Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ A 3ª REVOLUÇÃO DA QUALIDADE Depois de aperfeiçoarmos a qualidade do produto e a qualidade do serviço, é preciso unir for ç as para melhorar a qualidade da informação. Os prejuízos resultantes de informações erradas podem ser enormes. Por Karl Albrecht1 Todos já passamos ou estamos passando pela revolução da qualidade de produtos e serviços. Ela continuará acontecendo em ambos os casos, mas é preciso prestar atenção em outra revolução, bastante importante, que está a caminho: a revolução da qualidade da informação. Trata-se de sistematizar formas de evitar os custos elevadíssimos resultantes dos defeitos ou erros de manipulação das informações. Neste artigo, escrito com exclusividade para HSM Management, o guru da qualidade dos serviços Karl Albrecht apresenta com clareza os componentes do mundo da informação –dados, informações, conhecimentos– e, com base nisso, propõe um modelo de qualidade da informação que se baseia em cinco pontos: logística de dados, proteção de dados, comportamento das pessoas em relação à informação, apresentação da informação e criação de conhecimento. Além do modelo, Albrecht sugere um processo de conscientização da qualidade da informação em quatro etapas: avaliação de problemas e oportunidades; priorização da mudança; redesenho de sistemas, processos e práticas e retreinamento das pessoas; reintegração dos processos e comportamentos pessoais. Precisamos de uma terceira revolução da qualidade, e quanto mais cedo começar, melhor. Passa-mos pela revolução da qualidade do produto e da qualidade do serviço. Ambas ainda estão acontecendo e nos trazem lições valiosas. Agora virá a revolução da qualidade da informação. 1 Karl Albrecht é reconhecido internacionalmente como o pioneiro da assim chamada “Revolução nos Serviços” e considerado uma das maiores autoridades mundiais em qualidade dos serviços. É autor de 20 livros sobre administração e eficácia organizacional, incluindo os best sellers Revolução nos Serviços, A Única Coisa que Importa, Serviços Internos (ed. Pioneira), Programando o Futuro e Serviços com Qualidade (ed. Makron Books). O título de seu próximo livro, a ser publicado pela American Management Association, é Corporate Radar: Tracking the Forces that Are Shaping Your Business. Presidente do grupo Karl Albrecht International, Albrecht supervisiona a aplicação prática de seus conceitos por meio de uma firma de consultoria, uma empresa de treinamento e uma editora. 1 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ Com tudo que se tem falado a respeito da mudança para uma economia baseada em informações, é surpreendente quão pouco se fala a respeito dos custos elevadíssimos resultantes dos defeitos ou erros de manipulação das informações. O problema da qualidade da informação é um gigante adormecido, cujas conseqüências podem fazer com que os efeitos da qualidade de produtos e serviços, combinados, pareçam ínfimos. A qualidade da informação é, virtualmente, o reverso de todos os outros tipos de problemas com qualidade que possamos enumerar. E a redução de custos relativos à informação poderia apresentar uma grande oportunidade de aumento no retorno do investimento de várias empresas. Exemplo ilustrativo: a qualidade da assistência médica nos Estados Unidos tem a reputação de ser a melhor do mundo. Apesar disso, a Associação Médica Americana estima que mais de 120 mil americanos morrem, todos os anos, por erro de diagnóstico, tratamento ou medicamento. Quem sabe qual o custo real desse problema de qualidade da informação? Exemplo ilustrativo: vários estudos estimaram que os scanners instalados em pontosde-venda em milhares de supermercados, lojas de departamento e várias outras lojas registram preços incorretos com uma freqüência que varia de 1% a 3%, em virtude de erros na base de dados ou defeitos do scanner. Embora essa proporção signifique que 97% dos preços estão corretos, os 3% restantes se traduzem em milhões de registros de preços errados e outros tantos milhões de dólares perdidos. Exemplo ilustrativo: 20% a 30% dos contribuintes norte-americanos que telefonam para a Receita Federal dos EUA (IRS)pedindo informações desistem da chamada por causa da longa espera. Daqueles que conseguem falar com um funcionário, 25% recebem informações erradas a respeito das regras da declaração de impostos e, possivelmente, fazem sua declaração de acordo com as instruções que lhes são dadas. O custo dessa falha de informação é incalculável. 2 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ As atrocidades cometidas no campo das informações são tão comuns nos negócios e no governo que a maioria de nós as aceita quase sem protestar. Mas, para parafrasear uma pergunta clássica: se fomos capazes de enviar o homem à Lua, por que será que meu banco não consegue fazer uma transferência correta do meu cliente no exterior para mim? Por que minha corretora on-line fechou minha conta depois que seu departamento perdeu o formulário que eu havia preenchido há dois anos para abrir a conta? Por que a compra de uma casa envolve uma montanha de papéis, muitos dos quais incompreensíveis e redundantes? Por que o sistema operacional do meu computador dá pau em média uma vez por dia? Será que não temos capacidade de fornecer serviços melhores relativos