InFormação Agosto de 2013 Informativo produzido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ Cientistas comprovam: existe vida fora do laboratório InFormação O InFormação surge para ser um novo espaço de interação entre os alunos de todos os campi do IFRJ. Esta primeira edição, em formato de revista digital, é o começo de um projeto que, nos próximos meses, será continuado em uma página na internet. Com uma abordagem que combina as pesquisas científicas, as expressões artísticas e culturais e as ações de caráter social, este canal procura montar o mosaico dos diversos cenários que formam uma das mais tradicionais instituições de ensino do Rio de Janeiro, referência no ensino profissional e tecnológico do país. A nova página vai reunir o que acontece nos onze campi do IFRJ, além de trazer informações que interessem à comunidade acadêmica do Instituto. Feito para você, aluno, o InFormação também será feito por você. Queremos ouvilo. Mande suas sugestões de pauta, de colunas, de novas ações. Este é um espaço em construção e queremos que você faça parte dele. Envie suas sugestões e críticas para [email protected]. Arquétipo do cientista louco é desafiado no século 21. Leia nas páginas 4 e 5 o diálogo entre ficção e realidade sobre a imagem do cientista Divulgação Maior gênio científico do século 20, o físico alemão Albert Einstein foi a um tempo brilhante, excêntrico e divertido Trabalho e cidadania Gêneros do trabalho Programa Mulheres Mil oferece formação profissional a mulheres no campus Volta Redonda Campus São Gonçalo aborda gêneros textuais para compreensão do universo do trabalho Presidente da República Desde dezembro do ano passado, 82 mulheres estão frequentando o curso de Cuidador Infantil oferecido pelo campus Volta Redonda, por meio do Programa Mulheres Mil. Com idades entre 19 e mais de 60 anos, as alunas da primeira turma do campus esperam se formar até novembro deste ano. O Programa Mulheres Mil foi criado no ano de 2008, inicialmente nos Estados do Norte e Nordeste do Brasil, com o objetivo de aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Em 2011, o programa estendeu-se para todo o país, e o governo brasileiro lançou a meta de atender 100 mil mulheres até o ano de 2014. O IFRJ abriu as primeiras turmas do programa já em 2011, nos campi Paracambi, Pinheiral e São Gonçalo. Hoje, são oferecidos cursos nos campi Engenheiro Paulo de Frontin, Paracambi, Pinheiral, Realengo, Rio de Janeiro e Volta Redonda. Até o momento, 295 alunas já foram foram formadas em cursos de formação inicial e continuada. A oportunidade de entrar em contato - ou voltar a ter contato - com a edução formal é, na opinião das gestoras do programa no campus Volta Redonda, Andrea Tunin e Aline Moraes, o maior canal para o desenvolvimento da cidadania no país. Um dos principais objetivos anunciados pela proposta do programa é a inclusão destas mulheres no mercado de trabalho formal, mas o conceito vai além. “A experiência vem nos mostrando que estar em contato com o outro, vivenciar novamente o ambiente de aprendizado e de troca e o sentimento de pertença a um grupo, especialmente um grupo que se forma dentro de uma instituição pública federal de ensino, eleva a autoestima destas mulheres, contribuindo para a percepção delas como capazes de mudarem sua situação de vida, com seus próprios méritos”, avaliam as gestoras, em entrevista por e-mail. “Percebemos que a empregabilidade é importante, mas secundária como objetivo de grande parte das alunas”, completam. Monitores do curso são alunos de licenciatura do próprio campus Organizado em parceria com as secretarias municipais de Ação Social e de Políticas para as Mulheres de Volta Redonda, o curso é ofertado em bairros menos favorecidos economicamente do município. O perfil das alunas aponta, em sua maioria, mulheres com baixa renda familiar e afastadas há algum tempo da educação formal. Na sala de aula, o monitor Vitor Santos, aluno de Licenciatura em Matemática do campus Volta Redonda, ensina conteúdo matemáticos e conceitos que contribuam para a formação profissional, intelectual e pessoal das alunas. “Essa experiência dentro de minha formação foi muito gratificante. Tive a oportunidade de trabalhar com um grupo de pessoas que, em sua maioria, estava fora da escola há algum tempo. Nós monitores tivemos de ter o cuidado de elaborar atividades que despertassem interesse e ao mesmo tempo tivessem conexão com a realidade dentro e fora da profissão”, comenta o monitor. Segundo Fábio, a experiência do- Rita de Cássia Silveira e Mara Vicente, alunas do Programa Mulheres Mil 2 cente no Programa Mulheres Mil foi enriquecedora e desafiadora. “Atuar neste programa foi uma experiência única, inovadora, pois permitiu que pudéssemos fazer uma contribuição mesmo que pequena para a vida dessas mulheres que tanto se empenharam, se esforçaram e se comprometeram, tendo sempre como meta se formarem no curso de Cuidador Infantil”, afirma Fábio. A aluna Ana Mara Vicente, do CRAS Três Poços, que já pensou em seguir a carreira do magistério, encontrou no curso de Cuidador Infantil uma alternativa. “Essa é minha chance”, pensou Ana, quando soube do curso no campus Volta Redonda. “Quero muito trabalhar como cuidadora em uma creche ou escola, ajudando o professor a educar os alunos, ensinar novas brincadeiras, sempre interagindo com respeito aos outros e, além disso, com carinho e dedicação. Quero muito ajudar a formar crianças, para que sejam adultos de bem”, conta a aluna. Tamires de Souza e Silva, capacitadora no mesmo CRAS, acredita que o programa contribui, ao mesmo tempo, para a emancipação feminina e para a atividade docente. Segundo ela, o programa é um caminho para emancipá-las em reação à desigualdade de gênero e a preconceitos ainda presentes na sociedade brasileira. “A resposta que me faz acreditar na qualidade do meu trabalho é a assiduidade das alunas, a dedicação e a participação das mesmas nos debates das aulas”, opina Tamires. A entrada no mercado de trabalho foi uma das motivações da aluna Rita de Cássia Silveira, do CRAS Santo Agostinho. Mas não se resumiu a isto. “Está sendo muito proveitoso. O curso está bem elaborado, me capacitando e melhorando a cada dia minha auto-estima”, avalia. A troca de experiências nas aulas e o entusiasmo das alunas são algumas das impressões da capacitadora Gisilaine Amiti, também do CRAS Santo Agostinho. “Reacendendo em cada aluna uma nova percepção de vida, fazendo com que sua auto-estima se eleve e mostrando-lhes que apesar de todas as dificuldades, nunca é tarde para recomeçar e fazer uma nova história”, afirma. Dilma Rousseff Ministro da Educação Aloizio Mercadante Reitor Fernando Cesar Pimentel Gusmão Pró-Reitor de Ensino Médio e Técnico Armando Maia Pró-Reitora de Ensino de Graduação Mônica Romitelli Pró-Reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação Marcos Tadeu Couto Pró-Reitor de Extensão Rafael Almada Pró-Reitor de Administração, Planejamento e Desenvolvimento Institucional (interino) Jorge Maximiano O jornal InFormação é uma publicação da Assessoria de Comunicação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ. Reitoria Rua Pereira de Almeida, 88. Praça da Bandeira Rio de Janeiro/RJ . Assessor de Comunicação Jorge de Moraes Equipe AsCom Felipe Zava Juliana Calmon Luís Costa Camila Ferreira (estagiária) Patrícia Brunharo (estagiária) As relações entre o trabalho e os gêneros textuais vêm sendo estudadas por alunos do campus São Gonçalo. O projeto “Leituras do Trabalho”, coordenado pela professora Ângela Maria Coutinho, procura encontrar paralelos entre gêneros artísticos e a temática do trabalho. Com leituras possíveis, interpretativas, da música popular e de curtas-metragens, o trabalho empreende uma conversação com textos da legislação trabalhista e com normas de Segurança do Trabalho. “Essas estratégias permitiram a discussão a respeito dos sentidos éticos, sociais, políticos e ideológicos expressos nos textos dos diferentes gêneros.Tais discussões, creio, ajudam a compreender o trabalho no Brasil contemporâneo”, diz a professora Ângela Coutinho. O projeto teve início no 2º semestre de 2011, com recursos do PROCIÊNCIA, adquiridos por meio do projeto “Encontros de leitura e escrita”. Foram realizados dois cursos de curta duração, com a participação dos três professores de Língua Portuguesa do campus São Gonçalo. Os cursos foram destinados aos alunos do Curso Técnico em Segurança do Trabalho. Além da professora Ângela Coutinho, os professores Hayla Tami da Silva e Marcelo Pacheco Soares ministraram aulas sobre leitura e escrita com objeto de estudo textual de interesse dos alunos do curso. Após essa ação educativa, surgiu o subprojeto “Leituras do Trabalho”. Para a aluna Miriam Greice Santiago Maranhão, a articulação entre Língua Portuguesa e Segurança do Trabalho foi uma das motivações para concorrer a uma bolsa de iniciação científica no projeto. “Foi muito bom, porque eu aprendi muito com todo o trabalho. Eu comecei a Tecnologia e sociedade Diálogo entre informática, sociedade e educação no campus Engenheiro Paulo de Frontin me interessar mais ainda pela matéria de Português a partir desse projeto. Ele motivou a ler mais, principalmente sobre o trabalho, porque não era somente focado na Literatura, mas relacionando com a matéria de Segurança do Trabalho também, porque fala do trabalhador”, conta Míriam. Participante das rodas de leitura promovidas pelo projeto, o aluno Claudio Luís Conceição Coelho conta que as atividades de leitura o ajudaram a escrever melhor. “Aprendemos que tínhamos que entender o texto em partes. Eu não conseguia escrever muito bem, sempre amarrava meu texto na introdução. Com as rodas de leitura, aprendi a fazer uma introdução, um bom desenvolvimento e uma boa conclusão”, conta o aluno. A também aluna Stephanie Lopes Ribeiro da Silveira avalia que aprendeu, com as rodas de leitura, a fazer um texto mais organizado. “Nós tivemos informações extras, além da sala de aula, pois trocamos experiências com outros alunos que já estavam estagiando. Elaboramos textos dentro da nossa área, o que nos possibilitou ter uma estrutura melhor de redação”, diz Stephanie. “Tenho observado que, para os alunos, foi uma boa surpresa a possibilidade de realizar uma conversação entre textos artísticos e textos da legislação trabalhista de interesse do técnico de Segurança do Trabalho”, comenta a professora Ângela Coutinho. “Isso motivou-os a pesquisar sobre as condições do trabalho na atualidade, e a constatar a necessidade de compreender, profundamente, diferentes discursos relativos ao trabalho, para poder melhor relacionar-se com os trabalhadores em suas atividades de técnicos de segurança”, completa. AsCom Colaboração Ayrton Costa | Aline Moraes (Campus Volta Redonda) Camila Baião (Campus Duque de Caxias) Greici Sousa (Campus Pinheiral) Tatiana Ribeiro (Campus São Gonçalo) Verônica Marques | Sabrina de Oliveira (Campus Nilópolis) Ygor Marinho (Campus Realengo) Interessados em sugerir pautas devem entrar em contato pelo e-mail [email protected] Os alunos Vinicius Vieira, Lourdes Magalhães e Miriam Maranhão apresentaram o projeto “Leituras do Trabalho” durante o II Fórum Mundial de EPT (2012), em Florianópolis (SC) AsCom Equipe do LISEDUC no X Encontro Internacional de Iniciação Científica, em outubro de 2012, no município de Muriaé (MG) Com alguns prêmios no currículo, o Laboratório de Informática, Sociedade e Educação (LISEDUC) do campus Engenheiro Paulo de Frontin tem aliado pesquisa e inovação na formação de profissionais de tecnologia da informação, um dos potenciais da região Centro-Sul Fluminense. O polo permite que alunos do Curso Técnico em Informática para Internet empreguem a prática e a teoria trabalhadas em sala de aula. Formado em 2008, ainda no campus Paracambi, o LISEDUC desenvolve principalmente projetos ligados à criação de jogos na área educacional, com foco em meio ambiente, petróleo, negócios e saúde. Aluno do 4º período do Curso Técnico em Informática para Internet, Rodrigo de Oliveira Gonçalves participa do projeto de jogos educativos “Nature is in Danger – Natureza em perigo: um estudo de caso no ensino fundamental da escola CENEC – Paracambi”. O projeto ficou entre os dez melhores do X Encontro Internacional de Iniciação Científica FAMINAS da Zona da Mata (MG), que ocorreu em outubro do ano passado, em Muriaé (MG). Segundo Rodrigo, o laboratório permite a troca de experiências com outros pesquisadores, em eventos como o realizado em Muriaé, e a JIT (Jornada de Iniciação Científica e Tecnológia do IFRJ), realizada este ano no campus Pinheiral. “A participação no grupo de pesquisa nos propicia conhecimento, experiências múltiplas que vão desde o desenvolvimento de sistemas até a forma com a qual devemos nos portar em uma empresa ou em um evento”, diz Rodrigo, segundo quem o trabalho em equipe e a ética são temas também muito discutidos dentro do grupo. “Acredito que tudo isso tenha uma relação com a sigla de nosso grupo: Laboratório de Informática, Sociedade e Educação”, comenta o aluno. Para o professor Ricardo Kneipp, vice-líder do grupo de pesquisa, o LISEDUC trabalha a busca contínua da pesquisa como instrumento de formação de um profissional capacitado para atender as demandas de um mercado cada dia mais globalizado. “No grupo de pesquisa, os alunos são condicionados a trabalhar em equipes de forma construtiva e colaborativa, o que proporciona um alinhamento com o que eles vão encontrar no mercado de trabalho”, avalia o professor. Monitora on-line do projeto “Identificando o Estilo de Aprendizagem de alunos e professores do IFRJ e Jogo de Negócios Empresarial”, a aluna do 4º período Nathane Rodrigues diz que o laboratório é importante para o seu crescimento educacional. “O LISEDUC proporciona novas experiências a partir do desenvolvimento de projetos e a possibilidade de aprender assuntos novos e de grande interesse”, diz a aluna. 