ROGERIO STUDART Membros do FMI e Banco Mundial não encontram a receita para o crescimento. P9 EBOLA Exames descartam infectado no Brasil. Confirmada a 1ª contaminação nos EUA. P26 OCTÁVIO COSTA O mercado comemora antes da hora. Ainda falta muito tempo para a eleição. P32 BOLÍVIA Evo Morales é reeleito presidente com mais de 60% dos votos. P28 INDICADORES Brasil Econom ico Ações do Banco do Brasil ON (em R$) 33,48 31,60 30,24 30,43 7/10 8/10 30,20 www.brasileconomico.com.br 9/10 10/10 13/10 PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . TERÇA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO DE 2014 . ANO 6 . Nº 1.286 . R$ 3,00 Fred Lancelot/ Reuters Tirole, na camiseta: “Eu amo a Escola de Economia de Toulousse” Pote plástico imune à crise No mercado há mais de 60 anos, a Tupperware comemora o aumento de vendas em países emergentes, onde uma nova classe média surgiu nos últimos anos, compensando a redução do consumo nos países ricos. P12e13 Nobel para livre concorrência O estudo sobre a aplicação de políticas de regulação do mercado para a livre concorrência deu ao professor Jean Tirole o Prêmio Nobel de Economia, condedido pela Real Academia Sueca de Ciência. É a segunda vez que um francês ganha na categoria. P6e7 TOLERÂNCIA FOCUS Igreja Católica muda o tom sobre gays Bancos elevam as projeções para o PIB Documento resultante do Sínodo da Família prega a abertura de espaço para os homossexuais na comunidade cristã. P27 Após 19 semanas de queda, o BC detectou melhora na estimativa do PIB, que passou a 0,28%. Já para a inflação, o cenário piorou. P10 Carlos Barria/ Reuters Real valoriza e juros caem na onda da eleição O mercado torce mas ainda não tem certeza sobre a vitória de Aécio Neves. Este é o motivo, aponta o colunista Luiz Sérgio Guimarães, para a queda de 1,27% do dólar, em dia de pouco volume de negócios. Mesmo assim, o real foi a moeda que mais se valorizou ontem. Os juros futuros caíram e a Bovespa fechou com alta de 4,78%. P20e22 RESISTÊNCIA Militantes do movimento pró-democracia de Hong Kong montam barricadas nas ruas, mais vazias. Ontem, mascarados atacaram estudantes, que perdem apoio de parte da população. P29 2 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 MOSAICO POLÍTICO GILBERTO NASCIMENTO [email protected] COM LEONARDO FUHRMANN SP: PUBLICIDADE MUDA DE MÃOS “ Sem Lula, Eduardo Campos não teria feito o governo que fez. As pessoas esquecem” O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) assinou um decreto que retira a Coordenação de Publicidade da Secretaria de Comunicação e passa o departamento para a Secretaria de Governo. Com a decisão, a publicidade legal e as publicações de interesse do município passam a ser geridas pelo secretário Chico Macena, militante petista considerado próximo ao ministro-chefe da Casa Civil da presidenta Dilma Rousseff, Aloízio Mercadante. A comunicação de Haddad é alvo de críticas públicas do partido, inclusive do ex-presidente Lula, que culpa a falta de publicidade pela baixa popularidade da gestão. O prefeito sempre defendeu que sua popularidade viria das ações de seu governo e, por isso, não teria dificuldade de divulgá-las sem aumentar gastos com publicidade. Gilberto Carvalho Divulgação Secretário-geral da Presidência, sobre o apoio do petista à gestão do ex-governador de Pernambuco, cuja família e o partido declararam voto no tucano Aécio Neves Divulgação Alguns petistas chegaram inclusive a responsabilizar a falta de preocupação do prefeito com a propaganda de seus feitos pelas dificuldades do partido na disputa eleitoral deste ano, em que o senador Eduardo Suplicy e o candidato ao governo paulista Alexandre Padilha foram derrotados. O PT também reduziu as bancadas estadual e federal por São Paulo e a presidenta Dilma Rousseff teve no Estado uma votação muito abaixo do esperado no primeiro turno. Macena já produzia um boletim de divulgação das ações da administração paulistana. Outros secretários também já contavam com o apoio de agências de comunicação para divulgar seus feitos a frente do cargo. Agora com menos atribuições, o secretário de Comunicação, Nunzio Briguglio, é uma escolha pessoal de Haddad, de quem foi assessor de imprensa no Ministério da Educação. Rede começa a ter primeiros furos Fundadores da Rede Sustentabilidade já consideram a hipótese de criar um novo partido para manterem vivas as ideias de "nova política" e "horizontalidade nas decisões". Para eles, o apoio de Marina Silva (PSB), principal líder da Rede, a Aécio Neves (PSDB) fere os princípios pregados pelo grupo nos dois últimos anos. A insatisfação já vinha desde as propostas tidas como neoliberais do programa da candidata, mas ficou ainda mais grave agora, depois da declaração dela em favor do tucano. Janine Moraes/Divulgação Aécio deixa gosto amargo entre marineiros Volta por cima de um ex-dissidente Jango 2 No primeiro turno, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB) se recusou a dar apoio ao candidato de seu partido ao governo de Minas, o ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado, pai do deputado Júlio Delgado. Lacerda é aliado fiel do presidenciável Aécio Neves (PSDB) na política local e, por isso, preferiu permanecer ao lado do tucano Pimenta da Veiga, derrotado já no primeiro turno pelo petista Fernando Pimentel. Agora, com a declaração de apoio dos pessebistas a Aécio na segunda etapa da disputa nacional, o prefeito voltou a se sentir mais a vontade dentro de seu próprio partido e superou as divergências. João Alexandre Goulart, neto do presidente da República deposto pelo golpe militar de 1964, é um defensor da reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT). Filiado ao PDT, Goulart vê a petista como vítima de um “golpe do neoliberalismo” e compara a situação atual dela com a de Jango. FALE CONOSCO O porta-voz da Rede, Walter Feldman, considera que a divisão em torno do apoio de Marina Silva ao presidenciável Aécio Neves (PSDB) no segundo turno não deve provocar rachas dentro do grupo. Mas ele admite que alguns colegas que defendiam a neutralidade e até mesmo apoiam a presidenta Dilma Rousseff (PT) ficaram “amargurados” com a situação. E-mail: [email protected] Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ). As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br Quem não sabe que Renovação da política nacional política muda ao fica para depois sabor do vento? Segurança não é o ponto forte do transporte carioca Não entendo o espanto da população no que diz respeito ao apoio da Marina Silva a Aécio Neves no segundo turno das eleições. Nada é mais ao sabor do vento do que a política no que diz respeito a coligações e parcerias. Sempre foi assim. Ainda mais com uma candidatura que foi costurada aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo. A possível renovação da Presidência da República foi por água abaixo no primeiro turno. Parece que vamos ficar na mesma, independente do resultado das eleições. A tal alternância no poder é que impede nossa evolução. Um pouco de ar fresco e de novas ideias não seria nada mau para nós. Vamos ter que esperar mais quatro anos. Muitas áreas do Rio de Janeiro precisam de fiscalização urgente no que diz respeito à velocidade de veículos. Ônibus, em sua maioria, cruzam vias como o Alto da Boa Vista, Estrada Grajaú-Jacarepaguá e Avenida Niemeyer em velocidades criminosas à noite. Os passageiros passam por risco de acidente diariamente e ninguém é punido. Giuliana Cavalcanti Patricia Leite Marcio Nabuco Recife, PE São Paulo, SP Rio de Janeiro, RJ INDICADORES Impulsionado pelas eleições, o Ibovespa terminou o dia com ganhos de 4,78%, aos 57.956 pontos, o maior avanço percentual do índice desde agosto de 2011. O giro financeiro da sessão foi de R$ 10,3 bilhões. TAXAS DE CÂMBIO ▼ Dólar comercial (R$ / US$) COMPRA VENDA 2,3917 2,3927 ▼ Euro (R$ / E) 3,0370 3,0389 JUROS ■ Selic (ao ano) META EFETIVA BOLSAS ▲ Bovespa - São Paulo ▼ Dow Jones - Nova York ▲ FTSE 100 - Londres 11% VAR. % 10,90% ÍNDICES 4,78 57.956,54 1,35 16.321,07 0,41 6.366,24 Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 3 ▲ BRASIL Divulgação MACONHA Embate sobre regulamentação será duro O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da sugestão popular da regulamentação do uso recreativo e medicinal da maconha, está convencido da urgência da discussão. Mas ontem, na sexta audiência pública do Senado sobre o tema, o senador Magno Malta (PR-ES, foto) disse que já tem apoio suficiente para instalar uma Frente Parlamentar Mista Contra a Legalização das Drogas no Brasil. ABr Editor: Paulo Henrique de Noronha [email protected] Rodrigo Rollemberg confirma favoritismo no 2º turno do DF Candidato do PSB desponta na liderança das pesquisas eleitorais, depois de encerrar o primeiro turno com 45,7% dos votos válidos. Mas Jofran Frejat, do PR, tem chances de crescer. Ambos disputam o apoio de Aécio Fotos Divulgação Patrycia Monteiro Rizzotto [email protected] São Paulo Rodrigo Rollemberg (PSB) desponta como favorito no segundo turno da eleição para o governo do Distrito Federal. Segundo pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto Veritá, divulgada no último dia 9, o candidato detém 61,7% da preferência do eleitorado, enquanto seu adversário Jofran Frejat (PR), tem 38,3%. De acordo com o cientista político Antônio Flávio Testa, professor da Universidade de Brasília (UnB), a liderança de Rollemberg, que encerrou o primeiro turno com 45,7% dos votos válidos, pode ser atribuída à estratégia de se apresentar como o candidato das mudanças. “Rollemberg levou dois anos construindo sua candidatura, se lançando com um programa de governo bem amarrado, construído a partir de diálogo com lideranças, comunidades e movimentos sociais. Ele fez parte do governo de Agnelo Queiroz, mas saiu e foi para oposição. Durante o primeiro turno, tentou desvincular sua imagem do atual governador”, relembra. Segundo Testa, o candidato do PSDB iniciou a corrida eleitoral em terceiro lugar, mas começou a disparar logo que o ex-governador José Arruda teve sua candidatura impugnada pela Justiça eleitoral. “Foi nessa ocasião em que Frejat — que há anos estava afastado da política — foi lançado candidato, após enfrentar disputas internas dentro do PR. Alguns correligionários defenderam a candidatura da filha do ex-governador Joaquim Roriz. Ainda no primeiro turno, ele assumiu o mesmo discurso de Arruda, defendendo as obras de infraestrutura que foram realizadas no Distrito Federal na gestão dele”, afirma o cientista político, lembrando que, na época em que teve o mandato de governador cassado por denúncias de corrupção, Arruda deixou muitas obras em andamento que foram assumidas pela gestão do PT. Para o cientista político, o governador Agnelo Queiroz (PT) ficou de fora do segundo turno porque sua gestão é muito mal avaliada e seu índice de rejeição é alto. Rodrigo Rollemberg se apresenta como o candidato das mudanças Para Antonio Flávio Testa, o governador Agnelo Queiroz ficou de fora do 2º turno por ser mal avaliado e deter alto índice de rejeição. Para ele, sentimento anti-PT no DF também prejudicou candidato “Queiroz é tido como um gestor ineficiente, mas, além disso, também há um forte sentimento antipetista entre os eleitores locais, tanto que a presidenta Dilma encerrou o primeiro turno em terceiro lugar, com 23,02% dos votos válidos”, diz. No Distrito Federal, Aécio venceu a disputa eleitoral com 36,10% dos votos, seguido por Marina, que obteve 35,81%. “O atual governador é tão rejeitado que nenhum dos candidatos que disputam o segundo turno quis seu apoio”, frisa. Coincidência ou não, a Executiva do PT no Distrito Federal decidiu que o partido vai se manter neutro no segundo turno. Segundo o coordenador de campanha de Rollemberg, Hélio Doyle, não haverá mudanças estratégicas na campanha do candidato peessedebista. “Só muda na questão da intensidade, porque agora é uma campanha de menos tempo e com um tempo bem maior de TV. Mas, o programa de governo não muda, as propostas são as mesmas”, afirmou. E, ao que tudo indica, Jofran Frejat também pretende manter a tática adotada no início do pleito. A única Jofran Frejat defende legado de obras da gestão José Arruda novidade é que ambos os candidatos agora disputam o apoio de Aécio Neves. No primeiro debate de rádio e TV, promovido pela Rede Bandeirantes, no último dia 9, Frejat afirmou que seu adversário não vai imprimir mudanças no Distrito Federal porque fez parte do governo Agnelo Queiroz e o chamou de oportunista, já que na reta final decidiu abraçar a candidatura presidencial do tucano. “Nós sempre estivemos com Aécio, mesmo quando ele estava com 15%, correndo risco de não ir ao segundo turno. Você está indo de acordo com o vento. Se o vento caminhasse para Dilma, você estaria com a Dilma. Quando o vento caminhou para Marina, você pulou para Marina”, disparou Frejat. “O candidato do PR tem chances de crescer, mas o favorito é mesmo Rodrigo Rollemberg, que tem apenas 5% de rejeição e que encerrou o primeiro turno com quase o dobro de votos de Frejat. Claro que tudo pode acontecer, mas calculo que Rollemberg vai se eleger”, comenta Antônio Flávio Testa. Rodrigo Rollemberg, que fez parte da gestão Agnelo Queiroz, desvinculou a sua imagem do governador e planejou candidatura por dois anos. Sua vantagem é o baixo índice de rejeição 4 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ BRASIL PT questiona no TSE pesquisas que dariam a vitória a Aécio Comando da campanha de Dilma diz ter levantamentos internos que mostram favoritismo da candidata petista Ichiro Guerra/Divulgação Edla Lula [email protected] Brasília As recentes pesquisas, que colocam o candidato Aécio Neves (PSDB) bem à frente de Dilma Rousseff, incomodaram a campanha da petista a ponto de a coligação Com a Força do Povo entrar com representação contra dois institutos. Um deles, o Sensus, cujo levantamento foi divulgado no último dia 11, coloca Aécio com vantagem de 17 pontos sobre Dilma.Outro, o Instituto Paraná de Pesquisa, divulgou pesquisa no qual o candidato tucano aparece com 54% das intenções de votos contra 46% da presidenta. Ontem, ao informar que a coligação entrou com ação para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigue a veracidade das duas pesquisas, o presidente do PT e coordenador da campanha Rui Falcão citou dois levantamentos internos que apontam favoritismo da sua candidata: “Em uma das pesquisas a candidata Dilma aparece com um ponto à frente de seu adversário e em outra, ela tem quatro pontos de vantagem”. Tanto Rui Falcão quanto Dilma procuraram minimizar o apoio dado por Marina Silva a Aécio Neves. “A campanha em questão, composta pelo PSB e pela Rede, não apoia totalmente o Aécio e nem apoia totalmente a mim”, afirmou a presidenta Dilma, que citou lideranças importantes do PSB que já declaram apoio, como o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. Ontem, após evento com integrantes dos movimentos sociais ligados ao plebiscito da reforma política, Dilma recebeu, no Dilma Rousseff: “A reforma política é a mãe de todas as reformas” OS NÚMEROS DA NOVA PESQUISA VOX POPULI VOTOS VÁLIDOS (excluídos votos em branco e nulos) DILMA PT AÉCIO PSDB X VOTAÇÃO GERAL (inclui votos em branco e nulos e indecisos) DILMA PT AÉCIO PSDB X Em branco/ nulo 5% Indecisos 5% Dilma evitou comentar sobre o fim da reeleição, mas sinalizou que quatro anos é um tempo curto para as realizações e que gostaria de saber que negociação está por trás dessa proposta Palácio da Alvorada, o ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, outro que já deu seu voto a Dilma. “Tenho certeza de que a base fundamental, mais ligada à tradição do PSB, nunca ficaria com o Aécio Neves”, disse a candidata. Ela, porém, voltou a afirmar que o voto é individual. “Todo mundo tem direito de escolher quem apoiar. No dia 26 de outubro é que vamos ver quem apoia quem, quem vai ganhar ou quem vai perder”. Para Rui Falcão, os eleitores de Marina não esperavam que ela seguisse na direção tucana. “Vai ter um impacto também para os eleitores dela. Poucos esperavam que ela fosse nessa direção. O PSB está dividido, inclusive o presidente que está saindo, Roberto Amaral, está apoiando a Dilma.” Dilma também disse ser “desproporcional” a comparação feita por Marina, ao divulgador seu voto, entre Aécio e Lula. “Acho desproporcional a comparação entre um líder político do porte de Lula e o meu adversário, seja pela trajetória política, seja pelas convicções ou seja pelo que realizaram, disse. Ontem Dilma participou da abertura da Plenária e Acampamento Nacional do Plebiscito Popular por Constituinte Exclusiva, em Brasília, movimento que coleta assinaturas para a realização da reforma política no Brasil. Antes do evento, em conversa com jornalistas, Dilma Rousseff disse ser a favor a vários pontos propostos pelo Tanto Rui Falcão quanto Dilma Rousseff procuraram minimizar o apoio dado por Marina Silva a Aécio Neves. A presidenta destacou que lideranças do PSB declararam seu apoio a ela projeto, entre os quais o financiamento público de campanha, as eleições proporcionais em dois turnos e a paridade de candidaturas entre homens e mulheres. “Acredito que a reforma política é a mãe de todas as reformas”, declarou. Dilma evitou comentar sobre a reeleição, mas sinalizou que acha quatro anos um tempo curto para as realizações. “Quero saber que negociação está por trás dessa proposta (da reeleição). Este é o tipo de proposta que tem que vir para mesa clarinha”, disse. “Ninguém consegue fazer um governo efetivo com quatro anos”, completou. A candidata se prepara hoje para o debate na TV Bandeirantes. Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 5 Divulgação TELECOMUNICAÇÕES Acréscimo de 1,26 mi linhas celulares O número de linhas de celulares ativas no país chegou a 277,41 milhões em agosto deste ano. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), houve um acréscimo de 1,26 milhão de linhas no mês. As pré-pagas são maioria (76,73%), e as pós-pagas representam 23,27% do total. A teledensidade de celulares, em agosto, chegou a 136,7 acessos para cada grupo de 100 habitantes. ABr Aécio Neves espera por Marina Em visita ao Paraná, onde obteve sua segunda melhor votação, presidenciável do PSDB agradeceu pelo apoio da ex-ministra e disse que o encontro com sua adversária no primeiro turno não passará desta semana Eduardo Miranda [email protected] O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, disse ontem, em visita a Curitiba (PR), que seu encontro com Marina Silva se dará nos próximos dias. “É possível que nós estejamos juntos esta semana. Não definimos ainda o dia. Falei com ela por telefone mais uma vez depois do evento e liguei pessoalmente para ela pra agradecer a clareza da sua manifestação”, afirmou ele, que recebeu o apoio formal de Marina no último sábado. O candidato disse, ainda, que Marina “tocou no fundo do seu coração”, porque seu apoio não é eleitoral, já que a decisão da exministra “não era consenso absoluto no seu entorno, mas é uma decisão dela, corajosa, a favor do Brasil”. “E o segundo turno o que é? É exatamente isso, quando forças políticas que têm projetos distintos, mas têm no objetivo maior o seu ponto de convergência, se somam. Eu estaria ao lado dela, não tenho a menor dúvida, se o resultado fosse diferente”, disse. Ao lado do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), reeleito no primeiro turno, e dos senadores Álvaro Dias (PR) e José Serra (SP), ambos eleitos para o Congresso no último dia 5, Aécio afirmou que a presidenta Dilma Rousseff (PT), sua adversária na disputa presidencial, está “à beira de um ataque de nervos”. “O que estamos assistindo no campo situacionista hoje, é uma candidata à beira de um ataque de nervos que infelizmente e indiretamente volta a fazer aquilo que foi sempre a principal arma do PT, não apenas contra mim, foi contra o Eduardo e contra a Marina . Mas comigo isso não vai pegar”, alfinetou. O senador mineiro voltou a repetir que “o sentimento é de mudança”, pediu votos no estado onde teve a segunda melhor votação no Brasil e disse que precisará de apoio também para governar, caso vença as eleições em 26 de outubro: “O sentimento de mudança foi amplamente majoritário no pri- meiro turno. Talvez tenha sido esse, me permitam dizer, o único acerto das pesquisas de opinião, que captavam já há algum tempo esse amplo sentimento de mudança na sociedade brasileira. Precisarei de todos pra vencer e para governar, mas principalmente ao cidadão e à cidadã paranaense, pelo voto de confiança que tive, meu enorme agradecimento”. Ao citar as medidas que pretende por em prática no país, o candidato tucano mencionou as propostas de melhorias para educação, saúde e segurança pública. Segundo ele, tratar a segurança pública como responsabilidade do governo federal será uma das prioridades da sua gestão. Aécio pretende ampliar as relações com os países vizinhos para intensificar a segurança de fronteiras e também o combate às drogas. “No meu governo, segurança pública será responsabilidade também do governo federal e eu, pessoalmente, vou coordenar uma Política Nacional de Segurança, rompendo o contingenciamento dos recursos da área, cuidando efetivamente das nossas fronteiras”, ressaltou o presidenciável. Aécio garantiu mais investiIgo Estrela/Divulgação Aécio pediu votos ao lado do governador Beto Richa e dos senadores eleitos José Serra e Álvaro Dias mentos para a Polícia Federal e para as Forças Armadas, informando que pretende mudar a forma de combate às drogas por meio de medidas de prevenção e repressão, revisitando o Código Penal. À tarde, em visita à sede da Pastoral da Criança em Curitiba, o tucano assumiu o compromisso de criar um amplo programa de atendimento neonatal na rede pública de saúde do país e priorizar as políticas voltadas para a criança. Após assinar moção pela beatificação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, Aécio lembrou a sua experiência recente, com o nascimento prematuro do casal de gêmeos há cerca quatro meses. “Vivi uma experiência pessoal muito sofrida, mas muito estimuladora do ponto de vista do que poderemos fazer. Eu tive um casal de gêmeos prematuro há quatro meses. Vi que se não fosse o atendimento adequado, talvez eles não estivessem aqui”, disse o tucano. Tucano disse que Marina “tocou no fundo do seu coração”, porque seu apoio não é eleitoral, já que a decisão da ex-ministra “não era consenso absoluto no seu entorno” Desafeto de ex-ministra é novo presidente do PSB Carlos Siqueira reafirmou apoio ao PSDB, mas sem aderir “à perspectiva de mundo” dos tucanos O coordenador da campanha eleitoral de Eduardo Campos e ex-secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira é o novo presidente nacional do partido. Ele foi eleito ontem, em eleição da nova Executiva Nacional da sigla, em Brasília, apra o lugar de Roberto Amaral — que nos últimos dias posicionouse contra a decisão do PSB de apoiar Aécio Neves (PSDB), manifestando publicamente sua insatisfação e declarando apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT). Em seu discurso como o novo presidente do partido, Siqueira citou cinco vezes a palavra socialismo e disse que o apoio formal a Aécio Neves não significa que a legenda aderiu à perspectiva de mundo dos tucanos. “Se nesse momento nos unimos a um partido de conformação social-democrata, não é para aderir a sua perspectiva de mundo. Tampouco queremos ou podería- mos tomá-la por acessória no contexto de uma aliança. O PSB precisa emprestar ao novo governo as perspectivas de um projeto que aprofunde as conquistas sociais das últimas décadas e uma proposta de desenvolvimento político e social que corresponda às potencialidades de nosso país, o que pode ser conferido à aliança exatamente do mesmo modo que o pouco de sal que se acrescenta ao prato lhe confere o sabor, em sua inteireza”, disse Siqueira, sem mencionar nominalmente o presidenciável tucano e o PSDB. Integrante histórico do PSB, o novo presidente da legenda deixou o posto de coordenador da campanha, logo após a morte de Campos, e um dia após o partido indicar formalmente Marina Silva como a cabeça da chapa presidencial. Na saída de uma reunião do PSB, no final de agosto, o ex-secretário geral do partido demonstrou discordância em relação à indicação da ex-ministra e declarou a jornalistas: “Da senhora Marina Silva eu quero distância. Eu não participo de campanha de Marina Silva. Ela não é do PSB”. Marina não entrou na briga pública e declarou apenas que tratava-se de um “mal entendido”. O PSB tentou, mas não conseguiu demover Siqueira da decisão. Os dois não se cruzaram mais, e a coordenação de campanha foi assumida pela deputada federal Luiza Erundina (SP). A eleição de Siqueira vem sendo apontada como mais um sinal de que Marina aguarda apenas o fim do processo eleitoral para dar prosseguimento à coleta de assinaturas para legalizar a Rede Sustentabilidade como partido. EM 6 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ BRASIL Fred Lancelot/Reuters Tirole possui mais de 200 livros e artigos publicados sobre modelos que levem monopólios e oligopólios naturais a praticarem preços de mercado mais justos Sonia Filgueiras [email protected] Brasília Em um mundo onde um dos principais desafios dos governos é lidar com o poder de mercado de monopólios e oligopólios que agem de forma cada vez mais sofisticada, a Real Academia Sueca de Ciências decidiu dar o Prêmio Nobel de Economia 2014 ao economista francês Jean Tirole, cuja pesquisa tem como foco principal desenvolver conhecimento capaz de contribuir para conter o poder destes grupos através de boas práticas regulatórias. "O prêmio deste ano de Ciências Econômicas é sobre como domar empresas poderosas", declarou Staffan Normark, secretário permanente da academia ao anunciar a decisão. A escolha também fugiu ao padrão da academia: economistas dos Estados Unidos conquistarama grande maioria dos prêmios desde sua criação, tendo apenas poucos vencedores de outras partes do mundo depois de 1994. O trabalho de Tirole, além de vasto - mais de 200 artigos e livros publicados - é dedicado ao desenvolvimento de modelos capazes de oferecer incentivos e re- Livre concorrência no Nobel de economia O francês Jean Tirole levou o prêmio de economia da Real Academia Sueca de Ciência com trabalho sobre a regulação do poder dos grandes grupos empresariais gras que levem monopólios e oligopólios naturais (por exemplo, telefonia, energia elétrica, cartões de crédito, distribuição de água) a praticarem preços mais próximos daqueles dos mercados competitivos, nos quais os preços são a partir da oferta e da procura, e não pela força dos fabricantes defini-los. Diz a teoria econômica que a tendência dos oligopólios/monopólios é praticar preços elevados, produzindo uma quantidade aquém daquela demandada pelos consumidores. Ou seja, a posição de domínio permite à indústria dominante apropriar-se de um lucro excessivo, extraindo da sociedade uma renda maior do que se estivesse em um mercado competitivo. O do- mínio também estimula o monopolista ou oligopolista a não investir em inovação e melhoria tecnológicas. Resumido: empresas com poder de mercado, se deixadas livres, tenderão a oferecer produtos mais caros e piores. Jean Tirole é presidente da Fundação Jean-Jacques Laffont, na Escola de Economia de Toulouse, diretor científico do Instituto de Economia industrial, também ma mesma cidade francesa. Ele aprofundou e expandiu o conhecimento sobre o funcionamento as indústrias com poder de mercado e desenvolveu modelos capazes de oferecer aos governos soluções para contornar este tipo de problema, definindo regras para ampliar a concorrência ouaproximar os preços dos oligopó- lios ao um patamar mais adequado, capaz de remunerar os investimentos necessários (em geral muito elevados neste tipo de mercado) e evitar a expropriação dos consumidores por intermédio de tarifas elevadas demais. Tirole desenvolveu seu trabalho “sempre com os olhos no mundo real, buscando o benefício da sociedade”,diz oprofessor da Escola de Economia da FGV-SP, Clemens Nunes. “As situações de oligopólios e monopólios são muito mais frequentes que as de mercados de concorrência perfeita. Daí a importância de Tirole para nossas análises”, diz o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Pablo Fonseca que tem entre suas atribuições analisar situações de potencial concen- Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 7 Uanderson Fernandes COMÉRCIO Vendas crescem na Semana da Criança As vendas do comércio na Semana da Criança, de 6 a 12 deste mês, cresceram 1,3% no país, em relação ao mesmo período do ano passado. De sexta a domingo (10 a 12), o crescimento das vendas foi maior, com aumento de 1,5% na comparação com o fim de semana equivalente do ano anterior. Os dados, divulgados ontem, fazem parte de levantamento da Serasa Experian. ABr “ O prêmio deste ano de Ciências Econômicas é sobre como domar empresas poderosas” Staffan Normark Secretário da Real Academia Sueca traçãoeconômica. O consultor e expresidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Gesner Oliveira, confirma: “É impossível estudar a organização industrial sem ler os textos de Tirole. Ele revolucionou a área da regulação”. A pesquisa de Tirole mostrou que a regulação do mercado deve ser cuidadosamente adaptada às condições específicas dos setores. A imposição de normas gerais, tais como preços máximos podem fazer mais mal do que bem. Tirole, em parceria com Jean-Jacques Laffont, desenvolveu modelos matemáticos específicos para monopólios e oligopólios cujos resultados são bastante próximos à realidade, trazendo uma preciosa ferramenta aos reguladores. Em relação às concessões na área de infraestrutura como rodovias e ferrovias (conhecidos exemplos de monopólios naturais), o economista francês contribuiu com o desenvolvimento da teria dos contratos incompletos. Trata-se de uma situação em que, é impossível prever todas as variáveis futuras que interferirão no preço a ser cobrado do consumidor. Esta limitação pode resultar em uma situação na qual o monopolista tenta assegurar previamente tarifas que reduzam suas incertezas futuras. Tirole ajudou, com seus estudos, no desenho de contratos mais eficientes e completos, com regras prédefinidas para o reequilíbrio financeiro do contrato e prazos de duração mais adequados (nem longos nem curtos demais). O economista desenvolveu também a teoria do “mercado de dois lados”, no qual o oligopolista tem relações com dois ou mais lados no fornecimento do produto ou serviço. Um exemplo típico é o dos cartões de crédito, no qual a administradora de cartões tem de um lado o consumidor e de outro, o lojista. Os dois lados pagam tarifas e a definição de preços mais equilibrados a serem cobrados da sociedade, do ponto de vista do regulador, é muito mais complexa. “Nesses casos, qualquer interferência no preço cobrado ao consumidor terá impacto sobre os atores presentes do outro lado do mercado. Tirole aprofundou o conhecimento sobre esse tipo de situação”, diz Gesner Oliveira. A mesma situação pode ser aplicada a aeroportos (de um lado, o público, de outro as companhias aéreas). Pelo prêmio, o francês (terceiro na história do Nobel de Economia) receberá um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão). Ao saber da escolha, Tirole se disse surpreso em entrevista ao Financial Times. Contou primeiro a sua esposa e depois à mãe de 90 anos. “Foi um trabalho em equipe”, disse, ao lembrar se seu “mentor” e falecido colega JeanJacques Laffont. PRÊMIOS NOBEL DE ECONOMIA O predomínio dos americanos entre os vencedores do Nobel de Economia é histórico. Nos últimos anos, essa hegemonia aumentou — pela primeira vez, o país recebeu três prêmios consecutivos, de 2011 a 2013. 2010 Peter Diamond, Dale Mortensen e Christopher Pissarides - Os acadêmicos foram premiados por suas teorias sobre mercados de trabalho com fricções de procura, nas quais abordam o efeito das políticas econômicas no combate ao desemprego. O foco das pesquisas é a adequação entre oferta e demanda no mercado. 2011 Thomas Sargent e Christopher Sims - Os pesquisadores norte-americanos foram selecionados por sua investigação empírica sobre causa e efeito na macroeconomia. Eles provaram que o governo não somente influencia a economia, como também é impactado por seus efeitos. 2012 Alvin Roth e Lloyd Shapley - Os economistas venceram o Prêmio Nobel por seus trabalhos de engenharia econômica sobre os mercados e a maneira de associar seus agentes — como estudantes e escolas ou doadores de órgãos e pacientes —, de modo a otimizar a oferta e a demanda. “ É impossível estudar a organização industrial sem ler os textos de Tirole. Ele revolucionou a área da regulação” Gesner Oliveira Consultor e ex-presidente do Cade 2013 Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller - Os economistas foram premiados por trabalhos desenvolvidos separadamente, nos quaisbuscaram mostrar de que forma é possível calcular ou prever a valorização do papel de uma empresa. Shiller foi um dos responsáveis por prever a bolha imobiliária dos EUA. Trabalhos de Tirole amparam Cade e Seae “A enorme maioria dos textos relevantes que utilizamos em nossas análises de normas regulatórias e preços de tarifas públicas cita Jean Tirole”, diz o secretário de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, Pablo Fonseca. Os textos do francês fundamentam também diversas análises do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), cuja missão, entre outras, é proteger a livre concorrência, investigar e decidir sobre casos de concentração de poder econômico. “O trabalho de Tirole é uma referência diária para o trabalho do Cade, sobretudo no Departamento de Estudos Econômicos do órgão”, diz o presidente do conselho, Vinícius Marques de Carvalho. “O prêmio a ele concedido contribui para reforçar o papel das autoridades de defesa da concorrência”, acrescenta. Em nota divulgada ontem na qual na qual congratula o francês pelo prêmio, a Seae afirma que o trabalho de Tirole sobre o “mercado de dois lados” foi relevante, por exemplo, na atividade de análise de atos de concentração e ampararam um dos primeiros trabalhos de advocacia da concorrência desenvolvidos pela secretaria entre 2008 e 2009, em conjunto com o Banco Central do Brasil e o Ministério da Justiça. Foi um estudo sobre o mercado de cartões de crédito no Brasil, setor cuja compreensão, segundo a secretaria, dificilmente seria atingida “sem esse insight” de Tirole. “Também no setor de telecomunicações, Tirole tem contribuições decisivas tanto na questão das políticas tarifárias quanto de promoção da concorrência”, diz o texto. O trabalho de Tirole é dedicado a modelos que levem monopólios e oligopólios naturais a praticarem preços mais próximos dos de mercados competitivos 8 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Divulgação ▲ BRASIL INMETRO Potência limitada para brinquedo a laser Brinquedos que emitem raios laser podem causar lesões oculares. Para evitar esse tipo de acidente, o Inmetro determinou ontem, em portaria no Diário Oficial da União, que a potência óptica máxima para fontes de radiação laser em brinquedos seja de 1 miliwatt (mW). Os objetos que estiverem fora do novo padrão terão de ser imediatamente retirados do mercado pelos fabricantes. ABr Desemprego na indústria está longe de mudar de trajetória Após primeiro trimestre positivo, desde abril a indústria de transformação não registra saldo positivo de vagas Henrique Manreza Patrícia Büll [email protected] São Paulo A indústria de transformação bem que tentou, mas não conseguiu segurar as demissões com o desempenho fraco no primeiro semestre deste ano. Apesar das reduções na margem e na capacidade instalada, o setor entra agora no que os especialistas chamam de “último degrau” de ajuste. Essa é a conclusão que economistas apresentam na última edição da revista “Conjuntura Econômica”, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV), que circula a partir de hoje. Com queda de 2,8% na produção total até julho, segundo a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (FIM-PF) do IBGE, a indústria de transformação intensificou nos últimos meses o processo de redução do pessoal ocupado. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho apontam que, desde abril, o setor não registra nenhum mês com saldo positivo entre contratações e demissões. De abril até agosto foram fechadas 80.016 vagas, volume maior do que uma Petrobras inteira — a estatal tinha pouco mais de 67 mil empregados em agosto. Embora em agosto a intensidade da queda tenha diminuído (-0,05%), Aloisio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Ibre diz que o ajuste está longe de terminar — ao menos na indústria de transformação. Ele explica que a série histórica do Indicador de Emprego Previsto apurado mensalmente pelo Ibre, como parte da Sondagem da Indústria de Transformação, mostra uma curva evolutiva que antecipa os momentos de alta e de baixa do emprego industrial apurados pelo Caged. “Desde maio, o Indicador revela que o ímpeto de contratações dos empresários vem posicionando-se abaixo de 100, o que significa que as empresas pretendem reduzir pessoal nos três meses seguintes. Abaixo de 100 é desastre”, resume Campelo. Campelo enxerga as causas conjunturais do problema vindo desde o primeiro semestre do ano passado, começando pelo aperto da taxa de juros básica (Selic). Ele lembra que a sequência iniciada em abril de 2013 elevou o preço bá- “ Desde maio, o Indicador de Emprego revela que o ímpeto de contratações está abaixo de 100, o que significa que as empresas pretendem reduzir pessoal nos três meses seguintes” Aloisio Campelo Superintendente adjunto do Ibre/FGV Setores intensivos em mão de obra, como o de calçados, são os que mais sofrem com o desemprego INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NA BERLINDA Após um primeiro trimestre com crescimento, setor volta a demitir SALDO DE VAGAS VARIAÇÃO (%) (entre parênteses, a variação frente ao mês anterior) 51.951 (0,62%) NO ANO EM 12 MESES JAN 0,46 1,31 FEV 1,10 1,49 MAR 1,21 1,18 ABR 1,18 0,59 MAI 0,86 0,04 JUN 0,53 -0,40 JUL 0,36 -0,68 AGO 0,34 -0,88 38.516 (0,46%) 5.484 -4.111 -3.427 (0,06%) (-0,05%) (-0,04%) -15.392 (-0,18%) -28.533 -28.533 (-0,34%) JAN FEV MAR ABR (-0,34%) MAI JUN JUL AGO Fonte: Caged Apesar das reduções realizadas na margem e na capacidade instalada, o setor de transformação entra agora no que os especialistas chamam de “último degrau” de ajuste: as demissões sico do dinheiro de 7,25% para 11% ao ano em abril último. Quando se olha apenas para São Paulo, a maior concentração industrial do país, o ajuste da indústria é bem mais forte. Segundo o Caged, a indústria paulista encerrou agosto com demissões líquidas de 12.099 vagas formais ao longo do ano. Os números apurados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) são ainda maiores: 31,5 mil vagas fechadas nos oito meses de 2014 até agosto, sendo que os setores de máquinas e equipamentos (14 mil) e de veículos automotores (17,6 mil) cortaram juntos mais empregos do que o saldo líquido do balanço entre todos os setores. Outro segmento de uso intensivo em mão de obra que tem sofrido é o de calçados. Diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini diz que os cortes mostram que a situação chegou a tal ponto que as empresas foram obrigadas a ignorar os elevados custos dde demissão no Brasil — segundo seus cálculos, cinco vezes o salário do empregado — e o custo adicional de uma eventual recontratação futura, se o trabalhador já não tiver migrado para outro setor. Já o economista Rodrigo Lobo, da coordenação de Indústria do IBGE, aponta uma coleção de números ruins. Ele afirma que o grupo “meios de transporte”, que inclui veículos automotores, veio desde dezembro escalando a lista das maiores influências negativas para a queda do emprego industrial, saindo do oitavo lugar para alcançar o primeiro em junho, mantido no mês seguinte. Segundo Lobo, isso mostra que já não eram suficientes as ações protelatórias, como férias coletivas e banco de horas, usadas pelo setor. “O cenário não muda pelo menos até depois das eleições, por causa da incerteza política que se alia ao baixo crescimento com inflação elevada; as contas externas pressionando; e a taxa de juros já muito elevada. Teremos que fazer um ajuste e ele terá que vir pelo lado da política fiscal”, analisa o gerente de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), economista Guilherme Mercês. Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 9 RELATÓRIO D.C. ROGERIO STUDART [email protected] CRISE: INFELIZMENTE, MAIS DO MESMO Editoria de Arte N o fim de semana, concluiu-se mais uma Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial — a sétima desde o início da crise de 2008. E, mais uma vez, as discussões entre autoridades econômicas dos seus mais de 180 membros giraram em torno de um tema: o crescimento, ou a falta dele. A percepção geral é que a economia global tem apresentado um desempenho fraco, cercado de armadilhas e perigos por todos os lados. O debate sobre o que fazer tem polarizado economistas, mas nenhuma linha de pensamento tem podido dar uma receita convincente contra a crise. E o “cada um por si” impede uma solução em que todos possam navegar este momento complexo. O Fundo Monetário Internacional jogou um balde de gelo sobre os que acham que a economia global está no bom caminho. Foi além de revisar, para baixo, o crescimento global. O seu “Perspectivas da Economia Global” (“World Economic Outlook”) alertou para o fato de que, entre os desenvolvidos, somente Estados Unidos e Reino Unido se recuperam, enquanto a zona do euro e o Japão, que estavam andando de lado, agora começam a andar para trás. Também chamou a atenção para a perda de dinâmica que é clara na China, na Índia e nos demais motores asiáticos que estão reduzindo a marcha de forma preocupante. Na nossa América Latina, as expectativas tanto do FMI quanto do Banco Mundial são também de diminuição do crescimento. E, ainda de acordo com o FMI, mesmo que os ventos melhorem, as armadilhas continuam enormes: fragilidade financeira na China, deterioração do ambiente econômico causado pela “normalização” da política monetária nos Estados Unidos, crescente risco geopolítico no meio oriente, crise de epidemia de Ebola — só para citar uns que deveriam tirar o sono de qualquer pessoa informada. Neste contexto, o FMI decidiu partir para o ataque: a instituição conhecida por sempre recomendar austeridade fiscal, passou agora a rogar que os seus sócios ampliem seus gastos públicos, especialmente em infraestrutura. Neste aspecto, tem o total apoio de diversos economistas renomados inclusive Larry Summers que, por exemplo, publicou dois artigos reforçando a tese, que agora prevalece no FMI, de que os investimentos públicos em infraestrutura “se pagam por si mesmo”, ao gerar retornos do empreendimento, via o crescimento e aumento da base tributária. O problema dessas recomendações é que nem todos temos os mesmos graus de liberdade. Quando economias desenvolvidas colocam seu arsenal anticíclico em funcionamento, com políticas monetárias não convencionais e políticas de investimento público anticíclicas, alguns podem O mundo não estaria passando este aperto se tivéssemos conseguido desenvolver coletivamente respostas anticíclicas. Poderíamos ter coordenado as políticas anticíclicas domésticas reclamar — mas nem o FMI, nem os mercados, fazem muito ruído. Já quando as economias em desenvolvimento ensaiam políticas anticíclicas, sobrancelhas são levantadas por todos — e somos ameaçados, inclusive de rebaixamento pelo falido clube das agências de rating internacional. A exceção é só a China, que com suas elevadíssimas reservas e centralidade para o comércio internacional, tem esnobado o mundo com um contínuo controle dos fluxos de capital e da taxa de câmbio, e com agressivas políticas de investimento em infraestrutura e construção civil. O mundo não estaria passando este aperto se tivéssemos conseguido desenvolver coletivamente respostas anticíclicas. Para começar, poderíamos ter coordenado as políticas anticíclicas domésticas. Dado que a crise é fruto de um processo de desregulamentação irresponsável, deveríamos ter buscado aprimorar a regulamentação do sistema financeiro internacional, de forma a evitar que as políticas anticíclicas de uns não gerassem desnecessários desequilíbrios para outros — como tem sido o caso da política monetária americana, que só faz criar mais fluxos de capitais desestabilizadores. Poderíamos ter ampliado “pra valer” o acesso das economias a um financiamento externo mais barato e com maiores prazos, inclusive capitalizando as instituições financeiras multilaterais (como o Banco Mundial, o Banco Interamericano e os demais bancos regionais). Deveríamos ter Poderíamos ter ampliado “pra valer” o acesso das economias a um financiamento externo mais barato e com maiores prazos, inclusive capitalizando instituições financeiras multilaterais trabalhado juntos para um comércio que abrisse as possibilidades para os países em desenvolvimento, especialmente os mais vulneráveis economicamente, pudessem enfrentar crises domésticas com expansão de suas exportações. Poderíamos e deveríamos, mas tudo isto requer consolidar o diálogo global — entre autoridades políticas, governos e mesmo sociedade civil. Infelizmente, além dos belos discursos, pouco tem sido feito. Pelo contrário: passamos de reunião internacional em reunião internacional enquanto o mundo aumenta sua divisão, e vai de mal a pior. Para o Brasil, tanto o FMI quanto o Banco Mundial mais uma vez reconheceram a importância dos avanços econômicos e sociais. São esses avanços que nos possibilitarão caminhar sobre sólidos alicerces, consolidando uma economia mais resiliente, mais competitiva e mais justa. Sobre o nosso desafio atual de crescimento, nada dito aqui difere do que já sabemos no Brasil: a solução requer mais investimento (em infraestutura, em logística, em educação) e mais reformas para melhorar o ambiente de negócios e da política. Tudo isto vai exigir dar continuidade e aprimorar as políticas que já estão em curso. Nós, brasileiros, sabemos que esta será uma tarefa difícil — e, de Washington, parece bem mais fácil do que efetivamente é. Coluna publicada às terças-feiras *Rogerio Studart, Professor da UFRJ e Diretor Executivo Adjunto pelo Brasil no Banco Mundial. As opiniões aqui expressas são pessoais. 10 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ BRASIL Focus eleva previsão do PIB após 19 semanas de quedas Nova expectativa é de que PIB em 2014 feche com crescimento de 0,28%, contra 0,24% da projeção anterior A última pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com instituições do mercado financeiro apontou uma alta na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano: 0,28%, contra 0,24% na semana anterior. Foi a primeira alta após 19 semanas seguidas de queda nas previsões do Focues. Já para 2015, a estimativa para o crescimento do PIB continuou em 1,0%. Os economistas de instituições financeiras também elevaram a projeção de inflação deste ano, diante de sinais de maior pressão da alta dos preços, ao mesmo tempo em que mantiveram a perspectiva de novo aperto monetário em 2015. A estimativa de alta do IPCA neste ano subiu a 6,45%, contra 6,32% anteriormente. A meta do governo é de 4,5%, com teto de 6,5%. O salto aconteceu após a divulgação, na semana passada, de que a inflação oficial brasileira sur- Divulgação, na semana passada, de uma alta surpreendente do IPCA, fez economistas das instituições financeiras aumentarem sua previsão de inflação para este ano preendeu em setembro e atingiu em 12 meses o maior nível em quase três anos, de 6,75 por cento. Em relação a 2015, os especialistas consultados no Focus mantiveram a perspectiva de que o IPCA subirá 6,30%. Para os próximos 12 meses, a perspectiva para a inflação na pesquisa permaneceu em 6,38%. Já o Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, vê estouro da meta neste ano com o IPCA a 6,51%, alta de 0,2 ponto percentual sobre a estimativa anterior. Para 2015, entretanto, o grupo reduziu sua projeção em 0,02 ponto, a 6,38%. Apesar de verem a inflação maior neste ano, os analistas consultados pelo BC não mudaram suas contas sobre a Taxa Selic, vendo novo aperto monetário apenas no próximo ano. A taxa básica de juros deve encerrar este ano no atual patamar de 11%, e também não alteraram a perspectiva para 2015 de 11,88% na mediana das projeções. O Banco Central começou a elevar a Selic em abril do ano passado, tirando a taxa da mínima histórica de 7,25% para o atual nível. A autoridade monetária tem dado sinais de que não deve mexer tão cedo na taxa, mas já deixou aberta a porta para novas elevações. Essa foi a primeira pesquisa Focus em que os analistas forneceram suas projeções após a definição da disputa do segundo turno das eleições presidenciais, entre a presidenta Dilma Rousseff, do PT, e o candidato do PSDB, Aécio Neves. Pesquisas eleitorais vêm ditando o ritmo dos mercados, com o candidato tucano sendo o preferido dos investidores, já que promete uma postura mais ortodoxa, enquanto a política econômica do atual governo é bastante criticada. PREVISÕES FOCUS 0,28% Nova previsão dos economistas das principais instituições financeiras para o crescimento do PIB em 2014. A previsão anterior era de 0,24%. 6,45% Projeção de inflação anual, pelo IPCA, apra 2014 — acima da estimativa anterior, de 6,32%. 11% Expectativa da Taxa Selic ao final de 2014. Venda da soja em ritmo muito lento: apenas 3% Daniel Acker/Bloomberg No mesmo período em 2013, 31% da produção esperada já haviam sido comercializados Produtores de soja do Brasil venderam até o final de setembro apenas 13% da produção esperada para a safra 2014/15, o menor índice de vendas antecipadas para esta época desde a temporada 2009/10, apontou levantamento da AgRural divulgado ontem. “A comercialização da soja 2014/15, que deverá ser colhida a partir do início de 2015, manteve em setembro o ritmo lento observado em agosto”, afirmou a consultoria, que apontou um avanço de somente três pontos percentuais no mês passado. Um ano atrás, quando os preços estavam mais interessantes, 31% da safra 2013/14 estava vendida. A média de cinco anos de vendas antecipadas para esta época é de 32%. Para a safra 2014/15, com um cenário de produção recorde nos Estados Unidos, maior produtor Calor e escassez de chuva devem afetar o café e a cana Embarque de soja: a venda neste período está em seu menor nível desde a temporada 2009/10 global, os preços de referência da bolsa de Chicago estão oscilando perto de mínimas de quatro anos, limitando vendas de produtores brasileiros. Apesar da alta do dólar na segunda quinzena de setembro, que limita as quedas da commodity em reais, a maioria dos produtores preferiu segurar as vendas, preocupados com a baixa rentabilidade, disse a AgRural. O maior atraso está no Centro-Oeste, onde a evolução mensal foi de 3 pon- tos percentuais em setembro. “A alta do dólar estimulou os negócios, mas não o suficiente para diminuir a diferença entre os 15% comercializados nesta safra e os 39% de um ano atrás", afirmou a consultoria. As altas temperaturas e a falta de chuva esta semana deverão afetar áreas de cultivo de café e cana-de-açúcar, ameaçando reduzir mais do potencial produtivo das lavouras, disseram meteorologistas. “Em São Paulo e Minas Gerais o tempo segue muito quente e sem nenhuma previsão para chuvas tanto para essa segunda-feira quanto para toda a semana”, disse o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar. Os contratos futuros do café arábica e do açúcar bruto negociados em Nova York registraram altas por três semanas consecutivas e subiram novamente ontem, com temores relacionados às chuvas de primavera, que estão atrasadas no país que é o maior produtor das duas commodities. A umidade consistente ao longo dos próximos seis meses vai definir o tamanho das colheitas previstas para começarem, em sua maioria, no segundo trimestre de 2015. Reuters Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 11 Divulgação BALANÇA COMERCIAL Exportações superam importações O Brasil exportou US$ 140 milhões a mais do que importou, nas duas primeiras semanas de outubro. O valor foi divulgado ontem, pelo Ministério do Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior (Mdic). No mês, o país exportou US$ 6,752 bilhões e importou US$ 6,612 bilhões. O superávit seria maior, não fosse o desempenho desfavorável da balança comercial na segunda semana do mês. ABr Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr Brasil sobe em ranking de energia renovável Segundo a consultoria EY, país é o 9º mercado mais atrativo para o investimento estrangeiro, graças aos leilões de energia solar e eólica Patrycia Monteiro Rizzotto [email protected] São Paulo O Brasil é apontado como o nono país do mundo mais atraente para investimentos em geração de energias renováveis, segundo o ranking Renewable Energy Country Attractiveness Index, da consultoria EY, que analisa o mercado de fontes limpas em 40 países. O ranking leva em consideração potencial de mercado, capacidade instalada, política setorial, cenário macroeconômico, infraestrutura e custo local de capital. “Pela primeira vez o Brasil configura no top 10 do ranking, graças a algumas características positivas do mercado”, afirma Mário Lima, diretor de consultoria em sustentabilidade da EY. Segundo ele, há potencialidades brasileiras que vêm despertando o interesse de grandes investidores estrangeiros como o leilão de reserva energia solar, programado para o próximo dia 31 de outubro. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o leilão registrou 400 projetos de energia solar fotovoltaica, que totalizam 10.790 megawatts (MW) de energia. “Além disso, o Brasil tem como De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o leilão do dia 31 de outubro registrou 400 projetos de energia solar fotovoltaica, que totalizam 10.790 megawatts (MW) meta aumentar de três para 12 megawatts a participação da energia eólica na matriz energética nacional nos próximos dez anos”, ressalta, mencionando que o anúncio de linhas de crédito com taxas atrativas por parte do BNDES e a curva de aprendizado das empresas que atuam no país também contribuem para beneficiar ainda mais o ambiente de negócios do país. “A tendência é que com os investimentos feitos pelo governo, o preço da energia solar caia pela metade em quatro ou cinco anos”, afirma, frisando que por permitir uma instalação mais rápida, a energia solar passou a ser vista como principal alternativa no Brasil. Entre os pontos negativos brasileiros, Lima menciona a burocracia, carga tributária e os problemas de infraestrutura e logística. Para o especialista, a política de conteúdo local, que obriga que 60% dos fornecedores da indústria sejam nacionais, precisa ser flexibilizado. “A indústria nacional ainda não domina certas tecnologias de geração de energia renováveis, exigindo mais tempo e investimentos para o desenvolvimento de projetos”, explica. De acordo com Lima, apesar do grande potencial climático, a geração de energia solar ainda não deslanchou no Brasil porque falta realizar o mapeamento, com medição histórica, de locais com potencial para geração. Ele menciona que ainda não há clareza sobre o futuro da geração de energia solar no país. “Em breve teremos o primeiro leilão reserva, mas sem definição de metas, como foi estabelecido para a energia eólica, indicando o que se espera da fonte solar nos próximos dez anos”, diz. Para o especialista da EY, há um grande potencial de negócios da geração de energia por biomassa de cana-de-açúcar. “O país precisa desenvolver novas tecnologias que diminuam os custos dessa fonte de energia, conferindo também mais eficiência a ela”, argumenta. Lima também aponta para a potencialidade existente no nicho das Pequenas Centrais Hi- RANKING DOS PAÍSES MAISATRATIVOS PARA INVESTIMENTOEM ENERGIARENOVÁVEL 1º - China 2º - Estados Unidos 3º - Alemanha 4º - Japão 5º - Canadá 6º - Índia 7º - Reino Unido 8º - França 9º - Brasil 10º - Austrália 11º - Coreia do Sul 12º - Chile 13º - Holanda 14º - Bélgica 15º - Itália 16º- África do Sul 17º - Dinamarca 18º - Portugal 19º - Turquia 20º - Tailândia Fonte: EY drelétricas (PCHs), já que o país tem grande potencial fluvial. “Mas para essas alternativas avançarem é necessário desenvolver soluções de crédito para a geração distribuída de energia”. Segundo Mário Lima, a China desponta no ranking da EY porque estabeleceu metas para limpar sua matriz energética e reduzir a emissão de poluentes, investindo muito em energia solar e eólica. Já os Estados Unidos estão atravessando um período de transição que visa tornar sua indústria mais competitiva, diminuindo os subsídios direcionados ao setor de energia. “Lá está em discussão a necessidade de mudança. Ao contrário do Brasil, a política energética é de competência dos estados e não do governo central e esse cenário de transição apresenta grandes oportunidade de negócios”, afirma. Mantega:ressarcimentoserá emetapas,nospróximos dois anos Mantega prevê unificação de PIS e Cofins após eleições Ministro diz que fusão dos tributos custaria R$ 15 bi, por estoque de crédito tributário A proposta de unificação de dois tributos — Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) — poderá sair até o fim do ano, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Estamos trabalhando no PIS e na Cofins há algum tempo, de modo que eles (os dois tributos) vão vir reformados. Porém, a proposta não tem prazo para ficar pronta. Certamente não será nas próximas duas semanas (de campanha eleitoral), mas depois, ainda este ano”, disse. De acordo com o ministro, a unificaçãodoPISedaCofinscustaria R$ 15 bilhões, por causa do estoque de crédito tributário que asempresasdeserviçoedeeletricidade terão direito a receber. Ele disse que o ressarcimento pode ser feito em etapas nos próximos dois anos, diluindo o custo para o governo. “A gente pode fazer (o ressarcimentodecréditostributários)aolongo do tempo ”, explicou Mantega. O ministro afirmou que o governo pode retomar a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) antes do fim do ano. A resolução que reduz gradualmente a alíquota do ICMS interestadual e cria fundos regionais de desenvolvimento, para acabar com a guerra fiscal entre os estados, está parada no Senado desde o início do ano. “Temos anunciado medidas econômicas de curto prazo necessárias para o andamento da economia, mas estamos falando de uma medida de reforma tributária”, reiterou. ComafusãodoPISedaCofins,seria cobrada alíquota única, de 9,25%, sobre o faturamento. O governoteriaqueacabarcomacobrançaem cascata dos dois tributos sobre ossetoresdeserviçosedeeletricidade, entre outros segmentos. ABr CURTA BNDES obtém empréstimo de US$ 100 mi O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) obteve empréstimo de US$ 100 milhões com a Swedish Export Credit Corporation (SEK), instituição sueca de apoio ao comércio exterior. “Os recursos serão destinados, mas não limitados, a projetos de investimentos no Brasil de interesse dos dois países, incluindo subsidiárias e fornecedores de companhias suecas e joint-ventures entre companhias dos dois países", disse o BNDES. O contrato, assinado em Washington pelo diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, e pela presidente da SEK, Catrin Fransson, tem prazo de cinco anos, com amortização única na data de vencimento. Reuters 12 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ EMPRESAS Editora: Flavia Galembeck [email protected] Emergentes impulsionam receita da Tupperware Economias em desenvolvimento responderam por 66% do faturamento da norte-americana e registraram alta de 10% no segundo trimestre. No país, acesso da classe C ao micro-ondas ajuda a explicar o incremento Rodrigo Carro [email protected] Brasileiros, chineses, turcos e venezuelanos têm algo em comum quando se trata de esquentar comida no micro-ondas ou guardar sobras na geladeira: a predileção pelos potes plásticos da Tupperware. Os quatro países emergentes foram os que apresentaram maior expansão no volume de vendas entre abril e junho deste ano. No Brasil, a marca norte-americana parece imune à competição de produtos genéricos mais baratos vem crescendo a taxas de dois dígitos há, pelo menos, quatro trimestres consecutivos. O resultado pode parecer surpreendente em se tratando de um produto há 60 anos no mercado e que é praticamente uma commodity. Mas a ascensão da nova classe média no Brasil — A EMPRESA PELO MUNDO Mercados estabelecidos 34% do total Mercados emergentes 66% do total Rússia 38 EUA/Canadá Alemanha 29 6 Turquia Itália Países onde houve crescimento de vendas (%) Países onde houve diminuição de vendas (%) China 28 28 32 México 3 Índia Venezuela 9 90 Malásia 8 Indonésia VENDAS (% do total no segundo trimestre) América do Norte (beleza) Ásia/ Pacífico 11% 31% América do Norte 14% Europa 28% 16 BRASIL América do Sul 16% 22 África do Sul 3 Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 13 Divulgação ENERGIA Gas Natural Fenosa faz oferta por chilena A espanhola Gas Natural Fenosa fará uma oferta de US$ 3,3 bilhões para adquirir a maior distribuidora de energia elétrica chilena, a Compania General de Electricidad (CGE), em uma tentativa de aumentar sua presença no crescente mercado latino-americano. Com a aquisição, a Gas Natural Fenosa estará presente em sete das maiores cidades da América Latina. Reuters onde as vendas (em reais) aumentaram 22% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2013 — deu novo impulso à demanda. “A classe C está começando a ter micro-ondas, freezer e menos tempo para cozinhar. A mulher sai de casa para trabalhar e pode deixar a comida para a família esquentar no micro-ondas”, argumenta Paulo Vicente Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral. Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), as vendas de micro-ondas até agosto deste ano ultrapassaram a marca de três milhões de unidades vendidas das fabricantes aos varejistas. No ano passado, esse montante passou de 4,2 milhões de unidades, ante 3,9 milhões de aparelhos comercializados em 2012. A mudança está longe de ser uma particularidade do mercado brasileiro. “Nos países emergentes, a população está começando a ter novos padrões de consumo”, acrescenta Alves. Os dados do mais recente relatório de resultados da Tupperware, referente ao segundo trimestre de 2014, deixam claro a força da marca nos países emergentes. Esses mercados responderam por 66% das vendas no período, contra 34% de participação dos países onde a companhia está estabelecida há mais tempo. Enquanto a receita da empresa nos emergentes aumentou 10% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2013, a dos mercados consolidados encolheu 7%. Entre abril e junho, o faturamento da norteamericana alcançou US$ 674 milhões, uma retração de 2% no montante em dólar na comparação com igual período de 2013, mas um avanço de 3% se a conta for feita nas moedas locais dos países onde a Tupperware atua. A diferença está relacionada à desvalorização cambial de algumas dessas moedas. Lançada em 1946, nos Estados Unidos, a marca Tupperware nasceu do esforço do inventor Earl Tupper. Antes de chegarem ao consumidor final, as embalagens plásticas de Tupper eram parte do esforço americano na Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, a inovação não foi recebida pelas donas-de-casa norte-americanas no pós-guerra. O produto não vendia bem no varejo principalmente por conta da necessidade de demonstrações, para que o consumidor entendesse como funcionavam os novos vasilhames plásticos. Para apresentar novidade à clientela, foi realizada em 1948, nos Estados Unidos, a primeira Tupperware Home Party (Festa em Casa da Tupperware). Em meio a um mar de concorrentes, nacionais e chineses, a Tupperware busca se diferenciar por meio da qualidade - os produtos da empresa têm dez anos de garantia Dentro da estratégia de perpetuar a marca, a empresa lançou no país a linha Meu Primeiro Tupperware, com miniaturas de seus produtos, para o público infantil Ao longo das décadas, as reuniões de vendas se transformaram em marca registrada da companhia, que hoje conta com uma força de trabalho de 2,9 milhões de revendedoras espalhadas por cem países. “As reuniões são eventos sociais, criam uma rede entre elas (revendedoras e consumidoras)”, explica Stella Kochen Susskind, presidente da consultoria Shopper Experience, especializada em pesquisa de mercado. Apesar do avanço do comércio eletrônico, Stella destaca a importância que o canal de vendas diretas ainda tem no país. “Marcas que não investiam no atendimento porta-a-porta, como o Boticário, estão apostando na venda direta”, lembra. A empresa não divulga o total de revendedoras no Brasil, onde aportou há 37 anos, mas na América do Sul eram 388,2 mil no fim de junho, de acordo com o relatório de resultados do segundo trimestre. Um dos trunfos da marca é o fato de passar de geração para geração. “Adoro vender tupperware para homem. Eles me dizem: ‘Eu levava um copo desses na lancheira quando tinha quatro anos’”, conta a mato-grossense Sandra Silva, que começou seis anos atrás como revendedora da marca em Brasília e hoje lidera um grupo de 350 mulheres. Dona de um quiosque no Shopping Conjunto Nacional, na capital federal, Sandra destaca que o espaço funciona muito mais para atrair revendedoras do que para comercializar produtos. “É um ponto de apoio, uma forma de recrutar vendedoras”, diz. Dentro da estratégia de perpetuar a marca, a empresa lançou no país a linha Meu Primeiro Tupperware, com miniaturas de alguns de seus produtos, voltadas para o público infantil. Como as reuniões de vendas geralmente acontecem em casas de família, é comum a presença de crianças. Ao mesmo tempo em que as minijarras e copos (entre outros produtos) mantêm as crianças entretidas, abrem um novo mercado potencial. Em meio a um mar de concorrentes, nacionais e chineses, a Tupperware busca se diferenciar por meio da qualidade — os produtos da empresa têm dez anos de garantia. “O Tupperware tem um plástico mais resistente. O consumidor sabe que aquele é um bem que vai durar mais, por isso paga mais caro”, sustenta Stella. Para a nova classe média, a questão de adquirir uma marca original e não um produto genérico, tem um apelo emocional especial, destaca a presidente da Shopper Experience. “A classe C tem o maior orgulho em adquirir um produto de marca, mais do que alguém das classes A e B”, ressalta. Procurada, a Tupperware não concedeu entrevista. Revendedoras não compraram ideia dos cosméticos Fuller Erica Ribeiro [email protected] O Tupperware passa pelo desafio de conquistar novos compradores, rejuvenescer a marca e contornar a resistência de suas revendedoras a produtos diferentes do tradicional, afirmam especialistas do mercado de venda direta. A entrada da linha de cosméticos Fuller, adquirida há sete anos da Sara Lee (cujo foco está na produção de café), criou uma nova unidade de negócios dentro da Tupperware Brands, bandeira criada para abarcar novas marcas e diversificar o atendimento ao consumidor. Em outros países, caso do México, a Fuller vem dando certo e é considerada uma marca importante nas vendas da Tupperware. O mesmo vale para o mercado norteamericano, onde a divisão respondeu por 11% das vendas no segundo trimestre deste ano, com receita de US$ 59,6 milhões. No entanto, no Brasil, dois problemas freiam o desenvolvimento desta marca: a concorrência, que vem de gigantes como Avon, Natura e O Boticário, e a resistência das revendedoras, que reclamam do baixo desconto que é dado para a aquisição de produtos por elas. Enquanto as empresas de venda direta de cosméticos dão descontos de 30%, em média, a Tupperware oferece 21%, mesmo percentual que é dado pa- No Brasil, dois fatores freiam o desenvolvimento desta marca: a concorrência, que vem de gigantes como Avon, Natura e O Boticário, e a resistência das revendedoras ra os produtos plásticos. “Quando houve a aquisição da Fuller, a Tupperware quis agregar outro segmento à sua marca e escapar da dificuldade de vender seus produtos. Isso foi por volta dos anos 2000, quando a febre do R$ 1,99 dominava o mercado, além da invasão de itens chineses, bem mais baratos que os Tupperware”, explica Marcelo Pinheiro, sócio diretor da DirectBiz, consultoria que estuda o mercado de venda direta. A resistência das revendedoras — hoje são 100 mil cadastradas, sendo 50 mil ativas, segundo o especialista — em oferecer cosméticos junto com os tradicionais potes de plástico acabou sendo mais difícil de contornar. “A força de vendas da Tupperware é ultra treinada. A venda destes produtos é por apresentação, com reuniões na casa dos clientes e demonstrações. Vender outros produtos, como perfumes e maquiagem, gera resistência das vendedoras, que trabalham efetivamente a marca Tupperware. Um consumidor não vai encontrar esta revendedora com outros catálogos, de outras marcas. O desafio é criar produtos que chamem a atenção dos clientes para que comprem, além dos potes, as linhas oferecidas pela Fuller”, diz Rubia Dias, consultora especialista em treinamentos da FBiz. Para Marcelo Pinheiro, a dificuldade com os cosméticos da Fuller no Brasil, além da acirrada concorrência, está na carência de diferenciais. “Enquanto a Tupperware é a Ferrari dos potes, na linha de cosméticos e fragrâncias não há muito diferencial competitivo. As maquiagens são em tons vibrantes, mas é preciso chegar à faixa etária que consome estes produtos”, diz o especialista. “A linha Meu Primeiro Tupperware também é um meio de atrair novos consumidores. É preciso vencer barreiras culturais e etárias, tanto pelo lado das revendedoras quanto das compradoras. Antes, a Tupperware ensinava às clientes a congelar alimentos, hoje, perdeu esse espaço social e precisa oferecer praticidade”, completa. Para ele, a empresa precisa criar uma nova geração de compradores e modernizar o pensamento das revendedoras, que, juntos, envelheceram. “O caminho está na multicanalidade e no entendimento do que quer o consumidor”, diz Pinheiro. 14 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ EMPRESAS Senior investe em aceleração de start-ups Para encurtar o caminho e o contato com o desenvolvimento de inovações, a companhia brasileira de software criou um programa para selecionar até dez projetos de todo o país [email protected] São Paulo Em polos como o Vale do Silício, o investimento de empresas de maior porte em companhias novatas é uma cultura já enraizada e que ajuda a alimentar toda a cadeia de inovação. No Brasil, essa abordagem ainda está mais restrita às multinacionais que operam no país. Empresa de software de gestão, a brasileira Senior está desafiando esse comportamento. A companhia estálançando a primeira edição do Inove Senior, programa de aceleração voltado a startups. Mais que uma iniciativa isolada, a ideia é estabelecer um fluxo contínuo de relação com projetos de inovação e incorporar a prática às estratégias de crescimento da empresa para os próximos anos. Cada projeto selecionado receberá um aporte inicial de R$ 40 mil, com um valor adicional de mesmo valor para custos operacionais O projeto começou a ser desenhado em 2013 e envolveu, entre outros processos, visitas a empresas como Google e Microsoft, universidades, centros de pesquisa, start-ups e aceleradoras no Vale do Silício. “Temos demandas de clientes que não conseguimos atender. Hoje, por conta do volume das nossas operações, muito do que fazemos está restrito à inovação incremental. É um problema de muitas empresas que atingem um certo porte. Às vezes elas ficam míopes e não enxergam o que está acontecendo em termos de inovação externa”, diz Alencar Berwanger, diretor de marketing e produtos da Senior. Com inscrições abertas até fevereiro, o programa é válido para start-ups de todo o país, com ênfase em soluções para o mercado B2B. A expectativa da Senior é receber cerca de 200 projetos, que serão avaliados por um comitê formado por executivos externos e da empresa. Nessa fase inicial, serão selecionados até dez projetos, que receberão um aporte de R$ 40 mil e terão nove meses para colocar suas ideias em prática. Nesse período, os empreendedores contarão com o apoio da infraestrutura da Senior, o que inclui recursos administrativos, de marketing, de tecnologia e o contatos com clientes da base da empresa. Cada projeto terá ainda uma verba adicional de R$ 40 mil para cobrir custos operacionais. A cidade de Florianópolis vai abrigar essa primeira edição. Segundo Berwanger, a proximidade com a sede da Senior, em Blumenau, e o fato de a capital catarinense já possuir um ecossistema de empreendedorismo contribuíram para essa decisão. No dia a dia, as start-ups contarão com o apoio da Acelere, aceleradora local, e de um gestor da Senior. A companhia avalia agora qual será a estrutura que abrigará essas operações durante os nove meses de desenvolvimento. Uma das opções são os espaços de coworking. Concluído operíodo,cada startup poderá receber uma segunda rodada de investimentos, no valor de R$ 200 mil. Diferentemente da primeira fase, na qual os aportes serão baseados apenas no direito de compra das operações, essa etapa envolverá a compra de participações. O volume acionário irá variar de acordo com o projeto. Para esses aportes, a companhia está constituindo — com recursos próprios — a Senior Participações, que responderá por todas as iniciativas da empresa nessa frente. Entre os critérios para esse novo aporte, a Senior irá avaliar questões como o tamanho potencial do mercado — nacional e global —, e os clientes conquistados no período de desenvolvimento. O alinhamento com o portfólio e o mapa de inovação da Senior será um elemento adicional. Nessa frente, soluções para setores como agronegócios, varejo, logística, manufatura e governo poderão ter vantagem. “Estamos olhando projetos ligados à nuvem, mobilidade, social e sistemas analíticos”, diz Berwanger. Os esforços de inovação da Senior não estão limitadas ao mercado externo. Recentemente, a companhia criou seu primeiro programa para receber ideias de seu próprio time. Um projeto foi selecionado e já está NÚMEROS R$ 190,8 mi É previsão de faturamento da Senior para 2014. Em 2013, a companhia brasileira registrou um faturamento de R$ 141,3 mi, alta de 23% sobre 2012. 35% É o salto previsto pela empresa para os investimentos em P&D em 2014. A companhia projeta encerrar o ano com um aporte de R$ 35,22 milhões nessa área. sendo tocado por três profissionais, que podem dedicar 20% de seu tempo na empresa a essa iniciativa. No modelo, essa equipe terá um prazo de quatro meses para desenvolver a solução em conjunto com um ou mais clientes. Se a ideia for bem sucedida, a tecnologia será incorporada ao portfólio da Senior e esses colaboradores passarão a ter uma participação — não revelada — na receita da empresa. “Esses programas — internos e externos — serão contínuos e incorporados à nossa operação. No futuro, queremos atrair outros investidores de risco. Esse será um bom termômetro de que estamos no caminho certo”, afirma. Divulgação Moacir Drska Berwanger: aceleração da inovação com projetos para start-ups Na AL, 40% pagariam mais por rede móvel de qualidade Estudo da Ericsson mostra ainda que 18% dos brasileiros já possuem PC, smartphone e tablet Numa época em que o consumo de serviços e a realização de tarefas on-line estão cada vez mais fragmentados em diversas telas e momentos do dia a dia dos usuários, a qualidade da rede para suportar esses recursos é a principal demanda dos consumidores. Essa é uma das conclusões de um estudo do Consumer Labs, da Ericsson, que será divulgado globalmente hoje. A fabricante de equipamentos de rede entrevistou mais de 47 mil pessoas em 23 países, incluindo o Brasil, na faixa etária de 15 a 69 anos. “Hoje, a tela e a localização física do usuário são irrelevantes. O que importa para esse consumidor é sua experiência de conexão e navegação nos serviços móveis”, diz Clayton Cruz, diretor de banda larga móvel da Ericsson para o Brasil e a América Latina. Como reforço a essa visão, o executivo cita o fato de que 40% dos usuários disseram estar dispostos a pagar mais para ter acesso a uma rede de banda larga móvel indoor — em ambientes como shoppings, aeroportos e escolas — de melhor qualidade. Globalmente, esse índice foi de 50%. A prioridade dos usuários pela melhoria dos serviços indoor se explica justamente pelo fato de que grande parte do dia desses consumidores se passa nesses ambientes. “A razão de uso de banda larga móvel indoor e outdoor é de sete para um. Hoje, no Brasil, esses serviços são aceitáveis apenas no ambiente residencial, quando associados à banda larga fixa”, diz. “Existe um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma ótima oportunidade para as teles avançarem nessa frente para rentabilizarem e fidelizarem seus assinantes”, afirma. O estudo também mostrou que 21% dos entrevistados possuem um smartphone, um notebook e um tablet. No Brasil, esse índice é de 18%. Ao mesmo tempo, 52% dos internautas usam regularmente mais de uma tela para uma mesma atividade, como assistir vídeos ou fazer compras online. Como parte dessa tendência, a pesquisa destaca que atividades antes associadas a determinadas situações do cotidiano estão ultrapassando fronteiras. Enquanto 12% das pessoas fazem compras online durante seus expedientes, outras 23% realizam tarefas ligadas ao trabalho durante a noite. Moacir Drska Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 15 Divulgação TECNOLOGIA Linx oferece R$ 38,7 mi por Big Sistemas A Linx, empresa de tecnologia de gestão para o varejo, anunciou a aquisição da Big Sistemas, em operação que pode chegar a R$ 38,7 milhões. A Big Sistemas atua no desenvolvimento e comercialização de softwares de gestão e automação de farmácias, com foco em redes de pequeno e médio porte, e obteve faturamento de R$ 13,4 milhões nos últimos 12 meses. Reuters Luxottica perde seu segundo CEO por conflitos no conselho de administração Líder mundial em óculos, grupo italiano, fundado em 1961, nega que vá indicar alguém da família para compor o board da companhia Divulgação O Luxottica Group perdeu seu segundo executivo chefe em pouco mais de um mês, quando surgiu uma disputa sobre as nomeações para o conselho de administração da empresa, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Enrico Cavatorta vai deixar a maior empresa de óculos do mundo depois de uma discussão sobre a nomeação de uma pessoa próxima à família fundadora da Luxottica para o conselho, disse a fonte, que pediu para não ser identificada porque o assunto é confidencial. O presidente do conselho da Luxottica Leonardo Del Vecchio irá propor Massimo Vian como o novo co-CEO da empresa. Vian, atualmente diretor de operações da empresa, será co-CEO de operações e de produtos a título provisório, de acordo com um comunicado da empresa. As ações caíram 10% ontem em Milão para € 38, anulando o ganho do ano e dando valor à empresa de € 18 bilhões. A partida de Cavatorta vem na esteira da demissão de Andrea Guerra, que liderou Luxottica por uma década, no mês passado. A companhia colocou seu então diretor financeiro Cavatorta como parte de um trio de liderança que incluiu Del Vecchio e uma pessoa de fora Luxottica, ainda a ser nomeada. EnricoCavatortadeixaocargologodepoisdasaídadeAndreaGuerra Querer ser um doador de órgãos é o primeiro passo de um lindo gesto que salvará outras vidas. Depois, é preciso ter uma conversa baseada em amor, confiança e respeito com a sua família. No momento certo, são eles que decidirão respeitar o seu desejo. SEJA DOADOR DE ÓRGÃOS E AVISE À SUA FAMÍLIA. SUA FAMÍLIA É A SUA VOZ. Saiba como. Acesse facebook.com/doacaodeorgaos #doeorgaos Sua renúncia põe em dúvida a capacidade da Luxottica para recrutar um gestor externo no futuro, disseram analistas. A Luxottica "pode ter dificuldades para atrair candidatos fortes para a ainda não preenchida vaga de coCEO, disse o analista do Citigroup em Milão, Mauro Baragiola, por meio de nota. Del Vecchio, no mês passado, negou que está pensando em seus filhos para funções de gestão na empresa que ele fundou em 1961. O bilionário de 79 anos de idade, que detém 65% da companhia, teria dito ao jornal “Il Sole 24” que a saída de Guerra abriu espaço para sua família, o que ele negou.Bloomberg 16 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Victor J. Blue/Bloomberg ▲ EMPRESAS GOOGLE Amazon é o maior concorrente, diz CEO A Amazon é o principal concorrente do Google, revelou ontem em Berlim o presidente-executivo da companhia, Eric Schmidt. “Muita gente pensa que nossos principais concorrentes são o Bing e o Yahoo, mas em matéria de busca on-line é a Amazon. Eles se concentram mais no aspecto comercial, mas respondem às perguntas e às buscas dos usuários, como nós.” AFP Frieze aquece mercado de arte Com US$ 2,2 bilhões em obras, feira em Londres reúne 162 galerias na principal mostra. A Frieze Masters, evento irmão que também acontece no Regent's Park e traz trabalhos modernos e históricos, terá 127 expositores Divulgação A Frieze Week de Londres, maior semana de concentração de eventos de arte da Europa, com leilões, galerias e feiras que oferecem até US$ 2,2 bilhões em trabalhos artísticos, mostra que esse mercado não emite sinal de esfriamento ou desaceleração. AFrieze Art Fair, no Regent's Park, começa hoje a selecionar colecionadores ricos em busca de obras de arte de estrelas contemporâneas e de velhos mestres, como uma tela de Cy Twombly , avaliada em US$ 24 milhões, e um retrato de Rembrandt, de US$ 48,5 milhões. Coincidindo com a feira, Christie's, Phillips e Sotheby's leiloarão 972 trabalhos em suas vendas de dia e noite, estimados em até 264 milhões de libras (US$ 426 milhões), mais que o dobro dos 118 milhões de libras em objetos de arte vendidos em leilões equivalentes no ano passado. Os novos compradores “de todos os bolsos do mundo” estão adquirindo arte e jogando os preços para cima, disse Suzanne Gyorgy, chefe de assessoria para arte e finanças do Citi Private Bank, do Citigroup, com sede em Nova York. “Em2008, quandoalgumaspartes do mercado de arte foram atingi- Coincidindo com a feira, Christie’s, Phillips e Sotheby's leiloarão 972 trabalhos, estimados em até 264 milhões de libras, mais que o dobro das 118 milhões de libras de 2013 "Gartenkinder" é o playground da Gagosian Gallery na Frieze relatório da empresa de pesquisas de informações sobre artes Artprice, com sede em Paris. Os números não incluem comissões. Em 2000, as vendas semelhantes foram de menos de US$ 90 milhões, afirmou a Artprice. “Omercadodeartecontemporânea é muito robusto e os compradores ativos de arte estãomuitodecididosemgastardinheironesses trabalhos”, disse Andrew Gristina, chefe de Belas Artes nacionais da Travelers Cos., que assegura uma série de galerias na Frieze. “A feira continua sendo um evento popular e esperase uma quantidade equivalente de peças de alta qualidade.” “Aarte contemporânea,que costumava ser o elo mais fraco do mercado de artes, agora é tão importante quanto o segmento de arte moderna”, disse Thierry Ehrmann, CEO da Artprice. A Frieze projeta que a participação neste ano continue em 70.000 visitantes, com 162 galerias na feira principal. A Frieze Masters, um evento irmão também no Regent's Park, que mostra trabalhos modernos e históricos, terá 127 galerias. No ano passado, 152 galerias exibiram trabalhos na Frieze e 130 na Frieze Masters. Bloomberg das duramente, a fatia de alto padrão continuou indo bem”, disse Suzanne.