O PROJETO “A ESCOLA NORMAL PADRE ANCHIETA: LUGAR DE
MEMÓRIA PARA UMA HISTÓRIA EDUCACIONAL PAULISTA”
SANTOS, Débora Pereira dos1 - FEUSP
Grupo de Trabalho – História da Educação
Agência Financiadora: FAPESP
Resumo
O trabalho em questão aborda um dos projetos realizados pelo Centro de Memória da
Educação da FEUSP (CME-FE/USP) com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP), entre os anos de 2007 e 2009, sob coordenação da Profa.
Dra. Marta Maria Chagas de Carvalho e vice-coordenação da Arquivista Dra. Iomar Zaia. O
desenvolvimento das atividades aconteceu nos espaços da Escola Estadual Padre Anchieta,
fundada em 1912 na cidade de São Paulo como Escola Normal Primária do Braz. Este projeto
teve como objetivo a criação de um Centro de Memória Escolar em parceria com a
comunidade escolar, que reunisse toda a documentação e mobiliário de valor histórico deste
educandário. Os trabalhos apoiaram-se na metodologia regularmente adotada pelo CMEFE/USP que divide atividades arquivísticas em pequenas oficinas, separadas em três etapas:
1ª Conservação preventiva (higienização e acondicionamento); 2ª Organização (identificação
de fundos, classificação, ordenação e notação); 3ª Acesso a informação (produção de
instrumentos de pesquisa e descrição). A organização empregada no acervo procurou respeitar
os três princípios básicos defendidos pela Arquivística que são o Princípio da proveniência, o
Princípio da territorialidade e o Princípio da teoria das três idades. Os resultados alcançados
foram a aproximação dos alunos e dos professores com o arquivo, a ampliação do interesse
pela conservação do patrimônio público, a organização e disponibilização do acervo, a criação
de instrumentos de pesquisa, a organização de um pequeno acervo de entrevistas com exalunos, ex-professores e ex-funcionários, etc., as capacitações multiplicadoras sobre os
cuidados básicos necessários no tratamento documental, a restauração de bens móveis, a
aproximação entre os alunos da escola pública e a Universidade e a divulgação do projeto na
imprensa, favorecendo a conscientização tanto da população em geral quanto da
administração pública, sobre a situação precária na qual se encontram os arquivos escolares.
Palavras-chave: Centro de Memória Escolar. Escola Normal. Preservação do Patrimônio.
Arquivos Escolares
1
Mestranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP). Pesquisadora
da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: [email protected].
22505
Introdução
O trabalho em questão aborda o projeto “A Escola Normal Padre Anchieta: lugar de
memória para uma história educacional paulista”, realizados pelo Centro de Memória da
Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (CME-FE/USP) com
financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) entre os
anos de 2007 e 2009, sob coordenação da Profa. Dra. Marta Maria Chagas de Carvalho e
vice-coordenação da Arquivista e Dra. Iomar Zaia.
O eixo fundamental do projeto foi a criação de um Centro de Memória Escolar com a
participação da comunidade escolar que reunisse toda a documentação e mobiliário de valor
histórico deste educandário adequando os recursos materiais necessários à preservação
documental às condições econômicas da escola pública, tendo sempre a preocupação com a
escolha de itens acessíveis e não agressivos ao meio ambiente.
A ideia de propor um projeto para a EE Padre Anchieta surgiu a partir da verificação
da importância para a História da Educação de São Paulo de seu acervo museológico e
documental, acumulado em mais de cem anos de serviços prestados ao ensino público. Outro
fator decisivo foi a constatação das condições precárias de guarda do acervo, seja por falta de
estrutura ou por falta de conhecimentos especializados dos funcionários da secretaria sobre a
guarda de arquivos permanentes.
As discussões acerca da relevância da proposta se fundamentam na identificação do
patrimônio público documental como um legado do século XX (SOUZA, 2001) para os
nossos dias, justificando a união dos sujeitos da comunidade escolar, das Universidades e das
autoridades governamentais em prol de ações que viabilizem a preservação desta herança
histórica.