às informações a um custo menor? Menos é mais Outro aspecto crítico da qualidade da informação deve ser a redução da quantidade de informação. Um de nossos maiores problemas com a terceira revolução da qualidade será como nos livrar de informações e não como gerar mais. Nas sociedades avançadas, principalmente nos Estados Unidos, já ultrapassamos o limite da poluição informativa. Temos de aprender a jogar fora, em vez de adorar e acumular informações. O aspecto negativo dos microcomputadores, por exemplo, é bastante semelhante ao efeito dos carros. Assim como cada carro a mais representa custos adicionais de infraestrutura de transporte e mais poluição no ar, exigindo que, em determinado momento, façamos investimentos adicionais para mudanças ambientais, cada novo microcomputador impõe custos, gera mais informações –a maioria, mera poluição– e tem de ser reciclado quando se torna obsoleto, cerca de três anos mais tarde. O mesmo raciocínio vale para a Internet. Cada novo website faz com que seu criador se sinta parte da revolução cibernética, porém também acrescenta poluição que o resto de nós tem de agüentar. Os tão celebrados mecanismos de busca, como Yahoo!, Alta Vista, Excite e outros, se tornarão cada vez menos úteis, à medida que degenerarem em catálogos de informações dispensáveis. Temos de adotar a máxima “quanto menos, melhor”; isto é, temos de reduzir a produção indisciplinada, a duplicação e a distribuição de informações sem valor. Um relatório ilustrado de dez páginas é realmente melhor do que um de uma página se esta única página captar a essência das informações necessárias? O recente sucesso de livros em “cápsulas”, edições simplificadas publicadas com os títulos de “Livros para Burros” (dummies ou idiots), é prova de que as pessoas estão totalmente sobrecarregadas de 3 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ informações e querem conhecimentos depurados sobre tópicos específicos, não um jato d’água de mangueira contra incêndio. Dados, informação e conhecimento Precisamos entender, também, a diferença entre dados, informação e conhecimento. São três coisas diferentes que não devem ser confundidas. Pode ser muito útil distinguir claramente os três termos. Aqui estão minhas definições favoritas: ! Dados: átomos de matériaprima a ser trabalhada pelo homem. É o nível simbólico irredutível, no qual a codificação alfanumérica nos permite transportar a matériaprima de um lado para outro, como tantos grãos ou sacos de arroz. Os dados são inertes. São granulares. Podem ser armazenados e transportados a despeito de seu significado. ! Informação: disposição dos dados de modo que façam sentido, criando padrões e ativando significados na mente das pessoas. São as palavras, as ilustrações e os sons, em lugar dos grãos de dados. As informações são dinâmicas. Existem no nível da percepção humana. ! Conhecimento: conteúdo de valor agregado do pensamento humano, derivado da percepção e manipulação inteligente das informações. Os conhecimentos são transcendentes. Existem apenas na mente do pensador. São a base de ações inteligentes. Algumas das pontas da estrela podem ser mais fáceis de abordar, como a proteção de dados Ao trabalhar com essas diferenças, temos ainda de lembrar que o termo “informação” tornou-se o rótulo genérico para as três expressões. Portanto, trata-se ainda da revolução na qualidade da informação, embora envolva os três níveis. 4 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ Modelo Do ponto de vista da metodologia, precisaremos de um novo grupo de modelos, métodos e ferramentas para revolucionar a qualidade da informação em nosso negócio. Com base nas diferenças entre dados, informação e conhecimento, podemos nos lembrar de pelo menos cinco pontos críticos de foco para arquitetar o ataque (veja figura ao lado): ! Logística de dados. É provavelmente o primeiro aspecto da qualidade da informação que ocorre ao pessoal de tecnologia, incluindo equipamentos, software e infra-estrutura para armazenamento, cópia, transmissão, recepção, distribuição e gerenciamento geral dos dados. Porém, é necessário incluir, também, informações em papel, mídia magnética e outros meios, e “exemplares”, como, por exemplo, originais, protótipos, projetos e expressões singulares. ! Proteção de dados. Todos os elementos necessários para proteger as informações de perda, destruição, roubo, adulteração ou sabotagem. Incluem-se aí a segurança física e eletrônica, as práticas de trabalho dos funcionários e as políticas de proteção da privacidade das informações e da propriedade intelectual dos clientes. ! Comportamento em relação à informação. Aquilo que os seres humanos fazem trabalhando com dados e informações, incluindo o registro das informações manualmente ou por computador; procura de informações em várias fontes; conversão de informações por cópia ou transcrição, paráfrase, resumo ou interpretação; obtenção de informações de outros e fornecimento de informações a outros, em pessoa, por telefone ou por meios eletrônicos. ! Apresentação da informação. O uso de software e outras ferramentas para criar novas informações e conhecimentos, transformando a informação-fonte em formato que tenha significado. Inclui-se, nesse caso, o uso de ferramentas como processadores de textos, bancos de dados, planilhas, ferramentas