2 3 4 Exposição de 12 de maio a 01 de agosto de 2007 5 INTRODUÇÃO Nem todos os artistas fizeram uma trajetória convencional, passando pela academia ou pelas etapas e exigências para a formação artística. LUIZ GUILHERME VERGARA Este é o caso da tão singular e rápida passagem de Paulo Roberto Leal Diretor Geral do MAC de Niterói (1946-1991), que iniciou sua carreira em 1970, no ano seguinte se apresentava na XI Bienal de São Paulo e em 1980 chegava à Bienal de Veneza. Porém, devemos acrescentar que é notório o desafio a todas as instituições formais da arte, museus, academia e a própria crítica, no século XX, acompanhar a amplitude inesgotável dos meios de expressão, das rupturas das vanguardas experimentalistas com relação às convenções de suportes e categorias tradicionais dos discursos e práticas artísticas. Certamente reconhecemos o papel inaugural de Courbet e mais tarde dos impressionistas, que se rebelaram contra o confinamento dos meios de expressão aos cânones das escolas e salões de arte no século XIX, que não acompanhavam a velocidade das transformações da vida moderna. A partir de então, e até hoje, multiplicaram-se as diferentes formas de engajamentos artísticos em experiências diretamente ligadas à desconstrução dos componentes da criação e recepção com os quais se organizam as ações comunicativas nas instituições onde se ritualizam os encontros entre arte e sociedade, principalmente aqueles que expandem o engajamento plurissensorial do espectador. Expor Paulo Roberto Leal é investir nesse compromisso do museu de arte contemporânea com sua condição de laboratório de linguagens e meios de expressão que conduzem a história da arte contemporânea brasileira, sem perder o afeto e a preocupação com a comunicação humana pela arte. Especial elogio dedicamos à sensibilidade e intuição de João Sattamini, que investiu na produção desse artista, o que nos permite hoje revermos sua trajetória com tão ampla visão. Nesta ocasião cabe registrar o apoio em especial de Armando Mattos e do Projeto Concreto, assim como Márcio e Fernanda Barbosa, que tão cordialmente nos cederam preciosas obras que 6 preenchem as lacunas da nossa coleção. 7 8 9 DA MATÉRIA NASCE A FORMA DA ARTE NASCE A VIDA Visões múltiplas entre arte e processo “A partir do momento em que todos pudessem criar, talvez o termo arte perdesse o seu sentido tradicional – passaria, então, a ser vida.” PAULO ROBERTO LEAL As vanguardas do século XX, principalmente aquelas ligadas às raízes construtivas, com certeza passaram de uma geração para outra um dos mais desafiantes legados para um estudo mais abrangente sobre o desenvolvimento das estruturas mentais envolvidas na “invenção artística” (termo proposto pelo movimento internacional de arte concreta), tanto as ações artísticas quanto sua percepção e recepção na sociedade. Ainda estão muito pouco estudadas as estruturas de percepção e expressão LUIZ GUILHERME VERGARA que se acumulam na trajetória das práticas artísticas. Como no caso de Diretor Geral do MAC de Niterói Paulo Roberto Leal, estas obras podem servir como campo potencial de experiências, que nos remetem a uma revolução permanente dos processos cognitivos. Nesse sentido se propõe repensar a arte como formas em expansão de conhecimento. Daí, como compromisso deste museu de arte contemporânea, devemos nos debruçar sobre esses acervos e coleções, não apenas como um conjunto de objetos estáticos fora do tempo e das vivências interpretativas, mas também como processos de passagens de uma vontade de expressão entre matéria e pensamento-forma, e então para novas formas de percepção e conhecimento expandido. Em outras palavras, os desafios comunicativos das sucessivas expansões dos conceitos de arte também são para as estruturas mentais de cognição e percepção. Este estatuto não é mais de um objeto isolado, mas das estéticas dialogais, ou relacionais, cada obra de arte é vista como proposição de situações e ações comunicativas inauguradoras de novas formas de linguagem e conhecimento. Estas mudanças em processo atingem diretamente os padrões que regem da academia aos museus, principalmente os de arte contemporânea, exi- 10 gindo que tais instituições sejam repensadas não somente do ponto de 11 vista das categorias documentais para a história da arte, da estética ou da antiarte, mas como laboratórios de uma nova ética das trocas simbólicas, como 2 Deste período Arte experimental de intensa agitação e museus. e criação se fundaram se apresenta nesta mostra – as aspirações que passam de uma geração para outra, assim como os In: ARANTES, Otília. os grupos Madi distintos momentos sociais e políticos que dão solo construções dialogais de pensamento-forma / co- Política das Artes 1. e a Associação cultural às expressões artísticas. Enquanto, a partir nhecimento. Assim, ao apresentarmos a trajetória São Paulo: de Arte Concreta- Edusp, 1995. Invenção (1945-47). do término da Segunda Guerra Mundial, ambos os experimental de Paulo Roberto Leal, tão embasada Em suas publicações países passavam por processos de mudanças “pro- na herança neoconcreta, resgatamos a importância e estudos constavam gressistas”, contrapondo as destruições na Europa, das coleções e dos museus, como Mario Pedrosa as referências às eram potencializadas as plataformas otimistas pró- apontou: um desafiante “paralaboratório. É dentro idéias e experiências (invenções) modernização de suas economias e sociedade, sob dele (o museu) que se pode compreender o que se de Malevich, Mondrian, as estratégias políticas dos governos de Getúlio Var- chama de arte experimental, de invenção.”1 Jean Arp, gas e Juan Perón. Já na década de 40, o argentino Toda obra que se apresenta em um museu, por mais que seja experimental, inusitada ou fora das convenções, traz uma história de rupturas e re- 12 1 PEDROSA, Mario. Kurt Schwitters, Rodchenko, László Tomás Maldonado se juntava a um grupo de artistas Moholy-Nagy interessados em uma reforma radical pela arte en- e Max Bill. gajada em processos que pudessem se vincular às ferências. Paulo Roberto, a partir dos anos 70, ao teorias marxistas e ao materialismo dialético. Os mesmo tempo que se nutre das conquistas da liber- artistas concretos buscavam por experimentações dade experimental acumuladas por diferentes gera- que pudessem abrir novos caminhos para uma es- ções artísticas, leva adiante uma produção também tética anticapitalista.2 Os argentinos e, mais tarde, “conceitual” que se vincula ao programa construtivo os brasileiros, se alinham às praticas e idéias da brasileiro iniciado na década de 50. Desta forma, arte concreta como formas de luta para uma refor- ele atualiza um longo debate internacional de mo- ma social em oposição, tanto ao expressionismo vimentos vinculados à arte concreta, à Bauhaus e abstrato da escola de Nova York, quanto ao niilismo à escola de Ulm de Max Bill, que atravessaram as ou existencialismo com o qual a Europa pós-guerra Américas no século XX. Paulo Roberto resgata em se refazia ou desfazia de suas esperanças em futu- suas proposições uma história de programas de ro ou em qualquer possível crença nos domínios da ações e invenção artísticas, tanto no Brasil (anos 50) razão capitalista-industrial. quanto na Argentina (anos 40), que ultrapassavam O experimentalismo dessas gerações levou a uma busca pela autonomia e isolamento da esfera propostas que deslocavam o valor artístico dos pro- estética pura. Por trás das invenções plásticas cessos de criação subjetiva para métodos intencio- dessas vanguardas históricas, estavam também nais, quase-científicos, chamados de invenção de movimentos de engajamento político e aspirações objetos artísticos como máquinas estéticas, escul- coletivas por uma reforma social pela arte – ou a turas cinéticas, sistemas articulados e, principal- arte sendo parte desta. mente, adotando o senso dadaísta de jogo e acaso. Rever esta história da arte concreta, na Argen- Este espírito de confluência entre arte e reforma tina e no Brasil, significa ampliar o alcance do que social, arte e invenção, passava também para uma 13 proposição coletiva dos fazeres vai resgatar esta proposição coletiva de experiência artística – antiob- e saberes artísticos. Este estado jeto. Estas instigações antiarte certamente estão carregadas de ironia de invenção atravessa décadas dadaísta, mas também já antecipavam uma ética emergente hoje de e cruza fronteiras, entre Europa, buscar formas de construção coletiva, tanto do conhecimento quanto Argentina – fecundando a Asso- da arte. É nesta linha que Lygia Clark se inspirava para apontar para o ciação de Arte Concreta-Invenção fim do artista, dando lugar a uma atitude de agentes ou agenciadores e o Grupo Madi –, e mais tarde, de novos comportamentos compartilhados em esculturas coletivas no Brasil, o Grupo Ruptura, os com bases no afeto. O que se confirma na afirmação de Paulo Roberto concretos e neoconcretos brasi- Leal: “A partir do momento em que todos pudessem criar, talvez o ter- leiros. O que era parte de uma mo arte perdesse o seu sentido tradicional – passaria então a ser vida.” pedagogia na escola Bauhaus 14 Nas caixas de Paulo Roberto Leal, vemos tais convergências en- avançava na Argentina e no Brasil para uma relação Habitantes, 1981. tre processo e participação coletiva. Essas tendências a invenções de interdisciplinar entre linguagens artísticas, da geo- Acrílica sobre madeira. objetos cinéticos e participativos fizeram parte de uma busca maior metria cinética (do movimento) para uma arquite- das vanguardas de esquerda voltadas para as aspirações marxistas, tura cinética, juntamente com esculturas e pinturas tendo como estratégia principal articular processos artísticos com que pudessem ser articuladas, tocadas e ter suas atividades coletivas. As experimentações tanto na Argentina quanto formas manipuladas e manualmente alteradas. no Brasil se tornaram parte de uma grande escola de bases constru- Estes são os atributos conceituais que ve- tivas vinculadas às estruturas geométricas dinâmicas (arte cinética) mos ressurgir na produção do Paulo Roberto Leal que ultrapassaram a pura matemática de Max Bill, e suas aspira- nos anos 70. Por exemplo, quando se oferecem ções a um discurso universal. No entanto, todas elas enfrentaram a ao público papéis para serem enrolados como difícil superação da rigidez da racionalidade da arte concreta para o tubos formando um processo coletivo e acumu- que pode ser chamado de geometria sensível, territórios de vivên- lativo (aberto e infinito) de escultura ambiental. cias, que culminaram com a experiência neoconcreta (1959-1961). Nos anos 60 e 70 esta abertura da obra para pro- Com as costuras, dobras ao acaso, fitas colocadas acidentalmen- posições de processos ligados aos movimentos te dentro de caixas, Paulo Roberto tensiona este confinamento da de contracultura, antiarte, também chamada de racionalidade para além das grades geométricas com o orgânico, desmaterialização do objeto artístico, expande o cinético e participativo. conceito de arte para ação/situação, que atin- Um outro desdobramento dessa trajetória da arte concreta, que ge principalmente o entendimento do valor do podemos observar nesta mostra, são os programas de invenção e os objeto artístico, não mais como um ato fechado processos construtivos que cada artista leva ao seu limite, expandindo e isolado. Jean Arp foi um dos pioneiros dessa a potência da arte do objeto estático para a sua fruição, envolvendo reformulação do papel do artista como um pro- a participação coletiva nos sistemas de fazeres-percepção, tão bem positor de construções e atividades coletivas, que declarada por Ferreira Gullar na Teoria do Não-Objeto. “O não-obje- inclusive chegava a propor que não se assinasse to não é um antiobjeto, mas um objeto especial em que se pretende mais autoria da obra. Nos anos 60 o grupo Fluxus realizada a síntese de experiências sensoriais e mentais: um corpo 15 transparente ao conhecimento fenomenológico.”3 Esse percurso da arte concreta e dos estados de invenção é um pouco da história na qual Paulo Roberto se Por todo este percurso expositivo no MAC, onde as 3 FERREIRA, Gullar. Teoria do não-objeto. séries conceituais de Paulo Roberto são distribuí- In: AMARAL, Aracy. Projeto construtivo das, somos tomados por uma tensão aparentemen- insere e que ele resgata para sua geração e as futuras. brasileiro na arte: te superficial ou formal, mas que esconde toda uma A arquitetura do MAC de Niterói os ideais de reforma 1950-1962. gravidade e ambigüidade das estéticas e produções social pela arte não deixam de funcionar em sinergia Rio de Janeiro: artísticas pós-anos 60: a repetição e a diferença. O FUNARTE, 1977. com essas aspirações revolucionárias que emba- filósofo francês Gilles Deleuze publica em 1968, em sam a genealogia da produção de Paulo Roberto. Paris, um ensaio filosófico que explora justamente Ao mesmo tempo que reconhecemos o va- a interseção desses opostos. Na obra e na vida de lor desse legado das vanguardas do século XX, os Paulo Roberto podemos rever essas dobraduras que museus, tais como o MAC, têm importante com- simultaneamente são repetição e diferença. Paulo promisso com a desalienação desses tesouros da Roberto as inventa ou desloca da rotina bancária; liberdade criativa, guardados nos tradicionais ca- do repetir burocrático e automatizado dos cálcu- tiveiros das coleções. Mas não basta reapresentá- los e acúmulos de fitas de papéis, renasce o artista los para a contemplação passiva do público, como para a diferença inaugural – a poética, o engenho mais um inventário das vanguardas do nosso tão Uma nova fase, 1973/74. para que se projete, domine e controle a natureza, olhares, lançar novas luzes sobre o que subjaz na Dobradura de papel ou a vida, pela repetição; se a rotina dos relógios base desses impulsos da mente criadora