InFormação
Agosto de 2013
Informativo produzido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ
Cientistas comprovam:
existe vida fora do laboratório
InFormação
O InFormação surge para
ser um novo espaço de interação entre os alunos de todos os
campi do IFRJ. Esta primeira
edição, em formato de revista
digital, é o começo de um projeto que, nos próximos meses,
será continuado em uma página na internet.
Com uma abordagem que
combina as pesquisas científicas, as expressões artísticas e
culturais e as ações de caráter
social, este canal procura montar o mosaico dos diversos
cenários que formam uma das
mais tradicionais instituições de
ensino do Rio de Janeiro, referência no ensino profissional
e tecnológico do país. A nova
página vai reunir o que acontece nos onze campi do IFRJ,
além de trazer informações
que interessem à comunidade
acadêmica do Instituto.
Feito para você, aluno,
o InFormação também será
feito por você. Queremos ouvilo. Mande suas sugestões de
pauta, de colunas, de novas
ações. Este é um espaço em
construção e queremos que
você faça parte dele. Envie
suas sugestões e críticas para
[email protected].
Arquétipo do cientista louco é desafiado no século 21. Leia nas
páginas 4 e 5 o diálogo entre ficção e realidade sobre a imagem do
cientista
Divulgação
Maior gênio científico do século 20, o físico alemão Albert Einstein foi a um tempo
brilhante, excêntrico e divertido
Trabalho e cidadania
Gêneros do trabalho
Programa Mulheres Mil oferece formação profissional a
mulheres no campus Volta Redonda
Campus São Gonçalo aborda gêneros textuais
para compreensão do universo do trabalho
Presidente da República
Desde dezembro do ano passado, 82 mulheres estão frequentando
o curso de Cuidador Infantil oferecido pelo campus Volta Redonda, por
meio do Programa Mulheres Mil. Com
idades entre 19 e mais de 60 anos,
as alunas da primeira turma do campus esperam se formar até novembro
deste ano.
O Programa Mulheres Mil foi criado
no ano de 2008, inicialmente nos Estados do Norte e Nordeste do Brasil,
com o objetivo de aumentar a renda e
melhorar a qualidade de vida de mulheres em situação de vulnerabilidade
social. Em 2011, o programa estendeu-se para todo o país, e o governo
brasileiro lançou a meta de atender
100 mil mulheres até o ano de 2014.
O IFRJ abriu as primeiras turmas
do programa já em 2011, nos campi
Paracambi, Pinheiral e São Gonçalo. Hoje, são oferecidos cursos nos
campi Engenheiro Paulo de Frontin,
Paracambi, Pinheiral, Realengo, Rio
de Janeiro e Volta Redonda. Até o
momento, 295 alunas já foram foram
formadas em cursos de formação inicial e continuada.
A oportunidade de entrar em contato - ou voltar a ter contato - com
a edução formal é, na opinião das
gestoras do programa no campus
Volta Redonda, Andrea Tunin e Aline
Moraes, o maior canal para o desenvolvimento da cidadania no país. Um
dos principais objetivos anunciados
pela proposta do programa é a inclusão
destas mulheres no mercado de trabalho formal, mas o conceito vai além. “A
experiência vem nos mostrando que
estar em contato com o outro, vivenciar novamente o ambiente de aprendizado e de troca e o sentimento de
pertença a um grupo, especialmente
um grupo que se forma dentro de uma
instituição pública federal de ensino,
eleva a autoestima destas mulheres,
contribuindo para a percepção delas como capazes de mudarem sua
situação de vida, com seus próprios
méritos”, avaliam as gestoras, em entrevista por e-mail. “Percebemos que
a empregabilidade é importante, mas
secundária como objetivo de grande
parte das alunas”, completam.
Monitores do curso são alunos de
licenciatura do próprio campus
Organizado em parceria com as
secretarias municipais de Ação Social e de Políticas para as Mulheres
de Volta Redonda, o curso é ofertado
em bairros menos favorecidos economicamente do município. O perfil
das alunas aponta, em sua maioria,
mulheres com baixa renda familiar e
afastadas há algum tempo da educação formal.
Na sala de aula, o monitor Vitor
Santos, aluno de Licenciatura em Matemática do campus Volta Redonda,
ensina conteúdo matemáticos e conceitos que contribuam para a formação profissional, intelectual e pessoal
das alunas. “Essa experiência dentro
de minha formação foi muito gratificante. Tive a oportunidade de trabalhar com um grupo de pessoas que,
em sua maioria, estava fora da escola
há algum tempo. Nós monitores tivemos de ter o cuidado de elaborar atividades que despertassem interesse
e ao mesmo tempo tivessem conexão
com a realidade dentro e fora da profissão”, comenta o monitor.
Segundo Fábio, a experiência do-
Rita de Cássia Silveira e Mara Vicente, alunas do Programa Mulheres Mil
2
cente no Programa Mulheres Mil foi
enriquecedora e desafiadora. “Atuar
neste programa foi uma experiência
única, inovadora, pois permitiu que
pudéssemos fazer uma contribuição
mesmo que pequena para a vida
dessas mulheres que tanto se empenharam, se esforçaram e se comprometeram, tendo sempre como meta
se formarem no curso de Cuidador
Infantil”, afirma Fábio.
A aluna Ana Mara Vicente, do CRAS
Três Poços, que já pensou em seguir
a carreira do magistério, encontrou no
curso de Cuidador Infantil uma alternativa. “Essa é minha chance”, pensou Ana, quando soube do curso no
campus Volta Redonda. “Quero muito
trabalhar como cuidadora em uma
creche ou escola, ajudando o professor a educar os alunos, ensinar novas brincadeiras, sempre interagindo
com respeito aos outros e, além disso, com carinho e dedicação. Quero
muito ajudar a formar crianças, para
que sejam adultos de bem”, conta a
aluna. Tamires de Souza e Silva, capacitadora no mesmo CRAS, acredita
que o programa contribui, ao mesmo
tempo, para a emancipação feminina
e para a atividade docente. Segundo
ela, o programa é um caminho para
emancipá-las em reação à desigualdade de gênero e a preconceitos ainda presentes na sociedade brasileira.
“A resposta que me faz acreditar na
qualidade do meu trabalho é a assiduidade das alunas, a dedicação e
a participação das mesmas nos debates das aulas”, opina Tamires.
A entrada no mercado de trabalho
foi uma das motivações da aluna
Rita de Cássia Silveira, do CRAS
Santo Agostinho. Mas não se resumiu a isto. “Está sendo
muito proveitoso. O
curso está bem elaborado, me capacitando
e melhorando a cada
dia minha auto-estima”,
avalia. A troca de experiências nas aulas e
o entusiasmo das alunas são algumas das
impressões da capacitadora Gisilaine Amiti,
também do CRAS Santo Agostinho. “Reacendendo em cada aluna
uma nova percepção
de vida, fazendo com
que sua auto-estima se
eleve e mostrando-lhes
que apesar de todas as
dificuldades, nunca é
tarde para recomeçar e
fazer uma nova história”,
afirma.
Dilma Rousseff
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante
Reitor
Fernando Cesar Pimentel Gusmão
Pró-Reitor de
Ensino Médio e Técnico
Armando Maia
Pró-Reitora de
Ensino de Graduação
Mônica Romitelli
Pró-Reitor de Pesquisa,
Inovação e Pós-Graduação
Marcos Tadeu Couto
Pró-Reitor de Extensão
Rafael Almada
Pró-Reitor de
Administração, Planejamento e
Desenvolvimento Institucional (interino)
Jorge Maximiano
O jornal InFormação é uma publicação da
Assessoria de Comunicação do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro - IFRJ.
Reitoria
Rua Pereira de Almeida, 88. Praça da Bandeira
Rio de Janeiro/RJ .
