COMISSÃO DE INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA REGIONAL COMITÊ NACIONAL BRASILEIRO V CIERTEC - SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO DE PERDAS, EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA E PROTEÇÃO DA RECEITA NO SETOR ELÉTRICO Área de Distribuição e Comercialização Identificação do Trabalho: BR-26 Maceió, Brasil, Agosto de 2005 INCREMENTO DO FATOR DE CARGA DE EMPRESAS DE ENERGIA ELÉTRICA COM BASE NO CONTROLE DIRETO DE AQUECEDORES DE PASSAGEM Tema: 3- Eficiência Energética Autor/es: CÉSAR A. PORTOLANN* (CEFET-PR) Depto Eng. Elétrica – UFSC – CTC - LABSPOT Trindade, 88040-900, Florianópolis, SC Fone/fax: (48) 331 9593 / 331 9280 E-mail: [email protected] JORGE M. CAMPAGNOLO (UFSC) Depto Eng. Elétrica – UFSC – CTC - LABSPOT Trindade, 88040-900, Florianópolis, SC Fone/fax: (48) 331 9437 E-mail: [email protected] Empresa ou Entidade: CEFET-PR e UFSC PALAVRAS-CHAVE: Fator de carga, Eficiência energética, Adiamento de investimentos, Consumidor residencial, Gerenciamento de cargas. DADOS DO AUTOR RESPONSÁVEL Nome: César A. Portolann* Cargo: Depto Eng. Elétrica – UFSC – CTC – LABSPOT Endereço; Depto Eng. Elétrica – UFSC – CTC – LABSPOT Trindade, 88040-900, Florianópolis, SC Telefone: Fone/ +(55-48) 331 9593 Fax: +(55-48) 331 9280 E-Mail [email protected] RESUMO De um modo geral, os consumidores residenciais contribuem para reduzir o FC das concessionárias de energia elétrica, através da utilização de chuveiros elétricos. O consumo destas cargas é relativamente baixo, conduzindo a pouca arrecadação com elas, mas por outro lado, exigem que as empresas mantenham seus equipamentos dimensionados para atender demanda alta por curto período de tempo. Assim, administrar o uso destes aparelhos de forma que a curva de carga torne-se mais plana, conduz a uma demanda máxima menor, permitindo que os investimentos das companhias possam ser adiados, e os custos reduzidos. Para que este gerenciamento seja possível e haja garantia de eficiência, a ação sobre os aparelhos deve ser automatizada o quanto possível, não permitindo que o usuário desative a medida aplicada. Como é óbvio que este tipo de usuário reduz o FC, o diagnóstico energético pode ser dispensado. Este trabalho consiste da discussão de medidas práticas para reduzir a potência de aquecedores elétricos de passagem, deslocar o seu uso para fora da ponta da curva de demanda, ou aumentar a diversidade. O alvo são então os consumidores residenciais com alimentação monofásica. São deduzidas expressões gerais que estimam o novo FC de uma determinada empresa, resultante da ação sobre os aquecedores. São discutidos 18 tipos de ação, onde a atratividade de cada uma vai depender das características das companhias, como por exemplo, da sua localização (região fria ou quente). Também são apresentados os percentuais de redução de potência de cada tipo de ação, referente a um aparelho de aquecimento. Quase todas as ações avaliadas, caracterizam-se como controle de demanda (CD), ou seja, tem o objetivo de restringir a carga (no caso com dispositivos de baixo custo), depois de feito o contrato com o consumidor. Algumas ações de tipo indireto também são comentadas como complemento. As medidas são: (1) relé horário no chuveiro, (2) disjuntor subdimensionado, (3) disjuntor subdimensionado + relé horário, (4) retificador ½ onda a diodo, (5) diodo + relé horário, (6) retificador ½ onda controlado com SCR, (7) controlador de tensão CA ou Gradador, (8) em rede com tensão 127 V, usar chuveiro 220 V, (9) controlador de demanda econômico, (10) temporizador, (11) aquecedor solar, (12) aquecedor solar + dispositivo de controle, (13) aumento simples de tarifas, (14) tarifa diferenciada (TD), (15) TD + dispositivo