e sua participação em processos coletivos e sociais. O que se expõe na mostra de Paulo Roberto está além dos objetos e suas bases geométricas, é o ato criador colorido e acrílico. Acervo Márcio e Fernanda Barbosa. Entrelinhas, 1978. das fábricas, das linhas de produção, necessita para levar à perfeição a ordem da repetição; se toda a vida moderna se constituiu de uma base reproduti- Linha de seda e va pela repetição mecânica de padrões, como este ou ação inventiva que se faz com a matéria, que por acrílico. Acervo Projeto mesmo século poderia transformar a repetição e sua vez se refaz e se ressignifica como pensamen- Concreto. serialidade em estesias, estranhamento e diferen- to-forma. Daí, o museu de arte contemporânea se Des-mo-vem, 1972. ça? A geração pós-moderna, dos anos 70, incluindo torna também um território de passagens e refluxos Dobradura de papel Paulo Roberto Leal, teria um entendimento bastan- das forças psíquicas (subjetividade artística-humana em ação) e históricas (geografia dos movimentos 16 da imaginação. Se a ciência busca métodos e leis recente passado de arte. É preciso agregar novos couché. Tecido branco e acrílico. Acervo te claro sobre esta critica à automação mecânica Projeto Concreto. da cultura industrial, ou dos manifestos utópicos artísticos) presentes nos processos ligados a essas de uma estética total obras. Como potencializar novas percepções sobre no mundo, como a da essas obras já tão comentadas e reverenciadas pe- geração de Mondrian los olhares ansiosos das críticas especializadas, que projetou para o fu- tanto contribuíram na documentação dos processos turo. Neste jogo ou e materiais com os quais Paulo Roberto “moveu e tentativas de flerte multiplicou” seus meios de expressão? entre a arte e cultura 17 de massa-industrial, surgiram buscas estéticas capazes de criar po- descobriu já enquanto jovem. tências de diferenciar pela repetição, repetir pela diferença. Mais ainda, lembramos, como Assim, na genealogia das caixas de Paulo Roberto está uma síntese uma gestalt entre o artista e entre heranças e movimentos nacionais, tais como o neoconcreto, e sua época, as mudanças de também internacionais, como a arte concreta e mais tarde o minimalis- cenários entre as três princi- mo, a arte conceitual e a arte povera. Porém, ao invés de tender, como pais décadas nas quais este os artistas minimalistas americanos dos anos 70, para as explorações artista e indivíduo se formou – e ocupações de grandes parques industriais, buscou opostamente tirar dos anos de chumbo (anos 60) da monumentalidade, da serialidade mecânica, uma expressão de am- até a abertura e as festas dos bivalência (diferença) entre conceito e afeto, como expressão crítica e anos 80. É preciso reconhecer poética de um estado de ser já pós-moderno, pois não esconde a sub- como cada artista enfrenta, jetividade em nome de formulações universais da arte. Paulo Roberto juntamente com toda a sua traz para as suas primeiras caixas – “armagens” – armação (repetição) geração, o duelo ou o dueto e imagem (diferença). Traz para a simplicidade da repetição a contun- diante dos valores e olhares dência da ambigüidade (diferença), chamando nossa atenção para as da crítica vigentes. Por um coisas pequenas e simples do cotidiano – como um monge zen budista. lado, os estranhamentos cau- Da repetição nasce o transbordamento e desse vazamento se desvia Sem título, década de 70. para o novo; por outro, a frieza com que a crítica série de Armagens, com fitas de papéis, é feita de fluxos que entram Madeira, moderna trata a repetição. e saem de caixas, agora, “descalculadoras”. Se reconhecem padrões e repetições, mesmos tamanhos, mesmos papéis, dobraduras, mas a 18 sados pela ruptura ou desvio também da neurose para a criação-invenção artística – a diferença. Sua bobina e papel. Acervo Projeto Concreto. No caso do Paulo Roberto Leal, sua breve trajetória está intensamente imbricada com o percur- qualidade vem da diferença de ritmos nos jogos do acaso. Se a ciência so da crítica no Rio de Janeiro dos 70 aos 80. Ao busca conforto naquilo que possa ser previsto pela projeção e repeti- mesmo tempo, travamos contato com as diferentes ção, a arte busca qualidade pela diferença. Paulo Roberto joga como etapas das descobertas alquímicas deste artista, da economista e artista pela disciplina e método da repetição e alcança passagem da matéria (caos) para a forma (ordem, o sabor das diferenças mínimas. Da matéria (da vida – ou da morte logos e linguagem+arte); de uma matéria simples, da repetição) nasce a forma, a singularidade inaugural da diferença. mundana, reciclada da vida, ligada ao cotidiano do Daí sua arte é extremamente conceitual – pois se dá pela clareza do não-artista (bancário), para a forma artística. Jun- encontro entre matéria e forma, ou matéria e luz; é pensar com a ma- tamente com a iniciação como artista, Paulo Rober- téria: pensamento-forma, que dialeticamente se alternam na matéria to se revela como inventor de novas ordens comu- que forma o pensamento e no pensar que materializa a forma, unidos nicativas, sistemas polissêmicos, que muitas vezes pela dobradura em matéria e luz-forma. foram abordados pelas lentes críticas de sua época Cabe a todos nós colocarmos novos focos não apenas na trajetória – cuja proximidade com o artista e seus processos do artista que se revela pelo fio que articula e une os diferentes está- revelavam alto grau de atenção com o processo e gios de sua obra, mas também na trajetória da crítica que o percebeu e os materiais. Verdadeiras pérolas poéticas eram 19 inspiradas na matéria lúcida produzida pelo jovem artista. Roberto Pontual pode ser considerado um caso especial: “Aqui, nessas caixas límpidas em que 6 MORAIS, Frederico. Mover multiplicando. O papel do artista/o In: LEAL, Paulo tecido da arte. Rio de e também desarticuladoras das ordens lógicas, falam de uma revolução do caos sobre a ordem e pro- Roberto. Paulo Janeiro: Galeria de gresso, sem armas, de movimentos e desmovimen- o desenho feito luz se desenovela – como um ponto Roberto Leal: Arte Ipanema, 1976 tos – “movência e desmovência”, Pontual descreve. imóvel do exato sonho em andamento – convergem múltiplos. o acaso e seu controle: há uma finita infinitude de formas aguardando a vontade de alguém que as desencadeie e dome. Há, sobretudo, nelas, um exemplo subterrâneo de liberdade; o pássaro está contido, sim, mas ainda sobrevive de seu canto”. Pontual se une por completo à produção do Rio de Janeiro: São inofensivas revoluções pelas dobraduras da Galeria de Arte lógica em não-lógica, transbordamentos e desvios Ipanema, 1971. das ciências exatas, do positivismo da economia do 5 Hélio Oiticica milagre brasileiro dos anos 70 para as incertezas e nominou como futuras inflações sem controle. Estas caixas, tão sin- Metaesquemas gelas, se repetem e se repetem como metáforas dos suas pinturas esquemáticas desbundes da contracultura, da antiarte, da morte artista com respostas muito mais poéticas, que geométricas da pintura, e todas as catedrais que ruíram durante ultrapassavam preocupações do juízo crítico – no que adquiriam um século de duas guerras mundiais. Nascido em sentido de não se concentrarem no julgamento um outra dimensão metafísica. Como 1946, Paulo Roberto Leal traz do berço o alívio do comparativo de valores, mas na inauguração de Bólides chamou pós-guerra, o peso da guerra fria, o vôo dos astro- sentidos em cada nova obra. Em “Mover, multi- suas caixas, vidros nautas, a Coca-cola e o nascimento da televisão. Daí, plicando”4, Pontual sintetiza a tensão construti- 20 4 ROBERTO, Pontual. e latas, com coletas e assemblagens é como define Frederico Morais: “Paulo Roberto Leal vista de diferenciar pela repetição e repetir pela de materiais é um artista do tipo novo, pós-moderno. Jamais cur- diferenciação. O artista inaugura sua carreira com e pigmentos. sou qualquer escola de belas-artes, tampouco teve uma série de obras de alto grau de complexidade e mestres particulares. Seu ‘aprendizado’ é resulta- ambigüidade, entre armação (construção e estru- do de um convívio com artistas e críticos.”6 tura) e imagem (magia) – as “armagens”; as caixas No final dos anos 50, Mario Pedrosa lançava se multiplicam, cada uma mais semelhante que a mão dos saltos de Hélio Oiticica e Lygia Clark para outra e tão diferente. A ambigüidade está também as instalações ambientais, as experimentações com no nome, principalmente dentro do contexto de re- a apropriação de materiais descartados do consumo pressão militar dos anos 70; nome e forma das “ar- diário, a participação do espectador aos limites dos magens” poderiam ser revistos como proteção pela penetráveis e parangolés como proposições éticas arte. Daí também era necessário a Paulo Roberto para uma estética pós-moderna. Da arte como ação dar novos nomes – nominar – para suas invenções, ambiental surgem também as caixas Bólides de Oi- assim como vários artistas da geração neoconcreta ticica, que transbordavam cores para o espaço, tão o fizeram, como cientistas-inventores de máqui- presentes no imaginário do jovem artista Paulo Ro- nas.5 Pois suas caixas, ou armações, armagens ou berto. Suas caixas, por sua vez, inauguram um ca- desmovem, são nomes que apontam para ações e minho de leveza e disciplina, pelas formulações de operações ligadas à manipulação ou à percepção in- estruturas fluidas e mutantes, como também inspi- ventiva de cada obra. As caixas são descalculadoras, radas nas obras moles e trepantes de Lygia Clark. 21 22 DA MATÉRIA NASCE A FORMA – VISÕES MÚLTIPLAS DE UM PROCESSO sem estacionar na acomodação das receitas e operações, o artista refaz Outros aspectos vão se estabelecer no desenvolvimento da produção esses estágios a cada obra e, mais ainda, quando inicia uma nova série. deste artista pós-moderno que muito bem expressam as principais ten- Daí podemos aproximar os caminhos do desenvolvimento cognitivo de dências dos anos 70, não só na arte, mas nos estudos sobre a natureza Piaget com as experimentações construtivas deste artista. do conhecimento humano. À medida que Paulo Roberto Leal foi reco- Os processos construtivos desenvolvidos pelas vanguardas russas, nhecido como mais um artista brasileiro que toma para si o legado das de Malevich, Tatlin e outros, foram os primeiros a expandir para o espaço bases construtivas, com especial atenção às experiências neoconcretas, a materialidade temporal da arte, utilizando a interseção entre pintura, pode-se verificar através das suas diferentes séries de invenção artística escultura e ambiente (arquitetura) com processos aditivos de construção – as primeiras caixas, as armagens, os des-movem, as entretelas, as ar- da obra. Novos materiais foram trazidos para esta experimentação que mações e os quasares – um paralelo entre a livre experimentação direta combinava a experiência orgânica com a construção inaugural de uma com os materiais como estruturantes de um discurso – logos e pensa- forma espaço-temporal conferindo um estatuto de conhecimento viven- mento. É nessa atração recíproca entre o processo orgânico (sensório- cial para a arte como sua quarta dimensão. Por caminhos diferentes, motor) e a assimilação das qualidades dos materiais que emerge singu- Piaget (1896-1980) explorava a relação intrínseca entre ações externas e larmente para cada série uma dimensão conceitual, como culminância pensamento interno essencial e indissociável do desenvolvimento do co- do desenvolvimento do conhecimento junto à experiência-matéria. Essa nhecimento. O caminho da arte no século XX foi exatamente a confirma- passagem que o artista reconhece como “da matéria nasce a forma” ção desta abordagem – das primeiras ações construtivas das vanguardas pode ser abordada como uma evolução construtivista do conhecimen- se atingiram as operações conceituais, em que cada artista devia passar to. Um artista como Paulo Roberto, em seu estado de invenção e cog- pela sua própria iniciação ao conhecimento experimental – operacional nição, se alinha aos artistas concretos que historicamente, pelos seus concreto – para atingir o seu estágio de inventor de linguagens- siste- processos experimentais de invenção-intuição, percorreram caminhos mas, mundo e conceito. Aqui cabe lembrar o entendimento de Goethe de paralelos às abordagens construtivas do conhecimento. Daí podem-se que todo início é ação, e só a seguir atingimos um estágio de operação. propor as etapas piagetianas de construção do conhecimento para a O legado construtivo das experimentações artísticas das vanguardas do arte concreta – invenção – de bases construtivas. Nesta mostra, pela início do século passado foi marcante para as nossas revoluções moder- visão panorâmica que se pode ter da obra de Paulo Roberto, o museu nas e pós-modernas, dos grupos concretos aos neoconcretos. pode ser visto como um laboratório de construção de linguagens – o ar- O percurso de invenções de Paulo Roberto Leal sugere uma aborda- tista desenvolve seus métodos experimentais de construções visuais de gem para a arte como inauguradora de novas formas de conhecimento discursos matéricos. Podemos vislumbrar os mesmos saltos que Piaget expandido que se intui nas ações e operações que conduzem suas práti- aponta em um processo de construção de estruturas cognitivas no de- cas – da matéria nasce a forma (o logos e o discurso artístico). Mas cer- senvolvimento humano, nas passagens de cada série de Paulo Rober- tamente não se pode reduzir uma obra de arte a exercícios e jogos com to: assimilação, descoberta e acomodação de novos conceitos através materiais, pois para ocorrer a produção de um conhecimento especial há das qualidades específicas dos materiais. Seus programas de invenção que se agregar outra dimensão da existência humana, que para Piaget (muito mais do que de criação, como defendiam os artistas