barreiras, a indústria, o setor público, os pesquisadores, os agentes financeiros e as organizações não governamentais possuem ações com a finalidade de promover a capacitação da cadeia produtiva e criar uma base de sustentação para o desenvolvimento do mercado de aquecimento solar no Brasil. Tais ações de capacitação abordam as dimensões de qualificação de pessoal, certificação de mão de obra e de equipamentos, criação de capacidade laboratorial e normatização. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 9 Neste sentido valem destacar os Programas QUALISOL e ações do programa “CIDADES SOLARES”. O primeiro visa consolidar as boas práticas do aquecimento solar junto a revendedores e instaladores, concedendo um selo de qualidade e um certificado de garantia, para fabricantes, revendas e empresas instaladoras. Já o segundo tem como objetivo de mobilizar tomadores de decisão, principalmente no nível municipal, para a formulação e implantação de projetos de lei e outras políticas públicas de gestão da construção civil e ocupação do solo voltadas à promoção do uso de aquecedores solares em sua área de atuação. Embora sejam reconhecidamente importantes estas iniciativas são executadas de forma isolada e independente, sendo necessários recursos adicionais para alavancar as ações, ainda de baixa capilaridade e pequena escala nacional, de forma a alavancar a utilização dos sistemas solares para aquecimento de água. No que tange os programas de qualificação, os mesmos são normalmente implementadas por universidades e grupos de pesquisa, ligados ou não a programas governamentais, sem haver, necessariamente, um viés de mercado, ou ainda implementados pela própria indústria de aquecimento solar, neste caso voltado para suas pequenas redes de revendas e instaladores. No tocante do programa “CIDADES SOLARES”, coordenado pela ABRAVA e a ONG Vitae Civilis, com apoio do PROCEL/Eletrobrás, as ações são definidas, em geral, por um comitê local (municipal), com maior representatividade dos setores públicos e terceiro setor, e participação mais modesta do setor privado. Como resultado desse programa, diversas prefeituras, conforme explorado anteriormente no Produto II, aprovaram projetos com caractérísticas diferenciadas a cerca da utilização de sistemas de energia solar para aquecimento de água. Esse fato reforça que as ações são isoladas e de pequena abrangência e representatividade nacional, no entanto, projetos de Leis estão sendo aprovados com e sem concenso dos diversos agentes envolvidos, a exemplo do processo em curso na cidade de São Paulo. Ressalte-se que é importante que o plano ora desenhado some-se as ações de fortalecimento da cadeia produtiva já em curso pelos programas mencionados acima. Contudo, importante também que ações espontâneas sejam preservadas e que as lições aprendidas nesses processos retro-alimentem as discussões ainda necessárias, que seguirão após esse trabalho. B.3 Principais desafios das políticas públicas e do marco regulatório O Brasil possui diversas ações em curso com objetivo de construir um marco regulatório que crie um ambiente de negócios e de desenvolvimento propício para o segmento de eficiência energética, incluindo a energia solar térmica. São iniciativas normalmente públicas com participação do setor produtivo e terceiro setor por meio de consultas públicas e, por fim, a adequação dos seus produtos e procedimentos às normativas aprovadas. As iniciativas mais expressivas em termos de políticas públicas e de marco regulatório no tocante do setor de aquecimento solar baseiam-se em programas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e de eficiência energética (PEE), programas de Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 10 financiamento para aquisição de equipamentos, incentivos fiscais para a produção e comercialização de equipamentos e leis municipais para obras e edificações, entre outras. O primeiro destaque cabe à Lei no 9.991, de 2000, que obriga as concessionárias de energia investir anualmente 1% de sua receita operacional líquida em projetos de EE e P&D, 0,50% e 0,50%, respectivamente. No Brasil, os principais projetos residenciais de aquecimento solar foram financiados por esta Lei como programas de EE, focaram em residências de baixa renda e de interesse social, sendo instalados até 2006 aproximadamente 12.000 sistemas. Já os projetos de P&D na área de aquecimento solar, que totalizam metade dos recursos previstos pela Lei, são praticamente inexistentes. E os que existem, falham ao não promover uma interação maior entre indústria e universidade. Este sendo um dos principais gargalos ao desenvolvimento de equipamentos e processo produtivos para redução de preço de equipamentos. Adicionalmente, muitos dos projetos residenciais tendo ênfase em habitação para população de baixa renda, foram financiados com fundos da Caixa Econômica Federal (CAIXA) através do Programa de Arrendamento Residencial (PAR); Financiamento pelo programa FGTS – Carta de Crédito Individualizada; FGTS – Material de Construção: Construcard; FAT- habitação – Imóvel na planta; Recursos Caixa – Imóvel na planta. No entanto, um número significativo de sistemas de aquecimento solar é instalado em residências de classe média, resultado de decisões autônomas de compra, sem programas específicos de fomento (cerca de 90% dos projetos de aquecimento solar no Brasil são residenciais, segundo dados da PUC-MG / Green Solar). Adesão de outros orgãos públicos nesse segmento é crescente. Recentemente a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU-SP) anunciou a construção de cerca de 20 mil casas incluindo o aquecimento solar, a