3 Teoria da Relatividade no século 21 Dos clássicos às séries de TV, o cientista louco tem lugar cativo na ficção Fotos: Divulgação Estigma de cientista louco ficou na história e na ficção do século passado. O novo cientista prova que existe vida fora do laboratório AsCom Divulgação / YouTube Entre laboratórios e ensaios da banda cover dos Beatles, Hiram Araújo divide com a música a paixão pela ciência “Eureka!”, gritou Arquimedes ao pular da banheira e sair correndo nu pela cidade grega de Siracusa. Ele acabara de intuir um princípio segundo o qual seria possível calcular o volume de um corpo ao submergi-lo em água. A anedota passada no século 3 a.C. (e a mais conhecida sobre o matemático grego) ajudou a formar a figura do cientista no imaginário popular – um gênio excêntrico, um “doido de pedra”. O ideário do “cientista louco” durante décadas estigmatizou aqueles que dedicam horas em laboratórios e bibliotecas à procura da fórmula ideal, da resolução inequívoca . O cientista - na literatura, no cinema e na TV - já foi o responsável por planos complexos de conquistar o mundo ou de bolar uma máquina super-poderosa capaz de fazer voltar no tempo. O sujeito contava com um cérebro privilegiado e nenhuma ou pouca habilidade social. Quando vilão, tinha de derrotar o herói bonito e forte, a quem bastavam os bíceps. Essa imagem parece ter ficado no século passado. Nomes como Carl Seagan e Stephen Hawking, dois dos mais importantes físicos da nossa época, ajudaram a traduzir para o homem comum conceitos como os da mecânica quântica e da teoria Entre os que se dizem o anticristo e os que eletrificam o próprio corpo, estão os dez principais cientistas excêntricos da história, eleitos pela revista New Scientist. das cordas, antes herméticos nos meios universitários. O interesse pela Química, Física e áreas afins hoje faz parte da rotina de jovens que não se enquadram no velho estigma. O professor Hiram da Costa Araújo Filho, coordenador do curso de Química do campus Rio de Janeiro, é um exemplo do cientista de uma nova era. “Sempre vi a figura do cientista como a de um profissional que tem a habilidade para usar bem os dois lados do cérebro, e que, no máximo, poderia ser um excêntrico”, diz. Observação, imaginação, trabalho e obstinação são, na opinião dele, os requisitos necessários a qualquer um que queira ingressar na área. “Costumo dizer que a imaginação não é algo que você aprende na escola”. Sobre o poder de observação, Hiram faz referências aos grandes avanços que ocorreram a partir desse princípio e sem os quais não existiriam a penicilina nem a noção de que a Terra jamais foi o centro do universo. O palco ou a sala de aula? Durante a adolescência Hiram foi integrante de bandas como a Pimenta Malagueta e a Zona Proibida. Na época, ele se viu frente a grandes decisões. Gostava de música, tinha uma queda pela Química e flertava com a Psicologia. Em nossa máquina do tempo estamos nos anos 80, mais precisamente em 1985. Hiram acaba de tomar uma decisão da qual nunca irá se esquecer: ele não vai ao Rock in Rio - o festival que se tornaria lenda e colocaria a cidade maravilhosa no cenário mundial da música. Ele opta por estudar para seu exame de mestrado (ele já fizera licenciatura em Química). No ano seguinte, Hiram teve uma recaída. “Larguei tudo, montei uma banda com uns amigos e decidimos gravar uma fita demo”. Eles queriam conquistar o Rio, o Brasil, fazer sucesso e ganhar a vida com a música. Nada disso aconteceu. Mas, cantava Cazuza, quem tem um sonho não dança. Hiram tinha vários. Voltou aos estudos, procurou emprego, deixou currículo na antiga Escola Técnica Federal de Química. Havia uma vaga de professor de análise instrumental, ele a assumiu e, em 1988 conseguiu sua permanência na instituição devido às mudanças na Constituição brasileira. “Hoje sou um homem feliz, tenho certeza de que estou no lugar certo, numa excelente instituição, fazendo o que gosto e tendo à disposição tudo de que preciso”. Hoje o professor concilia suas paixões. Além de cientista, ele faz os vocais e é tecladista de uma banda que já começa a ser vista na noite carioca, a Super Beatles, cover do quarteto de Liverpool. O cientista também ri Ex-aluno do curso de Química do campus Rio de Janeiro, Bruno Maia enxergava a ciência como “algo intangível, distante, coisa de maluco”. Depois de entrar no IFRJ - onde ajudou a desenvolver um dos projetos vencedores da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia de 2011 -, aquela impressão inicial foi desfeita. “A ciência é próxima da sociedade, mesmo que ela não veja e nem sinta isso. Uma grande parte dos avanços da ciência ocorre de acordo com as necessidades da população, para solucionar um problema ou ao menos reduzi-lo”, ele explica. Bruno acredita que o senso comum ainda encara o pesquisador - sobretudo o de ciências Exatas e da Terra - como alguém à parte da sociedade, de intelectualidade superior, que passa seus dias recluso no laboratório, sério e pontuando o silêncio com assuntos de ciências. Quem desmente a imagem é o próprio Bruno, cientista desta nova geração. “O cientista ri. O cientista se diverte. O cientista vai a festas! Fala bobagens, conta piadas, assiste a jogos de futebol, namora e faz todas as outras coisas normais que todo ser humano faz”, ele diz. Há quem pense que um cientista tenha mais tato com tubos de ensaio e livros de cálculo do que com pessoas. Bruno faz piada com a hipótese - e prova que senso de humor não passa longe da ciência. “Existe a hora do trabalho e a hora da vida social. A diferença é que as pessoas dizem tchau quando vou embora, enquanto os bécheres, tubos de ensaio e balões de fundo azul nada fazem”, ele brinca. Clássico de Stevenson, “O médico e o monstro” conta a dupla personalidade do Dr. Jekyll O ratinho gênio Cérebro quer apenas conquistar o mundo A série The Big Bang Theory: gênios da ciência e socialmente inábeis Fonte: Portal Terra Fotos: Divulgação 4 Johann Konrad Dippel Wernher Von Braun Robert Oppenheimer Freeeman Dyson Richard Feynman Jack Parsons James Lovelock Nikola Tesla Leonardo da Vinci Albert Einstein Nascido no castelo de Frankenstein, na Alemanha, Dippel tornou-se famoso por ter inventado uma das primeiras tinturas sintéticas, o Azul Prussiano. Mais famoso ainda ficou pelos trabalhos de alquimia, sobretudo por sua procura incansável pelo elixir da longa vida, que daria origem ao Óleo de Dippel. Os rumores de que Dippel fazia experimentos em corpos humanos podem ter inspirado a clássica novela de Mary Shelley, que tinha o mesmo nome do castelo onde o cientista nascera. Wenher von Braun tinha 12 anos quando fez seu trem de brinquedo disparar pela movimentada rua German Street, depois de enchê-lo com bombinhas. Um dos heróis do projeto espacial americano, Braun aperfeiçoara os foguetes V-2 de Hitler antes de chegar aos EUA como prisioneiro de guerra. Em solo americano, foi um dos gênios do programa de exploração espacial e lunar. Além de ter ajudado o homem a pisar na lua, Braun dominou o mergulho e a filosofia. Chefe do Projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica nos anos 1940, Robert Oppenheimer nunca escondeu pendores para o socialismo e sentimentos conflitantes com relação ao uso de bombas nucleares. Pelas suas posições, perdeu seu poder seu poder político e acadêmico. “Oppie”, como é lembrado ainda hoje pelos seus alunos de graduação, aprendeu holandês e sânscrito por vontade própria e citou um texto sagrado do hindu no primeiro teste da bomba atômica. Freeman Dyson, físico nuclear e autor de ficção científica, criou a ideia de que, no futuro, poderia haver a necessidade de se construir uma redoma artificial – depois chamada de Esfera de Dyson – que cobriria todo o sistema solar para tirar o máximo da energia do Sol. A ideia, publicada em 1960, foi tratada em um dos episódios da série Star Trek. Dyson é defensor da hipótese de que há vida extraterrena e acredita que em breve teremos contato com ela. O físico Richard Feynman, um dos mais importantes cientistas do século 20, fez parte da equipe responsável pelo projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica. Pioneiro na área de computação quântica, o excêntrico professor Feynman explorou a música e a natureza, debruçou-se sobre hieróglifos maias e arrombava fechaduras no seu tempo livre. No livro “O senhor está brincando, Sr. Feynman”, ele conta a experiência com a percussão e o samba brasileiros. Mesmo sem educação formal, John Whiteside Parsons co-fundou o Jet Propulsion Laboratory, centro de