G1 - 'Ele cavou uma cova para mim', diz mulher vítima de violência - notícias em Brasil
globo.com
notícias esportes entretenimento vídeos
e-mail
central globo.com
assine já
Brasil
Brasil
Mundo
Economia
Política
todos os sites
buscar
Esporte
Crime
Carros
Emprego
Educação
Saúde
Tech
Bizarro
30/07/2010 08h36 - Atualizado em 30/07/2010 08h36
'Ele cavou uma cova para mim',
diz mulher vítima de violência
G1 visitou abrigo onde moram mulheres ameaçadas pelos excompanheiros.
Elas temem reencontrar os agressores e esperam recomeçar a vida.
Mariana Oliveira
Do G1, em São Paulo
Pop&Arte
RJ
SP
Telejornais
Eleições 2010
PUBLICIDADE
Brasil
imprimir
30
JUL
Ana Cláudia tem pouco menos de 30
anos e passou quase um terço da vida
sendo agredida pelo ex-companheiro.
Um dia, chegou em casa do trabalho e
havia uma cova no quintal. Era uma
maneira encontrada pelo ex para
intimidá-la.
09:34
Hospital suspende internações em
UTI neonatal após infecções por
fungo
08:58
Homem agride mãe com barra de
ferro em SC
08:47
Gays poderão colocar parceiro
como dependente no Imposto de
Renda
08:36
"[Ele] me ameaçava de morte. Teve um
dia que cheguei do serviço e no fundo do
meu quintal tinha um terreno e tinha um
buraco onde ele ia me enterrar. Várias
vezes falou que ia me matar, dar
« dê sua nota
facadas, cortar meu corpo em pedacinho,
ia enterrar e que ninguém ia me
encontrar. (...) Ele cavou uma cova. (...)
No dia que vi aquele buraco, você não
tem noção de como fiquei apavorada. Eu só estou viva hoje porque eu procurei ajuda, eu fui
na delegacia da mulher e eles me encaminharam para o abrigo, senão eu não estava viva
hoje", disse – confira no vídeo ao lado.
'Ele cavou uma
cova para mim', diz
mulher vítima de
violência
PUBLICIDADE
Comente esta notícia
Ele cavou uma cova. (...) No dia
que vi aquele buraco, você não
tem noção de como fiquei
apavorada. Eu só estou viva hoje
porque eu procurei ajuda"
Ana Cláudia, vítima de violência
doméstica
A história de Ana Cláudia é uma entre as de
muitas mulheres vítimas de violência.
Atualmente, os noticiários dão destaque aos
casos de Eliza Samudio, ex-amante do exgoleiro do Flamengo Bruno Souza,
desaparecida há mais de um mês, e da
advogada Mércia, encontrada morta em
junho. Mas a maioria dos casos não
aparece no noticiário.
globoshopping
Ricardoeletro.com
O G1 visitou uma casa-abrigo onde moram
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html[30/07/2010 10:18:55]
Micro System LG
G1 - 'Ele cavou uma cova para mim', diz mulher vítima de violência - notícias em Brasil
MCV904 1200 W
...
mulheres e seus filhos, que fugiram dos
companheiros e tentam recomeçar uma
nova vida após agressões e ameaças. Os nomes das mulheres vítimas de violência citadas
na reportagem foram alterados a pedido das entrevistadas.
As ameaças e agressões contra Ana Cláudia começaram quando ela começou a trabalhar.
“Ele não acreditava em mim, achou que eu ficava com homens no meio da rua. Um dia ele
judiou muito de mim, fez machucado bem grande na minha cabeça. Ele arrancou a porta,
jogou na minha perna. Arrancou metade dos meus cabelos. (...) Ainda tô fazendo
tratamento psicológico. Para ter ânimo. Um dia juntei todos os comprimidos e fiquei três
dias dormindo, tipo um coma de três dias. Não acordava. Eu não via mais razão para viver,
eu queria destruir aquela vida, porque não estava mais fazendo sentido para mim.”
12 x R$166,58
compare preços de
Comparar
veja todos os produtos »
PUBLICIDADE
Ela mora no abrigo e atualmente faz curso na área de construção civil. O maior medo é
reencontrar o ex-companheiro, que ela classifica como "perigoso". “Eu tenho muito medo
dele, da família, de tudo, dos amigos, de tudo dele eu tenho medo, eu saio e fico que nem
doida no meio da rua, toda hora olhando para trás, se alguém olha muito eu tenho que sair
de perto.”
O medo de Ana Cláudia tem razão de existir, de acordo com a advogada Maria Aparecida
da Silva, especializada em violência contra mulher. Ela conta que a ida ao abrigo é
necessária nos casos em que a mulher corre risco de morte e que, na maioria das vezes,
os ex-companheiros insistem em procurar as mulheres. Por isso, elas vivem sob absoluto
sigilo, sem poder contar nem mesmo a parentes onde estão. Quando chegam, passam
cerca de 30 dias sem contato com o mundo externo. Depois da “trintena”, podem fazer
ligações sob a supervisão de educadoras para garantir que não vão revelar o próprio
paradeiro.
