IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO Nº 9912152106 ECT/DR/DF ABEn - Assoc. Bras. de Enf. ACF CONIC - STO: ISSN 1518-0948 10900586 Mãos que fazem a ABEn (detalhe) Alessandro Amaral A ABEn na formulação e acompanhamento das políticas de saúde A ABEn na gestão 2004-2007 e, especialmente, neste ano deu passos significativos na sua agenda pelo desenvolvimento de protagonismo da enfermagem nas políticas de saúde; atuando no campo das lutas pela qualificação da formação de profissionais de enfermagem/ saúde, da produção do conhecimento em saúde, da gestão e do controle social no SUS. Para construir coletivamente as proposições da enfermagem de forma ascendente e contemplando as questões micro e macro; a ABEn trabalhou a articulação entre as pautas dos seus eventos nacionais desde a 68ª Semana Brasileira de Enfermagem (SBEn), realizada em todo o Brasil; o 14º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem (SENPE), realizado em Florianópolis/SC; a programação de enfermagem na 59ª Reunião da SBPC (Belém/PA; e o I Seminário Nacional de Diretrizes para a Enfermagem na Atenção Básica (I SENABS), em Natal/RN; assim como a sua articulação com eventos de parceiros como o IV Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, promovido pela ABRASCO, em Salvador/BA); também integrou a comissão organizadora, de comunicação e de coordenação da relatoria da 13ª CNS e está iniciando em 3 de dezembro deste ano, em Brasília/DF, o 59º Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn), à luz do tema “A Integralidade e a Enfermagem na construção da competência coletiva para o cuidar em saúde”. A ABEn manteve sua atuação nos espaços institucionais constituídos legalmente para formular diretrizes para as políticas de saúde em conjunto com a FNE, especialmente o Conselho Nacional de Saúde (CNS), e na formulação, nos debates e lutas pela criação e implantação da Comissão Interministerial de Gestão da Educação em Saúde (CIGES) e da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), integrando oficialmente a última como membro titular nomeada interministerialmente pelos ministros da saúde e educação. A CNRMS já está em plena atividade na regulamentação da residência multiprofissional e das residências uniprofissionais e do processo de certificação. Como membro da CIRH/CNS, a ABEn está atuando no grupo-tarefa para limpar a pauta nos prazos apertados de uma grande quantidade de processos no aguardo de emissão de parecer pelo CNS. Foi fundamental a atuação política da ABEn nos espaços específicos da profissão dos Fóruns Nacionais de Escolas de Enfermagem, Pesquisadores e de Editores de Enfermagem, Fórum Nacional de Entidades de Enfermagem (FNEEnf); além do coletivo da saúde, como o Fórum Nacional de Entidades de Trabalhadores de Saúde (FENTAS), Fórum Nacional de Entidades de Ensino da Profissões de Saúde (FNEPAS), e no Fórum em Defesa da Reforma Sanitária. Nos espaços de Redes como a Unida, dos Conselhos de Saúde e plenária de conselhos estadual e nacional e no Controle Social no SUS. Para fortalecer o protagonismo da ABEn nesses espaços políticos em relação às políticas de saúde, o CONABEn aprovou o I Seminário Nacional de Diretrizes para a Enfermagem na Atenção Básica (I SENABS) como estratégia da sua agenda política para qualificar a participação técnica e política da enfermagem considerando a necessidade e prioridade da inversão do modelo de atenção à saúde. A experiência da ABEn e da FNE no controle social no SUS (conselhos de saúde e conferências nas esferas municipais, estaduais e nacional) é uma mão de dupla via como espaço de qualificação do protagonismo da enfermagem na perspectiva de uma prática cidadã, comprometida com a saúde de todas e todos os brasileiros, desenvolvendo o potencial de trabalho da enfermagem na atenção, educação, pesquisa, assistência e no campo político. Nesta dupla edição do jornal ABEn, na qual reunimos dois números num único volume, a gestão atual da Associação Brasileira de Enfermagem, que tive a honra de presidir durante dois mandatos consecutivos, despede-se fazendo algumas pontuações na perspectiva de um balanço da gestão. Agradecemos a todos os parceiros que nos auxiliaram nesta trajetória e renovamos o convite para continuarem a apoiar a ABEn na próxima gestão, a ser presidida por Maria Goretti David Lopes, a quem desejamos êxito no caminho a percorrer de 2007 a 2010. Agradecemos também aos associados da ABEn e aos dirigentes das seções e regionais pelo relevante trabalho realizado em uma construção ascendente – do município ao plano federal – de fundamental importância para a saúde da população brasileira. Francisca Valda da Silva Presidenta da ABEn Nacional P a v i l h ã o SENABS: transformação e construção de novas redes que se tecem Foto:Alessandro Amaral ntes do I SENABS vínhamos conversando sobre a samente de Dora) para percebermos que somente com possibilidade da composição de uma Rede de ato- uma análise política, social e filosófica da Enfermagem res/enfermeiros, sujeitos de diferentes projetos, poderemos construir um projeto, capaz de sistematizar e processos, cenários e situações. No último e-mail minimizar as incertezas, para assim construir possibilidaenviado o diálogo se ampliou no coletivo da ABEn. Reto- des na definição de uma estratégia razoável, onde necessamo nesse momento nosso diálogo, bastante reflexivo após riamente precisaremos transformar a dimensão individual o seminário. e individualista “imposta” em nossas escolas, por uma verSe Foucault um dia disse que o século XX seria deleuzi- dadeiramente comprometida social, política e ideologicaano. Digo agora: “O SENABS foi deleuziano!”. Nunca se mente com a vida. refletiu tanto sobre a imagem-objetiva (inspirado no proO SENABS foi um espaço bastante vivo, em ato, descofessor Ruben Matos) de um conceito, concepção, ação brimos a polissemia e a polifonia da Atenção Básica, mas práxica realizado pelo conjunto de sujeitos implicados também o potencial incrível na transformação e construno saber, fazer e poder-fazer em saúde. ção de novas redes (sujeitos, grupos, coletivos e também A Enfermagem é Ciência? Ou Arte? Fico aqui com o das instituições, entidades, organizações) que se tecem. estado da Arte (inspirado na professora Cristina Melo) Ainda poderia ter sido mais potencializado, porém ficam para a Enfermagem que é capaz de trazer todos os anos aprendizagens para o próximo momento. E a convocação milhares de novos sujeitos militantes ao mundo do traba- a todos que não participaram para virem a luta e se somalho, porém nos fica a reflexão: mas que trabalho é esse? ram aos que estiveram presentes! Quais são nossas lutas comuns na Enfermagem e na Saúde Conversei com muitos profissionais e estudantes, enColetiva? gajados em lutas as mais diversas, todos com uma grande Num espaço de planos micropolíticos e redes que expectativa. Senti uma outra energia para diálogo e acrediconformam um novo rizoma a cada momento de encontro to que este é um momento bastante singular para nós e transformação práxica na educação, no cuidado e na (sujeitos, grupos ou coletivos comprometidos com a Engestão (inspirado no professorTúlio Franco). Este mesmo, fermagem Brasileira), esta latência pode nos permitir fazer que nos trouxe as diferentes cenas no interior do processo uma aproximação e propiciar um novo diálogo com as de trabalho das equipes de saúde, na qual a enfermagem compreensões da Enfermagem na sociedade que vive– sujeito coletivo – arrisco afirmar, que muitas vezes cons- mos. trói-produz seu espaço pautado na Saí do SENABS acreditando ainda divisão social e não na divisão técnica de mais na Enfermagem e na ABEn que trabalho, reproduzindo um certo pro“Sonha com um novo Brasil, construído cesso de opressão, tal qual, um dia já foi por uma nova Enfermagem!”. (e por que não dizer, é) refém. Como Meus sinceros cumprimentos à gesarticular novos sujeitos coletivos implitão que termina (2004-2007) e meus cados com as lutas da Enfermagem, com votos de muita força e serenidade a que o Sistema Único de Saúde e com a defesa se inicia (2007-2010). da vida individual e coletiva. Continuo minha inquietação trazendo então, a necessidade de pensarmos Alexandre Ramos cenários e tendências (inspirado na proEnfermeiro-Sanitarista Maria Auxiliadora Christófaro, fessora Maria Auxiliadora Córdova Coordenador de Gestão e Projetos presidenta da ABEn Nacional, Christófaro, a quem chamamos carinhoDAB/SAIS/SES-Bahia Gestão 1992-1995 E X P Diretoria da ABEn Presidenta: Francisca Valda da Silva Vice-presidenta: Ivete Santos Barreto Secretária Geral: Tereza Garcia Braga Primeira Secretária: Ana Lígia Cumming e Silva Primeira Tesoureira: Fidélia Vasconcelos de Lima Segunda Tesoureira: Jussara Gue Martini Diretor de Assuntos Profissionais: Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto E D ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 E Diretor de Publicações e Comunicação Social: Isabel Cristina Kowal Olm Cunha Diretora Científico e Cultural: Maria Emília de Oliveira Diretora de Educação: Carmen Elizabeth Kalinowski Diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem: Josete Luzia Leite Membros do Conselho Fiscal: Marta de Fátima Lima, José Rocha e Nilton Vieira do Amaral ABEn - Jornal da Associação Brasileira de Enfermagem - Brasília/DF Ano 49.3/.4 Conselho editorial: Diretoria Nacional da ABEn 2 I N T E SGAN Quadra 603 Avenida L2 Norte Conjunto B Asa Norte CEP 70.830-030 Brasília DF - Fone (61) 225.4473 - Fax 226.0653 E-mail [email protected] Site www.abennacional.org.br Coordenação editorial e gráfica: UNA Fone: (84) 9988-2812 E-mail: [email protected] Jornalista responsável: Marize Castro Diagramação e arte-final: Alessandro Amaral JULHO AGOSTO 2 de julho – Despachos da secretaria, 59ª SBPC, 1º SENABS, acompanhamento da execução de contratos de serviços; 2 de agosto – Reunião da Comissão Organizadora da 13ª CNS; 3 de julho – Reunião com jornalista para a produção do jornal da ABEn, edição 49.2; 3 de agosto – Agenda administrativa da ABEn e reunião com representantes da OPAS para atualizar agenda de cooperação em torno de projetos; 4 de julho – Reunião da Comissão Organizadora da 13ª CNS; 6 e 7 de agosto – Seminário de Modalidades de Gestão no SUS; 5 de julho – Reunião com a Comissão Executiva do 1º SENABS para discutir o item dos convidados e o do financiamento; 12 a 14 de agosto – II Encontro de Ética em Pesquisa (ENCEP), promovido pela CONEP/CNS,em SP; 7 e 8 de julho – Oficina para fechar as programações científica e especiais: metodologia, convidados, etc; 15 de agosto – Reunião com a 1ª tesoureira no acompanhamento da gestão compartilhada das pendências administrativas das seções e regionais; 10 de julho – Reunião do FENTAS e reunião com os funcionários da ABEn; 17 de agosto – Reunião da Comissão de Relatoria da 13ª CNS; 11 e 12 de julho – Reunião do CNS; 20 de agosto – Agenda administrativa da ABEn e reunião com a assessoria jurídica; 13 e 14 de julho – Participação como debatedora em mesa-redonda sobre “Residência Multiprofissional e o desafio da interiorização”, na programação científica da 59ª Reunião Anual da SBPC em Belém-PA; 15 a 18 de julho – Participação como debatedora em MR sobre Regulação do Trabalho e da Educação: distribuição de RH e a eqüidade em saúde no VII Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, em Salvador-BA; 17 de julho – Participação em reunião do FNEPAS; 18 de julho – Participação em reunião sobre Fundação Estatal e na reunião do Conselho Consultivo da Rede Unida; 23 e 24 de julho – Reunião do FNEPAS com a SGTES-MS na pauta avaliação do projeto de cooperação com o MS na Educação e Desenvolvimento no SUS e articulação com as novas proposições para as políticas de educação e em seguida oficina de acompanhamento da agenda de oficinas regionais e planejamento; 24 de julho – Reunião com a Coordenação de Ações de Ensino Superior do DEGES sobre a Rede MAES e a proposta da universalização da capacitação no PSF através de Curso de Especialização a Distância; 30 e 31 de julho – Despachos de correspondências para o MS, FEPPEn, OPAS, CONASS, CONASEMS, SVS. 21 de agosto – 8ª Reunião da Comissão Organizadora da 13ª CNS; 22 de agosto – Reunião extraordinária do CNS; e despacho de correspondências para os Ministros do Trabalho, da Saúde e para Parlamentares; 23 de agosto – Conferencista no I Congresso Nacional de Fisioterapia na Saúde Coletiva sobre o Tema Integralidade na formação e na atenção: desafios para uma saúde ao alcance de todos; 24 de agosto – Participação na reunião da CIRH/ CNS na pauta emissão de parecer em três processos de reconhecimento e um de autorização e elaboração de agenda da CIRH para 2007; 28 de agosto - Reunião da Comissão de Relatoria da 13ª CNS; 29 de agosto – Instalação da CNRMS e 1ª reunião da referida comissão; 29 a 31 de agosto – Participação no Seminário Sobre Saúde e Gênero promovido pela CISMU/CNS como relatora e coordenadora dda mesa-redonda “Os Pactos pela saúde: Limites e possibilidade para a saúde da mulher”; SETEMBRO 3 de setembro – Debatedora em mesa-redonda sobre “O desfio da Educação na Saúde Coletiva”, no 1º SINPESC , promovido pela EEUSP; ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 3 5 de setembro – Reunião da Comissão de Relatoria da 13ª CNS; 11 de setembro – Participação na reunião do FENTAS; 12 e 13 de setembro – Participação na reunião ordinária do CNS; 14 de setembro – Reunião na ABEn-RJ; 19 de setembro – Eleição da ABEn Gestão 20072010; 21 de setembro – Reunião da 9ª reunião da Comissão Organizadora da 13ª CNS; 25 e 26 de setembro – Reunião da Força Tarefa para análise e emissão de parecer em 27 processos de reconhecimento e autorização para submeter ao CNS e ao MEC; 27 I de setembro – Reunião da Comissão de Relatoria da 13ª CNS. OUTUBRO 4 e 5 de outubro – Despachos do expediente interno da ABEn: correspondências e encaminhamentos operacionais; preparação de proposições para as reuniões conselho geral da FEPPEN; levantamento bibliográfico e sistematização de artigo e apresentação para em power point o 12º Congresso Panamericano da FEPPEn; 9 a 13 de outubro – Participação nas reuniões do conselho geral da FEPPEn e em painel sobre Condições Sociolaborais na América Latina, no 12º Congresso Panamericano da FEPPEn; 17 de outubro – Participação em reunião com a diretoria da ABEn-SP para elaborar agenda emergencial; 4 NOVEMBRO 6 e 7 de novembro – Produção de matérias para o jornal 49.2 e 49.3 e gerenciamento do recebimento de matérias pautadas; elaboração de editorial para a REBEn; sistematização do relatório anual das atividades da presidente da ABEn de agosto de 2006 a julho de 2007; 8 e 9 de novembro – Levantamento bibliográfico para sistematização de artigo e organização de apresentação em power point sobre o tema Ética em Tele-enfermagem; 8 a 10 de novembro – Participação como debatedora em mesa-redonda sobre Ética em Tele-Enfermagem no Congresso Brasileiro de Ética em Tele-Saúde no RJ; 11 e 13 de novembro – Participação na reunião da 176ª ordinária do CNS; participação em reunião do FENTAS; 14 de novembro – Participação na reunião da comissão de relatoria da 13ª CNS; 14 a 19 de novembro – Participação como relatora da 13ª CNS; 19 de novembro – Participação na 3ª reunião ordinária da CNRMS, em Brasília; 20 a 23 de novembro – Produção de material para o jornal 49.4; despacho e encaminhamentos operacionais da agenda política; 27 de novembro – Reuniões da ABEn ROD, CENE, CENRE-3, CONABEn. DEZEMBRO 1 e 2 de dezembro – AND s extraordinárias por ocasião do 59º CBEn; 18 de outubro – Participação na reunião da Comissão de Relatoria da 13ª CNS; 2 e 3 de dezembro – Participação na coordenação da 3ª AND ordinária gestão 2004-2007; 29 de outubro a 2 de novembro – Participação na oficina de sistematização dos relatórios das conferências estaduais de saúde como membro da comissão de relatoria da 13ª CNS; participação na reunião da comissão organizadora da 13ª CNS; participação em duas reuniões com a comissão organizadora do 59º CBEn, revisão geral de todas as subcomissões e elaboração das últimas providências para o congresso. 3 a 7 de dezembro – Participação nas atividades oficiais da ABEn; sessão de abertura e participação em mesa da programação científica; sessões especiais da ABEn e sessão de encerramento do 59º CBEn; ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Foto: Acervo ABEn Nacional 7 de dezembro – Reunião ordinária do CONABEn; 8 de dezembro – Reunião Ordinária de diretoria de passagem do cargo. A ABEn Nacional, através da sua presidenta, presente no XII Congresso Pan-Americano de Enfermagem Resultado Final das Eleições ABEn 2007 A Comissão Especial de Eleição Nacional (CEENa),constituída através da Portaria nº 006/2006 (de 29/11/2006), considerando o que determina o Artigo 43 – Seção II – Capítulo III – Título IV – do Regimento Especial de Eleição 2007, e Calendário Eleitoral 2007, provados na 53ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional da ABEn (CONABEn) – Gestão 2004/ 2007: Âmbito 1º. Divulga o Resultado Final das Eleições ABEn 2007 (quadro abaixo), a partir dos votos apurados e aprovados; e, 2º. Informa que o prazo para recurso dos resultados da apuração de votos referentes ao pleito eleitoral ABEn 2007 será até 19 de outubro de 2007. Sônia Maria Alves Coordenadora Chapa Votos Válidos Brancos NACIONAL Participe 911 69 Seção AL Não houve eleições Não houve eleições Seção AP Seção AM Enfermagem – Conquistar e Valorizar 19 Seção BA Sempre ABEn 60 Reg. Feira de Santana Mobilizar para Avançar 17 Seção CE Participação, Compromisso e Ética 40 Seção DF Participe ABEn-DF 86 5 Seção ES Unidade: Serviço e Formação 15 Seção GO Chapa Única 29 Seção MA Chapa 1 – Integração e Fortalecimento da Enfermagem 32 Participar na ABEn para Fortalecer a Enfermagem 15 1 Seção MT Não houve eleições Seção MS ABEn Atuante 22 Seção MG Chapa única 43 1 Reg. Itajubá Chapa única 14 Reg. Uberaba Chapa única 11 Seção PA Administração 2007 - 2010 = Participe 29 Seção PB ABEn no Rumo Certo 26 1 Seção PR Participe Paraná 77 7 Reg. Cascavel Reavivar 19 Reg. Londrina FaçABEn 9 Reg. Maringá Chapa única 17 Seção PE Não houve eleições Seção PI Eleição para chapa estadual pendente Seção RJ ABEn – Visibilidade e Ação 133 3 Reg. Niterói Ampliando a Participação 13 Reg. Volta Redonda Chapa única 29 Seção RN AVANCEn 64 1 Reg. Mossoró Novo Contexto 8 Seção RS Reconceituar Participação 34 3 Não houve eleições Reg. Caxias do Sul Reg. Rio Grande União 18 Não houve eleições Reg. Santa Maria Não houve eleições Seção RO Seção SC Reconceituação 96 3 Não houvel eleição para chapa estadual Seção SP Não houve eleições Reg. Araraquara Regional Campinas Fênix 49 Não houve eleições Reg. Ribeirão Preto Regional S. J. Rio Preto Renascer 15 Não houve eleições Reg. Santos Regional Taubaté Chapa única 14 Seção SE Continuar Lutando 23 Não houve eleições Seção TO Total Nulos 13 993 2 3 1 19 62 17 40 94 15 29 32 17 - 22 44 14 11 29 27 84 19 9 17 1 1 - 137 13 29 65 8 37 1 100 - 49 - 15 - 14 23 18 Balanço Patrimonial Encerrado em Setembro de 2007 - BALANCO PARA PUBLICAÇÃO AT IV O Ativo circulante Disponivel Creditos realizaveis P A S S IV O 397.213.23 356.498,60 40.714,63 Ativo permanente 3.479.926,13 Passivo circulante Patrimonio social Superavit acumulado Superavit- exer. Em curso Deficit do exercicio Total ativo 3.877.139,36 Total passivo 42.729,11 3.743.969.59 292.145,39 (201.704,73) 3.877.139,36 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 5 n f o Enfermeira integrante do Sistema Único de Saúde ASMULHERES(ENFERMEIRAS) DISCUTEMOBRASIL 6 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Vice-presidente da ABEn-PR. Conselheira Estadual da Mulher do Paraná. Coordenadora da I Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres de Curitiba. Delegada da II CNPM) Reprodução A II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, organizada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e o Governo Federal, aconteceu em Brasília, de 17 a 20 de agosto, reunindo representantes da sociedade civil e do governo para analisar e discutir a situação atual da população feminina e a consecução do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres com programas e metas nas áreas da promoção da autonomia e da igualdade no mundo do trabalho; da educação; saúde, direitos sexuais e reprodutivos; enfrentamento à violência, e a participação nos espaços do poder. Tendo aproximadamente 3.000 delegadas, a II CNPM contou com a presença do presidente Lula, ministros de Estado, especialmente as ministras Nilcéa Freire, Dilma Roussef, Marina Silva, Marta Suplicy e Matilde Ribeiro e inúmeras outras autoridades do Executivo e do Parlamento, com destaca para Luiza Erundina e Jandira Feghali. Está disponível na página web da SPM (http://www.spmulheres.gov.br) fotos e moções aprovadas na Conferência. Entre tantas lideranças do movimento de mulheres e feminista encontravam-se Enfermeiras de vários estados da federação que contribuíram principalmente nas discussões do direito à saúde, do aborto legal e seguro, da eliminação de todas as formas de violência contra a mulher, da valorização do trabalho feminino e da participação das mulheres na política. Por três dias de trabalho a II CNPM sistematizou as propostas advindas das conferências estaduais e deliberou sobre as prioridades para a implementação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, com propostas que avançam na transversalidade de gênero nas ações gover- r namentais e reafirmam o compromisso da gestão pública e da sociedade civil com a eliminação da desigualdade entre homens e mulheres, na busca da justiça social e da democracia. A ABEn se compromete em tão logo seja publicado o Relatório Final da II CNPM dar ampla divulgação para seus associados, acompanhar o desenvolvimento do PNPM, ampliar a debate sobre gênero, raça e etnia no âmbito da Entidade e dos eventos promovidos e a continuar lutando pelos direitos das índias, negras, lésbicas, idosas, jovens, deficientes, ciganas, profissionais do sexo, rurais, urbanas, enfim de todas as mulheres. (Maria Goretti David Lopes. Reprodução I Estudantes de enfermagem em sala de aula Encontro de estudantes delibera fortalecer a identidade da enfermagem como profissão de luta social O 30º Encontro Nacional dos Estudantes de Enfermagem, realizado no Rio de Janeiro, em 4 de agosto de 2007, resultou, entre outras, nas seguintes deliberações: 1) Acompanhar as discussões com os movimentos sociais que tem representação no conselho nacional de saúde a partir de uma articulação com os mesmos; 2) Incentivar a inserção dos DAs e CAs nos movimentos sociais na perspectiva de discussão de controle social; 3) Estimular o Movimento Estudantil de Enfermagem a participar dos Conselhos Municipais e locais de saúde; 4) Coordenação de educação popular e extensão estimulará criação de extensão no curso de enfermagem na perspectiva da educação popular em saúde. m e s 5) Investimento na semana de calouros para apresentar o movimento, problematizando a saúde atual, ampliando a proposta para as universidades privadas; 6) Realização de grupos de discussão, semana de enfermagem, semana de calouros integrada, para aprofundar o diálogo, aproximar a relação discente/ docente, conscientizando para luta social; 7) Fortalecer a identidade da enfermagem como profissão de luta social; 8) Criar uma pauta de Saúde no FENEX para fortalecer a articulação; 9) Posicionamento contra as fundações de direito privado e as estatais de direito privado; 10) Participar de encontros de outras executivas, para fortalecer a discussão sobre saúde; 11) Incentivar o Controle Social através da organização das bases; 12) Utilizar o conselho para adquirir informações antecipando a luta na organização da base; 13) Fomentar criação de fóruns nas escolas de enfermagem pelos DAs e CAs e feito relatórios repassando para executiva; 14) Criação de um calendário de eventos que debata sobre controle social com outras escolas de saúde; 15) Produção de uma cartilha pela coordenação de saúde da ENEEnf sobre analise de conjuntura da saúde (Controle social, formação em saúde e SUS); 16) Realização de um seminário com os movimentos sociais de saúde inicialmente, e executivas da saúde para construir campos de articulação da saúde; 17) Levar enquanto executiva