desenvolvimento de sondas especiais do programa espacial americano. Ocultista praticante de mágica e auto-intitulado anticristo, o cientista bad-boy desenvolveu combustível de foguetes que levaria os EUA ao espaço e à Segunda Guerra Mundial. Em 1952, Jack Parsons morreu depois de explodir seu laboratório e a si mesmo durante um experimento. Inventor do mundo como super-organismo – a hipótese Gaia –, o cientista ambiental James Lovelock fez previsões catastróficas sobre mudança climática, muitas delas aparentemente comprovadas. Segundo o cientista, será inevitável o desaparecimento de cerca de 80% dos humanos até 2100. Ele diz que o mundo já ultrapassou o ponto de não retorno com relação às mudanças climáticas, o que inviabilizava a sobrevivência da civilização tal como a conhecemos. Tesla é o tipo de pessoa que você imagina puxando uma chave elétrica gigante em meio a uma chuva de fagulhas brilhantes. Reconhecido por ter inventado o rádio e os geradores de corrente alternada que deram início à era da eletricidade, Tesla nasceu, apropriadamente, durante uma violenta tempestade elétrica em 1856. Ele ficou famoso pelas suas habilidades mágicas e pelos espetáculos públicos de eletricidade que produzia, usando o próprio corpo como condutor. Autor de algumas das mais reverenciadas obras de arte da história, o renascentista Leonardo da Vinci encontrava tempo para explorar sua personalidade excêntrica. Em seus cadernos de anotação, escritos de forma espelhada, o gênio múltiplo esboçava uma terra de fantasia, com máquinas esquisitas e projetos brilhantes, muitos dos quais ficaram no papel. Outros, como um rudimentar esboço de um helicóptero, seriam feitos realidade mais tarde. Ele certamente tinha o cabelo de um cientista maluco. Um dos mais celebrados cientistas do século passado - somente comparável, na história, a Isaac Newton Albert Einstein virou a física de cabeça para baixo com suas teorias da relatividade e fez enormes contribuições às áreas de gravitação e teoria quântica. Símbolo de genialidade criativa e imortalizado em uma foto na qual exibe a língua, ele também gostava de velejar em dias sem vento, “só pelo desafio”. 5 Ciência para todos Medicamentos no campus Campus Realengo desenvolve projeto de fitoterapia popular Licenciaturas e popularização da ciência no campus Mesquita Receber o público visitante, realizar o atendimento nas atividades itinerantes, elaborar e realizar oficinas, construir e fazer a manutenção de equipamentos e experimentos. Estas são algumas das atribuições de alunos de graduação do IFRJ nos trabalhos de mediação realizados no campus Mesquita. Segundo o professor Chrystian Carletti, atualmente os alunos podem atuar como mediadores de três diferentes maneiras: mediador bolsista, aluno de iniciação científica e mediador voluntário. “Para ser um mediador o aluno precisa desenvolver sua capacidade de comunicação”, explica o professor Carletti. Isso ocorre, segundo ele, porque na atividade de mediação é necessário realizar transposições de linguagem durante todo o tempo, pois o público é bastante heterogêneo. Essa habilidade comunicativa foi percebida pelo aluno Rennan Papaleo, do 6º período de Licenciatura em Química do campus Nilópolis, como um dos aprendizados na mediação. “É uma experiência muito produtiva, pois, trabalhando em um museu, aprendemos a lidar com todos os tipos de público, melhorando cada vez mais nossa capacidade de transferir informações”, diz Rennan. Além da capacidade de comunicação, diz o professor, a mediação contribui muito para o desenvolvimento da criatividade. “O aluno precisa pensar em novos aparatos e oficinas que tratem o tema da exposição, bem como precisa pensar rápido para criar maneiras de fazer os visitantes perceberem os erros conceituais que trazem consigo e ajudá-los a compreender as exposições de modo que a mediação não pareça uma aula”, explica o professor. O mediador Volnei Cipriano, aluno do 6º período de Licenciatura em Física do campus Nilópolis, acredita que a experiência tem contribuído para a sua formação acadêmica. “As práticas realizadas na monitoria e no desenvolvimento da pesquisa de iniciação científica têm aprimorado bastante minha formação pedagógica, e com isso posso levar essas práticas para dentro de sala de aula”, considera Volnei. Aluna do 8º período de Pedagogia da UERJ, Lillian Mascarenhas diz que a prática de mediação tem contribuído para a sua formação docente. “Tem fornecido uma grande ‘bagagem’ tanto para a graduação quanto para depois dela”, comenta Lillian, também aluna de iniciação científica do campus Mesquita. AsCom Divulgação científica no campus Mesquita: alunos das licenciaturas do IFRJ atuam como mediadores para a popularização da ciência Equitação lúdica em Pinheiral Campus Pinheiral recebe alunos da APAE para atividades de equitação lúdica AsCom AsCom 6 Alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e da rede municipal de Pinheiral participam semanalmente de atividades de equitação lúdica no campus Nilo Peçanha – Pinheiral em busca de superação de limites que podem lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida. O projeto é desenvolvido pelo campus Pinheiral, em parceria com a APAE do município, desde maio de 2012, e faz parte das atividades do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus. A equipe técnica das atividades, composta por um psicólogo, fisioterapeuta e um veterinário, conta com o apoio de estudantes dos cursos técnico em Agropecuária e Meio Ambiente, entre monitores, bolsistas e voluntários. Os estudantes trabalham auxiliando o atendimento aos participantes das atividades e cooperam com os trabalhos de cuidados e treinamento do animal. Rafael Pedroso, do 3º ano do Curso técnico em Agropecuária, está há cerca de um ano no projeto. Ele confessa que quando iniciou, como monitor, seu principal objetivo era obter horas de estágios. Após um ano no projeto, com o alcance das horas exigidas pelo curso, Rafael optou por permanecer no trabalho. O estudante afirma que os benefícios são recíprocos entre os participantes das atividades e os alunos que auxiliam o projeto. Segundo Rafael, a prática fez com que se aproximasse, com mais desenvoltura, de crianças com deficiência. “Antes, eu não sabia me comunicar com elas,” diz. Habilidade que ele afirma que desenvolveu com a experiência. O estudante analisa que a prática permitiu o aprendizado e o conhecimento de uma realidade, pilares importantes que ele utilizou para a desconstrução de preconceitos. “Não se julga pelas aparências, é preciso conhecer para julgar,” alerta. Júlia de Souza Mathias Serra é estudante do primeiro ano do Curso de Agropecuária e é voluntária no projeto há cerca AsCom de quatro meses. A estudante revela que a experiência tem apresentando a ela um mundo sem limites para o amor, o respeito e a superação. Ela relata experiências de incentivo entre as crianças participantes do projeto, em que uma criança desce do cavalo e convida a outra, mais tímida, a participar. “Elas nos ensinam muito”, analisa a estudante. A diretora administrativa da associação, professora Maria do Rosário Carelli, revela que o desenvolvimento do trabalho de equitação lúdica no campus Pinheiral representa a realização de um sonho antigo. A professora destaca que espera que o projeto se desenvolva e que o campus possa oferecer aos alunos tratamentos de equoterapia. O campus Pinheiral vem trabalhando na busca de recursos e no treinamento de profissionais para a oferta do tratamento. Em 