Arquidiocese celebra Missa pela canonização do padre José de
Anchieta
Na próxima quarta-feira, dia 2 de abril, o beato José de Anchieta será
canonizado pelo Papa Francisco, por meio de um decreto. Para marcar a data, várias
dioceses pelo Brasil vão celebrar a canonização com Missas. Na capital baiana, o
Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, scj, celebrará uma
Missa, às 18h, na Catedral Basílica (Terreiro de Jesus).
Os passos do santo
Nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha), padre José de Anchieta
chegou ao Brasil em julho de 1553, com 19 anos. A primeira cidade onde pisou foi
Salvador que, na época, tinha apenas quatro anos de fundada. Em outubro do mesmo
ano seguiu para São Vicente (São Paulo), onde já se encontrava o Superior dos Jesuítas,
o padre Manuel da Nóbrega. Junto com o sacerdote, fundou um colégio em Piratininga,
dando início à cidade de São Paulo.
Membro da Companhia de Jesus – ordem fundada por Inácio de Loyola e da
qual faz parte o Papa Francisco – José de Anchieta catequizou os índios, ensinou-lhes
latim e português e aprendeu o tupi-guarani com eles. Em 1565 retornou à Bahia para
uma preparação intensiva ao sacerdócio. No mês de agosto do ano seguinte recebeu a
Ordenação Sacerdotal pelas mãos de Dom Pedro Leitão.
Para evangelizar, padre José de Anchieta visitava casas e aldeias, localizadas em
diversos lugares, dentre eles Itapagipe, Enseada de Pirajá (Plataforma), Escada, Aldeia
do Espírito Santo (Vila de Abrantes), Rio Joanes (Lauro de Freitas) e Itaparica (Bom
Jesus de Vera Cruz, Baiacu), além das situadas entre Pernambuco e São Paulo.
De acordo com o reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima, padre Geraldo
Antônio Coelho de Almeida (Jesuíta), as primeiras Missas celebradas pelo padre
Anchieta aconteceram na capital baiana. “Celebrou suas primeiras missas em aldeias da
circunvizinhança e, em novembro do mesmo ano [1566], na expedição do Governador
Mem de Sá, partiu para o Rio de Janeiro, onde participou da vitória sobre os franceses e
da refundação da cidade”, conta.
Após percorrer o Sul do país, padre Anchieta retornou à Salvador, a pedido do
Provincial, que desejava nomeá-lo como reitor do Colégio da Bahia, no Terreiro de
Jesus. Entretanto, nesse mesmo período, chegou de Roma a patente do padre Geral,
nomeando o padre Anchieta como o Provincial do Brasil. “Assim, foram mais oito anos
fecundando esta terra, com seu intenso ardor apostólico, e a abençoando com suas
virtudes e santidade. Anchieta, portanto, viveu nesta cidade por um total de mais de dez
anos!”, afirma padre Geraldo.
Antes de o padre Anchieta iniciar o governo provincial, os jesuítas no Brasil,
contando os que se encontravam em formação, eram pouco mais de 20. Quando ele o
encerrou, em 1585, os membros da Província já atingiam a soma de 130. Isso significa
que as residências e colégios também já haviam se multiplicado: além dos maiores
(Olinda, Bahia e Rio de Janeiro), havia colégios em Vitória, Santos e São Paulo; as
residências estavam em Ilhéus e Porto Seguro, sem contar dezenas de aldeias
missionárias estáveis, várias delas com escolas de ler, escrever, contar e até cantar.
Após anos de experiência com os índios, padre Anchieta redigiu a Gramática na
língua mais falada na costa do Brasil; bem como o Poema da Virgem Maria, com mais
de cinco mil versos latinos; De Gesta Mem de Sá; vários autos, poesias e canções;
muitas cartas e alguns sermões. Sua influência, porém, se estendeu a outros campos, tais
como o conhecimento das plantas, das frutas, dos animais e minerais. Sobre esses
temas, ele escreveu longas "relações" para seus irmãos, na Europa. Mas, em todas essas
coisas, o que se destacou sempre foi sua preocupação com o bem e a salvação do
próximo.
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