Informação Complementar: ♦ EMMANUEL da COSTA CORREIA (passagens da publicação “Emmanuel Correia – A história e a arte de ser pessoa”, da autoria de Joaquim Sarmento e edição do Núcleo de Naturais do Concelho de Aljezur da Casa do Algarve do Concelho de Almada) “Nasceu em Odeceixe, concelho de Aljezur, em 1936, tendo falecido em 2003 com 67 anos de idade. Licenciou-se em belas artes pela E.S.B.A.L., secção de Ciências Pedagógicas, e em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, tendo ainda obtido o grau de Mestre em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professor do Ensino Primário, mais tarde professor do Ensino Secundário e exerceu ainda funções docentes na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Viajou pela Europa fora tomando contacto com a cultura autóctone, o urbanismo e as dimensões artísticas. Desde muito novo manifestou interesse por diversas manifestações artísticas e foi adquirindo, eventualmente influenciado pelo sol e pelo céu do Algarve, uma notável sensibilidade estética. Nasceu assim o artista plástico que se expressa na tela e na escultura mas também no seu jeito de ser alegre, sensível, delicado e comunicativo. Cresceu também o historiador, o investigador, o homem vocacionado para o estudo da nossa memória e identidade colectiva, particularmente desperto para as dimensões estéticas e culturais de ontem e de hoje. Investigador incansável, possuidor de uma boa formação histórica e artística, deu ao prelo alguns opúsculos dedicados a vários monumentos de Lisboa. Pelo seu gosto por todas as expressões artísticas e o seu empenhamento pela história e pela arte viria a merecer o reconhecimento do seu valor por parte de muitas pessoas e instituições. Também a comunicação social, desde a televisão, à rádio e os jornais, a ele recorreram conhecendo a sua grande facilidade de comunicação aliada ao rigor científico e a uma extraordinária sensibilidade estética. Militante da arte e da cultura, grande apreciador da arte moderna, por várias vezes recusou convites formulados para ocupar cargos políticos. Participa com entusiasmo e eloquência em colóquios, conferências e congressos vocacionados para a problemática da história, da arte e da cultura portuguesa. Ao longo do seu percurso pessoal sempre manifestou um grande amor pela terra onde nasceu e pela sua província natal. Este imenso carinho é bem visível no empenhamento que põe na colaboração com iniciativas da Câmara Municipal de Aljezur e na dinamização da revista Espaço Cultural, de que foi director, dirigida especialmente para a história, património natural e cultural de Aljezur. Com o Algarve no coração torna-se colaborador de alguns jornais regionais como o “Concelho de Aljezur”, “O Algarve” e “Folha de Domingo”. Dedica parte do seu tempo à recolha e estudo de documentos históricos e etnográficos significativos da arte e da cultura algarvia. Foi membro dos corpos gerentes da Casa do Algarve em Lisboa (…) e coordenador do Centro de Arte e Cultura Teixeira Gomes. Deu uma especial importância à visita guiada como forma de envolver o participante, desenvolver um tema histórico ou artístico, ministrar conhecimentos científicos e vivenciar “in loco” uma determinada sensibilidade estética. Escolhendo a visita guiada como instrumento educativo, promoveu e orientou visitas culturais / artísticas em várias instituições aos monumentos de maior relevo e interesse histórico como o Palácio do Fialho em Faro, os azulejos da Igreja de Almancil, os azulejos do Paço Episcopal de Faro e Museu Arqueológico Infante D. Henrique em Faro e ainda e, em Lisboa, Coimbra, Évora, Elvas, Castelo Branco, Caldas da Rainha. O Dr. Emmanuel Correia foi um extraordinário defensor da cultura nacional e nesta sua aposta organizou seminários de defesa do património. Na sua acção de estudioso e divulgador dos nossos valores patrimoniais, organizou e orientou ainda cursos de história de arte, em Lisboa. (…) um homem com uma visão ampla e complexa do mundo, que lutou pela preservação da nossa memória e identidade como povo.” ♦ JOÃO BRAZ (texto