2013, o veterinário responsável pelas atividades, Nelson Oscaranha Gonsales da Costa, participará de treinamento. Para problemas digestivos, plectranthus barbatus. Chá calmante pode ser feito com cymbopogon citratus. Conhecidas popularmente como boldo brasileiro e capim-limão, essas plantas são algumas das espécies cultivadas no Projeto Farma Horto, do campus Realengo. Coordenado pela professora Meriane Pires Carvalho e parte do programa de extensão “A Farmácia na promoção da saúde: Incentivando o Uso Racional de Medicamentos”, o projeto tem o objetivo de capacitar os futuros profissionais farmacêuticos para atuarem na fitoterapia popular. O processo de implantação do Farma Horto foi constituído por diversas etapas, incluindo votações em rede social para que os alunos decidissem qual seria o modelo de Horto mais adequado para a realidade da Instituição. Definido o modelo, os professores e alunos iniciaram o cultivo do horto de plantas medicinais. O local escolhido foi área verde nos fundos do campus. Além dos boldos brasileiro e japonês, e do capim-limão, a horta abriga ainda a cana-do-brejo (costus spicatus), além de outras espécies em fase de adaptação. “A comunidade ao redor do campus é muito carente de informação e um projeto como esse auxilia no melhor uso e entendimento das possibilidades e poder das plantas medicinais, disse o aluno, um dos seis estudantes envolvidos com o projeto. Para Angélica Cardoso, o projeto irá contribuir para maior compreensão da medicina popular e capacitação para orientar a população. “Acredito que o projeto contribui muito para minha formação pois os conhecimentos adquiridos me tornarão capaz de orientar a população quanto ao uso racional e adequado das plantas medicinais, visando a manutenção da saúde e da qualidade de vida”, diz Angélica. Para ela, o impacto será muito positivo, pois a população será capaz identificar corretamente as plantas medicinais e conhecerá as indicações terapêuticas corretas, além de evitar danos à saúde quanto ao uso incorreto. “A troca de saberes, científicos e empíricos, será muito enriquecedora para alunos, mestres e comunidade”, diz Angélica. A professora Meriene Pires Carvalho explica que é fundamental a conscientização da população sobre os cuidados com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, para tentar acabar com o lugar-comum de que “se é natural, não faz mal”. “A planta medicinal e o medicamento fitoterápico podem ter efeitos colaterais e até interações com outros medicamentos já usados pelo paciente. Podem ser comercializados de forma errada, principalmente no mercado informal. Há casos de plantas tóxicas sendo confundidas e comercializadas no lugar de plantas medicinais. A população sem conhecimento pode ingerir um produto de má qualidade, ou pior, uma espécie errada, que pode trazer conseqüências nada benéficas”, alerta a professora. Entre as atividades até agora realizadas pelo Projeto Farma Horto, estão a participação em oficinas de capacitação dos alunos e professores envolvidos no projeto; o plantio de mudas certificadas, adquiridas em parcerias com empresas externas como a BioErvas Plantas Medicinais; estudos de adaptação dessas mudas às condições climáticas e de solo; caracterização botânica das espécies com elaboração de placas explicativas a fim de informação para a comunidade interna e externa ao campus; aquisição e adaptação de mudas usadas tradicionalmente pela população e trazidas pelos alunos/moradores da comunidade do entorno do campus. “Até o momento, estamos em fase de implantação e otimização do cultivo das mudas adquiridas. Com o fato de sermos contemplados com a verba do edital PROExt, no final de dezembro de 2012, poderemos criar sistemas de irrigação, sombreamento e adquirir ferramentas para o manejo dos cultivares”, diz a coordenadora. Felipe Bezerra é orientado pelo professor Sérgio Thode: núcleo de tratamento transforma óleo utilizado em sabão para limpeza pesada Tudo se transforma Óleo de cozinha utilizado é matéria-prima para novos produtos no campus Duque de Caxias AsCom No Brasil, são produzidos anualmente três bilhões de óleo vegetal comestível. O produto é um dos mais usados na culinária, mas muitos não sabem como devem descartar o material após serem utilizados. Seu descarte inadequado acarreta danos gravíssimos ao meio ambiente: apenas um litro de óleo é capaz de contaminar e esgotar o oxigênio de até 20 mil litros de água. Por não saber como jogar fora o óleo saturado, muitos jogam nas pias e vasos sanitários, o que provoca entupimento nas instalações internas e aumenta em 45% o custo de tratamento na rede de esgoto. No município do Rio de Janeiro são consumidos 20 milhões de litros de óleo por ano, e apenas 2,5% são reciclados e descartados corretamente. Foi pensando em como tornar o produto útil de maneira simples que os professores do campus Duque de Caxias Sérgio Thode Filho e Marcelo Fonseca Monteiro de Sena, juntamente com os alunos de Petróleo e Gás Bruno Freitas de Oliveira, Luiz Gustavo Brandão da Silva e Felipe Bezerra, criaram o Núcleo de Tratamento e Reutilização de Óleo Vegetal Residual, com o objetivo de conscientizar alunos e comunidade sobre os impactos causados pelo descarte inadequado. “Além de evitar o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado, o projeto gera uma ação empreendedora local, desenvolve a educação ambiental e o sequestro do carbono, caso este material fosse queimado”, avalia o professor Sérgio Thode Filho. “Participar do projeto é uma oportunidade excelente, tanto para formação acadêmica quanto para minha conscientização sócio-ambiental”, diz Felipe Bezerra. “A reciclagem do óleo é de suma importância para que o meio ambiente não sofra ainda mais com os prejuízos que o descarte do mesmo ocasiona. Por isso pretendo continuar no projeto, e ainda conscientizar mais pessoas quanto ao descarte inadequado do óleo usado”, revela o aluno. A expectativa, segundo o professor Sérgio Thode, é o desenvolvimento de uma tecnologia social, a consolidação de um processo produtivo mais econômico e tecnicamente viável. “Além de gerar trabalho e renda para a comunidade de Duque de Caxias, o projeto, em colaboração com o Projeto PFRH Prospecção de Novas Fontes de Biocombustíveis, já está produzindo biodiesel a partir do óleo usado”, diz o professor. O projeto tem como produto um sabão adequado para limpeza pesada, de simples processo de fabricação, pois a equipe tem como projeto futuro ensinar para donas de casa que almejam aumentar a sua renda fazendo seu próprio sabão. O produto ainda está em fase de aprimoramento e em processos de análise química, para posteriormente aumentar a linha de produto, podendo ser feitos detergentes, sabonetes e outros materiais à base do óleo já utilizado. O projeto funciona no campus Duque de Caxias do IFRJ, que recebe os materiais através de doações. Outra vontade dos idealizadores do projeto é, futuramente, utilizar água pluvial na fabricação do produto para, assim, diminuir custos. O posto de coleta de óleo saturado fica na Avenida República do Paraguai, 120, no bairro Sarapuí, em Duque de Caxias. 