de controle, (16) TD + desligamento do chuveiro, (17) rodízio no uso dos chuveiros e (18 ) TD + rodízio no uso. A natureza da maioria das ações propostas, e o fato de que a atuação é focada no equipamento aquecedor e não na instalação elétrica, conduzem à vantagem adicional de praticamente não implicar em perda de receita para as empresas, porque o consumo da instalação elétrica será pouco alterado. A proposta também se constitui em uma alternativa para as empresas atenderem a cláusula de concessão que exige investimentos em eficiência energética. A transmissão e a geração são favorecidas indiretamente. Uma comparação entre as medidas é ilustrada em um quadro-resumo. 1 1. INTRODUÇÃO (baseadas no princípio de GLD), não recaiam na questão da perda de receita. Considerando isto, as ações propostas se constituem em uma contribuição para que as empresas: - melhorem o seu FC; - possam implantar programas do tipo gerenciamento de demanda, e usufruam das suas vantagens, sem perda de receita; - atendam às solicitações contratuais. Essa contribuição é traduzida na discussão de medidas práticas, que tem como alvo principal, a classe residencial de baixa renda. Este tipo de consumidor tem o consumo de energia elétrica muito baixo, e carga elevada na ponta, cujo exemplo mais comum é o chuveiro elétrico. Atualmente, no Brasil, o aquecimento de água contribui com apenas ¼ do consumo de energia elétrica do setor residencial, por meio de aproximadamente 20 milhões de aquecedores elétricos de passagem, espalhados por todo país. Isso, juntamente com os sistemas de iluminação, contribui para a formação do pico de demanda de potência. Em resumo, com este tipo de consumidor arrecada-se pouco, mas é necessário estar preparado para atender uma alta demanda por curto período de tempo. Obviamente, isso ajuda empobrecer o FC global da concessionária. A maioria das ações avaliadas, caracterizam-se como controle de demanda (CD), ou seja, tem o objetivo de restringir a carga, através de dispositivos tais como disjuntor subdimensionado, relé horário e uso de semicondutores, visando a limitação de potência máxima demandada pela unidade consumidora. Não há necessidade, mas se for conveniente para a empresa, algumas das medidas a serem discutidas, podem ser utilizadas em conjunto com esquemas de telemedição/controle. Sugere-se que elas sejam implementadas de modo discreto (controle local), porque assim a confiabilidade é mais alta, a simplicidade fica assegurada, a mão de obra de implantação e manutenção pode ser menos qualificada. As empresas que formam a Indústria de Eletricidade tem enfrentado certas dificuldades, a saber: i – Atender a cláusula de investimento de 1% da receita anual, que faz parte do contrato de concessão; ii – Dentro desta primeira questão, existem uma série de resistências à implementação de ações do tipo Gerenciamento pelo lado da demanda (GLD), principalmente porque as ações tradicionais de GLD, geralmente levam à uma redução de receita. iii – Faltas de alternativas para melhorar o fator de carga. Os benefícios que um fator de carga alto trás são bem conhecidos. Os exemplo típicos são: adiamento da necessidade de investimentos para a ampliação de suas instalações, para atender as solicitações de picos de carga; redução de perdas ôhmicas; melhor regulação de tensão e redução do risco de déficit de potência. Oferecer meios para uma solução ótima e simultânea para estas três questões, é o objetivo principal deste trabalho. Os conceitos fundamentais serão apresentados aqui, na profundidade que nos será útil para este fim. Como veremos, as medidas tratadas podem ser utilizadas puras, ou então combinadas umas com outras. Também, não é comentada a política de implantação destas medidas, por