o debate sobre a saúde no FENEX e outros espaços de luta; 18) Construir o diálogo com os sindicatos que são do setor saúde; 19) Que a ENEEnf participe de estágios de vivência e se possível construa (EIV e JORNEXU); 20) Mobilizar universidades particulares para a luta através de formação política; 21) Articular com outras executivas de cursos e movimentos sociais na perspectiva da construção de um campo de saúde; 22) Que a ENEEnf compareça a 13ª conferência nacional de saúde; Conselho Nacional de Saúde realiza o II Encontro de Comitês de Ética em Pesquisa I O CNS promoveu através da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS) reuniões regionais para divulgação e discussão da pauta do II Encontro Nacional de CEPs como etapa preparatória do encontro nacional. O evento trabalhou como tema Os avanços, qualificação e desafios do Sistema CEP/CONEP foram questões debatidas no II Encontro Nacional de Comitês de Ética em Pesquisa, dias 12, 13 e 14 de agosto, em São Paulo/SP na Conferência Magna: Controle social na ética em pesquisas com seres humanos e em três eixos temáticos: O Sistema CEPs/CONEP – avanço em construção; Qualificação e fortalecimento do Sistema CEPs/CONEP; e Desafios para o Sistema CEPs/CONEP. A polêmica girou em torno dos critérios para o credenciamento e recredenciamento dos CEPs sendo aprovado pelos grupos de trabalho a revisão da resolução do CNS que dispõe son f bre o assunto. A ABEn participou do evento através da sua presidenta, Francisca Valda da Silva, na relatoria e coordenação de plenária. Ex-presidenta do COREN/SP morre em São Paulo A enfermeira e professora Maria Lúcia Pimentel de Assis Moura, ex-presidenta do COREN/ SP, faleceu no mês de novembro, em São Paulo. A ABEn lamenta essa perda e reconhece a importância de Maria Lúcia Pimentel de Assis no cenário da enfermagem brasileira. ABEn participa do Seminário Nacional dos Hospitais Universitários A ABEn Nacional, representada pela enfermeira Simone Peruzzo (presidenta da ABEnPR), esteve presente na cerimônia de abertura e na primeira mesa de trabalhos como debatedora no Seminário Nacional dos Hospitais Universitários, organizado pela FASUBRA e Ministério da Educação (MEC), realizado nas dependências da Confederação dos Trabalhado- Simone Peruzzo representou a ABEn no Seminário Nacional dos Hospitais Universitários res na Indústria, em Brasília- DF, nos dias 29 e 30 de outubro de 2007. O evento buscou provocar uma reflexão sobre os hospitais universitários, sua concepção, papel, missão em consonância com as finalidades de ensino, pesquisa e extensão. A ABEn juntamente com a FASUBRA, ANDIFES e o MEC declararam que até o presente momento o debate sobre a temática não foi concluído junto aos seus pares e conseqüentemente nenhuma posição está firmada com relação ao melhor o r m modelo de gestão para as instituições HUs. A representante da ABEn foi enfática ao afirmar que todo e qualquer tipo de mudança no relacionamento com esses hospitais ficará prejudicada caso não seja definido o financiamento dos mesmos por parte dos ministérios da saúde, educação e ciência e tecnologia. Salientou a luta dos movimentos sociais, até o momento sem sucesso, para a aprovação da regulamentação da Emenda Constitucional 29 e ponderou a utilização do imposto criado para ser aplicado na área da saúde, a CPMF, destinar-se a todo o conjunto das ações sociais de governo. Importante salientar o número expressivo de Enfermeiros/as no Seminário que ao se manifestarem reforçaram as inúmeras dificuldades vivenciadas pelos hospitais universitários na área de recursos humanos, espaço físico, abastecimento, entre outras. As colegas reafirmaram que o núcleo dessa discussão é o financiamento e temem que mudanças nas relações com os HUs aumentem o conflito com os envolvidos em prejuízo à população assistida. Para refletir! O Seminário ao final reafirmou a Missão que “Os hospitais universitários, os hospitais de ensino e os centros de saúde escolas tem por missão gerar, sistematizar e socializar o conhecimento e o saber, produzidos na área de saúde e áreas afins, através de ensino, pesquisa e extensão, servindo de campo moderno e dinâmico de promoção da assistência e de excelência à saúde do cidadão, integrando-se às políticas públicas de saúde e formando profissionais e cidadãos capazes de construir uma sociedade justa e igualitária” e como Papel “a prática de ensino, pesquisa e extensão, indo desde a promoção junto às coletividades até as unidades ambulatoriais e hospitalares”, acolhendo as atividades curriculares de todas as profissões da saúde. O Seminário também indica a necessidade de controle social representativo de todos os atores, através de conselhos gestores nestas unidades acadêmicas e os critérios para a composição do financiamento para os hospitais universitários e unidades de ensino teórico-prático, entre o MEC, o MS e o MCT. Apresenta ainda propostas para o modelo de gestão pública destas unidades, tendo como balizador o controle social. Reprodução Reprodução 23) Reafirmar a saúde como direito e instrumento de luta, e s Dia Mundial de Luta Contra a Aids: ABEn conclama seus associados A Associação Brasileira de Enfermagem, integrada na luta política pelo benefício da saúde da população brasileira, solidariza-se com as ONGs AIDS e conclama seus associados a participarem das diversas manifestações que ocorrerão no país em 1º dezembro de 2007, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Devemos lembrar que a Tuberculose é a principal co-infecção associada à AIDS, e a doença oportunista de maior impacto em pessoas vivendo com HIV/AIDS. ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 7 Fotos:Acervo ABEn Nacional Solenidade de abertura do 58º Congresso Brasileiro de Enfermagem, em Salvador/BA, novembro de 2006 58º Congresso Brasileiro de Enfermagem CARTA DA BAHIA Cuidado de Enfermagem: Autonomia e regulação do trabalho em saúde. Com este tema central, o 58 Congresso Brasileiro de Enfermagem promoveu discussões entre os dias 6 e 9 de novembro de 2006 em busca de respostas para muitas das grandes questões que emergem do tema e que determinam a prática profissional. Mas quais as perguntas e respostas essenciais para direcionar a prática das profissões da enfermagem no Brasil de hoje? Preocupada com uma reflexão que se traduza em práxis, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e as(os) congressistas demonstram como nos inquieta o contexto atual onde se insere nossas práticas profissionais e nossa ação cidadã. Com o tema deste Congresso, o cuidado, a autonomia e a regulação do trabalho emergem como conceitos que precisam ser definidos e compreendidos pelos profissionais de enfermagem para que possam cumprir sua finalidade de iluminar o que se faz. Mas seriam estes os conceitos essenciais? As discussões parecem indicar alguns elementos fundamentais nesta direção. O primeiro deles é indagar se estamos fazendo as perguntas certas para esclarecer as 8 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 nossas inquietações.A primeira das perguntas: qual conceito de saúde assumir? Um conceito político? Técnico? Ou ambos? O que é a saúde da qual falamos? Um processo de adaptação? Uma reação autônoma e culturalmente moldada? A habilidade de adaptar-se aos ambientes mutáveis? A capacidade de recomeçar? Um direito de todos e dever do Estado? Ou um recurso para a vida cotidiana e não um objetivo em si do viver, dado nossa condição humana de sermos simultaneamente doentes e sãos? Cuidar é um ato que prestamos a nós próprios, desde que adquirimos nossa autonomia, mas também é um ato de reciprocidade que somos levados a prestar às outras pessoas, temporária ou definitivamente, quando estas não podem assumir as suas necessidades vitais, por insuficiência, diminuição ou perda de autonomia. E quanto ao cuidado de enfermagem? Este é parte do cuidado em saúde, compreendido como uma ação coletiva realizada por diferentes profissionais, onde as pessoas que são cuidadas, também são sujeitos deste cuidado de que se necessita em um determinado momento da vida. Compreende-se que os cuidados de enfermagem se baseiam nas normas que presidem a saúde e com as quais se confundem, porque são da mesma natureza e dirigem-se às pessoas saudáveis ou aos doentes, nos ensinou Florence Nigthingale há mais de um século. Mas, e o cuidado exercido como prática profissional numa sociedade desigual? E o cuidado exercido predominantemente em um processo de trabalho organizado e hieraquizado e demarcado por uma profunda e fragmentada divisão social e técnica? As discussões neste evento indicam transformações que desestruturam esse modelo tradicional de organização do trabalho na saúde e em enfermagem. Compreendemos que cuidar é manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de necessidades indispensáveis e que são diversificadas na sua manifestação.Velar, cuidar, tomar conta representa um conjunto de atos que têm por finalidade manter a vida dos seres vivos. O cuidado, portanto, não é um momento de consumo eventual ou episódico, mas deve ser percebido como parte integrante da afirmação dos fins que se almejam alcançar no modo de viver das pessoas, de acordo com sua autonomia e seus direitos de pessoa, nos reiterou Roberto Passos Nogueira durante este evento. A pessoa não é, portanto, objeto portador da doença, mas se constitui na finalidade em si mesma do cuidado. Este cuidado não adquire, senão a partir da pessoa cuidada, aquilo que é. O cuidado não tem sentido senão em relação com a realidade e o contexto externo e interno da pessoa de quem se cuida, isto é, em relação à maneira como vive, e dentre outras coisas, como vive a sua saúde e a sua doença. Mas, ao cuidar nos deparamos com uma situação dialética entre a proteção e a opressão do outro, como nos indica a reflexão de Leonardo Boff. E qual é o caminho escolhido por nós? Uma prática de cuidado regida predominantemente pela técnica, pelas normas das organizações de saúde, pelas rotinas de enfermagem, pelo sistema de protocolos de sistematização da prática? Ou uma prática de cuidados que expresse a mística cósmica da compaixão e da solidariedade para com todos os outros, não importa sua condição social, política, racial, étnica, religiosa? Somos capazes de uma aliança em defesa da teia da vida entre aqueles que cuidamos e de nós os que cuidam? Somos capazes, como nos disse Maria Júlia Paes, de amar o que fazemos e cuidar com amor daquele que é diferente de nós? Para tanto precisamos aprofundar o nosso conhecimento sobre o processo de cuidar de outros em todas as direções. Isso nos permitirá cuidar melhor, nos permitirá cuidar para confrontar num dado contexto, e possivelmente cuidar para emancipar quem cuida e quem é cuidado. Precisamos compreender também que o cuidado é um poder intrínseco para quem cuida e uma latente possibilidade de subversão. Por quê? Cuidar é um poder concedido e muitas vezes não sabido por quem é cuidado. Por isso o cuidar traz em si uma latente possibilidade de subversão, porque existe em potência neste ato uma possibilidade de aliança entre quem cuida e quem é cuidado. Esta aliança, se praticada, poderá romper a determinação normativa das organizações de saúde. O cuidado de enfermagem pode ser um poder libertador na medida em que ele permite às pessoas que dele necessitam utilizar o poder que eles próprios têm. Na medida em que restitua ou aumente o poder de cada como uma pessoa única e de autonomia. O cuidado em enfermagem pode servir para emancipar se quem cuida reconhece o saber próprio das pessoas cuidadas e os permite exercerem, eles próprios seu poder terapêutico sobre si e sobre os outros, o que nos inclui, como enfatizam Jairnilson Paim e Marie François Collière em relação à gestão política do cuidado em saúde e enfermagem. O cuidado como ato de emancipação acontece quando se dá um encontro em que as duas partes diretamente envolvidas assumem riscos e ousadias nesta relação para que se conduzam na direção do projeto de felicidade daquele que é cuidado e de quem cuida ressalta José Ricardo Ayres. E como cuidar com autonomia? A autonomia é a capacidade de quem dirige a si mesmo, baseado em leis geradas do interior e não do exterior. Se assim é, pensar em autonomia técnica-profissional significa compreender e exercitar uma organização de processo de trabalho de saúde que tome como guia a autonomia dos usuários do cuidado de enfermagem. Daí ser a regulação, como processo social e político, o foco para conformar a relação ética e técnica das(os) profissionais de enfermagem com quem é cuidado. Isto descarta que seja a autonomia profissional o princípio organizador da prática social de qualquer profissão da saúde. O saber técnico-científico que conforma as diferentes profissões da saúde é, sim, inseparável da organização técnica-profissional e política sob a égide de normas instituídas na e pela sociedade, através do Estado afirmou Maria Auxiliadora Christófaro. E quanto ao auto-cuidado? Este, numa sociedade desigual como a nossa e sob a égide de políticas neoliberais é entendido como cada um que cuide de si, dado que vivenciamos cada vez mais a não responsabilidade do Estado com a saúde dos cidadãos e a precariedade ou fragmentação das políticas públicas de saúde. O auto-cuidado é adotado em organizações de saúde como norma para redução de custos, principalmente com os trabalhadores. O auto-cuidado, portanto, não pode ser o meio utilizado pelas organizações de saúde para cuidar de pessoas quando estas perdem a autonomia de cuidar de si mesmas. A saúde é uma tarefa pessoal, se consideramos que os sujeitos são autônomos, mas também é resultante de uma intervenção social com recursos manipulados por outros, os que cuidam. Este é o equilíbrio que deve ser buscado se compreendemos que cuidar do outro, em um determinado momento da sua vida, implica em responsabilidade social. A partir de tais constatações qual projeto deve a ABEn conduzir? Seguramente um que tome por cerne o trabalho coletivo dos profissionais da enfermagem e da saúde. Um projeto que inclua a regulação profissional repensada com vistas nos resultados do trabalho coletivo da saúde e para além do exclusivo controle de cada uma das corporações. Um projeto que precisa ser amplamente disseminado e comunicado com todas as profissionais de enfermagem e com a sociedade. Um projeto que não permita o auto-engano de bandeiras fáceis e que não alimente a falsa consciência daquelas que fazem a enfermagem brasileira. Um projeto que não assuma como seu cerne os ganhos corporativos para as que fazem a enfermagem, mas que se constitua em uma parceria efetiva na transformação da sociedade com aqueles de quem cuidamos. Para tanto, reflexão e ação são inseparáveis, não há um ordenamento ou priorização entre tais atos. Salvador, 9 de novembro de 2006. 58º Congresso Brasileiro de Enfermagem Sessão de lançamento de livros ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 9 Autonomia e uso de protocolos assistenciais ESTÁABERTAADISCUSSÃO! Prescrição, transcrição de medicamentos, ações de apoio diagnóstico em enfermagem urante o 58o Congresso Brasileiro de Enfermagem, realizado em Salvador de 5 a 9 de novembro de 2006, a Comissão de Temas pautou o tema prescrição/transcrição de medicamentos que, como tudo que foi discutido neste evento, foi perpassado pelos conceitos de autonomia e regulação. A Comissão tinha clareza de sua importância para a categoria e reconhecia que havia pouca discussão acumulada sobre o tema, para tanto, tomou como estratégia a roda de conversa o que permitiria um aprofundamento a partir dos conhecimentos e concepções de seus participantes e entregou a tarefa de coordenação às professoras Norma Carapiá Fagundes e Maria Ângela do Nascimento. A professora Norma C. Fagundes construiu o termo de referência que norteou os integrantes do grupo a (re)pensar a temática. No dia de sua realização foram tantas(os) as(os) interessadas(os) que tornaram-se necessárias a troca de sala e a adaptação da metodologia proposta.Valeu a pena! Embora incipiente, agora a categoria tem um documento para ponto de partida. Este documento foi construído a partir das contribuições de Giovanni Gurgel Aciole1 – Prescrever? Para quê? Para quem? De quem deve ser? Novas questões para uma velha disputa; Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto2 – Prescrição, transcrição de medicamentos, ações de apoio diagnóstico em enfermagem: autonomia e uso de protocolos assistenciais; Francisca Nazaré Liberalino3 – Prescrição de medicamentos: autonomia relativa e responsabilidade compartilhada; Sônia Barros4 – A autonomia profissional do enfermeiro: transformando práticas na equipe multidisciplinar; Camila Leal Motta Valente5 – Ponto de vista de uma graduanda; Evelin Bezerra6 – Autonomia, prescrição e transcrição: reflexões do movimento estudantil de enfermagem. Norma Carapiá Fagundes – Prescrição, transcrição de medicamentos, ações de apoio diagnóstico em enfermagem, autonomia e uso de protocolos assistenciais: está aberta a discussão!(síntese elaborada a partir das falas dos integrantes da roda e das falas da platéia), cujos textos na íntegra estarão compondo o CD-ROM do Congresso. Durante o debate, questões importantes e fundamentais para a ampliação da discussão sobre o tema “Prescrição e transcrição de medicamentos e ações de apoio diagnóstico em enfermagem: autonomia e uso de protocolos assistências”, foram colocados na roda. Retomaremos, a seguir, algumas dessas questões, não com a intenção de uma conclusão ou síntese de um debate que está apenas começando, mas apenas como uma forma de juntar alguns elementos que foram falados pelos diversos componentes da mesa e também da platéia, no sentido de dar mais visibilidade aos argumentos apresentados e recolocar questões que poderão alimentar o debate a partir desse momento, sobre uma temática que vem suscitando tanta polêmica. Um primeiro ponto a ser enfatizado nesta tentativa de sistematização é o grande interesse que o tema despertou. Sobre isso muitas questões foram levantadas: “por que esse debate suscita tanta mobilização? Por que nos interessa tanto discutir o poder prescricional? Quem é que tem, deve ter, a prerrogativa, ou não, de prescrever?” Como interrogou Giovanni e como bem lembrou Rosemiro, “de que este é um tema que já deveria vir sendo pautado nos congressos de enfermagem, desde, pelo menos, uma década atrás”. Questão I - No contexto atual, onde se localiza a discussão sobre o poder prescricional? Logo no inicio da sua fala Giovanni nos convida a sairmos da perspectiva limitada entre ser a favor ou contra o enfermeiro ou outros profissionais, que não sejam o médico, realizarem a prescrição de medicamentos e a solicitação de exames e, em seguida, nos convoca a uma reflexão acerca do momento especial que estamos 10 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 compartilhando atualmente, “que é o da busca de possibilidades na reorganização das práticas de saúde a partir do enfoque da integralidade”. A polarização entre ser a favor ou contra os enfermeiros realizarem a prescrição ou transcrição de medicamentos e ações de apoio diagnóstico, é colocada por Nazaré “como um caminho a ser superado”. Para ela a ênfase deve ser dada na discussão sobre as mudanças necessárias no modelo de atenção à saúde, na organização das práticas a partir dos princípios da integralidade, da acessibilidade, da universalidade e da resolutividade. Isto requer muitas mudanças na forma de praticar e pensar a saúde no Brasil. Entre essas mudanças está a redefinição não só das práticas, mas também dos referenciais com cada profissão tradicionalmente trabalha. Ainda sobre o risco de emparedamento da discussão entre ser a favor ou contra, Rosemiro nos lembra que “o momento não é de radicalização, nem pelo sim, nem pelo não”. Nos convida a refletir sobre o quanto as profissões mudam, como as práticas se constroem, se desconstroem e se reconstroem com o tempo. No momento atual, a imperiosa necessidade de mudança no paradigma da assistência vem suscitando o confronto de corporações e, nesse jogo, não podemos pensar na mudança dos modelos assistenciais apenas a partir da vontade dos profissionais e dos gestores de saúde, precisamos incluir nessa pauta o usuário. “Este sim deve ser o centro da atenção e não as nossas vontades, os nossos quereres corporativos”. Na realidade das práticas de atenção à saúde, sobretudo na atenção básica, a falta de acesso ao médico, como foi levantado no debate, tem empurrado constantemente as cercas que limitam os territórios das práticas profissionais. A falta de assistência médica a um grande contingente populacional, não só pela falta do profissional, mas também pelo fato de que, mesmo estando presente, este, muitas vezes não se compromete, se omite, tem reforçado a necessidade da busca de outros caminhos para se ter algum grau de resposta estruturada para as lacunas da assistência. A população está lá demandando resolução para os seus problemas e quem sempre esteve mais perto, mais acessível e com competência para tal, terminou sendo convocado para ampliar seu papel nesse âmbito da atenção à saúde. Esta situação, que está diretamente relacionada à materialização dos princípios da acessibilidade e da resolutividade, se por um lado, como diz Nazaré, “traz dificuldades, por outro traz potencialidades, pois abre a possibilidade concreta de se rever a situação da hegemonia do médico dentro da equipe de saúde”, abrindo espaço para a construção de projetos de cuidado fundamentados na assun- de, a questão da prescrição de medicamentos ção da interdependência que de fato existe en- continua sendo alvo de tanta disputa. Como tre a prática dos diversos profissionais e na cola- bem aponta Giovanni, “a forma que historicaboração objetiva entre estes. Essa forma de mente se sobressaiu na idéia de cuidar, pelo conceber a organização do cuidado em saúde menos no campo predominantemente controvai exigir negociações, entendimentos que ne- lado pelos médicos, associou cuidar à capacidanhuma normalização, a priori, poderá dar conta de de medicar, de uma forma central, forte. totalmente. Isso desenhou um modelo de atenção que assoNa continuidade da discussão dessa ques- cia saúde ao acesso e consumo de procedimentão, Nazaré refere que, para a construção desse tos, medicamentos e outras intervenções. Esse projeto compartilhado de cuidado, “é necessá- modelo se consolidou cultural e socialmente; rio que os papéis dos profissionais não sejam construiu um imaginário sobre saúde, que condefinidos de uma forma muito rígida, pois a si- fere a quem detém a autorização para colocar a tuação de saúde específica dos sujeitos em um pessoa que sofre em contato com a medicação contexto real vai sempre demandar ações que que vai aliviá-lo, um poder muito evidente. Ennão estavam totalmente previstas a priori”. A tretanto, não devemos esquecer que apesar de complexidade das práticas de saúde requer o muito valorizado, este modelo tem trazido contrabalho em equipe, com algum grau de flexi- seqüências desastrosas para a sociedade, entre bilidade nos papéis desempenhados por cada membro, “pois é a situaa realidade das práticas de atenção à saúde, ção singular e local que vai fornecer os elemen- sobretudo na atenção básica, a falta de acesso ao tos para a decisão sobre quem vai atender o quê”. médico tem empurrado constantemente as cercas É aí que entra a decisão sobre quem tem o po- que limitam os territórios das práticas profissionais der/saber e está preparado para prescrever, inclusive, medicamentos, se eles forem neces- elas o problema da automedicação, o consumo sários. desenfreado de medicamentos. Essa é uma A fala de um participante da platéia, referin- questão a que temos dado pouca ênfase nos do-se às constantes soluções de continuidade questionamentos ao modelo biomédico, mas na assistência, causado por constantes suspen- que é fundamental quando discutimos a ampliasões dos protocolos assistenciais em seu muni- ção do poder prescricional para outras catecípio, devido à ação da corporação médica, ilus- gorias”. tra bem essa questão: “eu faço o preventivo de Trazendo essa questão para o campo especícâncer, o exame clínico das mamas e eu me es- fico da saúde mental, Sônia nos alerta sobre a barro justamente no momento em que a mu- prescrição médica abusiva de medicamentos lher tem uma candidíase, por exemplo. Como neurolépticos e as consequências que isto traz pensar no bem-estar dessa mulher se não te- para o exercício da cidadania por parte das pesnho respaldo para prescrever um medicamen- soas com transtornos mentais, além do fomento to para esse tipo de problema. A coitada da da excessiva dependência dos serviços de saúde. mulher tem que voltar no outro dia de madru- Nesse contexto, percebe-se também um outro gada, pegar uma ficha pra poder consultar com problema grave que é o da medicalização de o médico. [...] Lidar com a mulher, com essa problemas da própria existência como a tristeperspectiva holística do cuidado implica em za, a ansiedade. mais autonomia técnica de poder prestar esse A complexidade desses problemas nos leva cuidado. É preciso alguma coisa que nesse mo- a pensar como Nazaré, que estes demandam mento faça uma diferença pra essa mulher, pre- soluções compartilhadas, análise complexa, cisa ter resolutividade, voltar no outro dia pra profunda e amadurecimento. Exige muita negoconsulta médica é muito difícil, conseguir um ciação e, sobretudo, a consciência do que é que encaminhamento também não funciona”. queremos em termos da construção de uma Esta fala nos leva a refletir sobre o porquê política de saúde que promova a acessibilidade de, mesmo parecendo tão evidente a necessi- e a integralidade, que assegure a resolutividade. dade de desterritorialização /reterritorialização Fazer isso, certamente, “vai significar (des)consde algumas práticas para uma mudança mais truir algumas práticas profissionais consolidaefetiva no grau de resolutividade das ações saú- das e rediscutir o lugar que cada um tem que N ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 11 ocupar neste processo, de forma solidária, integral e integrada”. É nesse contexto que o debate sobre a prescrição e outros atos profissionais deve ser colocado. evidente. Sabemos que dentro da enfermagem existem muitas concepções de cuidado, mas quando o relacionamos à integralidade, este toma o sentido que nos ensina Collière7 – “Cuidar situa-se na encruzilhada do que faz viver e morQuestão II – Qual, ou quais projeto(s) de rer... é comunicar vida, é deixar existir, é desencuidado em saúde estamos querendo volver o que permite viver, é compensar o que construir? coloca obstáculo à vida... é acompanhar as O debate travado nesta roda expressa clara- grandes passagens da vida... os momentos difímente a realidade permeada de conflitos e con- ceis... a doença, é mobilizar as capacidades de tradições que vivemos hoje no campo da aten- vida existentes e/ou restantes... é ajudar a nasção à saúde. O modelo biomédico, centrado cer... e a renascer...