7 Produzindo cultura Arquivo pessoal Aluna de Produção Cultural do IFRJ, Sluchem Cherem tem história na arte circence Acendem-se as luzes, abrem-se as cortinas... Sluchem Cherem, aluna do Curso de Produção Cultural, do campus Nilópolis, desde pequenininha ficava escondida atrás das coxias do teatro. Foi o pai, Li- machem Cherem, quem acabou sendo o estopim para a sua vida artística. Aos 10 anos, Sluchem já estava trabalhando no circo, fazendo um número chamado “Pano Mexicano”. A apresentação, que consiste Sluchem Cherem como Repita 8 em equilibrar uma vareta de madeira ao mesmo tempo em que o artista faz movimentos giratórios com um pano, era a única maneira de saciar seu desejo pelo palco. “Sempre quis trabalhar com o circo. Desde pequena perturbava meus pais para me colocarem no palco, estar lá era a única maneira de me deixar quietinha e feliz”. Quem vê Sluchem na rua ou no próprio IFRJ nem imagina qual é a sua história e a sua profissão – Palhaça. Até seu nome foi mais uma das ideias mirabolantes de seu pai, e foi com a família que Sluchem teve a sua grande escola de circo, não esquecendo, claro, da influência de Carequinha em sua formação artística. “Carequinha foi um ser extremamente profissional e maravilhoso. É o único artista que conheci que chegava duas horas antes do show”, diz. Sluchem foi partner do palhaço, ajudando-o nos espetáculos circenses Brasil afora; já sua irmã, Slanny, trabalhava como palhaça, e sua mãe era figurinista do circo. Hoje ela e a irmã formam a dupla de palhaças “Repita e Carequita”. Para a artista, ser palhaço é uma maneira de extravasar o que não se pode fazer no dia-a-dia, intensificando emoções que são pequenas e fazendo antônimos das características pessoais. Por meio da parceria, as irmãs “Repita e Carequita” trabalham em shows por todo o Rio de Janeiro. A criação da dupla foi uma maneira de homenagear o maior palhaço do Brasil, morto em 2006. “Depois que fiquei mais velha, fui entendendo a importância do Carequinha, mas quando era pequena tudo parecia normal, o considerava como um tio.” Segundo Sluchen, existem algumas oficinas que hoje ajudam a criar a figura do palhaço, porém a maioria dos artistas circenses está indo para a Europa, trabalhando em cruzeiros, parques, shows e etc. “Quando fiz intercâmbio de línguas, viajando para o Canadá e França, conheci diversos artistas circenses que eram profissionalmente mais valorizados do que no Brasil”, ela relata. Sluchen Cherem acredita que muito ainda deve ser feito pela manutenção da “cultura de lona” no Brasil e, por isso, a aluna do campus Nilópolis pretende trabalhar pesquisando a área do circo. Em 2011, ela foi premiada na V Jornada Interna de Iniciação Científica e Tecnológica do IFRJ (JIT) com um documentário sobre circo. Segundo ela, essa é uma maneira de disseminar a cultura circense, que possui uma bibliografia escassa no Brasil: “Infelizmente os artistas circenses acabam não tendo tempo de estudar e por esse e outros motivos não há praticamente nenhum material sobre o circo no Brasil”. Atualmente Sluchen Cherem também trabalha no teatro, atuando com um grupo chamado “Perambulando”. Formado também por alunos do curso de Produção Cultural do campus Nilópolis, o grupo teatral trabalha com crianças, fazendo danças circulares e apresentando contos populares que envolvem todo o folclore brasileiro. Hoje Sluchen trabalha na divulgação do documentário “Itinerante Retorno”, lançado ano passado no Cine Glória, no Rio de Janeiro. “O documentário foi uma idealização minha, resultado da pesquisa ‘Uma estória que precisa ser contada - A migração de Artistas Circenses por um viés cultural e econômico’, apoiado pelo IFRJ/CNPq/ FAPERJ e realizado por mim, Daniele Dionisio e Cintiene Monfredo”, conta a aluna de Produção Cultural. O filme tem direção e argumento do professor do campus Nilópolis Tiago Monteiro, pesquisa de Sluchem Cherem e Danielle Dionisio, câmera e edição de Leo Diniz e Leandro Luz. Realizado em parceria com Núcleo de Criação Audiovisual do campus Nilópolis do IFRJ (NUCA), o documentário tem o objetivo de divulgar a arte circense e mostrar o fluxo migratório de artistas circenses para fora do país a trabalho, sobretudo para a Europa. “As pessoas demonstraram gostar bastante da temática e do como foi enquadrada”, comenta Sluchen. Divulgação / YouTube Itinerante Retorno: documentário mostra o êxo-do de artistas circenses brasileiros Divulgação George Savalla Gomes: Carequinha é conside-rado o maior palhaço brasileiro de todos os tempos No caminho da sustentabilidade Biodiesel é tema de projeto desenvolvido no campus Paracambi Arquivo pessoal Fotos dos alunos, feitas nas cidades históricas mineiras, foram exibidas na Casa de Cultura de Arraial do Cabo em março passado Literatura, arte, história “Diálogos com o barroco”, do campus Arraial do Cabo, alia ensino, pesquisa e extensão para contar a história da arte brasileira Viscosímetro digital Aliar o conteúdo das disciplinas do núcleo comum Arte e Língua Portuguesa com a riqueza cultural de cidades históricas mineiras é um dos objetivos do projeto de extensão do campus Arraial do Cabo “Diálogos com o Barroco”. Coordenados pelo professor Jefferson Machado de Assunção, alunos do projetos - que procura discutir temas da arte e literatura brasileiras, em especial o barroco e o árcade, - viajaram no ano passado a cidades como Ouro Preto, Mariana e São João Del Rey, marcos do barroco brasileiro. Em março passado, fotos do percurso histórico feitas pelos alunos foram exibidas na Casa de Cultura de Arraial do Cabo. Para o professor Jefferson, o projeto ressignificou o olhar dos discentes sobre o objeto de estudo da arte e da literatura. “O projeto promoveu a vivência em locais onde fatos históricos contribuíram para a consolidação da nossa arte, da nossa literatura e da nossa independência política”, avalia o professor, um dos coordenadores do projeto nascido no Instituto Federal do Maranhão (IFMA). A oportunidade de conhecer alguns dos principais monumentos históricos do país foi uma das razões que levaram Ronaldo Miranda, aluno do 4º período do Curso de Suporte e Manutenção em Informática (PROEJA), a participar do projeto. “Os aprendizados foram muitos, como o valor do barroco para o Brasil, que não é apenas na literatura, mas também como marco de nossas artes”, diz Ronaldo, que destaca as obras arquitetônicas, a participação da mão-de-obra dos negros, a rota de Estrada Real e suas cidades históricas. Para o aluno Naílson dos Santos, do 3º período do Curso Técnico em Informática, a participação em “Diálogos do Barroco” permitiu o conhecimento dos saberes históricos desse movimento artístico-literário. “O desenvolvimento do meu olhar crítico à arte e à literatura, o conhecimento aprofundado das lições e características do barroco, principalmente o barroco mineiro, os estudos, as estruturas e arquitetura das igrejas barrocas foram alguns dos principais aprendizados com a participação no projeto”, conta Naílson. Letras e Artes já eram duas das disciplinas preferidas de Naomi Soledad, aluna do 4º período do Curso Técnico em Informática e integrante do projeto. Ela acredita que, com o “Diálogos do Barroco”, se pôde fixar o conteúdo de Arte e Literatura na área do barroco. “Principalmente porque, quando se tem contato direto com o objeto de estudo, o conteúdo é assimilado melhor. Conseguimos também um ótimo resultado, com trabalhos em equipe, e pudemos fortalecer os laços de amizade que já tínhamos. Foi uma ótima experiência!”, diz Naomi. Um estudo sobre biodiesel, realizado no campus Paracambi do IFRJ, caminha no sentido do desenvolvimento sustentável de recursos naturais, reaproveitando potenciais poluentes e minimizando desperdícios. Coordenado pelo professor Fernando Luiz Barbuda de Abreu, no âmbito do Programa de Formação de Recursos Humanos (PFRH/IFRJ/Petrobras), o