prefeitura de Salvador estuda alternativas semelhantes, assim como outras prefeituras no Brasil. Outro incentivo que tem sido aplicado neste setor é a renúncia fiscal de alguns Estados e da União por meio da redução do imposto ICMS a zero, conforme convênio ICMS 101/97 e 10/04, e a redução da alíquota do IPI a zero por meio do Decreto no 6248/97, Art. 32, Inciso 18. Esta é talvez a única medida direta para fomentar a utilização de sistemas de aquecimento solar no Brasil. Porém, é desconhecido o efeito real desta medida na redução dos preços para o consumidor final. Outro instrumento normativo que favorece o aquecimento solar são as legislações municipais configuradas pelos códigos de obra municipais que exigiem a instalação ou a preparação da rede hidráulica para instalação de coletores solares na construção e em reformas de edificações residenciais e comerciais. Alguns Municípios possuem leis em tramitação e ou já aprovadas, a saber: Varginha (Lei no 3.486 de 19 de junho de 2001), Birigüi (Lei no 4.507, de 30 de março de 2005), Porto Alegre (Lei complementar no 560, de 3 de janeiro de 2007), São Paulo (Lei no 14.459, de 3 de julho de 2007, que acrescenta o item 9.3.5 à Seção 9.3 – Instalações Prediais do Anexo I da Lei nº 11.228, de 25 de junho de 1992 (Código de Obras e Edificações), e dispõe sobre a instalação de sistema de aquecimento de água por energia solar nas novas edificações do Município de São Paulo), Belo Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 11 Horizonte (Lei no 1.045 de 02 de Agosto de 2006), Peruíbe no 001, de 18 de janeiro de 2007, dentre outras. Está em andamente a discussão em diversas outras capitais nacionais, como Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador, por exemplo. Por fim, destacam-se outros mecanismos normativos que compõem o marco regulatório como a regulamentação para certificação de prédios comerciais, e em paralelo o desenvolvimento da regulamentação para prédios residênciais. Outra medida em curso, captaniada pelo INMETRO, é a obrigatoriedade dos ensaios do PBE de Coletores Solares a partir de Janeiro de 2007, subsidiando as normas técnicas existentes e facilitando dimensionamento dos sistemas. Desde o início do processo de etiquetagem do PBE, já foram etiquetados cerca de 200 produtos de vários fabricantes. C. Justificativa: Benefícios Sócio-Econômico-Ambientais A tecnologia de aquecimento termosolar apresenta vantagens do ponto de vista ambiental, econômico e social. A introdução desta fonte na matriz energética brasileira substituindo as outras fontes convencionais resulta em benefícios ambientais, pois não implica em emissão de gases e materiais particulados que contribuem para a poluição urbana, não demanda a utilização de áreas alagadas adicionais para geração de hidroeletricidade além de não gerar passivos ambientais perigosos como o lixo radiativo. Os aquecedores solares de água são particularmente promissores já que a tecnologia é uma das mais simples e baratas fontes de energia renovável, com uma relação custo-benefício bastante favorável para a redução de emissões de gasesestufa e da poluição local causada pela queima de combustíveis fósseis. Segundo pesquisa encomendada pela ABRAVA, a instalação de 1 m2 de coletor solar para o aquecimento de água evita, dependendo do combustível substituído pelo aquecedor solar, o uso anual equivalenete a 215 quilos de lenha ou 66 litros de diesel ou 55 quilos de gás GLP. Segundo a mesma pesquisa, quando substitui aquecedores elétricos, cada 1 m2 de aquecedor solar evita a inundação de aproximadamente 56 m2 de terras férteis que seriam inundadas com a construção de novas hidrelétricas. A dimensão econômica destes benefícios constitui-se pela redução da demanda máxima instantânea de energia elétrica, principalmente no horário de ponta, reduzindo as pressões de investimentos do setor elétrico para aumento da capacidade de geração voltada ao atendimento de banho com água quente principalmente por meio de chuveiro elétrico, no mercado residencial e secudariamente no comercial. A substituição dos chuveiros elétricos por sistemas de aquecimento solar de água proporciona a redução de centenas de Megawatts (MW) de demanda energética no horário de ponta e milhares de Giga-hora (GWh) de energia economizada por ano. Referente ao período de 2006, o aquecimento solar retirou o equivalente a uma usina de 252 MW do horário de ponta (capacidade instalada de coletores solares). Esta “usina virtual” representa um investimento evitado de cerca de R$ 750 milhões para geração de energia elétrica equivalente à potência deslocada pela energia solar térmica (valor de referência é de R$ 3.000 / KW instalado). Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 12 Com relação às emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), principalmente o Dióxido de Carbono (CO2), considera-se para os cálculos um fator de emissão de 0,28 kg CO2 por kWh economizado. Dessa forma, com base nos resultados do setor de aquecimento solar no ano de 2006, as emissões evitadas de CO2, com a atual área instalada de coletores solares, é da ordem de 544.000 tonelados de CO2 por ano. Considerando um custo médio de 10 dólares por tonelada de Carbono, quantifica-se um mercado de US$ 5,5 milhões de crédito de carbono disponíveis. Essa análise é muito superficial, pois é necessário definir uma série de condições de contorno para viabilizar tais créditos, inclusive uma agência independente e certificada para verificar as instalações dos sistemas de aquecimento solar e garantir os créditos. Isso demanda ações estruturantes de longo prazo. Por fim, no ponto de vista social, destaca-se