é acompanhar a morte...é na figura de um profissional nuclear – o médi- criar no quotidiano. Isso exige reencontrar: a co, fragmentado, prescritivo e com ações limi- anima: o sopro da vida, o que insufla a vida e tadas para responder à complexidade da realida- dá vontade de viver, a sabedoria: o que tem de de saúde da população, mesmo dando sinais sentido, o que dá sentido, a ciência: que vai ao evidentes de esgotamento, parece ainda ter fô- encontro da sabedoria, ou seja, o que questiona lego para continuar a direcionar a organização e a forma como se colocam as questões, o que das práticas no campo da saúde. É nesse terreno gera o conhecimento, a arte: o que se aperfeiminado que estamos tentando construir um çoa a partir do que se descobre da vida, o que novo projeto de cuidado. constrói um saber alimentado de emoções e Um dos princípios chave desse novo mo- sentimentos, libertando uma inventividade esdelo é a integralidade, que traz em si muitos clarecida”. sentidos, entre eles o do fortalecimento das Sabemos das dificuldades e obstáculos a seequipes multiprofissionais, entendidas como a rem enfrentados para a construção das condibase organizativa do trabalho em saúde; o da ções de efetivação dessa concepção de cuidado inclusão dos usuários na elaboração de seus nos serviços de saúde, este é o desafio que nos projetos de saúde (individuais e coletivos); o falou Giovanni, “de construir um projeto de do desenvolvimento de práticas que favoreçam cuidado, que sem negar ou rejeitar a participaao uso adequado de medicamentos e à desme- ção, a fundamentação técnico/científica dos procedimentos diagnóstico-terapêutio campo da saúde, o que predomina ainda não é o cos e medicalizadores, possa incorporar exercício da co-gestão e da co-responsabilidade entre outras práticas profissionais, que não os profissionais de saúde, e entre esses e os usuários. sejam somente centradas no procediO que persiste é o isolamento entre as profissões e o mento, mas que inclua e seja alimentaalijamento do usuário das decisões sobre o cuidado da pela questão relacional do encontro com a sua saúde individual e coletiva usuário-trabalhador de saúde, pela condicalização, sempre que se fizer necessário, e o solidação da participação solidária de todas as da necessidade de um maior aporte de referen- práticas profissionais num trabalho em equipe. ciais no campo de atuação das profissões de É desse contexto que se coloca o debate sobre saúde. Nesse sentido, tomar o princípio da inte- o poder prescricional, em outra dimensão que gralidade como eixo norteador das práticas de não seja apenas o do que cada um deve fazer a saúde, requer um alargamento da possibilidade partir do seu saber/fazer exclusivo e fragmende intervenção nesse campo, “incorporando tado, mas a partir de conceitos unificadores práticas que foram esquecidas, escamoteadas, como a integralidade do cuidado em saúde, respostas de lado pela supervalorização da atenção peito ao outro, humanização”. Esses princípios, associada à prescrição de medicamentos, inter- comprovadamente, só ganham sentido em venção, diagnóstico e terapêutica” (Giovanni). contextos relacionais, intersubjetivos, que traA grande responsabilidade da enfermagem, co- gam, entre outras coisas, a possibilidade de se mo uma profissão que esteve sempre ligada ao construir uma outra relação entre os profiscuidado, na construção desse modelo parece sionais de saúde. N 12 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Questão III – Como construir ou fortalecer práticas de co-gestão e de co-responsabilidade no processo de trabalho em saúde? No campo da saúde, o que predomina ainda não é o exercício da co-gestão e da co-responsabilidade entre os profissionais de saúde, e entre esses e os usuários. O que persiste é o isolamento entre as profissões e o alijamento do usuário das decisões sobre o cuidado com a sua saúde individual e coletiva. Esta é mais uma conseqüência do modelo biomédico, ainda hegemônico na atenção à saúde e na formação, que diz, como colocou Giovanni, que “cada um de nós aprende uma determinada parte da coisa, e somos ensinados, formatados e reproduzidos nessa lógica. Se somarmos as partes de cada um, acreditamos obter como resultado um produto final chamado usuário tratado. Pena que isso não seja necessariamente verdade!” Nesse sentido, o que predomina nos serviços de saúde, é uma compreensão muito restrita do trabalho em equipe, que se restringe à coexistência de vários profissionais numa mesma situação ce trabalho, compartilhando o espaço físico e a clientela. Na percepção de Nazaré, a problemática da acessibilidade aos serviços e a resolutividade das ações de saúde “está impondo a necessidade de redefinição dessa forma de conceber o trabalho das equipes de saúde. A necessidade de articulação entre as ações executadas pelos profissionais demanda, não só um processo de reorganização dos serviços locais – em termos de trabalhar as situações com planejamento compartilhado, incluindo o usuário, até a redefinição das relações de poder e de saber dentro das equipes multiprofissionais. Esta não é uma tarefa simples, é polêmica e exige preparo, acordos institucionais e profissionais. Para começar, é preciso substituir a relação de competição, por uma de coordenação, cooperação e co-responsabilidades”. Reforçando essa afirmativa, Sônia reivindica para a equipe de saúde mental o poder de decidir sobre quando diminuir a dose, ou até mesmo retirar determinados medicamentos, “quando o que está em jogo é o aumento da autonomia do sujeito para cuidar de si mesmo”. Para ela, esse ato, não pode depender somente da ação médica, “porque é um ato que busca a qualificação do cuidado, é um ato que resulta da interlocução, da conversa entre os diversos saberes que compõem a saúde. É um ato que favorece a construção de práticas interdisciplinares”. Questão IV - O que a discussão sobre prescrição e transcrição de medicamentos e ações de apoio diagnóstico pode contribuir para repensar a enfermagem? A discussão em torno das possibilidades da construção, reconstrução ou desconstrução do ser enfermeira (o), do ser da enfermagem a partir das questões colocadas na roda, foi, certamente, a que mais tempo ocupou, a que trouxe simultaneamente muitos elementos divergentes e convergentes, ou seja, foi onde a polêmica realmente aconteceu, o que aliás, era previsível. Para começar, Rosemiro nos convida a um resgate da história da enfermagem no Brasil nos anos de 1970 e 1980, quando o Ministério da Saúde convoca os enfermeiros, para uma participação ativa em programas como o da Atenção Integral a Saúde da Mulher e da Criança, o de controle da Tuberculose, da Hanseníase, entre outros. No âmbito desses programas, “a prescrição de medicamentos e a realização de ações de apoio diagnóstico, já estavam previstas. Portanto, essas não são ações novas no campo de atuação dos enfermeiros. A principal motivação da convocação dos enfermeiros naquela época foi a necessidade de reverter indicadores de mortalidade, de morbidade que se encontravam muito elevados”. A Lei n. 7.498/1986 que regula o Exercício Profissional de Enfermagem, no seu Artigo 11, inciso II, alínea c, estabelece que, como integrante da equipe de saúde, compete ao enfermeiro “prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde”. Mais recentemente a Portaria n. 648/2006 que estabelece a Política de Atenção Básica no País reafirma o que estabelece a Lei 7. 498/ 86, no item 2, inciso II, p.45: “conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações”. O Programa de Saúde da Família-PSF, implementado a partir do ano de 1994, como uma das mais importantes estratégias de fortalecimento da atenção básica no país, mantém a participação dos enfermeiros nos programas acima citados e amplia a ação desses profissionais, sobretudo na atenção ao pré-natal, na abordagem sindrômica das DST, na atenção à criança, através da estratégia AIDPI (Atenção Integral das Doenças Prevalentes na Infância). Entretanto, em que pesem as normas em vigor estarem muito claras quanto à ação restrita dos enfermeiros em relação à prescrição de medicamentos e ações de apoio diagnóstico, a implantação do PSF trouxe novos elementos que terminaram por acirrar a disputa por espaços de atuação com o profissional médico. Contudo, essa incursão da enfermagem em áreas que antes eram território exclusivo dos médicos, não preocupa somente a esses profissionais, mas, sobretudo a nós enfermeiros. Sobre isso, Rosemiro levanta um aspecto que é da maior relevância, que é o perigo de alguns (muitos) enfermeiros “parecerem estar gostando muito dessa história de prescrever e se esquecem que a essência do nosso trabalho não é isso. Onde está ficando o nosso cuidar holístico? Aonde nós vamos ou queremos parar? Prescrever e diagnosticar em situações específicas sim, mas sem esquecer que somos prioritariamente promotores de saúde, educadores em saúde, profissionais que trabalham a prevenção”. Sabemos o quanto a prescrição é valorizada em um modelo centrado em procedimentos, mas devemos estar atentos à questão que uma colega da platéia colocou, conclamando a todos – enfermeiros e médicos a uma maior reflexão sobre a prescrição desenfreada de medicamentos. Chama a atenção sobre a falta de embasamento científico com que essa prática vem se dando, e a necessidade de se conhecer melhor os usuários para poder prescrever medicamentos. Reafirma que contatos esporádicos, rápidos não autorizam ninguém a prescrever fármacos, mesmo aqueles que aparentemente pareçam banais. Esta fala corrobora a de Nazaré, quando diz que “a prescrição de medicamentos não pode ser considerada como central na prática de enfermagem” e que devemos ter cuidado para não estarmos, ao lutar por esse espaço, buscando abrigo exatamente no modelo que tanto criticamos. Ainda sobre essas preocupações, Nazaré enfatiza a grande responsabilidade que assumimos quando prescrevermos/transcrevermos uma medicação, não apenas quando decidimos “se isto ou aquilo é necessário ou não, mas também por tudo aquilo que vem depois, as conseqüências ocasionadas por este ato. Esta é uma decisão que só deve ser tomada com sólida base técnica e cientifica, com seriedade, competência profissional e ética. O ato de prescrever não é um simples ato de alivio de uma dor, ou alívio de um determinado sintoma, agressão ou sofrimento físico de alguém”. Como nos lembra Camila, precisamos perguntar sempre: “que conhecimento tenho e qual preciso ter para fazer as atividades a que eu me proponho?” Camila traz ainda a questão de que compromisso significa ter uma obrigação solene com aquilo ou com quem nos comprometemos, e alerta para o fato de que se comprometer pode também significar ficar em uma situação des- confortável, ficar exposto. Diante disso ela nos questiona: “Qual é o compromisso que a gente quer? Até que ponto nós queremos nos comprometer?” Entre os desconfortos que a questão da prescrição de medicamentos e ações de apoio diagnóstico traz para nós enfermeiros, está uma inquietação que permeou algumas falas da mesa e da platéia, sobre a necessidade de estarmos atentos para não sermos utilizados apenas como mão de obra substituta do médico, que é quem tem carga horária, formação e autorização para fazer isso, mas muitas vezes não faz. Para Sônia, o debate deixou claro o quanto precisamos continuar a conversa sobre o tema, pois “autonomia profissional não significa assumir parcelas do trabalho de outros profissionais, mas sim, atuar com co-responsabilidade, pactuação, tendo em vista o direito do usuário a uma saúde qualificada e acessível”. As duas estudantes que participaram da roda – Camila e Evellin e alguns participantes da platéia colocaram que talvez esta discussão sobre prescrição tenha tanta importância devido à indefinição do papel do enfermeiro: Se não sabemos o que é ser enfermeira (o) hoje, como vamos saber qual é a enfermagem que queremos construir? A falta de clareza sobre o que é o objeto de trabalho do enfermeiro e, conseqüentemente suas prioridades, faz com que, como disse Camila, uma estudante fique muito tempo tentando entender o que uma enfermeira faz e quando se questiona sobre isto, muitas pessoas respondem: “depende. Depende de onde você trabalha, depende se é serviço aberto ou fechado, se é atenção básica ou hospitalar”. Essa situação ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 13 de dependência do contexto parece incomodar muito, pois, além das estudantes, alguns participantes da platéia também colocaram sobre a necessidade de uma definição mais clara do papel do enfermeiro, sobretudo na atenção primária, onde estes têm assumido de uma forma pouco crítica as funções que lhes são delegadas. Percebe-se, dessa forma, que essa é uma questão sobre a qual precisamos nos debruçar, pois mesmo tendo em conta que a construção de um modelo de atenção à saúde focado nas necessidades de saúde locais, requer uma maior flexibilidade na organização da atenção e no papel dos profissionais cuidadores, não é desejável que um profissional fique tão à mercê dos humores de cada contexto para exercer sua prática. Para discutir essa questão, podemos seguir a pista dada por Evellin: “o que é que realmente a gente quer para a enfermagem? Queremos uma enfermagem unida, mas isso não significa que ela só olhe para o seu umbigo. É preciso ver o que se passa além dela. Sem isso podemos nos tornar aquilo que a gente muitas vezes critica. Falamos que queremos ser uma profissão valorizada, mas o que é ser uma profissão valorizada? O que é hoje para a gente, socialmente falando, ter uma profissão valorizada?” Questão V – Como fica a formação profissional do enfermeiro no contexto das questões trazidas para esta roda? A formação foi um ponto discutido principalmente pelas estudantes e professoras, tanto da mesa como da platéia. As questões levantadas foram relacionadas principalmente ao fato de estarmos assumindo responsabilidades novas e as implicações que isso traz, principalmente em relação a disciplinas como farmacologia, cujo conteúdo foi considerado pelas estudantes como insuficiente. Aliás, para estas, não apenas a farmacologia, mas toda a fundamentação científica na formação do enfermeiro precisa ser ampliada e contextualizada em relação à realidade atual do trabalho do enfermeiro. Evellin faz referência às diretrizes curriculares, levantando que “estas explicitam que o enfermeiro deve ser capacitado a atuar com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, na qualidade de promotor da saúde integral do ser humano”. E é a partir desse ângulo de visão que ela questiona o processo de formação e as bases de luta para a construção da “enfermagem que queremos ser e do sistema de saúde que queremos ter”. A necessidade de repensar a formação dos profissionais de saúde foi ressaltada por Nazaré, no sentido de se rever “o saber que é necessário 14 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 para a atenção integral, posto que é esse horizonte que torna possível a redefinição das competências, limites e possibilidades de cada categoria dentro de um processo mais amplo”. Questão VI – Qual o significado dos protocolos assistenciais? Nazaré definiu protocolos assistenciais como sendo “um acordo, um pacto institucional e coletivo onde se estabelecem as regras para se lidar com uma dada situação. Cada situação é analisada pela comunidade e pela equipe de saúde de forma integrada e, a partir daí se toma a decisão sobre o que é desejável, do ponto de vista da qualidade, da acessibilidade, da resolutividade e da humanização do cuidado. Definese quem pode ou deve fazer o quê, delimitando as competências de cada um. Os protocolos assistenciais resultam de acordos baseados em critérios científicos, experiências exitosas e na legislação em vigor. Estes, apesar de representarem uma norma geral, têm flexibilidade para se adaptarem às situações locais e às possibilidades das equipes”. Para Rosemiro, “protocolar ou não a ação dos profissionais de saúde, no caso específico, o enfermeiro, é sempre uma questão que levanta muitas discussões. O estabelecimento de protocolos assistenciais tem sido uma solução encontrada por países que têm uma atenção primária mais avançada, como por exemplo, a Inglaterra e a Espanha. Essa ação tem favorecido a que os enfermeiros, nesses países, tenham a sua competência técnica, ética e legal reconhecida, podendo assim, trabalharem com mais tranqüilidade”. Evellin chama a atenção para o cuidado que devemos ter no uso dos protocolos assistenciais, pois estes, sem a devida atenção, “podem compartimentalizar ainda mais a ação. Se os utilizamos de forma mecânica, estes podem se transformar em mais um instrumento que nos impeça de ver o outro, no caso o usuário, na sua singularidade, em suas demandas mais subjetivas”. Questão VII – A ação realizada pelos enfermeiros, tomando como base os protocolos assistenciais, é de prescrição ou de transcrição? Para Nazaré as ações desenvolvidas pelos enfermeiros não podem ser chamadas de transcrição e sim de prescrição. Mesmo que esta ação tenha sido fundamentada num acordo internacional, nacional ou local, ela requer uma decisão técnica, política e ética. Esta é uma ação que tem muitas implicações – “Então é uma prescrição sim! Temos que desmistificar isso!” Rosemiro coloca que o termo transcrição não existe para a vigilância sanitária. O que esta “reconhece é o termo prescrição, este é o termo que é regulamentado por esse órgão. Antes da lei do exercício profissional da enfermagem, existiam alguns prescritores que eram: o médico, o dentista, o médico veterinário e o agrônomo. A Lei do Exercício Profissional da Enfermagem regulamentou esta prática no trabalho do enfermeiro”. Considerações finais Para finalizar, queremos chamar a atenção, que pelo que foi discutido, a luta não deve se centrar na disputa corporativa por fatias no mercado de trabalho. Ao ser colocada em discussão a necessidade do compartilhamento do poder prescricional por outros profissionais, entre eles o enfermeiro, o que está em jogo é o aumento do acesso aos serviços de saúde e a resolutividade das ações. Esta é uma discussão que tem assento na defesa e empenho na consolidação do SUS, onde qualquer profissional que exerça esse poder deve fazê-lo com competência, responsabilidade e vínculo. O enfrentamento dos problemas de saúde e a melhoria da qualidade de vida da população brasileira requerem o trabalho das equipes multiprofissionais e, é nesse espaço, fundamentado no principio da integralidade das práticas de saúde, que se concebe a discussão sobre quem deve fazer o que e o estabelecimento dos acordos de trabalho. Devido ao grande interesse despertado pelo tema e a complexidade e diversidade das questões levantadas, sugerimos à ABEn a criação de espaços para continuidade da discussão aqui iniciada. Notas 1 Médico, professor do curso de medicina da UFSCar 2 Enfermeiro, diretor de Assuntos Profissionais - ABEn Nacional 3 Enfermeira, professora do curso de enfermagem da UFRN 4 Enfermeira, professora do curso de enfermagem da USP 5 Estudante de Enfermagem-UFBA 6 Represente da Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem 7 COLLIÈRE, Marie-Françoise. Cuidar... A primeira arte da vida. Lisboa: Lusociência, 2003. Norma Carapiá Fagundes Enfermeira, doutora em educação, professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia Foto: Acervo ABEn RN CARTA DE NATAL Solenidade de abertura do I Seminário Nacional de Diretrizes de Enfermagem na Atenção Básica em Saúde O Seminário de Atenção Básica em Saúde – I SENABS, realizado nos dias 11, 12 e 13 de outubro de 2007, em Natal-RN, centrou as suas discussões na interrogação da Integralidade nas ações de saúde como espaço de construção da enfermagem? Durante os três dias diversos temas foram abordados visando a contribuir para o avanço na organização política da atenção básica em saúde, destacando o papel do enfermeiro enquanto sujeito de uma equipe multiprofissional, enfocando as responsabilidades: técnicas, políticas, éticas, sociais e sanitárias. Partindo da conferência de abertura a integralidade se expressa pela recusa de reduzir o sujeito à doença ou à lesão que a caracteriza, o que exige a busca de compreender o sofrimento manifesto ou potencial, e as nossas ofertas terapêuticas no contexto de vida do sujeito que sofre, seja este contexto apreendido em sua dimensão social, seja em sua dimensão singularizada. Os temas seguintes trouxeram as múltiplas faces da integralidade: no âmbito da política de atenção básica; na avaliação da qualidade dos serviços; na construção de redes em um sistema pactuado em defesa da saúde e da vida; no território como norteador da organização da gestão do cuidado; no controle social; bem como os cenários e desafios da formação, da educação permanente e do estabelecimento e regulação de competências no trabalho coletivo em saúde. Amparados nos indicadores atuais, na legislação e no projeto de expansão das políticas governamentais para a saúde, os discursos oficiais mostraram a fotografia da realidade da atenção básica em saúde, em uma perspectiva otimista e proativa. No âmbito dos profissionais da saúde, as falas contemplaram a perspectiva mais crítica dos cenários, tendências e desafios vivenciados e a serem superados, na construção de uma prática comprometida com a qualidade da atenção em saúde.Tornou-se perceptível a relevância conferida à subjetividade no contexto das relações profissionais dentro da equipe e desta com a população. Desse modo, sentimentos como desejo, comoção, solidariedade e liberdade