Assessor de Comunicação
Jorge de Moraes
Equipe AsCom
Felipe Zava
Juliana Calmon
Luís Costa
Camila Ferreira (estagiária)
Patrícia Brunharo (estagiária)
As relações entre o trabalho e os gêneros textuais vêm sendo estudadas por
alunos do campus São Gonçalo. O projeto “Leituras do Trabalho”, coordenado
pela professora Ângela Maria Coutinho,
procura encontrar paralelos entre gêneros artísticos e a temática do trabalho.
Com leituras possíveis, interpretativas,
da música popular e de curtas-metragens, o trabalho empreende uma conversação com textos da legislação trabalhista e com normas de Segurança do
Trabalho. “Essas estratégias permitiram a
discussão a respeito dos sentidos éticos,
sociais, políticos e ideológicos expressos
nos textos dos diferentes gêneros.Tais
discussões, creio, ajudam a compreender
o trabalho no Brasil contemporâneo”, diz
a professora Ângela Coutinho.
O projeto teve início no 2º semestre
de 2011, com recursos do PROCIÊNCIA,
adquiridos por meio do projeto “Encontros de leitura e escrita”. Foram realizados dois cursos de curta duração, com
a participação dos três professores de
Língua Portuguesa do campus São Gonçalo. Os cursos foram destinados aos
alunos do Curso Técnico em Segurança
do Trabalho. Além da professora Ângela
Coutinho, os professores Hayla Tami da
Silva e Marcelo Pacheco Soares ministraram aulas sobre leitura e escrita com
objeto de estudo textual de interesse dos
alunos do curso. Após essa ação educativa, surgiu o subprojeto “Leituras do Trabalho”.
Para a aluna Miriam Greice Santiago
Maranhão, a articulação entre Língua
Portuguesa e Segurança do Trabalho foi
uma das motivações para concorrer a
uma bolsa de iniciação científica no projeto. “Foi muito bom, porque eu aprendi
muito com todo o trabalho. Eu comecei a
Tecnologia e sociedade
Diálogo entre informática, sociedade e
educação no campus Engenheiro Paulo
de Frontin
me interessar mais ainda pela matéria de
Português a partir desse projeto. Ele motivou a ler mais, principalmente sobre o
trabalho, porque não era somente focado
na Literatura, mas relacionando com a
matéria de Segurança do Trabalho também, porque fala do trabalhador”, conta
Míriam.
Participante das rodas de leitura promovidas pelo projeto, o aluno Claudio
Luís Conceição Coelho conta que as atividades de leitura o ajudaram a escrever
melhor. “Aprendemos que tínhamos que
entender o texto em partes. Eu não conseguia escrever muito bem, sempre amarrava meu texto na introdução. Com
as rodas de leitura, aprendi a fazer uma
introdução, um bom desenvolvimento
e uma boa conclusão”, conta o aluno. A
também aluna Stephanie Lopes Ribeiro
da Silveira avalia que aprendeu, com as
rodas de leitura, a fazer um texto mais organizado. “Nós tivemos informações extras, além da sala de aula, pois trocamos
experiências com outros alunos que já
estavam estagiando. Elaboramos textos
dentro da nossa área, o que nos possibilitou ter uma estrutura melhor de redação”,
diz Stephanie.
“Tenho observado que, para os alunos,
foi uma boa surpresa a possibilidade de
realizar uma conversação entre textos
artísticos e textos da legislação trabalhista
de interesse do técnico de Segurança do
Trabalho”, comenta a professora Ângela
Coutinho. “Isso motivou-os a pesquisar
sobre as condições do trabalho na atualidade, e a constatar a necessidade de compreender, profundamente, diferentes discursos relativos ao trabalho, para poder
melhor relacionar-se com os trabalhadores
em suas atividades de técnicos de segurança”, completa.
AsCom
Colaboração
Ayrton Costa | Aline Moraes
(Campus Volta Redonda)
Camila Baião (Campus Duque de Caxias)
Greici Sousa (Campus Pinheiral)
Tatiana Ribeiro (Campus São Gonçalo)
Verônica Marques | Sabrina de Oliveira
(Campus Nilópolis)
Ygor Marinho (Campus Realengo)
Interessados em sugerir pautas devem entrar
em contato pelo e-mail
[email protected]
Os alunos Vinicius Vieira, Lourdes Magalhães e Miriam Maranhão apresentaram o projeto “Leituras do Trabalho” durante o II Fórum Mundial de EPT (2012), em Florianópolis
(SC)
AsCom
Equipe do LISEDUC no X Encontro Internacional de Iniciação Científica, em outubro de 2012, no município de Muriaé (MG)
Com alguns prêmios no currículo, o Laboratório de Informática, Sociedade e Educação (LISEDUC) do campus Engenheiro
Paulo de Frontin tem aliado pesquisa e inovação na formação
de profissionais de tecnologia da informação, um dos potenciais
da região Centro-Sul Fluminense. O polo permite que alunos do
Curso Técnico em Informática para Internet empreguem a prática e a teoria trabalhadas em sala de aula. Formado em 2008,
ainda no campus Paracambi, o LISEDUC desenvolve principalmente projetos ligados à criação de jogos na área educacional,
com foco em meio ambiente, petróleo, negócios e saúde.
Aluno do 4º período do Curso Técnico em Informática para
Internet, Rodrigo de Oliveira Gonçalves participa do projeto de
jogos educativos “Nature is in Danger – Natureza em perigo:
um estudo de caso no ensino fundamental da escola CENEC
– Paracambi”. O projeto ficou entre os dez melhores do X Encontro Internacional de Iniciação Científica FAMINAS da Zona
da Mata (MG), que ocorreu em outubro do ano passado, em
Muriaé (MG).
Segundo Rodrigo, o laboratório permite a troca de experiências com outros pesquisadores, em eventos como o realizado
em Muriaé, e a JIT (Jornada de Iniciação Científica e Tecnológia
do IFRJ), realizada este ano no campus Pinheiral. “A participação no grupo de pesquisa nos propicia conhecimento, experiências múltiplas que vão desde o desenvolvimento de sistemas até
a forma com a qual devemos nos portar em uma empresa ou em
um evento”, diz Rodrigo, segundo quem o trabalho em equipe
e a ética são temas também muito discutidos dentro do grupo.
“Acredito que tudo isso tenha uma relação com a sigla de nosso
grupo: Laboratório de Informática, Sociedade e Educação”, comenta o aluno.
Para o professor Ricardo Kneipp, vice-líder do grupo de pesquisa, o LISEDUC trabalha a busca contínua da pesquisa como
instrumento de formação de um profissional capacitado para atender as demandas de um mercado cada dia mais globalizado.
“No grupo de pesquisa, os alunos são condicionados a trabalhar
em equipes de forma construtiva e colaborativa, o que proporciona um alinhamento com o que eles vão encontrar no mercado
de trabalho”, avalia o professor.
Monitora on-line do projeto “Identificando o Estilo de Aprendizagem de alunos e professores do IFRJ e Jogo de Negócios
Empresarial”, a aluna do 4º período Nathane Rodrigues diz que
o laboratório é importante para o seu crescimento educacional.
“O LISEDUC proporciona novas experiências a partir do desenvolvimento de projetos e a possibilidade de aprender assuntos
novos e de grande interesse”, diz a aluna.
3
Teoria da Relatividade no século 21
Dos clássicos às séries de
TV, o cientista louco tem
lugar cativo na ficção
Fotos: Divulgação
Estigma de cientista louco ficou na história e na ficção do século passado. O novo cientista prova que existe vida fora do laboratório
AsCom
Divulgação / YouTube
Entre laboratórios e
ensaios da banda cover dos Beatles,
Hiram Araújo divide com a música a
paixão pela ciência
“Eureka!”, gritou Arquimedes ao pular
da banheira e sair correndo nu pela cidade
grega de Siracusa. Ele acabara de intuir
um princípio segundo o qual seria possível calcular o volume de um corpo ao
submergi-lo em água. A anedota passada
no século 3 a.C. (e a mais conhecida sobre o matemático grego) ajudou a formar a
figura do cientista no imaginário popular –
um gênio excêntrico, um “doido de pedra”.