A coordenadora da casa-abrigo visitada pelo G1, que cuida da organização da casa e
recepciona pessoalmente as mulheres - o nome dela foi preservado pela segurança do local
-, diz que o trabalho sobre a importância de manter o sigilo da casa é constante.
"A tendência é esquecer o risco. Por isso a gente trabalha todo dia com elas, não no
sentido de aterrorizar. Trabalhar o medo saudável. Tem dois tipos de medo: o que paralisa
é horroroso, a pessoa nunca mais caminha. O medo saudável é aquele que preserva minha
vida, minha segurança e ao mesmo tempo me permite ir à luta", diz a coordenadora.
O abrigo visitado pela reportagem fica na Grande São Paulo. É uma casa normal em uma
rua tranquila, sem muito movimento. Há vários quartos - algumas famílias maiores ficam em
um único ambiente e outras dividem o espaço -, refeitório, sala de TV, cozinha, copa,
lavanderia e quintal para as crianças brincarem. Algumas mulheres estão sozinhas, outras
com seus filhos. Vítimas de violência doméstica, estão ali porque psicólogos e assistentes
sociais identificaram que havia risco de morte.
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html[30/07/2010 10:18:55]
G1 - 'Ele cavou uma cova para mim', diz mulher vítima de violência - notícias em Brasil
Refeitório de abrigo para mulheres vítimas de violência na Grande São Paulo (Foto: Mariana Oliveira / G1)
Fracasso
A coordenadora do abrigo conta que as mulheres chegam no local com "sentimento de
fracasso". "A nossa sociedade nos ensinou que somos responsáveis pelo sucesso do
casamento, pelo sucesso dos filhos, dessa vida familiar. Então, quando chegam aqui, além
da perda material, da perda dos objetos pessoais, chegam com muita raiva, outras com
muita tristeza. O sentimento de fracasso é geral e na maioria das vezes elas saem
agressivas no sentido de defesa. Elas chegam muito indignadas, 'eu não dei certo', 'eu
fracassei', 'ele é um criminoso, mas está lá fora solto e eu estou aqui presa'."
Para a advogada Maria Aparecida da Silva, é uma distorção as mulheres ficarem privadas
de liberdade enquanto seus agressores ficam soltos. “É injusto e desumano uma mulher ter
que se retirar de sua condição de mãe, de esposa, da família, ser retirada de seu convívio,
de sua comunidade, para ter de ficar presa enquanto agressor fica solto, é injusto.”
Ana Cláudia afirmou que, quando conheceu o ex-companheiro, ele não era violento. “Ele
nunca mostra quem é no começo, sabe a pessoas tem várias faces, tem palavra para tudo
que perguntam. É boa para as pessoas na rua, quem vê fala ‘nossa essa pessoa não é
assim’.Tem estudo, profissão boa, tem tudo para ser uma pessoa educada, sabe conversar
com mendigo até prefeito, governador. Mas com companheira dele em casa, quando abre a
porta, deixa tudo de bom que tinha lá fora.”
Sofri em minha casa durante 10
anos. Eu sofri vários tipos de
violência, psicológica e agressões
físicas. Eu não aguentava mais.
Lúcia, que também falou com o G1, passou
mais de dez anos em situação de violência.
"Ele me batia muito, usava armas, me
ameaçou com armas. Me intimidava, a
primeira coisa que fazia era me apontar um
revólver. Convivi durante todo o tempo com
esse tipo de situação. (...) Sofri em minha
casa durante 10 anos. Eu sofri vários tipos
de violência, psicológica e agressões
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html[30/07/2010 10:18:55]
G1 - 'Ele cavou uma cova para mim', diz mulher vítima de violência - notícias em Brasil
Eu decidi que tinha de denunciálo e através da minha denúncia
vim para o abrigo"
Lúcia, vítima de violência doméstica
físicas. Eu não aguentava mais. Eu decidi
que tinha de denunciá-lo e através da minha
denúncia vim para o abrigo. Eu descobri
que [ele] era violento depois de um ano de
casado, aí descobri quem era a pessoa
dele.”
Assim como Ana Cláudia, Lúcia também teme encontrar o ex-companheiro. “Por incrível
que pareça, estou dois anos afastada e ele ainda me procura. Eu tenho muito medo, de ele
me encontrar se ele chegar a me encontrar. Porque ele pode me matar, onde ele me achar
ele me mata.”
De acordo com especialistas, as mulheres que sofrem violência podem buscar informações
no disque-denúncia 181. Devem ainda buscar orientação dos centros de referência de
apoio à mulher em seus municípios, que orientam sobre as medidas de abrigamento e as
medidas judiciais contra o ex-companheiro.
Nos abrigos, as mulheres fazem cursos e aprendem profissões. Elas ficam nas casas por,
no máximo, um ano e meio. Nesse período, técnicos ajudam para a obtenção de um
emprego e também auxiliam para que a pessoa regularize a sua documentação pessoal.
Depois, cada uma segue a sua vida, muitas vezes em cidades diferentes.
Medo de perder os filhos
Cristina é uma das pessoas que está há menos tempo no abrigo visitado pela reportagem.