permearam as falas e as discussões nas diferentes mesas. Assim, no sentido de contribuir para o fortalecimento da atenção básica em saúde, o I SENABS assinala diretrizes voltadas para a prática profissional, a formação e a educação permanente, e para a formulação de novas políticas e re-construção das existentes, descritas a seguir: Na prática profissional: • Os Protocolos do MS e de Secretarias de Saúde de Estados e Municípios devem ser compreendidos como diretrizes e que a implementação destes seja instituída pelos pactos e construções em nível local; • A construção de protocolos assistenciais deve superar as fronteiras do conhecimento e dos saberes específicos na perspectiva da transdisciplinaridade contemplando a articulação da ciência, da arte e das humanidades; considerando o território como espaço de resolutividade, construção e regulação do trabalho; e, reconhecendo os saberes pautados na cultura e na tradição; • Se estabeleçam competências compartilhadas nas atribuições referentes aos diversos sistemas de registros e divulgação das informações; • Haja maior compromisso dos gestores com o processo de trabalho, a equipe e comunidade; Na formação e Educação Permanente é preciso: • Reafirmar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Enfermagem como o eixo orientador comum para a formação geral e específica da profissão.A partir dela é que se constroem os mecanismos de inovação em direção a uma formação geral, humanista e orientada pela integralidade; • Promover discussões acerca da atual política de expansão das universidades (REUNI) e suas implicações na implementação e fortalecimento das DCNs; • Assegurar espaços de participação nas novas configurações estabelecidas pela Política de Educação Permanente, principalmente, em nível local; • Dar maior visibilidade ao conjunto de avanços decorrentes das experiências inovadoras acumuladas historicamente pela enfermagem brasileira frente às ações da atenção básica, principalmente as recomendadas pela CIPESC; • Trabalhar na construção de medidas para aferição da qualidade do egresso dos cursos de enfermagem, no Brasil; Na formulação e reconstrução de Políticas se reafirma: • A necessidade de consolidar e qualificar o pacto pela saúde, principalmente nos eixos que incluem as formas diferenciadas de financiamento, as estâncias descentralizadas de poder e decisão, restabelecendo a coerência entre a situação de saúde e o modelo de atenção, produzindo o debate entre gestores e servidores da saúde; • A luta pela garantia dos direitos trabalhistas e melhores salários; • A necessidade de se criar ou implementar mecanismos de monitoramento e avaliação dos serviços, apoiando novas formas de organização e consolidando a estratégia de saúde da família; • A efetivação do plano de carreiras cargos e salários do SUS que está em tramitação no CMS. • A necessidade de mecanismos da gestão democrática e participativa. A ABEn deve continuar investindo nesta agenda política do I SENABS de forma a qualificar a capacidade propositiva da Enfermagem Brasileira na formulação de políticas públicas para a Atenção Básica em Saúde e no acompanhamento crítico e avaliação de sua implementação; visando ganhar espaço político e se tornar referência nesta matéria junto à população, aos profissionais de saúde, gestores, à mídia e ao MS. Reconhecemos que muito falta a ser feito. Os profissionais da saúde vivenciam dificuldades estruturais e conjunturais que contribuem para a reprodução de situações injustas em suas práticas. Mas, frente a todos os desafios reafirmamos nossa crença na força da organização coletiva como capaz de promover a reconstrução rumo a patamares históricos que contemplem a dignidade e a valorização dos trabalhadores e daqueles que por eles são cuidados. Seminário de Atenção Básica em Saúde (SENABS) ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 15 A enfermagem e sua atuação na Atenção Básica em Saúde Discurso proferido na abertura do I SENABS, em Natal/RN ntre os múltiplos aspectos do período por nós vivido, é preciso reconhecer as relações entre as condições de realização histórica e a revolução científica. A revolução que vivemos atribui às ciências humanas e da saúde um lugar privilegiado no conjunto dos conhecimentos. Num mundo assim reestruturado, um papel particular é reservado às ciências da saúde - uma ciência da vida de homens e mulheres – e devemos interrogar-nos sobre os problemas que, nessa ótica, se abrem à sua realização. Não sem razão K. Polanyi falou de uma “Grande Transformação” para saudar as profundas mudanças impostas à nossa civilização desde o início do século passado. Que dizer, então, da verdadeira subversão que o mundo conheceu a partir do final da Segunda Guerra Mundial, quando, por intermédio da globalização, uma fase inteiramente nova da história humana teve início? Decerto, o que estamos vivendo agora foi longamente preparado, e o processo de internacionalização não data de hoje. O projeto de mundialização das relações 16 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 econômicas, culturais, sociais e políticas começou com a extensão das fronteiras do comércio no princípio do século XVI e avança por saltos através de séculos de expansão capitalista.Vivemos num mundo em que a lei do valor mundializado comanda a produção total, por meio das produções e das tecnologias.1 É possível discordar quanto à denominação e às características do atual período histórico. Nós o vivemos, e nada é mais difícil que definir o presente. Porém já sabemos que nossa época implicou uma revolução global não totalmente acabada, mas cujos efeitos são perceptíveis em todos os aspectos da vida. Estaríamos no período do capitalismo tecnológico ou da sociedade tecnológica. Esta “transformação total dos fundamentos da vida humana” teria sido impossível de outra forma.Trata-se agora de uma verdadeira interdependência entre a ciência e a técnica, contrariamente ao que acontecia outrora. A tecnologia daí resultante é utilizada em escala mundial, e nada mais conta a não ser uma busca desenfreada do lucro, onde quer que as condições o permitam. Este é um dado fundamental da situação atual. O fato de a tecnologia ter se tornado um elemento exógeno, longe das possibilidades de consumo para grande parte da humanidade, o que acarreta conseqüências de enorme alcance, já que sua utilização universal, quase sempre sem relação com os recursos naturais e humanos locais, é causa de graves distorções. Desse modo, a mundialização que se vê é perversa. Concentração e centralização da economia e do poder político, cultura de massa, cientificização da burocracia, centralização agravada das decisões e da informação, tudo isso forma a base de um acirramento das desigualdades entre países e entre classes sociais, assim como da opressão e desintegração do indivíduo. As ciências da saúde não são exceções nesse contexto. O mesmo movimento também as deformou e descaracterizou. Nunca é demais insistir no risco representado por uma ciência da saúde monodisciplinar, desinteressada das relações globais entre os diferentes vetores de que a sociedade é constituída como um todo. Incapazes de apreender a separação entre princípios e normas e por isso mesmo empobrecida, não surpreende constatar as múltiplas formas de sua submissão a interesses quase sempre inglórios do mundo da produção. Elas se põem, por vezes sem julgamento crítico, a serviço da publicidade, de toda sorte de engenharia social e de produção, sob encomenda das ideologias, reduzindo assim gradualmente suas possibilidades de atenção à saúde da população. Assim, reduzindo seu alcance e fragmentando seu campo de ação, as ciências da saúde se internacionalizam, tornando-se incapazes de uma visão crítica. Os excessos de especialização e a perda de ambição de integralidade são dois aspectos de uma mesma questão e permitem a utilização perversa das ciências da saúde. Embora assinalada por atividades quase sempre desviadas para preocupações imediatistas e consumistas, a atualidade encerra igualmente o germe de uma mudança de tendência. Se, por um lado, a ciência se torna uma força produtiva de lucro, observa-se, por outro, um aumento da importância de homens e mulheres – isto é, aumenta a valorização de seu saber – no processo produtivo. Esse saber permite um conhecimento mais amplo e aprofundado do Planeta, constituindo uma verdadeira redescoberta do mundo e das enormes possibilidades que ele contém, visto ser revalorizada a própria atividade humana. Só falta colocar esses imensos recursos a serviço da humanidade. Trata-se de uma tarefa de longo fôlego, mas não impossível que supõe a existência de uma ciência autônoma. As novas realidades são ao mesmo tempo causa e conseqüência de uma multiplicação de possibilidades, não se trata aqui de adaptação do passado, mas de subversão das concepções fundamentais, das formas de abordagem, dos temas de análise. È este o espírito da ABEn ao propor a discussão de Diretrizes Nacionais para a Atenção Básica. Enquanto campo de ação político-social construído ao longo de seus 80 anos por diversos protagonistas individuais e coletivos, com seus ideais, sonhos, otimismo, interesses e projetos. Nessa trajetória, a ABEn realizou vários movimentos para assegurar uma ação propositiva no cenário da formulação de políticas públicas para a enfermagem, saúde e educação. Tais movimentos, em conjunto com outras forças, buscam ultrapassar o pensamento científico, fragmentado e positivista, bem como, sintonizar com a construção do pensamento complexo que no campo da saúde se expressa na atenção integral à saúde. Nesse movimento, é necessário registrar, a ABEn participou dos projetos de implantação e reformulação da Atenção Básica à Saúde, cuja prática é orientada pela prevenção e promoção da saúde, e cuja expansão ocorreu ao longo de todo o século XX. Pode-se dizer que seu início se deu nos anos 40, quando da criação do Serviço Especial de Saúde Pública; avançando nos anos 60, nas Secretarias Estaduais de Saúde, com as ações voltadas par a saúde da mulher e da criança. Continua, nos anos 70, com os programas de extensão da cobertura e nos anos 80, com o movimento de implantação dos Distritos sanitários, organizados na lógica da territorialização e, finalmente, nos anos 90 chega-se ao processo de implantação dos PACS e PSF. Fechando esta breve síntese, é importante repetir que os programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família constituem estratégias que visam contribuir na reorganização do modelo assistencial, partindo da atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS: universalização do acesso, descentralização das ações, integralidade da assistência e controle social. A consolidação de tais políticas depende, diretrizes de enfermagem de atenção básica ainda, de decisões políticas no que se refere à em saúde, foco das atividades deste Seminário. desprecarização dos processos de trabalho, A ABEn entende que a enfermagem tem conda inserção de outros profissionais de saúde tribuído neste processo com sua participação na equipe básica de forma a ampliar o poten- nas práticas de intervenção, na gestão, na cial resolutivo das ações desenvolvidas; da atenção, no controle social e no ensino, reafirqualificação para o trabalho das equipes envol- mando seu compromisso com o Pacto pela vidas e da formação de profissionais voltada saúde. para uma inserção na rede de atenção básica. A partir do entendimento de que é urgenMas é inegável sua contribuição para recons- te analisar e sistematizar coletivamente o papel trução do modelo de atenção. da enfermagem neste processo, definindo É indispensável, também, desenvolver diretrizes, promovendo o intercâmbio das ações de expansão da cobertura, de inversão experiências nesta área, no sentido de avançar do financiamento, ampliar as ações de inte- na qualidade da atenção à saúde da população, gração e articulação de esforços e definição é o nosso maior desafio neste encontro. de atribuições e responsabilidades nos três A ABEn reconhece a Estratégia de Saúde níveis de governo, pactuando princípios, dire- da Família – ESF – como uma ação fundatrizes e decisões operacionais; implementar mental para a reorganização da atenção básica um Plano de carreiras, cargos e salários para em saúde e como política em expansão no cada categoria profissional do SUS (reivindi- território nacional. Os números indicam o cação histórica dos trabalhadores da saúde), crescimento da adesão dos municípios à imrepresentando avanços no sentido de regular plantação da estratégia. Em pesquisa realizada as relações de trabalho e estabelecer uma pos- pelo Ministério da Saúde (2005), verifica-se sibilidade concreta de organizar a carreira, que o número de municípios com o programa valorizando os trabalhadores. implantado cresceu 411% de 1998 para A enfermagem tem buscado formas de 2004, representando, hoje, cerca de 84% dos contribuir, nos diferentes espaços de atuação municípios brasileiros. O mesmo estudo indidos trabalhadores, para o efetivo cumprimen- ca que cerca de 86 milhões de brasileiros são to desta agenda política. Suas intervenções vão atendidos pelos profissionais de saúde da família, desde a ação direta com os indivíduos, famílias com uma cobertura de 46,19% da população. e comunidades, passando pela responsabiO processo de atenção desenvolvido lidade decisória na gestão dos sistemas envolve aproximadamente 27 mil equipes de municipais de saúde, pela gerência das unidades básicas, pela organização das ações programáticas, até a ABEn participou dos projetos de docência, com compromisso ético e social de formar profissionais implantação e reformulação da Atenção Básica capazes de responder aos desafios do SUS, chegando à pesquisa como à Saúde, cuja prática é orientada pela prevenção forma de apontar resultados que contribuam para a consolidação da e promoção da saúde, e cuja expansão ocorreu atenção básica, alicerçada pela esao longo de todo o século XX tratégia Saúde da Família, no Brasil. Outro campo importante na direção da saúde que se quer é a consolidação da saúde da família, onde atuam, aproximadaResidência multiprofissional em Saúde, movi- mente 222 mil agentes comunitários de saúde, mento que busca avançar há mais de trinta anos. cerca de 30 mil enfermeiros e 60 mil auxiliaNo momento atual, este movimento tem um res ou técnicos de enfermagem. No entanto, potencial de agregação e mobilização de movi- o crescimento apontado pelo estudo não gamentos sociais e institucionais que tem envolvi- rante a reversão do modelo de atenção, ela do diversos atores: conselheiros de saúde, resi- depende da superação de alguns obstáculos dentes, estudantes de graduação, coordenado- relacionados aos espaços da macro e micro res e preceptores, docentes, pesquisadores e política setorial, exigindo inversão de priorigestores, colocando-se no campo de lutas na dades de financiamento, da média e alta comdefesa da formação e especialização dos pro- plexidade para a ABS, mudanças nos modos fissionais voltadas para a lógica do SUS. de produção de serviços e no modo de proOs desafios aqui destacados nos mobili- dução de cuidado à saúde. zam na direção de uma reflexão sobre as Neste cenário, trabalho da enfermagem A ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 17 faz fronteira com os campos de outros profissionais de saúde o que lhe confere um papel catalizador na produção do trabalho multiprofissional, possibilitando uma maior criatividade e autonomia no desenvolvimento das suas competências e por outro lado ampliando o nível de demandas e responsabilidade dos profissionais de enfermagem. Assim, a pauta colocada em discussão precisa assinalar a emergência de uma outra globalização, contra hegemônica, alternativa, organizada inversamente da base para o topo e constituída por redes e alianças que ultrapassam fronteiras para lutar contra os efeitos da globalização neoliberal e em defesa da emancipação social. Nossa reflexão, neste seminário, pressupõe o desencadeamento de “ações rebeldes” interligadas e de resistência às diferentes formas de poder social hegemônico. Entendendo que tais ações podem ser realizadas através da participação coletiva, dos sistemas alternativos de produção, do multiculturalismo emancipatório, da biodiversidade, da justiça e da cidadania.2 Pensar em práticas emancipatórias, implica em desenvolver conhecimentos e experiências que se destacam como formas de enfrentamento das práticas conservadoras, ou seja, como possibilidade de superar o modelo atual. Para tratar da emancipação é indispensável abordar as relações de poder, incluindo as relações interprofissionais nas equipes de saúde e de enfermagem, as relações com os usuários do Sistema de saúde, tanto nos espaços de ensino quanto nos de 18 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 trabalho. Por isso entendemos que o campo práticas. Somos alvos de preconceitos e da da saúde não é privativo de nenhum núcleo perversidade do trabalho precário. Ainda teprofissional, na medida em que cuidar de mos muitos problemas e desafios que se interpessoas se constitui em espaços de escuta, de põem entre o hoje e o horizonte que traçamos acolhimento, de diálogo, de relação ética entre para o futuro da enfermagem brasileira. os atores implicados na produção do cuidado. Assim, enABEn reconhece a Estratégia de Saúde da tende-se que o trabalho em saúde é, Família como uma ação fundamental para a por natureza, um projeto e um con- reorganização da atenção básica em saúde e trato coletivo. A ABEn, como como política em expansão no território parte da organizanacional ção civil da enfermagem brasileira, tem compromisso com a conquista de Mas, frente a todos os desafios, queremos mudanças que ultrapassem arranjos conser- reafirmar a nossa crença na força da organizavadores e que incluam a organização e a ção coletiva como a única força capaz de implementação de processos estruturantes da promover a reconstrução rumo ao patamar consolidação de práticas de saúde emanci- histórico que contemple a dignidade e a patórias. Nesse sentido, ao longo de seus mais valorização dos trabalhadores da Atenção de 80 anos de história, ela incorpora à sua Básica em Saúde. Finalizamos, comungando com Mahataextensa agenda o compromisso com o desenvolvimento técnico-científico, humano ma Gandhi, quando afirma, sabiamente, “Nós e político da enfermagem na produção de temos que ser a mudança que queremos serviços de saúde. Para tanto, propõe e ver no mundo”!! organiza mais um evento nacional para avaliar a participação da enfermagem na Atenção Notas Básica de Saúde (ABS) e contribuir com a 1 SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço formulação de políticas para este nível de habitado, fundamentos teóricos e metodológicos da geografia. São Paulo: atenção que se somam aos movimentos de Hucitec, 1988. articulação que temos desenvolvido nos 2 SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da espaços de luta pela construção dos razão indolente, contra o desperdício da protocolos assistenciais, pela definição do experiência. São Paulo: Cortez, 2000. modelo de gestão e do Pacto pela Saúde, pela participação na Mesa de negociação de Recursos Humanos na ABS, pelo plano de Cargos e carreiras na saúde (PCCS), ações estas que estão pautadas na convicção de que a Estratégia Saúde da Família constitui-se em um potencial para a estruturação e reorganização dos serviços rumo a integralidade e a melhoria da qualidade dos serviços prestados. Quando Caetano Veloso reuniu poesia e filosofia na pergunta “Existir a que será que se destina?” oportunizou nosso exercício de ousadia rumo ao futuro. Compreendendo que a história é complexa, dinâmica, caracterizada por ser transversal entre passado, presente e futuro da enfermagem, pois “a história não só nos diz o que somos hoje, mas também o que estamos deixando de ser” (Deleuze). Jussara Gue Martini Falta muito a ser feito. Os profissionais da Segunda tesoureira da ABEn Nacional saúde vivenciam dificuldades estruturais e conjunturais que contribuem para a Ivete Santos Barreto reprodução de situações injustas em nossas Vice-Presidente da ABEn Nacional A A enfermagem na luta pela consolidação do SUS Propostas da ABEn Nacional na 13ª Conferência Nacional de Saúde, 14 a 18 de novembro de 2007, em Brasília/DF Associação Brasileira de Enfermagem-ABEn, buscando contribuir com os debates e discussões da 13ª Conferência Nacional de Saúde-XIII CNS, desde suas fases preparatórias nos Municípios e Estados da Federação, no que concerne ao desenvolvimento da Enfermagem Brasileira e do Sistema Único de Saúde-SUS, vem propor: 1. Garantir a jornada de trabalho máxima de 30 horas semanais para os trabalhadores de enfermagem, sem prejuízo do atendimento à população, levando em consideração a carga horária estabelecida pelo Ministério da Saúde para a Estratégia Saúde da Família. 2. Ampliar o número de equipes da Estratégia Saúde da Família e redução do número de famílias por equipe. 3. Universalização da Residência em Saúde da Família, com financiamento público. 4. Garantir a isonomia no pagamento dos incentivos da Estratégia Saúde da Família. 5. Que o Ministério da Saúde e Estados cobrem dos Municípios condições mínimas necessárias para o desenvolvimento do trabalho na Estratégia Saúde da Família, tais como estrutura física, equipamentos, insumos, transporte seguro, além do PCCS-SUS. 6. Reestruturação e regulamentação dos protocolos e programas de Saúde Pública do Ministério da Saúde. 7. Fomentar a implantação e implementação do Sistema de Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva-CIPESC na rede básica de saúde, como uma das formas de aumentar a produtividade da Enfermagem e ampliar o acesso e a qualidade das ações e serviços de saúde. 8. Democratizar a Política Nacional de Educação Permanente do SUS para os diferentes atores do ensino, da atenção, do controle social e da gestão. 9. Ampliar o número de profissionais da saúde contratados via concurso público e implantar o Plano de Cargos, Carreiras e Salários do SUS-PCCS-SUS. 10. Que o Ministério da Saúde e Estados assumam o real papel regulador do SUS e redefina as formas de financiamento, com o conseqüente incremento da descentralização. E que inclua a regulação profissional repensada com vistas nos resultados do trabalho coletivo da saúde e para além do exclusivo controle de cada uma das corporações 11. Investir na implementação do Programa HUMANIZASUS. 12. Que o Ministério da Saúde, Estados e Municípios invistam na qualidade de vida no trabalho dos trabalhadores de saúde nos diferentes níveis de atenção. 13. Apoio institucional a reforma do ensino na Enfermagem. 14. Fomento à pesquisa em saúde e em enfermagem. 15. Que o processo dos cursos de graduação em enfermagem sejam melhor regulamentados, com critérios mais rígidos. Regulamentação pelos Ministérios da Educação e da Saúde das especializações e residências de enfermagem. Associação Brasileira de Enfermagem ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 19 EC 29: Qual regulamentação? No dia 31 de outubro de 2007 a Câmara dos Deputados finalmente aprovou o Projeto de Lei Complementar 01/ 2003, proposto pelo então deputado Roberto Gouveia, regulamentando a Emenda Constitucional 29/2000. Trata-se de uma vitória inegável para o Sistema Único de Saúde em diversos aspectos. Alguns deles são: • A definição clara de que os recursos da saúde sejam aplicados apenas em ações e serviços públicos de acesso universal, igualitário e gratuito; • A proibição de que os recursos da saúde sejam destinados ao pagamento de servidores inativos, serviços de clientela fechada, programas de alimentação e de saneamento (exceto alguns casos específicos); • Mecanismos de fiscalização e transparência das contas públicas da saúde, inclusive fortalecendo os Conselhos de Saúde; • A disposição de que a infração a essas normas configura ato de improbidade administrativa, sujeito a punição para o gestor. No entanto, a versão aprovada não vincula a despesa mínima federal a 10% da Receita Corrente Bruta, como constava no projeto desde agosto/2004 (substitutivo da Comissão de Seguridade Social e Família). Pelo contrário: foi aprovada a contra-proposta do governo federal, que mantém o cálculo pela variação nominal do PIB e apenas acrescenta uma “fatia” adicional da CPMF, em caráter excepcional durante os próximos quatro anos, sem garantia de incorporação ao orçamento a partir de 2012. Os recursos adicionais da CPMF correspondem a cerca de R$ 24 bilhões entre 2008 e 2011. A magnitude do número engana: é muito menos do que o SUS precisa! Comparando a versão aprovada com a proposta de 10% da Receita Corrente Bruta, constata-se uma diferença de R$ 81 bilhões a menos ao longo dos mesmos quatro anos (segundo estudos de Gilson Carvalho). Como o projeto teve origem na Câmara dos Deputados, agora ele seguiu para o Senado, onde ainda pode ser alterado – para melhor ou para pior. O que vai ocorrer lá depende da pressão política que os defensores do SUS deverão fazer a partir de agora. Não será uma disputa fácil, mas é absolutamente necessária! Nesse sentido, consideramos fundamental que a 13ª Conferência Nacional de Saúde reafirme o 20 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 posicionamento político claro do Controle Social em defesa de um piso financeiro adequado e definitivo para o SUS. Assim, precisamos nos dirigir aos senadores para que seja resgatado o texto que fixa 10% da Receita Corrente Bruta como recurso mínimo a ser destinado à saúde pelo governo federal e para que seja imediatamente aprovado o PLP 01/2003 (agora denominado PLC 89/2007). Este papel precisa ser assumido não apenas pelos órgãos de controle social aqui presentes, mas também por todos os movimentos sociais e todas as entidades que defendem a saúde! Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME, Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn, Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – ABENFISIO, Associação Brasileira de Pós- Graduação em Saúde Coletiva – ABRASCO, Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – ABRATO, Associação de Diabetes Juvenil – ADJ, Associação Nacional de Pós-Graduandos – ANPG, Associação Nacional do Ministério Público de Defesa da Saúde – AMPASA, Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES, Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas – COBAP, Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS/CUT, Conselho Federal de Biologia – CFBio, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO, Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFa, Conselho Federal de Odontologia – CFO, Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – CONASEMS, Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina – DENEM, Executiva Nacional dos Estudantes de Fisioterapia – ENEFi, Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil – FARBRA, Federação Interestadual dos Odontologistas – FIO, Federação Nacional das Associações de Portadores de Hipertensão Arterial – FENAPHA, Federação Nacional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – FENAFITO, Federação Nacional dos Assistentes Sociais – FENAS, Federação Nacional dos Farmacêuticos – FENAFAR, Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI, Fórum contra as Reformas Neoliberais na Saúde Pública, Fórum Nacional de Residentes Multiprofissional em Saúde – FNRMS, Fórum Social Mundial da Saúde – FSMS, Fórum Sul da Saúde, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC, Liga Brasileira de Lésbicas – LBL, Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – MORHAN, Movimento Nacional de Luta Contra a Aids, Movimento Popular de Saúde – MOPS, Pastoral da Criança, Rede Nacional de Ensino de Terapia Ocupacional – RENETO, Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Rede Unida, União Nacional dos Estudantes – UNE Carta aberta do FENTAS O Fórum das Entidades Nacionais dosTrabalhadores da área da Saúde, composto por cerca de 35 entidades representativas de trabalhadores de Saúde, nas suas diversas formas de organização (Associações, Confederações, Conselhos e Federações) presente à 13ª Conferência Nacional de Saúde, posiciona-se, publicamente, sobre os temas que considera de extrema relevância e que serão objeto de discussão nas Plenárias Temáticas e Final. 1. As Entidades manifestam-se contrárias à criação de Fundações Estatais na área da Saúde, por entenderem que fere frontalmente os princípios do SUS e do Controle Social, aprofundando distorções que hoje existem e pondo em risco o acesso e a qualidade dos serviços aos usuários. Portanto, reafirma a posição contrária do plenário do Conselho Nacional de Saúde. 2. As Entidades manifestam que a aprovação da Emenda Constitucional nº. 29/2000 (EC 29), nos termos submetidos ao Congresso Nacional, significa um avanço do financiamento do SUS na forma de aumento dos recursos destinados pelo Governo Federal, no estabelecimento de regras para a obediência dos Estados ao piso Constitucional, na definição do que pode ou não ser reconhecido como efetiva ação de saúde e um rigoroso processo de fiscalização do cumprimento da legislação com participação dos Conselhos de Saúde. É uma vitória da mobilização do movimento social em defesa do SUS, que deve, no entanto, continuar fortalecendo a organização em defesa da proposta original de vinculação ao piso Constitucional do Governo Federal em 10% das receitas, bem como priorizar, na execução orçamentária, a prevenção de doenças, a promoção da saúde, a gestão do trabalho na perspectiva de construção da carreira de saúde e do Plano de Carreira de Cargos e Salários (PCCS) do SUS, bem como a reestruturação e fortalecimento da rede pública estatal. 3. As Entidades manifestam preocupação com o processo de aprovação do PAC pelo Congresso Nacional e sua posterior implementação pelo Governo. Esclarece que está ao lado de um plano de aceleração do crescimento que combine a equação desenvolvimento econômico/redução das desigualdades sociais/e respeito ao meio ambiente. Nesse sentido, defende que o Congresso Nacional aprove metas para redução progressiva do aquecimento global por parte do Brasil, que é signatário do Protocolo de Kioto.Alerta às autoridades para que o processo de implementação do PAC seja acompanhado de medidas governamentais que diminuam as iniqüidades sociais e o impacto nas condições de vida e de saúde da população brasileira. Neste sentido, reafirma a necessidade de que haja participação do Controle Social na formulação e aprovação do PAC da Saúde. 4. As Entidades manifestam-se favoráveis à criação de Núcleos de Atenção Integral à Saúde da Família como forma de ampliar a cobertura e a resolubilidade da Atenção Básica. Defendemos a sua implantação em todas as unidades da Federação, com a garantia de uma equipe multidisciplinar que atenda às necessidades locorregionais e respeite a Resolução nº. 287/1998 do Conselho Nacional de Saúde, que relaciona as profissões da área da Saúde. Defendemos ainda que a sua implantação somente ocorra após análise e aprovação pelos Conselhos Municipais de Saúde. As entidades manifestam-se veementemente em defesa dos princípios e diretrizes do SUS, pela garantia do direito à saúde e qualidade de vida da população, e pelo fortalecimento do Controle Social. Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da área da Saúde ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 21 Participação do FNEPAS na 13ª Conferência Nacional de Saúde - novembro 2007 Entre os dias 14 e 18 de novembro, um dos eventos mais importantes para consolidar uma das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), a participação social, aconteceu 13a Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, com a presença estimada de quase 4.000 pessoas, entre delegados definidos nas conferências estaduais que precedem a nacional, representantes do Ministério da Saúde, secretários de estados, usuários e convidados. Neste espaço de encontro de brasileiros interessadas na consolidação do projeto democrático SUS houve entre tantas outras representações de entidades, o estande do Fórum Nacional de Educação das Profissões da Área de Saúde (FNEPAS). As entidades que compõem este Fórum e suas parceiras que estiveram presentes identificando, tecendo caminhos e informando das suas atividades, distribuindo folders informativos e exemplares de seus periódicos, livros e jornais foram: a Associação Brasileira de Ensino em Psicologia (ABEP), a Associação Brasileira de Educação em Enfermagem (ABEn), a Associação Brasileira de Educação em Odontologia (ABENO), a Rede Unida e a Associaçao de Educaçao Médica (ABEM). Além do apoio de outras entidades, por exemplo, o Conselho Federal de Psicologia. Os representantes das entidades Mônica Lima (ABEP),Tatiana Saldanha (ABEP), Nilce Tomita (ABENO), Francisca Valda (ABEn) e Luciana Pereira (Rede Unida) – inclusive, as duas últimas relatoras da 13ª CNS, buscaram neste momento oferecer informações sobre a realização das Oficinas Multiprofissionais, que já acontecerão este ano e aquelas previstas para o ano de 2008. Os integrantes do FNEPAS ressaltaram a satisfaçãol pelo interesse dos participantes da 13ª CNS pelo estande do FNEPAS e a oportunidade de poder conversar com os usuários, profissionais e gestores sobre os objetivos do FNEPAS através de tais Oficinas, a saber: contribuir para o processo de mudança na graduação das profissões da área de saúde, tendo como eixo a integralidade da formação e da atenção à saúde, em consonância aos princípios e diretrizes do SUS. No entanto, os integrantes do Fórum ressaltam que muitos ainda não conhecem o FNEPAS, apesar de ficarem entusiasmados com a descoberta. Este é um dos principais desafios do Fórum para manter a pauta permanente das questões político-acadêmicas para a implementação de mudanças efetivas no processo de formação de profissionais de saúde, para além dos objetivos específicos e particularidades de qualquer profissão de saúde. (Fonte: Secretaria do FNEPAS) Proposta de criação de fundação pública de direito privado na saúde foi rejeitada Em todas as dez plenárias temáticas da 13ª Confe- rência Nacional de Saúde a proposta de criação de fundação pública de direito privado na saúde, encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional, foi rejeitada. Apesar de não falar em retirada de pauta do projeto, que também afeta órgãos ligados à cultura, ao esporte e ao turismo, o Executivo já indica uma ampliação do debate em torno de pontos de discórdia. A rejeição da proposta na conferência foi motivada pela “predisposição” do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em não fazer o debate necessário em torno da questão. No CNS, porém, o sentimento é de vitória e de resposta a críticas sofridas. “Disseram que o conselho estava tomando uma posição precipitada, sem sustentação política, mas sabíamos que não era assim”, disse o presidente do CNS, Francisco Batista Júnior. “Mais de 90% dos delegados foram contrários ao projeto e hoje estamos mais fortes para liderar, em todas as regiões, esse debate estratégico na vida do SUS.”. 22 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Para Francisco, apesar das negativas do governo, as fundações estatais indicam a privatização da saúde, por supostamente permitirem o atendimento de interesses de grupos organizados. “O projeto deixa muito claro que a indicação dos diretores das fundações será feita por grupos políticos”, acredita. “Defendemos a profissionalização da gestão com base nos funcionários do SUS.” O CNS também anunciou novos debates sobre a gestão dos serviços na saúde. Em dezembro, o órgão pretende realizar um grande seminário com representantes da saúde de todas as unidades da federação, das diferentes esferas do governo e dos Poderes Legislativo, Judiciário e do Ministério Público. “Esse pode ser um ponto de partida para um novo projeto que atenda às nossas reais necessidades”, destaca Batista Júnior. (Fonte: Agência Brasil) Ler mais sobre o assunto no site do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude.gov.br). Conferência rejeita descriminalização do aborto O s delegados com direito a voto na 13ª Conferência Nacional de Saúde decidiram excluir do relatório final do encontro a recomendação da proposta de descriminalização do aborto. Por ampla maioria, os delegados votaram pela supressão da proposta da política pública sobre o aborto. Cerca de 100 dos 1.627 delegados que participam da plenária final da conferência votaram a favor do texto, mas foram vaiados. A sessão foi marcada pela confusão em torno da redação final da proposta, que excluiu a palavra aborto. O texto trazia a seguinte citação: “Assegurar os direitos sexuais e reprodutivos, respeitar a autonomia das mulheres sobre seu corpo, reconhe-cendo-o como problema de saúde pública e discutir sua descriminalização por meio de projeto de lei”. Segundo os participantes da conferência, a menção ao aborto estaria na referência sobre o corpo feminino. A redação foi contestada até pelas entidades contrárias ao aborto. O tratamento do aborto como questão de saúde pública, com a descriminalização da prática, tinha sido encaminhado por dez estados. (Fonte: Agência Brasil) A ABEn convida os estudantes e profissionais de enfermagem a participarem deste debate no ano de 2008, na perspectiva da construção coletiva de um posicionamento da nossa Associação sobre o tema. Saúde democrática e jurídica No Estado democrático de direito, espera-se que os ministros de Estado sejam exemplares no respeito aos princípios e normas constitucionais e, além disso, que sejam capazes de enfrentar os problemas afeitos à sua pasta, propondo soluções compatíveis com os conceitos jurídico-administrativos já consagrados ou que, se forem inovadores, não deixem dúvidas quanto à constitucionalidade e ao respeito aos preceitos da legislação vigente. Declarações recentes do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, deixam evidente seu autoritarismo e seu despreparo para acatar decisões democráticas que contrariem seus planos e a forma por ele concebida para executálos. Nem a legitimidade democrática nem a legalidade são parâmetros para suas decisões. Como tem sido amplamente noticiado, o ministro da Saúde tem um projeto de criação de Fundações Estatais de Direito Privado, elaborado segundo o figurino do neoliberalismo. Antes de tudo, é oportuno lembrar que o conceito de fundação, já consagrado, aplicase à vinculação de um fundo rentável à realização de certo objetivo. Em palavras mais simples, alguém é proprietário de bens que podem produzir renda, como ações de empresas, imóveis ou coisa semelhante. Essa pessoa decide doar esses bens para a composição de um fundo, estabelecendo que todos os rendimentos que eles produzirem serão usados para um objetivo determinado. Isso tudo é estabelecido num documento, onde se estabelece, inclusive, quem será o administrador do fundo, sobretudo para cuidar da obtenção do melhor rendimento possível e da aplicação dos resultados no objetivo estabelecido como finalidade do fundo. Aí está, em síntese, o caminho para a criação de uma fundação. É importante assinalar que os objetivos serão buscados com a aplicação dos rendimentos produzidos pelo fundo, não fazendo parte do conceito de fundação a dependência de dotações orçamentárias do poder público. O que se criou entre nós, com grande malícia, foram fundações sem fundos, ou seja, falsas fundações, que assumem tarefas do poder público, para serem executadas com dinheiro público, e são administradas segundo as conveniências dos instituidores da falsa fundação ou de seus gestores. O projeto do ministroTemporão não deixa dúvidas: as fundações receberiam recursos públicos e cumpririam metas governamentais. Como são fundações privadas, poderão contratar com terceiros a execução dos serviços, sem estarem obrigadas a fazer licitação - ou seja, o dinheiro público vai ser usado para contratar serviços com particulares livremente escolhidos pelos administradores das fundações. A par disso, os empregados das fundações serão livremente escolhidos pelos seus dirigentes, sem a necessidade de concurso público, podendo ser demitidos a qualquer momento, como nas empresas privadas. Essa proposta do ministro da Saúde foi rejeitada pela Conferência Nacional de Saúde, instituição de participação popular que surgiu para dar efetividade à disposição dos artigos 1º e 198 da Constituição de 1988, segundo os quais o poder público será exercido pelo povo, diretamente ou através de representantes eleitos, e as ações e serviços de saúde serão efetivados com a participação da comunidade. Em relação à criação das fundações estatais de direito privado, assim como no tocante à descriminalização do aborto, objetos de propostas do ministro rejeitadas pela Conferência, que reuniu mais de cinco mil especialistas da área da saúde, a manifestação de Temporão, anterior à decisão da Conferência mas já prevendo sua derrota, foi incisiva: “Se a Conferência rejeitar a fundação estatal, o projeto será mantido no Congresso Nacional”. O povo, ora o povo... A vontade do ministro da Saúde é a lei, mesmo que isso represente grave dano à saúde da democracia e do direito. Texto originalmente publicado no Jornal do Brasil, em 24 de novembro de 2007. * Dalmo Dallari Professor e jurista ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 23 REPRESENTAÇÃO e ORGANIZAÇÃO daABEn na construção de políticas públicas: assistência, trabalho e regulação profissional A ABEn na Comissão de Monitoramento e Avaliação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal – Ministério da Saúde O Pacto foi o marco na questão da Mortalidade Materna e Neonatal no Brasil. A discussão com várias categorias levou a uma reflexão nunca antes abordada. O coordenador do programa, médico Adson Franca, foi o articulador da união de todos os profissionais de áreas afins, na redução da morbidade e mortalidade materna e neonatal. Os encontros que aconteceram em Brasília, foram marcados de oportunidades de se repensar o tipo de assistência que os profissionais da saúde da mulher e da criança estavam prestando. Discutido separadamente, o assunto Mortalidade Materna e Neonatal no Brasil, só poderia ter avanços com esforços conjuntos, entre representantes do governo, sociedade e profissionais da saúde. A inclusão social da mulher nas políticas de saúde e principalmente a preocupação do Ministério da Saúde com a redução dos elevados índices de morte materna e neonatal serviu de alavanca para que se refletisse sobre a questão que estava afligindo o País e que poderia ser revertida com medidas básicas de prevenção, educação, suporte avançado e de complexidade para atender a demanda. A ABEn Nacional teve papel de destaque. Apresentou sugestões que estavam fora do Pacto, o olhar característico da enfermagem. Como exemplo, citar-se-ia a atenção às mulheres ciganas, grupo que está presente na sociedade de forma esquecida. Outra questão característica marcante da enfermagem nas reuniões: Apresentar a autonomia e competência da enfermeira obstetra e a interação com a parturiente para o empoderamento no parto e nascimento, ajudando a mulher reconhecer o potencial do seu corpo no processo natural da parturição. As reuniões deram respaldo e conhecimento para as decisões que podem ser tomadas com segurança e legalidade. Foi esclarecendo aos demais participantes o papel da enfermagem obstétrica e neonatal na arte do cuidar. A oportunidade foi considerada ímpar para expor a atuação da enfermagem e sua importância no cuidado com a mulher, família e o recém-nascido, na prevenção da mortalidade materna e neonatal. Apresentada para a comissão, a atuação das residências e cursos de especialização de enfermagem, nas áreas materno infantil e o impacto, com a atuação, na redução das cesáreas desnecessárias, sucesso no aleitamento materno precoce, e mudanças dos índices da morbidade neonatal e materna e o reconhecimento da sociedade em relação a esse modelo assistencial humanístico e personalizado. A ABEn colocou-se em favor das mulheres para que a lei 11.108/ 2005 fosse cumprida. Referida Lei deu à mulher o direito de ter no parto e nascimento um acompanhante de sua escolha, e que está sendo pouco aplicada na prática. A Comissão de Monitoramento e Avaliação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal continuam pugnando pela construção de um modelo assistencial, capaz de atender as determinações da OPAS/OMS, para que se possam atingir níveis aceitáveis dos índices de mortes evitáveis. 24 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 O Pacto não está concluído, faz parte de um conjunto de ações sociais e de mudanças, que favoreçam avanços na assistência de qualidade, humanizada, na construção de uma vida melhor para as mulheres e suas famílias. (Gerusa Amaral de Medeiros) Comissão para Acompanhamento das Políticas em DST e Aids do Conselho Nacional de Saúde A Associação Brasileira de Enfermagem, representando o segmento de trabalhadores, indicada pelo Fórum de Entidades Nacionais de Trabalhadores da Área da Saúde – FENTAS, mantém a titularidade com a enfermeira Maria Goretti David Lopes e a suplência com a enfermeira Maria Gorete Lavor no Grupo de Trabalho para Acompanhamento das Políticas em DST e Aids desde a sua criação, conforme Resolução nº. 323, de 08 de maio de 2003. Em 2007, o Conselho Nacional de Saúde aprova em sua 171ª Reunião Ordinária do CNS a transformação do GT em Comissão para Acompanhamento das Políticas em DST e Aids. Com a nova estrutura e funcionamento, o GT deixa de existir e seus integrantes passam imediatamente ao processo de estruturação da referida Comissão, organizando inclusive a importante ampliação do número de integrantes. O objetivo da Comissão é assessorar o Plenário do CNS na articulação e na formulação das políticas de prevenção, assistência e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis, inclusive da Aids. O Plano de Trabalho estabelecido ainda pelo GT e mantido pela Comissão para o período de maio de 2006 a junho de 2007 foi cumprido na totalidade, conforme atividades realizadas: • Elaborado Relatório de Atividades 2005/06. • Acompanhado 5 (cinco) Seminários Estaduais DST/Aids e Controle Social no SUS (Goiás, Amazonas, Paraná, Rio Grande do Sul e Tocantins). • Mantida a articulação com a CNAIDS, COGE e CAMS’s. • Mantida a comunicação com as demais Comissões do CNS sobre pontos comuns de discussão e encaminhamentos em DST/Aids. • Mantido o acompanhamento da política de financiamento em DST/ Aids e das pactuações na Tripartide e de algumas Bipartites; • Realizado o I Seminário Nacional sobre a Capacidade de Produção de Antiretrovirais da Indústria Brasileira. No âmbito da Comissão seguem as discussões das questões sobre o AIDS 4, o Plano de Ações e Metas – PAM 2008, e ainda como dar os encaminhamentos do I Seminário Nacional sobre Capacidade de Produção de Antiretrovirais da Indústria Brasileira, principalmente quanto à sustentabilidade dos insumos para o Programa Nacional de DST e Aids (PNDST/Aids). (Maria Goretti David Lopes) CNS retoma sua participação nos processos de abertura de novos cursos de Medicina, Odontologia e Psicologia atuação da ABEn no processo A questão da avalanche de abertura de novos cursos de graduação na saúde no bojo do processo do crescimento da onda neoliberal da privatização do ensino ganhou musculatura na virada do século e tem preocupado movimentos organizados no controle social no SUS: CIRH/ CNS, conferências de saúde; assim como gestores da saúde e da educação. A educação é um bem de interesse público, porém na sua regulamentação na Constituição Federal de 1988 não foi considerada como ação exclusiva do Estado. É preciso bom senso, a experiência revela que educação não pode ser tratada como moeda de troca para fins de enriquecimento de pessoas e grupos, especialmente, a educação em saúde que prepara profissionais para cuidar da promoção, proteção à saúde; prevenção e tratamento de doenças e da recuperação; neste contexto os profissionais devem estar aptos a lidar e ajudar as pessoas em situações limites de vida e morte em momentos de grande carga de stress. Certamente o ensino atual passa longe da necessidade da população de encontrara nos serviços profissionais com a qualificação devida nos campos: técnico-científico, emocional, político, ético e humano. A situação caótica decorrente da opção da elite governante e de governos brasileiros de deixar para o Mercado a regulação do crescimento de oferta de vagas para cursos superiores, chegou ao limite e clama por uma ação responsável do Estado Brasileiro na regulação