AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO TURISTA EM RELAÇÃO AO
ECOTURISMO EM UMA RESERVA PARTICULAR - RPPN FAZENDA
CABECEIRA DO PRATA - JARDIM - MS
Ana Alice Bilha – [email protected]
Universidade de Caxias do Sul, Campus da Região dos Vinhedos, Centro de Ciências Exatas, da
Natureza e Tecnologia, Curso de Ciências Biológicas.
Alameda João Dall Sasso, 800, Bairro Universitário.
95700-000 – Bento Gonçalves – RS
Resumo: A Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Cabeceira do Prata situa-se à
aproximadamente 30 km da cidade, no município de Jardim/MS. Está inserida na Fazenda Cabeceira
do Prata, também conhecida por Recanto Ecológico Rio Da Prata, que possui como principais
atividades a agropecuária e o ecoturismo, oferecendo ao turista os passeios de trilha, flutuação,
mergulho, observação de aves e cavalgada. Dentro da reserva encontra-se o rio Olho D’água com
aproximadamente 1.450 metros de extensão. É um rio de águas cristalinas, de profundidade baixa,
com exceção em alguns pontos. Devido a sua transparência e exuberante riqueza de fauna e flora, é
utilizado para o ecoturismo no passeio de flutuação do atrativo. Para usufruir do local, visando
causar o mínimo impacto possível, o atrativo possui um rigoroso sistema de gestão de segurança e de
preservação ambiental, buscando alcançar a sustentabilidade em suas atividades, desenvolvendo o
turismo ecológico dentro de uma reserva particular. O objetivo desse artigo é descrever os resultados
da avaliação da percepção do turista em relação às informações ecológicas e de segurança passadas
pelos guias e colaboradores do grupo durante o passeio. Para a análise utilizou-se a observação in
loco do atendimento dos guias e colaboradores, bem como o preenchimento de um formulário de
pesquisa tipo checklists aplicado com os turistas.
Palavras-chave: Ecoturismo, Preservação ambiental, Trilha, Flutuação.
ASSESSMENT OF TOURIST PERCEPTION IN RELATION TO
ECOTOURISM IN A PRIVATE RESERVE - PRNH (private reserve of
natural heritage) “FAZENDA CABECEIRA DO PRATA” - JARDIM - MS
Abstract: The Private Reserve of Natural Heritage (PRNH) Fazenda Cabeceira do Prata is located
about 30 km away from the city of Jardim/MS. It is inserted at Fazenda Cabeceira do Prata, also
known as Recanto Ecológico Rio da Prata, which has as main activities agropastoralism and
ecotourism, providing tourists the trail rides, floating, diving, birdwatching and horseback riding.
Within the reserve is the river Olho D'água with approximately 1450 meters long. It is a river of clear
water, shallow, with the exception of some places. Due to its transparency and exuberant wealth of
fauna and flora, this place is used for ecotourism in the attractive floating ride. To enjoy the place,
aiming to cause the least possible impact, the appeal has a strict system of safety management and
environmental preservation, seeking to achieve sustainability in its activities, developing ecotourism
in a private reserve. This article aims to describe the evaluation results of the tourist perception in
relation to ecological and safety information transmitted by the guides and group employees during
the tour. For the analysis we used the on-site observation of care guides and employees, as well as
filling out a survey form type checklists applied to tourists.
Keywords: Ecotourism, Environmental Conservation, Trail, Floating.
1. INTRODUÇÃO
A Fazenda Cabeceira do Prata, também conhecida por Recanto Ecológico Rio da Prata,
situa-se em zona rural, aproximadamente 30 km da cidade, no município de Jardim/MS. O atrativo
possui como principais atividades a agropecuária e o ecoturismo, oferecendo ao turista os passeios de
trilha, flutuação, mergulho, observação de aves e cavalgada. Dentro dos limites da fazenda existe uma
reserva particular, a RPPN Fazenda Cabeceira do Prata com 307,53 hectares, abrangendo 21% da área
total da fazenda (COELHO et al., 2007).