fazer parte de uma segunda instância do projeto. É óbvio que existem muitos tipos de incentivo viáveis. Para melhorar o Fator de Carga, podese lançar mão de várias alternativas, sendo que uma classe importante de soluções é o gerenciamento pelo lado da demanda (GLD). Porém muitos procedimentos clássicos de GLD, acarretam perda de receita de modo significativo, fazendo com que as concessionárias vejam com muita cautela as ações desta natureza. Foi tomado cuidado para que as medidas ilustradas neste trabalho 2 2. POTENCIAL DE FATOR DE CARGA MELHORIA DO horas, que corresponde ao número de horas de um mês médio, ou seja, 8760 horas anuais dividido por 12 meses. Neste trabalho será abordado o FC diário, para melhor evidenciar a ação dos dispositivos propostos. A Figura a seguir ilustra o tempo típico diário de uso do chuveiro elétrico por uma pessoa, e as demandas máximas antes (Dmax1) e depois (Dmax2) da redução de potência do aparelho. Ton é o tempo médio de uso diário do chuveiro para uma pessoa. 2.1 Generalidades As considerações desta seção tem o objetivo de revisar as questões pertinentes ao fator de carga. A preocupação de uma concessionária com o fator de carga, é justificada pela sua limitação na capacidade de atendimento, que por sua vez é função da potência instalada da empresa. O fator de carga está relacionado intimamente com isso, pois ele é o índice obtido através da relação entre a demanda média e a demanda máxima, observada durante um intervalo de tempo definido, podendo ser expresso pela seguinte fórmula: D Demanda média = m Demanda máxima D max Dmax1 100 90 80 70 Demanda (%) FC = 110 (1) É bem conhecido que a demanda média é a relação entre a energia elétrica consumida durante um período de tempo qualquer, e o número de horas deste período, e pode-se concluir que o fator de carga é determinado pela relação entre o consumo de energia elétrica (kWh), e a demanda máxima medida (kW), multiplicada por um período de tempo definido (T). 60 Dmax2 50 40 30 Ton 20 10 T= 24Hs 0 15 16 17 18 Tempo(Hs) 19 20 21 Fig. 1 – Demandas máximas e tempo de uso do aparelho. Supondo que o consumo é praticamente inalterado, pela redução da potência do chuveiro, a demanda média depois da ação é a mesma que antes: Energia kWh Tempo FC = = (2) Demanda máxima T x kW Para melhorar o fator de carga, existem três opções: D m2 = D m1 = D m i – Conservar o atual consumo, e reduzir a parcela correspondente à demanda; ii – Conservar a demanda atual e aumentar o consumo; iii – combinar os dois fatores acima. Dm = Ton x Np D max T (3) (4) onde Np é o número de pessoas que usam determinado aparelho por dia. Por exemplo, para o caso da ação do item 3.2 (vide seção 3): O fator de carga mais comumente utilizado é o mensal, e a demanda é a máxima registrada por medição, no mês considerado. O intervalo de tempo é de 730 1 D max2 = D max1 2 3 (5) Então, O novo FC diário da concessionária poderá ser estimado com o seguinte procedimento: Ton Np D max1 FC 2 ≅ T 1 D max1 2 (6) D max2 = D max1 - E o FC diário de um aparelho será: D max1 - (7) (8) onde: FC1 = Fator de carga original e p = percentual previsto de redução da demanda (número adimensional que varia de 0 a 1). FC 2 = Esta expressão dá origem ao diagrama plotado a seguir, onde fica notória a melhoria do fator de carga com a redução da demanda. i =1 (P1i - P2i ) 1800 MW 5000 MW - 700000(4600 - 2300) Este resultado poderia ser também obtido através do uso do diagrama da Figura 2, onde 0.9 0.8 0.7 FC1 = 0.6 0.5 1800 MW = 0,360 5000 MW 0.4 e o coeficiente de redução de carga é: 0.3 0.2 Fatores de carga melhorados 0.1 0 Np 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 Coeficiente de redução de carga 0.8 0.9 (10) FC2 = 0,531 1 Fator de Carga Np (9) 2.2 Exemplo numérico O exemplo a seguir ilustra como o FC de uma empresa pode ser melhorado. Uma Distribuidora de energia elétrica possui 175000 aparelhos com potencial para implantação de alguma medida para redução da demanda máxima. Considera-se que em média 4 pessoas utilizam uma vez por dia cada chuveiro. A sua demanda média é 1800 MW, enquanto a demanda máxima é 5000 MW, as potências máximas de cada aparelho é 4600 W antes e 2300 W depois da redução. De modo genérico, pode-se utilizar a expressão a seguir, para estimar o fator de carga melhorado – FC2, a partir da redução da demanda máxima, considerando que o consumo não foi alterado. FC1 1- p (P1i - P2i ) onde P1i e P2i são as potências máximas de cada aparelho antes e depois da aplicação das medidas, respectivamente. Esta expressão reflete muito bem o novo fator de carga, que no caso é aproximadamente o dobro daquele antes da redução da potência do aquecedor. Np geralmente é pequeno, em torno de 4. FC 2 = i =1 Dm FC 2 = T Np FC 2 ≅ 2 on T Np 1 p= Fig. 2 – Melhoria do fator de carga. 4 i =1 (P1i - P2i ) D max1 = 0,322 . 3. MEDIDAS PARA MELHORAR O FC DE CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA desvantagem pode-se mencionar a redução do consumo e da receita relativa ao chuveiro funcionando com potência máxima. Conforme comentado, as ações focalizam o aquecedor elétrico de passagem, mas podem ser adaptadas naturalmente para outros tipos de carga. As expressão e Figuras a seguir, quantificam e ilustram respectivamente as medidas. Fig. 4 – Disjuntor subdimensionado. 3.1 Relé horário no chuveiro A utilização de um relé horário, se justifica porque ele abre fisicamente o alimentador do chuveiro, nos horários de ponta. Ele é interessante porque somente desloca a carga alta da ponta, não reduzindo o consumo. P2 = P1 0 (fora da ponta) (na ponta) 3.3 Disjuntor subdimensionado + relé horário Se for deduzido que a venda dos kWh gastos pelo chuveiro é bastante significativa, então as duas medidas relacionadas acima, podem ser combinadas, reunindo as vantagens de cada uma. Na prática, o relé horário comuta, inserindo o disjuntor existente nos horários fora da ponta, ou o disjuntor subdimensionado, na ponta. A Figura 5 ilustra o esquema. Neste caso, o funcionamento do chuveiro com potência máxima, só não é permitido na ponta. (11) Fig. 3 – Relé horário no chuveiro. P2 = 3.2 Disjuntor subdimensionado A substituição do disjuntor existente no “padrão de entrada de energia”, por um subdimensionado de modo coerente, obviamente não permite o funcionamento do chuveiro com a potência máxima, ou seja, na posição “quente”, contribuindo para a redução do pico de demanda. Se a resistência relativa à posição “morno” é o dobro daquela relacionada à “quente”, então a expressão da nova potência máxima é: P2 = 1 P1 2 P1 1 P1 2 (fora da ponta) (na ponta) (13) Fig. 5 – Disjuntor subdimensionado + relé horário, para instalação de 220 V. 3.4 Retificador ½ Onda a diodo Um diodo em série com uma carga resistiva, tal como um chuveiro elétrico convencional, tem a propriedade de reduzir a potência máxima da carga, pela metade. O esquema abaixo representa a utilização do diodo. A expressão que segue refere-se ao uso do diodo será: (12) As vantagens desta aplicação são: baixo custo, retorno financeiro rápido, requer pouco tempo para a instalação, e por estar situado e lacrado dentro da caixa de medição, tem o seu funcionamento assegurado. Como 5 P2 = 1 P1 2 (14) P2 = V2 1 1 ( - + sen (2 2R 2 ) (16) onde: V = tensão aplicada no aquecedor, R = resistência elétrica do aquecedor, α = ângulo V de disparo do SCR, e P1 = 2 . 