concretos) é o afeto. Sem dúvida, o artista é aquele que torna o conhecimento uma em séries explicitam trajetórias indissociáveis do pensamento-experi- força afetiva e simbólica. ência em constante processo de assimilação (novos materiais, novas Nessa abordagem transversal aproximam-se as bases construtivas questões) até atingir as novas ordens e sistemas de pensamento-forma; da produção de Paulo Roberto Leal, tanto para a herança das vanguardas 23 históricas quanto pelos seus processos constru- abertura econômica e festiva tivistas para o desenvolvimento cognitivo implíci- dos anos 80 vai expandir sua to na história da arte, como também na trajetória liberdade artística mais ainda particular de cada artista. Podemos trazer também em direção à pintura de grandes as contribuições de um outro construtivista, Vi- formatos e às atividades coletivas gotsky (1896-1934), que reconhece todo processo no Parque Lage. Nesta última fase, de construção de um sujeito como social e histórico simbólica e literalmente, Paulo Roberto – o artista se constrói pela ação no mundo que nun- sai das caixas e do casulo, leva consigo a ca é isolada. O pertencer e conquistar o lugar em experiência de ser um agente carismático, um mundo ou comunidade de artistas traz para sua Armadura, 1980. criação uma outra esfera de jogo, entre contempo- Óleo sobre tela e colagem. râneos, entre gerações e saberes, e daí também com o próprio legado da história. Paulo Roberto não 7 Os quasares (do latim Quasi stelars apenas recupera as experiências neoconcretas, to- objectus, ou Objetos das aquelas vinculadas com as bases construtivas Ao mesmo tempo que as décadas de 60 e 70 eram marcadas por contundentes conflitos internacionais, as manifestações críticas contaminavam os engajamentos da contracultura e da antiestética, a quase estelares) são desmaterialização do objeto artístico para sua ma- da arte brasileira; seu desenvolvimento acontece objetos de extrema terialização como experiência ambiental, semânti- juntamente com sua aproximação e iniciação jun- luminosidade ca, lingüística, ou a desconstrução de seus proces- encontrados nos to a um círculo de artistas e críticos de vanguarda para a sua época. É com este diálogo com a história Toda fruição da arte é festa – ritual de trocas simbólicas – modelada por experiências compartilhadas de cada época e contexto social e político. Aqui também percebemos na curta trajetória de Paulo Roberto Leal as marcas deixadas pelas diferenças entre as décadas de 70 e sos comunicativos, como proposições participativas A maioria dos quasares para o espectador como parte dos processos de um forte desvio para artística adquire dois elementos fundamentais além do jogo cognitivo. A arte se dá como acontecimento. confins do Universo. já observados possui e os movimentos intergeracionais que sua criação 24 e daí um dos articuladores da Geração 80. Bloco de estudo, c. 1984/86. Papel milimetrado, grafite e lápis de cor. Coleção Armando Mattos. construção e significação da obra. Paralelamente às o vermelho no espectro erupções coletivas no mundo da arte e da cultura, indicando que estão avançava ainda mais a ciência da cognição nas son- se movimentando muito rapidamente, provavelmente a uma velocidade superior a 50 mil km/s, o que, pela constante de dagens sobre as raízes do conhecimento humano. Para além desse espaço matérico-operacional concreto, Paulo Roberto realiza um outro desvio da pintura para a matéria luz expresso em uma traje- Hubble, leva a entender tória singular de obras ligadas a uma série mono- que estão muito cromática branca. As “armagens” cobertas por um distantes. (Wikipédia) acrílico leitoso (como uma veladura) retiram o foco 80. Suas caixas, armagens, da forma para uma percepção maior de um branco desmovem, podem tam- luminoso em si. Por fim, ele também se volta para bém encapsular as pres- o interesse na astronomia, muito freqüente para os sões políticas dos anos anos 60 e 70, devido às descobertas de mundos, ga- 60-70. Da mesma forma láxias e objetos distantes, tais como os quasares.7 que a descompressão da Assim como Antonio Dias, dentre vários artistas nos 25 anos 70, ou Mark Tobey nos anos 40, Paulo Rober- pouco além dos jogos entre to também obedece a um impulso na direção da matéria, geometria e forma, desmaterialização da arte e da materialização da com os quais Paulo Rober- luz. Desta série de obras explorando a potência do to tece sua fluência criativa, branco, Paulo Roberto culmina com os quasares encontramos uma indagação – como desvios para o vermelho. Desde Malevi- maior, invertendo a própria ch podemos encontrar pintores que exploraram a formulação do artista como pintura como materialização espiritual – o qua- título de uma de suas obras drado branco sobre branco é um exemplo históri- – quando percebemos uma co de um artista que busca atravessar fronteiras outra possibilidade de leitu- da arte como representação para sua emanci- ra das relações arte-vida: do pação como visualização matérica de uma idéia pensamento artístico se libe- – forma pura, luz concreta. Esses são alguns pontos de introdução a esta ra a forma, renasce a matéria como arte-expressão, Colagem, papel e o sujeito pela arte se inventa para uma nova sig- e acrílico. mostra – que poderia também ser chamada Da vida 26 Armagem, c. 1972 nificação da vida. Reciprocamente, da criação artís- nasce a arte. É colocando a trajetória deste artista tica renasce a vida do próprio artista; dos resíduos nos percursos circulares do MAC, como uma cons- do exercício bancário, Paulo Roberto inventou a telação de vários tempos simultâneos, que se pode sua nova arte – com a arte renasce sua vida. melhor estudar, sob uma perspectiva múltipla, a Corcovado, 1986. iniciação na década de 70 de um artista cuja obra Acrílica sobre tela. A reconstrução da trajetória de Paulo Roberto para esta mostra, além de oferecer ao público visão se desdobra como jogo completa da sua carreira tão singular, reúne tam- de fruição infinita, entre o bém preciosidades das coleções MAC de Niterói e biográfico e o legado his- João Sattamini tão pouco vistas nas últimas duas tórico, o internacional e o décadas. É dentro dos espaços circulares deste local, entre gerações pas- museu que se organizou esta exposição monográ- sadas e as contemporâne- fica, ressaltando as diferentes séries produzidas as. A partir da rica herança por este artista e oferecendo visão panorâmica deixada pelas experiências dos desdobramentos experimentais entre matéria- concretas e neoconcretas forma na sua trajetória, de 1970 a 1991. É com a (1959-1961) das vanguar- distância e aproximação da riqueza dos embates das, Paulo Roberto pôde entre a vontade criativa e a liberdade dos meios combinar liberdade expe- de expressão abertas nestas três últimas décadas rimental, subjetividade e que se pode melhor tornar visível o sujeito criador construtivismo. Em todo atrás da obra, ou a vida atrás da forma. O que se caso, ao mergulharmos um exibe nessas duas décadas de atividade artística 27 é a tensão entre inquietude e impulso à experimentação de novos materiais, tão próprias às gerações pós-neoconcreto, por um lado, e programa construtivo – intuitivo – deste artista. Existe um sujeito inseparável da criação que se descobre na relação entre o artista e sua época. Assim, propomos abordar sua produção como um caminho que se faz literalmente por costuras e dobraduras como significantes elos entre arte e vida, articulados por uma base construtiva que representa as riquezas híbridas de sua produção. Tal abordagem ressalta a emergência da subjetividade como tônus vital da produção artística pós-moderna, como forma de rompimento com os parâmetros e ambições internacionais de uma arte concreta, sem cargas e resíduos subjetivos. Paulo Roberto incorpora como recursos artísticos elementos e práticas relacionados a sua vida, tanto familiar (ele era filho de uma costureira) quanto profissional (foi economista, bancário e designer gráfico), que se libertam para a expressão como recursos inovadores dentro de suas experimentações, tão evidentes nas Armagens e nas Entretelas. Daí propormos unir, através do inventário de obras de Paulo Roberto, os aspectos biográficos de uma rápida passagem de vida às suas inovações artísticas. 28 29 30 31 ARMAR COM IMAGEM “Penso, reflito, estudo. Não escrevo, e, sim, corto. Recorto e dobro. Uso a cola. Recorto para costurar. Uso a linha. Uso a tinta e corto. Procuro, então, fazer com que o sentido da obra seja a sua própria construção. Para isto, emprego aqueles mesmos materiais que sem- CLAUDIA SALDANHA pre estiveram suportando imagens. Diretora da Divisão de Teoria e Pesquisa Esses materiais são personagens básicos de meu trabalho. A lei que do MAC de Niterói os rege libera suas principais características físicas para organizarlhes o jogo numa construção final que é geométrica. Em acumulações, dobras e quedas, invasões e superposições – fosse ontem com o papel, seja hoje com a tela – o positivo e o negativo desenham uma modulação infinita, onde a forma é fruto de sua permanente recomposição. Assim a obra se faz, se desfaz e se refaz, como o artista, ser humano diante da vida.” PAULO ROBERTO LEAL, 1978 Em sua breve e intensa trajetória, iniciada nos anos 70 e encerrada em 1991, Paulo Roberto Leal produziu uma obra fecunda em que a plasticidade do relevo, da construção e da pintura foram exploradas de maneira singular. Sua pesquisa levou adiante idéias geradas no final dos anos 50, a partir de experiências com superfícies moduladas de Lygia Clark e com relevos espaciais de Hélio Oiticica. Paulo Roberto pertenceu a um grupo de artistas que optou por retomar o projeto neoconcreto, depois de quase quinze anos, revigorando-o frente aos novos rumos da arte contemporânea brasileira. Na contramão de tendências que incluíam caminhos conceituais e a retomada da figuração, seguiu seu projeto com independência e liberdade, procurando, como ele próprio dizia, fazer com que o sentido da obra se tornasse evidente em sua própria construção. 32 33 O método do artista incluía e vivenciada do “participador”. Transitoriedade e atividades simples e planeja- mutação passaram a ser atributos utilizados por das. Estratégias como o cor- muitos artistas do período como Ione Saldanha, te, a dobra, a costura, e até cujas ripas, surgidas na superfície de suas pintu- mesmo a pintura - aplicada ras, adquiriram corpo, inclinando-se contra as pa- de maneira inusitada (como redes, e propondo inúmeras combinações de cores no verso da tela) - buscavam e formas. A cor também transmutou-se e tornou- estreitar relações entre pla- se corpórea na obra de Aluísio Carvão, que passou nos, texturas e cores. Das a adotá-la como elemento principal. Cubocor, um Armagens – sua primeira sé- cubo de cimento coberto de pigmento vermelho é o rie de trabalhos com papel auge da pesquisa do artista. – às Armaduras, passando Nesse ambiente surgem artistas que expe- pelas Entretelas – quando introduziu telas de algo- Sem título, 1976. rimentam a pintura e projetam-na para além da dão ou de brim –, Paulo Roberto desenvolveu uma Tela costurada. superfície do quadro como Ascânio MMM, Luciano linguagem despojada, de lirismo singular. Figueiredo, Raymundo Colares, Manfredo Souza- O plurissensorialismo presente na obra de neto e Paulo Roberto Leal. Com os Des-mov-em, Paulo Roberto está ligado genealogicamente às múltiplos de acrílico com cintas de papel colori- experiências realizadas por artistas como Ivan Ser- do que se movem, Paulo Roberto parece evocar pa, Lygia Clark, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão que também experiências cinéticas que, em conjunto propunham a valorização da expressão e privilegia- com o Neoconcretismo, fundaram, nos anos 50, vam a experiência como momento gerador da obra. uma geometria sensível no Brasil e outros países Para esses artistas, forma, fundo e cor deveriam da América Latina. Nos Des-mov-em pode-se no- ser tratados com o mesmo nível de importância e o tar o que Roberto Pontual pontuou como “caráter quadro seria não mais um suporte para a obra, mas perecível, e daí conceitual de sua proposta, que a sim um campo ampliado a integrar-se ao espaço ex- qualquer momento pode ser desfeita”. terno. Neste contexto, desaparecem a moldura da pintura e a base das obras tridimensionais. Como resultado do rompimento com os ideais construtivos, ao longo e após os anos 60, surgiram 34 A este legado do movimento neoconcreto Paulo Armagem, c. 1975. Roberto adicionou idéias do movimento minimalista Colagem, papel – especialmente em sua fase final, quando artistas e acrílico. norte-americanos como Robert Morris e Sol LeWitt pesquisas como a nova figuração, a arte conceitu- abandonaram seu in- al e outras práticas pós-construtivas. Lygia Clark teresse pelo objeto e encontrou na psicanálise um terreno fértil a partir lançaram-se à pes- do qual propôs sessões terapêuticas com utiliza- quisa dos processos ção de seus “objetos relacionais”. Já Hélio Oiticica de fazer arte, abrindo buscou nos Parangolés uma integração completa caminho para práticas 35 que posteriormente leva- princípios, este novo artista-alquimista precisava ram a ações relacionadas descobrir as raízes das coisas, participar de acon- ao meio ambiente, como a tecimentos naturais para descubrir-se a si mesmo, landart, ao corpo como a seu corpo, sua memória, seus gestos e tudo que de- bodyart, e à performance. corresse de seus sentidos. A ar te minima lista qu e Como a superfície de uma Armagem, a exposi- s e i n s t a u ro u n o s E s t a - ção Da matéria nasce a forma desdobra-se em torno dos Unidos nos anos 60 da arquitetura curvilínea de Niemeyer proporcio- reagiu à subjetividade e nando ao visitante vivenciar a obra de Paulo Roberto aos excessos do expres- Leal. Nas obras Habitantes e Muralha do Quasar, o sionismo