JB News – Informativo nr. 1.544
Florianópolis (SC) – sábado, 6 de dezembro de 2014.
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Bloco 4 – Paulo Roberto
O Poder Real e o Poder Sacerdotal
(Reprodução Autorizada)
Este Bloco está sendo produzido
aos sábados pelo Ir. Paulo Roberto
M I da ARLS Rei David nr. 58 (GLSC) - Florianópolis
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Paulo Roberto
O Poder Real e o Poder Sacerdotal
Os autores Maçons ingleses, grande número dos quais pastores, atribuem às Colunas B e J
significados bastante diferentes daqueles que lhes aplicam os simbolistas franceses, que nelas
observam não somente um símbolo da Dualidade, mas outros muitos de fundo geralmente filosófico.
Os pastores ingleses, porém, continuamente dedicados ao estudo da Bíblia, dela retiram farto
material que utilizam para instruções religiosas ou maçônicas.
Se, no princípio, os exegetas e simbolistas viram nas duas Colunas o poder de sustentação de
Deus, a elas se referiram, logo, a seguir, como símbolos dos pilares do fogo e da nuvem. À medida,
porém, que se desenvolvia o estudo do simbolismo, passaram eles a encontrar, naquilo que outrora
não ia além de um simples pormenor histórico, novas atribuições que revestiram de um simbolismo
apropriado.
Na sua importante obra “Freemason’s Guide and Compendium”, Bernard E. Jones escreve: “Os reis judeus que sucederam a Salomão eram coroados ao pé de uma dessas Colunas.”.
O Rev. John T. Lawrence reproduz em sua obra “The Perfect Ashlar and Other Masonic Symbols” um estudo especializado sobre o assunto que enfocamos, elaborado pelo Rev. Canon Horsley.
É uma página que merece ser transcrita pela profundidade das pesquisas realizadas neste particular
e pelas importantes informações nela contidas sobre o assunto que nos interessa. Assim o Rev.
Horsley escreve: “Não são somente (as Colunas) símbolos e proclamações do Todo Poderoso. São provavelmente associadas (talvez o assunto constranja determinadas pessoas, por se tratar de
novidade para muitos) com duas cerimônias religiosas de grande importância para a nação. Jakim
(quim) à direita, ou no sul, ‘foi a Coluna do rei’, diz o Rev. W. S. Caldecott, ‘e o nome ou frase estabelecerá, nela gravado, era uma contínua proclamação de que o trono dependia para a sua
estabilidade do favor de Jehovah.”
Em seis passagens da Escritura encontramos a repetida promessa a Davi que Deus estabeleceria
seu reino ou trono para sempre. Então, todas às vezes que Salomão ou seus sucessores passavam
por entre essas Colunas, já que ninguém, além dos sacerdotes, era autorizado a passar,
relembravam-lhes o débito que tinham para com o seu Deus e da necessidade de n’Ele depositar uma confiança constante. Há mais coisas que se pode observar relativamente a esta Coluna Real.
Existe a evidência de que em frente ou ao lado (das Colunas) situava-se o soberano para a sua
consagração e coroação, jurando dedicação para as obrigações do seu alto cargo.
Assim, quando lemos que o menino-rei Joas esteve “na Coluna” (II Reis XI, 14), também definida em (II Crônicas, XXIII, 13) como “a sua Coluna na entrada”, enquanto o coroavam e ungiam, precisamos dar uma ênfase especial à palavra sua Coluna, que só pode significar que ela tinha relação especial
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e bem conhecida com reis e sagração de reis. Devemos ainda assinalar a expressão “situado na Coluna, como era o costume”, - isto é, conforme a coroação precedente - que mais poderia significar
esta frase?
A propósito, um precedente um pouco anterior à construção do Templo existe.
