Industrialização e Revolução Industrial
A Revolução Industrial foi um processo de
industrialização que ocorreu em alguns
países da Europa no século 18 e início do
século 19, iniciando-se na Inglaterra. Antes
de iniciar mais a fundo a análise dessa
temática, é preciso fazer algumas ressalvas.
A construção de máquinas que auxiliam o
homem na sobrevivência e na produção de
diferentes artefatos é algo muito mais antigo
do que se pensa. Desde a antiguidade, o
homem se lança nessa tarefa de facilitar e
aumentar a produção de bens que ele acha
necessário. No Renascimento, por exemplo,
temos as máquinas criadas por Leonardo Da
Vinci, além de muitos outros criadores de tais instrumentos. Outras “revoluções” industriais
ocorreram ao longo da história da humanidade. A do século 18 foi, portanto, mais uma delas,
porém com características singulares e, dessa vez, com uma propensão a se globalizar, ainda
que de forma muito lenta. Talvez o que tenha de mais novo a partir do século 18 seja a tendência
de produzir em grandes escalas, como nunca foi feito, utilizando novas tecnologias que, aos
poucos, foram se desenvolvendo por meio do investimento técnico e científico típico da
mentalidade da época.
A Revolução Industrial pode ter se iniciado na Inglaterra, porém de uma forma lenta e não
necessariamente igual às outras regiões da Europa e do mundo. Em muitos países europeus, no
início do século 20, ainda se tinha uma produção agropecuária hegemônica e com poucas
indústrias de larga escala. O mesmo pode-se dizer do Brasil, que teve um processo de
industrialização tardio se comparado com outros países europeus.
Alguns historiadores localizam a Revolução Industrial na
Inglaterra, no recorte da segunda metade do século 18.
Numa definição geral, pode-se dizer que houve uma
mudança nas formas industriais de se produzir certos
bens, passando da manufatura para a “maquinofatura”
de larga escala. Não foi somente uma modificação no
campo da técnica e da economia, mas uma
transformação social e cultural das sociedades
europeias, envoltas no tempo, no espaço e nas formas
de trabalho industriais.
A descoberta do Novo Mundo, a atuação dominante da
economia europeia no mundo, o aumento da população
e o acúmulo de capitais nos grandes centros
econômicos europeus criaram um ambiente propício
para a Revolução industrial. A demanda pelos produtos
passou a ser grande, criando a necessidade de ampliar a produção. Os grandes galpões
industriais, que substituíram as antigas oficinas manufatureiras, foram as opções mais plausíveis
que a burguesia industrial encontrou. Os gastos eram destinados não apenas à criação de
fábricas, mas à compra de matéria-prima e ao pagamento dos salários dos trabalhadores. Outro
fator que contribuiu para o processo de industrialização na Europa foi a chegada da burguesia na
política, que favoreceu as práticas econômicas liberais e, dessa forma, a livre atuação dos donos
de fábricas e dos comerciantes.
A produção era feita em série e em larga escala. O trabalhador se especializava em uma área da
fábrica e ficava o dia todo fazendo a mesma coisa, aumentando e tornando mais rápida a
fabricação dos produtos. A produção em larga escala barateou o custo das mercadorias, gerando
altos lucros para os donos e baixos salários para os homens, mulheres e crianças que
trabalhavam nesses locais.
Para essas novas máquinas serem mais rápidas e
produzirem mais, foram necessárias novas
descobertas e investimentos. Um dos marcos do
processo de industrialização foi o aperfeiçoamento
da máquina a vapor por James Watt, que ajudou a
tornar a produção mais eficiente, como queriam os
donos das fábricas. Nesse sentido, o carvão e o
ferro se tornaram matérias-primas essenciais e
muito procuradas. O carvão para gerar o vapor e o
ferro para a construção do maquinário.
Em meio a esse processo, a Inglaterra ganhou
vantagem. Ela possuía um subsolo rico em carvão e
ferro e, mais do que isso, tinha uma reserva
financeira muito alta, advinda dos seus negócios e comércios feitos ao redor do mundo. Além
disso, tinha uma política interna estável, propiciada pela Revolução Gloriosa, diferente de alguns
dos outros países. A indústria têxtil foi a que ganhou maior destaque no início, contando com o
algodão produzido pelas colônias inglesas, principalmente a Índia.
Além de todas essas mudanças, a industrialização da Europa fez emergir novas formas de
trabalho, de relações sociais e de produção cultural. Uma nova concepção de progresso se
sobressaiu, afirmando que a industrialização é o caminho para o desenvolvimento, para o
progresso e riqueza da nação. Essa ideia pode ser questionada, pois junto com a indústria vieram
muitas facilidades, mas também muitos problemas: baixos salários, poluição, péssimas condições
de trabalho, alienação do trabalho, entre muitos outros aspectos negativos.
Referências
DECCA, Edgar de. O nascimento das fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1982.
IGLESIAS, Francisco. A revolução industrial. São Paulo: Brasiliense, 1981.
Imagem 1: A obra de Philipp Jakob Loutherbourg, de 1801, representa muito bem a poluição
gerada pelas fábricas
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Philipp_Jakob_Loutherbourg_d._J._002.jpg>.
Imagem 2: Ferro e Carvão, de William Bell Scott (1855-60)
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:William_Bell_Scott_-_Iron_and_Coal.jpg>.
Imagem 3: Uma máquina a vapor de tipo Watt, construída por D. Napier and Son (Londres) em
1859 <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Maquina_vapor_Watt_ETSIIM.jpg>.
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