a geração de empregos por unidade de energia produzida uma vez que a tecnologia termosolar permite a modularidade de suas aplicações e a descentralização de sua produção. A cadeia produtiva dos sistemas termosolares é predominantemente formada por mão-de-obra intensiva, especialmente nos estruturas empresariais de instalação e manutenção de equipamentos. A versão mais aceita é que a tecnologia segue a mesma lógica da geração de empregos da indústria solar fotovoltaica e segundo estudo realizado pela ABRAVA, através de seus Departamentos de Economia e de Aquecimento Solar, o setor gera aproximadamente 55 empregos por MWth implantado. Mais informações sobre empregos gerados pela indústria de aquecimento solar no anexo 2 (dados compilados pela ABRAVA de estudo realizados pelo Prof. José Goldemberg). Algumas experiências piloto de projetos implementados no Brasil apresentam outros resultados sociais que demonstram os impactos positivos da adoção deste tipo de tecnologia, como a “Habitação Solar Sustentável”, executado pelo Green-Solar da PUC de Minas Gerais, em parceria com o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL / ELETROBRAS em 115 residência, sendo 100 com sistemas de aquecimento solar e 15 residências com chuveiros elétricos. O principal resultado deste projeto foi a quantificação do índice de redução do consumo de energia elétrica dos tipos diferentes de residências, com e sem aquecimento solar. Verificou-se uma redução de 45% do consumo de energia elétrica nos domicílios onde se instalaram os sistemas de aquecimento solar, comparados com os domicílios que não receberam o mesmo benefício e utilizam “chuveiros elétricos”. Dados de outros projetos realizados por diversas entidades, a exemplo do projeto da Light no Rio de Janeiro, comprovam que a utilização de aquecimento solar aumenta a renda familiar familiar e melhora a qualidade de vida da população. A LIGHT implementou um projeto de instalação de sistemas de energia solar residencial nos municípios do Rio do Janeiro e Baixada Fluminense, onde foram instalados cerca de 3.700 sistemas de aquecimento solar, com um investimento de aproximadamente R$ 8.4 milhões. Este projeto foi projetado para gerar uma Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 13 economia de energia anual da ordem de 3050 MWh e redução de demanda, principalmente no horário de ponta, de cerca de 2.500 kW. Segundo informação da LIGHT, a redução média na conta de energia elétrica após instalação de sistema de energia solar em residências de baixa renda foi de 30%. Isso representou uma economia direta de cerca de R$ 18 no orçamento familiar (algo em torno de 5% do SM). Ressalte-se que ainda de acordo com pesquisa, 80% dos beneficiados aprovam o projeto, o que indica alta aceitação da tecnologia nas camadas sociais de menor poder aquisitivo. O gráfico a seguir, apresenta a média de consumo de energia elétrica antes e após instalação de sistema de aquecimento solar na comunidade de Rio das Flores, RJ. Percebe-se uma clara redução do consumo de energia elétrica ao longo de todo o ano. Kwh Média do Consumo de Rio das Flores 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Pré-Instalação Meses Pós-Instalação O dinheiro economizado com a redução do consumo de energia elétrica foi aplicado 49,4%, para pagamento de outras despesas diretas da casa, 13,8% para pagamento de outras contas e 6,3% para remédios. Isso sinaliza que há aplicação preferencial da economia com energia em itens de consumo direto das famílias e, portanto, a energia solar passa a ser de grande importância para a economia familiar. Adicionalmente, 80% dos beneficiados aprovam o projeto, o que indica alta aceitação da tecnologia nas camadas sociais de menor poder aquisitivo. Estudos realizados pela CAIXA para avaliar o impacto financeiro sobre o financiamento do imóvel residencial para população de baixa renda apontaram que a introdução de aquecimento solar de água contribuiu para a diminuição de riscos de inadimplência devido a economia de energia elétrica gerada. Considerando que foram substituidos “chuveiros elétricos” com potência de 4.400 Watts, adotado 4 banhos diários com tempo médio de 12 minutos (dado da ABRAVA), reduz-se 3,52 kWh/dia, resultando numa economia mensal de energia elétrica de aproximadamente R$ 37,00. O que proporciona um retorno do capital em 46 meses, à taxa de 6% a.a. Adotou-se para efeito de cálculo o valor da tarifa de energia elétrica no valor é R$ 0,49574 por kWh. O custo médio instalado do sistema de aquecimento solar com capacidade de 200 litros e 2 metros quadrados por unidade familiar de 4 pessoas é de R$ 1.500,00. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 14 Conclusão, no Brasil, onde a matriz de energia elétrica é predominantemente de geração hidráulica, o uso de aquecedores solares traz aspectos macroeconômicos positivos, pois implica na postergação da necessidade de investimentos em novas infra-estruturas de geração, transmissão e distribuição. O benefício ambiental decorrente do emprego dessa tecnologia é mais facilmente apurável em termos da redução de áreas alagadas por barragens e, em menor escala, das emissões de CO2. Contudo, importante considerar que o cenário nacional é de crescimento da utilização de combustíveis fósseis para geração de energia elétrica, a partir de usinas termoelétricas. Do ponto de vista social destacam-se, portanto, a geração de empregos envolvidas na atividade de produção e serviços ao adotar-se essa tecnologia e o aumento de renda nas camadas sociais de menor poder aquisitivo com a economia na conta de energia elétrica. D. O Plano de Ação para o Programa Solar Brasil