projeto alia o treinamento teórico à prática de laboratório e conta hoje com 13 alunos. Desde 2012, são ministrados teoria de segurança do laboratório, desenvolvimento de equações matemáticas no Excel aplicadas em viscosidade, estudo de estatística básica, introdução ao cálculo do erro relativo e incerteza de medição; e na prática, em função do equipamento viscosímetro digital, acessam-se módulos de testes, números de amostras injetadas e temperaturas diferentes, Na produção, os alunos já fizeram um treinamento de purificação do biodiesel após a reação - lavagem, filtragem e secagem. Hoje os alunos estão sendo orientados por quatro professores. Além do professor Fernando, estão envolvidos no projeto os professores Lívia Lopes Mauro, Rafael de Souza Dutra e Cláudia Ferreira. Segundo o coordenador do projeto, na fase atual, o aluno já pode e deve perceber que todas as grandezas que estão sendo estudadas e as outras que serão ensaiadas têm influência direta em áreas técnicas diferentes, tais como o armazenamento do produto (no caso atual o biodiesel para ser injetado no Motor Diesel ao longo do tempo), a instrumentação dos equipamentos, o controle de temperatura e umidade da sala, a importância de fazer gráficos e trabalhar na planilha do Excel de forma organizada, metodologia de lavagem, de preparação das amostras e de responsabilidade para executar os testes e deixar o equipamento limpo e estável antes de se retirar do ambiente de trabalho, além do bom relacionamento e comunicação com o grupo. Para a aluna Ana Luiza Wandekolk Vieira Ferreira, que participa do projeto, a pesquisa está sendo uma oportunidade de ter experiência com uma área específica do curso Técnico em Mecânica. “A experiência tem sido ótima, pois estou aprendendo muitas coisas sobre a mecânica, e também muitos outros assuntos que temos que abordar para o bom desenvolvimento do projeto. O impacto em minha carreira profissional e acadêmica é muito grande, pois a pesquisa é uma marca muito forte em um currículo e na universidade eu poderei entrar em outra pesquisa, já que eu já tive essa experiência no ensino médio, o que abrirá mais portas no mercado de trabalho” avalia Ana Luiza. 9 Saúde no microscópio No mundo da Lua Estudo de bactérias no campus Rio de Janeiro procura novas formas de conservação de alimentos Com a procura crescente por alimentos mais saudáveis, um dos desafios dos produtores de alimentos tem sido encontrar formas de harmonizar as exigências dos consumidores e as normas de segurança necessárias. Uma linha de pesquisa desenvolvida no campus Rio de Janeiro tem investigado a aplicação de tecnologia inovadora de controle antimicrobiano em alimentos processados sem a adição de conservantes químicos. Coordenada pela professora Janaína Nascimento, a pesquisa “Estudo potencial de aplicação de bacteriocinas de bactérias Gramnegativas na preservação de alimentos” divide-se em dois projetos, com a participação de três alunos de iniciação científica. A professora explica que os meios tradicionais de controle de deterioração microbiana e dos riscos de segurança em alimentos estão sendo substituídos por combinações de tecnologias inovadoras que incluem sistemas biológicos antimocrobianos, como bactérias do ácido láctico e as bacterioricinas - substâncias antimicrobianas produzidas por bactérias e que inibem outras bactérias. “Nossos resultados vêm mostrando que, muitas vezes, a inibição de patógenos alimentares pode ser feita por bactérias produtoras de substâncias antimicrobianas encontradas na própria microbiota do alimento, e que essas substâncias podem constituir uma potente arma no arsenal dos biopreservativos”, diz a professora Janaína. E por que estudar as bactérias Gram-negativas? Segundo Janaína, um dos problemas atuais colocados em pauta pela literatura especializada consiste no fato de que diversos alimentos minimamente processados, ou “naturais”, são susceptíveis à contaminação por um grupo particular de patógenos: as bactérias Gram-negativas, em especial, aquelas pertencentes à família Enterobacteriaceae. “A maioria das bacteriocinas produzidas por bactérias Gram-positivas, as mais estudadas atualmente, inibem em sua quase totalidade o crescimento de outras bactérias Gram-positivas. Agentes infecciosos Gram-negativos são dificilmente inibidos por bacteriocinas Gram-positivas, podendo, inclusive, carregar genes de resistência a antibióticos, tornando o tratamento dos casos, quando necessário, mais difícil”, explica a professora. Aluno do 7º período do Curso Técnico em Alimentos, Jean Soares é bolsista PIBITI da pesquisa e diz 10 que a experiência já tem influência direta na vida acadêmica. “Atualmente vejo a carreira que quero seguir devido à influência da pesquisa, pelo conhecimento envolvido me proporcionar uma visão maior da microbiologia e, de uma forma geral, da Biologia”, ele diz. Segundo Jean, o amadurecimento profissional é visível. “Toda a responsabilidade e foco que uma pesquisa requer me fizeram amadurecer bastante academicamente, trazendo mais concentração e praticidade dentro de um laboratório, por exemplo”, comenta. “A experiência de ver o resultado do que você fez é satisfatória e me motiva sempre a buscar mais, a querer alcançar novos horizontes dentro da minha pesquisa, e a gostar mais daquilo que eu faço. Além de todos esses fatores a pesquisa traz comprometimento, que é muito importante em toda a vida”, completa. Recém-formada no Curso Técnico em Alimentos e contratada pela multinacional Coca-Cola, Ana Beatriz Rangel foi bolsista PIBICT da pesquisa. “A participação nesse programa de iniciação científica, tanto na prática laboratorial quanto na participação em eventos e congressos da área, foi uma experiência única e de muita importância na minha carreira acadêmica e profissional”, conta Ana, que diz ter obtido amadurecimento, responsabilidade, comprometimento e conhecimento. “Atualmente trabalho em laboratório de desenvolvimento de produtos de uma empresa multinacional, onde utilizo bastante os fundamentos da área de ciências biólogicas e sem dúvida alguma essa experiência enriqueceu o meu currículo profissional e contribuiu para a minha ocupação da vaga”, conta a ex-aluna. Claudinei Freitas, aluno do 8º período do Curso Técnico em Alimentos e bolsista do PIVICT, acredita que o projeto é uma inovação na área biológica. “A experiência que estou adquirindo contribui para o meu currículo e pode facilitar minha inserção no mercado de trabalho de alimentos”, diz Claudinei. Para Hugo Damaceno, também do 8º período do Curso Técnico em Alimentos, a pesquisa contribui para ampliar o conhecimento na área de Microbiologia. “Escolhi esta pesquisa, pois está relacionada ao campo em que pretendo atuar profissionalmente”, comenta o aluno. “A participação dos alunos na pesquisa é primordial para o andamento e o sucesso da mesma”, avalia a professora Janaína Soares. Arquivo pessoal/Janaína Soares Em sentido horário, a partir de cima: equipe no campus Rio de Janeiro; Janaína Soares; Hugo Damasceno; Jean Soares e Ana Beatriz Rangel; Claudinei Freitas AsCom Astronomia atrai alunos de diferentes níveis de ensino no campus Nilópolis Quem somos, de onde viemos, para onde vamos? Estas perguntas podem parecer mero devaneio existencial ou conversa de botequim. Para um grupo de professores e alunos do campus Nilópolis, são a própria razão da ciência que estudam. Coordenadas pelo astrônomo e professor de Física Eduardo Seperuelo, as atividades de astronomia no campus têm