O ideário do “cientista louco” durante
décadas estigmatizou aqueles que dedicam horas em laboratórios e bibliotecas
à procura da fórmula ideal, da resolução
inequívoca . O cientista - na literatura, no
cinema e na TV - já foi o responsável por
planos complexos de conquistar o mundo
ou de bolar uma máquina super-poderosa
capaz de fazer voltar no tempo. O sujeito
contava com um cérebro privilegiado e nenhuma ou pouca habilidade social. Quando vilão, tinha de derrotar o herói bonito e
forte, a quem bastavam os bíceps.
Essa imagem parece ter ficado no século passado. Nomes como Carl Seagan
e Stephen Hawking, dois dos mais importantes físicos da nossa época, ajudaram a
traduzir para o homem comum conceitos
como os da mecânica quântica e da teoria
Entre os que se dizem o anticristo e os que eletrificam o próprio corpo, estão os
dez principais cientistas excêntricos da história, eleitos pela revista New Scientist.
das cordas, antes herméticos nos meios
universitários. O interesse pela Química,
Física e áreas afins hoje faz parte da rotina
de jovens que não se enquadram no velho
estigma.
O professor Hiram da Costa Araújo Filho,
coordenador do curso de Química do campus Rio de Janeiro, é um exemplo do cientista de uma nova era. “Sempre vi a figura
do cientista como a de um profissional que
tem a habilidade para usar bem os dois lados do cérebro, e que, no máximo, poderia ser um excêntrico”, diz. Observação,
imaginação, trabalho e obstinação são, na
opinião dele, os requisitos necessários a
qualquer um que queira ingressar na área.
“Costumo dizer que a imaginação não é
algo que você aprende na escola”. Sobre
o poder de observação, Hiram faz referências aos grandes avanços que ocorreram a
partir desse princípio e sem os quais não
existiriam a penicilina nem a noção de que
a Terra jamais foi o centro do universo.
O palco ou a sala de aula?
Durante a adolescência Hiram foi integrante de bandas como a Pimenta Malagueta e a Zona Proibida. Na época, ele se
viu frente a grandes decisões. Gostava de
música, tinha uma queda pela Química e
flertava com a Psicologia.
Em nossa máquina do tempo estamos
nos anos 80, mais precisamente em 1985.
Hiram acaba de tomar uma decisão da
qual nunca irá se esquecer: ele não vai
ao Rock in Rio - o festival que se tornaria
lenda e colocaria a cidade maravilhosa no
cenário mundial da música. Ele opta por
estudar para seu exame de mestrado (ele
já fizera licenciatura em Química).
No ano seguinte, Hiram teve uma recaída. “Larguei tudo, montei uma banda
com uns amigos e decidimos gravar uma
fita demo”. Eles queriam conquistar o Rio,
o Brasil, fazer sucesso e ganhar a vida com
a música. Nada disso aconteceu. Mas,
cantava Cazuza, quem tem um sonho não
dança. Hiram tinha vários.
Voltou aos estudos, procurou emprego,
deixou currículo na antiga Escola Técnica
Federal de Química. Havia uma vaga de
professor de análise instrumental, ele a
assumiu e, em 1988 conseguiu sua permanência na instituição devido às mudanças na Constituição brasileira. “Hoje sou
um homem feliz, tenho certeza de que
estou no lugar certo, numa excelente instituição, fazendo o que gosto e tendo à disposição tudo de que preciso”.
Hoje o professor concilia suas paixões.
Além de cientista, ele faz os vocais e é
tecladista de uma banda que já começa a
ser vista na noite carioca, a Super Beatles,
cover do quarteto de Liverpool.
O cientista também ri
Ex-aluno do curso de Química do campus Rio de Janeiro, Bruno Maia enxergava
a ciência como “algo intangível, distante,
coisa de maluco”. Depois de entrar no
IFRJ - onde ajudou a desenvolver um dos
projetos vencedores da Feira Brasileira de
Ciências e Engenharia de 2011 -, aquela
impressão inicial foi desfeita. “A ciência é
próxima da sociedade, mesmo que ela não
veja e nem sinta isso. Uma grande parte
dos avanços da ciência ocorre de acordo
com as necessidades da população, para
solucionar um problema ou ao menos reduzi-lo”, ele explica.
Bruno acredita que o senso comum ainda encara o pesquisador - sobretudo o de
ciências Exatas e da Terra - como alguém à
parte da sociedade, de intelectualidade superior, que passa seus dias recluso no laboratório, sério e pontuando o silêncio com
assuntos de ciências. Quem desmente a
imagem é o próprio Bruno, cientista desta
nova geração. “O cientista ri. O cientista se
diverte. O cientista vai a festas! Fala bobagens, conta piadas, assiste a jogos de futebol, namora e faz todas as outras coisas
normais que todo ser humano faz”, ele diz.
Há quem pense que um cientista tenha
mais tato com tubos de ensaio e livros de
cálculo do que com pessoas. Bruno faz
piada com a hipótese - e prova que senso de humor não passa longe da ciência.
“Existe a hora do trabalho e a hora da vida
social. A diferença é que as pessoas dizem tchau quando vou embora, enquanto
os bécheres, tubos de ensaio e balões de
fundo azul nada fazem”, ele brinca.
Clássico de Stevenson, “O
médico e o monstro” conta
a dupla personalidade do Dr.
Jekyll
O ratinho gênio Cérebro quer
apenas conquistar o mundo
A série The Big Bang Theory:
gênios da ciência e socialmente inábeis
Fonte: Portal Terra
Fotos: Divulgação
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Johann Konrad Dippel
Wernher Von Braun
Robert Oppenheimer
Freeeman Dyson
Richard Feynman
Jack Parsons
James Lovelock
Nikola Tesla
Leonardo da Vinci
Albert Einstein
Nascido no castelo de Frankenstein, na Alemanha, Dippel tornou-se famoso por
ter inventado uma das primeiras tinturas sintéticas, o
Azul Prussiano. Mais famoso
ainda ficou pelos trabalhos
de alquimia, sobretudo por
sua procura incansável pelo
elixir da longa vida, que
daria origem ao Óleo de Dippel. Os rumores de que Dippel fazia experimentos em
corpos humanos podem ter
inspirado a clássica novela
de Mary Shelley, que tinha
o mesmo nome do castelo
onde o cientista nascera.
Wenher von Braun tinha 12
anos quando fez seu trem
de brinquedo disparar pela
movimentada rua German
Street, depois de enchê-lo
com bombinhas. Um dos
heróis do projeto espacial
americano, Braun aperfeiçoara os foguetes V-2
de Hitler antes de chegar
aos EUA como prisioneiro
de guerra. Em solo americano, foi um dos gênios do
programa de exploração espacial e lunar. Além de ter
ajudado o homem a pisar
na lua, Braun dominou o
mergulho e a filosofia.
Chefe do Projeto Manhattan,
que desenvolveu a bomba
atômica nos anos 1940,
Robert Oppenheimer nunca
escondeu pendores para o
socialismo e sentimentos
conflitantes com relação ao
uso de bombas nucleares.
Pelas suas posições, perdeu
seu poder seu poder político
e acadêmico. “Oppie”, como
é lembrado ainda hoje pelos
seus alunos de graduação,
aprendeu holandês e sânscrito por vontade própria e
citou um texto sagrado do
hindu no primeiro teste da
bomba atômica.
Freeman
Dyson,
físico
nuclear e autor de ficção
científica, criou a ideia de
que, no futuro, poderia
haver a necessidade de se
construir uma redoma artificial – depois chamada
de Esfera de Dyson – que
cobriria todo o sistema solar para tirar o máximo da
energia do Sol. A ideia, publicada em 1960, foi tratada em um dos episódios
da série Star Trek. Dyson
é defensor da hipótese de
que há vida extraterrena e
acredita que em breve teremos contato com ela.