dos processos avaliativos para autorização, credenciamento e renovação do credenciamento de cursos. Os grupos privados ganharam tanta força que hoje detém o poder econômico e controlam os espaços de decisão do MEC, o Congresso Nacional e o Sistema Judiciário, determinando os rumos deste processo. É preciso realmente uma retomada por parte do Estado e do Controle social no SUS. O CNS entendeu a sua responsabilidade neste processo e deliberou retomar a emissão de parecer. No entanto de acordo com o Decreto Ponte e a Portaria Nº. 147-2007 – MEC, atualmente o CNS tem participação no processo em caráter consultivo e apenas para a Medicina, Odontologia e Psicologia, porem o CNS já se posicionou a este respeito indicando a necessidade de posicionamento do CNS em caráter terminativo e para todos os cursos da saúde das profissões reconhecidas pelo CNS através da Resolução Nº. 287 de1988 - CNS. O CNS através da CIRH sua Comissão Intersetorial de Recursos Humanos esta com grupo tarefa em estado de vigília para limpar a pauta e emitir proposta de parecer para todos os processos dos processos de abertura dos cursos citados no parágrafo anterior que se encontram encalhados para apreciação pelo pleno do CNS e envio ao MEC. A ABEn participa ativamente deste esforço-tarefa na emissão de parecer no ciclo avaliativo dos referidos cursos que esta comprometido com a melhoria da qualidade do ensino e especialmente das reuniões da CIRH/CNS, na qualidade de membro titular da mesma. A ABEn na 10ª Reunião da Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde Em 15 de agosto de 2007 ocorreu no Auditório Emílio Ribas, Ministério da Saúde a 10ª Reunião da Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde, com a seguinte pauta: • Apresentação e discussão de projetos de lei que dispõem sobre a instituição de datas oficiais comemorativas de categorias da área da saúde: PL nº 6.367/2005 do Dep. Rafael Guerra (Institui o dia do Intensivista); PL nº 6.286/2005 do Dep. Vander Loubet (Institui o dia nacional do Esteticista); PL nº 1.310/2007 (Institui o dia 12 de maio como o dia nacional dos trabalhadores da área da saúde) – foram aprovados e os pareceres encaminhados posteriormente para o Congresso Nacional. • Apresentação e discussão do PL nº 375/2007 do Dep. Izalci (Dispõe sobre a obrigatoriedade da exibição nos hospitais e postos de saúde da rede pública, de informações sobre profissionais de saúde) - foi aprovado e os parecer encaminhado posteriormente para a Câmara de Deputados. • Debate sobre o PLS nº 26/2007 de autoria do Senador Tião Viana (Altera a Lei nº 7.438/86, que dispõe sobre o exercício da enfermagem e dá outras providências, para estabelecer prazo para a concessão de registros aos atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem e às parteiras, bem como para assegurar a esses profissionais acesso diferenciado aos cursos de graduação de nível superior em enfermagem) – a ABEn se manifestou contrário ao referido projeto de lei. A Câmara de Regulação posicionou-se contrária ao projeto de lei. O parecer foi encaminhado a Câmara de Deputados pelo Ministério da Saúde. • Ao final da reunião ocorreu uma mesa-redonda: “Acupuntura e Exercício Profissional”. A referida mesa-redonda abriu o debate do processo de regulação da prática profissional na acupuntura. (Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto) Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) - instalada com nomeação interministerial do MEC e MS A CNRMS foi instalada no dia 29/08/2007 no MEC e iniciou seu trabalho de regulamentação da Residência Multiprofissional em Saúde e do processo de certificação de programas; na pauta também a regulamentação das Residências Uniprofissionais (específicas de cada profissão que ainda não foram reconhecidas). A Comissão que é constituída por 13 membros (MEC/MS/ CONASS/CONASEMS/IES/Residentes/Preceptores/FENTAS/ FNEPAS) e também contara com Câmaras Técnicas para assessorar o trabalho da CNRMS. A ABEn participa da Comissão na representação do FNEPAS. Até aqui já aconteceram três reuniões que aprovaram o regimento de funcionamento da CNRMS, e esta em fase de aprovação pela ordem: i) a resolução dos requisitos mínimos (instituições e programas), do certificado e do processo de credenciamento; ii) diretrizes curriculares para a residência multiprofissional; sistema de avaliação de programas. A Comissão também esta com calendário para receber projetos para analise e credenciamento provisório até 15/4/2008 de residência(s) multiprofissional(is) e também para cadastramento das residências uniprofissionais. Em seguida entrará na pauta a regulamentação das Residências Uniprofissionais. Atenção residentes, preceptores, coordenadores de programas e tod@s @s interessados no tema da residência multiprofissional em saúde e residência uniprofissional de enfermagem, estaremos na ABEn através dos Fóruns de Escolas de Enfermagem/Diretorias de Educação, com espaços nos eventos Estaduais, Regionais e Nacional da ABEn, para atualização de informes, debates sobre esta temática e formulação de proposições para a CNRMS. Compareçam aos eventos da ABEn e participem!!! ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 25 Reprodução A vida bloqueada, instiga o teimoso viajante a abrir a nova estrada Helena Kolody Caminhos percorridos pela ABEn no período 2004-2007, balanço e possíveis horizontes Cenário da retomada para esta etapa Projetos – execução e avaliação As diretorias da ABEn Nacional, Seções e Regionais - iniciaram seu relevante mandato social em um cenário complexo e repleto de instigantes desafios para a entidade: i) crescimento do quadro de associados para ampliar sua representatividade; ii) ampliação da participação dos associados no cotidiano do seu trabalho; iii) capacitação de dirigentes para fortalecer a gestão; iv) diversificação das fontes de financiamento para alem dos recursos arrecadados de contribuições de associados; v) ampliação da capacidade de representação da diretoria em relação a seus associados e parceiros; vi) atuação qualificada junto aos Movimentos Sociais, ao Estado e aos protagonistas das Relações Internacionais. Os desafios nomeados foram trabalhados com projetos, elaborados para captar financiamento e realizar agendas estratégicas nas seguintes linhas de ação: 26 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 • Educação: Reorientação e qualificação do Ensino de graduação em Enfermagem (ABEn/MS); Mudança na Educação em Saúde (Entidades de Ensino das Profissões da Saúde/FNEPAS/MS/MEC); PROEnf (ABEn/Artmed); IEPE (ABEn/OPAS); • Estudos e Pesquisas – CEPEn: BVS-Enf (ABEn/IES/ BIREME-OPAS/MS); Preservação da Memória/acervo da ABEn (ABEn/MS); Documentário ABEn 1976-2006 • • • • (ABEn/IES/MS); Criação do Fórum Nacional de Pesquisadores em Enfermagem; Publicação e Comunicação Social: Qualificação da REBEn para entrada na SCIELO, Acreditação do Jornal trimestral da ABEn (impresso), Criação de boletim informativo quinzenal (eletrônico); Assuntos Profissionais: CIPESC (ABEn/SMS-Curitiba/ MS); Pesquisa do Perfil dos enfermeiros no Brasil (ABEn/ MS); Científico-cultural: Atualização da Política de Prêmios da ABEn; Diretrizes para a Política Nacional de Especialidades em Enfermagem e para o Mercosul, Formação e Organização de Especialistas no Brasil, Criação do Fórum Nacional de Sociedades de Especialistas vinculadas à ABEn; Desenvolvimento Institucional da ABEn: ABEn 80 Anos Espaço, Memória e Ação; Diretrizes para atualização de sua Agenda Nacional de Eventos; Modernização da Gestão; Repensar a ABEn. Interministerial de Gestão da Educação, em articulação com o FNEPAS, CONASS, CONASEMS, IES, Preceptores, Residentes, MS e MEC. Demandas que permanecem A próxima gestão da ABEn 2007-2010, portanto, estará se deparando com antigos e novos desafios como: i) Ampliar a representatividade social da Entidade e sua participação na formulação de proposições para políticas públicas do micro ao macro, buscando influenciar os centros de decisão das políticas de saúde, educação, trabalho e da ciência e tecnologia: ii) Reestruturar o modelo jurídico, político-administrativo (informatização, informação, comunicação, etc) e gerencial com o objetivo de ampliar sua capacidade técnico-operacional; iii) Institucionalizar a CIPESC no SUS; iv) Consolidar sua agenda política pelo fortalecimento da atuação da Enfermagem na ABS como base para a atenção integral à saúde, assim como, os desafios nomeados no parágrafo anterior. Balanço da Gestão Alguns desses projetos foram executados e concluídos neste período, outros foram executados em parte e alguns não chegaram a ser iniciados por falta de financiamento e/ou de condições técnico-operacionais; embora sejam estruturantes dos próximos passos na construção técnica, política e social da ABEn. Um balanço geral do trabalho realizado neste período, apesar das dificuldades, permite visualizar que o mesmo produziu produtos e resultados importantes para a Enfermagem/Saúde e ampliou a capacidade propositiva da ABEn na interlocução com movimentos sociais, institucionais, o controle social no SUS, MCT e MS, MEC, Judiciário, MPF e AGU. A ABEn nesta gestão consolidou a ocupação de espaços importantes e conquistou novos como pode ser destacada a sua atuação: como conselheira titular eleita pelo seguimento dos trabalhadores da saúde no Conselho Nacional de Saúde (CNS); como membro de Câmaras Técnicas junto ao MS, MEC e de Comissões Interintitucionais MEC/MS/MPO e como representante de instituições de ensino das profissões de saúde (FNEPAS) na Comissão Nacional de Residência Multiprofissional (CNRMS). Algumas iniciativas por suas características estruturantes no âmbito da ABEn devem ser continuadas nos próximos anos como: CIPESC; IEPE; Preservação da Memória/ Acervo da ABEn; Documentário ABEn 1976-2006; PROEnf. Assim como, as iniciativas realizadas em parceria com outras instituições: BVS/ Enf junto a IES e BIREME; Agenda pela regularização políticoadministrativa, moralização e democratização da gestão do Sistema COFEN/CORENs em conjunto com a FNE/CNTS/ CNTSS; Educação e Desenvolvimento no SUS: Educação Profissional, Graduação e a regulamentação da Residência Multiprofissional em Saúde e das Residências Uniprofissionais das profissões reconhecidas na Resolução Nº. 287/1988 do CNS e Mestrado Profissional junto à Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) e a Comissão Um balanço geral do trabalho realizado neste período, apesar das dificuldades, permite visualizar que o mesmo produziu produtos e resultados importantes para a Enfermagem/Saúde e ampliou a capacidade propositiva da ABEn na interlocução com movimentos sociais, institucionais, o Controle Social no SUS, MCT e MS, MEC, Judiciário, MPF e AGU Considerações para prosseguir Mas como a História não só nos diz o que somos hoje, senão o que estamos deixando de ser (Deleuze), temos muito a fazer (fazendo a diferença) nesta reinvenção permanente de nós mesmos e da história, seguindo em frente na perspectiva apontada por Guilherme Arantes quando afirma (...) que a história não tem fim, continua sempre que você responde sim à sua imaginação, à arte de sorrir cada vez que o mundo diz não. Francisca Valda da Silva Presidenta da ABEn Nacional ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 27 Diretoria Científico-Cultural uma pauta de atuação em parceria com as demais diretorias A Diretoria Científico-cultural da ABEn na gestão 2004/2007 construiu sua pauta de atuação em parceria com as demais diretorias, buscando o fortalecimento da Associação e da Enfermagem brasileira. As metas definidas para a atuação desta diretoria foram: fortalecimento da articulação ABEn/Sociedades de Especialistas; Coordenação Nacional da Semana Brasileira de Enfermagem; Fortalecimento da política de premiação da ABEn nos Congresso Brasileiros de Enfermagem; Participação nas comemorações dos 80 anos da ABEn e Fortalecimento da ABEn. Neste sentido, algumas estratégias foram elaboradas: Manter contato com as Sociedades de especialistas, objetivando aumentar o contingente de vinculadas e estabelecer estratégias conjuntas para o fortalecimento da ABEn e das Sociedades vinculadas; elaborar uma política de Educação Permanente e de formação de especialistas; buscar apoio das diretorias científico-culturais das Seções no sentido de promover parcerias com as Sociedades de especialistas e Departamentos Científico-culturais; fortalecer a política de Educação Permanente nas Seções; acompanhar o encaminhamento do processo jurídico frente aos concursos de especialistas, mantendo as Sociedades e os associados informados sobre o mesmo; apoiar a realização de concursos públicos de titulação de enfermeiros especialistas pelas Sociedades de 28 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Especialistas vinculadas; prever reuniões ampliadas nos Congressos Brasileiros de Enfermagem (CBEn) com as Sociedades de Especialistas e departamentos científico-cultural com o objetivo de discutir assuntos de interesse da categoria (residência integrada, mestrado profissional, educação permanente, entre outros); atualizar o regimento de vinculação e desvinculação à ABEn das Sociedades de Especialistas e Departamentos científico-cultural; elaborar documento normativo para criação de departamentos científico-cultural; promover em parceria com a diretoria de assuntos profissionais e diretora do CEPEn a descentralização do concurso público de titulação do enfermeiro especialista em saúde coletiva; organizar banco de dados das Sociedades de especialistas e de especialistas; regulamentar e implantar o Conselho Consultivo Nacional de Sociedades de Especialistas; fomentar a formação dos Conselhos Consultivos estaduais, com o apoio das Seções, nos estados em que houver Sociedade de Especialistas; montar uma comissão nacional para elaboração de material alusivo a Semana Brasileira de Enfermagem (SBEn); elaborar caderno de dicas da SBEn; elaborar cartaz da SBEn; propor concurso para elaboração do cartaz da SBEn; disponibilizar em rede o modelo de relatório e o caderno de dicas da SBEn; reforçar junto às Seções a importância das comemorações do dia nacional de luta contra a impunidade, juntamente com as comemorações da SBEn; elaborar critérios para a criação de novos prêmios; atualizar o regimento de premiação do CBEn; manter contato permanente com os promotores dos prêmios e viabilizar novas parcerias para premiação; encaminhar os processos de avaliação e premiação dos trabalhos científicos no CBEn; coordenar a Sessão de Premiação no CBEn; promover concurso para a logomarca dos 80 anos da ABEn no ano de 2006, juntamente com o concurso do cartaz para a SBEn; promover concurso científico-literário sobre os 80 anos da ABEn no ano de 2006; participar de todas as atividades referentes as comemorações dos 80 anos da ABEn; participar de todas as atividades da diretoria; representar a ABEn nos diversos fóruns e instituições sempre que solicitada; participar das discussões e apoiar a reformulação do estatuto; participar de projetos e atividades com as outras diretorias sempre que necessário, manter registros de atividades da diretoria científico-cultural. A articulação da ABEn com as Sociedades de Especialistas mostra-se como um ponto crítico para a atuação desta diretoria. Mesmo mantendo contato permanente com as Sociedades através de correio eletrônico e mostrando-se disponível para participar de debates e encontrar soluções conjuntas não se conseguiu grandes avanços. As reuniões previstas para acontecerem por ocasião dos CBEn não contaram com um quorum significativo que propiciasse a reflexão e tomada de decisões. Nesta gestão tivemos oportunidade de vincular a Sociedade Brasileira de Enfermagem em Genética (SOBREGEn) e de deliberar sobre a inserção do Departamento Científico de Enfermagem Geriátrica e Gerontológica na estrutura organizativa da ABEn, além de organizar e participar em parceria com a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras do I Fórum de Qualificação Profissional em Enfermagem que ocorreu em Ribeirão Preto em agosto de 2007. No entanto, considera-se de extrema importância que na nova gestão, esta diretoria continue buscando estratégias de integração ABEn/ Sociedades. O concurso de especialista em Enfermagem em Saúde Coletiva organizado pela ABEn, foi descentralizado sendo que o mesmo aconteceu no ano de 2006 nas Seções, sendo coordenado nacionalmente por esta diretoria em parceria com a diretoria de assuntos profissionais (DAP) e diretoria do centro de estudos e pesquisas em Enfermagem (CEPEn). No ano de 2007 não houve uma nova edição, devido a necessidade sentida pela diretoria da ABEn, de repensar a forma como estão sendo organizados os concursos. Sugere-se que esta deva ser uma preocupação da nova gestão, liderada pela diretoria científico-cultural em parceria com a DAP e diretoria do CEPEn. A diretoria científico-cultural coordenou juntamente com uma Comissão Nacional a Semana Brasileira de Enfermagem, nos anos de 2004, 2005, 2006 e 2007, elaborando caderno de dicas, proposta de cartaz e relatório nacional, sendo que estes documentos foram disponibilizados na página da ABEn. Em relação a comemoração dos 80 anos da ABEn no ano de 2006, coordenou o concurso da logomarca juntamente com a segunda tesoureira Jussara Gue Martini e o concurso científicoliterário ABEn – uma trajetória de 80 anos e os desafios contemporâneos, além de contribuir nos projetos de outros diretorias. Na organização dos Congressos Brasileiros de Enfermagem esta diretoria tem participado no encaminhamento das questões relativas a premiação de trabalhos, sendo que manteve contato permanente com os patrocinadores de prêmio, elaborou instrução normativa de concessão de prêmios, normas para organização da Sessão de Premiação e coordena a Sessão de Premiação. Os regulamentos dos prêmios, bem como a instrução normativa para concessão de prêmios foram disponibilizados na página da ABen Nacional. Na gestão 2004-2007 dois novos prêmios foram lançados o Prêmio Vilma de Carvalho patrocinado pela Escola de Enfermagem Anna Nery do Rio de Janeiro que destina-se ao melhor trabalho classificado na área de Ensino de Enfermagem e o prêmio Haydée Guanaes Dourado patrocinado pela ABEn – Seção RJ que destina-se ao melhor trabalho classificado na temática relacionada a ABEn: “Promoção do Desenvolvimento Técnico, Científico, Cultural e Político dos Profissionais de Enfermagem. A diretoria científico-cultural buscando contribuir para o fortalecimento da ABEn participou das reuniões de diretoria, AND, CONABEns e CBEns, reuniões e discussões da CENRE, além de eventos organizados pela ABEn e seus parceiros. Representou a Associação nas discussões sobre saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes junto ao Ministério da Saúde, buscando contribuir na construção do marco conceitual e macroestratégias para subsidiar as políticas públicas em saúde sexual e reprodutiva para adolescentes. Participou também como representante da ABEn na Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação da Implementação do Pacto Nacional pela redução da Mortalidade Materna e Neonatal, contribuindo com as discussões e sugestões de estratégias que implicam na expansão da atenção básica, qualificação e humanização da atenção ao pré-natal, ao planejamento reprodutivo e ao parto e nascimento; atenção humanizada ao abortamento e ao parto domiciliar; apoio a criação de centros de parto normal garantia do direito a acompanhante e ao alojamento conjunto; estímulo a formalização da referência e contra-referrência na atenção à mulher durante a gestação; redução da transmissão vertical do hiv/aids e sífilis congênita; qualificação das urgências emergências maternas e neonatais; redução das cesáreas desnecessárias; expansão e regionalização da rede de bancos de leite humano e da rede de hemoderivados; expansão da oferta de exames; vigilância do óbito materno e infantil; saúde da mulher trabalhadora, das mulheres negras e ìndias e dos recém-nascidos negros e indígenas; saúde da mulher portadora de transtornos mentais e da mulher privada de liberdade além do fortalecimento de projetos de premiação de serviços exemplares. A participação da ABEn juntamente com outros atores sociais nestes fórums é de suma importância pois se consolida como um apoio aos gestores de todas as esferas do governo, na elaboração de políticas locais e na organização e qualificação das ações de saúde que buscam a promoção da redução da mortalidade materna e neonatal. Acredito que os desafios a serem enfrentados pela nova diretoria na gestão 2007-2010, tanto no âmbito interno quanto externo são consideráveis. Estes desafios devem ser enfrentados com inteligência, criatividade, imaginação, generosidade e principalmente de forma articulada, sendo que a contribuição de todos os que fazem a ABEn é primordial para que possamos continuar lutando em prol de uma Associação e de uma Enfermagem sólida, atuante e de qualidade. Maria Emília de Oliveira Diretora Científico e Cultural da ABEn Nacional ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 29 Diretoria de Assuntos Profissionais RELATOSDEUMAGESTÃO Diretoria de Assuntos Profissionais-DAP criada estatutariamente nos 1990, a partir da Comissão de Legislação e Serviço de Enfermagem, possui atualmente as seguintes competências: I – responsabilizar-se por assuntos relacionados à inserção dos profissionais de enfermagem no sistema de saúde, nos seus aspectos éticos, legais e técnicos; II – responsabilizar-se por assuntos relacionados às Políticas de Saúde; III – articular o trabalho das Comissões Permanentes de Relações Trabalhistas e de Prática Profissional; IV – Coordenar a organização e a realização do SINADEn (ABEn, 2005, p. 17). As Comissões Permanentes de Relações Trabalhistas e de Práticas Profissionais, constituídas por associadas da ABEn, que são nomeados por meio de portaria, apóiam o diretor em pareceres acerca das práticas, regulação e trabalho em enfermagem. Dos anos 1990 até os dias atuais, a DAP tem buscado qualificar o trabalho em enfermagem a partir de uma base científica de terminologias diagnósticas, utilizando-se da Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva-CIPESC, que está em uso no município de Curitiba-PR. Como apoiador estratégico da CIPESC a ABEn possui o Departamento de Classificação de Diagnósticos, Intervenções e Resultados de EnfermagemDECIDIRE. O DECIDIRE tem como objetivos: I – Assessorar a ABEn na elaboração e desenvolvimento do projeto científico e político com vistas à construção de uma terminologia brasileira de enfermagem e à qualificação profissional para sua utilização. II – Promover estudos e discussões continuados sobre terminologia e classificação dos elementos da prática profissional – diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem. III – Subsidiar a ABEn nas ações voltadas para o desenvolvimento, implantação e utilização efetiva de uma terminologia de enfermagem nos sistemas de documentação e informação da prática profissional. 