abstrato, e na- artista combina calculadamente diversos elementos vegou entre o formalismo, e constrói um sistema através da repetição e modu- com Donald Judd, e o informalismo, com Richard Quasar, 1982. lação de unidades e/ou movimentos. O espectador Serra que com Splash Piece derramou chumbo Acrílica sobre tela vivencia a obra e participa do processo criativo a derretido no canto de uma galeria. e colagem. partir de sua experiência pessoal, reconstruindo e Outra influência importante, a arte povera, apro- recombinando suas partes. ximou mais ainda o artista da investigação, tornando Na série Armagens, realizada no início da car- ainda mais evidente o caráter empírico e especula- reira, Paulo Roberto manipula folhas de papel e tivo de sua obra que privilegiou a utilização de ma- compõe formas de resultados diversos. Soma de teriais primários como papel de embrulho, linha de armação com imagem, essa primeira seqüência de costura, papel laminado, tecidos, placas de acrílico e outros materiais encontrados. Adotar a tela como suporte para a experimentação e abdicar da representação não foi um partido exclusivo dos artistas do póvera italiano ou do minimalismo norte-americano, mas de boa parte da 36 trabalhos é resultado da pesquisa do artista com Módulo 16 [Armagem], 1972. papel kraft, de embrulho e cartolina. Ora enrola- Colagem, papel das sobre uma mesa e sem proteção alguma, ora e acrílico. encerradas em caixas acrílicas, as Armagens já anunciavam o interesse de Paulo Roberto pela participação do público. arte produzida no período. Nos anos 60 vimos surgir, Sobre esta série escreveu o crítico Ro- quase que simultaneamente, em vários países, mo- berto Pontual: “Tão deliberadamente vimentos que defendiam valores marginais e “po- precário é o núcleo de sua obra que bres” como o sensorial, o lírico, o poético e o sub- só no próprio momento e ato de jetivo. Para o crítico italiano Germano Celant, que arrumá-la em exposição alguns cunhou o termo arte póvera, e produziu uma série de de seus trabalhos passam a tomar ensaios para exposições que organizou, esta forma forma final – menos final porque cabe de arte deveria estar liberta de toda superestrutura a nós desarmar determinadas dessas ar- histórica e simbólica. Mais do que trabalhar sobre magens, como se tão-somente brincássemos. 37 Brincadeira que engloba um gérmen de muito: 1 PONTUAL, Roberto. constrói a forma persistin- a plenitude significante potencial de simples fo- Sôpro: armagem do assi m em sua rec usa lhas de papel: plenitude pura e simplesmente de tudo que existe.”1 Nas Entretelas e Sobretelas que surgem em 1975, Paulo Roberto lança mão da tela de brim, do zuarte e da linha de costura que, aplicada à máquina, percorre o campo do quadro dividindo, agregando ou mesmo sobrepondo tecidos. Esse novo campo de expressão, quase tão antigo quanto a própria pintura, é revelado nas suas inúmeras possibilidades – de frente ou do precário. In: ENCONTRO DE ARTE da representação. MODERNA, 2., 1970, Para Frederico Morais, “Aí Curitiba. II Encontro e x i s t e u m a l u t a e n t re o de Arte Moderna. Curitiba: [s.n.], 1970. branco da tela que quer se p. 20-21. impor, fazer-se espaço ou A tela em branco. pressionado nos cantos da In: LEAL, Paulo tela. Mas pode ser também Roberto. Paulo R. Graffiti Galeria proporcionando não apenas um comentário sobre a de Arte, 1975. p. 2. pintura, mas também sobre sua ausência. Na apresentação do catálogo da exposição do Tecido, jeans território, anular o branco, saturá-lo com sua fisi- Paulo Leal: na abertura qual para o quadro que não será pintado. A tela mos- o espaço da arte? O Globo, Rio de Janeiro, trando sua pele nua e o avesso cirurgicamente cos- 29 set. 1980. Artes turado (com a verdade de sua trama) à face lavada, 38 tremos angulares do quadro, quer ocupar o novo 3 MORAIS, Frederico. Dillon escreve: “A tela em branco. A tela-campo a série Armaduras: telas cortadas e coladas sobre que, penetrando pelos exSem título, 1975. costurado. artista na Galeria Grafitti neste mesmo ano, Osmar Alguns anos mais tarde, Paulo Roberto inicia o inverso; é o vermelho Leal. Rio de Janeiro: do avesso, cru ou tingido, tencionado ou dobrado –, lisa e preparada para a pintura que não será.”2 mesmo cor, e o vermelho, 2 DILLON, Osmar. plásticas, p. 22. Da Matéria Nasce calidade de cor. É uma guerra, que pressupõe não só um ‘interior’ ativo e um ‘exterior’ cujos limites ou força desconhecemos”. “Num caso e em outro, portanto, a mobilidade é constante. E esta mobilidade não é apenas da estrutura, do jogo que se arma entre o desenho da obra e o material utilizado na sua construção. O a Forma, 1981. próprio material se move. Antes, como lembra o Tinta a óleo sobre tela. próprio Leal, um de seus objetivos era criar ondu- outras telas, pintadas de lações com o próprio papel, hoje são as ‘placas’ ambos os lados ou mesmo de brim pintadas dos dois lados que criam, com o dispostas sobre a parede, tempo, suas ondulações. Antes a fragilidade era diretamente, sem chassis, sugerida, tinha um sentido metafórico, hoje ela é o molduras ou qualquer outra resultado de sua própria química.”3 proteção. Mais uma vez o Para Roberto Pontual, há algumas constantes artista busca enfatizar a au- básicas na obra de Paulo Roberto: “A primeira é tonomia do material frente sua pulsão construtiva. A segunda, a linguagem ao processo de fazer arte. modular, tomando por modelo o quadrado. A ter- A pintura ganha então cor- ceira, o recurso serial. A quarta, a troca da imagem po, encobre o tecido no seu pelo conceito. A quinta, o diálogo entre o plano e o verso e no seu reverso e espaço pleno. A sexta, o aproveitamento específico 39 de cada material utilizado (...) E a sétima, a incorporação do acaso que vem com o ludismo, virtual ou real. (...) Todas essas constantes convergem para a criação de um novo espaço expressivo (...), onde a linha, pelas mais diferentes maneiras, é acontecimento plástico e símbolo regente”. Com esta exposição o MAC de Niterói reúne, pela primeira vez, uma parte significativa do conjunto de obras de Paulo Roberto Leal pertencentes à Coleção João Sattamini e outras coleções particulares. A partir dela podemos viver os quase 25 anos de carreira do artista que nunca cursou escola de belas artes ou teve mestres particulares e observar a importância da obra do artista no contexto geral da arte contemporânea brasileira. 40 41 42 43 BIOGRAFIA 1969 Realiza seus primeiros trabalhos de programação visual para catálogos de exposições no Rio de Ja- Paulo Roberto Leal neiro. Faz revisão tipográfica do Dicionário de artes Rio de Janeiro, 1946-1991 plásticas no Brasil, de Roberto Pontual. Estabelece contato com o poeta e artista Osmar Dillon. 1970 Inicia suas atividades como artista plástico sem abandonar seu emprego no Banco Central do Brasil, onde atuava como economista e bancário. Participa de mostras coletivas, como Materiais transfigurados, na Sala Goeldi da Funarte, no Rio, e é selecionado entre trinta artistas para a XI Bienal de São Paulo que ocorreria no ano seguinte. 1971 Ministra curso durante o evento Domingos de Papel (desdobramento dos Domingos da Criação no MAM do Rio). Realiza sua primeira exposição individual – Múltiplos – na Galeria Ipanema, com texto de apresentação de Roberto Pontual. Participa da XI Bienal de São Paulo e obtém o Prêmio Internacional com sua série Des-mov-em (caixas de acrílico com fitas de papel colorido). É indicado para a XXXVI Bienal de Veneza, que seria realizada no ano seguinte. 1972 Integra com Franz Weissmann e Humberto Espíndola a representação brasileira na XXXVI Bienal de Veneza, mostrando seus primeiros conjuntos de Armagens, relevos de papel no interior de caixas de acrílico transparentes ou translúcidas. A partir de então, sua obra passa a integrar acervos de coleções e museus internacionais. Realiza exposição individual na Galeria Ipanema com boa repercus- 44 são na crítica. 45 1973 Intensifica sua participação em exposições coleti- 1981 Monta para o Projeto ABC, da Funarte, no Rio, o am- vas e individuais por todo o país, com destaque para biente A casa e expõe em sala especial no Salão Na- o prêmio no Concurso Nacional de Múltiplos pro- cional de Arte de Belo Horizonte. Expõe também no movido pela Petite Galerie, no Rio. Museu Postal e Telegráfico de Brasília, onde apre- 1974 Primeira exposição individual em São Paulo, na Ga- senta pela primeira vez a série Cartas – folhas de leria Arte Global. Exibe junto com suas Armagens uma versão de ampulheta, obra sem título mani- papel que se unem por linhas de costura. 1982 municável, com artistas brasileiros e estrangeiros, documentário de André Palut aborda a obra de dez no MAC de São Paulo. Com a série Quasar participa artistas brasileiros – Paulo Roberto Leal entre eles de exposição da Coleção Gilberto Chateaubriand na – selecionados para integrar o acervo de arte contemporânea do Museu de Ontário, no Canadá. 1975 1976 1977 Fundação Gulbenkian, em Lisboa, Portugal. 1983 Integra o júri do Salão Nacional de Artes Plásti- Inicia nova série de trabalhos, as Entretelas, usan- cas e participa da mostra À flor da pele – pintura do recortes de tecidos costurados à máquina. e prazer, no Rio. Realiza exposição na Galeria Graffiti, no Rio, com 1984 Em parceria com Marcus Lontra realiza a cura- texto de apresentação de Osmar Dillon. A escolha doria da exposição Como vai você, Geração 80?, na de novo suporte inspira uma série de matérias da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio. crítica especializada. Durante os anos 80 realiza várias exposições in- Realiza com Haroldo Barroso exposição itinerante dividuais e coletivas por todo o país. São desse por várias cidades brasileiras. Participa também da período trabalhos como Habitantes, Rio zirigui- mostra Arte agora I: Brasil 70-75, no MAM do Rio. dum, A vila, Morro da Urca, Corcovado e Batuque, Olívio Tavares de Araújo realiza filme sobre sua obra por ocasião da exposição itinerante O gesto criador. 1978 que têm a cor como elemento fundamental. 1989 Realiza nova série de trabalhos com telas recortadas, as Armaduras participa da exposição Arte agora III: no Rio. 1991 América Latina – Geometria sensível (as peças foram consumidas pelo incêndio do MAM do Rio). Apesar do Morre de pneumonia aos 46 anos, no mês de fevereiro, no Rio. 1993 Com o objetivo de preservar sua memória e sua obra, reconhecimento como artista continua trabalhando o crítico Roberto Pontual e os artistas Armando Mat- no Banco Central do Brasil e assume por dois anos o tos e Manfredo Souzanetto criam o Projeto Concreto cargo de curador do Museu de Valores. PRL, que tem Gilberto Chateaubriand como um de Participa do Panorama da nova pintura latino-americana, exposição inaugurada em Buenos Aires e 46 Mostra Concerto concreto, sua última exposição individual, na Galeria 110 Arte Contemporânea, pintadas e coladas sobre diferentes suportes. Com 1980 Participa da exposição In comunicabile/Inter-co- pulável de papel e acrílico. Na mesma ocasião um seus conselheiros. 1995 O MAM do Rio implanta o Centro de Referência Ico- que circula por vários países. Participa da repre- nográfica e Textual PRL e põe à disposição arquivo sentação brasileira da XXXIX Bienal de Veneza. documental para consulta e pesquisa do público. 47 1998 Sua obra participa das exposições coletivas O moderno e contemporâneo, no MASP, e Espelho da Bienal, no MAC de Niterói, e ganha pequena individual no Estúdio Guanabara, no Rio. 1999 Os Des-mov-em e as Armagens – trabalhos sobre papel – são expostos no Parque das Ruínas, no Rio. 2000 O acervo do Projeto Concreto PRL é exposto pela primeira vez em mostra retrospectiva no Centro Cultural Light, curada por Armando Mattos. Na ocasião é publicado o primeiro catálogo sobre a obra do artista. Sua obra é exposta em individual na Galeria Laura Marsiaj, com curadoria de Fernando Cocchiarale, e participa da exposição Situações: arte brasileira dos anos 70, na Casa França-Brasil. 2001-2006 Integra as coletivas Imagem sitiada, no Espaço SESC, Rio (2003); Onde está você, Geração 80?, no CCBB, Rio (2004); Espaço lúdico – Um olhar sobre a infância na arte brasileira, no BNDES, Rio (2004); O lúdico na arte, no Itaú Cultural, São Paulo (2005); e Abrigo poético – Diálogos com Lygia Clark, no MAC de Niterói (2006). 