O CME-FE/USP é um espaço de pesquisa e guarda de acervos escolares que atua neste
sentido. Criado em 1992, após a aprovação de uma proposta de um grupo de docentes
interessadas em institucionalizar instâncias interdepartamentais que favorecessem as
investigações em Historiografia e História da Educação, tem como finalidade a constituição e
organização de acervos documentais e museológicos, a promoção de atividades de pesquisa,
ensino e prestação de serviços. Além dos projetos internos, realiza, com o apoio de
patrocinadores, grandes projetos ligados à preservação da memória histórica e do patrimônio
cultural em escolas públicas.
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O desenvolvimento das atividades aconteceu nos espaços da Escola Estadual Padre
Anchieta, localizada no bairro do Brás da cidade de São Paulo. Criada como Escola Normal
Primária do Braz em 24 de dezembro de 1912 pela Lei 1.359, de 24 de Dezembro de 1912, na
presidência do Conselheiro Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, sendo Secretário do
Interior o Dr. Altino Arantes e Diretor Geral do Ensino o Dr. João Crisóstomo Bueno Reis
Júnior, destacou como a primeira escola Normal da capital paulista destinada exclusivamente
à formação de professores primários do sexo feminino (ESCOLA NORMAL E GINÁSIO
ESTADUAL PADRE ANCHIETA, 1946, p.1).
Seu edifício de alto valor histórico (Figura 1) foi projetado em 1911 pelo engenheiro
arquiteto Manuel Sabater, visando à instalação de um grupo escolar que atenderia a crescente
demanda pelo curso primário, causada principalmente pela intensa concentração de imigrantes
na região. Todavia, após a construção o prédio, cuja estrutura assemelha-se a de outros grupos
escolares, foi destinado para acomodar a recém-criada escola Normal que teve suas aulas
inauguradas em 31 de março de 1913 (CORRÊA, 1991, p. 85).
Figura 1 – Edifício construído em 1912
Fonte: Acervo do Centro de Memória Escolar da EE Padre Anchieta.
Neste mesmo ano, no mês de agosto, o Terceiro Grupo Escolar do Braz, criado pelo
decreto de 8 de agosto de 1898, que até então ocupava um prédio alugado pela Light, foi
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anexado ao novo estabelecimento funcionando em um único período, tornando-se o Grupo
Modelo Primário Anexo (ESCOLA NORMAL PRIMÁRIA DO BRÁS, 1913, p.7).
Em meados da década de 1950, como consequência do crescente número de
matrículas, o governo do Estado destina verbas para a construção de um novo prédio na área
descoberta, anteriormente utilizada para o “recreio” dos alunos.
Em 1986, no mandato do Governador André Franco Montoro, a então Escola Estadual
de Primeiro e Segundo Graus Padre Anchieta firma um termo de cooperação técnica com o
“Projeto Memória Escolar: arquitetura/história”, para a restauração de 166 edificações
escolares construídas durante as primeiras décadas da República. Suas instalações, já muito
danificadas pelos anos de uso, pela falta de manutenção e pela ação dos alunos, passam por
um processo de recuperação. O Tombamento (25.591/87) pelo Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT) aconteceu um ano depois.
Após o processo de restauro e tombamento o prédio passou a comportar as atividades
da Oficina Cultural Amácio Mazzaropi e da SP Escola de Teatro, enquanto que as atividades
escolares passaram a acontecer somente no segundo edifício.
Atualmente a escola funciona em três turnos e oferece os cursos do tipo Fundamental
II (5ª a 9ª série), Ensino Médio (1ª a 3ª série), EJA Ensino Médio e EJA Ciclo II – Ensino
Fundamental de 1º ao 4º Termo.
Desenvolvimento
O projeto inicial previa a partir do processo de organização de um Centro de Memória
Escolar aproximar os alunos e os professores do arquivo e das atividades de pesquisa,
permitindo assim a descoberta da história de sua própria escola nos documentos há muito
tempo esquecidos, promovendo reflexões acerca da importância da preservação do patrimônio
público que compõem a memória educacional de nosso Estado e, consequentemente, criando
canais de aproximação entre a escola pública e a Universidade.
Não são incomuns ações nos mais distintos países que visam uma aproximação entre
os arquivos públicos e a educação, todavia, estas tentativas quase sempre se restringem a levar
o aluno para instituições como arquivos públicos, museus, centros de documentação, etc. O
projeto “A Escola Normal Padre Anchieta: lugar de memória para uma história educacional
paulista”, se distinguiu destas propostas, pois retirou o aluno da realidade vivida na rotina
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escolar sem afastá-lo, no entanto, dos espaços da escola, utilizando-se dos recursos e das
informações guardadas e disponíveis no local.