O físico Richard Feynman,
um dos mais importantes
cientistas do século 20, fez
parte da equipe responsável pelo projeto Manhattan,
que desenvolveu a bomba
atômica. Pioneiro na área
de computação quântica, o
excêntrico professor Feynman explorou a música e
a natureza, debruçou-se
sobre hieróglifos maias e
arrombava fechaduras no
seu tempo livre. No livro “O
senhor está brincando, Sr.
Feynman”, ele conta a experiência com a percussão
e o samba brasileiros.
Mesmo sem educação formal, John Whiteside Parsons co-fundou o Jet Propulsion Laboratory, centro
de desenvolvimento de sondas especiais do programa
espacial americano. Ocultista praticante de mágica
e auto-intitulado anticristo,
o cientista bad-boy desenvolveu combustível de
foguetes que levaria os
EUA ao espaço e à Segunda
Guerra Mundial. Em 1952,
Jack Parsons morreu depois
de explodir seu laboratório
e a si mesmo durante um
experimento.
Inventor do mundo como
super-organismo – a hipótese Gaia –, o cientista
ambiental James Lovelock
fez previsões catastróficas
sobre mudança climática,
muitas
delas
aparentemente comprovadas. Segundo o cientista, será inevitável o desaparecimento
de cerca de 80% dos humanos até 2100. Ele diz
que o mundo já ultrapassou o ponto de não retorno
com relação às mudanças
climáticas, o que inviabilizava a sobrevivência da
civilização tal como a conhecemos.
Tesla é o tipo de pessoa que
você imagina puxando uma
chave elétrica gigante em
meio a uma chuva de fagulhas brilhantes. Reconhecido por ter inventado o rádio
e os geradores de corrente
alternada que deram início
à era da eletricidade, Tesla
nasceu, apropriadamente,
durante uma violenta tempestade elétrica em 1856.
Ele ficou famoso pelas suas
habilidades mágicas e pelos
espetáculos públicos de eletricidade que produzia, usando o próprio corpo como
condutor.
Autor de algumas das mais
reverenciadas obras de arte
da história, o renascentista
Leonardo da Vinci encontrava tempo para explorar
sua personalidade excêntrica. Em seus cadernos de
anotação, escritos de forma
espelhada, o gênio múltiplo esboçava uma terra de
fantasia, com máquinas
esquisitas e projetos brilhantes, muitos dos quais
ficaram no papel. Outros,
como um rudimentar esboço de um helicóptero, seriam feitos realidade mais
tarde.
Ele certamente tinha o cabelo de um cientista maluco. Um dos mais celebrados
cientistas do século passado
- somente comparável, na
história, a Isaac Newton Albert Einstein virou a física
de cabeça para baixo com
suas teorias da relatividade
e fez enormes contribuições
às áreas de gravitação e
teoria quântica. Símbolo
de genialidade criativa e
imortalizado em uma foto
na qual exibe a língua, ele
também gostava de velejar
em dias sem vento, “só pelo
desafio”.
5
Ciência para todos
Medicamentos no campus
Campus Realengo desenvolve projeto de
fitoterapia popular
Licenciaturas e popularização da ciência no campus Mesquita
Receber o público visitante, realizar o
atendimento nas atividades itinerantes, elaborar e realizar oficinas, construir e fazer
a manutenção de equipamentos e experimentos. Estas são algumas das atribuições
de alunos de graduação do IFRJ nos trabalhos de mediação realizados no campus
Mesquita. Segundo o professor Chrystian
Carletti, atualmente os alunos podem atuar
como mediadores de três diferentes maneiras: mediador bolsista, aluno de iniciação
científica e mediador voluntário.
“Para ser um mediador o aluno precisa desenvolver sua capacidade de comunicação”, explica o professor Carletti. Isso
ocorre, segundo ele, porque na atividade
de mediação é necessário realizar transposições de linguagem durante todo o tempo,
pois o público é bastante heterogêneo.
Essa habilidade comunicativa foi percebida pelo aluno Rennan Papaleo, do 6º período de Licenciatura em Química do campus Nilópolis, como um dos aprendizados
na mediação. “É uma experiência muito
produtiva, pois, trabalhando em um museu,
aprendemos a lidar com todos os tipos de
público, melhorando cada vez mais nossa
capacidade de transferir informações”, diz
Rennan.
Além da capacidade de comunicação,
diz o professor, a mediação contribui muito
para o desenvolvimento da criatividade. “O
aluno precisa pensar em novos aparatos e
oficinas que tratem o tema da exposição,
bem como precisa pensar rápido para criar
maneiras de fazer os visitantes perceberem os erros conceituais que trazem consigo e ajudá-los a compreender as exposições de modo que a mediação não pareça
uma aula”, explica o professor.
O mediador Volnei Cipriano, aluno do 6º
período de Licenciatura em Física do campus Nilópolis, acredita que a experiência
tem contribuído para a sua formação acadêmica. “As práticas realizadas na monitoria e no desenvolvimento da pesquisa de
iniciação científica têm aprimorado bastante minha formação pedagógica, e com isso
posso levar essas práticas para dentro de
sala de aula”, considera Volnei.
Aluna do 8º período de Pedagogia da
UERJ, Lillian Mascarenhas diz que a prática de mediação tem contribuído para a sua
formação docente. “Tem fornecido uma
grande ‘bagagem’ tanto para a graduação
quanto para depois dela”, comenta Lillian,
também aluna de iniciação científica do
campus Mesquita.
AsCom
Divulgação científica no campus Mesquita: alunos das licenciaturas do IFRJ atuam como mediadores para a popularização da ciência
Equitação lúdica em Pinheiral
Campus Pinheiral recebe alunos da APAE para atividades de equitação lúdica
AsCom
AsCom
6
Alunos da Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais (APAE) e da rede municipal de Pinheiral participam semanalmente
de atividades de equitação lúdica no campus Nilo Peçanha – Pinheiral em busca de
superação de limites que podem lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida.
O projeto é desenvolvido pelo campus
Pinheiral, em parceria com a APAE do município, desde maio de 2012, e faz parte
das atividades do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus.
A equipe técnica das atividades, composta por um psicólogo, fisioterapeuta e um
veterinário, conta com o apoio de estudantes dos cursos técnico em Agropecuária e
Meio Ambiente, entre monitores, bolsistas
e voluntários. Os estudantes trabalham
auxiliando o atendimento aos participantes
das atividades e cooperam com os trabalhos de cuidados e treinamento do animal.
Rafael Pedroso, do 3º ano do Curso técnico em Agropecuária, está há cerca de um
ano no projeto. Ele confessa que quando
iniciou, como monitor, seu principal objetivo era obter horas de estágios. Após um
ano no projeto, com o alcance das horas
exigidas pelo curso, Rafael optou por permanecer no trabalho. O estudante afirma
que os benefícios são recíprocos entre os
participantes das atividades e os alunos
que auxiliam o projeto.
Segundo Rafael, a prática fez com que
se aproximasse, com mais desenvoltura,
de crianças com deficiência. “Antes, eu não
sabia me comunicar com elas,” diz. Habilidade que ele afirma que desenvolveu com
a experiência. O estudante analisa que a
prática permitiu o aprendizado e o conhecimento de uma realidade, pilares importantes que ele utilizou para a desconstrução
de preconceitos. “Não se julga pelas aparências, é preciso conhecer para julgar,”
alerta.
Júlia de Souza Mathias Serra é estudante do primeiro ano do Curso de Agropecuária e é voluntária no projeto há cerca
AsCom
de quatro meses. A estudante revela que
a experiência tem apresentando a ela um
mundo sem limites para o amor, o respeito
e a superação. Ela relata experiências de
incentivo entre as crianças participantes do
projeto, em que uma criança desce do cavalo e convida a outra, mais tímida, a participar. “Elas nos ensinam muito”, analisa a
estudante.