Quando antes da morte de David fora tomada a precaução de consagrar de novo Salomão como rei
e Zadok como sumo sacerdote contra os pretendentes Adonias e Abiatar, esta segunda e dupla
cerimônia verificou-se na porta do Tabernáculo. Este duplo cerimonial era celebrado quando ainda
havia dupla autoridade, a teocracia era administrada pelo rei e pelo sumo sacerdote e os poderes de
ambos, Igreja e Estado, eram reconhecidos como derivados do Alto.
Por conseguinte, embora não possamos encontrar uma prova textual de que Boaz era a Coluna
sacerdotal, pelo fato do sumo sacerdote estar para a sua consagração sob as vistas da multidão,
isto sugeria, análoga e provavelmente, que as duas Colunas eram relacionadas com a consagração
dos mais altos dignitários na Igreja e no Reino e que eles eram postos à parte para o serviço de
Deus e do Seu povo. Desde então o nome inscrito - Boaz - relembraria ao sumo pontífice, quando
subisse os degraus que nela (isto é, na Lei) ou n’Ele (Jehovah) estava a sua força.
O nosso Irmão Woodford escreveu há muito tempo atrás, na “Masonic Cyclopaedia” : Não pode
haver dúvida que elas (as Colunas) tinham um significado simbólico, e provavelmente se referiam
igualmente aos poderes sacerdotal e real.
E o Rev. John T. Lawrence, ao comentar as palavras do Rev. Canon Horsley, conclui:
Considerando-se as duas colunas como representando a associação do rei e do padre - o trono e o
altar - o significado conjunto compreende-se facilmente. Foi somente quando o trono estava
separado do altar que ocorreu a queda da monarquia e a destruição do Templo.
Contradizendo, entretanto, as afirmações dos Reverendos Caldecott e Horsley, e consequentemente
as do Irmão Rev. F. de P. Castells escreve em sua obra “The Apocalypse of Freemasonry” e de
maneira peremptória: “Por séculos, os Reis de Israel foram ungidos quando estavam ao lado da
Coluna B; enquanto os Sumos Sacerdotes também o eram através de cerimônia igual quando
estavam perto da Coluna J. Por isso, a alusão à Coluna B. (II Cr. XXIII 13) ‘O Rei esteve perto de sua Coluna’, é uma expressão que implica familiaridade com a ideia. No Ritual maçônico, B, é
também associado pelo seu próprio nome com certo ‘Príncipe ou Governador em Israel’;; ao passo que para J, diz-se ter sido ele ‘assim chamado’ por sua associação com certo Assistente de Sumo Sacerdote ‘que oficiou em sua dedicação’, e que presumivelmente foi feito depois ‘Sumo Sacerdote’. ”
Estas referências a Boaz ou Booz “Príncipe em Israel”, a Joshua, o “Assistente de Sumo Pontífice”, e a Jaquim, pai dos jaquinitas, que também foi Sumo Pontífice, ao passo que jaquinitas têm o
significado de “homens justos”, levaram presumivelmente o Rev. Castells a atribuir a Coluna B, aos
reis e a Coluna J, aos padres.
Aparentemente ele tem razão, se for considerado o fato que Jahkin é composto pelas palavras Jah,
“Deus” e iachin, “estabelecerá”, cujo verdadeiro significado seria “Deus estabelecerá”, enquanto Boaz, composto pelas palavras B, “em”, e oaz, “força”, significa “na força”. Por uma questão de analogia, os homens justos seriam os sacerdotes, ao passo que os reis assentam o seu poderio na
força.
O mesmo autor, entretanto, em outra de suas obras, intitulada “The Genuine Secrets in Freemasonry prior to A.D. 1717”, assegura que os cabalistas tinham formado com as duas Colunas B e J e o Altar
dos Perfumes um símbolo triangular que suportava e sustentava a Loja Cósmica, isto é, o Universo:
“... mas dispunham estes Pilares, algumas vezes, em uma linha assim: aquela do Juízo B, à
esquerda; aquela da Clemência J, à direita; e o Pilar Principal, que simboliza a Beleza do Caráter,
ou Benignidade, no meio, entre os outros dois, para assinalar o ‘centro’ da Construção.”
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