A finalidade do Programa, por hora chamado de “Solarbrasil”, é aumentar a eficiência energética no processo de aquecimento de água, principalmente quando o ganho está associado à substituição de chuveiros elétricos. Neste sentido, o recomenda-se que o MME trace como meta de economia de energia e redução de demanda os seguintes valores: • Energia economizada: 2.200 GWh/ano (em 2015) • Deslocar da ponta: 10.500 MW (em 2015) O objetivo específico é também de promover a ampliação da capacidade instalada de sistemas de aquecimento termosolar no Brasil pelo incremento porcentual da área de coletores instalados em domicílios brasileiros (m2 e GWt1) e por meio do incremento percentual da capacidade instalada de sistemas termosolar (MWt) por habitante. Recomenda-se, portanto, que o MME tracer as seguintes metas complementares para atingir os objetivos de economia de energia e redução da demanda até o ano de 2015, a saber: • Área acumulada de 15 milhões de m² de coletores solares. • Taxa de crescimento médio anual da área incremental de coletores instalados de 27%. • Capacidade instalada em coletores solares de 2.200 GWt. • Capacidade instalada em coletores solares de 5 MWt por 100 mil habitantes. • Domicílios atendidos: 3,7 milhões. 1 A potência de aquecimento é representada em termos de GW térmicos (GWt). Esta unidade referese, tão somente, à capacidade de geração de energia térmica e não guarda relação direta com a potência elétrica oriunda de usinas termelétricas. Para a Agência Internacional de Energia (IEA), cada m² de coletor equivale a 0,7 kWt. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 15 Para alcançar estes objetivos o Programa está estruturado em três componentes de resultados (descritos abaixo) com foco em três eixos: implementar políticas públicas e marco regulatório, qualificar a cadeia produtiva e desenvolver e difundir novas tecnologias. No Marco Lógico do Programa é apresentado no Anexo 1, onde se pode observar todo o plano de ação de forma estruturada, com metas, responsabilidades e orçamento. D.1 Aperfeiçoamento das Políticas Públicas e Marco Regulatório Este primeiro componente de resultado consiste na formulação e implementação de medidas governamentais (federal, estadual e municipal) sob a forma de legislação e mecanismos de regulação que promovam o mercado de sistemas termosolar. Para alcançar este resultado o Programa apoiará as seguintes atividades. D.1.1 Seminário Internacional Essa atividade consiste na realização de 1 (um) evento para 100% dos gestores públicos e técnicos das áreas da fazenda da União, Estados e Municípios, focando nos municípios com população acima de 100 mil habitantes. O objetivo do evento é apresentar os casos de sucesso sobre implantação de legislação tributária e de incentivos fiscais em outros países, que resultaram no aumento do uso da tecnologia termosolar e consequentemente economia de energia. Objetiva-se com esse evento sensibilizar legisladores a subsidiar mudanças necessárias na legislação pertinente para desonerar o custo de equipamentos, serviços e bens associados ao aquecimento solar de água. Os resultados indiretos esperados com esta atividade é de que legisladores estejam melhores informados de práticas de sucesso neste setor e que possam desenvolver instrumentos legais que permitam contribuintes de imposto de renda, pessoa física (IRPF) ou jurídica (IRPJ), ou mesmo contribuintes do imposto predial e territorial urbano (IPTU), utilizem benefícios fiscais pelo uso de sistema termosolar no aquecimento de água residencial e ou comercial; D.1.2 Elaboração e regulamentação de projeto de lei para compensação de renúncias fiscais Essa atividade consiste na elaboração e regulamentação de projeto de lei para compensação de renúncias fiscais implementadas pelos municípios e estados que concederem benefícios fiscais para utilização de sistemas termosolares. Essa atividade é complementar ao processo de sensibilização iniciado com o seminário internacional. A meta inicial dessa atividade é de que pelo menos um projeto de lei seja elaborado pela união visando a compensação da renúncia fiscal dos municípios e estados. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 16 D.1.3 Capacitação de Gestores Municipais O objetivo desta atividade é de realizar ações de capacitação e consultoria especializada para gestores municipais em normas e legislação de código de obras, de ocupação do solo e para etiquetagem voluntária de nível de eficiência energética de edifícios residenciais e comerciais, que promovam a utilização de sistemas termosolares. Inicialmente o foco seria nos municípios com mais de 100 mil habitantes, expandindo para municípios menores por meio da multiplicação de experiências bem sucedidas. A meta é capacitar 70% dos Gestores públicos dos Municípios (com mais de 100 mil habitantes) por meio de programa de educação à distância, além de receberem 40 h de consultoria jurídica e administrativa para elaboração de legislação de código de obras municipais e legislação correlata. D.1.4 Elaboração e Disseminação de Normas e Procedimentos: O objetivo dessa atividade é elaborar e disseminar normas e procedimentos para especificação de sistemas termosolares nas contratações de obras públicas. Inclui nessa atividade a consultoria especializada e produção gráfica e digital de normas e procedimentos para especificação de sistemas termosolares nas contratações de obras públicas. A meta é que 100% dos órgãos responsáveis por obras públicas conheçam as normas e procedimentos para contratação de obras públicas e que 100% das novas obras públicas (União, Estados e Municípios), onde haja viabilidade