“Asvendas privadas continuaram. Muita riqueza ainda está sendocriada e maispessoas ricasestão se tornando colecionadoras.” As obras de arte oferecidas na Frieze, em leilões, galerias e em algumas feiras satélites haviam sido estimadas em até US$ 2 bilhões no ano passado. Os valores provavelmente serão de cerca de US$ 2,2 bilhões neste ano, ou 10% a mais, segundo as seguradoras. As vendas de peças de arte contemporânea em leilões públicos em todo o mundo totalizaram ¤ 1,5 bilhão(US$ 1,9 bilhão) nos 12 meses até 3 de julho, 33% a mais que no ano anterior, segundo um That Girl embala “kit de primeiros socorros social” para mulheres Maíra Coelho Pequena empresa vende itens como as canetas que tiram manchas de vinho, fabricados na China. Distribuição é feita em farmácias Foi com a proposta de vender aqueles produtos que ajudam as mulheres em um momento de emergência, ou que poderiam estar na bolsa ou no armário de casa na hora em que mais se precisa, que Maria Fernanda Mamede deixou seu trabalho na área financeira na Sony no Brasil para criar, em 2012, a That Girl, pequena empresa com sede no Rio de Janeiro que distribui itens como canetas que tiram manchas de vinho, maquiagem ou mesmo fitas adesivas que ajudam a prender decotes ou seguram o tomara que caia. Os produtos são inspirados em itens que já são encontrados em outros países. No caso da linha vendida por Maria Fernanda em farmácias do Sudeste e Sul do Brasil, todos são fabricados na China, onde, segundo ela, mesmo com o custo do frete, acabam sendo mais baratos. “Criei uma linha de acessórios que já existia no mundo e adaptei à nossa realidade, com a embalagem com a mensagem brasileira. Pesquisei o que tem lá fora e não encontramos facilmente no Brasil. A média de preços destes produtos está em torno de R$ 20. Mas temos produtos em torno de R$ 7, caso do protetor de axilas. Vimos neste mercado um nicho para crescer com a distribuição em farmácias. Atualmente, temos 14 itens para venda ao consumidor. Muitos têm sua particularidade. O cinto que deixa a calça jeans certinha no corpo sem o chamado ‘cofrinho’ à vista é o preferido das mães de adolescentes, enquanto o pro- tetor de axilar é comprado mais pelo nosso e-commerce e pelos homens, que sofrem mais com a sudorese e não ficam à vontade em comprar em farmácias”, diz ela. Erica Ribeiro Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 17 E$PORTE CLUBE CHICO SILVA [email protected] Gabriel Bouys/AFP RO PARA LÁ RO Cruzeiro líder dentro e fora dos gramados Líder do Brasileirão e favorito ao bicampeonato , o Cruzeiro vive boa fase dentro e fora dos campos. Os torcedores do clube foram os que mais se beneficiaram dos descontos do Super-Final de Semana do Movimento por um Futebol Melhor. No total, os cruzeirenses economizaram R$ 2 milhões na compra dos produtos da ação. Logo atrás, vieram os arquirrivais atleticanos, com R$ 850 mil. PARA CÁ? D entro de campo, Romário e Ronaldo formaram um dos maiores ataques da história da Seleção Brasileira. E olha que nem jogaram tanto assim. Ao todo, a dupla Ro-Ro, como ficou conhecida, entrou em campo em 19 partidas. O retrospecto é impressionante. Foram 14 vitórias, três empates e apenas duas derrotas com a camisa amarelinha. Conquistaram os títulos da Copa América de 1997 e da Copa das Confederações do mesmo ano, nessa com exibição de gala na final, uma goleada de 6 x 0 contra a Austrália, com três gols de cada. Todos esperavam o auge da parceria na Copa da França, em 1998. Mas uma lesão tirou o “Baixinho” daquele Mundial. Por coincidência, a partir dali a amizade começou a esfriar e morreu de vez quando Ronaldo se tornou um dos executivos do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. Um dos maiores críticos da realização do torneio no Brasil, Romário centrou boa parte de sua munição no ex-companheiro de ataque. De parceiros, passaram a desafetos . Mas, por uma dessas ironias da vida, a dupla Ro-Ro pode voltar a jogar no mesmo time. Se Aécio Neves (PSDB) vencer a eleição, o Fenômeno é favorito para ocupar o cargo de ministro dos Esportes do governo do amigo tucano. O partido de Romário, o PSB, anunciou apoio a Aécio no segundo turno contra Dilma Roussef. Ao ser questionado pela coluna sobre a postura de Romário caso Ronaldo assuma o Ministério, a assessoria do senador recém-eleito afirmou que ele não falaria sobre hipóteses. É esperar para ver. INVESTCRAQUE Dani Lins, levantadora campeã olímpica em Londres-2012 Acostumadas a títulos olímpicos e da Liga Mundial, o bronze conquistado no recém-encerrado Mundial de vôlei feminino da Itália acabou sendo um prêmio de consolação para as comandadas do técnico José Roberto Guimarães. A derrota por 3 x 0 para os Estados Unidos na semifinal soterrou o sonho de Dani Lins de conquistar o ainda inédito título Divulgação Netshoes “bomba” nos suplementos Maior e-commerce de artigos esportivos do mundo, a Netshoes está batendo recordes de vendas em seu canal de suplementos alimentares. De um ano para cá, o faturamento do segmento duplicou. E desde 2011 a média mensal de vendas aumentou quatro vezes. A mega loja virtual possui um estoque com mais de 1,7 mil itens. Os mais procurados são proteínas concentradas, termogênicos, hipercalóricos e BCAAs. Tem até cupcake e ovo de páscoa para os malhadores “gourmet”. Divulgação da competição, o único que falta na vitoriosa galeria de conquistas do vôlei feminino brasileiro. Sucessora direta de Fernanda Venturini e Fofão, as duas maiores jogadoras da história da posição, a levantadora titular da Seleção e do Molico/Osasco conquistou o título olímpico em Londres-2012. Dani Lins gosta de diversificar nos negócios. Seus investimentos estão divididos em renda fixa (45%), imóveis para compra e locação (35%), renda variável (15%) e agronegócio, mas especificamente na compra de mogno africano (5%). Número da semana € 129 mil Esse é o valor do novo salário mínimo dos jogadores da milionária Liga Espanhola de Futebol. O montante corresponde a 14 vezes a remuneração de um trabalhador espanhol, que recebe o soldo mínimo do país. Porém, é 130 vezes menor do que os rendimentos de Messi, o craque mais bem pago da Liga Coluna publicada às terças-feiras 18 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ FINANÇAS Editora: Eliane Velloso [email protected] Léa De Luca [email protected] São Paulo A principal e mais barata fonte para financiamento imobiliário — os recursos das cadernetas de poupança — estão chegando a um limite, depois de meses registrando aumento menor do que os desses empréstimos. Considerando os cinco maiores bancos, 66% dos recursos das cadernetas estavam aplicados em crédito para imóveis em junho — o Banco Central (BC) obriga os bancos a aplicarem 65%. Mas esses 66% representam apenas uma média que esconde desequilíbrios: em alguns bancos, o montante aplicado é bem maior e em outros, bem menor. No Itaú e Banco do Brasil (BB), os percentuais estavam ligeiramente maiores do que 20% no final de junho; no Bradesco, em 44% e no Santander, 61%. Já na Caixa Econômica Federal, o saldo dos empréstimos imobiliários atingiu R$ 304 bilhões — quantia 37,5% acima do total dos R$ 221 bilhões em poupança. A Caixa vem usando outras fontes de recursos, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados de Recebíveis (CRI), que têm, contudo, custos mais elevados do que a poupança. A partir do ano que vem, os bancos poderão emitir também Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) para complementar suas fontes. “As LIG vão beneficiar principalmente a Caixa”, diz relatório da Moody's divulgado ontem. Por meio da sua assessoria de imprensa, a Caixa disse que considera a criação importante e “aguarda a regulamentação das LIG para considerar esta nova possibilidade em sua estratégia”. Uso da poupança está desequilibrado Caixa já aplicou em crédito imobiliário 37% a mais do seu saldo da caderneta, enquanto Itaú e BB só pouco mais de 20%; Letra Imobiliária Garantida pode reforçar captação Murillo Constantino “ Há um potencial de emissão de R$ 300 bilhões em Letras Imobilárias Garantidas nos próximos dois anos. Mas vai depender da aceitação do mercado e das condições econômicas” Octavio de Lazari Junior Presidente da Abecip ESTOQUES EM ALTA DESEQUILÍBRIO Volume de funding para financiamentos imobiliários, em R$ bilhões Saldo dos empréstimos imobiliários e da poupança nos cinco maiores bancos (R$ bilhões) Poupança* 304 (137,5%) 648,24 620,33 0 33 0,33 Empréstimos imobiliário 614,98 221 133,99 LCI** 146 111 32 (21,2%) 113,42 84 26 (23,4%) 37 (44%) Banco d do B Brasil It Itaú úU Unibanco ib Bradesco 124,86 118,79 79 CRI** 36 22 (61%) Santander t d B Brasil Fonte: Moody's 51,18 51,26 49,24 48,97 16/ABR Caixa Econômica Federal 638,47 Depósito em poupança 13/MAI 13/JUN 14/JUL *Saldo; **Estoque Valorizado Fontes: Banco Central e Cetip 13/AGO 12/SET 13/OUT Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 19 Mas, segundo a Moody's, os bancos que ainda tem saldo excedente de poupança para investir em crédito imobiliário, como BB e Itaú, tendem a não usar o instrumento para esse fim. “Há um potencial de emissão de R$ 300 bilhões em LIGs nos próximos dois anos”, diz o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e diretor do Bradesco, Octavio de Lazari Junior. “Vai depender de como sair a regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), da aceitação do mercado e das condições da economia”, acrescentou. “Os recursos das LIG podem ir para outras finalidades mas, pelas condições estabelecidas, é um instrumento pronto para substituir a poupança”, diz. As LIG foram anunciadas em agosto pelo ministro Guido Mantega e criadas por meio da Medida Provisória nº 656 na semana passada. A regulamentação só sai depois que a MP for assinada e virar lei, o que envolve um prazo de até 180 dias. Ou seja: emissões só no ano que vem. Mas, segundo Lazari Junior, a maioria dos aspectos que vinham sendo discutidos com o governo foram acatados e a regulamentação vai tratar de detalhes operacionais. “A isenção de imposto para investidores estrangeiros e possibilidade de emissão em dólares tornam o papel muito atraente”, diz. “Uma das coisas que o CMN vai definir é o que é pode ser lastro dos papéis. Mas acredito que o principal objetivo seja aumentar o funding para o crédito imobiliário”, diz Carlos Ratto, diretor-executivo comercial e de produtos da unidade de títulos e valores mobiliários e de marketing e comunicação da Cetip. Ratto lembra que a instituição depositária das LIGs — que provavelmente será a própria Cetip - terá um papel importante no sistema, pois a LIG não será emitida fisicamente, será apenas registrada — e todos os ativos que compõe a carteira que serve de lastro para a emissão do papel também tem que ser registrados e acompanhados na instituição. As LIG são a versão brasileira dos “covered bonds”, ou “títulos cobertos (garantidos)” que, como o nome diz, contam com uma cobertura adicional e portanto, são mais seguros. “O risco primário é da instituição financeira. O investidor corre esse risco - somente em caso de calote do banco é que o investidor terá direito a recorrer aos ativos que estarão segregados”, explica Ratto, da Cetip. Outra vantagem das LIG, segundo os entrevistados, é o prazo mais longo. “As Letras Financeiras tem prazo de dois anos enquanto as LIG deverão ter prazo médio (‘duration’) maior para contar com as isenções”, lembra Ratto. “ Uma das coisas que o CMN vai definir é o que pode ser lastro dos papéis. Mas acredito que o principal objetivo seja aumentar o funding para o crédito imobiliário” Carlos Ratto Diretor da Cetip LIG é positiva para grandes bancos do país, diz Moody’s A criação das Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) tem impacto positivo sobre a nota de crédito (rating) dos grandes bancos brasileiros. A avaliação foi feita pela agência de classificação de risco Moody's em relatório divulgado ontem. No último dia 2, a agência havia rebaixado a perspectiva para os bancos brasileiros, de estável para negativa. “As LIGs representam uma alternativa de funding de longo prazo para a carteira de crédito imobiliário dessas instituições. Vão reforçar a liquidez dos bancos e ajudar a lastrear o aumento das operações de forma mais sustentável. Além disso, por ser uma nota subordinada (garantida pelas operações), deve atrair mais investidores estrangeiros ao mercado de capitais brasileiro”, diz o relatório, acrescentando que a isenção tributária é outro importante fator de atração. A carteira de crédito imobiliário que dá lastro às LIGs permanecerá no balanço do banco, mas estará protegida contra uma eventual intervenção ou insolvência. Os ativos segregados não serão usados para pagar dívidas trabalhistas ou tributárias, o que protege melhor os investidores do que instrumentos lastreados em créditos imobiliários, mas emitidos por companhias securitizadoras, diz a Moody’s. Fundo florestal é opção a investidor institucional Baixa volatilidade e a fraca correlação do fundo com a maioria das classes de investimentos tradicionais torna produto atrativo Divulgação Alessandra Taraborelli [email protected] São Paulo Ao largo do rali eleitoral que tem comandado os negócios na Bolsa de Valores, os fundos florestais têm se mostrado uma alternativa para a diversificação de portfólio de investidores institucionais. A baixa volatilidade e a fraca correlação do fundo com a maioria das classes de investimentos tradicionais têm sido consideradas pelos investidores que pensam no longo prazo. O diretor da Tree Florestal e mestre em economia e política florestal, Marco Tuoto, ressalta que embora seja um mercado novo, vem conquistando investidores. Entre os atrativos, está o fato de o investimento fazer frente às oscilações e turbulências no mercado. “Por exemplo, surge uma crise no mundo inteiro, o mercado de construção começa a recuar e a madeira cai 50%. Eu não preciso vender a madeira, deixo ela em pé e quando o mercado recuperar eu vendo”, diz. O objetivo desses fundos é formar florestas e fechar contratos de venda com consumidores de madeira. Esse é um negócio novo no país, que tem atraído investidores estrangeiros e também brasileiros. A Tree Floresta é um player nacional que atua no desenvolvimento sustentável de plantações de pinus e eucalipto, bem como na gestão florestal e comercial de madeira e é 100% controlada pelo Fundo de Investimento de Participações (FIP) Ático Florestal. O fundo tem patrimônio de R$ 182 milhões e o objetivo de rentabilidade é IPCA mais 9% ao ano. “O prazo do nosso fundo é seis anos, quando completar fazemos o desinvestimentos e, uma das estratégias é trabalhar um IPO, vai depender do quanto consolidado estiver a empresa”, diz. O sócio executivo da área de produtos estruturados da Claritas Investimentos, Cassiano Morelli, que administra um fundo florestal com patrimônio de R$ 215 milhões, ressalta que essa é uma opção de longo prazo e, atende os “ Surge crise no mundo inteiro, mercado de construção começa recuar e a madeira cai 50%. Eu não vendo, quando o mercado recuperar, vendo” Marco Tuoto Diretor da Tree Florestal fundos institucionais que têm metas atuariais para cumprirem. “É o tipo de produto que os investidores estão se familiarizando. Hoje, faz muito sentido para fundação e investidor institucional”, diz, ressaltando ainda que no atual cenário de desaceleração econômica e indefinição política, esse segmento continua sendo atrativo. Além disso, ele destaca que o Brasil, geo- graficamente, é “disparado” o melhor lugar para reflorestamento. O sócio da Lacan Investimentos Guilherme Ferreira, ressalta que esse é um investimento alternativo bem adequado, principalmente, porque tem um risco retorno moderado. O executivo explica que não há necessidade de comprar uma floresta, se não for de interesse, é possível arrendar uma fazenda. Ele também destaca a vantagem de investir neste segmento, já que o ativo não tem prazo definido de corte. “No caso do eucalipto, você consegue cortar com 5 anos, 6, 7, 8, ou, no limite, 9 anos. De um ano para outro você agrega valor em termos de volume do ativo”, diz, ressaltando que esse é um dos fatores que mitigam o risco do investimento. Outro, segundo ele, é que pode ser consumido por várias indústrias, como a de papel e celulose, painel de madeiras, carvão vegetal e madeira para energia. “Existe diversificação das indústrias consumidoras e, isso, também mitiga o risco”, pondera. A Lacan que já tem um fundo com patrimônio de R$ 220 milhões e expectativa de retorno de IPCA mais 10% ao ano, já está em fase de conclusão de um segundo fundo. “O Lacam Florestal 2 segue a mesma linha do primeiro. Resolvemos fazer esse em razão do grande sucesso do anterior. Teve grande demanda de investidores institucionais”, diz, ressaltando que até o final do ano a captação já deve estar concluída e, em 2015, devem começar os investimentos. “Estamos em negociação para compra de terras ou arrendamento de fazenda para o plantio do eucalipto”, revela. O BTG Pactual informou, através a assessoria de imprensa, que registrou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o Timberland Fund I FIP, fundo de investimento em participações que investirá em companhias dos setores florestal e madeireiro. O patrimônio do fundo é de cerca de US$ 750 milhões, sendo que deste total, US$ 200 milhões serão aportados pelo banco. A rentabilidade esperada é de IPCA mais 10% a 12% ao ano. 20 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 O MERCADO COMO ELE É... LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES [email protected] EXALTAÇÃO AINDA É APARENTE Editoria de Arte O real foi a moeda que mais se valorizou ontem entre as mais de três dezenas de divisas importantes. O pano de fundo global favorecia a apreciação: a aversão a risco que imperou sexta-feira por causa da fragilidade econômica da zona do euro foi substituída por um apetite frugal estimulado por indicadores melhores sobre a China. Mas o fator que fez a diferença mesmo foram os últimos lances da corrida eleitoral. O dólar e os juros futuros fecharam com fortes quedas em razão de nova pesquisa pró-Aécio e dos apoios que o candidato recebeu de Marina Silva e da família de Eduardo Campos. Mas os três fatores não foram “precificados” em sua plenitude. O dólar caiu 1,27%, cotado a R$ 2,3927, mas poderia ter mergulhado muito mais se o mercado tivesse confiança na vitória do tucano. Ainda não tem. Os analistas trataram a pesquisa Sensus divulgada no fim de semana como um ponto fora da curva. Quando se trata de projeções, o mercado gosta de operar com a “mediana”, uma medida que, por expurgar os extremos, é mais confiável do que uma simples média. A vantagem de 17 pontos de Aécio em relação a Dilma foi considerada um ponto extremado, sem exatidão. O resultado precisa ser confrontado com os de institutos que, como o Datafolha e o Ibope, desfrutam de maior credibilidade junto aos executivos. Seria muito temerário ou francamente estúpido sair apostando dinheiro a rodo numa amostra sem confiabilidade. A menos que a sondagem indique o início de uma tendência irrefreável. Nesse caso, quem sai na frente ganha mais. Ninguém confiaria nisso a menos que dispusesse de informação privilegiada de qualidade superior. Não parece ser o caso, em face até do baixo volume de negócios registrado ontem no mercado de câmbio, de apenas US$ 800 milhões. Ainda não tem também por dois outros motivos. O peso do apoio da família Campos parece restringir-se a Pernambuco e não se sobrepõe ao racha interno do PSB. O peso de Marina Silva também é discutível. Será aferido com maior acuidade nas próximas pesquisas. Mas, em princípio, os analistas relativizam a influência do apoio. Este parece nutrir a lista de contradições da ex-senadora, ampliando a divisão no seio da agremiação política que ainda não conseguiu o status de partido. A maior parte do eleitorado de Marina, de esquerda, não se deixará seduzir pela inclusão no programa econômico tucano de uns adendos de natureza estranha aos postulados básicos do PSDB. Isso não engana o marinista de raiz e não constrange o mercado. A pureza liberal-ortodoxa do PSDB não foi conspurcada: o viés esquerdista foi introduzido para atrair incautos, não para ser cumprido. Um desvalorização do dólar, portanto, na casa de 1,3% não está inteiramente fora dos padrões especulativos “normais” do mercado de câmbio em período de tiroteio eleitoral. O preço de R$ 2,39 parece ser um patamar confortável, de onde poderia partir tanto para cima (se houver a comprovação de que o Sensus foi extravagante) quando para baixo, se a onda antipetista crescer. A baixa parece exagerada se o parâmetro for a cena externa. O índice que mede a variação do dólar frente a uma cesta de divisas, o DXY, recuou ontem apenas 0,45%. E não havia negociação no mercado secundário de títulos do Tesouro americano. O feriado do Dia de Colombo não permitiu a que a taxa da T-Note de 10 anos subisse do nível de 2,29% no qual fechou na sexta-feira para refletir a maior predisposição global ao risco. Nem a nova declaração do vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Stanley Fischer, segundo a qual a expansão mais contida do mundo deve levar o banco central americano a frear a retirada dos estímulos monetários. A fala de Fischer e o dado sobre comércio exterior da China não seriam capazes, sozinhos, de mover o dólar para perto da faixa de R$ 2,39. O crescimento das exportações chinesas em 15,3% no mês passado, quando os especialistas previam uma alta de 12%, compens ou o s u p eráv it c omercia l aquém do esperado. Enquanto o mercado projetava um saldo de US$ 41,1 bilhões, a balança comercial registrou um superávit de US$ 30,94 bilhões. Não foi possível porque as importações cresceram 7%, ao passo que se previa uma queda de 2%. De qualquer forma, os indicadores sugerem uma melhora da economia chinesa. O dólar caiu 1,27%, cotado a R$ 2,3927, mas poderia ter mergulhado muito mais se o mercado tivesse confiança na vitória do tucano Sem o respaldo do mercado de “treasuries”, o pregão de juros futuros da BM&F movimentou-se em função do dólar. As quedas dos contratos não foram suavizadas pela piora na expectativa de IPCA para este ano do boletim Focus. A mediana das cem instituições pesquisas apontou taxa de 6,45% no acumulado de 2014, ante 6,32% no boletim anterior. A garantia dada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em entrevista após a reunião anual do FMI em Washington, de que não será “complacente” com a inflação só fará preço no DI se crescerem as chances eleitorais de Dilma. Embora os contratos futuros de DI tenham caído em bloco, a curva a termo intensificou sua inclinação negativa. Isso porque os contratos longos recuaram mais acentuadamente que os curtos. Quanto mais marcado o declive, maior a aposta na vitória de Aécio Neves. Enquanto a taxa para janeiro de 2016 cedeu 0,09 ponto (de 11,97% para 11,88%), o juro para janeiro de 2017 caiu 0,17 ponto (de 11,93% para 11,76%) e a taxa para janeiro de 2021 tombou 0,28 ponto (de 11,43% para 11,15%). Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 21 Seminário Internacional 17 OUT - 2014 INSTITUTO EUROPEO DI DESIGN - RIO Av. João Luis Alves, nº 13, Urca ENTENDA COMO UTILIZAR ESTRATÉGIAS DE MARCA PARA APRIMORAR A IMAGEM E REPUTAÇÃO DE LUGARES, CIDADES E DESTINOS. DIRECTIONS é uma oportunidade única para pessoas interessadas em adquirir uma visão abrangente e atual para criação, promoção e gestão de marca para lugares, cidades e destinos. A partir de casos de sucesso e da experiência de profissionais renomados internacionalmente, este evento pioneiro vem acender no Brasil um debate que começa a ganhar grandes proporções no mundo. DIRECTIONS VAI ATRAIR O INTERESSE DE: profissionais e estudantes das áreas de Marketing, Estratégia, Design, Planejamento Urbano, Turismo, Hotelaria, Eventos, Pesquisa, Administração, Arquitetura, Comunicação, Jornalismo, Economia, Comércio Exterior, Ciências Sociais e Relações Internacionais, além de representantes das esferas governamentais, da gestão pública, federações, indústrias e ONGs. PALESTRANTES MARTIN BOISEN Phønix - The International Place Branding Panel Geógrafo urbano, consultor de mais de 50 projetos na Europa e professor da Universidade de Groningen, Holanda. ADAM MIKOLAJCZYK Best Place - European Place Marketing Institute Presidente do Best Place e professor na Universidade de Varsóvia, Polônia. É um dos especialistas vinculados pelo British Council no “City Idea Bakers”. MIKE RAWLINSON City ID Designer urbano e sócio fundador da City ID, empresa britânica que aprimora a experiência que as cidades oferecem a seus usuários. ANA LYCIA GAYOSO Rio Eu Amo Eu Cuido Gestora executiva e coordenadora do projeto Move Rio / Rio Eu Amo Eu Cuido. MASSIMO GIOVANARDI Universidade de Estocolmo PhD em Sociologia e Fenômenos Culturais, professor de Place Branding na Universidade de Estocolmo, Suécia. WASHINGTON FAJARDO Instituto Rio Patrimônio da Humanidade Arquiteto e urbanista, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. JOSÉ PABLO ARANGO CALLE Marca País Colômbia Publicitário responsável pela gestão da Marca País Colômbia. RAQUEL GOULART Saravah Diretora de Branding da Saravah, professora de Place Branding do IED e do Instituto Gênesis da PUC Rio. A participação no evento inclui: ACESSO A TODAS AS PALESTRAS TRADUÇÃO SIMULTÂNEA ALMOÇO E COFFEE BREAKS KIT DO PARTICIPANTE CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO REALIZAÇÃO APOIO ÚLTIMAS VAGAS! INSCREVA-SE JÁ! www.directionsrio.com 22 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ FINANÇAS Patricia Stavis Futuros de boi na BM&F atingem máximas com seca Vencimentos de contrato para dezembro chegou a alcançar pico de R$ 137,43 por arroba Na contramão da bolsa, a expectativa eleitoral derrubou o dólar, que caiu 1,27%, cotado a R$ 2,393 Ibovespa sobe 4,7%, com melhor pregão em 3 anos Índice fecha o dia aos 57.956 pontos, impulsionado pelas ações das estatais, após formalização do apoio de Marina Silva à Aécio Neves Priscilla Arroyo [email protected] São Paulo O mercado financeiro reagiu de forma positiva ao fortalecimento da campanha de Aécio Neves (PSDB) após a formalização do apoio da ex-candidata à Presidência Marina Silva. O Ibovespa abriu ontem em forte alta, ultrapassou os 6% na máxima do dia e terminou com ganhos de 4,78%, aos 57.956 pontos, impulsionado pelas ações do “kit eleição” — as estatais. Foi o maior avanço percentual do índice desde o dia 9 de agosto de 2011. O giro financeiro foi de R$ 10,3 bilhões. Na contramão da bolsa, a expectativa eleitoral derrubou o dólar, que caiu 1,27%, cotado a R$ 2,393 na venda. A favor da oposição, a pesquisa Sensus mostrou, no fim de semana, ainda vantagem de 17 pontos do tucano em relação à Dilma Rousseff (PT), resultado que diverge dos últimos levantamentos do Datafolha e do Ibope, que apontaram empate técnico entre os candidatos. “Acredito que o mercado não esteja comprando uma diferença dessa magnitude. O que animou os investidores foi o fortalecimento da campanha do tucano”, avaliou o analista de equity da CM Capital Markets, Marco Aurélio Barbosa. As estatais se destacaram na ponta positiva do índice. À frente dos ganhos, Banco do Brasil On subiu 10,86%, seguida por Petrobras PN, que valorizou 10,54% e Eletrobras ON, com alta de À frente dos ganhos, Banco do Brasil On subiu 10,86%, seguida por Petrobras PN, que valorizou 10,54% e Eletrobras ON, com alta de 6,08%. Na ponta negativa, Embraer ON teve queda de 4,48% 6,08%. Na ponta negativa, as ações de empresas exportadoras refletiram a queda do dólar. Embraer ON teve queda de 4,48% e Fibria ON caiu 3,71%. O Ibovespa ganhou impulso extra com os papéis dos bancos e da Vale. Bradesco PN valorizou 7,82% e Itaú PN avançou 7,56%. Vale PN, por sua vez, subiu 4,87% como reflexo da recuperação do preço do minério de ferro no mercado chinês. O valor da tonelada da commodity abriu a semana com alta de 4%, cotada a US$ 81,1, na esteira do dado positivo do comércio exterior da China — as exportações subiram 15,3% em setembro, na comparação anual. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 1,35%, o S&P perdeu 1,65% e o Nasdaq recuou 1,46%. As ações das companhias aéreas sofreram impacto negativo por conta das preocupações com o vírus ebola no mundo. Já os papéis de empresas do setor de energia recuaram como reflexo da queda no preço do petróleo tipo ‘brent’, cujo o barril foi negociado no valor mais baixo em quatro anos ontem. Os contratos futuros da arroba do boi negociados na BM&FBovespa atingiram máximas históricas ontem, com a persistência do tempo seco aumentando as preocupações sobre a recuperação das pastagens, o que pode atrasar a engorda do gado criado no pasto após um ano de baixa oferta. “Não tem boi. Não chove, está uma falta de chuva, já era para estar com pasto verde. É a pior situação em 25 anos”, afirma à Reuters o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, Luiz Claudio Paranhos. O preço da arroba ficou sustentado ao longo de 2014 com uma oferta apertada de animais prontos para o abate, após uma das piores secas da história no Sudeste durante o último verão, somada a problemas estruturais do setor. Os vencimentos outubro, novembro, dezembro e janeiro da BM&F marcaram novas máximas de contrato na véspera, com o dezembro operando em um pico de R$ 137,43 por arroba por volta das 16h15. O contrato outubro superou R$ 135. O mercado futuro tem espelhado o físico. Os preços da arroba do boi gordo no Estado de São Paulo fecharam a semana passada com valor nominal recorde, segundo o Indicador Esalq/BM& FBovespa, que apura os preços à vista, a R$ 131,84. Grande parte da pecuária brasileira é extensiva, o que explica o impacto da seca para a oferta de animais prontos para os frigoríficos. Nesta época do ano, de entressafra de gado, a oferta de animais criados em confinamentos ajuda garantir o abastecimento aos frigoríficos. Mas nem o gado confinado, cuja oferta é menor mas concentrada neste período do ano, está segurando os preços, disse Paranhos. “Além do clima, os confinamentos não deram conta. É uma série de fatores convergentes (para a alta)”, afirma. O único limitador para o preço da arroba seria um arrefecimento no consumo interno de carne bovina, pelos preços em patamares elevados, segundo especialistas. Os preços em alta levam consumidores a procurarem opções à carne bovina. As altas temperaturas e a falta de chuva previstas para esta semana também deverão afetar áreas de café e cana-de-açúcar do Brasil, ameaçando reduzir mais do potencial produtivo das lavouras, disseram meteorologistas ontem. No caso da soja e do milho, a seca tem atrasado o plantio. A Somar Meteorologia e outros especialistas esperam que as precipitações mais fortes e generalizadas retornem somente depois do dia 23 de outubro, quando uma massa de ar seco sobre o Sudeste do Brasil será rompida. Isso permitirá que as frentes frias tragam umidade às regiões produtoras. Reuters Robson Oliveira /Divulgação Clima pode atrasar engorda no pasto após um ano de baixa oferta Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 23 RESSEGURO Allianz planeja lucrar no Brasil em 2015 A unidade de resseguros da Allianz na América Latina está ampliando sua atuação em mercados de nicho no Brasil, dentro do plano de crescer e alcançar lucratividade já em 2015. Grandes obras de infraestrutura são uma das mais importantes fontes de receita para a resseguradoras. No ano passado, a receita de prêmios foi de cerca de US$ 115 milhões, dos quais 98% no Brasil. Reuters Fabrice Dimier/Bloomberg Cade aprova cessão de ativos do BES Investimentos para banco Brasil Plural Instituição brasileira vai assumir carteira de R$ 1,5 milhão em gestão de terceiros e fortunas Os pagamentos via tuítes serão administrados pelo serviço S-Money do francês Groupe BPCE Banco vai operar com Twitter Groupe BPCE, maior em número de clientes da França, permitirá a seus clientes movimentar dinheiro por tuítes O Groupe BPCE, um dos maiores bancos da França, vai trabalhar junto com o Twittera partir desta semana para permitir que seus clientes transfiram dinheiro via tuítes. A decisão do banco, segundo maior em número de clientes na França, coincide com a investida do próprio Twitter no mundo de pagamentos online — para que a rede social consiga novas fontes de receita além de publicidade. O Twitter está competindo com outras gigantes de tecnologia como a Apple e o Facebook para estabelecer uma presença de peso em novos serviços de pagamentos para telefones móveis ou aplicativos. Elas estão colaborando ou, em alguns casos, competindo com bancos e emissores de cartões de crédito que administram o negócio há décadas. O banco disse no mês passado que está preparado para oferecer simples transferências de dinheiro entre pessoas via Twitter para clientes da França, independentemente do banco que usarem, e sem exigir que o remetente saiba os detalhes bancários do destinatário. “A S-Money oferece a usuários do Twitter na França uma nova maneira de enviar dinheiro uns aos outros, independente- O Twitter está correndo contra outras gigantes de tecnologia, como a Apple e o Facebook, para conseguir presença em novos serviços de pagamentos para dispositivos móveis mente de seus bancos e sem ter que inserir os detalhes bancários do beneficiário”, disse Nicolas Chatillon, presidente-executivo da S-Money, unidade de pagamentos móveis do BPCE, no comunicado. Os pagamentos via tuítes serão administrados pelo serviço S-Money do banco, que permite transferências de dinheiro através de mensagens de texto e usa os padrões de segurança de dados da indústria de cartões de crédito. Jean-Yves Forel, executivo chefe do Groupe BPCE, afirmou em comunicado que a iniciativa S-Money abre também um novo leque de oportunidades de pagamento em redes sociais. “Esta iniciativa é um exemplo de uma boa estratégia de inovação em relação aos pagamentos. Groupe BPCE é o primeiro grupo bancário a oferecer aos consumidores uma solução de pagamentos onde podem transferir dinheiro com um simples tuíte”, disse ele. Já Olivier Gonzalez, presidente-executivo do Twitter na França, afirmou que o formato do portal de mensagens foi bem adequado para os pagamentos online por causa de sua dimensão, que atende a um público variado. A empresa não explicou ainda se a transação seria privada ou visível para as pessoas que os usuários conhecem, como no aplicativo do PayPal. No mês passado, o Twitter começou os testes de seu próprio novo serviço, chamado de “Twitter Buy”, que permite que consumidores encontrem e comprem produtos na rede social. O Facebook, maior rival do Twitter, solicitou no início do ano as licenças para incluir serviços financeiros , e contratou David Marcus, ex-presidente-executivo da PayPal, para chefiar a divisão de mensagens. A expectativa é de que os pagamentos via Facebook poderão ser incluídos no aplicativo messenger nos próximos meses. Com Reuters O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a cessão de ativos intangíveis relacionados aos negócios de gestão de ativos e de patrimônio do português Banco Espírito Santo Investimentos Brasil (BESI Brasil) para o banco Brasil Plural, conforme despacho publicado ontem no Diário Oficial da União. A operação, que já havia sido confirmada pela assessoria de imprensa do Brasil Plural no fim de setembro, contempla a cessão onerosa ao banco brasileiro do direito de uso irrestrito sobre a lista de clientes e de fundos de investimento para fins de exercício das atividades de gestão de ativos e gestão de patrimônio. Segundo comunicado do Brasil Plural na ocasião, a instituição assumiu as carteiras de gestão de recursos de terceiros, no valor de R$ 600 milhões, e de fortunas, avaliada em R$ 900 milhões. Em documento apresentado ao Cade, as partes informaram que, para a Brasil Plural, a transação possui “cunho estratégico e econômico, sendo uma boa oportunidade de expansão de sua carteira de clientes e serviços, especialmente associados à gestão de ativos”. Maior banco listado de Portugal, o BES, controlador do negócio brasileiro, teve que ser resgatado em agosto, após o colapso do império empresarial da sua fundadora, a família Espírito Santo, cujas principais holdings estão sob proteção contra credores. O plano de resgate envolveu a injeção de € 4,9 bilhões no banco, a maioria via empréstimo do governo, e a divisão da instituição financeira no chamado Novo Banco e no “banco ruim”, que abriga a exposição aos negócios da família controladora do BES e outros ativos problemáticos. BESI Brasil lidera captação de FIDC da Omni Financeira A Omni e o BESI/Grupo Novo Banco anunciaram ontem a conclusão da captação do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Omni Veículos X (FIDC Omni X), no total de R$ 158,9 milhões. Foram ofertadas Cotas Sênior e Mezanino . O BESI foi o coordenador líder da oferta, que contou ainda como coordenadores o Banco de Investimento Credit Suisse (Brasil) S.A (Estruturador), Banco Caixa Geral Brasil S.A e Banco Indusval S.A. Com Reuters MINISTÉRIO DA DEFESA - EXÉRCITO BRASILEIRO CMNE - 7ª RM/7ª DE COMISSÃO REGIONAL DE OBRAS/7 - (CRO 1/7ª RM - 1965) COMISSÃO DE OBRAS BATALHA DAS SALINAS AVISO DE LICITAÇÃO – TOMADA DE PREÇOS 06/2014 A Comissão Regional de Obras da 7ª Região Militar (CRO/7), situada na Avenida Norte, nº 245, Santo Amaro, Recife-PE, CEP 50.040-200, realizará através da modalidade Tomada de Preços, contratação de empresa especializada para execução de obra da Construção do posto de combustível do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti. Local do Certame: Sede da CRO/7 - Avenida Norte, 245, Santo Amaro, Recife; Data da abertura: 29/10/14 às 10:00 horas (horário de Brasília-DF) O edital da Tomada de Preços 06/2014 pode ser adquirido a partir do dia 14/10/14 no sítio www.comprasnet.gov.br ou na sede da CRO/7 – Av. Norte, 245, Santo Amaro, Recife. MARCO AURÉLIO CHAVES FERRO – Coronel QEM Ordenador de Despesa da Comissão Regional de Obras da 7ª Região Militar TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO SECRETARIA DE CONTROLE EXTERNO NO ESTADO DO MATO GROSSO AVISO DE LICITAÇÃO CONCORRÊNCIA Nº 01/2014 Objeto: Contratação de empresa especializada em engenharia para construção da Sede da Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União no Estado do Mato Grosso - Secex-MT, em Cuiabá, conforme Projeto Básico e demais condições constantes do Edital. Processo Administrativo n.