A diretora administrativa da associação, professora Maria do Rosário Carelli,
revela que o desenvolvimento do trabalho
de equitação lúdica no campus Pinheiral
representa a realização de um sonho antigo. A professora destaca que espera que
o projeto se desenvolva e que o campus
possa oferecer aos alunos tratamentos
de equoterapia. O campus Pinheiral vem
trabalhando na busca de recursos e no
treinamento de profissionais para a oferta
do tratamento. Em 2013, o veterinário responsável pelas atividades, Nelson Oscaranha Gonsales da Costa, participará de
treinamento.
Para problemas digestivos, plectranthus barbatus. Chá calmante pode ser
feito com cymbopogon citratus. Conhecidas popularmente como boldo brasileiro e
capim-limão, essas plantas são algumas
das espécies cultivadas no Projeto Farma
Horto, do campus Realengo. Coordenado
pela professora Meriane Pires Carvalho e
parte do programa de extensão “A Farmácia na promoção da saúde: Incentivando o
Uso Racional de Medicamentos”, o projeto
tem o objetivo de capacitar os futuros profissionais farmacêuticos para atuarem na
fitoterapia popular.
O processo de implantação do Farma
Horto foi constituído por diversas etapas,
incluindo votações em rede social para que
os alunos decidissem qual seria o modelo
de Horto mais adequado para a realidade
da Instituição. Definido o modelo, os professores e alunos iniciaram o cultivo do
horto de plantas medicinais. O local escolhido foi área verde nos fundos do campus.
Além dos boldos brasileiro e japonês, e do
capim-limão, a horta abriga ainda a cana-do-brejo (costus spicatus), além de outras
espécies em fase de adaptação.
“A comunidade ao redor do campus é
muito carente de informação e um projeto
como esse auxilia no melhor uso e entendimento das possibilidades e poder das plantas medicinais, disse o aluno, um dos seis
estudantes envolvidos com o projeto. Para
Angélica Cardoso, o projeto irá contribuir
para maior compreensão da medicina popular e capacitação para orientar a população. “Acredito que o projeto contribui muito
para minha formação pois os conhecimentos adquiridos me tornarão capaz de orientar a população quanto ao uso racional e
adequado das plantas medicinais, visando
a manutenção da saúde e da qualidade de
vida”, diz Angélica. Para ela, o impacto
será muito positivo, pois a população será
capaz identificar corretamente as plantas
medicinais e conhecerá as indicações terapêuticas corretas, além de evitar danos à
saúde quanto ao uso incorreto. “A troca de
saberes, científicos e empíricos, será muito
enriquecedora para alunos, mestres e comunidade”, diz Angélica.
A professora Meriene Pires Carvalho
explica que é fundamental a conscientização da população sobre os cuidados com
o uso de plantas medicinais e fitoterápicos,
para tentar acabar com o lugar-comum de
que “se é natural, não faz mal”. “A planta
medicinal e o medicamento fitoterápico podem ter efeitos colaterais e até interações
com outros medicamentos já usados pelo
paciente. Podem ser comercializados de
forma errada, principalmente no mercado
informal. Há casos de plantas tóxicas sendo confundidas e comercializadas no lugar
de plantas medicinais. A população sem
conhecimento pode ingerir um produto de
má qualidade, ou pior, uma espécie errada,
que pode trazer conseqüências nada benéficas”, alerta a professora.
Entre as atividades até agora realizadas
pelo Projeto Farma Horto, estão a participação em oficinas de capacitação dos alunos e professores envolvidos no projeto;
o plantio de mudas certificadas, adquiridas em parcerias com empresas externas
como a BioErvas Plantas Medicinais; estudos de adaptação dessas mudas às condições climáticas e de solo; caracterização
botânica das espécies com elaboração de
placas explicativas a fim de informação
para a comunidade interna e externa ao
campus; aquisição e adaptação de mudas
usadas tradicionalmente pela população e
trazidas pelos alunos/moradores da comunidade do entorno do campus.
“Até o momento, estamos em fase de
implantação e otimização do cultivo das mudas adquiridas. Com o fato de sermos contemplados com a verba do edital PROExt,
no final de dezembro de 2012, poderemos
criar sistemas de irrigação, sombreamento
e adquirir ferramentas para o manejo dos
cultivares”, diz a coordenadora.
Felipe Bezerra é orientado pelo professor Sérgio Thode: núcleo de tratamento transforma óleo utilizado em sabão para limpeza pesada
Tudo se transforma
Óleo de cozinha utilizado é matéria-prima para
novos produtos no campus Duque de Caxias
AsCom
No Brasil, são produzidos anualmente três bilhões de óleo vegetal
comestível. O produto é um dos mais usados na culinária, mas muitos
não sabem como devem descartar o material após serem utilizados. Seu
descarte inadequado acarreta danos gravíssimos ao meio ambiente: apenas um litro de óleo é capaz de contaminar e esgotar o oxigênio de até 20
mil litros de água. Por não saber como jogar fora o óleo saturado, muitos
jogam nas pias e vasos sanitários, o que provoca entupimento nas instalações internas e aumenta em 45% o custo de tratamento na rede de esgoto. No município do Rio de Janeiro são consumidos 20 milhões de litros de
óleo por ano, e apenas 2,5% são reciclados e descartados corretamente.
Foi pensando em como tornar o produto útil de maneira simples que
os professores do campus Duque de Caxias Sérgio Thode Filho e Marcelo
Fonseca Monteiro de Sena, juntamente com os alunos de Petróleo e Gás
Bruno Freitas de Oliveira, Luiz Gustavo Brandão da Silva e Felipe Bezerra,
criaram o Núcleo de Tratamento e Reutilização de Óleo Vegetal Residual,
com o objetivo de conscientizar alunos e comunidade sobre os impactos
causados pelo descarte inadequado.
“Além de evitar o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado,
o projeto gera uma ação empreendedora local, desenvolve a educação
ambiental e o sequestro do carbono, caso este material fosse queimado”,
avalia o professor Sérgio Thode Filho.
“Participar do projeto é uma oportunidade excelente, tanto para formação acadêmica quanto para minha conscientização sócio-ambiental”, diz
Felipe Bezerra. “A reciclagem do óleo é de suma importância para que o
meio ambiente não sofra ainda mais com os prejuízos que o descarte do
mesmo ocasiona. Por isso pretendo continuar no projeto, e ainda conscientizar mais pessoas quanto ao descarte inadequado do óleo usado”,
revela o aluno.
A expectativa, segundo o professor Sérgio Thode, é o desenvolvimento
de uma tecnologia social, a consolidação de um processo produtivo mais
econômico e tecnicamente viável. “Além de gerar trabalho e renda para
a comunidade de Duque de Caxias, o projeto, em colaboração com o
Projeto PFRH Prospecção de Novas Fontes de Biocombustíveis, já está
produzindo biodiesel a partir do óleo usado”, diz o professor.
O projeto tem como produto um sabão adequado para limpeza pesada,
de simples processo de fabricação, pois a equipe tem como projeto futuro
ensinar para donas de casa que almejam aumentar a sua renda fazendo
seu próprio sabão.
O produto ainda está em fase de aprimoramento e em processos de
análise química, para posteriormente aumentar a linha de produto, podendo ser feitos detergentes, sabonetes e outros materiais à base do óleo
já utilizado. O projeto funciona no campus Duque de Caxias do IFRJ, que
recebe os materiais através de doações. Outra vontade dos idealizadores
do projeto é, futuramente, utilizar água pluvial na fabricação do produto
para, assim, diminuir custos.
O posto de coleta de óleo saturado fica na Avenida República do Paraguai, 120, no bairro Sarapuí, em Duque de Caxias.