48 49 50 51 with deconstructing the components The 20th century vanguards, especially municative actions and situations that of creation and reception by which the those with links to constructivist roots, bring to life new forms of language and communicative actions in the institu- certainly passed down through the gen- knowledge. These changes underway tions of ritualized encounters between erations one of the most challenging directly affect the dominant standards, INTRODUCTION art and society are organized, especially legacies for any broader study into the from academia to museums, especially Luiz Guilherme Vergara | Director those that expand the spectator’s mul- development of the mental structures those of contemporary art, and urge tisensory engagement. To exhibit Paulo involved in “artistic invention” (term them to be reworked, not only from the Not every artist takes the conventional Roberto Leal is to invest in this, the con- proposed by the international Concrete perspective of the documental catego- route, attending art school or going temporary art museum’s commitment Art movement), including both artistic ries of art history, aesthetics or anti-art, through the different steps and prereq- to its condition as a laboratory of the actions themselves and their reception but as laboratories of a new ethic of uisites for becoming an artist. One such languages and means of expression that and perception by society. Very little has symbolic exchanges, like mutually in- exception is the notable, swift trajec- have guided the history of contemporary been studied of the structures of per- teractive constructions of form-thought/ tory of Paulo Roberto Leal (1946-1991), Brazilian art, without losing a sense of ception and expression that are built up knowledge. Thus, in our presentation of who started his career in 1970, took affection or concern for human com- through artistic practices. In the case of the experimental trajectory of Paulo Ro- part in the 11 São Paulo Bienal the munication through art. We pay special Paulo Roberto Leal, his works can serve berto Leal, which is so deeply rooted in following year, and was included in the tribute to João Sattamini, who demon- as a potential field of experiences, refer- the Neoconcrete heritage, we are able to Venice Biennale in 1980. However, we strated great sensitivity and intuition ring us to a constant revolution in cogni- revive the importance of collections and should add how notorious a challenge by investing in this artist’s production, tive processes. In this case, it may be apt museums. As Mario Pedrosa has point- all the formal art institutions, muse- allowing us to review his career today to propose the idea that art be rethought ed out, they are a challenging “paral- ums, academia and even art criticism from such an ample viewpoint. It is also as forms in an expansion of knowledge. aboratory. It is within this (the museum) face in the 20th century as they try to fitting here to mention the support given This leaves our contemporary art muse- that one can comprehend what is called stay on par with the seemingly bound- particularly by Armando Mattos and um with the duty of investigating these experimental art, invention.”1 less means of expression and schisms Projeto Concreto, as well as Márcio and archives and collections not just as a Every artwork that is presented in a set up by experimentalist vanguards in Fernanda Barbosa, who so kindly lent set of static objects removed from their museum, no matter how experimen- response to the conventions and tradi- us some precious works to fill the gaps time and interpretative experiences, but tal, unprecedented or unconventional tional categories of artistic discourse in our collection. also as processes for the passage of it may be, bears a history of rifts and and practice. There can be no question an expressive will between matter and references. As of the 1970s, while Paulo as to the initiatory role played by Cour- form-thought, and then on to new forms Roberto Leal was capitalizing on the of expanded perception and knowledge. experimental freedom acquired by suc- reacted against the restriction of means FORM IS BORN FORM MATTER LIFE IS BORN FROM ART In other words, the communicative chal- cessive artistic generations, he also de- of expression to the canons established MULTIPLE VIEWS OF ART AND PROCESSES lenges of the successive expansions of veloped works of a ”conceptual” nature by art schools and exhibition halls in the Luiz Guilherme Vergara | Director art concepts also apply to the mental with links to the Brazilian Constructivist structures of cognition and perception. program, which started in the 1950s. In with the changes occurring in modern “If everybody could create, maybe the In these terms, there is no longer an so doing, he brought to date the his- life. Since then, we have seen a multi- term art would lose its traditional mean- isolated object, but rather interactive toric international web of movements plication of different means of artistic ing – it would simply be life.” or relational aesthetics. Each artwork linked to Concrete Art, Bauhaus and engagement in experiments concerned Paulo Roberto Leal can be seen as a proposition of com- Max Bill’s Ulm school, which were con- ENGLISH TRANSLATION FORM IS BORN FROM MATTER Paulo Roberto Leal th bet, followed by the Impressionists, who 19th century, which failed to keep pace 52 53 54 veyed across the Americas in the 20th of experimentations that would open artistic languages, from kinetic geom- inspired to denote the end of the artist, century. Leal’s art propositions revive up new routes. 2 First the Argentines etry (of movement) to a kinetic architec- making way for an attitude of agency or a history of programs of artistic actions and later the Brazilians aligned them- ture, alongside sculptures and paintings facilitation of new shared behaviors in and inventions, both in Brazil (1950s) selves with the practices and ideals of that could be articulated, touched and collective sculptures based on affection. and in Argentina (1940s), which went Concrete Art as a means of striving for have their forms manipulated and al- Which is confirmed in a statement by beyond a quest for the autonomy and social reform, countering both the ab- tered manually. Paulo Roberto Leal: “As of the moment isolation of the pure aesthetic sphere. stract Expressionism of the New York These are the conceptual features that that everyone can create, maybe the These vanguards’ artistic inventions school and the nihilism or existen- can be seen reemerging in Paulo Ro- term art loses its traditional meaning were also founded on political move- tialism with which post-War Europe berto Leal’s output from the 1970s. For – and it comes to be life.” ments and collective hopes for social was remaking or unmaking its expecta- instance, when the public is offered In Leal’s boxes we see convergences of reform through art – or with art as tions for the future or for any possible sheets of paper to be rolled up like this kind between process and collective part of this. belief in the domain of industrial/capi- tubes, forming a collective, accumu- participation. The trend to invent kinetic If one is to review this history of concrete talist reason. lative (open, infinite) process of envi- and participative objects was part of a art in Argentina and Brazil, one must From these generations’ experiments ronmental sculpture. In the 1960s and greater quest by the leftist, Marxism-in- broaden the scope of what is present- there sprung a number of proposals 70s this expansion of the artwork to spired vanguards, whose main aim was ed in this exhibition – the aspirations to shift artistic value from subjective, embrace process-related propositions to coordinate art processes with collec- that were handed on from generation creative processes to intentional, quasi- linked to counterculture and anti-art tive activities. The experimentations in to generation, just like the different scientific methods, called the invention movements, also called the demateri- both Brazil and Argentina became part social and political moments that pro- of art objects, aesthetic machines, ki- alization of the art object, stretched the of a great constructivist-based school vided the cultural backdrop for the ar- netic sculptures, articulated systems concept of art to include action/situation, linked to dynamic, geometric sculptures tistic manifestations. As both nations and above all by adopting the Dadaistic which particularly affected how an art (kinetic art) that went beyond Max Bill’s underwent periods of “progressive” sense of play and chance. This spirit of object’s value was conceived, no longer pure mathematics and his aspirations change after the end of World War II, confluence between art and social re- as a complete or isolated act. Jean Arp for a universal language. However, they in stark contrast to the destruction be- form, art and invention, also developed was one of the first to rethink the art- all faced the tough challenge of the ing tackled in Europe, the upbeat pro- towards a collective proposition of artis- ist as a proposer of collective construc- rigidity of Concrete Art’s rationality modernization cornerstones of their tic deeds and knowledge. This state of tions and activities, and even suggested as they attained what could be called a economies and society were strength- invention persisted throughout decades that artworks should no longer bear sensitive geometry, territories of expe- ened under the political aegis of the and crossed frontiers between Europe, any signature. In the 1960s the Fluxus riences, which culminated in the Neo- Getúlio Vargas and Juan Perón govern- Argentina – pollinating the Asociación movement revived this concept of art concrete experiment (1959-1961). With ments. In the 1940s, Argentine Tomás Arte Concreto-Invención and Grupo experiences as collective propositions, his seams, random folds and strips de- Maldonado joined a group of artists Madí – and later Brazil, with Grupo as anti-arte/anti-object. These proposi- posited haphazardly inside boxes, Paulo keen to bring about far-reaching reform Ruptura, and the Brazilian Concrete tions were certainly heavily imbued with Roberto Leal stretched the limitations through an art engaged in processes and Neoconcrete schools. What was a Dadaist irony, but they also foretold of of this rationale beyond its geometric that could be linked to Marxist theo- part of a pedagogic approach in the an ethic that is emerging nowadays: a confines by turning to organic, kinetic ries and dialectical materialism. The Bauhaus school took on new dimen- quest for means of collective construc- and participative elements. Concrete artists sought to achieve an sions in Argentina and Brazil as an tion, both in knowledge and art. It was Another outcome of this path taken by anti-capitalist aesthetic by means interdisciplinary relationship between in response to this that Lygia Clark was Concrete Art that we can see in this 55 56 exhibition is the programs of invention lective and social processes. What one the bureaucratic, automated repetition complexes, Leal sought to distill from and constructive processes that each can see in this exhibition is much more of calculations and accruals of paper monumentality, from mechanical se- artist took to their extreme, pushing than a set of objects and their geometric strips, the artist is reborn to the primal riality, an expression of ambivalence the potential of the art of static objects basis; it is the creative act or inventive difference: poetics, gadgets born of the (difference) between concept and af- to its peak, inviting the participation action performed on matter, which is in imagination. If science seeks methods fection, like a critical or poetic expres- of all in systems of perception-deeds, turn remade to gain new meaning as a and laws for projecting, mastering and sion of an already post-modern state, as expressed so well by Ferreira Gul- form-thought. Thus, the contemporary controlling nature or life through repeti- for he does not hide subjectivity in the lar in Teoria do Não-Objeto [Theory of art museum can also become a terri- tion; if the routine of factory clocks and name of universal art formulations. the Non-Object]: “A non-object is an tory for the passage and recurrent flow production lines requires the order of Paulo Roberto Leal brings armação anti-object, but a special object in that of the forces, both psychic (human-ar- repetition for it to attain perfection; if [structure] (repetition) and imagem it is designed for the synthesis of sen- tistic subjectivity in action) and histori- all modern life is founded upon repro- [image] (difference) to his first boxes: sorial and mental experiences: a body cal (geography of art movements), that duction by means of a mechanical rep- “armagens”. He brings the keenness that is transparent to phenomenologi- are present in the processes related to etition of patterns, how could this same of ambiguity (difference) into the sim- cal knowledge.”3 This course taken by these works. How can one empower century turn repetition and seriality into plicity of repetition, drawing our at- Concrete Art and the states of invention new perceptions of these works, which sensibility, the uncanny and difference? tention to the simple, small things of is a part of history to which Leal con- have been discussed at such length and The 1970s post-modern generation, of daily life – like a Zen Buddhist monk. tributes and which he revives for his own venerated by the restless eye of art crit- which Paulo Roberto Leal was a part, Repetition gives birth to an overspill, and future generations. The architecture ics, who have themselves helped great- had a very clear take on this criticism of and it is this emptying out that effects a of MAC and the ideals of social reform ly by documenting the processes and the mechanical automation of the indus- shift from neurosis to artistic creation- through art do not fail to work in synergy materials with which Leal “moved and try culture and the utopian manifestoes invention: difference. His series of Ar- with the revolutionary aspirations that multiplied” his means of expression? of a total world aesthetic, as Mondrian’s magens, with paper strips, is made of provided the genealogical backdrop for Throughout the whole exhibition inside generation forecast for the future. In this fluxes into and out of boxes, which are Paulo Roberto Leal’s output. MAC, where Leal’s conceptual series game or attempted play-off between art now “uncalculating”. Patterns and rep- While we recognize the power of the leg- are distributed, one is struck by a ten- and industrial/mass culture, aesthetic etitions can be picked out, same sizes, acy left by the 20th century’s vanguards, sion that is apparently superficial or quests emerged that offered the poten- same papers, folds, but the quality it is one of the jobs of museums like Mu- formal but which hides the whole sense tial to differentiate through repetition, to comes from the different rhythms of seu de Arte Contemporânea de Niterói of gravity and ambiguity of post-1960s repeat through difference. the random moves made. If science to de-isolate these treasures of