30 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 IV – Coordenar os trabalhos de desenvolvimento, implantação e utilização de uma terminologia brasileira de enfermagem, realizados nos estados e no Distrito Federal. V – Participar, junto a ABEn Nacional e às Seções, do processo de socialização dos aspectos pertinentes à temática de terminologia e classificação dos elementos da prática profissional – diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem (ABEn, mar. 2007). Na atual gestão da ABEn a Diretoria, buscou junto ao Ministério da Saúde financiamento para implantação da CIPESC em todos os municípios do país. Quanto ao DECIDIRE ocorreu reformulação do regimento interno e este se encontra em processo de constituição nas Seções. Durante a fase de atualização dos procedimentos da tabela de pagamento do Sistema de Informação Ambulatorial-SIA do Sistema Único de Saúde-SUS pelo Ministério da Saúde, a ABEn Nacional com apoio efetivo e competente da ABEn Seção Paraná e um grupo de associados contribui com uma lista de procedimentos, em que parte significativa foi absorvido. Quanto ao 8º Simpósio Nacional de Diagnóstico de Enfermagem – SINADEN, ocorrido em João Pessoa-PB, no período de 23 a 26 de maio de 2006, realizado pela Aben Seção Paraíba, as discussões se acirraram quanto a necessidade de construção de uma terminologia diagnóstica brasileira. As diretrizes emanadas dos debates no constituíram a Carta de João Pessoa: • Orienta que a enfermagem brasileira se comprometa com o desenvolvimento, implantação e utilização efetiva de uma linguagem especializada nos sistemas de documentação e informação da prática profissional; • Recomenda que as diretorias de assuntos profissionais desencadeiem o processo de instalação do DECIDIRE nas seções estaduais, para socialização dos aspectos pertinentes à temática; • Incumbe-se da elaboração de um projeto político amplo, com vistas à continuidade da construção de uma terminologia brasileira de enfermagem e de capacitação profissional para sua utilização. No ano de 2003, com a criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde e de seu Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde-DEGERTS pelo Ministério da Saúde, o campo de atuação político da DAP teve ampliação, com sua participação na/o: Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde-CRTS – a ABEn tem participado na apreciação de projetos de lei, portarias e ações de regulação profissional da enfermagem e das demais profissões e ocupações da área da Saúde, a exemplo dos Projetos de Lei dos Atos de Após três anos de gestão, vemos que a enfermagem brasileira, com sua força de trabalho, que congrega atualmente, mais de um milhão de profissionais, a Diretoria de Assuntos Profissionais tem um papel de grandiosa relevância política e social, que necessita de grandes parceiros, de disponibilidade e muita dedicação para seu exercício Enfermagem e Médico, da ascensão dos auxiliares e técnicos de enfermagem a enfermeiros. Além de atuar na sugestão de mecanismos de regulação profissional. Como parte das atividades, foi constituído o Grupo de Trabalho-GT sobre Técnicos em Imobilização Ortopédica-TIO, com objetivo de elaborar alternativa de proposta de regulação da atividade profissional de TIO ou justificar a desnecessidade de regulação da ocupação em 180 dias. Participam do GT entidades que representam os TIO, a Enfermagem, a Medicina, o Instituto Nacional de Tráumato-OrtopediaINTO e a Gestão Tripartite do SUS (BRASIL, 2007). Comitê Nacional Interinstitucional de Desprecarização do Trabalho no SUS – ABEn junto ao comitê vem atuando com o posicionamento de buscar o fim do trabalho precário e desregulamento de enfermagem e em saúde, além de procurar a efetivação do proposto pela Lei Nº 8.142/1990 que é a institucionalização do Plano de Carreiras, Cargos e Salários do SUS-PCCS-SUS. Comissão Especial para Elaborar as Diretrizes do Plano de Carreiras, Cargos e Salários-PCCS no âmbito do SUS – a ABEn colaborou tanto durante os debates no Ministério da Saúde, quanto na consulta pública, esperando agora, sua transformação em projeto de lei. Comitê Gestor Nacional de Atenção Integral às Urgências – a ABEn vem participando desde sua constituição, contribuindo com o debate da atenção às urgências e a organização do trabalho de enfermagem e de saúde no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência-SAMU. Contribuindo inclusive, na composição do regimento interno do comitê. Fórum Permanente Mercosul para o Trabalho em Saúde - GT 1-Formação fórum objetiva propiciar a colaboração de gestores e trabalhadores na atuação da Coordenação da Subcomissão de Exercício Profissional da Comissão de Prestação de Serviços de Saúde do Subgrupo de Trabalho nº 11 do Grupo Mercado Comum, do MERCO- SUL (BRASIL, 2006). O fórum possui três GT: Formação Profissional; GT Regulação do Trabalho; e Organização Política do Setor Saúde. A ABEn participa do GT1- Formação Profissional, juntamente com o MEC, Conselhos Federais de Biologia e Técnico de Radiologia e o Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde-DEGERTS. Atualmente, as reuniões dos três GT vem ocorrendo unificada. Dentre os produtos do fórum, que a ABEn tem contribuído tem-se a construção do/a: • Princípios éticos do MERCOSUL. • Código de Ética Marco do MERCOSUL para a saúde. • Definição das profissionais comuns aos Estados Partes. • Matriz Mínima de Registro Profissional de Saúde do MERCOSUL Como parte da agenda do fórum foi constituído o GT Especialidades de Enfermagem – MERCOSUL, que provocou dois movimentos: um interno, que foi a constituição da lista de especialidades em enfermagem, reconhecidas pela ABEn; processo este coordenado pela DAP, Diretoria Científico-Cultura e Presidência, com o apoio das demais diretorias. O externo foi a participação da ABEn na Reunião do SGT 11 em Montevidéo-Uruguai, com representantes da Enfermagem deste país, da Argentina e Paraguai, com o intui de constituir a lista de especialidades de enfermagem comum a todos os Estados Partes. A DAP na Gestão 2004-07 atuou ainda nas seguintes frentes: • Na elaboração das Diretrizes nacionais para o processo de educação permanente no controle social do SUS. • Com a Presidência da ABEn e Diretoria de Comunicação e Publicações junto ao Ministério da Saúde e a FIOCRUZ na busca de realização de pesquisa nacional acerca do perfil de enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem. • Contribuição com o debate da atuação do enfermeiro na prescrição de medicamentos na Estratégia Saúde da Família. • Na 13ª Conferência Nacional de Saúde-XIII CNS, como delegado Ainda neste ano, a ABEn assumiu o desafio e realizou em Natal-RN, o 1º Seminário Nacional de Diretrizes de Enfermagem na Atenção Básica, que abriu um debate que deve ser permanente, acerca do trabalho de enfermagem. Após três anos de gestão, vemos que a enfermagem brasileira, com sua força de trabalho, que congrega atualmente, mais de um milhão de profissionais, a Diretoria de Assuntos Profissionais tem um papel de grandiosa relevância política e social, que necessita de grandes parceiros, de disponibilidade e muita dedicação para seu exercício. Referências Associação Brasileira de Enfermagem-ABEn. Estatuto. Goiânia: ABEn, 2005. Associação Brasileira de Enfermagem-ABEn. Regimento do Departamento de Classificação de Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem-DECIDIRE. Brasília: ABEn, mar. 2007. Associação Brasileira de Enfermagem-ABEn. Carta de João Pessoa. João Pessoa-PB: ABEn Nacional/ABEn Seção PB, maio 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde. Resumo executivo da Reunião de Instalação do Grupo de Trabalho dos Técnicos em Imobilização Ortopédica. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 929 de 2 de maio de 2006 - Institui o Fórum Permanente Mercosul para o Trabalho em Saúde. Ministério da Saúde, 2006. Francisco Rosemiro G. Ximenes Neto Diretor de Assuntos Profissionais da ABEn Nacional ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 31 Relatório do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem Assumimos em 5 de novembro de 2005, na Assembléia do 57º CBEn , em Goiânia Das atividades desenvolvidas A bibliotecária Sonia Kazuko apresentou-me todo o CEPEn e como desenvolvia suas atividades numa jornada de trabalho de 4 horas diária: atendimento ao público, incluindo estudantes, consulta através da Internet, além da indexação da REBEn. Na realidade, preocupei-me bastante em ver um acervo de 4000 exemplares de dissertações e teses, o maior, sem uma infra-estrutura funcional.Solicitamos um auxílio ao CNPq para comprar computador, elaborar banco de dados, etc., mas não logramos êxito. Outra tentativa foi com um edital da Caixa Econômica que exigiu um grande esforço e desempenho do grupo administrativo, incluindo a secretária geral Teresa Garcia – infelizmente a ABEn não foi contemplada. Os números de leitores e consultas atendidas encontram-se no relatório da secretária. Reuniões Para o 58º CBEn, agendamos com o apoio de seção Bahia uma reunião para os pesquisadores de Historia da Enfermagem Brasileira e uma para os pesquisadores do CNPq, pesquisadores em geral e dos CEPENs. Estas reuniões tiveram uma excelente freqüência e foi muitíssimo proveitosa inclusive com uma moção dos pesquisadores de história. Depois deste Congresso reunimos três vezes com o NUPHEBRAS na intenção de elaborarmos uma continuação do documentário da professora Anayde Carvalho. Não obtendo muito êxito consultamos a presidenta da ABEn, professora Francisca Valda, que adotou a idéia e nos ajudou a constituir um grupo de trabalho. Aprazamos inicialmente a entrega da primeira versão em maio de 2007, mas infelizmente todos os compromissados pediram prorrogação do prazo o que fizemos até outubro de 2007. Mas por falta de infra-estrutura para reunirmos os integrantes do grupo de trabalho nada mais podemos fazer, o que sentimos bastante porque temos absoluta convicção que seria uma grande contribuição para a enfermagem brasileira. Em junho de 2007 participamos representando a ABEn no Congresso de Tecnologia e Humanização na Comunicação em Saúde (CONTIG) e do Fórum Latino-Americano de Editoração Científica em Enfermagem e Saúde, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Participação da bibliotecária no curso de Metodologia LILACS – LILDBI-WEB: descrição bibliográfica e indexação, realizado pela BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, de 02 a 06 de Outubro de 2006, em São Paulo-SP, com 40 horas de duração. Participação da bibliotecária no treinamento da Metodologia Scielo, realizado na Associação Brasileira de Enfermagem, no período de 22 a 25 de Janeiro de 2007, em Brasília - DF, com 40 horas de duração SENPE A partir de fevereiro de 2007 começamos a organização do 14º SENPE com todo apoio da Seção de Santa Catarina. O evento aconteceu em maio/junho de 2007 no Centro de Convenções da UFSC. Para este evento, conseguimos auxilio da CAPES e do CNPq, além dos que a seção conseguiu em nível local. Participações Comparecemos a reunião da BVS,em maio de 2006,em BH, onde a ABEn tem dois projetos: Projeto CEPEn e projeto de Eventos .Nesta reunião obtive uma colaboração da professora Isabel Cunha, editora da REBEn, que havia interinamente participado do CEPEn. E, também da EEAN, através de sua diretora que financiou toda minha ida. Aqui faremos um agradecimento. Em dezembro de 2006 participamos na reunião do FENEPAS. No SENADEn, em Brasilia, coordenamos uma mesa de pósgraduação ao tempo em que estávamos numa comissão de julgamento do Edital Universal do CNPq. Participamos do Comitê de Avaliação da Capes de 2004 a 2007. 32 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Outras atividades Para o 59º CBEn agendei reuniões para pesquisadores de História, pesquisadores e CEPEn. Consegui auxílio no CNPq para o mesmo 59º CBEn. Agradeço a toda a equipe técnica da ABEn, a diretoria e a bibliotecária do CEPEn pelo maneira como conduziram o trabalho em relação ao CEPEn Josete Luzia Leite Diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem da ABEn Nacional A Comissão Nacional de Reforma do Estatuto da ABEn teve como eixo Repensar a ABEn como organização A Associação Brasileira de Enfermagem, na Assembléia Nacional de Delegados (AND), realizada em Goiânia, em novembro de 2005, aprovou a revisão do seu Estatuto, nos aspectos que atendem as exigências do Novo Código Civil brasileiro. Definiu, também, a continuidade do processo de “Repensar a ABEn”, como já tinha sido deliberado na AND de Gramado, em outubro de 2004. A Comissão Nacional de Reforma do Estatuto da ABEn, desde sua constituição até outubro de 2005, seguiu um cronograma de trabalho (apresentado em reunião do CONABEn de março de 2005) e encaminhado a todas as Seções e Regionais da ABEn no país, tendo como eixo o “Repensar a ABEn” como organização, acumulando propostas e indicações que pudessem orientar a revisão do Estatuto. As possibilidades de empreendermos o processo de ressignificação da ABEn decidido pela AND, implicam no desenvolvimento de estudos das lógicas dos processos associativos da nossa cultura institucional, das transformações que desejamos alcançar, dos nossos modos de crescimento e de estabilização, bem como, dos nossos conflitos e objetivos fundamentais. Hoje, frente à reestruturação produtiva e às novas tecnologias, enfrentamos novas exigências para que as associações dos diversos segmentos se constituam legalmente. E, além dos requisitos legais, os homens e mulheres que pretendam ingressar em uma associação, precisam refletir sobre as mudanças comportamentais e culturais que daí decorrem. Assim, para que a Associação se concretize e encontre seus caminhos, o “nós” deverá ser mais valorizado que o “eu”, tanto nas ações internas da entidade, como nas externas. Os processos de conjugação de interesses pressupõem um conjunto ou rede social de pessoas unidas por relações intersubjetivas de interdependência recíproca, sejam elas relações diretas, institucionais ou formas de relações tecnologicamente mediadas (em redes virtuais, por exemplo). O processo de Repensar a ABEn implica, portanto, em compreendermos nossos universos coletivos de sentidos e como construímos os sentidos particulares, os vínculos humanos e os valores fundamentais, tanto da vida pública, como da vida privada. Segundo Vizer (2003), um aspecto primordial a ser analisado quando pretendemos ressignificar uma entidade, é a discussão das diferentes formas de relação e de ação social, principalmente, em associações voluntárias, bem como, estudar as particularidades dos processos de comunicação e participação social, política e cultural na relação com seus associados e nas relações estabelecidas com outras instituições da sociedade. A ABEn, em consonância com sua histórica trajetória de 80 anos de democracia e autonomia, criada e mantida por pessoas que acreditam que as mudanças são necessárias e que desejam, elas mesmas, protagonizar as transformações, certamente estará articulada na construção do “Repensar a ABEn”, comprometido com seu espírito empreendedor e com seus valores fundamentais. ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 33 O eixo norteador para repensar a ABEn deve contemplar a trajetória de mais de 80 anos da entidade dentro de um processo histórico diversificado, contextualizado com o momento sócio-político e econômico do país, buscando valorizar a construção da entidade e o enfrentamento dos desafios da contemporaneidade O processo de Repensar a ABEn O processo de Repensar a ABEn inicia-se pela deliberação da 3ª AND – Gestão 1998-2001, indicando a realização de uma Reforma do Estatuto na gestão 2001-2004. A 1ª AND da gestão 2001-2004 realizada em 2002, em Fortaleza, entendendo que era necessária uma reflexão sobre a ABEn e não apenas uma reforma estatutária, deliberou por iniciar um processo de Repensar a ABEn. A Comissão, 1 constituída na 3ª AND, em 2003, em Gramado, propôs uma agenda de reflexões e debates em torno de teses para repensar o coletivo das organizações de enfermagem em uma Convenção Nacional. A agenda proposta iniciou pela elaboração de um documento sobre “diretrizes para Repensar a ABEn”, a fim de mobilizar os dirigentes e associados da ABEn sobre os caminhos para Repensar a organização. Considerando que a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), constitui-se hoje em uma sociedade civil sem fins lucrativos, uma entidade de direito privado, de caráter cultural, científico e político e a ela associam-se individual e livremente, Enfermeiros (as), Técnicos em Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem como sócios efetivos e Estudantes dos cursos de graduação e de educação profissional habilitação técnico de enfermagem como sócios especiais. Considerando ainda que suas principais finalidades e considerando que no âmbito da entidade já existem discussões a respeito da necessidade de uma reestruturação organizativa da ABEn frente à evolução do conhecimento científico, transformações no mundo do trabalho, organização da sociedade civil e a modernização dos processos de gestão e comunicação, a Assembléia Nacional de Delegados ocorrida em novembro de 2004, durante o 56º CBEn/Gramado decidiu desencadear uma reforma estatutária da Entidade. Assim, uma proposta de refletir sobre a Associação Brasileira de Enfermagem implica em pensá-la como um todo, a partir de seus associados; sua gestão política, administrativa e financeira; sua natureza como entidade representativa da Enfermagem; sua comunicação interna e externa; suas articulações e vinculações dentre outros aspectos. Nessa perspectiva o eixo norteador para repensar a ABEn deve contemplar a trajetória de mais de 80 anos da entidade dentro de um processo histórico diversificado, contextualizado com o momento sócio-político e econômico do país, buscando valorizar a construção da entidade e o enfrentamento dos desafios da contemporaneidade. O processo de reforma estatutária da ABEn foi desencadeado com a constituição da Comissão Especial 34 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Nacional de Reforma do Estatuto (CENRE) e será composto de etapas que incluem: a reflexão e construção de pensamentos sobre a ABEn pelos diversos segmentos que compõem a Enfermagem; a mobilização e discussão disseminada entre os sócios da entidade que deverão ser conduzidas pelas Seções, Regionais e Núcleos da ABEn; a consulta a especialistas das áreas jurídica e administrativa; a consulta ampla à Enfermagem Brasileira sobre os rumos da Entidade, finalizando com a elaboração de um relatório que contemple todos os passos desse processo e a minuta de um novo estatuto. A Comissão entendeu, ainda, que qualquer mudança de estrutura ou dos rumos da ABEn só será legítima se envolver enfermeiros, técnicos, auxiliares e estudantes de enfermagem na discussão e construção de novas propostas. Na intenção de envolver o maior número possível de associados reuniu-se em Gramado (nov./2004) quando acordou as bases referenciais para desenvolver seu trabalho e, seguindo os encaminhamentos definidos, formulou e enviou a todas as Seções e Regionais o documento “Diretrizes para repensar a ABEn”. Em reunião realizada em Brasília/DF (março/2005) definiu seu plano de trabalho que foi apresentado e aprovado pelo CONABEn. Além de encaminhar os documentos e plano de trabalho às Seções e Regionais da ABEn a Comissão “Repensar a ABEn” adotadou como estratégia privilegiada de comunicação e divulgação dos seus encaminhamentos o jornal da ABEn.2 A continuidade das discussões aconteceu em uma oficina de trabalho realizada em agosto 2005, em Natal, Rio grande do Norte. A Oficina tinha por objetivos: • fazer um balanço do trabalho da “Comissão”; • discutir e analisar documentos e propostas referentes à ABEn tendo como “provocação inicial” a síntese das opiniões dos participantes do CONABEn, artigos do Jornal da ABEn, pareceres jurídicos relativos à adequação do estatuto atual ao novo Código Civil e sobre OSCIP e documentos encaminhados pela Executiva Nacional dos Estudantes e Sindicato dos AE e TE (RJ e DF). Além dos membros da Comissão “Repensar a ABEn” (o representante dos Sindicatos de AE e TE justificou a ausência) participaram da Oficina representantes de Seções e membros da Diretoria Nacional da ABEn. A Oficina seguiu a programação proposta. Os trabalhos foram desenvolvidos por cinco (5) subgrupos que foram organizados aleatoriamente e tiveram a incumbência de ler, discutir, identificar pontos e aspectos principais de matérias, documentos e pareceres, bem como, elaborar uma síntese para apresentar em plenário. O Grupo 1 trabalhou com matérias publicadas no Jornal da ABEn, o Grupo 2 examinou os documentos enviados à Comissão “Repensar a ABEn”, pela Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem - ENEEnf. e pelo Sindicato dos Auxiliares e técnicos de enfermagem do Município do Rio de Janeiro - SATEMRJ. O Grupo 3 trabalhou com base nos itens VI (Organização da Categoria”) e VII (“Desafios e perspectivas da enfermagem”) do livro “Enfermagem Brasileira Contribuição da ABEn” de Mirian Santos Paiva (coord.) e outros, Brasília, 1999. O Grupo 4 discutiu o documento-síntese dos resultados do levantamento de opinião dos participantes da reunião do Conselho Nacional da ABEn – CONABEn, realizada em 6 e 7 de março de 2005, na sede da ABEn em Brasília. Finalmente, o Grupo 5 examinou os pareceres da Assessoria Jurídica da ABEn sobre a adequação do atual estatuto da entidade às exigências do novo Código Civil A síntese dos grupos de trabalho, por orientação da coordenação da Oficina, destacou as questões referentes ou referidas à organização da ABEn e/ou da enfermagem; as questões-problema ou nós críticos identificados no material analisado e os aspectos referidos e que devem ser contemplados/aprofundados no processo de repensar a ABEn. No que se refere à adequação do atual estatuto da ABEn ao novo código civil, o grupo destacou que segundo as normas legais vigentes a partir da aprovação do novo Código Civil a ABEn, na qualidade de sociedade civil deve, obrigatoriamente, adequar-se a essas determinações. O prazo limite para formalizar tal adequação é 11 de janeiro de 2006. Cabe explicitar que essa adequação ocorrerá independentemente da finalização do processo de repensar a ABEn, hora em curso. Isto significa que, mesmo que até esta data a ABEn não tenha concluído este processo ao ponto de já ter formulado e aprovado um novo estatuto (caso seja esta a conclusão) a adequação referida se dará. Contudo, essa adequação vai exigir que alguns pontos do atual estatuto – flagrantemente em desacordo com princípios legais básicos – sejam revistos e reformulados no sentido de restaurar a legalidade. Entre eles o grupo aponta: direitos e deveres; normas de associação e desligamento; vinculação/associação de pessoa jurídica (escolas e sociedades de especialistas, por exemplo) e sócio individual; questões referentes a patrimônio e a natureza de organização de utilidade pública, entre outros que deverão ser considerados. Foi, então, definido um grupo de trabalho constituído com membros da Comissão “Repensar a ABEn” e da diretoria da ABEn Nacional para, juntamente com a assessoria jurídica, aprofundar a análise da proposta de adequação do atual estatuto ao novo Código Civil brasileiro. A primeira reunião desse grupo-tarefa será nos dias 19,20 e 21 de agosto 2005, na sede da ABEn em Brasília. O grupo que estudou o documento síntese das opiniões manifestadas pelos participantes da reunião do CONABEn, coletadas quando da reunião do Conselho em março de 2005, destacou que as opiniões impactam o processo de repensar a ABEn, por terem como fonte primária a atual direção da Entidade uma vez que o CONABEn é formado pela diretoria nacional e presidentes das Seções. Pela análise feita constatouse que em relação à organização e ação da ABEn as opiniões podem ser agrupadas em, pelo menos, três tendências: a) visão idealizada – a ABEn representa toda a enfermagem brasileira; é o norte da Enfermagem brasileira; todas as questões da enfermagem passam pela ABEn; é a ABEn que tem papel de destaque, que constrói a Enfermagem e que ocupa importantes espaços nacionais e internacionais”; b) visão pessimista – a ABEn não representa a enfermagem; ela é frágil e não tem organização; a ABEn está em franco declínio; o trabalho voluntário é um sacrifício”; c) visão operacional/contextualizada – a ABEn representa parte da enfermagem; a crise atual da ABEn advem da sua organização e da forma de participação dos seus sócios; a ABEn é promotora de eventos, formuladora/ proponente de políticas para a saúde; a ABEn tem problemas administrativos e financeiros; o trabalho voluntário é uma força”. Dentre as manifestações dos participantes do CONABEn algumas questões são consideradas como problemáticas: a interdependência contábil da ABEn (nacional e seções); o modelo de gestão que a caracteriza (segundo as opiniões falta um modelo que seja democrático, leve, flexível); a falta de unidade da enfermagem; a não visibilidade da ABEn; a diminuição de sócios. Entre outros nós críticos percebe-se que há uma certa distorção quanto às finalidades da ABEn, ou no mínimo, uma compreensão parcial tanto das finalidades como dos objetivos da Entidade assim como uma persistente visão dicotomizada (a ABEn representa/congrega aqueles que estão na “Academia” e não o pessoal de serviço). Foi consenso que há necessidade de aprofundar a análise da algumas questões nesse processo de repensar a ABEn: atribuições da ABEn, quem a ABEn congrega e representa, modelo de gestão; viabilidade operacional e política (representatividade); imagem. A organização político-social da enfermagem e os desafios e perspectivas da enfermagem foram, também, discutidos. Nesse ponto a discussão reportou a uma questão básica para qualquer organização social: o sentido e o sentimento de “pertencer” a um determinado grupo social e, organizar-se para ser, coletivamente, reconhecido pela sociedade. Em geral o que se constata é que o “pertencer à enfermagem” como A discussão das propostas e questões constantes dos documentados enviados pela ENEEnf e SATEMRJ guardadas as devidas singularidades e diferenças têm um denominador comum: tratam da questão do ser sócio da ABEn ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 35 representação social não parece mobilizar seus exercentes (os enfermeiros, em especial). Além das questões e nós críticos advindos desse aspecto e nos seus desdobramentos para a imagem, a representatividade da ABEn (reconhecimento externo X interno) e sua viabilidade operacional e institucional, há outras questões que devem ser consideradas como desafios para uma organização de enfermagem como a ABEn: a) Repensar os paradigmas e princípios privilegiados adotados pela enfermagem na organização do seu processo de Reconhece-se que há premência em conhecer e analisar o mais amplamente possível a situação da ABEn Nacional, seções e regionais, buscando formas e alternativas (estruturais, organizativas, financeiras e de gestão) que viabilizem a ABEn, potencializando suas possibilidades de parcerias (internas e externas), produção de serviços, representatividade trabalho (o modelo biomédico vincula a enfermagem a que processo? Como a sociedade reconhece a enfermagem considerando sua inserção técnica e científica na sociedade? O cuidado de enfermagem – produto da enfermagem – situa a enfermagem em que espaço social? A autonomia, a iniciativa, a capacidade de resolver problemas e trabalhar em equipe orienta a enfermagem para que tipo e forma de organização/expressão social, científica, ética, política? b)Dificuldade de a enfermagem organizar-se como classe trabalhadora - a luta da ABEn com a FNE por 30 horas, deu em quê? A entrada de novos atores com ações na saúde/enfermagem (cuidadores de idosos, agentes comunitários de saúde - ACS) nos mobiliza em que direção? A precarização dos contratos de trabalho dos profissionais de enfermagem, as diferenças de remuneração (via PSF, por exemplo) sem ter clara a posição das Organizações sobre estas questões? A participação de enfermeiros em pesquisa clínica sem os devidos créditos (qual a posição da entidade? A discussão das propostas e questões constantes dos documentados enviados pela ENEEnf e SATEMRJ guardadas as devidas singularidades e diferenças têm um denominador comum: tratam da questão do ser sócio da ABEn. a) Por que facultar ao estudante associar-se à ABEn (o que é sócio especial?); seria esta a forma de articulação da ABEn com os estudantes? b) Para o SATEMRJ a mesma questão se coloca e é de fundamental importância. Os argumentos apresentados se apóiam no que compreendem como “princípios da igualdade e da democracia” para afirmarem que não é tolerável ser sócio com os mesmos deveres, porém sem os mesmos direitos. 