técnica, sejam contratadas contemplando o uso de sistema termosolar para aquecimento de água até 2015. D.1.5 Alteração na Lei do FGTS incorporando aquecimento solar Esta atividade consiste na elaboração de projeto de lei alterando a utilização do FGTS para encaminhamento e aprovação e regulamentação junto ao Congresso Nacional visando a utilização do mesmo para implantação de sistemas termosolar residencial. Espera-se que 100% dos beneficiários do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) possam utilizar os recursos para financiar a aquisição de sistemas de aquecimento de água termosolar em residências, independentemente do financiamento já realizado pela CAIXA e bancos privados. D.1.6 Alteração da Lei no 5.655/1971 e da Lei 10438/2002 Essa atividade consiste em revisão junto ao Congresso Nacional da Lei e regulamentação alterando a utilização dos recursos da Reserva Global de Reversão – RGR e da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE para incluir aquecimento solar como item financiável no âmbito dos programas de governo. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 17 Objetivo é viabilizar recursos a longo prazo para subsidiar o financiamento de sistemas de aquecimento solar que venha a ser implementados pelas concessionárias, em descontos nas contas de energia elétrica dos consumidores residenciais e comerciais que utilizam sistemas termosolares para aquecimento de água e obtiveram redução do seu consumo de enegia eletrica. D.1.7 Realização de plano de comunicação e marketing da Caixa (CEF) Essa atividade consiste em realizar campanhas de sensibilização, publicitária e de marketing junto ao público interno e os clientes da CAIXA com a finalidade de promover as linhas de financiamento para aquisição de sistemas termosolares residenciais. Espera-se executar com sucesso 100% das ações planejadas pela campanha publicitária e de marketing, com crescimento de 50% na utilização dos programas de financiamento para aquisição de sistemas termosolares para aquecimento de água. D.2 Qualificação da Cadeia Produtiva Este componente do Programa visa qualificar e integrar a cadeia produtiva visando corrigir as falhas de mercado, especialmente nos seus elos finais, formados pelos prestadores de serviços de instalação e manutenção e os profissionais de projetos como arquitetos e engenheiros civis. Neste sentido, propõem-se as seguintes atividades e resultados esperados. D.2.1 Realização de Cursos de Capacitação Profissional e Empreendedora esta atividade consiste na formação técnica e empreendora de prestadores de serviços de instalação e manutenção de sistemas termosolares para aquecimento de água. O objetivo é realizar 100 turmas de capacitação em todas as regiões brasileiras, envolvendo em torno de 2.000 (dois mil) profissionais habilitados e certificados em serviços de instalação e manutenção e qualificados na gestão do seu micro empreendimento; D.2.2 Implantação de portal do aquecimento solar A proposta desta atividade é de implementar um serviço de difusão de informações na Internet, dotado de um sistema de gerenciamento para atendimento das demandas de informação (workflow com processos de recebimento, tratamento e respostas). O portal dará suporte aos profissionais capacitados e terá como meta atender pelo menos 6.000 demandas de informação tecnológica englobando: esclarecimento técnico, referência bibliográfica, fornecedores, normas técnicas, etc para prestação de serviços por demandas e por informação técnica e tecnológica especializada. Para tanto, informação e conteúdo deverão ser criados e postos à disposição da sociedade. Naturalmente este portal poderá ser “hospedado” em algum sitio Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 18 vinculado ao sistema Eletrobrás, por exemplo, como parte integrante do portal do PROCEL (procelinfo). D.2.3 Sensibilização da Sociedade Essa atividade consiste da realização de campanha publicitária para sensibilização da sociedade sobre os benefícios e aplicação de sistemas termosolares. Essa atividade é fundamental para criar a massa crítica necessária para ganhos de escala. Espera-se induzir a disseminação e maior penetração do aquecimento solar no Brasil e incrementar o mercado voluntário que já adquire aquecimento solar independentemente de programas e incentivos fiscais. D.2.4 Capacitação de Profissionais de Projeto Essa atividade consiste na realização de cursos de aperfeiçoamento de no máximo 100 horas-aula para engenheiros e arquitetos em projetos e aplicações de sistemas termosolares para aquecimento de água em residências e aplicações comerciais. Essa atividade se soma aos esforços realizados pela ABRAVA com o processo de capacitação do Qualisol e iniciativas em curso do “Cidades Solares”. A meta do Programa é realizar cerca de 50 turmas do curso junto às universidades e faculdades de engenharia e arquitetura, espera-se que pelo menos 1500 estudantes (formandos) de engenharia e arquitetura participem do curso; D.3 Desenvolvimento e Difusão Tecnológica Este componente consiste na execução de atividades que estimulem o desenvolvimento de novas tecnologias para aquecimento de água termosolar, incluindo o processo de fabricação de sistemas termosolar, em cooperação com o setor produtivo visando a sua difusão e fortalecimento do mercado, por meio das seguintes atividades. D.3.1 Identificação de demanda e oferta tecnológica Essa atividade consiste na realização de eventos de identificação de demandas e oferta tecnológica para montagem de uma agenda de projetos de desenvolvimento tecnológico envolvendo o setor produtivo e as instituições e centros tecnológicos (ICT). O objetivo é realizar 10 eventos nos Estados que possuam ICT especializados em tecnologias termosolares com a finalidade de identificar 20 linhas de projetos de desenvolvimento tecnológico para produção de sistemas termosolares simplificados, com foco em soluções de baixo custo, e novas aplicações industriais e serviços que reduzam os custos de produção e melhorem a eficiência global dos atuais sistemas de aquecimento solar. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 19 D.3.2 Lançamento de Edital para Financiamento de Projetos Essa atividade consiste no aproveitamento de mecanismos de financiamento ao desenvolvimento tecnológico, Fundo Setorial – CTEnerg, coordenado pelo MCT/FINEP, para realizar chamadas públicas de projetos com linhas definidas nos eventos junto com os Institutos de Ciência e Tecnologia e setor produtivo. Espera-se apoiar 10 projetos de desenvolvimento tecnológico junto ao setor privado para produção de sistemas termosolar, obtendo um índice de 25% das empresas inovam em produtos e processos na produção de sistemas termosolares. E. Considerações Finais Conforme visto nos itens acima, o Plano de Ação deve se estruturar em três eixos para se alcançar as metas de eficientização energética utilizando os sistemas de aquecimento de água. Neste sentido, são consideradas as dimensões de políticas publicas de longo prazo, de financiamento e marco regulatório; desenvolvimento e difusão tecnológica; e, qualificação e integração da cadeia produtiva. Esse documento define e estrutura uma proposta de Programa com componentes de resultados e atividades interrelacionadas para alcançar estes objetivos. As atividades foram definidas após análise das características do setor de aquecimento solar e principais barreiras para o desenvolvimento desse mercado. Entende-se que o desenvolvimento do mercado de aquecimento solar trará resultados de eficiência energética desejosos ao setor de energia elétrica nacional. No entanto, para a execução exitosa deste Plano, faz-se necessário ainda se desenvolver algumas etapas do planejamento, a saber: 1. Definição da(s) organização (ões) para a gestão do Programa; 2. Definição do arranjo institucional, regulamentos e mecanismos (convênios e contratos) para operação e gestão do Programa; 3. Detalhamento de Termos de Referência para execução de todas as atividades previstas no Plano de Ação; 4. Elaboração de orçamento detalhado para execução das atividades; 5. Elaboração de cronograma físico e financeiro para execução de todas as atividades; 6. Definição de sistema de monitoramento e avaliação das metas e indicadores previstos no Programa. As atividades listadas acima demandarão envolvimento de profissionais especializados em cada uma das áreas específicas e estarão sujeitas a alterações de acordo com novas condições de contorno emergentes e definições do próprio MME e quais são áreas prioritárias e de interesse de ação. As atividades listadas não são exaustivas do ponto de vista de possibilidades de atuação do MME, mas sinalizam o entendimento do autor de que tais ações resultarão nos objetivos desejados de eficiência energética a partir da dessiminação da tecnologia termosolar para aquecimento de água. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 20 Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 21 F. Anexos F.1 Matriz de Marco Lógico para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar Plano de Ação para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar / Matriz de Marco Lógico Resumo Narrativo Indicadores Meios de Verificação 1. Finalidade 1. Índice de Economia de Energia: Diminuição do consumo de Balanço Energético Nacional (BEN) energia eletrica da ordem de 2.000 GWh/ano em 2015; Aumentar a eficientização energética no aquecimento de água pela utilização de sistemas termosolar 2. Valor de Potência Deslocada na Ponta: Demanda retirada da Agência Nacional de Energia ponta (usina hidroelétrica equivalente) da ordem 10.500 MW (ANEEL) até 2015; Premissas Cenários e condições de contorno da política energética sem grandes alterações com relação dados disponíveis em 2007; Politica pública implementada conforme definida em comum acordo com o conselho interministerial; 2. Propósito 1. Índice de Implantação de Sistema de Aquecimento Solar: Incremento porcentual médio anual da área de coletores instalados no Brasil em m2 de 27% até 2015; Promover a ampliação da capacidade instalada e penetração de mercado de sistemas de aquecimento termo-solar no Brasil. 1. Base de Dados da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) Crescimento populacioal nas mesmas taxas atuais ou maiores; 3. Número de Domicílios Atendidos: Quantidade de domicílios com sistemas implantados na ordem de 3,7 milhões até 2015, sendo a linha de base 600.000 em 2006; 2. IBGE Condições macro econômicas sem grandes alterações com relação dados disponíveis em 2007; 4. Índice de Penetração de Mercado: Capacidade instalada de sistemas termosolar de 5 MWt por 100 mil habitantes até 2015, em relação à Linha de Base ano 2006, que é de 1 MWt por 100 mil habitantes; 3. Base de Dados do Agência Internacional de Energia (IEA) 2. Valor da capacidade instalada: Quantidade de área instalada de coletores termosolar de 15.000.000 m2 (equivalente a 2 GWt ) até 2015; Crédito e financiamento disponibilizados para clientes finais. Resumo Narrativo Políticas Públicas e Marco Regulatório voltados ao desenvolvimento do mercado de sistemas termosolares formuladas e implementadas; Plano de Ação para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar Componente 1 (Políticas Públicas e Marco Regulatório) – Resultados Esperados Indicadores Meios de Verificação 1. Gestores públicos de 100% dos municípios brasileiros (com população acima de 100 mil habitantes) e Estados participam de seminário sobre experiências internacional de implantação de leis para promoção da tecnologia termosolar; 2. 