ganhado espaço a cada dia. Para quem se interessa pela ciência de Copérnico e Galileu, o campus Nilópolis oferece uma série de possibilidades. Além do curso preparatório para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), os alunos encontram espaços como as oficinas de vídeos, de telescópios, projetos de iniciação científica e monitoria, além do Projeto Erastótenes, uma interação entre diversas escolas da América do Sul para a medição do raio da Terra. Adquirido ano passado, um telescópio de 14 polegadas dará a chance, segundo o professor Seperuelo, para o desenvolvimento de projetos com níveis de publicação de artigos. “Com ele, poderemos medir com maior precisão a variação no brilho das estrelas, determinar a órbita de asteróides, de cometas, fazer imagens de galáxias e nebulosas e monitorar as variações que ocorrem nos planetas do sistema solar”, explica o professor Eduardo Seperuelo. Aluna do 4º período de Licenciatura em Física, Bruna Mayato conta que desde criança já se interessava por “coisas do espaço sideral” e afirmava, convicta, que seria cientista ou astronauta quando crescesse. “Lembro também de um episódio em minha infância, que foi quando vi, pela primeira A Astronomy publicou uma lista com alguns mitos comuns quando o assunto é o espaço. Não há gravidade no espaço Gravidade é uma força criada por qualquer órgão que tem massa. Isaac Newton (16431727) provou que a força gravitacional diminui à medida que a distância de qualquer objeto aumenta. Mas nunca se desvanece. Assim, a atração gravitacional do Sol em relação à Mercúrio (o planeta mais próximo) é mais forte do que em qualquer outro planeta. Se há gravidade no espaço, por que parece que os astronautas estão flutuando? Os objetos no espaço estão em um estado contínuo de queda livre. Este termo descreve um estado de movimento sem aceleração diferente do previsto pela gravidade. Sem gravidade, tudo dispararia em linha e o caos governaria. vez, a faixa reluzente da Via Láctea no céu, em uma viagem a Minas Gerais. Foi algo muito marcante e, até hoje, me emociono quando me recordo dessa visão”, diz Bruna, que só aos 15 anos decidiu que seguiria profissionalmente a astronomia. Bruna já foi monitora do planetário inflável, desenvolveu projeto de iniciação científica com o professor Seperuelo, participou do Eratóstenes e hoje é monitora na Oficina de Vídeos, além de participar como colaboradora nas edições da OBA realizadas no campus. “Esse envolvimento tem contribuído muito em minha formação acadêmica. Todo o conhecimento e a experiência que tenho adquirido com as atividades só ajudam a complementar minha formação”, diz Bruna. O céu de Minas é provavelmente um indutor de novos talentos da Astronomia. Ainda criança, o aluno de Controle Ambiental Felipe Avena foi apresentado ao estrelado firmamento do interior mineiro. “Isso mexeu muito comigo, principalmente quando entendi que cada pontinho era uma estrela, como o sol. Daí para a frente, o interesse só cresceu”, conta Felipe, medalhista de ouro e prata na OBA, e um dos construtores do projétil do campus na Olimpíada Brasileira de Foguetes. “Eu chamaria de maturidade acadêmica esse conjunto de aspectos e situações que pude desenvolver e viver”, diz o estudante, que destaca o trabalho em equipe e a preparação de longa duração para as competições como alguns dos aprendizados no IFRJ. Hoje, além de monitor, Felipe auxilia na montagem de telescópios para aulas práticas de astronomia. Se a paixão pelas coisas siderais já nasce com alguns, em outros o prazer pela As estações ocorrem por causa da mudança da distância da Terra em relação ao Sol As estações mudam em razão da inclinação de 23,5º da Terra em relação a seu plano orbital. Será verão em determinado hemisfério quando o seu pólo se inclinar em direção à Terra, e será inverno quando se afastar. Mais crimes ocorrem durante a lua cheia Um dos mais ouvidos mitos da astronomia diz que mais crimes ocorrem no período da Lua cheia, mas jamais houve comprovação. Cientistas acreditam que as pessoas apenas tendem a lembrar mais de fatos ocorridos durante a Lua cheia, quando a memória relaciona mais facilmente um acontecimento com a mais luminosa das fases lunares. astronomia pode vir mais tarde. “Alguns deles se interessam tanto que decidem seguir carreira na área de astronomia. Para aqueles cujo interesse é apenas curiosidade, o benefício é uma formação mais completa, com uma outra visão do mundo que nos cerca. Isso pode ter um impacto muito mais profundo em nossas vidas do que podemos imaginar”, opina o professor Seperuelo, para quem o ensino de astronomia na graduação torna possível a disseminação desse conhecimento para mais alunos. Esta expansão de horizontes foi uma das razões que levaram o aluno do 6º período de Licenciatura em Química Felipe Góes a participar do projeto de iniciação científica sobre o estudo das propriedades de gelos astrofísicos. “O gosto por ciências, aliado ao interesse em enriquecer minha graduação e também aliado à grata experiência de amigos que haviam cursado a disciplina me fez tomar a decisão de participar da disciplina”, explica Felipe. Para o aluno Tiago Souza, do 8º período de Licenciatura em Química, faltava apenas com quem compartilhar o interesse pelos corpos celestes e os fenômenos do céu. “Todas essas atividades das quais participo me estimulam cada vez mais a atuar nessa área, que sem dúvida nenhuma foi a principal influência em cursar mestrado em Astrofísica”, conta Tiago, hoje um dos organizadores da oficina de construção de telescópios. Ele também participou da edição do projeto Eratóstenes na edição de 2012 e agora escreve um trabalho de conclusão de curso voltado a um desenvolvimento de um mini-curso de Astronomia para formação de professores, sob a orientação do professor Eduardo Seperuelo. A Muralha da China pode ser vista da Lua A largura aparente da Grande Muralha da distância da Lua é a mesma que a de um cabelo humano visto a 3,2 km de distância. A partir da distância média da Lua, o olho humano só poderia distinguir um objeto com cerca de 113 km de largura. A Grande Muralha tem pouco mais de 9 m. A Lua tem um lado escuro Observação do céu no campus Nilópolis A OBA é realizada anualmente pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e ELETROBRAS FURNAS entre alunos de todas os anos do ensino fundamental e médio em todo território nacional. A OBA tem por objetivos fomentar o interesse dos jovens pela Astronomia e pela Astronáutica e ciências afins, promover a difusão dos conhecimentos básicos de uma forma lúdica e cooperativa, mobilizando num mutirão nacional, além dos próprios alunos, seus professores, coordenadores pedagógicos, diretores, pais e escolas, planetários, observatórios municipais e particulares, espaços, centros e museus de ciência, associações e clubes de Astronomia, astrônomos profissionais e amadores, e instituições voltadas às atividades aeroespaciais. Desafio: Esta questão caiu na primeira fase da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) de 2012 (Prova Nível IV - Ensino Médio). Veja a resolução em www.oba.org.br, na aba “Provas e Gabaritos”. Em um dado momento, metade da Lua está na escuridão. Mas o lado escuro é sempre o lado que fica de costas para o sol. Esse é também o caso da Terra. Metade do nosso planeta experimenta dia enquanto a noite ocorre na outra metade. Como a Terra e a Lua giram, algumas áreas estão se movendo para a luz solar enquanto outras áreas se movem em direção à escuridão. 11