incluído na obra “Quem Foi Quem” da autoria de Glória Maria Marreiros) João Braz Machado de seu nome completo, nasceu em São Brás de Alportel, a 13 de Março de 1912 e faleceu em Portimão, em 1993. Fez o curso da Escola Comercial e Industrial de Silves, cidade para onde os pais, daí naturais, regressaram, vindos de S. Brás de Alportel.Desde cedo, mostrando propensão para as letras, a sua vida profissional far-se-á, contudo, ligada à contabilidade. Paralelamente e até ao fim da vida desenvolve grande actividade criativa. Foi director de A Rajada, de Silves, colaborou em muitos jornais e revistas do Algarve nomeadamente na revista Costa de Oiro, de Lagos, onde assinou com o pseudónimo de “Menestrel” e, no jornal Correio do Sul; fundou a Vibração, que contou com nomes que viriam a ter relevo no mundo das letras, entre eles o silvense Julião Quintinha. Como diz em carta inserta na História da Imprensa do Algarve, dirigida ao seu Prof. Vilhena de Mesquita: “… a publicação do semanário (que chegou a incomodar seriamente os então governantes do País que, por meio da censura sempre lhe dificultaram a vida) não passou do n.º 16, salvo erro, pois foi por essa altura condenado à morte… Assaltada a redacção por força militar, presos e acusados os que nele escreviam, Vibração deu a alma ao criador. Foi o meu primeiro fracasso no mundo dos sonhos. Depois, é claro, tive muitos mais…” O poeta João Braz colaborou em vários jornais da capital, nomeadamente em O Diabo. Na revista Espectáculo publica contos e poesia. Concorreu a muitos jogos florais em Portugal e no Brasil, onde foi premiado. Em 1977 tornou-se membro da Associação Internacional de Poetas (Cambridge). Figura na “Colectânea de Poemas de Dez Poetas Algarvios”, de Joaquim Magalhães. Escreveu teatro e recebeu o “Prémio Diário de Lisboa” pela peça em 1 acto Casar por Anúncio. Escreveu as revistas “Sendo Assim Está Certo…”, “Fitas Faladas”, “Feira de Agosto” e “Isto só Visto”, com a qual foi inaugurado o antigo Cine-Teatro de Portimão. Produziu três autos em verso: El-Rei Xexé, Serração da Velha e Máscaras. Toda a obra para teatro criada por João Brás foi representada, mas não editada. Deixou-nos: Esta Riqueza que o Senhor Me Deu…, poemas, 1953 (2.ª edição revista e aumentada, 1978), A Mário Lyster Franco, aquele Abraço… Poema (mais 14 inéditos), 1978. Em 1993 morreu “o Príncipe dos Poetas Algarvios”, como um dia foi aclamado, deixando a gaveta cheia de poemas inéditos. ♦ ANTÓNIO DIOGO BRAVO (texto incluído na obra “Quem Foi Quem” da autoria de Glória Maria Marreiros) Nasceu em Lagos, a 27 de Julho de 1916 e faleceu em Lisboa, a 20 de Julho de 1992. Oriundo de uma família modesta, atingiu, por mérito próprio, o mais alto estatuto na indústria farmacêutica nacional e europeia, cujo percurso merece ser reconhecido. Com a instrução secundária incompleta, cumpre o serviço militar como cabo miliciano, em Setúbal. No início dos anos 40, de parceria com o Dr. Miguel Cocco – filho de um industrial italiano com fábricas de conserva de peixe na terra natural de António Bravo – liga-se à indústria farmacêutica, na produção de medicamentos, e, posteriormente, na importação e produção de matérias primas, actividades em que se projectou a nível nacional e internacional. Dinâmico e empreendedor, foi Presidente do Conselho de Administração das seguintes empresas: Instituto Luso-Fármaco de Lisboa, S.A.; Medicamenta, S.A.; Tecnifar, S.A.; Instituto Luso-Fármaco de Itália, que viria a ser dos mais importantes da Europa; Instituto Luso-Fármaco de Espanha; Lusochimica de Como; e Farpor S.A.R.L. Paralelamente, desdobrava-se em múltiplas actividades através da sua participação em empresas, que vão das artes gráficas, passando pelas pescas, moagens e destilarias, e ainda na área financeira e de seguros, nestes dois últimos casos, através da Banca Cesare Ponti de Milão e Atlas, Lda.. De António Bravo diria um dos seus colaboradores, o médico endocrinologista Dr. Ludgero Pinto Basto: “… Sendo um self made man, um autodidacta nas matérias a que acabou por dedicar a sua actividade, tornou-se