10% dos municípios brasileiros (com população acima de 100 mil habitantes) elaboram projetos de lei prevendo benefícios fiscais no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) – para uso de sistema termosolar no aquecimento de água; 3. 15% de Municípios brasileiros (com população acima de 100 mil habitantes) implementam Legislação para Código de Obras que incentiva o uso de aquecimento termosolar em novas residências; 4. Aumentar em 50%, a partir da linha da base, a contratação de obras públicas (União, Estados e Municípios) aplicando o uso da tecnologia termosolar, nos casos que haja demanda por aquecimento de água. 5. Implantação de 150.000 m2 (10% da meta do programa) de sistemas termosolar residencias utilizando recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pelos beneficiários; 6. 10% dos recursos (considerando o desconto anual na conta de energia elétrica de R$ 300 / m2 instalado por domicílios certificados) que seriam destiandos à Reserva Global de Reversão – RGR e a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE utilizados como incentivo para o mercado; 7. 50% de crescimento na utilização dos Programas de Financiamento da Caixa Econômica Federal para aquisição de sistemas termosloares para utilização no aquecimento de água. Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 1. Lista de presença do evento 2. Bases de Dados da Secretaria da Receita Federal e Secretarias Municipais da Fazenda 3. Bases de Dados do Ministério das Cidades. Premissas Aprovação de Leis municipais incluindo benefícios fiscais compensatórios ao investimento em sistemas de aquecimento solar Ambiente politico propício a apravação de leis em parceria com o setor privado e terceiro setor. 4. Base de Dados das Secretarias de Administração de Estados e Municípios e Ministério do Planejamento 5. Base de Dados da Caixa Econômica Federal 6. Base de Dados do Ministério de Minas e Energia (Eletrobrás) e das Concessionárias de Distribuição de energia elétrica. 7. Base de Dados da Caixa Econômica Federal 23 Atividades Plano de Ação para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar Componente 1 (Políticas Públicas e Marco Regulatório) – Atividades Indicadores Responsável 1. Realização de Seminário Internacional sobre casos de sucesso de Políticas Públicas para incentivo do uso de aquecimento solar de água nas esferas: Federal, Estadual e Municipal; 2. Elaboração e regulamentação de projeto de lei para compensação de renúncias fiscais dos municípios que concederem benefícios fiscais para utilização de sistemas termosolares; 3. Capacitação e Consultoria para gestores municipais em normas e legislação de Código de Obras que promovam a utilização de sistemas termosolares; 4. Elaboração e disseminação de normas e procedimentos para especificação de sistemas termosolares nas contratações de obras públicas; 5. Revisão da Lei / regulamentação alterando a utilização do FGTS para implantação de sistemas termosolar; 6. Revisão da Lei / regulamentação alterando a utilização dos recursos da Reserva Global de Reversão – RGR e da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE; 1. Realização de 1 (um) evento para gestores públicos das áreas da fazenda da União, Estados e Municípios; 1. Ministério de Minas e Energia (MME) e Eletrobrás; 2. Elaboração de 1 (um) projeto de lei pela União. 2. Ministério de Minas e Energia (MME); 3. 70% dos Gestores públicos dos Municípios (com mais de 100 mil habitantes) participaram de programa de educação à distância e receberam 40 h de consultoria jurídica e administrativa para elaboração de legislação de Código de Obras Municipais; 4. 100% dos órgãos responsáveis por obras públicas conhecem as normas e procedimentos para contratação de obras públicas; 5. Legislação revisada e aprovada; 6. Legislação revisada e aprovada; 7. Realização de Campanha Publicitária (público interno e clientes) da Caixa Econômica Federal (CAIXA) para promoção de linhas de financiamento para aquisição de sistemas termosolares para aquecimento de água; 7. Execução de um plano de comunicação e marketing para promover as linhas de financiamento da CAIXA; Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 3. Ministério de Minas e Energia (MME)/Eletrobrás; Valores 1. R$ 100.000 2. R$ 50.000 3. R$ 1.000.000 4. R$ 100.000 4. Ministério de Minas e Energia (MME)/Eletrobrás 5. Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério de Minas e Energia (MME); 6. Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) 5. R$ 50.000 6. R$ 50.000 7. Caixa Econômica Federal 7. R$ 2.000.000 24 Resumo Narrativo Cadeia Produtiva qualificada e integrada para implantação de sistemas termosolares para aquecimento de água. Plano de Ação para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar Componente 2 (Cadeia Produtiva Qualificada e Integrada) – Resultados Esperados Indicadores Meios de Verificação 1. 2.000 (dois mil) profissionais são treinados e certificados em serviços de instalação e manutenção de sistemas termosolares para aquecimento de água e educação empreendedora; 1. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa; 2. Atendimento de pelo menos 6.000 demandas de informação tecnológica englobando: esclarecimento técnico, referência bibliográfica, fornecedores, normas técnicas, etc.; 2. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa; 3. Aumentar em 50% o percentual da população que tem conhecimento sobre os benefícios da tecnologia termosolar; 3. Pesquisa de opinão pública; 4. 