Para obter informações mais detalhadas, favor contatar: Daniel Cooney – e-mail: [email protected] Jeff Haskins– e-mail: [email protected] Para divulgação imediata Cientistas propõem impulso para salvar terras turfosas do mundo ricas em carbono BOGOR, Indonésia (24 de novembro de 2010) – Segundo demonstram novas análises, volumes maciços de carbono estão sendo liberados na atmosfera à medida que faixas de florestas que crescem nos pântanos de turfas no Sudeste Asiático estão sendo transformadas em plantações de óleo de palma, levando cientistas a propor um enfoque especial sobre esta matéria nas próximas conversações sobre o clima. As terras turfosas cobrem cerca de 3% do solo da terra, mas são depositárias de até um terço de todo o carbono do solo. Se esse carbono fosse emitido na atmosfera seria igual a cerca de 75 anos de queima de combustíveis fósseis à taxa global atual. Mais de 100.000 hectares de terras turfosas no Sudeste Asiático estão sendo transformados anualmente em plantações de óleo de palma e pasta de madeira. Em um artigo revisado por pares, publicado este mês em the journal PNAS, cientistas do Center for International Forestry Research (CIFOR – Centro de Pesquisas Florestais Internacionais), Daniel Murdiyarso, Kristell Hergoualc’h e Louis Verchot propuseram um enfoque especial sobre terras turfosas em toda futura negociação referente à REDD+, um mecanismo para redução de emissões causadas pelo desmatamento e degradação florestal, bem como conservação e gestão sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono. “É preciso ação urgente para frear a tremenda taxa atual de destruição de florestas cobertas de terras turfosas”, afirmou Murdiyarso. “Sabemos que as terras turfosas contêm mais carbono subterrâneo do que o carbono armazenado na superfície, mas o volume liberado como emissões depende de muitos fatores biofísicos e de práticas de gestão.” As diretrizes de contabilização dos gases de efeito estufa, estipuladas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) não mencionam especificamente a turfa. Referem-se mais amplamente aos pantanais, que também incluem arrozais, pântanos, rios naturais e sistemas lacustres – os quais contêm muito menos carbono. “Até agora sabemos muito pouco sobre os fatores de emissão para a contabilização de gases de efeito estufa nas terras turfosas tropicais, muito menos do que outros ecossistemas”, afirmou Hergoualc’h. “Mas temos agora uma ideia melhor desses fatores relacionados com as terras turfosas. Calculamos a perda do carbono da turfa causada pela mudança no uso da terra medindo o grau em que um desvio na vegetação alterou os principais insumos de carbono e os produtos da turfa.” As terras turfosas são encontradas geralmente em áreas pantanosas nas quais as condições de saturação da água restringem a difusão do oxigênio no solo, retardando a decomposição da matéria orgânica morta, tais como plantas e árvores. Embora os solos turfosos tendam a ser deficientes em nutrientes e, portanto, somente adaptáveis a certos tipos de agricultura, esses ecossistemas são, pelo menos nos trópicos, importantes para a biodiversidade, proporcionando habitat para milhares de espécies, incluindo muitos animais e plantas endêmicos e raros. As terras turfosas são usadas em grande escala nas comunidades que as habitam, especialmente como madeira e combustível. Na Indonésia, onde existe uma das maiores áreas de terras turfosas do mundo, a proteção desses "reservatórios" de carbono foi posta em risco por uma regulamentação nacional de 2009 que permite o desenvolvimento de plantações de óleo de palma em uma profundidade de turfa inferior a três metros. Isso ocorreu apesar de um relatório divulgado no mesmo ano pelo governo revelar que quase metade das emissões do país provém da destruição e degradação das terras turfosas. A Indonésia é o terceiro maior emissor de gases do efeito estufa do mundo. Um dos grandes desafios do uso da REDD+ para reduzir a taxa de destruição das terras turfosas é encontrar uma forma de compensar adequadamente as pessoas para não plantarem óleo de palma em terras turfosas. Um hectare de óleo de palma na Indonésia produz ao proprietário um lucro de US$ 4.000 a US$10.000. É mais lucrativo do que deixar a floresta e as terras turfosas intocadas e acumulando créditos de carbono de mercados voluntários, os quais, segundo as taxas atuais, produzem de US$ 500 a US$ 1.000. A demanda crescente de óleo de palma por parte da China, Índia e Europa, lugares onde é usado principalmente como óleo de cozinha, pode tornar a indústria ainda mais lucrativa. "Salvo se as futuras políticas climáticas globais criarem incentivos financeiros significativos para superar os impulsos econômicos do desmatamento, a REDD+ não poderá competir financeiramente", afirmou Verchot. Segundo se estima, a perda total de carbono proveniente da transformação de florestas pantanosas turfosas em óleo de palma é de cerca de 60 ± 10 toneladas de dióxido de carbono por hectare por ano nos primeiros 25 anos após a mudança da cobertura do uso da terra. Mais dessa metade provém da própria turfa. Cerca de um quarto do volume total de emissões é liberado no primeiro ano quando se usa a queima para limpar a terra. Esta cifra total é mais do que o dobro da perda de carbono proveniente da conversão de florestas de solo mineral em plantações de óleo de palma. Embora há muito se creia que as terras turfosas são áreas críticas para o armazenamento do carbono e que sua perda resulte em uma liberação desproporcional de gases de efeito estufa na atmosfera, poucos esforços são envidados para compreender ou quantificar os níveis de armazenamento de carbono oferecido por esses ecossistemas. O CIFOR e seus parceiros estão atualmente realizando estudos para monitorar e medir os reservatórios e fluxos de carbono nas terras turfosas em toda a Indonésia na esperança de que tal informação ofereça uma arma valiosa no combate à mudança climática. ############## Para ler o artigo da Academia Nacional de Ciências (PNAS) dos EUA, intitulado Opportunities for reducing greenhouse gas emissions in tropical peatlands (Oportunidades para reduzir as emissões de gases do efeito estufa nas terras turfosas tropicais),” clique aqui. ############## O Centro de Pesquisas Florestais Internacionais (CIFOR) promove o bem-estar humano, conservação ambiental e equidade mediante a realização de pesquisas para informar políticas e práticas que afetam as florestas dos países em desenvolvimento. O CIFOR ajuda a assegurar que a tomada de decisões que afeta as florestas se baseie em ciência e princípios sólidos de boa governança e reflita as perspectivas dos países em desenvolvimento e das pessoas dependentes da floresta. O CIFOR é um dos 15 centros do Grupo Consultivo em Pesquisas Agrícolas Internacionais. www.cifor.cgiar.org www.ForestsClimateChange.org Insta-se os jornalistas que estiverem em Cancún para a COP 16 a participarem do Dia da Floresta em 5 de dezembro de 2010. O Dia da Floresta é uma das principais plataformas globais para qualquer pessoa interessada em florestas e mudança climática se reunir com outras e trocar pontos de vista. No ano passado cerca de 1.500 pessoas participaram do evento em Copenhague, incluindo líderes mundiais, três vencedores do Prêmio Nobel, cientistas de renome, doadores, formuladores de política, líderes de comunidades indígenas, 250 negociadores climáticos e mais de 100 jornalistas. Neste ano prevê-se a participação de 2.000 pessoas. Para obter informações mais detalhadas e fazer inscrição, favor consultar o website www.forestday.org