creative art aesthetics and output: repetition and Thus, in the genealogy of Leal’s boxes seeks to derive comfort from whatever liberty, kept in the traditional captivity of difference. In Paris in 1968, French phi- there is a synthesis between national can be predicted by projection and rep- collections. But it is not enough merely losopher Gilles Deleuze published an legacies and movements, such as the etition, art seeks quality through differ- to put them on display to be contem- essay that explores precisely the junc- Neoconcrete movement, as well as in- ence. As an economist and artist, Leal plated passively by the public as just an- tion between these opposites. In the ternational ones, such as Concrete Art employs the discipline and method of other inventory of works by some group life and work of Paulo Roberto Leal, we and later Minimalism, Conceptual Art repetition, attaining a taste of minimal of pioneers from our recent artistic past. can review these folds, which are at the and Arte Povera. However, unlike the differences. Form is born from matter New viewpoints must be added and new same time repetition and difference. Minimalist artists of 1970s America, (life – or the death of repetition): the light cast on what underlies these urges Leal either invents them or shifts them who were drawn to make explorations primal singularity of difference. To this of creative minds and their role in col- away from the routine of banking. From and occupations of large industrial extent his art is extremely conceptual, 57 58 since it is made through the essence logos and language+art); from a simple, a series of highly complex, ambiguous Wars. Born in 1946, Paulo Roberto Leal of the encounter between matter and mundane material recycled from life works, somewhere between armação could not help but feel the sense of form, or matter and light; it is thought and derived from a non-artistic living (construction and structure) and ima- post-war relief, the weight of the Cold with matter: form-thought, which them- (banking) to art form. While Leal took gem (image, magic): his “armagens”. War, the first flights by astronauts, selves dialectically alternate between his first steps as an artist, he was also The boxes multiply, each as similar as Coca-cola and the birth of television. the matter that forms thought and the revealed as an inventor of new com- the next and yet so different. The am- He is, indeed, much as Frederico Mo- thought that materializes form, united municative orders, polysemic systems, biguity is present in the name, espe- rais defines him, “an artist of a new, by folds in matter and form-light. which were often investigated by the cially within the context of the military post-modern kind. He never went to It is our job to cast new light not just critics of his day – whose proximity repression in the 1970s; the name and art school or had private teachers. His on the artist’s trajectory, which can be to the artist and his processes reveal a form of the “armagens” could be seen ‘learning’ is the result of close contact seen by the guiding line that links and significant degree of attention to process as protection through art. This was also with artists and critics.”6 unites the different stages of his work, and materials. Veritable poetic gems why Leal had to give new names to his In the late 1950s, Mario Pedrosa took but also on the trajectory of the art were inspired by the luminous matter inventions, just like many artists from stock of Hélio Oiticica and Lygia Clark’s criticism which brought him to atten- the young artist produced. Roberto Pon- the Neoconcrete generation did, like shift into environmental installations, tion while still young. Further, like a ge- tual could be considered a special case: scientist-inventors of machines. 5 For experimentations with appropriations of stalt between the artist and his time, we “Here in these limpid boxes in which his boxes, structures, armagens or everyday discarded materials, spec- call to mind the changes that occurred design unfolds like light – like a static desmovem are names that indicate ac- tator participation and the boundar- in the three decades during which this point in the course of a particular dream tions and operations concerned with ies of the Penetrables and Parangolés artist and man matured – from the Anos –, chance converges with its control: the inventive manipulation or percep- as ethical propositions for defining a de Chumbo [“Years of Lead”] in the there is a finite infinity of forms await- tion of each work. The boxes are both post-modern aesthetic. Art as environ- 1960s to the expansion and optimism ing somebody’s will to set them off and decalculating and de-articulating of the mental action was also expressed by Oi- of the 1980s. It is important to compre- master them. Above all, they contain an logical order of things; they speak of a ticica in his Bólide boxes, with their color hend how each artist, along with his/her underground example of freedom; true, weaponless revolution of chaos over overflowing into space, which must have peers, plays out the duel or duet with the bird is contained, but it still survives order and progress, of movements and been a strong presence in the imagina- the values and critical perceptions of by its song.” unmovements, as Pontual puts it. They tion of the youthful Paulo Roberto Leal. the time. On the one hand, the sense of Pontual identified completely with the are harmless revolutions through the In turn, his boxes struck a course of uncanny caused by schisms or devia- artist’s output, responding with far unfolding of logic into non-logic; over- deftness and discipline through formu- tions towards novelty; on the other, the greater poetry and going beyond the spills and deviations from the exact sci- lations of fluid, mutating structures, coolness with which modern criticism concerns of critical judgment in that ences, from the positivism of the Bra- likewise inspired by Lygia Clark’s Ob- treats repetition. he did not concentrate on comparative zilian economic miracle in the 1970s to ras Moles and Trepantes. In the case of Paulo Roberto Leal, his value judgments but on the awakening the uncertainties and runaway inflation brief career was closely interlinked with of senses in each new work. In “Mover, of later years. These boxes, so simple, FORM IS BORN FROM MATTER – MUL- the trends in art criticism in the 1970s multiplicando” [ To move, multiply- are repeated and repeated like meta- TIPLE VIEWS OF A PROCESS and 80s in Rio de Janeiro. Likewise, we ing]” , Pontual sums up the construc- phors for the impacts of countercul- Other aspects take root in the develop- can look at the different stages in his tivist tension of differentiation through ture, anti-art, the death of painting, ment of this post-modern artist’s out- alchemistic discoveries: from the pas- repetition and repetition through differ- all the cathedrals that were toppled put which aptly express key trends in sage of matter (chaos) to form (order, entiation. The artist’s career began with during the century of the two World the 1970s, not just in art but also in the 4 59 60 studies into the nature of human knowl- mental methods for visually construct- dimension in the shape of experiential Piaget considers to be affection. It is edge. As Paulo Roberto Leal came to be ing matter-based discourse. In the knowledge. Along different lines, Piaget surely the artist that turns knowledge recognized as another of Brazil’s artists course taken by each of Leal’s series (1896-1980) was exploring the intrinsic into an affective and symbolic force. to adopt the constructivist legacy, es- we can envisage the same leaps that relationship between external action This oblique approach brings the con- pecially the Neoconcrete experiments, Piaget sets out for the human process and internal thought, regarded as es- structivist bases of Leal’s output closer his different series of artistic inventions of constructing cognitive structures: sential for and indissociable from the both to the legacy left by historical van- – the first boxes, the armagens, des- the assimilation, discovery and accom- development of knowledge. The course guards and, thanks to his constructivist movem, entretelas [betweencanvases], modation of new concepts through taken by art in the 20th century quite processes, to the cognitive development armações and quasares [quasars] – evi- the specific qualities of the materials. simply confirmed this approach. The implicit in the history of art and in the dence a parallel between direct free ex- His programs of invention in series first constructivist steps taken by the particular route taken by each artist. We perimentation and materials structur- (rather than creation, as the Con- vanguards led to conceptual operations, could also cite the contributions made ing discourse – logos and thought. It is crete artists proposed) lay bear cer- where each artist should pass through by another constructivist, Vigotsky in this mutual pull between the organic tain routes that are inseparable from their own initiation towards experimen- (1896-1934), who saw every subject’s (motor-sensorial) process and the as- experience-thought in a constant pro- tal knowledge – a concrete operational constructive process as having a social similation of the materials’ qualities cess of assimilation (of new materials, stage – to attain a state for inventing and historical nature – the artist con- that a singular conceptual dimension new questions), until new orders and languages, systems, world and concept. structed by his/her action in the world, emerges for each series, like a culmi- systems of form-thought are attained. Here, it is worth recalling Goethe’s un- which can never be in isolation. Belong- nation of the development of knowl- Without sticking to set formulae or derstanding that every beginning is ac- ing to or gaining a place in a world or edge through the matter-experience. operations, the artist reworked these tion and that only after this do we reach community of artists brings the artist a This transition, which the artist recog- stages in each work and even more so an operational stage. The constructivist new arena for operating with peers, with nized as “form is born from matter”, whenever he embarks on a new se- legacy left by the early 20th century van- generations and acquired knowledge, can be approached as a constructivist ries. Seen in this light, there is a par- guards’ artistic experimentations was and thus with the very legacy of history. development of knowledge. In his state allel between cognitive development formative for Brazil’s modern and post- Paulo Roberto Leal did not just revive of invention and cognition, Leal aligned as proposed by Piaget and this artist’s modern revolutions, from the Concrete the Neoconcrete experiences, with their himself with the Concrete artists who, constructivist experimentations. to the Neoconcrete groups. links to the constructivist roots of Brazil- through their inventive and intuitive The constructivist processes developed The development of Paulo Roberto Leal’s ian art; he matured as he became closer experimental processes, took paths by the Russian vanguards, by Malevich, inventions suggests that art can be ap- to and gained membership of a circle of that ran parallel to the constructivist Tatlin and others, were the first to push proached as giving birth to new forms contemporary vanguard artists and crit- approaches to knowledge. It is thus the temporal materiality of art out into of expanded knowledge, which can be ics. It was through this interchange with feasible to talk about Piaget’s stages space by using the intersection between perceived intuitively in the actions and history and intergenerational move- of knowledge construction in associa- painting, sculpture and environment (ar- operations that guide its practices: form ments that his artistic output acquired tion with constructivist-based Concrete chitecture), by means of accumulative is born from matter (logos and artistic two crucial elements beyond the cog- art/invention. In the broad overview constructive processes. New materials discourse). But one cannot reduce an nitive game. Art is made as a happen- this exhibition provides of Leal’s body were introduced to this experimental artwork to exercises and games with ing. All art expression is a rite – a ritual of work, the museum can be seen as a ground, combining organic experience materials, for if any special knowledge of symbolic exchanges – modeled by laboratory for the construction of lan- with the inaugural construction of a is to be produced, another dimension of shared experiences from each time and guages: the artist developing experi- time-space form, giving art a fourth human existence must be added, which its social and political context. Here, too, 61 62 we pick up in Leal’s short career some “Armagens”, covered with milky acrylic Setting forth from the rich heritage left will and freedom of expression opened of the marks left by the differences be- (like a sheen), shift the focus away from by the Concrete and Neoconcrete ex- up over these last three decades that the tween the 1970s and 80s. His boxes, the form to a greater perception of the periments (1959-1961), Leal was able to creative subject behind the work, or life armagens and demovem can be seen to luminous white itself. Finally, he also combine experimental freedom, subjec- behind the form, can best be brought to encapsulate the political pressures of renewed his interest in astronomy, tivity and constructivism. Whatever the light. What can be seen from these two the sixties and seventies. Meanwhile, which was commonplace in the 1960s case, if we delve beyond the