de design gráfico, páginas na Web e outras formas on-line. ! Criação de conhecimento. A capacidade humana de compreender e concluir a partir de informações existentes. Inclui também inventos, a conceituação de novas idéias, a concepção de novas estratégias, a construção de novos modelos e a revisão de pontos de vista. Temos de reduzir a produção indisciplinada de informações sem valor Algumas dessas dimensões da qualidade são mais suscetíveis ao ataque direto do que outras. Pode ser mais fácil projetar uma “firewall” (barreira) para proteger os dados de computação de uma empresa contra sabotagem do que garantir que os empregados em contato com clientes lhes dêem informações completas e precisas. Porém, será que devemos considerar uma iniciativa mais importante do que a outra? Pode ser mais fácil 5 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ implementar práticas para garantir as informações do cliente do que incentivar os empregados a imaginar novas maneiras de vender. Ambos os esforços, porém, merecem atenção e melhoras. O modelo de qualidade da informação em forma de estrela sugere um tipo de espectro que vai de sistemas e práticas mais concretos a dimensões comportamentais e cognitivas mais esotéricas. Torna claro também que o problema da qualidade é grande demais para caber em apenas uma função do organograma –principalmente a do departamento de tecnologia da informação. O maior erro que algumas empresas cometem é interpretar a questão da qualidade da informação como “problema de informática”. Afinal de contas, a garantia da qualidade da informação (information quality assurance ou IQA, em inglês) é importante demais para ser deixada a cargo do pessoal da tecnologia. Temos de lembrálos de que os dados digitais não são os únicos, de modo algum. É preciso “secularizar” e democratizar a questão da qualidade da informação e torná-la algo pertencente a todos. Uma das capacitações mais importantes, necessária para os funcionários no novo mundo do trabalho, será a “conscientização da qualidade da informação” (em inglês, a mesma sigla IQA, mas significando information quality awareness). Uma forma simples de comportamento em relação à informação é lembrar de dizer uma coisa a alguém ou completar uma tarefa específica sem ter de ser relembrado pelo supervisor. O comportamento com relação à informação também inclui o gerenciamento das prioridades de trabalho próprias e a manutenção de registros necessários para fazer o próprio trabalho. Processo de quatro fases Seja qual for seu setor de atividade, se os líderes de uma empresa querem se comprometer seriamente com a Garantia da Qualidade da Informação, devem seguir um programa em etapas. Podemos pensar em uma iniciativa empresarial típica como tendo quatro fases, que se reciclam umas sobre as outras: ! Avaliação. Identificação dos problemas críticos e oportunidades relativos à qualidade da informação. Envolve uma revisão sistemática e uma análise de todos os principais processos do negócio, incluindo o comportamento do funcionário com relação à informação, a identificação de atividades de alto custo ou alto volume e a estimativa do custo da qualidade da informação. ! Priorização da mudança. Seleção dos problemas e oportunidades relativos à qualidade da informação que darão maior retorno aos recursos investidos para 6 Assine GRÁTIS!!! Email: [email protected] Outros artigos consulte: http://www.kmpress.com.br/ abordá-los. Incluem-se aí sistemas de computação, fluxos de processo, práticas de trabalho e desenvolvimento de habilidades necessárias dos funcionários. ! Redesenho e “retreinamento”. Alteração de sistemas, processos e práticas, bem como auxílio às pessoas que os usam para aprender a capitalizar as melhorias. Esse estágio pode também propiciar benefícios e redução de tempo do ciclo. Muitas intervenções envolverão a participação de funcionários, bem como treinamento e convencimento para apoiar novos padrões de comportamento com relação à informação. Exemplo de bom comportamento em relação à informação: lembrar algo sem a “ajuda ” do chefe ! Reintegração. Tornar menos perceptíveis as ligações e os limites entre os vários processos de negócios. Esse é um processo sem fim, que abrange o enxugamento, a simplificação e a integração dos processos e comportamentos para alinhá-los cada vez mais com a meta do negócio. Motivação para agir Os prejuízos reais causados à economia de todos os países por causa de informações errôneas ou falhas nos processos são, em última análise, imponderáveis. O bom senso e a experiência do dia-a-dia, contudo, mostram que devem ser colossais. Melhorar a qualidade e reduzir os custos da informação, nesta tão propalada Era da Informação, é uma das últimas oportunidades não exploradas de aumentar de forma significativa os dividendos dos ativos dos negócios, tanto físicos quanto humanos. À medida que passarmos a conhecer melhor a atuação de qualquer empresa como uma organização baseada em informação e a reconhecer os papéis emergentes das pessoas tidas como profissionais do conhecimento, precisaremos buscar novas formas de tornálos mais eficientes e produtivos. As organizações que tirarem partido da oportunidade poderão ser regiamente recompensadas. E parece haver pouco a perder. Colaboração de Tina PETROBRAS/E&P/Geplan [email protected] 7