Para a concretização das atividades estiveram vinculados ao projeto alunos,
professores e especialistas, sendo dois graduados em Pedagogia com bolsa de Técnico Nível
III (FAPESP)2, dois professores da escola com bolsa de Aperfeiçoamento Pedagógico
(FAPESP)3, uma aluna de graduação em História com bolsista de Iniciação Científica
(PIBIC)4 e catorze alunos do Ensino Médio da rede pública estadual de ensino como bolsistas
de Pré-Iniciação Científica (USP/Santander)5. Além dos bolsistas, colaboram voluntariamente
integrantes da equipe do CME-FE/USP6 e alguns alunos e funcionários da EE Padre Anchita7.
A integração de professores e alunos da escola nos fazeres do arquivo esteve entre um
dos principais diferenciais deste projeto, pois:
Entende-se que o envolvimento de alunos, professores, funcionários e comunidade
local com a história da instituição escolar da qual são agentes possibilita
oportunidades de reflexão sobre as relações entre memória e história; mais ainda,
contribui para ações efetivas de solidariedade, de valorização das experiências
humanas acumuladas – fonte de apoio à implementação de programas e projetos
educacionais, culturais, técnicos e científicos que visem à melhoria das condições e
da qualidade do ensino. (MORAES & ALVES, 2002, p.16)
A equipe recebeu instruções de acordo com a metodologia regularmente empregada
pelo CME-FE/USP que divide as atividades arquivísticas em pequenas oficinas, separadas em
três etapas: 1ª Conservação preventiva: higienização e acondicionamento. 2ª Organização:
identificação de fundos, classificação, ordenação e notação. 3ª Acesso a informação: produção
de instrumentos de pesquisa e descrição. O processo arquivístico empregado baseou-se na 2ª
edição do manual O acervo escolar: manual de organização e cuidados básicos, publicado
pela Arquivista Iomar Zaia em 2004.
Este método de trabalho foi fundamental para a formação do grupo, pois permitiu que
seus integrantes se apropriassem de conhecimentos teóricos e práticos relativos ao trato
2
Débora Pereira dos Santos (FE-USP) e Rubens Massao Taira (FE-USP).
Eujácio Roberto da Silveira e Neuza Lizzi Ferreira Monteiro.
4
Fernanda Gianinni (UNIFESP).
5
Dois alunos da EE Wilson Roberto Simonini (Bairro Itaim Paulista - SP), seis da EE Prefeito Engenheiro Celso
Daniel (Santo André) e seis da EE Jd. Sônia Maria (Itapecerica da Serra).
6
Marcelo Figueiredo de Meneses, Nathália Luque Vazquez, Sadhu Abraham Vicencio Andrade, Victor Yuji
Shirai e Maria Cristina Moreira da Silva.
7
Fernando Silva Queiroz de Oliveira, Fernanda Cristina Queiroz de Olivera, , Ivonne Ângela Zarsuri Escobar,
Franz Roberto Zarsuri Escobar e Bruna S..
3
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documental, à organização de arquivos escolares e a própria pesquisa científica de uma
maneira mais didática e atrativa.
A organização empregada no acervo procurou respeitar os três princípios básicos
defendidos pela Arquivística que são o Princípio da proveniência, também conhecido como o
princípio do respeito aos fundos, “segundo o qual os arquivos originários de uma instituição
ou de uma pessoa devem manter sua individualidade não sendo misturados aos de origem
diversa” (CAMARGO, 2010, p.69), favorecendo a manutenção da organicidade original do
conjunto (estrutura, função, atividades, relações internas e externas) e permitindo o
reconhecimento da lógica de produção do acervo.
No caso da EE Padre Anchieta os fundos foram identificados como sendo as diferentes
denominações recebidas pela escola ao longo dos anos como Terceiro Grupo Escolar do Brás,
Grupo Escolar Rocca Dordal, Escola Normal Primária do Brás, Escola Normal Feminina da
Capital, Escola Normal Padre Anchieta, Escola Normal e Ginásio Estadual Padre Anchieta,
Instituto de Educação Padre Anchieta, Instituto Feminino de Educação Padre Anchieta,
Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Padre Anchieta.