play be- decades of artistic activity is a tension the decompression in the 1980s, as the and 70s because of the discoveries of tween geometry, form and matter with between restlessness and an impulse to economy and national spirit opened up, distant planets, galaxies and objects, which Paulo Roberto Leal weaves his experiment with new materials, which is allowed him greater artistic freedom to such as quasars.7 Just like Antonio Dias, creative fluency, we perceive a differ- characteristic of the post-Neoconcrete paint large formats and develop collec- one of many artists in the 1970s, or ent way of interpreting the relationship generations, and this artist’s construc- tive activities in Parque Lage. In this late Mark Tobey, from the 1940s, Paulo Ro- between art and life, and chance upon a tivist – and intuitive – program. There phase, Leal symbolically and literally berto Leal also followed his impulse to greater question: form is released from exists a subject that cannot be separat- emerged from his cocoon and his boxes dematerialize art and materialize light. artistic thought, matter is reborn as art ed from the creativeness residing in the and took on the experience of being a Leal topped this series of works explor- expression, and the subject is invented relationship between the artist and his charismatic agent and thus one of the ing the potential of white with Quasars – through art to a new meaning of life. Re- time. Thus, we choose to approach his key figures from the 80s generation. like red shifts. Ever since Malevich there ciprocally, the very artist’s life is reborn body of work as a course that is literally While the 1960s and 70s were marked have been painters who have explored from his artistic creation; Leal invented taken by seams and folds as significant by turbulent international conflicts, painting as a spiritual materialization, his new art from the remnants of his links between art and life, coordinated critics were active in influencing the the white square on white being a his- life in banking – and his life is reborn by a constructivist basis that represents engagement of counterculture and anti- torical example of the artist seeking to through art. the hybrid wealth of his output. aesthetics, the dematerializtion of the cross the frontiers of art as representa- The reconstruction of Paulo Roberto Such an approach highlights the emer- art object to its materialization as an tion and find emancipation in the mate- Leal’s artistic career for this exhibition gence of subjectivity as a driving force in environmental, semantic or linguistic rial visualization of an idea: pure form, not only provides the public with a com- post-modern art production, a means of experience, or the deconstruction of its concrete light. prehensive view of his singular career, breaking free from the constraints and communicative processes, seeing it as a These are just some ways to approach but it also brings together some gems international ambitions of a Concrete proposition for the spectator’s participa- this exhibition, which could also be from the MAC de Niterói and João Sat- Art stripped of any subjective weight tion to help shape an artwork’s meaning. called Life is born from Art. And by plac- tamini collection that have been exhib- or content. Paulo Roberto Leal takes And while the world of art and culture ing this artist’s output along MAC’s ited very little in recent decades. The elements and practices related to his had their collective outbreaks, cogni- circular walkways like a constellation artist’s output is organized within the family (his mother was a seamstress) tive science was progressing even fur- of different simultaneous times, one circular spaces of this museum to high- and his professional life (he was an ther in its investigations into the realms is given the chance to have a variety of light the different series he produced economist and banker) and uses them of human knowledge. perspectives on his work, from its be- and provide a broad overview of the as artistic resources, liberating them for Beyond this concrete operational-mate- ginnings in the 1970s and as it unfolded outcome of his experiments with matter expression as novel elements in his ar- rial space, Leal made another detour like an unending play-off between its and form throughout his career stretch- tistic experimentations, as can be seen from painting to light matter, as ex- biographical and historical legacy, in- ing from 1970 to 1991. And it is thanks so clearly in Armagens and Entretelas. pressed in a singular set of works linked ternational and local influences, and both to the distance and the proximity With this inventory of Paulo Roberto to a white monochrome series. His generations past and contemporary. of the prolific clashes between creative Leal’s work, we seek to bring together 63 64 biographical elements from the fleet- and painting in a highly individual way. emergence. These artists held that form, Ascânio MMM, Luciano Figueiredo, ing course of his life and his innovative- In his research, he built on ideas that background and color should be given Raymundo Colares, Manfredo Souzane- ness as an artist. first emerged in the late 1950s in Lygia the same degree of importance and that to and Paulo Roberto Leal. Leal’s Des- Clark’s experiments with modular sur- a painting was no longer a support for mov-em, multiple acrylic boxes contain- faces and Hélio Oiticica’s spatial reliefs. the artwork, but rather an expanded ing strips of paper that can move, seem BUILDING UP THE IMAGE Leal was one of a group of artists who field that reached out into space. As a also to hark back to the kinetic experi- Claudia Saldanha | Director of Theory and decided to resume the Neoconcrete consequence, the frames of paintings ments of the 1950s which, alongside Research Department project fifteen years on, revitalizing it and bases for three-dimensional works the Neoconcrete movement, founded a through contact with the new routes in were banished. geometria sensível in Brazil and other “I think, I reflect, I study. I do not write, but Brazilian contemporary art. In a move- After the schism with Constructivist Latin American nations. In Des-mov- I cut. I cut out and fold over. I use glue. I ment that ran counter to the trends ideals, new lines of investigation arose em one can see what Roberto Pontual cut out to sew up. I use thread. I use paint at the time, which included conceptual throughout the 1960s and later, such described as the “fleeting and therefore and I cut. I try, then, to make the work’s leanings and a return to figuration, Pau- as New Figuration, Conceptual Art, and conceptual nature of his proposal, which meaning its own construction. In order to lo Roberto Leal advanced with an inde- other post-Constructivist practices. could be undone at any moment”. do so, I use the same materials that have pendent, free-thinking stance, seeking, Lygia Clark found psychoanalysis a fer- To this Neoconcrete legacy, Leal added always supported images. These materi- as he himself said, to make the mean- tile ground upon which to base thera- ideas gleaned from Minimalism, es- als are essential elements of my work. ing of the work clear through the way peutic sessions using her “relational pecially its late phase, when American The law that rules over them releases it was made. objects”. Meanwhile, Hélio Oiticica pro- artists like Robert Morris and Sol LeWitt their key physical characteristics to or- The artist’s method involved uncompli- duced his Parangolés in a quest for the renounced the object and delved into ganize the game for them in an ultimate cated, well-planned activities. He used “participant’s” total, experienced inte- the processes of making art, blazing construct which is geometric. cutting, folding, sewing and even paint- gration. Transience and mutation were new trails for practices that later led In accumulations, folds and falls, inva- ing, albeit in an original way (like on the attributes prized by many artists in the to environmentally-related interven- sions and overlaps – as in the past with back of the canvas), to draw closer ties period, like Ione Saldanha, whose strips tions such as Land Art, body-related paper, or today with canvas – the positive between plane, texture and color. In Ar- gained substance as they emerged out actions such as Body Art and perfor- and negative design an infinite modula- magens, his first series of works using of the surface of her paintings, leaning mance. The Minimalist Art that took tion whose form is the fruit of their per- paper, in Entretelas [“Betweencanvas- against the walls and suggesting count- root in the USA in the 1960s reacted manent recomposition. es”] when he introduced canvases made less combinations of color and form. against subjectivity and the excesses This is how the work is made, unmade of cotton and denim, and in his Armadu- Color was also transmuted and took of abstract Expressionism, striking and remade, like the artist, a human be- ras [“Armory”] Leal developed an uncon- on substance in Aluísio Carvão’s work, a course between formalism, with ing living life.” strained, uniquely lyrical language. where it came to be the principal ele- Donald Judd, and informalism, with Paulo Roberto Leal, 1978 The multiple sensoriality present in ment. This line of work reached its cli- Richard Serra, who poured molten Paulo Roberto Leal’s work has genea- max in Cubocor, a cube made of cement lead into the corner of a gallery for In his brief, intense career, which began logical links to the experiments in the and covered in red dye. his Splash Piece. in the 1970s and ended in 1991, Paulo late 1950s by Ivan Serpa, Lygia Clark, Within this environment, a number of Another significant influence, Arte Po- Roberto Leal produced an abundant Hélio Oiticica and Aluísio Carvão, who artists emerged who were experiment- vera, brought the artist closer still to body of work in which he explored the strove to highlight expression and ex- ing with painting, projecting it beyond investigation, highlighting the empiri- artistic potential of relief, construction perience as a key element in the work’s the surface of the canvas, including cal and speculative nature of his work, 65 66 which features the use of raw materials verse elements to build up a system of made of denim, blue denim and thread the other way around: the red, invad- such as wrapping paper, sewing thread, repeated or modulating units and/or which, when machine-sewn, crosses the ing the angular ends of the painting, foil, cloth, acrylic sheets and other movements. Spectators experience the field of the painting, separating, adding wanting to occupy the new territory everyday materials. work and interact with the creative or even overlapping fabrics. This new and blank out the white, saturating it The decision to use the canvas as a process by drawing on their own per- range of expression, which is almost as with its physical presence as color. It support for experimentation and ab- sonal experience, reconstructing and old as painting itself, reveals countless is a battle that assumes both an ac- dicate representation was not an recombining its parts. possibilities – from the front or behind, tive “interior” and an “exterior” whose exclusive domain of the artists from In the Armagens series, from the be- dyed or untreated, stretched or folded boundaries or power are unknown to us. Italy’s Arte Povera or America’s Mini- ginning of his career, the artist works –, forming a commentary not only about In either case, therefore, the one con- malism, but rather a feature of much with sheets of paper to create a variety painting but also about its absence. stant is mobility. And this mobility is not of the artwork produced during the of forms. This first sequence of works, In the foreword to the catalog for the just structural, pertaining to the play set period. The 1960s saw the almost a compound of structure (armação) artist’s exhibition at Galeria Grafitti this up between the design of the work and simultaneous emergence in differ- and image (imagem), is the result of year, Osmar Dillon writes, “The white the material used to construct it. The ent countries of movements that de- the artist’s experimentations using canvas. The canvas playing-field for a material itself moves. Before, as Leal fended marginalized, “poor” values, kraft paper, wrapping paper and card. painting that will not be painted. A canvas himself reminds us, one of his aims such as sensuality, lyricism, poetry and Whether rolled up on a table without baring its naked skin and its back surgi- was to create ripples in the paper itself, subjectivity. In the view of Italian critic the slightest protection or enclosed cally sewn (with the truth of its thread) which today are the “sheets” of denim Germano Celant, who coined the term in acrylic boxes, Leal’s Armagens al- to the smooth, washed face prepared for painted on both sides that form these Arte Povera and wrote a series of es- ready hint of his interest in specta- the painting that will never be.”9 undulations with the passing of time. says for exhibitions he organized, this tor participation. Some years later, Paulo Roberto Leal Before, there was a suggestion of frailty, art form should be released from any Art critic Roberto Pontual wrote the fol- started his Armaduras [Armory] series: a metaphorical sense; today, it is the re- historical or symbolic superstructure. lowing about this series. “So intention- canvases cut and glued onto other can- sult of its own chemistry.”10 These artists-cum-alchemists ally precarious is the core of his work vases, painted on both sides or even In the view of Roberto Pontual, there are were not about to work on principles, that