7
Produzindo cultura
Arquivo pessoal
Aluna de Produção Cultural do IFRJ, Sluchem Cherem tem história na arte circence
Acendem-se as luzes, abrem-se as cortinas... Sluchem Cherem, aluna do Curso
de Produção Cultural, do campus Nilópolis, desde pequenininha ficava escondida
atrás das coxias do teatro. Foi o pai, Li-
machem Cherem, quem acabou sendo o
estopim para a sua vida artística. Aos 10
anos, Sluchem já estava trabalhando no
circo, fazendo um número chamado “Pano
Mexicano”. A apresentação, que consiste
Sluchem Cherem como Repita
8
em equilibrar uma vareta de madeira ao
mesmo tempo em que o artista faz movimentos giratórios com um pano, era a
única maneira de saciar seu desejo pelo
palco. “Sempre quis trabalhar com o circo.
Desde pequena perturbava meus pais para
me colocarem no palco, estar lá era a
única maneira de me deixar quietinha
e feliz”.
Quem vê Sluchem na rua ou no
próprio IFRJ nem imagina qual é a
sua história e a sua profissão – Palhaça. Até seu nome foi mais uma
das ideias mirabolantes de seu pai,
e foi com a família que Sluchem
teve a sua grande escola de circo,
não esquecendo, claro, da influência de Carequinha em sua
formação artística.
“Carequinha foi um ser extremamente profissional e maravilhoso.
É o único artista que conheci que
chegava duas horas antes do
show”, diz.
Sluchem foi partner do palhaço,
ajudando-o nos espetáculos circenses Brasil afora; já sua irmã,
Slanny, trabalhava como palhaça,
e sua mãe era figurinista do circo.
Hoje ela e a irmã formam a dupla
de palhaças “Repita e Carequita”.
Para a artista, ser palhaço é uma
maneira de extravasar o que não
se pode fazer no dia-a-dia, intensificando emoções que são pequenas e
fazendo antônimos das características
pessoais. Por meio da parceria, as irmãs
“Repita e Carequita” trabalham em shows
por todo o Rio de Janeiro. A criação da
dupla foi uma maneira de homenagear
o maior palhaço do Brasil, morto em
2006.
“Depois que fiquei mais
velha, fui entendendo a importância do Carequinha,
mas quando era pequena
tudo parecia normal, o considerava como um tio.”
Segundo Sluchen, existem algumas oficinas que hoje ajudam
a criar a figura do palhaço, porém
a maioria dos artistas circenses está
indo para a Europa, trabalhando em cruzeiros, parques, shows e etc.
“Quando fiz intercâmbio de línguas, viajando para o Canadá e França, conheci
diversos artistas circenses que eram profissionalmente mais valorizados do que no
Brasil”, ela relata.
Sluchen Cherem acredita que muito
ainda deve ser feito pela manutenção da
“cultura de lona” no Brasil e, por isso, a
aluna do campus Nilópolis pretende trabalhar pesquisando a área do circo. Em 2011,
ela foi premiada na V Jornada Interna de
Iniciação Científica e Tecnológica do IFRJ
(JIT) com um documentário sobre circo.
Segundo ela, essa é uma maneira de disseminar a cultura circense, que possui uma
bibliografia escassa no Brasil:
“Infelizmente os artistas circenses acabam não tendo tempo de estudar e por
esse e outros motivos não há praticamente
nenhum material sobre o circo no Brasil”.
Atualmente Sluchen Cherem também
trabalha no teatro, atuando com um grupo
chamado “Perambulando”. Formado também por alunos do curso de Produção Cultural do campus Nilópolis, o grupo teatral
trabalha com crianças, fazendo danças circulares e apresentando contos populares
que envolvem todo o folclore brasileiro.
Hoje Sluchen trabalha na divulgação do
documentário “Itinerante Retorno”, lançado
ano passado no Cine Glória, no Rio de Janeiro. “O documentário foi uma idealização
minha, resultado da pesquisa ‘Uma estória que precisa ser contada - A migração
de Artistas Circenses por um viés cultural
e econômico’, apoiado pelo IFRJ/CNPq/
FAPERJ e realizado por mim, Daniele Dionisio e Cintiene Monfredo”, conta a aluna
de Produção Cultural. O filme tem direção e
argumento do professor do campus Nilópolis Tiago Monteiro, pesquisa de Sluchem
Cherem e Danielle Dionisio, câmera e edição de Leo Diniz e Leandro Luz.
Realizado em parceria com Núcleo de
Criação Audiovisual do campus Nilópolis do
IFRJ (NUCA), o documentário tem o objetivo
de divulgar a arte circense e mostrar o fluxo
migratório de artistas circenses para fora do
país a trabalho, sobretudo para a Europa.
“As pessoas demonstraram gostar bastante da temática e do como foi enquadrada”, comenta Sluchen.
Divulgação / YouTube
Itinerante Retorno: documentário mostra o êxo-do de artistas circenses brasileiros
Divulgação
George Savalla Gomes: Carequinha é conside-rado o maior palhaço brasileiro de todos os
tempos
No caminho da
sustentabilidade
Biodiesel é tema de projeto desenvolvido no campus Paracambi
Arquivo pessoal
Fotos dos alunos, feitas nas cidades históricas mineiras, foram exibidas na Casa de Cultura de
Arraial do Cabo em março passado
Literatura, arte, história
“Diálogos com o barroco”, do campus Arraial do
Cabo, alia ensino, pesquisa e extensão para contar a história da arte brasileira
Viscosímetro digital
Aliar o conteúdo das disciplinas do núcleo comum Arte e Língua
Portuguesa com a riqueza cultural de cidades históricas mineiras é um
dos objetivos do projeto de extensão do campus Arraial do Cabo “Diálogos com o Barroco”. Coordenados pelo professor Jefferson Machado de
Assunção, alunos do projetos - que procura discutir temas da arte e literatura brasileiras, em especial o barroco e o árcade, - viajaram no ano
passado a cidades como Ouro Preto, Mariana e São João Del Rey, marcos do barroco brasileiro. Em março passado, fotos do percurso histórico
feitas pelos alunos foram exibidas na Casa de Cultura de Arraial do Cabo.
Para o professor Jefferson, o projeto ressignificou o olhar dos discentes sobre o objeto de estudo da arte e da literatura. “O projeto promoveu
a vivência em locais onde fatos históricos contribuíram para a consolidação da nossa arte, da nossa literatura e da nossa independência política”,
avalia o professor, um dos coordenadores do projeto nascido no Instituto
Federal do Maranhão (IFMA).
A oportunidade de conhecer alguns dos principais monumentos históricos do país foi uma das razões que levaram Ronaldo Miranda, aluno do
4º período do Curso de Suporte e Manutenção em Informática (PROEJA),
a participar do projeto. “Os aprendizados foram muitos, como o valor do
barroco para o Brasil, que não é apenas na literatura, mas também como
marco de nossas artes”, diz Ronaldo, que destaca as obras arquitetônicas, a participação da mão-de-obra dos negros, a rota de Estrada Real e
suas cidades históricas.
Para o aluno Naílson dos Santos, do 3º período do Curso Técnico em
Informática, a participação em “Diálogos do Barroco” permitiu o conhecimento dos saberes históricos desse movimento artístico-literário. “O desenvolvimento do meu olhar crítico à arte e à literatura, o conhecimento
aprofundado das lições e características do barroco, principalmente o
barroco mineiro, os estudos, as estruturas e arquitetura das igrejas barrocas foram alguns dos principais aprendizados com a participação no
projeto”, conta Naílson.
Letras e Artes já eram duas das disciplinas preferidas de Naomi Soledad, aluna do 4º período do Curso Técnico em Informática e integrante
do projeto. Ela acredita que, com o “Diálogos do Barroco”, se pôde fixar o conteúdo de Arte e Literatura na área do barroco. “Principalmente
porque, quando se tem contato direto com o objeto de estudo, o conteúdo é assimilado melhor. Conseguimos também um ótimo resultado,
com trabalhos em equipe, e pudemos fortalecer os laços de amizade que
já tínhamos. Foi uma ótima experiência!”, diz Naomi.