O Princípio da territorialidade que defende a importância de manter os arquivos
públicos no mesmo local onde foram criados, preservando o contexto original de produção e
evitando a formação de coleções ou a dispersão de documentos de um mesmo fundo,
justificando assim a importância de criação de um espaço de preservação dentro da própria
escola.
E, por último, o Princípio da teoria das três idades que agrupa os arquivos de acordo
com a sua gênese, tratamento documental e utilização, nomeando-os como “arquivo
corrente”, consultado regularmente pelos funcionários da secretaria, “arquivo intermediário”,
acessado ocasionalmente e arquivo permanente, vulgarmente conhecido como “arquivo
morto”, raramente utilizado, mas que não pode ser descartado devido o seu valor de guarda
definitivo.
Por ter a duração de apenas dois anos as ações do projeto foram sistematizadas em
etapas que incluíram no primeiro momento a sensibilização da comunidade escolar, o
levantamento do acervo existente com o auxílio da direção e dos professores nos mais
diversos e inusitados cantos da escola e, por fim, o recolhimento do mobiliário antigo e de
toda a documentação produzida até 1950 como prontuários de alunos e professores, livros do
ponto do pessoal docente e administrativo, livros de matrícula, livros de atas das reuniões
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pedagógicas, livros de ofícios, relatórios dos inspetores escolares, trabalhos de alunos, álbuns
de formatura, etc., reunido-os em só lugar para compor o Centro de Memória Escolar da EE
Padre Anchieta.
No segundo momento foi feita a sistematização das fontes com a produção de uma
listagem contendo informações como a tipologia, a série documental e o estado de
conservação de tudo o que foi encontrado. Nesta etapa também foram realizadas pesquisas em
outros locais como prédios anteriormente ocupados pela escola, escolas parceiras, arquivos
municipais e estaduais e a coleta de entrevistas com pessoas da comunidade escolar, etc., para
acrescentar informações sobre a escola.
O terceiro momento correspondeu à higienização do acervo recolhido, o
acondicionamento, utilizando materiais adequados como papel neutro, caixas modelo delta
para arquivos horizontais, etc., a realização de pequenos restauros em peças de madeira
(Figura 2), a organização do acervo e a disponibilização das informações sistematizadas com
o intuito de favorecer o trabalho da secretaria e dos pesquisadores interessado em consultar o
acervo.
Figura 2 – Oficina de restauro em madeira
Fonte: Acervo do Centro de Memória Escolar da EE Padre Anchieta.
A diversificação das atividades que se fizeram necessárias nos dois anos de duração do
projeto, devido a demandas não previstas, inviabilizou a finalização de um Inventário de
Fontes. Todavia, a partir do conhecimento que a equipe adquiriu sobre a história da escola,
sobre os fundos que a formam e suas tipologias, foi possível elaborar uma listagem completa
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do acervo, que embora ainda não seja um Inventário, representa um instrumento básico de
pesquisa.
A projeção do CME-FE/USP na mídia permitiu a divulgação do projeto “A Escola
Normal Padre Anchieta: lugar de memória para uma história educacional paulista” em
periódicos de grande circulação no estado de São Paulo como o “Jornal da Tarde” (Figura 3),
que publicou uma matéria intitulada Acervo histórico de escolas ameaçadas e o “Estado de
São Paulo” com a matéria A história das escolas públicas em risco.
Figura 3 – Página do Jornal da Tarde
Fonte: JORNAL DA TARDE, São Paulo, 2008, p.10.
Essas reportagens contribuíram para aumentar o interesse da imprensa paulista pelo
projeto como, por exemplo, a “Revista Nova Escola” e a “TV Cultura”, que visitaram a escola
para obter mais informações e também serviram como um alerta para a população em geral
sobre a problemática enfrentada pela grande maioria das escolas estatais em relação à
preservação de seu patrimônio.