2R Fig. 6 - Retificador ½ onda a diodo. A eficiência é assegurada, porque a potência solicitada, no máximo atinge a metade da potência máxima do chuveiro. Além disso, existe a chance de que em dias com temperatura amena, o usuário reduza a potência contribuindo para reduzir o pico de carga. As principais vantagens são: custo compatível, pequeno tempo de intervenção e retorno financeiro em um prazo não muito longo. Como desvantagens cita-se: Alta emissão de ondas harmônicas na rede e a necessidade do uso de um lacre, ou fiscalização. A Figura 10 mostra a variação de P2 com o ângulo α. 3.5 Diodo + relé horário Neste caso, o diodo entra em ação somente no horário de ponta. Fig. 7 - Diodo + relé horário A nova potência será: P2 ≅ P1 1 P1 2 (fora da ponta) (na ponta) (15) 3.7 Controlador de tensão CA ou Gradador Para que este princípio de controle tenha uma maior aceitação, pode-se fazer com que a potência entregue ao chuveiro seja maior que a metade da potência nominal, e mesmo assim obter vantagens. Para isto, deve-se limitar a potência, por exemplo em da potência máxima possível, limitando a faixa inferior do ângulo de disparo α. 3.6 Retificador ½ Onda controlado com SCR A temperatura da água pode ser controlada pela redução da potência entregue ao chuveiro, e não pela variação da vazão, como é feito normalmente. A Figura que segue retrata o circuito referente a esta medida. Fig. 9 - Controlador de tensão CA ou Gradador Fig. 8 – Retificador ½ onda controlado. Neste tipo de configuração a potência fica regida pela expressão apresentada a seguir. A expressão e o diagrama seguintes ilustram a potência P2 variando com o ângulo α. Foi considerado um chuveiro de potência nominal P1 = 4600 W (inclusive para o item 3.6) 6 P2 = V2 1 1 ( - + sen (2 R 2 Neste caso, P1 = ) A sua ação consiste em aumentar o fator de diversidade, ou seja, reduz a quantidade de chuveiros operando simultaneamente. Como o nome sugere, ele atua no período de utilização, e não na potência entregue à carga. É necessário um estudo específico para estimar a sua contribuição na redução do pico de demanda. Na prática, para haver um efeito de redução de demanda, deve-se ajustar o temporizador para permitir a operação do aparelho em um período inferior à media. Por exemplo, se a média de uso é de 15 minutos por pessoa, o ajuste de tempo deverá ser de por exemplo, 12 minutos. Depois desse tempo, existirá uma carência de, por exemplo, 7,5 minutos para o aparelho voltar a operar, garantindo que uma pessoa não use dois ciclos seguidos de operação do chuveiro. (17) V2 R 5000 4500 Potência de saída (W) 4000 Gradador 3500 3000 Retificador 1/2 onda controlado 2500 2000 1500 1000 500 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Ângulo de disparo alfa (rad) 3 3.5 Fig. 10 – Potência x ângulo α. 3.8 Em rede com tensão 127 V, usar chuveiro 220 V Em regiões tipicamente quentes, como o Nordeste, Centro-oeste e Norte do Brasil, e desde que a tensão de alimentação residencial seja 127 V, pode-se utilizar a prática de usar chuveiro com tensão nominal de 220 V. Isto reduz a potência máxima solicitada pelo aquecedor para da nominal, supondo que a resistência seja constante. 1 P2 ≅ P1 3 3.11 Aquecedor solar O Aquecimento Solar destaca-se como uma das alternativas para redução da demanda no horário de ponta, devido ao seu potencial na substituição da energia elétrica como fonte de aquecimento de água. Além de proporcionar um banho até mais confortável que o chuveiro elétrico, o uso do aquecedor solar de água diminui em média 35% o consumo de energia elétrica numa residência. (18) 3.9 Controlador de demanda Poderia-se também avaliar a utilização de um controlador de demanda, cuja versão deveria ser baseada no controle de fase. O funcionamento basicamente seria o seguinte: quando a demanda da concessionária tendesse a ultrapassar o valor pré-definido o