Ela chegou ao local com os filhos, mas relutou em buscar ajuda por medo de perder a
guarda. "Eu não denunciava porque tinha medo que pudessem tomar meus filhos de mim."
Ele tinha muito ciúme, até do
filho quando mamava, porque o
menino só queria a mãe"
Ela conta que o marido batia também nas
crianças. "Ele tinha muito ciúme, até do filho
quando mamava, porque o menino só
queria a mãe. Com o menor, chegou a
espetar o garfo no céu na boca porque não
queria comer feijão. O pintinho do meu filho
ele puxava, torturava mesmo."
Após ligar no disque-denúncia, recebeu a
orientação de que não perderia a guarda
dos filhos e resolveu denunciar o próprio
marido. "Ele me batia muito, resolvi
denunciar no dia que ele disse que ia quebrar minhas pernas e me matar."
Cristina, vítima de violência doméstica
Cristina disse que o marido não bebia, não fumava e não usava drogas, mas já
demonstrava sinais de violência antes mesmo do casamento. "Era violento com as irmãs,
uma vez eu vi ele dando um soco na irmã, mas achei que nunca ia fazer isso comigo."
‘Príncipe encantado’
Priscila também mora no abrigo com os filhos. Ela conta que o marido a humilhava e
chegou a botar fogo na casa. "Ele batia, humilhada, me colocava fora de casa, me deixava
tomando chuva. Antes de vir para cá, ele colocou fogo na minha casa e queimou tudo que
eu tinha."
Disse que as drogas o levaram a ser violento. "Quando casamos ele não era violento,
falava que me amava, que iria me proteger, não ia deixar ninguém fazer nada de mal para
mim. Mas ele começou a usar droga. Antes ele era um sonho, um príncipe encantado."
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html[30/07/2010 10:18:55]
G1 - 'Ele cavou uma cova para mim', diz mulher vítima de violência - notícias em Brasil
Lei Maria da Penha
Criada para proteger mulheres em situação de violência, a Lei Maria da Penha completa
quatro anos em agosto.
A abrangência da legislação gera divergências dentro do Judiciário, de acordo com
magistrados consultados pelo G1. Enquanto alguns juízes entendem que a legislação vale
para todos os casos de violência contra a mulher, outros consideram que ela só se aplica a
relacionamentos estáveis. Para que a situação seja contornada, magistrados defendem
alteração na lei para deixá-la mais clara.
1
Link http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html
Links Patrocinados
Academia Imoto Autodefesa
Novo Método de Luta e Cond. Físico R. Santa Cruz, 595 - Metrô Sta.Cruz
www.MetodoImoto.com
Grupo Rudi
Portaria Limpeza C Segurança Alarme Serviços Gerais
(55) 11 30516622 www.gruporudi.com.br
globoshopping
Ofertas
Informática
Eletrônicos
Cosméticos e Perfumaria
Brinquedos e Games
Ricardoeletro.com
Insinuante
Colombo.com.br
Compra Fácil
KaBuM!
DVD Player LG DV556
DVD Player Lenoxx Sound
Secadora Brastemp BSG17
Forno Britânia Prime 28lts
Multilaser WC040
10 x R$ 16,99
10 x R$ 9,99
12 x R$ 546,91
10 x R$ 16,99
12 x R$ 2,49
compare preços no globoshopping
Nome do produto
Comparar
editorias
especiais
tv globo
globonews
rádios
publicações
Autoesporte.com
Blogs e Colunas
Brasil
Ciência e Saúde
Concursos e Emprego
Economia e Negócios
Ego
Esporte
Mundo
Planeta Bizarro
Política
Pop & Arte
RJ
SP
Tecnologia e Games
VC no G1
África do Sul 2010
Amazônia
Brasileiros no Exterior
Eleições 2010
G1 conta a História
G1 em Espanhol
G1 em Inglês
Guia de Carreiras
Imposto de Renda
Vírus A (H1N1)
Mais Especiais
DFTV
MGTV
NETV
Bom Dia Brasil
Jornal Hoje
Jornal Nacional
Jornal da Globo
Fantástico
Globo Repórter
Globo Rural
Profissão Repórter
Brasileiros
Globo Mar
Pequenas Empresas &
Grandes Negócios
Ação
Em Cima da Hora
Edição das 10h
Conta Corrente
Estúdio I
Edição das Seis
Jornal das Dez
Almanaque
Arquivo N
Cidades e Soluções
Entre Aspas
Espaço Aberto
Fatos e Versões
Globo News Documento
Globo News Dossiê
Globo News Especial
Globo News Painel
CBN
Globo AM
Globo FM
Época
Época Negócios
Época SP
Autoesporte
Casa e Jardim
Crescer
Criativa
Galileu
Globo Rural
Marie Claire
Monet
Pequenas Empresas &
Grandes Negócios
Quem
serviços
Fale Conosco
jornais
O Globo
Extra
classificados
Imóveis
Carros
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/ele-cavou-uma-cova-para-mim-diz-mulher-vitima-de-violencia.html[30/07/2010 10:18:55]
Download

G1 - `Ele cavou uma cova para mim`, diz mulher vítima de violência