Um estudo sobre biodiesel, realizado no campus Paracambi do
IFRJ, caminha no sentido do desenvolvimento sustentável de recursos naturais, reaproveitando potenciais poluentes e minimizando
desperdícios. Coordenado pelo
professor Fernando Luiz Barbuda
de Abreu, no âmbito do Programa
de Formação de Recursos Humanos (PFRH/IFRJ/Petrobras), o
projeto alia o treinamento teórico à
prática de laboratório e conta hoje
com 13 alunos.
Desde 2012, são ministrados
teoria de segurança do laboratório,
desenvolvimento de equações
matemáticas no Excel aplicadas
em viscosidade, estudo de estatística básica, introdução ao cálculo do erro relativo e incerteza de
medição; e na prática, em função
do equipamento viscosímetro digital, acessam-se módulos de testes,
números de amostras injetadas e
temperaturas diferentes,
Na produção, os alunos já fizeram um treinamento de purificação
do biodiesel após a reação - lavagem, filtragem e secagem. Hoje os
alunos estão sendo orientados por
quatro professores. Além do professor Fernando, estão envolvidos no
projeto os professores Lívia Lopes
Mauro, Rafael de Souza Dutra e
Cláudia Ferreira.
Segundo o coordenador do
projeto, na fase atual, o aluno já
pode e deve perceber que todas
as grandezas que estão sendo
estudadas e as outras que serão
ensaiadas têm influência direta
em áreas técnicas diferentes, tais
como o armazenamento do produto (no caso atual o biodiesel para
ser injetado no Motor Diesel ao
longo do tempo), a instrumentação
dos equipamentos, o controle de
temperatura e umidade da sala,
a importância de fazer gráficos e
trabalhar na planilha do Excel de
forma organizada, metodologia
de lavagem, de preparação das
amostras e de responsabilidade
para executar os testes e deixar o
equipamento limpo e estável antes
de se retirar do ambiente de trabalho, além do bom relacionamento e
comunicação com o grupo.
Para a aluna Ana Luiza Wandekolk Vieira Ferreira, que participa
do projeto, a pesquisa está sendo
uma oportunidade de ter experiência com uma área específica do
curso Técnico em Mecânica. “A experiência tem sido ótima, pois estou
aprendendo muitas coisas sobre a
mecânica, e também muitos outros
assuntos que temos que abordar
para o bom desenvolvimento do
projeto. O impacto em minha carreira profissional e acadêmica é
muito grande, pois a pesquisa é
uma marca muito forte em um currículo e na universidade eu poderei
entrar em outra pesquisa, já que eu
já tive essa experiência no ensino
médio, o que abrirá mais portas no
mercado de trabalho” avalia Ana
Luiza.
9
Saúde no microscópio
No mundo da Lua
Estudo de bactérias no campus Rio de Janeiro procura novas formas de conservação de alimentos
Com a procura crescente por
alimentos mais saudáveis, um dos
desafios dos produtores de alimentos tem sido encontrar formas
de harmonizar as exigências dos
consumidores e as normas de segurança necessárias. Uma linha de
pesquisa desenvolvida no campus
Rio de Janeiro tem investigado a
aplicação de tecnologia inovadora
de controle antimicrobiano em alimentos processados sem a adição
de conservantes químicos.
Coordenada pela professora
Janaína Nascimento, a pesquisa
“Estudo potencial de aplicação de
bacteriocinas de bactérias Gramnegativas na preservação de alimentos” divide-se em dois projetos,
com a participação de três alunos
de iniciação científica. A professora
explica que os meios tradicionais
de controle de deterioração microbiana e dos riscos de segurança em
alimentos estão sendo substituídos
por combinações de tecnologias
inovadoras que incluem sistemas
biológicos antimocrobianos, como
bactérias do ácido láctico e as bacterioricinas - substâncias antimicrobianas produzidas por bactérias e
que inibem outras bactérias. “Nossos resultados vêm mostrando que,
muitas vezes, a inibição de patógenos alimentares pode ser feita por
bactérias produtoras de substâncias
antimicrobianas encontradas na
própria microbiota do alimento, e que
essas substâncias podem constituir
uma potente arma no arsenal dos
biopreservativos”, diz a professora
Janaína.
E por que estudar as bactérias Gram-negativas? Segundo
Janaína, um dos problemas atuais
colocados em pauta pela literatura
especializada consiste no fato de
que diversos alimentos minimamente processados, ou “naturais”,
são susceptíveis à contaminação
por um grupo particular de patógenos: as bactérias Gram-negativas,
em especial, aquelas pertencentes
à família Enterobacteriaceae. “A
maioria das bacteriocinas produzidas por bactérias Gram-positivas,
as mais estudadas atualmente,
inibem em sua quase totalidade o
crescimento de outras bactérias
Gram-positivas. Agentes infecciosos Gram-negativos são dificilmente inibidos por bacteriocinas
Gram-positivas, podendo, inclusive,
carregar genes de resistência a antibióticos, tornando o tratamento
dos casos, quando necessário,
mais difícil”, explica a professora.
Aluno do 7º período do Curso
Técnico em Alimentos, Jean Soares
é bolsista PIBITI da pesquisa e diz
10
que a experiência já tem influência
direta na vida acadêmica. “Atualmente vejo a carreira que quero
seguir devido à influência da pesquisa, pelo conhecimento envolvido
me proporcionar uma visão maior
da microbiologia e, de uma forma
geral, da Biologia”, ele diz. Segundo Jean, o amadurecimento profissional é visível. “Toda a responsabilidade e foco que uma pesquisa
requer me fizeram amadurecer bastante academicamente, trazendo
mais concentração e praticidade
dentro de um laboratório, por exemplo”, comenta. “A experiência
de ver o resultado do que você fez
é satisfatória e me motiva sempre
a buscar mais, a querer alcançar
novos horizontes dentro da minha
pesquisa, e a gostar mais daquilo
que eu faço. Além de todos esses
fatores a pesquisa traz comprometimento, que é muito importante em
toda a vida”, completa.
Recém-formada no Curso Técnico em Alimentos e contratada
pela multinacional Coca-Cola, Ana
Beatriz Rangel foi bolsista PIBICT
da pesquisa. “A participação nesse
programa de iniciação científica,
tanto na prática laboratorial quanto
na participação em eventos e congressos da área, foi uma experiência única e de muita importância
na minha carreira acadêmica e
profissional”, conta Ana, que diz
ter obtido amadurecimento, responsabilidade, comprometimento
e conhecimento. “Atualmente trabalho em laboratório de desenvolvimento de produtos de uma
empresa multinacional, onde utilizo
bastante os fundamentos da área
de ciências biólogicas e sem dúvida
alguma essa experiência enriqueceu o meu currículo profissional e
contribuiu para a minha ocupação
da vaga”, conta a ex-aluna.
Claudinei Freitas, aluno do 8º
período do Curso Técnico em Alimentos e bolsista do PIVICT, acredita que o projeto é uma inovação
na área biológica. “A experiência
que estou adquirindo contribui para
o meu currículo e pode facilitar
minha inserção no mercado de trabalho de alimentos”, diz Claudinei.
Para Hugo Damaceno, também
do 8º período do Curso Técnico
em Alimentos, a pesquisa contribui
para ampliar o conhecimento na
área de Microbiologia. “Escolhi esta
pesquisa, pois está relacionada ao
campo em que pretendo atuar profissionalmente”, comenta o aluno.
“A participação dos alunos na
pesquisa é primordial para o andamento e o sucesso da mesma”,
avalia a professora Janaína Soares.
Arquivo pessoal/Janaína Soares
Em sentido horário, a partir de cima: equipe no
campus Rio de Janeiro; Janaína Soares; Hugo
Damasceno; Jean Soares e Ana Beatriz Rangel;
Claudinei Freitas
AsCom
Astronomia atrai alunos de diferentes níveis de ensino no campus Nilópolis
Quem somos, de onde viemos, para
onde vamos? Estas perguntas podem parecer mero devaneio existencial ou conversa de botequim. Para um grupo de professores e alunos do campus Nilópolis, são a
própria razão da ciência que estudam.