Dentro da reserva encontra-se o rio Olho D’água, afluente do Rio da Prata com
aproximadamente 1.450 metros de extensão. É um rio de águas cristalinas, de profundidade baixa com
exceção em alguns pontos onde a profundidade é pouco maior. Devido as suas características de
transparência, baixa profundidade e maior incidência de luz, esse rio comporta uma exuberante
riqueza de peixes e plantas aquáticas. Toda essa riqueza acaba atraindo pessoas de vários lugares do
mundo para conhecer o local e ter um momento de interação total com a natureza, dessa forma, o
mesmo é utilizado para o ecoturismo no passeio de flutuação do atrativo.
O rio possui suas nascentes principais no inicio do passeio de flutuação e para chegar-se a
esse ponto, os turistas percorrem uma trilha interpretativa em mata nativa por aproximadamente 30
minutos. Para usufruir do local procurando causar o mínimo impacto possível, o atrativo possui um
rigoroso Sistema de Gestão Ambiental e de Segurança, buscando alcançar a sustentabilidade em suas
atividades, desenvolvendo o turismo ecológico dentro de uma reserva particular. A área ambiental é
monitorada diariamente através da checagem de trilha, onde se analisam se houve indícios de impacto
antrópico, como alargamento de trilha por pisoteio, vandalismo, objetos perdidos pelo caminho ou
durante o treinamento.
No sistema de segurança é feito checagem da estrutura das passarelas e deques, dos kits
de primeiro socorros, rádios de comunicação e material de apoio (barco e coletes). Esse trabalho é
feito antes do primeiro grupo iniciar as atividades. Ainda, visando à preservação do local, o passeio de
flutuação possui Licença Ambiental de Operação para 15 grupos por dia, onde cada grupo possui no
máximo nove integrantes mais o guia (COELHO et al., 2007). Os grupos são liberados a cada meia
hora da sede do receptivo, evitando assim encontros e aglomerações que possam causar danos ao
ambiente. Todo o percurso do passeio dura em torno de 3 horas e 30 minutos.
Na sede do receptivo, os turistas podem ainda conhecer, através de uma pequena trilha
interpretativa, os demais projetos ambientais da fazenda, como o viveiro de mudas. Nele são
produzidas diversas espécies de árvores nativas para suprir as necessidades dos projetos de
reflorestamento da própria reserva, bem como da região, através de parceria com o Instituto das Águas
da Serra da Bodoquena-IASB, o qual doa muda para reflorestamento através do projeto Ilhas Verdes.
Considerando-se a preocupação e envolvimento da fazenda com as questões ambientais, o
objetivo desse artigo é demonstrar os resultados de uma pesquisa realizada no mês de janeiro de 2015,
onde se procurou avaliar a percepção do turista em relação às informações ecológicas e de segurança,
passadas pelos guias e colaboradores durante o passeio.
2. OBJETIVOS
Avaliar através de pesquisa a percepção do turista em relação ao ecoturismo em uma
Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN.
3. METODOLOGIA
O trabalho desenvolveu-se através do preenchimento de um formulário de pesquisa tipo
checklists, onde os turistas respondiam perguntas sobre atendimento, conhecimento sobre a reserva,
respeito com o meio ambiente, regras de segurança e satisfação dos serviços prestados.
Os locais utilizados para a coleta de dados do questionário foram o setor de
equipamentos, trilha, nascente e flutuação. Foram entrevistados oito visitantes de grupos aleatórios em
um dia de pesquisa.
4. RESULTADOS
4.1 Questões sobre os prestadores de serviço em Guias de Turismo:
O Guia demonstrou postura profissional e respeito?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Sim, mas pode
melhorar
Não
Figura 1. Quantidade de clientes satisfeitos com os serviços dos guias.
Foi passado informações durante a trilha?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Sim, mas pode
melhorar
Não
Figura 2. Respostas às informações passadas pelo guias durante a trilha.
Sobre quais informações você mais gostou?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Árvores
Animais
História da
fazenda
Cultura local
Figura 3. Preferência de informações respondidas pelos visitantes.