1500 estudantes (formandos) de engenharia e arquitetura participam de um curso sobre projetos e aplicações de sistemas termosolares para aquecimento de água; Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 4. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa e Bases de Dados do Ministério da Educação; Premissas Competência em escolas profissionalizantes para capacitação em aspectos relativos a tecnologia de aquecimento solar Portal tecnológico operacional e divulgado entre os principais setores da sociedade Realização de campanhas de informação de forma profissional e apoiada em dados de pesquisa de mercado 25 Componente 2 (Cadeia Produtiva Qualificada e Integrada) – Atividades Atividades Indicadores Responsável 1. Realização de Cursos de Capacitação Profissional e Empreendedora para prestadores de serviços de instalação e manutenção de sistemas termosolares para aquecimento de água; 1. Realização de 100 turmas de capacitação em todas as regiões brasileiras; 1. Eletrobrás/ABRAVA/ SENAI/SEBRAE; 2. Implantação de Portal na internet para prestação de serviços de recebimento, tratamento e respostas por demandas por informação técnica e tecnológica especializada; 2. Implantação de um portal integrado com sistema de gerenciamento para atendimento das demandas de informação (workflow) ; 2. Eletrobrás/ABRAVA; 3. Execução de um plano de comunicação e marketing para induzir a disseminação da tecnologia termosolar no Brasil; 3. MME/Eletrobrás/ABRAVA; 3. Realização de Campanha Publicitária para sensibilização da sociedade sobre os benefícios e aplicação de sistemas termosolares; Valores 1. R$ 4.000.000 2. R$ 1.000.000 3. R$ 2.000.000 4. R$ 2.500.000 4. Eletrobrás 4. Realização de Cursos de Aperfeiçoamento (máx 100 h) para engenheiros e arquitetos em projetos e aplicações de sistemas termosolares para aquecimento de água; 4. Realização de 50 turmas do Curso junto às Universidades e Faculdades de Engenharia e Arquitetura; Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 26 Resumo Narrativo Novas Tecnologias para produção de sistemas termosolares desenvolvidas e difundidas em cooperação com o setor produtivo. Plano de Ação para Programa de Incentivo ao Uso de Aquecimento Solar Componente 3 (Desenvolvimento Tecnologico) – Resultados Esperados Indicadores Meios de Verificação 1. 20 demandas por projetos de desenvolvimento tecnológico para produção de sistemas termosolares simplificados (baixo custo) e aplicações indutriais e serviços são definidos e elaborados por Instituições e Centros Tecnológicos (ICT) em parcerias com o setor produtivo; 2. 15% das empresas inovam em produtos e processos de produção de sistemas termosolares; Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 Premissas 1. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa ; 2. Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa e Bases de Dados da ABRAVA; 27 Atividades Componente 3 (Desenvolvimento Tecnologico) – Atividades Indicadores Responsável 1. Realização de eventos de identificação de demandas e oferta tecnológica para montagem de agenda de projetos de desenvolvimento tecnológico envolvendo o setor produtivo e as instituições e centros tecnológicos (ICT); 1. Realização de 10 eventos nos Estados que possuam ICT especializados em energia renovável; 1. Ministério de Minas e Energia/Ministério da Ciência e Tecnologia/ /ABRAVA 2. Elaboração e lançamento de Edital para Chamadas Públicas para financiamento não-reembolsável de Projetos de Desenvolvimento Tecnológico (CTEnerg) das demandas identificadas nos eventos reallizados com os ICT e a indústria de produção de equipamentos; 2. 10 Projetos de Desenvolvimento Tecnológico em parceria com o setor privado são financiados pelos Fundos Setoriais (CT Energ); 2. Ministério da Ciência e Tecnologia/ FINEP/ABRAVA Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 Valores 1. R$ 300.000 2. R$ 5.000.000 28 F.2 Referências F.3 Indicadores sociais do aquecimento solar (RETIRADO DO RELATÓRIO DA ABRAVA SOBRE MERCADO DE AQUECIMENTO SOLAR, ANO BASE 2006.) A estruturação da indústria brasileira de aquecimento solar evidencia um dos aspectos socais positivos da tecnologia solar advindos da modularidade de suas aplicações, da descentralização de sua produção gerando mais empregos por unidade de energia. A tabela 4 mostra o número de postos de trabalho estimados na instalação, operação e na manutenção de equipamentos de geração de fontes de energia distintas. Postos de Trabalho anuais por Terawatt-hora 75 120 250 250 260 265 370 733 - 1.067 918 -2.400 3.711 - 5392 29.580 - 107.000 Fonte Nuclear PCHs Gás Natural Hidroeletricidade Petróleo Petroleo Offshore Carvao Lenha Eólica Álcool Solar( Fotovoltaica) Figura 9 – Postos de trabalho gerados por diferentes fontes de energia Fonte: Goldemberg,J. Coelho, S.T; Nastari, P.M.; Lucon,O. Ethanol learning curve- the Brazillian esperience A tecnologia termossolar segue a mesma lógica da geração de empregos da indústria solar fotovoltaica e segundo estudo realizado pela ABRAVA-Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, através de seus Departamentos de Economia e de Aquecimento Solar, o setor gera aproximadamente 55 empregos por MWth implantado, conforme mostrado na figura 10. Empregos Gerados por ano no Setor de Aquecimento Solar 20.000 18.480 18.000 16.722 16.000 14.980 15.194 Número de Empregos 14.000 11.935 12.000 10.000 12.462 10.010 8.000 Empregos gerados por ano 6.000 4.000 2.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Produto III – Relatório de Consultoria – Projeto PNUD BRA 01/039 - Agosto 2007 30