controlador de demanda reduziria a potência entregue aos aquecedores contratados. Isto não impede que estas cargas sejam utilizadas durante o período de pico, porém com potência reduzida. Na prática seria um gradador de tensão com controle automático. Fig. 11 – Combinação de chuveiro com aquecedor solar. Um aparelho destes, se paga com a economia proporcionada entre seis meses e dois anos, dependendo do tamanho. A aplicação do aquecedor solar pode ir além do aquecimento de água para banho e pode também ser utilizado na lavanderia, cozinha e até para aquecimento de piscinas. Praticamente sem necessitar de manutenção, apenas de uma limpeza a cada 3.10 Temporizador 7 3.14 Tarifa diferenciada (TD) O sinal econômico emitido através das tarifas produz resultados significativos. A idéia principal aqui, é fazer o consumidor deslocar o seu consumo (no caso, a utilização do aquecedor de passagem), para períodos onde o custo é mais baixo – fora da ponta. seis meses nas placas coletoras, o aquecedor solar tem uma vida útil maior que 10 anos. Outras vantagens do aquecimento solar, é que utiliza uma fonte de energia gratuita, limpa e inesgotável, o Sol. Também é ecologicamente correta, pois não polui. Quando a insolação não for suficiente, o aquecimento é complementado por um sistema auxiliar elétrico, uma vez que a água já poderá estar pré-aquecida. Esse sistema fica desligado, e é acionado somente quando for necessário. Ao invés de elétrico, o aquecedor auxiliar pode ser a gás. O próprio chuveiro elétrico pode ser uma alternativa de aquecimento nos dias de pouco sol, desde que tomadas as precauções para não contribuir para o pico de demanda. No anexo 2 é visto um esquema de aquecedor solar. 0 < P2 < P1 3.15 Tarifa diferenciada + dispositivo de controle É importante que a utilização de uma TD esteja vinculada a um CD, para que a eficiência seja garantida, ou seja, que dê certeza que o pico de demanda será eliminado. 3.16 Tarifa diferenciada + eliminação do chuveiro Uma versão da medida do item 3.15, é a desconexão física do chuveiro. Naturalmente que para ser validada, ela deve ser compensada com uma tarifa diferenciada (TD). As vantagens são investimento mínimo, com retorno rápido e tempo de intervenção pequeno. As desvantagens consistem em perder a receita relativa a esta carga. Por outro lado, também existe a necessidade de usar um artifício para evitar o religamento não autorizado, tal como um lacre, fiscalização, relé subdimensionado, etc. A potência da instalação residencial evidentemente fica muito reduzida, se comparada com aquela anterior. (19) 3.12 Aquecedor solar + dispositivo de controle A combinação de ações resulta em uma medida de melhor eficiência que as suas componentes. É o caso da junção do aquecedor solar com algum dos outros dispositivos 0 < P2 < P1 (20) 3.13 Aumento ordinário das tarifas Sabe-se que as tarifas de energia elétrica podem atuar tanto como estimuladores como inibidores do consumo. É baseado nisso que o incremento dos valores da tarifa residencial , age indiretamente, podendo induzir a um uso mais racional da energia. Com relação ao chuveiro elétrico, existe a grande possibilidade do usuário ser induzido, a manter o mesmo na posição “morno” (aproximadamente a metade da potência máxima). P2 ≅ 1 P1 2 P2 = 0 W (22) 3.17 Rodízio no uso dos chuveiros O rodízio aumenta artificialmente o fator de diversidade dos aparelhos, o que reduz a componente do pico de demanda relacionada aos chuveiros. Em outras palavras, significa pré-estabelecer horários para o uso de cada chuveiro. Isto pode ser implementado com microcontroladores populares de baixo custo. 3.18 Tarifa diferenciada + Rodízio no uso (21) 8 Trata-se da reunião da TD com o rodízio, de modo a obter uma alternativa mais efetiva que as suas componentes. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS [1] – Raad, A., et tal, O mercado de gerenciamento pelo lado da demanda no Brasil: controladores de demanda e tarifas diferenciadas, XVI SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Campinas, SP, 2001. [2] Mendonça, M. A. R., Gerenciamento pelo lado da demanda – Métodos direto, indireto e incentivado, XV SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Foz do Iguaçu, PR, 1999. [3] – Elias, C., et tal, Diagnóstico energético e gestão de energia em indústrias de pequeno e médio porte, XVI SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Campinas, SP, 2001. [4] Pimentel, G., et tal, Atitudes do consumidor brasileiro quanto à conservação de energia elétrica, XV SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Foz do Iguaçu, PR, 1999 [5] Barbi, I, Eletrônica de Potência, Livro, Ed. Da UFSC, Florianópolis, 1986. [6] – Depto Técnico da Cia. Energética de São Paulo (CESP), Manual prático do fator de carga, Revista Mundo Elétrico, Abr/Mai, 1982. 4. CONCLUSÕES Antes de mais nada, as medidas se constituem em uma oportunidade, para aproveitar racionalmente a disponibilidade de energia, quer por parte da empresa, quer por parte do consumidor, que poderá ter sua conta de luz ainda mais reduzida. As ações comentadas, se bem selecionadas, adiam a necessidade da empresa ampliar suas instalações, evitando custos e mantendo a confiabilidade da sua rede. Ainda, permitem a comercialização do “excedente” de potência originado com o programa de eficiência energética. A escolha acertada da medida (ou medidas) a ser implantada, pode permitir que a concessionária utilize programas de GLD, sem reduzir a receita. Finalmente, estas ações podem contribuir também, para um melhor relacionamento entre os vários setores da concessionária: produção (ou transmissão/distribuição), manutenção e finanças, visto que cada qual luta por atingir as suas metas. 9 ANEXOS Anexo1 – Quadro comparativo das medidas (Estimativa) Item Medida Eficiência Custo Aceitação 1 2 Relé horário Disjuntor subdimensionado Relé horário + disjuntor subd. Diodo Diodo + relé horário Retificador controlado Gradador Tensão 127 V, usar chuv. 220 V Controlador de demanda Temporizador Aquecedor solar Aquecedor solar + outro dispositivo Aumento da tarifa Tarifa com componente de demanda Tarifa diferenciada + dispositivo Tarifa diferenciada + eliminar chuveiro Rodízio Tarifa diferenciada + Rodízio Ótima Ótima Médio Baixo Boa Média Ótima Médio Ótima Bom Ótima Ótima Baixo Médio Média Ótima Ótima Médio Ótima Ótima 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Retorno Tempo de financeiro retorno Bom Médio Bom Rápido Emissão de harmônicas Nula Nula Local do dispositivo Medidor Medidor Vantagens gerais Boas Boas Médio Nula Medidor Boas Bom Bom Rápido Médio Média Média Chuveiro Chuveiro Boas Boas Média Bom Médio Alta Chuveiro Médias Médio Baixo Boa Ruim Bom Bom Médio Rápido Alta Nula Chuveiro Chuveiro Boas Boas Ótima Alto Média Médio Alto Nula Medidor Médias Boa Ótima Boa Médio Alto Alto Média Boa Ótima Médio Médio Ruim Médio Alto Alto Nula Nula * Chuveiro Chuveiro * Médias Médias Médias Ruim Baixo Ruim Bom Rápido Nula --- Poucas Razoável Alto Média Bom Alto Nula Medidor Médias Ótima * Boa * * * * Médias Ótima Baixo Ruim Médio Rápido Nula Chuveiro Poucas Ótima Ótima Média Média Média Média Bom Bom Médio Médio Nula Nula ----- Boas Boas * Depende do dispositivo adotado. Obs: As afirmações relacionados no quadro foram estabelecidos de modo empírico, existindo obviamente uma tolerância em torno destes conceitos. Anexo 2 - Esquema típico de aquecedor solar (Fabricante Brasileiro) Fig. A1 – Esquema básico de um aquecedor solar. 10