4.2 Questões de conhecimento antes e após o passeio:
Você sabia que a trilha aqui seria feita em uma RPPN?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 4. Conhecimeto do visitante antes de realizar o passeio no Rio da Prata.
Saber que tem uma RPPN faz você considerar que o
passeio Rio da Prata é:
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Melhor porque tem
uma RPPN
Não interfere na
qualidade
Tanto faz
Figura 5. Nº de visitantes que consideram o passeio melhor por ter uma RPPN.
4.3 Questões sobre o treinamento no setor de equipamento:
Antes de descer para a trilha você conseguiu entender
como seria o passeio?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 6. Visitantes que compreenderam todo o passeio.
As regras de segurança foram claras?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 7. Quantidade de visitantes que entenderam as regras do passeio.
4.5 Questões sobre as regras ambientais:
O treinamento com equipamento no início da flutuação
foi eficiente?
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 8. Quantidade de visitantes que se adaptaram bem ao equipamento.
Você compreendeu as regras ambientais para fazer a
flutuação?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 9. Entendimento sobre as regras de não pisar, não coletar e não mergulhar.
Você acha que algum visitante não respeitou as regras
ambientais?
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Não
Figura 10. Índice de visitantes que acha que outros visitantes não respeitaram as regras.
Quando questionados sobre o que achavam que deveria ter sido feito com os visitantes que não
respeitaram as regras, os oito entrevistados não opinaram à pergunta.
4.6 Questões sobre atendimento dos colaboradores internos:
Os funcionários que você teve contato demonstraram
postura, profissionalismo e respeito?
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Sim
Sim, mas pode melhorar
Não
Figura 11. Respostas positivas ao atendimento dos colaboradores internos.
Através da análise dos gráficos, pode-se observar que o passeio de ecoturismo
desenvolvido na RPPN Fazenda Cabeceira do Prata teve um resultado positivo na percepção do
turista.
De acordo com os resultados, é notório o envolvimento na preservação do meio ambiente,
tanto pelos guias e colaboradores, na hora de passar as informações, quanto pelos próprios turistas
durante o passeio. Todavia chama atenção também, o fato de a totalidade dos turistas responderem que
não sabiam da existência de uma reserva no atrativo e de os mesmos achar depois de realizado o
passeio, que esta influencia na qualidade do mesmo.
Ainda assim, mesmo com resultados satisfatórios, é recomendável uma avaliação mais
aprofundada sobre o tema, uma vez que esta pesquisa abordou menos de 10% da quantidade de
turistas que realizaram o passeio em um dia no atrativo, considerando-se 15 grupos com nove
integrantes cada.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os trabalhos de pesquisa em unidades de conservação são de suma importância para a
preservação do ecossistema. Dessa forma, a avaliação da percepção do turista em relação à RPPN,
mesmo com um pequeno número de entrevistados, contribuiu de forma significativa para o seu
desenvolvimento, pois através da pesquisa, a Fazenda Cabeceira do Prata, busca conciliar preservação
do meio ambiente e conservação da diversidade biológica com a educação ambiental, assegurado
assim proteção dos recursos naturais da reserva.
AGRADECIMENTOS
Ao Grupo Rio da Prata, pela oportunidade de estágio que me permitiu desenvolver essa
análise.
Aos colaboradores do Recanto Ecológico Rio da Prata, pela ajuda e acolhida durante o
estágio.
6. REFERÊNCIAS
COELHO, E. F. C.; Manço, D. D. G. (coord.); Pivatto, M. A. C.; Maria, V. R. B.; Duleba, S.; Milano,
M. Z.; Mainchein, J. C.; Sabino; J.; Andrade, L. P. Diagnóstico e Plano de Manejo da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Cabeceira do Prata, Jardim – MS. Programa de Incentivo às
Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Conservação Internacional do Brasil - Associação dos
Proprietários das RPPNs de MS - Recanto Ecológico Rio da Prata. Jardim, MS, 2007. 358p.
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