it is only in the very act and at the placed straight onto the wall, with no some basic constants in Leal’s work. but needed to delve into the roots of very time of setting them up at an ex- support, frame or any other protection. “The first is its constructive drive. The things, take part in natural phenome- hibition that some of his works take Once again, the artist seeks to underline second is the modular language, with na to discover themselves, their bod- on their final form – not so final, be- the material’s autonomy in the process the square as its model. The third is ies, their memory, their gestures and cause it is up to us to dismantle certain of making art. The painting thus gains the use of series. The fourth is the ex- everything deriving from their senses. of these armagens, as if we were but substance, it covers the fabric on its re- change of image for concept. The fifth Like the surface of an Armagem, the playing. In a game that encompasses verse side and constructs the form, in- is the interchange between plane and exhibition Form is Born from Matter the seed of much: the potential, mean- sistently rejecting representation. open space. The sixth is the specific uti- takes shape around Niemeyer’s curva- ingful abundance of mere sheets of Frederico Morais writes, “there is a lization of each particular material (...) ceous architecture, giving the visitor paper; an abundance, quite simply, of struggle between the white of the And the seventh is the incorporation of an experience of Paulo Roberto Leal. everything that exists.”8 canvas that wants to take precedence, chance, which is allied to virtual or real In both Habitantes [Inhabitants] and in In Entretelas e Sobretelas [Between- to be made space or even color, and playfulness. (...) All these constants Muralha do Quasar [Quasar Wall], the canvases and Oncanvases] of 1975, the red, pressing into the corners of converge in the creation of a new space artist intentionally brings together di- Paulo Roberto Leal turns to canvases the canvas. But it could equally be of expression (...), where the line, in the new 67 68 most varied of ways, is an artistic hap- Domingos da Criação held at Museu de 1975 Started a new series of works, En- Salão Nacional de Arte de Belo Horizon- pening and a dominant symbol.”11 Arte Moderna do Rio de Janeiro). Held tretelas, in which he used patches of ma- te. Also exhibited works at Museu Postal With this exhibition, Museu Contem- his first solo exhibition, Múltiplos, at chine-sewn fabrics. Held an exhibition e Telegráfico de Brasília, presenting his porânea de Niterói brings together for Galeria Ipanema, with an introductory at Rio’s Galeria Graffiti, whose introduc- Cartas series for the first time: sheets of the first time a significant portion of text written by Roberto Pontual. Par- tory text was written by Osmar Dillon. paper held together by seams. the set of works by Paulo Roberto Leal ticipated in the 11th São Paulo Bienal His choice of a new support inspired a 1982 Participated in the exhibition In belonging to the João Sattamini Col- and won the international award for his number of articles by art critics. comunicabile/Inter-comunicável with lection and other private collections. Des-mov-em series (acrylic boxes with 1976 Put on an exhibition together Brazilian and foreign artists at Museu Through them, we can experience the colored paper strips). Nominated for the with Haroldo Barroso that toured sev- de Arte Contemporânea da Universidade almost 25-year-long career of this 36th Venice Biennale, to be held the fol- eral Brazilian cities. Also participated de São Paulo. His Quasar series was in- artist who never went to art college lowing year. in Arte agora I: Brasil 70-75, an exhibi- cluded in an exhibition of the Gilberto or had private teachers and appreciate 1972 Represented Brazil at the 36th tion held at Museu de Arte Moderna do Chateaubriand collection at Fundação the importance of the artist’s output Venice Biennale alongside Franz Weiss- Rio de Janeiro. Gulbenkian in Lisbon, Portugal. in the overall context of Brazilian con- mann and Humberto Espíndola, exhib- 1977 Olívio Tavares de Araújo made a 1983 Was a jury member at the Salão temporary art. iting his first sets of Armagens, paper film about Leal’s work, O gesto criador, Nacional de Artes Plásticas and took reliefs inside transparent or translucent to coincide with the touring exhibition. part in the exhibition À flor da pele – pin- acrylic boxes. From then on, his work 1978 Made a new series of works us- tura e prazer in Rio. BIOGRAPHY was added to private collections and in- ing canvases that were cut out, painted 1984 Alongside Marcus Lontra, cu- Paulo Roberto Leal, 1946-1991 ternational museums. Received critical and glued onto different supports. His rated Como vai você, Geração 80?, an acclaim for an individual exhibition held Armaduras were exhibited at Arte agora exhibition put on at Escola de Artes 1969 Carried out his first visual pro- at Galeria Ipanema. III: América Latina – Geometria sensível; Visuais do Parque Lage in Rio. Held gramming work for exhibition catalogs 1973 Took part in more joint and solo the works were lost in a fire at Museu de a number of individual and joint ex- in Rio de Janeiro. Proof-read Dicionário exhibitions across Brazil, and was given Arte Moderna do Rio de Janeiro. Despite hibitions in different parts of Brazil de artes plásticas no Brasil, by Roberto an award at the National Competition his growing recognition as an artist, he throughout the 1980s. His output in Pontual. Established relations with poet for Multiple Works put on by Petite Gal- carried on working at the Brazilian Cen- this period included Habitantes, Rio and artist Osmar Dillon. erie in Rio de Janeiro. tral Bank and held the post of curator of ziriguidum, A vila, Morro da Urca, Corco- 1970 Started activities as an artist with- 1974 Held his first solo exhibition in São the bank’s museum for two years. vado and Batuque, in which color is a out giving up his job at Brazil’s Central Paulo at Galeria Arte Global. Alongside 1980 Participated in Panorama da nova fundamental element. Bank, where he worked as an economist his Armagens, he exhibited an hourglass- pintura latino-americana, an exhibition 1989 His last solo exhibition, Concerto and banker. Took part in joint exhibi- like piece; an untitled work of paper and that opened in Buenos Aires and then concreto, was held in Rio at Galeria 110 tions, including Materiais transfigu- acrylic made to be handled. At the same toured several other countries. Was a Arte Contemporânea. rados, at Sala Goeldi in Funarte, Rio de time, André Palut made a documentary member of the Brazilian delegation to 1991 He died of pneumonia in Rio in Janeiro, and was one of thirty artists about the work of ten Brazilian artists, the 39th Venice Biennale. February, aged 46. selected for the 11th São Paulo Bienal including Paulo Roberto Leal, who had 1981 As part of a project entitled Projeto 1993 In a bid to preserve the his memo- held the following year. been selected for inclusion in the con- ABC, at Funarte in Rio, he assembled an ry and work, art critic Roberto Pontual 1971 Gave a course during the Domin- temporary art collection of the Royal environment called A casa, and had his and artists Armando Mattos and Man- gos de Papel event (an offshoot of the Ontario Museum in Canada. work exhibited in a special room at the fredo Souzanetto created the Projeto 69 Concreto PRL project, with Gilberto NOTES Chateaubriand as one of its trustees. 1995 Museu de Arte Moderna do Rio de 1 PEDROSA, Mario. Arte experimental e 7 Quasars (from the Latin Quasi stelars Janeiro opened its PRL Center of Icono- museus. In: ARANTES, Otília. Política objectus, or quasi-stellar object) are graphic and Textual Reference, making das Artes 1. São Paulo: Edusp, 1995. extremely bright objects encountered document archives available to the general public for reference and research. 1998 His work was included in the joint exhibitions O moderno e contemporâneo, at Museu de Arte de São Paulo, and Espelho da Bienal, at Museu de Arte Contemporânea de Niterói, and in a small individual exhibition at Estúdio Guanabara in Rio. 1999 Des-mov-em and Armagens, both works using paper, were exhibited in Rio 2 Grupo Madí and the Asociación Arte Concreto-Invención (1945-47) were founded during this period of intense activity and creativeness. Their publications and studies contain references to the ideals and experiences (inventions) of Malevich, Mondrian, Jean Arp, Kurt Schwitters, Rodchenko, László Moholy-Nagy and Max Bill. in the far corners of the Universe. Most quasars that have been observed have a very high red shift, which indicates that they move very fast, probably greater than 50,000 km/s, which, when combined with Hubble’s law, implies that they are very distant (Wikipedia) 8 PONTUAL, Roberto. Text for Venice Biennale catalog, 1980 3 FERREIRA, Gullar. Teoria do não-ob- 9 DILLON, Osmar. A tela em branco. In: at Parque das Ruínas. jeto. In: AMARAL, Aracy. Projeto cons- LEAL, Paulo Roberto. Paulo R. Leal. 2000 The collection of the Projeto Con- trutivo brasileiro na arte: 1950-1962. Rio de Janeiro: Graffiti Galeria de Arte, creto PRL was exhibited for the first time Rio de Janeiro: FUNARTE, 1977. 1975. p. 2. at a retrospective at Centro Cultural Light, curated by Armando Mattos. The first catalog of the artist’s body of work was published on this occasion. His work was exhibited in a solo exhibition at Galeria 4 R OBERTO, Pontual. Mover multipli- 10 MORAIS, Frederico. Paulo Leal: na cando. In: LEAL, Paulo Roberto. Paulo abertura qual o espaço da arte? O Roberto Leal: múltiplos. Rio de Janei- Globo, Rio de Janeiro, 29 set. 1980. ro: Galeria de Arte Ipanema, 1971. Artes plásticas, p. 22. Laura Marsiaj under the curatorship of 5 H élio Oiticica called his geometric, 11 PONTUAL, Roberto. Quasar e habitan- Fernando Cocchiarale, and was included schematic paintings that acquired a tes. In: LEAL, Paulo Roberto. ______. in Situações: arte brasileira dos anos 70, at metaphysical dimension Metaesque- Rio de Janeiro: Museu de Arte Moder- Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. mas [“Metaschemes”]. He called his na do Rio de Janeiro, 1983. p.3. 2001-2006 Had works included in the boxes, jars and tins with collections following joint exhibitions: Imagem sitia- and assemblages of materials and da, at Espaço SESC, Rio (2003); Onde está pigments Bólides. você, Geração 80?, at CCBB, Rio (2004); Espaço lúdico – Um olhar sobre a infância na arte brasileira, at BNDES, Rio (2004); O lúdico na arte, at Itaú Cultural, São Paulo 6 MORAIS, Frederico. O papel do artista/ o tecido da arte. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Ipanema, 1976 (2005); and Abrigo poético – Diálogos com 70 Lygia Clark, at MAC Niterói (2006). 71 PREFEITO DE NITERÓI Godofredo Pinto SECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURA André Diniz SUBSECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURA Marcelo Velloso FUNDAÇÃO DE ARTE DE NITERÓI Presidente Danielle Nigromonte Superintendente Maria Inês de Oliveira MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI Direção Geral Director Luiz Guilherme Vergara Direção de Acervo Collection Director Márcia Müller Coordenadoria Executiva Executive Coordination Volmira Salgado Gerência de Desenvolvimento Development Management Tatiana Assumpção Richard Assistente da Direção Director assistant Joseane Rocha DIVISÃO DE ADMINISTRAÇÃO Administration Department Administrador Administrator Alessandro Perlingeiro Noronha Assessor e Assuntos de Segurança Insurance Advisor Luís Rogério Baltazar DIVISÃO DE ARQUITETURA Architeture Department Direção Director Sandro Henrique Silveira Assistente Assistant Kamila Cobbe Teixeira Chefe de Manutenção Head of Maintenance Pôncio Muniz DIVISÃO DE ARTE E EDUCAÇÃO Art and Education Department Direção Director Beatriz Jabor Coordenação de Projetos Pedagógicos Coordinator of Educational Programs Márcia Campos Pesquisa e Mediação Research and Mediation Eduardo Machado, Ivan Henriques, Maria Thomas 72 Coordenação de Programas com Jovens Coordinator of Programs for Youth Roberta Condeixa Coordenação de Programas de Educação Infantil Coordinator of Educational Programs for Children Ignês Guimarães Coordenação de Programas Comunitários Community Program Coordinator Leandro Baptista DIVISÃO DE MUSEOLOGIA Museology Department Direção Director Angélica Pimenta Conservação de Acervo Collection Conservation Nice Mendonça Museóloga Museologist Mayra Brauer Morgado DIVISÃO DE TEORIA E PESQUISA Theory and Research Department Direção Director Claudia Saldanha Bibliotecária Librarian Lêda Maria Abbês Assistente de Pesquisa Research Assistant Beatriz Lemos CURADORIA Curator Claudia Saldanha e Luiz Guilherme Vergara PROJETO GRÁFICO Graphic design Dupla Design REVISÃO DE TEXTOS Proof-reading Itamar Rigueira VERSÃO PARA O INGLÊS Translation into English Rebecca Atkinson FOTOGRAFIA Photography Paulinho Muniz ASSESSORIA DE IMPRENSA Press office CW&A Comunicação MONTAGEM Assembly Adão de Oliveira, Casé de Araújo e Moisés Barbosa COORDENADORES DAS BASES EDUCATIVAS Ângela Lombardo, Hugo Richard e Mônica Duque AGRADECIMENTOS Special thanks Márcio e Fernanda Barbosa, PROJETO CONCRETO e FUNARTE MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI Mirante da Boa Viagem, s/nº Boa Viagem Niterói RJ tel/fax [55 21] 2620 2400 / 2620 2481 [email protected] www.macniteroi.com.br HORÁRIO DE VISITAÇÃO De terça a domingo, das 10h às 18h [das 10 às 19h, no horário de verão] VISITAS MEDIADAS PARA GRUPOS Agendamento pelos telefones 2620 2400 / 2620 2481 ramal 29 [Divisão de Arte Educação] SEJA UM AMIGO DO MAC DE NITERÓI Informações – www.macniteroi.com.br ou [email protected] 74 76