Coordenadas pelo astrônomo e professor de Física Eduardo Seperuelo, as
atividades de astronomia no campus têm
ganhado espaço a cada dia. Para quem se
interessa pela ciência de Copérnico e Galileu, o campus Nilópolis oferece uma série
de possibilidades.
Além do curso preparatório para a
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), os alunos encontram
espaços como as oficinas de vídeos, de
telescópios, projetos de iniciação científica
e monitoria, além do Projeto Erastótenes,
uma interação entre diversas escolas da
América do Sul para a medição do raio da
Terra.
Adquirido ano passado, um telescópio
de 14 polegadas dará a chance, segundo
o professor Seperuelo, para o desenvolvimento de projetos com níveis de publicação de artigos. “Com ele, poderemos
medir com maior precisão a variação no
brilho das estrelas, determinar a órbita de
asteróides, de cometas, fazer imagens de
galáxias e nebulosas e monitorar as variações que ocorrem nos planetas do sistema
solar”, explica o professor Eduardo Seperuelo.
Aluna do 4º período de Licenciatura em
Física, Bruna Mayato conta que desde criança já se interessava por “coisas do espaço sideral” e afirmava, convicta, que seria
cientista ou astronauta quando crescesse.
“Lembro também de um episódio em minha
infância, que foi quando vi, pela primeira
A Astronomy publicou uma
lista com alguns mitos comuns
quando o assunto é o espaço.
Não há
gravidade no
espaço
Gravidade é uma força criada por qualquer
órgão que tem massa. Isaac Newton (16431727) provou que a força gravitacional diminui à medida que a distância de qualquer
objeto aumenta. Mas nunca se desvanece.
Assim, a atração gravitacional do Sol em relação à Mercúrio (o planeta mais próximo) é
mais forte do que em qualquer outro planeta.
Se há gravidade no espaço, por que parece
que os astronautas estão flutuando? Os objetos no espaço estão em um estado contínuo
de queda livre. Este termo descreve um estado de movimento sem aceleração diferente
do previsto pela gravidade.
Sem gravidade, tudo dispararia em linha
e o caos governaria.
vez, a faixa reluzente da Via Láctea no
céu, em uma viagem a Minas Gerais. Foi
algo muito marcante e, até hoje, me emociono quando me recordo dessa visão”, diz
Bruna, que só aos 15 anos decidiu que seguiria profissionalmente a astronomia.
Bruna já foi monitora do planetário inflável, desenvolveu projeto de iniciação
científica com o professor Seperuelo, participou do Eratóstenes e hoje é monitora
na Oficina de Vídeos, além de participar
como colaboradora nas edições da OBA
realizadas no campus. “Esse envolvimento
tem contribuído muito em minha formação
acadêmica. Todo o conhecimento e a experiência que tenho adquirido com as atividades só ajudam a complementar minha
formação”, diz Bruna.
O céu de Minas é provavelmente um indutor de novos talentos da Astronomia. Ainda criança, o aluno de Controle Ambiental
Felipe Avena foi apresentado ao estrelado
firmamento do interior mineiro. “Isso mexeu
muito comigo, principalmente quando entendi que cada pontinho era uma estrela,
como o sol. Daí para a frente, o interesse
só cresceu”, conta Felipe, medalhista de
ouro e prata na OBA, e um dos construtores do projétil do campus na Olimpíada
Brasileira de Foguetes. “Eu chamaria de
maturidade acadêmica esse conjunto de
aspectos e situações que pude desenvolver e viver”, diz o estudante, que destaca
o trabalho em equipe e a preparação de
longa duração para as competições como
alguns dos aprendizados no IFRJ. Hoje,
além de monitor, Felipe auxilia na montagem de telescópios para aulas práticas de
astronomia.
Se a paixão pelas coisas siderais já
nasce com alguns, em outros o prazer pela
As estações ocorrem
por causa da mudança
da distância da Terra em
relação ao Sol
As estações mudam em razão da inclinação de
23,5º da Terra em relação a seu plano orbital.
Será verão em determinado hemisfério quando
o seu pólo se inclinar em direção à Terra, e será
inverno quando se afastar.
Mais crimes ocorrem
durante a lua cheia
Um dos mais ouvidos mitos da astronomia diz
que mais crimes ocorrem no período da Lua
cheia, mas jamais houve comprovação. Cientistas acreditam que as pessoas apenas tendem a lembrar mais de fatos ocorridos durante
a Lua cheia, quando a memória relaciona mais
facilmente um acontecimento com a mais luminosa das fases lunares.
astronomia pode vir mais tarde. “Alguns
deles se interessam tanto que decidem seguir carreira na área de astronomia. Para
aqueles cujo interesse é apenas curiosidade, o benefício é uma formação mais
completa, com uma outra visão do mundo
que nos cerca. Isso pode ter um impacto
muito mais profundo em nossas vidas do
que podemos imaginar”, opina o professor
Seperuelo, para quem o ensino de astronomia na graduação torna possível a disseminação desse conhecimento para mais
alunos.
Esta expansão de horizontes foi uma das
razões que levaram o aluno do 6º período
de Licenciatura em Química Felipe Góes a
participar do projeto de iniciação científica
sobre o estudo das propriedades de gelos
astrofísicos. “O gosto por ciências, aliado
ao interesse em enriquecer minha graduação e também aliado à grata experiência
de amigos que haviam cursado a disciplina
me fez tomar a decisão de participar da disciplina”, explica Felipe.
Para o aluno Tiago Souza, do 8º período
de Licenciatura em Química, faltava apenas com quem compartilhar o interesse
pelos corpos celestes e os fenômenos do
céu. “Todas essas atividades das quais participo me estimulam cada vez mais a atuar
nessa área, que sem dúvida nenhuma foi
a principal influência em cursar mestrado
em Astrofísica”, conta Tiago, hoje um dos
organizadores da oficina de construção
de telescópios. Ele também participou da
edição do projeto Eratóstenes na edição
de 2012 e agora escreve um trabalho de
conclusão de curso voltado a um desenvolvimento de um mini-curso de Astronomia
para formação de professores, sob a orientação do professor Eduardo Seperuelo.
A Muralha da China
pode ser vista da Lua
A largura aparente da Grande Muralha da
distância da Lua é a mesma que a de um
cabelo humano visto a 3,2 km de distância.
A partir da distância média da Lua, o olho
humano só poderia distinguir um objeto com
cerca de 113 km de largura. A Grande Muralha tem pouco mais de 9 m.
A Lua tem um
lado escuro
Observação do céu no campus Nilópolis
A OBA é realizada anualmente pela Sociedade
Astronômica Brasileira (SAB), pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e ELETROBRAS FURNAS
entre alunos de todas os anos do ensino fundamental e médio em todo território nacional.
A OBA tem por objetivos fomentar o interesse
dos jovens pela Astronomia e pela Astronáutica
e ciências afins, promover a difusão dos conhecimentos básicos de uma forma lúdica e cooperativa, mobilizando num mutirão nacional, além
dos próprios alunos, seus professores, coordenadores pedagógicos, diretores, pais e escolas,
planetários, observatórios municipais e particulares, espaços, centros e museus de ciência, associações e clubes de Astronomia, astrônomos
profissionais e amadores, e instituições voltadas
às atividades aeroespaciais.
Desafio: Esta questão caiu na primeira fase da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) de
2012 (Prova Nível IV - Ensino Médio). Veja a resolução
em www.oba.org.br, na aba “Provas e Gabaritos”.
Em um dado momento, metade da Lua está
na escuridão. Mas o lado escuro é sempre
o lado que fica de costas para o sol. Esse é
também o caso da Terra. Metade do nosso
planeta experimenta dia enquanto a noite
ocorre na outra metade. Como a Terra e a
Lua giram, algumas áreas estão se movendo para a luz solar enquanto outras áreas se
movem em direção à escuridão.
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Cientistas comprovam: existe vida fora do laboratório