um perito nessas matérias. Daí o seu êxito pessoal e social, que, deve acentuar-se, teve ainda o mérito de não ser conseguido à custa de “empurrar” concorrentes ou adversários… Outra faceta marcante da personalidade de António Diogo Bravo foi a componente afectiva. Considerado por alguns como um homem ríspido, arrebatado, exigente (…) autoritário ou mesmo prepotente, esta imagem sumamente enganadora resultava das atitudes que habitualmente assumia em questões de serviço, (…) porque, no fundo era extremamente sensível às dificuldades e sofrimentos alheios e comovia-se facilmente com eles. (…) a humanidade, a compreensão e generosidade de António Diogo Bravo manifestaram-se inequivocamente, embora discretamente, em várias situações. São significativos os apoios que prestou a tantos dos seus colaboradores nos mais diferentes níveis designadamente o apoio moral e material que dispensou aos trabalhadores do Instituto Luso-Fármaco perseguidos pela polícia política de Salazar…” Foram muitas as insígnias recebidas por este ilustre (lacobrigense) entre as quais destacaremos as seguintes ordens e distinções honoríficas: Grande Comenda da Ordem de Mérito Industrial; Cavaleiro da Grã Cruz da Ordem do Santo Sepulcro; Comenda da Ordem de Mérito da República Italiana; Cavaleiro da Grã Cruz da Sacrossanta Ecclesia Lateranensis; Accademico Associado Dell’Academia Tiberina de Roma; Comenda da Ordem do Infante D. Henrique; Cavaliere di Gran Croce del Mérito Della República Italiana. O lacobrigense António Diogo Bravo foi ainda vice-cônsul de Portugal em Milão e Cônsul de Portugal em Florença. Fez centenas de discursos em que à inteligência da oratória ligava o dom da comunicação. Muitas destas peças encontram-se reunidas numa colectânea que faz parte do valiosíssimo espólio que deixou. ♦ ANTÓNIO ALEIXO (biografia publicada na plataforma RADIX do Ministério da Cultura) António Fernandes Aleixo, nome completo de um dos poetas populares algarvios de maior relevo. Nasceu em Vila Real de Santo António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, guarda da P.S.P, servente de pedreiro, trabalho que, emigrado, também exerceu em França. Volvido ao seu país natal, restabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções nas feiras, actividades essas que se juntaram ao seu rol de profissões. Poeta possuidor de uma rara espontaneidade, de um apurado sentido filosófico e notável pela «capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral», Aleixo vai sendo conhecido e bastante apreciado por inúmeras figuras, das quais se destacam Dr. José Pedro, Dr. Joaquim Magalhães, José Rosa Madeira, que o protegem, divulgam e coleccionam os seus escritos. Da colecção formada por José Rosa Madeira e outras composições recolhidas, nasce o primeiro livro em 1943, editado pelo Círculo Cultural do Algarve. A opinião pública aceita-o com bom agrado, sendo bem acolhido pela crítica. Com uma tiragem de 1.100 exemplares, o livro esgotase em poucos dias, o que proporciona a Aleixo uma pequena melhoria de vida, que é ensombrada pela morte de uma sua filha, doente com tuberculose. Desta mesma doença viria o poeta a sofrer, tendo que ser internado no Hospital- Sanatório dos Covões, em Coimbra, em 1943. Aqui descobre novas amizades e deleita-se com novos admiradores, que reconhecem o seu talento (…).Os seus últimos anos de vida foram passados, ora no sanatório, em Coimbra, ora em Loulé. Aleixo está hoje, entre nós, bem consagrado e presente. As suas obras foram apresentadas na rádio e televisão, os seus versos incluídos em diversas antologias, o seu nome figura na história da literatura, é patrono de instituições e grupos político-culturais, tem o nome em várias esquinas de ruas do país e existem medalhas cunhadas e monumentos erigidos em sua honra. Da sua autoria estão publicadas as seguintes obras: «Quando começo a cantar» - (1943); «Intencionais» - (1945); «Auto da vida e da morte» - (1948); «Auto do curandeiro» - (1950); «Este livro que vos deixo» - (1969); «Inéditos» - (1979); tendo sido, estes três últimos, publicados postumamente.