36 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Para a ENEEnf a ABEn deve constituir-se com finalidades amplas de defesa do SUS, da educação pública, gratuita e de qualidade; da enfermagem como parte da equipe de saúde e ser “uma entidade aberta e democrática com plena igualdade entre seus membros”. Os resultados obtidos com base nas análise das diferentes matérias do Jornal da ABEn destacam alguns pressupostos, parâmetros e princípios relacionados à organização políticosocial das categorias profissionais da área de enfermagem, com especial atenção, para a ABEn. a) a ampliação do reconhecimento social de uma categoria somente ocorre pela via de sua organização desde que apresente forte estruturação interna e compreensão do seu papel e importância; b) as entidades da enfermagem têm, historicamente, desempenhado papel importante na construção e expressão política da enfermagem; c) é preciso reconhecer a audácia e o caráter inovador das Entidades da enfermagem e da importância disso na expressão da enfermagem; d) é preciso desenvolver uma gestão compartilhada na ABEn o que exige: mobilização, sócios atuantes, financiamento, trabalho coletivo. Reconhece-se que há premência em conhecer e analisar o mais amplamente possível a situação da ABEn Nacional, seções e regionais, buscando formas e alternativas (estruturais, organizativas, financeiras e de gestão) que viabilizem a ABEn, potencializando suas possibilidades de parcerias (internas e externas), produção de serviços, representatividade. Na 3ª AND extraordinária – Gestão 2004-2007, em Goiânia, 2005, foi apresentado o relatório da CENRE sobre o processo do repensar a ABEn e realizada a adequação do Estatuto em vigor, ao novo Código Civil Brasileiro. Na mesma AND, foi aprovado o novo calendário para aprofundar o processo de “Repensar a ABEn”, com indicação de uma nova Comissão Especial Nacional de Reforma do Estatuto – CENRE – 2.3 A AND apresentou como questões centrais para o aprofundamento do processo de RepensarABEn: os objetivos da ABEn? Mais amplos ou mais restritos, em relação ao quê? Qual a relação com as escolas e outras organizações da enfermagem? A possibilidade de profissionais das três categorias de associarem a ABEn significa o exercício dos mesmos direitos e deveres, inclusive no que diz respeito a ocupação de cargos diretivos em âmbito estadual e nacional? Como manter e ampliar o acesso e as parcerias? Quais são as fontes de receitas da ABEn? Construção da nova política para eventos nacionais? Qual a pertinência da filiação da ABEn à organizações internacionais da enfermagem? Sustentabilidade política e financeira? Desse modo, a AND recomendou a articulação destas questões com a formulação coletiva de um projeto da organização que queremos para a Associação hoje, visando construir a ABEn do amanhã. Na tentativa de encontrar respostas para as questões colocadas desenvolveu-se uma agenda de atividades para discutir-se o encaminhamento de uma Diretriz política para o processo de repensar a ABEn, considerando que temos, basicamente, dois cenários: Após os encaminhamentos iniciais, a comissão iniciou a discussão da agenda de atividades para o processo de repensar a ABEn. Uma primeira proposta foi a de que as seções e os profissionais de enfermagem pudessem discutir na Semana Brasileira de enfermagem - SBEn sobre a “ABEn que queremos”, com levantamento de pessoas “articuladoras” em cada seção/estado e a indicação de, pelo menos, um estudante por estado para realizar a coleta de dados junto aos profissionais presentes nas atividades. O grupo entendeu que seria necessário sensibilizar as presidentes das seções para a realização de uma ampla discussão como forma de subsidiar as decisões da ABEn. Como forma de estimular as discussões foi elaborado um Texto base e um Roteiro para a consulta pública aos profissionais de enfermagem nos estados. A comissão decidiu, ainda, que a consulta seria realizada, também, por meio eletrônico, com a disponibilização do Roteiro no Site da ABEn (www.abennacional.org.br), no período de abril a agosto de 2006. Os materiais coletados e enviados pelas seções e os instrumentos respondidos por meio eletrônico na consulta Pública foram codificados e tabulados pelos integrantes da Comissão. A comissão recebeu materiais referentes à consulta pública de onze estados da federação e do Distrito Federal, totalizando 553 participantes. Entre os estados, os que tiveram maiores participações foram o CEARÁ: 115, BAHIA: 93 ; PARANÁ: 83; SERGIPE: 62 e Brasília - DF: 59. Os participantes foram predominantemente do sexo feminino, com 86,61%, sendo que os do sexo masculino Os profissionais e estudantes que participaram da consulta pública referem que a ABEn atende suas expectativas na qualidade dos eventos; na luta pela profissão de forma ética e abrangente; nas ações na área educacional – diretrizes; como responsável pelas grandes conquistas para a categoria; quando representa a enfermagem em órgãos públicos e privados e pelo respeito aos profissionais e estudantes totalizaram 13,38%. A maioria dos profissionais e estudantes encontra-se na faixa etária dos 21 aos 40 anos, com 61,65% dos respondentes. Quanto a distribuição dos participantes nas diferentes categorias profissionais da enfermagem, registra-se um certo equilíbrio entre enfermeiros/a e estudantes de graduação, totalizando 43,21% e 40,68%, respectivamente. Outro aspecto curioso relaciona-se com o tempo de exercício profissional que está distribuído entre aqueles profissionais com menos de 10 anos de formação, 50,2% e dos que possuem mais de 15 anos de exercício profissional, 44,76% dos informantes. Registra-se, ainda, que a maioria, 66,36% dos estudantes e profissionais que participaram da consulta pública não eram associados à ABEn. Ao serem solicitados a explicitar qual o significado que atribuem a ABEn, os participantes referiram que a ABEn: • É a Entidade que representa a enfermagem no âmbito local, regional, nacional e internacional; • Desenvolve o aperfeiçoamento dos profissionais de enfermagem; • Promove o conhecimento técnico-científico da categoria; • Desde sua fundação luta pelo reconhecimento profissional da categoria; • é o “porto seguro” da profissão; • Promove a inserção política e econômica da enfermagem brasileira; • Aprimora a educação profissional; • Promove eventos científicos e culturais; • Entidade que historicamente tem construído a enfermagem brasileira; • Órgão que busca a valorização profissional; • “Integra a classe de enfermagem”. • É uma entidade séria e ética, muito preocupada com a pósgraduação da categoria” • “Competente, mas distante da categoria”. Os profissionais e estudantes que participaram da consulta pública referem que a ABEn atende suas expectativas na qualidade dos eventos; na luta pela profissão de forma ética e abrangente; nas ações na área educacional – diretrizes; como responsável pelas grandes conquistas para a categoria; quando representa a enfermagem em órgãos públicos e privados e pelo respeito aos profissionais e estudantes. Os respondentes que consideram que a ABEn não atende às suas expectativas destacaram como argumentos, o de que a Entidade está distante dos associados e dos profissionais; que seus funcionários são mal informados; que os eventos promovidos são poucos e com alto custo das inscrições; que a ABEn possui pouca inserção em órgãos e cenários de decisão, apresentando vulnerabilidade política. Alguns acrescentaram, também, a pouca atuação nas seções e regionais, que, muitas vezes, não contatam com os associados e o pouco envolvimento da categoria; O desenho elaborado pelos participantes sobre a ABEn que desejam, aponta para uma organização presente no cotidiano da categoria, informativa, atuante, independente, democrática; que defenda os seus direitos. Destacam, ainda, seu desejo de que a ABEn seja referência de enfermagem para a sociedade; atuando com mais proximidade e comprometimento com a categoria e suas lutas. Deveria, também, ser uma Entidade multidisciplinar, acessível, participativa, justa e abrangente, com maior comunicação, desde o ensino médio até a pós-graduação, integrando universidade, hospitais e saúde pública; promovendo a união dos profissionais e incrementando a formação política dos profissionais e estudantes de enfermagem. Na perspectiva de aproximar-se da ABEn desejada, os enfermeiros, técnicos de enfermagem e estudantes afirmaram ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 37 que mudariam a forma de organização da diretoria e regionais; promoveriam maior divulgação das ações realizadas, com uma linguagem mais próxima da categoria nos periódicos. Além disso, implementariam um maior envolvimento nas questões políticas, estando mais presente no cotidiano dos profissionais, com uma gestão mais dinâmica e empresarial. A análise dos resultados da Consulta pública, representada pelos profissionais e estudantes de enfermagem pode contribuir na compreensão do processo de RepensarABEn, principalmente, quando consideramos que a maioria dos aprticipantes não são associados da ABEn e que, mesmo assim, demonstraram uma preocupação com os rumos da entidade e com sua articulação com a categoria e com a sociedade. Os resultados da consulta pública foram apresentados na Assembléia Nacional de Delegados, em Salvador, BA, como ponto d epartida para as atividades de uma oficina de trabalho. O objetivo da oficina foi o de refletir sobre os modos de organização, estrutura, objetivos e valores fundamentais da ABEn, favorecendo o conhecimento das relações entre os complexos processos que nos constituem, enquanto uma entidade coletiva. Outro aspecto importante a destacar é o de que embora a estrutura – o estatuto – seja essencial para que a organização funcione, o processo de “repensar” não se resume ou se esgota nele. É fundamental que tenhamos, como primeira meta, a construção coletiva de um projeto da “ABEn que queremos”, para então desenharmos um estatuto flexível, que responda às exigências de hoje, onde, em um período muito curto, o que parecia uma estrutura ideal, torna-se incoerente para as pessoas dentro e fora da entidade. A ABEn, em consonância com sua histórica trajetória de mais de 80 anos de democracia e autonomia, criada e mantida por pessoas que acreditam que as mudanças são necessárias e que desejam, elas mesmas, protagonizar as transformações, certamente está articulada na construção do “RepensarABEn”, comprometido com seu espírito empreendedor e com seus valores fundamentais. As discussões realizadas apontaram como aspectos importantes a inserção política da ABEn, congreganado enfermeiros, técnicos, auxiliares e estudantes, bem como, seu comprometimento com as questões da Educação em enfermagem. Os Delegados presentes à AND apontaram que a ABEn precisa articular ações de comunicação social – profissionalizando a divulgação e a sensibilização dos profissionais e buscando descobrir o que os enfermeiros do serviço, das escolas e estudantes precisam como profissionais. Sugerem, ainda, alianças com sociedades de especialistas, escolas de enfermagem, serviços de saúde e com os próprios enfermeiros, ampliando as alianças com os órgãos governamentais, com parcerias sócio culturais e científicas. Outro aspecto destacado foi a necessidade de potencializar os eventos da ABEn principalmente o SENADEn e o SENPE, como espaços de afirmação política da Entidade. Organizar uma programação específica para os estudantes no CBEn e tentar alianças a partir dos Centros Acadêmicos, não esquecendo do fortalecimento das alianças com os Sindicatos e Federação Nacional dos Enfermeiros, foram outras ações apontadas como importantes para a inserção da ABEn no âmbito profissional, social e político. No que se refere à sustentabilidade financeira da ABEn, os delegados sugeriram a realização de projetos com os órgãos governamentais, verba do Fundo de Apoio ao trabalhador, articulação com o Ministério da Saúde, Ministério de Ciência e Tecnologia e Ministério da Cultura para o desenvolvimento de projetos, parcerias com instituições nacionais e internacionais e gestão profissional para garantir sustentabilidade. Outras sugestões incluem projeto de divulgação da história da Enfermagem ressaltando o papel da ABEn, seu valor histórico e político; desenvolver política de markenting da ABEn. Que os eventos contemplem atividades concomitantes para Auxiliares e Técnicos de Enfermagem. Sobre as alianças que interessam a ABEn sugerem as alianças com órgãos de fomentos, fortalecer os Fóruns de Escolas vinculadas, fazer pautas para o novo governo, fazer parcerias com Federação e Sindicatos, diálogos com movimentos populares e articulação com entidades da área da saúde e da enfermagem. Sobre a sustentabilidade sugerem investir em análise da conjuntura (porque o CBEn é forte?), formar novos quadros, administração profissional, planejamento estratégico, análise de custos, formar gestores, banco de dados , fazer ajustes no Estatuto e incluir Conselho de Departamentos do Serviço. Considerações finais As questões apresentadas podem nos dar uma noção das implicações do trabalho que temos pela frente, visando realizar um processo de “RepensarABEn”. Nossa tarefa combina a produção de conhecimentos com a auto-reflexão sobre os nossos modos de organização, sobre nossa estrutura, nossos objetivos e valores fundamentais, favorecendo a compreensão das relações entre os complexos processos que nos constituem, enquanto uma entidade coletiva. Com tais questionamentos, buscamos auxiliar o grupo na articulação destas questões com a formulação coletiva de um projeto da organização que queremos para a Associação hoje, visando construir a ABEn do amanhã. É por esta razão, e para salvaguardar nossas possibilidades de uma abordagem integral como a que propomos, que As discussões realizadas apontaram como aspectos importantes a inserção política da ABEn, congreganado enfermeiros, técnicos, auxiliares e estudantes, bem como, seu comprometimento com as questões da Educação em enfermagem 38 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 Para enfrentar os novos desafios, as organizações precisam de uma clara visão do que pretendem atingir, um sentido de missão permeando todas as instâncias da entidade, bem como, estratégias claras de inserção social, um Conselho forte e uma administração flexível e organizada. Membros titulares: Ivete Santos Barreto, Eucléa Gomes Vale, Ângela Maria Alvarez, Cristina Maria Meira de Melo, Maria Auxiliadora Córdova Christófaro, Mauro A. P. Dias da Silva, Iraci Sofia Barbosa e Roberto Fernandes Pereira. Suplentes: Regina Coeli Nascimento, Isolina Lourdes Rios Assis, Alzirene Nunes de Carvalho, Maria Henriqueta Luce Kruse, Milta Neide Freire Barron Torrez, Kátia Aparecida de Oliveira e João Cardoso da Silva. 2 Veja O Jornal da Associação Brasileira de Enfermagem, Brasília/DF Ano 47 No.1 Jan.Fev.Mar. 2005 (editorial, Deliberações da 47ª. Reunião do CONABEn 5 e 6 de março 2005, p. 4; Diretrizes para repensar a ABEn p. 10; Repensar a ABEn:atividades e linhas de ação p 11) 3 Jussara Gue Martini, Eucléa Gomes Vale, Maria Henriqueta Luce Kruse, Maria Cláudia Tavares de Matos, Vilma Lobo de Oliveira, Ivete Santos Barreto, Ana Lígia Cumming e Silva, Isabel dos Reis Silva Oliveira e Amanda Martins Bastos. 1 julgamos necessário o desenvolvimento de um processo de reorganização pautado pelo envolvimento crescente de todos e todas nós que fazemos a ABEn. Inicialmente, é indicado discutirmos sobre a definição dos motivos principais da reorganização, examinar nossos objetivos e nossa inserção junto aos profissionais da enfermagem e no âmbito da sociedade, buscando identificar nossos problemas e propor soluções, examinando cuidadosamente as vantagens e desvantagens de cada uma das opções. É claro que precisamos, ainda, considerar que este não é um processo fácil. É irônico o fato de, apesar de comprometidos com as mudanças e o desenvolvimento da ABEn, sermos tão conservadores quando tratamos de mudanças. Para Hudson (1999), isso ocorre porque as mudanças são vistas como ameaças à independência da organização. Normalmente, acrescenta o autor, os favoráveis às mudanças argumentam em termos de melhoria da capacidade para responder às demandas de seus associados e da sociedade; por outro lado, os que defendem o “status quo” argumentam que as mudanças propostas rompem valores importantes da organização. Geralmente, existe um fundo de verdade em ambas as posições, desse modo, em pouco tempo, as mudanças necessárias ficam encalhadas no “lodo” dos argumentos competitivos. A saída indicada pelo autor é a construção do consenso sobre os processos de mudança. Outro aspecto importante a destacar é o de que embora a estrutura – o estatuto – seja essencial para que a organização funcione, o processo de “repensar” não se resume ou se esgota nele. É fundamental que tenhamos, como primeira meta, a construção coletiva de um projeto da “ABEn que queremos”, para então desenharmos um estatuto flexível, que responda às exigências de hoje, onde, em um período muito curto, o que parecia uma estrutura ideal, torna-se incoerente para as pessoas dentro e fora da entidade. Textos básicos CARVALHO, Anayde Corrêa de. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976 Documentário. Brasília –DF, 1976. PAIVA, Mirian Santos e cols. Enfermagem Brasileira: contribuição da ABEn. Brasília: ABEn Nacional, 1999. Revista Brasileira de Enfermagem [publicação da] Associação Brasileira de Enfermagem. V .53, n.1, p. 153-388, abr./ jun. 2001. SILVA, Isília Aparecida; FELLI, Vanda Elisa; CIAMPONE, Maria Helena Trench. Projeto Pró-ABEn: subsídios e reflexões para o marketing da Associação. 2001. (mimeo). VEIGA, Sandra Mayrink e DANIEL, R. Associações – como constituir sociedades civis sem fins lucrativos. Rio de Janeiro: Fase, 2002. Editoriais dos Jornais da ABEn – Ano 46, n. 4 – 2004; ano 47, n. 1, 2 e 3 – 2005 Jornal ano 47, n. 2 – 2005, p. 18 a 20. Jornal ano 47, n. 1 – 2005, p. 10 e 11. Referências VIZER, Eduardo A. La trama (in)visible de la vida social: comunicación, sentido y realidad. Buenos Aires:La Crujía, 2003. HUDSON, Mike. Administrando organizações do Terceiro Setor: o desafio de administrar sem receita. São Paulo: Makron Books, 1999. Jussara Gue Martini Enfermeira, Doutora em Educação. Docente e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina. Coordenadora da Comissão Especial Nacional de Reforma do Estatuto – CENRE – fase 2 e Segunda Tesoureira da ABEn – Nacional, gestão 2004-2007 ABEn - jun.ago.set./out.nov.dez 2007 39 “O passo a mais que, longe, muito longe, damos a cada caminhada é o que nos coloca mais próximos de tudo o que ainda podemos ser.” Que a Enfermagem seja capaz de dar um passo à frente, com lutas, vontade e decisão de ousar. E que no Ano Novo possamos crer na liberdade, nos impulsos da alma e na nossa intuição. Vamos praticar o sonho, acreditar e participar. Vamos viver a vida e ser feliz! Feliz Natal! A ABEn segue em frente... ABEn muito fez e continua fazendo em prol da Enfermagem. Contribui efetivamente para a consolidação do Sistema Único de Saúde e do controle social no país. Investe nas políticas nacionais de educação, envolvendo nesse processo as Escolas, Faculdades e Cursos de Enfermagem de nível médio, graduação e pósgraduação, mantêm a Revista Brasileira de Enfermagem e outros periódicos – a exemplo deste jornal –, promove anualmente os eventos de caráter científico, político e social e garante a oferta de programas de atualização em Enfermagem. A entidade percorre seu caminho e sua história com competência, trabalho e determinação sabendo que é preciso seguir em frente e mobilizar a categoria para o enfrentamento dos desafios atuais, numa sociedade tão complexa, dinâmica e desigual. Realizou neste ano um processo eleitoral transparente, ético, com votação direta, em escrutínio secreto, e para a gestão 2007-2010 da ABEn Nacional, Seções e Regionais. Elegeu profissionais cientes que é fundamental provocar a participação, despertar os ânimos e a coragem para a defesa permanente da Enfermagem e de seus espaços, ousar no fortalecimento da aliança com os usuários da saúde e na consolidação da relação de respeito com os demais profissionais, jun.ago.set./out.nov.dez 2007 2007 40 ABEn - jan.fev.mar. gestores e autoridades do sistema de saúde e com integrantes dos parlamentos e da Justiça brasileira. A disposição nos próximos anos é para preservar a história da profissão, articular novas estratégias de ação para aumentar o reconhecimento e a visibilidade da Enfermagem no contexto social brasileiro e mundial, fortalecer laços e construir novos, lutar com os usuários do SUS e os trabalhadores de enfermagem pelo direito à saúde, primar pela capacitação política e reafirmar a necessidade da vida associativa. Vida associativa que só é possível com participação. Participar e confiar na ABEn é demonstrar que acredita na profissão, no presente e no futuro da Enfermagem brasileira. Maria Goretti David Lopes Presidenta Eleita da ABEn Nacional Gestão 2007-2010