º 019.106/2014-9. Sessão Pública: dia 18/11/2014, às 10 horas. Local: Secex-MT, Rua 2 - esquina com Rua C – Setor A – Quadra 4 – Lote 4 – Centro Político Administrativo (CPA) – Cuiabá – MT. Edital à disposição dos interessados no site do TCU (www.tcu.gov.br), na opção "Licitações e Contratos do TCU", ou no endereço citado, das 10 às 12h e das 14 às 18h. Cópias dos projetos e planilhas deverão ser obtidas no endereço mencionado. Esclarecimentos pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (61) 3316-7004/5330 ou (65) 4009-2156 e (65) 3644-2772 ramais 208/210. ELIESER CAVALCANTE DA SILVA Presidente da Comissão Especial de Licitação 24 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ FINANÇAS BANCO DA INGLATERRA Carney diz que crescimento é prioridade O presidente do BC do Reino Unido, Mark Carney disse ontem que os resposáveis pelas políticas monetária e econômica, ao optarem por reduzir os estímulos, devem priorizar o desenvolvimento da economia e deixar em segundo plano potenciais volatilidades do mercado. “O cenário externo, inflação controlada e um mercado de trabalho saudável devem pesar nas decisões”. Blomberg Desaceleração europeia deve adiar alta dos juros nos EUA Mercado futuro projeta elevação das taxas após setembro de 2015; vice-presidente do Fed, Stanley Fischer sinaliza que a estagnação econômica na Zona do Euro pode retardar o início do aperto monetário norte-americano Joshua Rberts/Reuters O desempenho recente do mercado futuros de juros nos EUA refletiu as incertezas do mercado quanto à estratégia do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA em relação à política monetária. Os números do mercado mostram que a expectativa dos agentes é de que são cada vez menores as chances das taxas de juros subirem antes de setembro de 2015. Essa percepção ficou ainda mais clara após as declarações do vice-presidente do Fed, Stanley Fischer no fim de semana, de que há uma preocupação crescente com o desempenho da economia europeia. Ao afirmar que o crescimento abaixo do previsto de economias estrangeiras poderá afetar o ritmo com que o Fed vá iniciar o ciclo de aperto monetário, o vice-presidente Stanley Fischer “deixou claro que se o principal bloco econômico do mundo mergulhar na recessão, esse cenário vai afetar o cronograma do Fed em relação à política monetária norte-americana”, explica Stan Jones, operador veterano, e especialista no mercado de derivativos que opera desde que o mercado futuro Eurodollars entrou em operação, em 1981. Os integrantes do Fed elevaram no mês passado as projeções para os juros em dezembro de Em reunião do FMI, Fischer deixou clara a preocupação com a desaceleração da economia europeia 2015. Em junho passado, a taxa era de 1,125%, contra 1,375%. As taxas estão fixadas entre zero e 0,25% desde dezembro de 2008. A maioria dos economistas consultados pela Bloomberg acredita que o Fed só deverá se decidir pela elevação dos juros, ek março, junho, setembro ou dezembro de 2015, que são aquelas em que a presidente Janet Yellen concede entrevistas coletivas logo após a di- vulgação da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). As preocupações de Fischer refletem a falta de confiança na capacidade da economia norte- americana em resistir à recessão externa e à valorização excessiva do dólar. Um dos oficiais do bc norteamericano que também defende um estratégia mais cautelosa é o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans. “O maior e mais custoso risco é o de que, em nossa pressa de voltar à política monetária ‘de sempre’, possamos travar o progresso e voltar às circunstâncias econômicas de anos recentes” com crescimento baixo, inflação baixa e taxas de juros perto de zero, disse Evans em discurso em Indiana. “Deveríamos ser excepcionalmente pacientes” ao elevar os juros, mesmo ao ponto de deixar a inflação subir acima da meta do Fed, completou ele. Como está, Evans projeta que a economia não atingirá as metas de pleno emprego e inflação de 2% em até três anos, durante os quais o Fed pode deixar a taxa de juros em níveis que garantam estímulo enquanto cautelosamente a eleva. Ao comentar as dificuldades da Europa e do Japão em elevar a inflação, Evans disse que vê pouca pressão de preços, fraco crescimento de salários e nenhuma mudança nas expectativas do público sobre os níveis de preços. Com agências Estratégia de Draghi para o BCE é alvo de críticas Economistas querem mais detalhes sobre o tamanho do programa de compra de títulos A última estratégia de Mario Draghi para a zona do euro não está conseguindo entusiasmar os economistas. Mais de 60% dos consultados na pesquisa mensal da Bloomberg dizem que o plano do presidente do Banco Central Europeu (BCE) para trazer o balanço de volta aos níveis do início de 2012 não será bem sucedido e um número cada vez maior prevê que ele recorrerá à compra em grande escala de títulos públicos. Dois terços estão des- contentes com a falta de detalhes sobre o programa de aquisição de ativos que começará neste mês, pois o BCE não quis dizer de que tamanho será. A pesquisa aponta para possíveis batalhas no Conselho do BCE. Algumas autoridades já estão se opondo ao plano de compra de títulos garantidos por ativos e de bônus com garantias hipotecárias. Nas reuniões anuais do FMI em Washington, Draghi voltou a sinalizar que pretende expandir o balanço do BCE em até € 1 trilhão (US$ 1,3 trilhão) para evitar uma deflação na zona do euro. “O BCE manteve-se extremamente vago a respeito dos detalhes, especialmente sobre o tama- nho do programa de compra”, disse , economista do NIBC Bank, Duncan de Vries, em Haia. “Para o BCE, a vantagem de não proporcionar todos os detalhes é que ele conserva a flexibilidade. A des- O presidente do BCE voltou a sinalizar que pretende expandir o balanço da autoridade monetária em até € 1 trilhão para evitar uma deflação na zona do euro vantagem é claramente que os mercados financeiros continuam questionando a capacidade e a disposição do BCE para combater a a inflação baixa”. As apostas de investidores sobre futuros preços ao consumidor vêm se deteriorando desde a reunião sobre política monetária do BCE no dia 2 de outubro. A inflação da zona do euro caiu para 0,3% em setembro e está muito distante da meta de estabilidade de preços de pouco menos de 2% desde o começo de 2013. Na semana passada, o FMI reduziu suas previsões econômicas paraaregiãoepediuaoBCEqueavaliasse a compra de dívida soberana. Em 11 de outubro, Draghi disse no FMI que a expansão do balan- ço do BCE é a última ferramenta monetária que resta para reavivar a inflação, mas novamente não quis dar um objetivo específico. “É muito difícil dar um valor exato neste momento”, disse ele aos repórteres. Os ativos do BCE atingiram seu pico de € 3,1 trilhões no primeiro semestre de 2012 e desde então caíram para € 2,1 trilhões. O programa de compra e os empréstimos de longo prazo do BCE a bancos acrescentarão € 600 bilhões, segundo a média das estimativas da pesquisa. O balanço se expandirá em € 150 bilhões neste ano, € 250 bilhões em 2015 e € 200 bilhões em 2016, mostra a pesquisa. Bloomberg Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 25 ITÁLIA UniCred venderá unidade de crédito podre O banco italiano UniCredit vai avançar com a venda de sua unidade de empréstimos podres UniCredit Credit Management Bank (UCCMB) após receber ofertas que estão perto do que o banco almeja, disse ontem o presidente-executivo Federico Ghizzoni. A venda, que pode render cerca de € 700 milhões, faz parte dos planos do UniCredit para fortalecer seu balanço contábil. Reuters Investidor se afasta da Europa Fundos efetuando resgates em um momento em que a economia da zona do euro ameaça cair em outra recessão Os investidores estão cansados da Europa. Em meio a uma liquidação global que empurrou o Standard Poor’s 500 Index a uma baixa de 5,2% em três semanas, os prejuízos foram quase duas vezes maiores no Euro Stoxx 50 Index, cujo recuo de 4,5% na semana passada foi o maior desde 2012. Um montante recorde de US$ 1 bilhão foi sacado de um fundo negociado em bolsa (ETF) que monitora a Europa depois que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, alertou para sinais de que a recuperação está perdendo impulso. Os investidores estão efetuando resgates em um momento em que a economia ameaça cair em outra recessão após encerrar no ano passado a contração mais longa de sua história. As perdas acionárias, que atingiram US$ 1,6 trilhão desde se- tembro, marcam uma reversão para os mercados que os gestores de fundos diziam recentemente, em junho, que eram seus favoritos. “A semana passada realmente abalou os mercados e a Europa ocupou os holofotes por todos os motivos errados”, disse Jeremy Gaudichon, que gerencia ações europeias na KBL Richelieu Gestion, em Paris. “É loucura até mesmo que estejamos falando sobre o risco de recessão novamente. É claro que os investidores internacionais iam querer reduzir sua exposição”. O Euro Stoxx 50 caiu por três semanas consecutivas, a sequência mais longa desde junho de 2013. As avaliações não estão conseguindo oferecer um limite inferior. As empresas que compõem o indicador estão sendo negociadas a 13,6 vezes os lucros projetados, propor- Um montante recorde de US$ 1 bilhão foi sacado de um ETF que monitora a Europa depois que o presidente do BCE, Mario Draghi, alertou para sinais de que a recuperação está perdendo impulso ção 84% maior que a baixa registrada em setembro de 2011 e 20 por cento mais elevada que a média dos últimos cinco anos. Após adicionar dinheiro no Vanguard FTSE Europe ETF durante oito trimestres seguidos, os investidores retiraram quase US$ 2 bilhões nos últimos três meses, o maior volume da história, mostram dados compilados pela Bloomberg. Eles retiraram recordes US$ 293 milhões do iShares MSCI Italy Capped ETF e US$ 50 milhões do iShares MSCI Spain Capped ETF, o primeiro saque em dois anos. O iShares MSCI Germany ETF teve um terceiro trimestre de saída de capital. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional reduziu sua projeção de crescimento para a zona do euro e disse que a região en- frenta o risco de uma recessão. O bloco terá uma expansão de 1,3% no ano que vem, mais lenta que o ritmo de 1,5% previsto em julho, após um incremento de 0,8% em 2014, disse o FMI. Para combater a queda nos preços, impulsionar os empréstimos e trazer o crescimento econômico de volta, Draghi reduziu as três principais taxas de juros do BCE no mês passado e anunciou um plano de compra de ativos. A estratégia não está convencendo os economistas. Os investidores estão ficando céticos de que os lucros se igualem às estimativas dos analistas. A projeção é que os lucros subam uma média de mais de 13% no ano que vem na Europa, após uma elevação de 6,2% em 2014, segundo mais de 10.000 estimativas. Bloomberg 26 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 ▲ MUNDO Editora: Florência Costa Reuters [email protected] Medo do Ebola nos EUA Redação [email protected] O surgimento do primeiro caso de contaminação pelo vírus Ebola nos Estados Unidos, no domingo, o de uma enfermeira do Texas, alimentou o temor de que o sistema de saúde do país não esteja preparado o suficiente para lidar com um eventual surto. Thomas Frieden, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), disse ontem que o país deve repensar como lidar com o problema. Ao mesmo tempo, Frieden admitiu que não se sabe ainda como a enfermeira, identificada como Nina Pham, de 26 anos, foi contaminada em uma ala isolada do Texas Health Presbyterian Hospital, onde ela atendeu o paciente Thomas Duncan, infectado na Libéria. Nina usava as roupas e materiais de proteção recomendados. Não existe vacina ou tratamento contra o vírus, que é transmitido por contato com fluidos corporais quando o doente desenvolve os sintomas (febre, vômitos, dores). Frieden informou ontem que a enfermeira está "clinicamente estável". Segundo ele, a agência vai ampliar o treinamento dos profissionais do sistema de saúde dos EUA. O diretor do CDC disse que "apenas uma única pessoa" teve contato com a enfermeira enquanto ela poderia transmitir a doença. Nina Pham é a segunda pessoa contaminada fora da África, depois da espanhola Teresa Romero, auxiliar de enfermagem de 44 anos que contraiu o vírus ao cuidar de dois missionários repatriados da Libéria e de Serra Leoa em agosto e em setembro. Romero pode ter sido infectada ao tocar o rosto com uma luva infectada, segundo o Hospital Carlos III, de Madri, onde ela está internada.No mesmo hospital estão isoladas 15 pessoas que mantiveram contato com os missionários e com Romero desde que ela começou a se sentir mal, em 29 de setembro, até ser diagnosticada com Ebola, em 6 de outubro. O paciente Thomas Duncan, que morreu na semana passada em Dallas, no Texas, foi o primeiro caso de diagnóstico do Ebola nos EUA. Seu caso já havia deflagrado críticas ao sistema de saúde, já que Duncan, quando passou mal pela primeira vez, foi ao hospital e os médicos o dispensaram, prescrevendo apenas antibióticos. No domingo, Thomas Frieden disse que teria havido uma “violação do protocolo” de atendimento, dando a entender que a falha teria sido da enfermeira Nina Piam ao tratar de Duncan. A declaração provocou protestos de funcionários de saúde americanos. Contaminação de uma enfermeira em uma ala isolada de um hospital do Texas, nos EUA, acende debate sobre preparo do país para lidar com uma eventual epidemia Criança suspeita de estar contaminada pelo Ebola em Serra Leoa Jaime R. Carrero/Reuters Equipe de saúde desinfeta entrada da casa de enfermeira em Dallas Eles disseram que o caso mostra a inadequação das equipes dos hospitais do país para lidar com o vírus mortal. Especialistas em controle de infecções afirmaram que a equipe do hospital precisa ser esclarecida a respeito das etapas de tratamento de pacientes com o Ebola e ter o equipamento de segurança e o conhecimento adequados para evitar contaminações. “Você não procura um bode expiatório quando tem um surto de doença”, criticou Bonnie Castillo, do Sindicato Nacional das Enfermeiras. “Temos uma falha no sistema. É isso que temos que corrigir”, completou ela. Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 27 OPERAÇÃO CONDOR Julgamento de repressores na Itália A justiça italiana iniciará em fevereiro de 2015, em Roma, o primeiro julgamento contra vinte repressores da Bolívia, Peru e Uruguai por envolvimento na morte de 23 cidadãos italianos dentro do chamado Plano Condor, ação orquestrada pelas ditaduras militares desses países nos anos 70 e 80. Trata-se do primeiro processo na Europa relativo à Operação Condor. AFP Texto do Vaticano defende mudança em relação a gays Servidor de saúde de Monróvia, na Libéria veste roupa protetora contra o vírus; em Serra Leoa, exames são feitos em corpos de suspeitos de terem morrido por Ebola As equipes de saúde da Libéria, o país mais afetado pela epidemia de Ebola, ameaçaram ontem endurecer sua greve para conseguir receber adicional de periculosidade. Na Libéria morreram 2.316 das 4.033 vítimas do Ebola em sete países, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Além da Libéria, Serra Leoa e Guiné foram os países mais afetados, todos na África Ocidental. As equipes médicas são muito vulneráveis: 201 profissionais de saúde contraíram a doença na Libéria, 95 dos quais morreram, segundo a OMS. Ontem, a entidade advertiu que a epidemia de Ebola ameaça a “própria sobrevivência” das sociedades e pode levar à falência de Estados. O surto desencadeou uma crise “da paz e da segurança internacional”, afirmou Margaret Chan, chefe da OMS. Ela advertiu ainda para o custo do pânico “se espalhar mais rápido do que o vírus”. Chan também criticou as indústrias farmacêuticas por não focarem no combate ao Ebola e por guiarem-se apenas pelo lucro. Os presidentes francês e americano, François Holande e Barack Obama, pediram ontem "uma maior mobilização da comunidade internacional" para lutar contra a epidemia, após conversarem pelo telefone. Redação, com Reuters e AFP Documento do Sínodo dos Bispos diz que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” Os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer”, declarou um documento divulgado ontem pelo Vaticano, que está sendo debatido no Sínodo dos Bispos sobre a Família, na sua segunda e última semana de trabalho. O texto revela uma grande mudança de tom com relação aos gays, ao discutir se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer aspectos positivos de casais do mesmo sexo. O documento disse que a Igreja deveria aceitar encontrar “um espaço fraternal” para os homossexuais sem abdicar da doutrina católica sobre família e matrimônio. “Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à comunidade cristã: seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas vezes elas desejam encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor”, afirma o texto, que servirá como base pa- Segundo exame descarta caso de Ebola no Brasil Foi descartada ontem a hipótese de que o paciente da Guiné internado no Rio de Janeiro estivesse contaminado com o vírus Ebola. O segundo exame para diagnóstico da febre hemorrágica teve resultado negativo. Assim, a doença foi definitivamente descartada, informou o Ministério da Saúde. "A informação é de que o estado geral dele é excelente. Ele está bem. Não não é Ebola, com certeza", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. A contraprova confirma o resultado negativo do primeiro exame realizado na sexta-feira no Instituto Evandro Chagas, em Belém, para o primeiro caso suspeito no Brasil do vírus letal. Souleymane Bah, de 47 anos, chegou ao Brasil em 19 de setembro procedente da Guiné, um dos principais países afetados pela doença, na África Ocidental. Ele havia se declarado refugiado político, mas foi considerado um caso suspeito de infecção por Ebola depois de ter recorrido, na quinta-feira passada, a uma Unidade de Pronto Atendimento em Cascavel, no Paraná, com febre. O homem foi transferido no dia seguinte para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio, onde permaneceu em isolamento para evitar contaminação. Com a confirmação do resultado negativo na contraprova, o paciente sairá do isolamento e o sistema de vigilância das 64 pessoas que tiveram contato direto ou indireto com ele durante período de possível transmissão da doença será desmontado, de acordo com o ministério. Arthur Chioro disse que as medidas de prevenção da doença permanecem iguais. “Todas as medidas de prevenção e de vigilância em relação ao Ebola permanecem. Ao mesmo tempo em que passamos tranquilidade à população, não podemos descartar as medidas de prevenção”, avaliou o ministro. Com ABr e Reuters O documento do Sínodo dos Bispos diz que a Igreja deveria aceitar encontrar “um espaço fraternal” para os homossexuais sem abdicar da doutrina católica sobre família e matrimônio ra um documento final que será votado no fim de semana, depois de vários dias de pequenos grupos de trabalho. Embora o documento não assinale nenhuma mudança na condenação da igreja aos atos homossexuais ou em sua oposição ao casamento gay, usa uma linguagem menos condenatória e mais compassiva que comunicados anteriores do Vaticano, sob o comando de outros papas. A declaração servirá para aprofundar a reflexão entre católicos de todo o mundo antes da realização de um segundo e definitivo sínodo no ano que vem. John Thavis, vaticanista e autor do bem-sucedido livro “Os Diários do Vaticano”, classificou o comunicado como “um terremoto” na atitude da Igreja em relação aos gays. “O documento reflete claramente o desejo do papa Francisco de adotar uma abordagem pastoral mais clemente no tocante ao casamento e aos temas da família”, disse. Vários participantes na reunião a portas fechadas afirmaram que a Igreja deveria amenizar sua linguagem condenatória em referência aos casais gays e evitar frases como “intrinsecamente desordenados” ao falar sobre os homossexuais.Essa foi a frase usada pelo ex-papa Bento 16 em um documento escrito antes de sua eleição, quando ainda era o cardeal Joseph Ratzinger e chefe da Congregação para a Doutrina da Fé. O texto, ainda provisório, imediatamente provocou uma avalanche de reações, entre as quais uma série de críticas, durante um debate acalorado ontem. Segundo fontes do Vaticano, os cardeais mais resistentes são os da África.Reuters e AFP Tony Gentile/Reuters Papa Franciso celebra missa em Sínodo da Família, no Vaticano 28 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 MUNDO Reuters ▲ Redação [email protected] Evo Morales foi reeleito para a presidência da Bolívia com mais de 60% dos votos, segundo resultados provisórios do pleito. Morales, que já reconheceu a vitória, vai para o seu terceiro mandato até 2020. Levantamentos das consultorias Equipos Mori e Ipsos estimam que Morales, de 54 anos, obteve uma vantagem de quase 40 pontos sobre o segundo colocado, o empresário do ramo de cimento Samuel Doria Medina, que deve ter pouco além de 20% dos votos. Essas previsões, no entanto, não são oficiais. O Tribunal Eleitoral do país suspendeu a apuração oficial ainda no domingo, com menos de 3% dos votos contabilizados, e retomou ontem. Crítico dos Estados Unidos, ele saudou seus eleitores na Praça Murillo, no centro histórico de La Paz. “Muito obrigado irmãs e irmãos por este novo triunfo do povo boliviano. Dedico aos que lutam contra o imperialismo. Dedico a Fidel Castro e a Hugo Chávez, que em paz descansa”, disse. Com a multidão aos gritos de “Pátria sim, colônia não”, Morales definiu o resultado como uma vitória das reformas socializantes que erradicaram o analfabetismo, reduziram a pobreza e estenderam o papel do Estado em uma economia em franca expansão. Agora, a única dúvida com relação à eleição majoritária, é se ele vai superar a marca de 2009, quando recebeu 64% dos votos. Morales venceu em oito dos nove estados da Bolívia. A surpresa ficou por conta da maioria obtida Evo Morales reeleito com mais de 60% na Bolívia O presidente boliviano tem vitória esmagadora nas urnas e conquista seu terceiro mandato Gaston Brito/Reuters no departamento de Santa Cruz ao leste do país, onde venceu com 51% de acordo com a Ipsos. Um dos motores econômicos da Bolívia, este centro de agronegócio concentrou por algum tempo a oposição mais radical às políticas indigenistas, antiamericanas e estatizantes de Morales. Para especialistas, o que explica essa virada local é o crescimento econômico e o bom momento dos negócios no país. Segundo o Fundo Monetário Internacional, esse ano, a Bolívia deve registrar uma alta de 6,5% no PIB, o maior crescimento da América Latina. Além disso, a política econômica de contenção da inflação e controle da dívida pública já foi publicamente elogiada pelo FMI e pelo Banco Mundial, instituições às quais o governo Morales é cético. “O FMI fala bem da nossa estabilidade econômica, mas este não é um patrimônio do FMI, nem dos economistas neoliberais”, disse o ministro da Economia da Bolívia, Luiz Arce. “Chegamos aos resultados que eles pedemsem usar as fórmulas deles. Usamos nosso modelo, que tem ingerência do Estado e investe dinheiro na área social”, completou. Bolivianos votaram no domingo; mandato de Morales vai até 2020 Para especialistas, o que explica a vitória do presidente Evo Morales, que garantiu seu terceiro mandato, é o crescimento econômico e o bom momento dos negócios no país Na visão de Arce, o mérito dos mandatos Morales foi nacionalizar a produção de minério e gás natural, o que permitiu ao país se capitalizar para investir em educação, em saúde e em projetos sociais. “O petróleo rende US$ 6 bilhões ao ano, que equivalem a cerca de um quinto do nosso PIB (US$ 31 bilhões). Agora, 85% desse