Considerações finais
Dentre os resultados alcançados nestes dois anos de projeto destacam-se o
envolvimento da comunidade escolar com o processo de organização de seu próprio Centro
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de Memória, aproximando-os dos “fazeres do arquivo” e envolvendo-os, a partir dos
documentos encontrados no acervo, com a história de seu bairro e de sua cidade; a
organização e disponibilização do acervo; a produção de instrumentos de pesquisa; a criação
de um pequeno acervo de entrevistas com ex-alunos, ex-professores e ex-funcionários; a
multiplicação das capacitações sobre os cuidados básicos necessários no tratamento
documental e sobre a restauração de bens móveis para outros integrantes da escola que não
estiveram diretamente ligados ao projeto; a aproximação entre os alunos da escola pública e a
Universidade e a divulgação do projeto na imprensa, favorecendo a conscientização tanto da
população em geral quanto da administração pública, sobre o estado precário de preservação
dos acervos escolares.
Após o encerramento de todos os projetos desenvolvidos pelo CME-FE/USP em
instituições escolares busca-se o estabelecimento de parcerias com a direção ou outras
financiadoras para assegurar a continuidade da proposta. Entende-se que o tempo de duração
do projeto representa apenas uma semente plantada dentro da escola, que sem a colaboração
contínua dos funcionários, professores, alunos, ex-alunos, etc., não é capaz de germinar.
Recentemente o Arquivo do Estado de São Paulo está se preparando para recolher toda
a documentação produzida até o ano de 1949 das escolas mais antigas do estado. A principal
justificativa apontada para tal empreitada está na constatação de que estas instituições não
estão aptas para manter a salvo seus acervos, sendo neste caso um dever do estado intervir e
responsabilizar-se por sua salvaguarda.
Uma das principais críticas levantadas sobre esta empreitada está exatamente na forma
como ela foi planejada, já que a retirada destes arquivos de seu local de origem é claramente
um desrespeito a um dos princípios fundamentais da arquivística que é o Princípio da
territorialidade, segundo o qual o recolhimento proposto seria justificado somente a partir do
fechamento da instituição que o produziu. Contraditoriamente a EE Padre Anchieta, apesar de
já ter uma iniciativa de preservação de seus documentos em função do projeto proposto, está
incluída no roteiro de recolhimentos previstos.
A partir deste projeto de organização de Centros de Memória Escolares, e de tantos
outros propostos pelo CME-FE/USP, fica clara a capacidade que as escolas possuem de
responsabilizar-se pela preservação de seu próprio acervo. Todavia, o trabalho de
conscientização e preparação da comunidade escolar em prol desta causa é um processo que
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exige investimentos em longo prazo requerendo, portanto, paciência, disposição e interesse
governamental em criar políticas públicas que favoreçam a salvaguarda destes acervos.
REFERÊNCIAS
CAMARGO, Ana Maria de Almeida, et. al. Dicionário de terminologia arquivística. São
Paulo: Centro de Memória da Educação FEUSP/FAPESP, 2010. (Versão de bolso)
CORRÊA, Maria Elizabeth Peirão. Arquitetura escolar paulista: 1890-1920. São Paulo: FDE –
Diretoria de Obras e Serviços, 1991.
ESCOLA NORMAL E GINÁSIO ESTADUAL PADRE ANCHIETA. Relatório de inspeção
escolar. São Paulo, 1946.
ESCOLA NORMAL PRIMÁRIA DO BRAZ. Registro de correspondência. São Paulo, 191356.
JORNAL DA TARDE. Acervo histórico de escolas ameaçadas. Ano 43, n.13909, de 22 de
setembro de 2008, capa e pp. 10ª.
MORAES, Carmen Vidigal Moraes & ALVES, Júlia Falivene (2002) (Org.) Contribuição à
pesquisa do Ensino Técnico do Estado de São Paulo: inventário de fontes documentais.
São Paulo, Centro Paula Souza.
O ESTADO DE SÃO PAULO. A história das escolas públicas em risco. Ano 129, n. 41978
de 22 de setembro de 2008, pp. C8.
SOUZA, Maria Cecília Cortez Cristhiano de. Escola e Memória. Bragança Paulista: EDUSF,
2001.
ZAIA, Iomar Barbosa. O Acervo Escolar: manual de organização e cuidados básicos. 2. ed.
rev. e ampl. São Paulo: Pró-Reitoria de Pesquisa, Faculdade de Educação da USP, Centro de
Memória da FEUSP, 2006.
.
C. Escola de Aplicação:
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o projeto “a escola normal padre anchieta: lugar de memória para