Zilda Arns, fiel até a morte
Yeda Crusius
Governadora do Estado
Existem pessoas que se dedicam ao transitório. Outras, bem poucas,
apaixonam-se pelo que é eterno. A Dra. Zilda Arns é uma dessas pessoas que se
deixam empolgar por aquilo que não passa: sua fidelidade a Deus e sua dedicação ao
próximo. Por isso, é um desses seres exemplares que a morte não silencia.
As grandes atrações do mundo: a fama, o poder e a fortuna jamais a seduziram.
Poderia ter sido o que quisesse, tal era sua credibilidade e sua notoriedade num
cenário em que esses dois atributos não costumam andar muito juntos. E ela foi o que
quis ser, uma mulher a serviço dos necessitados, com a multiplicidade de talentos que
desenvolveu e que aplicou, de modo infatigável, atenta ao ensinamento da Parábola
dos Talentos.
Numa sociedade onde o zelo pelos carentes costuma rechear o discurso político
com bom resultado eleitoral e escasso produto prático, não raro mais interessada no
entrechoque de classes do que na promoção social dos desfavorecidos, ela foi,
sempre, uma promotora da harmonia, do amor e da paz. Frequentava os tapetes e os
salões do poder, mas não fazia dali o seu lugar. Seu lugar estava entre aqueles a quem
se dispôs a servir: a Pastoral da Criança (sempre visando a salvar vidas infantis da
desnutrição e das enfermidades típicas da pobreza), a Pastoral da Pessoa Idosa e a
organização da atenção à saúde das populações em situação de risco.
Sua formação profissional e todas as especializações que buscou estiveram
sempre voltadas para a grande obra de proteção e salvação das vidas que eram
colocadas sob seu zelo: Saúde Pública, Saúde Materno-Infantil, Pediatria, Pediatria
Social e Educação Física.
Os inúmeros prêmios nacionais e internacionais que recebeu constituem um
reconhecimento mundial concedido a alguém que cumpriu com determinação e
desprendimento a unidade entre palavra e vida, entre a fé e a obra. A Pastoral da
Criança, que assumiu como encargo delegado pela CNBB, organizou-se em mais de
quatro mil municípios brasileiros e beneficiou quase dois milhões de crianças. E a
Pastoral da Pessoa Idosa, criada em 2004, já atua junto a cem mil idosos
acompanhados, mensalmente, por doze mil voluntários em 600 municípios de 25
estados brasileiros.
A morte foi encontrá-la no Haiti, integrada à missão brasileira. Tendo juntado
"tesouros no céu", onde "não os corroem a ferrugem nem as traças", foi chamada pelo
Senhor para Sua glória. Oremos por ela e para que seu exemplo prospere em mais e
mais vocações assim.
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