dinheiro ficam no país e apenas 15% com as transnacionais”, expli- cou. Os altos preços das commodities favoreceram o governo Morales até 2011, quando começaram a cair e afetar a economia latina. Mas a Bolívia continuou a crescer . Para o ministro da Economia boliviano, a continuidade dos avanços se deve à expansão do mercado interno, que compensou a desaceleração da demanda externa. “A vitória esmagadora de Morales é um reconhecimento da gestão do governo e mostra que a oposição nunca teve uma visão de país”, analisa Reymi Ferreira, professor da Universidade Gabriel René Moreno, de Santa Cruz. O líder da oposição, Doria Medina, disse que agora é necessário garantir que “não aconteçam mais reeleições, que a Constituição seja cumprida e que a economia seja administrada de maneira adequada”. É justamente para o tema da reeleição que a política boliviana deve se voltar agora. Para que Morales chegue a um eventual quarto mandato, seria necessária uma reforma constitucional somente possível com o controle de dois terços do Congresso e tudo indica uma “falha” do MAS em repetir essa maioria necessária. Com ABr Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 29 Reprodução CHINA País terá parque temático de Hollywood Centenas de pessoas, algumas usando máscaras cirúrgicas para esconder suas identidades, e armadas com pés-de-cabra e objetos cortantes atacaram, ontem de manhã, manifestantes pró-democracia de Hong Kong que há duas semanas ocupam ruas e avenidas no bairro dos ministérios, o Admiralty, exigindo sufrágio universal nas eleições de 2017. Houve confrontos entre manifestantes, que também usavam máscaras para se protegerem de spray de pimenta, e grupos contrários aos protestos. Os manifestantes acusaram estes grupos de serem formados por integrantes da máfia chinesa, chamada de “tríades”, que já havia sido apontada como a responsável por incidentes violentos antes. Deputados pró-democracia da Câmara Legislativa protestaram contra as autoridades chinesas, acusando-as de ter enviado os provocadores. “Esta é uma das táticas usadas às vezes pela China continental. Recorrem a tríades ou grupos pró-governo para tentar atacar, e assim o governo não é obrigado a assumir suas responsabilidades”, disse o deputado Albert Ho, do Partido Democrático. Ao mesmo tempo, os ativistas, que armaram barricadas no coração do distrito financeiro foram alvo de protestos de motoristas de táxis que os acusam de prejudicar seu trabalho. “Abram as ruas”, gritavam um grupo de motoristas de táxi e de caminhão. Os motoristas deram um prazo até quarta-feira para os manifestantes liberarem as ruas. Muitos habitantes de Hong Kong, comerciantes e empresários passaram a se voltar contra os protestos, frustrados contra os prejuízos que têm causado. “Eu apoiava o movimento, mas meus negócios foram prejudicados. O que eles fazem é inútil de qualquer forma”, disse Lee, um motorista de táxi de 25 anos. Lee fazia parte de um grupo de 15 pessoas que carregavam faixas com a mensagens: “Associação de Motoristas de Táxis: salve a subsistência. Não podemos tolerar mais”. “Nós vamos ficar aqui até o fim e nos defender”, reagiu um dos manifestantes, de 25 anos, que se identificou como John, e consertava barricadas que haviam sido quebradas. Os manifestantes, a maioria estudantes, se revoltaram a partir do anúncio de Pequim, em agosto, de que os candidatos para as eleições do governo local na eleição que será realizada daqui a dois anos, deverão passar pelo crivo do governo chinês. Eles reivindicam também a renúncia de Leung Chun-ying, o chefe do Executivo local que apoiou a decisão de Pequim e além disso está sendo acusado de corrupção. Leung Chun-ying declarou no domingo que seus críticos não HouveconflitoentreestudantesdeHKegruposnão-identificados Homens com máscaras em HK atacam estudantes Protesto pró-democracia, que já dura duas semanas, é criticado por motoristas de táxis Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong, que protestam há duas semanas, acusaram os homens mascarados que o atacaram de pertencerem à máfia chinesa têm praticamente nenhuma possibilidade de conseguir a aprovação de Pequim para suas demandas. Hong Kong é um território com status especial, governado por Pequim pela fórmula “um país, dois sistemas”. Ao contrário da China continental, esta região administrativa especial goza de muitas liberdades, como a de expressão e manifestação. Hong Kong, que foi colônia britânica até 1997, quando foi devolvida à China, tem um sistema político multipartidário. O restante do país é governado pelo Partido Comunista. Redação, com Reuters Bobby Yip/Reuters [email protected] Bobby Yip/Reuters Redação Fotos Tyrone Siu/Reuters A Universal Parks & Resorts, dos Estados Unidos, investirá mais de US$ 3 bilhões , junto com um sócio chinês , a Beijing Shouhuan Cultural Tourism, para abrir um parque temático de cinema em Pequim em 2019. O parque, de 120 hectares, mostrará sucessos de Hollywood. A ideia é rivalizar com um parque Disney de Xangai, que está em construção desde 2011 e será inaugurado em 2015. AFP 30 Brasil Econômico Terça-feira, 14 de outubro, 2014 OPINIÃO Editoria de Arte Fonte alternativa de energia para mobilidade Bernadette Anderko [email protected] esquisadores norte-americanos apontam que o número de veículos a motor no mundo chegará a dois bilhões em 2020. O transporte representou 28% das emissões de gases de efeito estufa daquele país em 2012, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Embora carros a diesel emitam menos dióxido de carbono, eles podem emitir até 400 vezes mais partículas de carbono preto por quilômetro. Então, que outras opções sustentáveis teria o motorista? Atualmente, e dependendo do orçamento, muitas. Nas últimas décadas, os carros elétricos tornaram-se uma opção real, mas com alguns problemas associados,como o tempo para recarregá-los, o custo de fabricação das baterias e a quilometragem máxima possível por carga. A Tesla Motors começou recentemente a instalar nas estradas da Grã-Bretanha estações de recarga em 20 minutos mais rápido do que o usual. Os fabricantes de baterias e os de automóveis estão entrando no ramo de veículos elétricos. Em julho de 2014, a BMW anunciou que está aberta a compartilhar a tecnologia que usa em seus veículos plug-in i3 e i8 com outras montadoras. Segundo a empresa,compartilhar a tecnologia que desenvolveu em parceria com a Samsung pode reduzir o custo das células da bateria. As baterias de lítio, comuns em eletrônicos de consumo geral, também estão sendo usadas em alguns carros, já que atingem 200 Watts hora/quilograma (Wh/K)enquanto uma bateria de carro comum atinge cerca de 40Wh/K. Pesquisadores da Califórnia já possuem tecnologia para produzir uma bateria de lítio com células modificadas, possibilitando maior capacidade de armazenamento e ciclos de carga. Embora a experiência esteja no início, essa é uma área a se observar. Carros movidos a células também são uma opção à gasolina. A Toyota planeja lançar um dos primeiros carros movidos a hidrogênio em 2015. Esse carro combina hidrogênio armazenado com o oxigênio da atmosfera para gerar eletricidade e a água é o único outro produto envolvido na reação, de modo que o vapor é a única emissão gerada a partir do processo de combustão. O carro será lançado na Califórnia e, se a experiên- P A mobilidade inteligente ainda é incipiente em termos de aceitação pela população em geral. A penetração no mercado ainda é insignificante cia der certo, a infraestrutura de abastecimento será replicada nos demais locais de produção e venda. Mesmo diante de todo esse cenário de avanços, a participação no mercado ainda é tímida. A maioria das grandes empresas fabricantes de automóveis já está produzindo veículos elétricos, muitas através de joint-ventures. Porém, a participação que esses veículos respondem nas vendas do mercado ainda é pequena.Por exemplo, durante o primeiro semestre de 2014, apenas cinco países conseguiram atingir vendas de carros elétricos plug-in com uma cota de mercado superior a 1% das vendas de carros novos. Foram eles: Noruega (14,49%), Holanda (4,58%), Islândia(2,2%), Suécia(1,52%) e Estônia (1,05%). A mobilidade inteligente ainda é incipiente em termos de aceitação pela população em geral. A penetração no mercado ainda é insignificante, a tecnologia está em desenvolvimento e a infraestrutura precisa ser ampliada. Problemas como tempo para carregar e a distância que pode ser percorrida também precisam ser resolvidos. Dito isso,a mudança climática não é um assunto que irá acabar e, cada vez mais, países começam a exigir que o cidadão também faça sua parte, reduzindo emissões. Os carros são um dos focos para isso. A tendência para mobilidade “mais limpa” só tende a crescer. Bernadette Anderko é analista de investimento do Banco Julius Baer Terça-feira, 14 de outubro, 2014 Brasil Econômico 31 ANDRÉ RAMOS TAVARES JORGE MIGUEL É diretor da Escola de Direito da Universidade Anhembi Morumbi Diretor-executivo do Sindicato das Empresas de Transporte por Fretamento e por Turismo da Região Metropolitana de São Paulo (Transfretur) A instituição da terceirização e o direito econômico Poder público para facilitar o transporte coletivo privado Recentemente, o STF reconheceu a importância do tema da terceirização. Trata-se de uma das formas de produção da riqueza em um país. Mas se questiona a licitude dessa forma. Há dois casos sobre a mesa do STF. O primeiro é sobre os serviços de “callcenter” terceirizados por empresa telefônica. No segundo, houve a terceirização da atividade-fim de empresa de celulose. O primeiro caso envolve atividade da Lei de Telecomunicações, cujo teor autoriza a terceirização, o que não ocorre na exploração de celulose. Movimentos no mercado têm acontecido para que a regulamentação do fretamento na cidade de São Paulo seja ajustada de forma a contribuir para a mobilidade urbana trazendo mais usuários. O transporte coletivo privado tem se mostrado como uma alternativa mais confortável e economicamente viável ao passageiro de rotas contínuas e frequentes do que o veículo de transporte individual. Ao contar com ajuda do poder público no desenvolvimento de melhorias, o cenário é ainda melhor. Todos os casos questionam a Orientação nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, que simplesmente assume como universalmente ilícita a terceirização da atividade-fim de qualquer empresa. Assim, a terceirização resulta (necessariamente) na precarização do trabalho. E como a Constituição estabelece um Estado social com valores sociais do trabalho — o que é incontestável — a terceirização seria uma fraude. Nesse contexto, leis autorizadoras da terceirização seriam, inclusive, nulas. O argumento é sedutor e socialmente engajado. Agências reguladoras, sindicatos, federações e diversas instituições do setor de transporte coletivo privado de passageiros têm buscado, por meio de parcerias, discussões e elaboração de documentos, levantar tópicos que possam trazer mudanças benéficas a toda a indústria, cadeia produtiva e, principalmente, à sociedade. A motivação é o conhecimento de que grande parcela dos usuários de transporte individual está disposta a migrar para o coletivo. Atualmente os veículos de fretamento têm dificuldades para atender a demanda de passageiros com consciência coletiva devido à grande zona de restrição e proibição de uso das faixas exclusivas para ônibus urbanos. Porém, trabalhando em parceria com órgãos públicos a fim de desenvolver ações, legislações e alternativas, será possível contemplar esse usuário. O instituto da terceirização é corolário das liberdades, eis que compreende, nitidamente, uma opção específica pela melhor forma de organização Essa crítica à terceirização transformou o instituto em uma “bandeira” ideológica que tem contaminado o rigor de análise e aplicação do Direito. Considero que a tese não é mero descolamento de uma leitura liberal — que também entendo insuportável — da vetusta e ampla liberdade das empresas. Não se trata de apenas combater a supremacia de um mercado socialmente irresponsável. Parece haver também uma falsa percepção do próprio fenômeno. O instituto da terceirização é corolário das liberdades, eis que compreende, nitidamente, uma opção específica pela melhor forma de organização. Cada um abraça, conforme opções pessoais, a forma que de- sejar para fins de exercer sua atividade. Mais do que isso, entendo que admitir a terceirização significa respeitar a vontade do trabalhador, que deixa de ser visto como uma figura universalmente desprovida de autonomia, sujeita ao eterno paternalismo estatal. Abusos não decorrem do modelo em si, mas de ocorrências concretas, como quando um dos agentes econômicos cria empresa de fachada, reunindo verdadeiros empregados, e não agentes econômicos autônomos e livres. Prefiro apostar em uma fiscalização enérgica dentro das determinações legais e constitucionais, e não criando suas próprias compreensões e generalizações do fenômeno. É inerente ao poder de polícia combater qualquer forma de exploração e subjugação do trabalho. Mas para bem e fielmente exercer essa função fiscalizadora, o Estado não deve aniquilar cláusulas constitucionais e a bemvinda autonomia pessoal. Não pretendo aqui fazer apologia à terceirização como melhor solução para a economia brasileira ou para os trabalhadores. Isto também varia de acordo com contingências fáticas, pessoais, culturais e regionais. Mas, só o caso concreto, poderá comprovar haver precarização ilícita, e não conjecturas abstratas. Minha conclusão é a de que essa é uma modalidade lícita no Brasil, nem sempre atentatória a direitos, não sendo modalidade necessariamente fraudulenta. Coisa distinta é combater certas escolhas concretas, como a mão de obra colocada em situação efetivamente análoga à escravidão, em pleno século XXI. Mas nem a confusão nem a generalização servem ao desenvolvimento do país. O governo municipal tem se mostrado aberto e preocupado em ouvir os agentes do setor. Uma das medidas foi a revisão da Lei do Fretamento que ainda está para ser votada Com auxílio do poder público é possível atrair mais usuários para o fretamento que trabalha como sistema complementar aos trajetos diários do cidadão paulistano que se desloca ao trabalho ou faculdade. É importante que haja regulamentação e capilaridade para que o transporte contínuo de executivos atue de forma natural e complementar ao sistema. O governo municipal atual tem se mostrado aberto e preocupado em ou- vir os agentes do setor. Uma das recentes medidas foi a revisão da Lei do Fretamento que ainda está para ser votada na Câmara Municipal. Porém, apesar da Zona Máxima de Restrição ao Fretamento, as empresas que trabalham de forma regularizada podem circular desde que possuam uma Autorização Especial de Trânsito. Também com a gestão atual está sendo discutida a exceção de circulação, embarque e desembarque nas faixas exclusivas do transporte público e também prioridade de circulação em outras vias. A expectativa? De que o setor será atendido! Com a realização dessas solicitações e outras de fácil execução, como a criação de estacionamentos e bolsões para embarque e desembarque em vias adequadas, veremos o crescimento desse tipo de transporte na cidade, contribuindo para a redução dos carros e consequentemente estresse, poluição sonora e ambiental. Como pincelado acima, o próprio passageiro demonstra interesse em conhecer o transporte por fretamento. Pesquisa realizada nos estacionamentos do centro expandido da cidade de São Paulo indica que mais de 30% dos 750 motoristas entrevistados estão dispostos a deixar seus carros em casa em busca do conforto e tranquilidade oferecidos pelo coletivo privado. Ou seja, se todos os agentes interessados trabalharem de forma conjunta e, principalmente, com o apoio do poder público, veremos esses 30% de motoristas circulando em ônibus por fretamento retirando cerca de 5% dos veículos individuais das vias paulistanas, possibilitando assim um pouco de respiro no meio do caos. Resumindo, fora do coletivo não há salvação! Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Diretor Presidente José Mascarenhas BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Publisher Ramiro Alves Chefe de Redação Octávio Costa Editora-Chefe Sonia Soares Diretor de arte André Hippertt Editor de arte Carlos Mancuso Redação (RJ) Rua dos Inválidos, 198, Centro, CEP 20231-048, Rio de Janeiro Tels.: (21) 2222-8000 e 2222-8200 Redação (SP) Rua Guararapes, 2064, Térreo, Brooklin Novo, CEP 04561-004, São Paulo Redação (DF) SHS Quadra 6 Conjunto A, Complexo Brasil 21, Bloco C, Salas 520 a 523, CEP 70316-109, Brasília. 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Rua dos Inválidos, 198, Centro - CEP: 20231-048, Rio de Janeiro (RJ) - Tels.: (21) 2222-8000 e 2222-8200 www.brasileconomico.com.br PONTO FINAL OCTÁVIO COSTA Chefe de Redação [email protected] Para Ricardo Guedes, diretor do Sensus, o espanto não se justifica. Seu instituto ouviu 200 pessoas em 24 estados e 136 municípios e foi o primeiro a captar os efeitos das denúncias feitas peloex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sobre o esquema de corrupção na Petro- AROEIRA bras. “Além do crescimento da candidatura de Aécio Neves, observase um forte aumento da rejeição de Dilma Rousseff”, afirmou Guedes, em entrevista à revista da Editora Três. O índice de rejeição de Dilma subiu para 46,3%, enquanto o de Aécio Neves é de apenas 29,2%. O mercado está comemorando antes da hora. Muita água vai rolar até o dia 26 de outubro. E haverá tempo de sobra para as pesquisas se ajustarem dos programas sociais. E tende a concordar que as denúncias nesta hora têm fundo eleitoreiro. Dilma pode ter perdido votos nos últimos dias e novas pesquisas devem apontar nesta direção. Certamente, porém, a presidente não estáa17pontosdeAécio.Masomercado financeiro gosta de apostas arriscadas e recebeu os dados do Sensus como retrato fiel do momento eleitoral. Críticos da política econômica do atual governo e torcedores ostensivos do tucano, os responsáveis pelos negócios de bancos e corretorasfizeramfestadianteda possibilidade de vitória de Aécio. As ações de Petrobras subiram mais de 10% e a Bolsa fechou em alta de 4,7%. O dólar caiu 1,27%, cotado a R$ 2,39. O mercado não esconde as afinidades eletivas com o ex-presidente do BC Armínio Fraga e torce para que ele assuma o posto de Guido Mantega em janeiro. Masestá comemorando antes da hora. Muita água ainda vai rolar até o dia 26 de outubro. E haverá tempo de sobra para as pesquisas se ajustarem. SOBE E DESCE Claudio Peri/Pool/Reuters O Instituto Sensus, que faz pesquisas de opinião para a revista IstoÉ, não tem a mesma credibilidade do Datafolha. E também não tem a tradição do Ibope. Isso lhe permite maior ousadia. A exemplo do Vox Populi, costuma divulgar dados que destoam da tendência mais cautelosa de seus concorrentes mais fortes. E, no caso de erro, não há problema. Basta corrigir a pesquisa quando a ida às urnas estiver mais próxima. Mas, independentemente da autoria, as pesquisas sempre têm impacto e chamam a atenção do mercado financeiro. Foi o que aconteceu com o surpreendente levantamento divulgado pelo Sensus no fim de semana. Em suas contas, novamente alvo de controvérsia, o instituto apontou larga vantagem de Aécio Neves sobre Dilma Rousseff: 58,8% dos votos válidos para o tucano e apenas 41,2% para a presidente. Uma incrível diferença de 17,6 pontos percentuais. Considerando-se o total de votos, Aécio tem 52,4%, Dilma ficou com 36,7% e indecisos, brancos e nulos somaram 11%. A margem de erro é de 2,2%, com índice de confiança de 95%, igualando-se, portanto, aos de Ibope e Datafolha. Indiferente à celeuma criada, Guedes mostra absoluta convicção no resultado: “O tamanho da rejeição à candidatura de Dilma torna praticamente impossível a reeleição da presidente”. Sua conclusão parece precipitada, quando se sabe que Ibope e Datafolha, na semana passada, apontaram empate técnico, com pequena vantagem de Aécio, 51% contra 49% de Dilma. É difícil acreditar que o enorme fosso revelado agora tenha sido aberto em pouco mais de dois dias, no rastro do noticiário negativo sobre a Petrobras. As notícias são contundentes, mas deixam revoltadas pessoas que já haviam decidido não votar em Dilma. Para a maioria dos analistas, a faixa de eleitores que permanece fiel ao PT está mais preocupada com a preservação ■ O documento resultante do Sínodo Extraordinário sobre a Família diz que a Igreja Católica deve garantir mais espaço para os homossexuais, que “têm dons e atributos para oferecer à comunidade cristã”. Divulgação ACREDITE QUEM QUISER ■ Mais umavezoSenado podeter dezdesuascadeirasocupadaspor políticossemvotos.Sãoos suplentesdossenadoresqueestão disputandogovernosestaduais.Se perderem,elevoltam.Seganharem, dãoempregoadesconhecidos.