P.w£? mmÊKÊÊmmmtm Romefito Aquino Agosto - 95 Ano VI-N0 56 Brasflia-DF R$ 1,00 SEÇÕES Cartas Editorial Coluna do Meio Qualidade Verde ONGs em Ação I Agenda Filatelia i jPelo Brasil | Gente do Meio | Ponto de Vista Curiosidades Literatura 2 4 5 7 11 15 | 19 21 22 | 22 23 24 FOLHA DO MEIO AMBIENTE Uma publicação da Forest Cultura Viva Marina Silva planta seringueira no Memorial Chico Mendes, lançado durante o 4S Encontro dos Seringueiros Cláudio Bellíni Senado cobra na Justiça recursos para os seringais O Senado Federal, através do senador Emandes Amorim (PDTRO), solicitou à Procuradoria Geral da República que ingresse com ações na Justiça para obrigar o Ibama a aplicar corretamente os recursos previstos em lei para o desenvolvimento do extrativismo da borracha. A Folha do Meio denunciou irregularidades no órgão em julho passado e duas CPls já foram abertas na Câmara dos Deputados para investigá-las. Página 3. Gente do Metoum novo espaço valoriza os que lutam pelo meio ambiente (Páginai22) Próxima edição • Ecoturismo: uma atividade que educa, preserva e rende muitos dólares. • O fim das lagoas marginais prejudica a reprodução natural dos peixes. • Dia da Árvore: a importância das comemorações para saber preservar. ^ A primavera vem aí! A primavera, a mais bela das estações, está chegando. Com ela, chega o tempo de renovarmos nosso amor pela natureza.. Chega o tempo de senti-la e homenageá-la com uma poesia, um conto ou uma história em quadrinho. A Folhinha dá algumas dicas do que devemos fazer para se integrar à beleza e aos encantos da primavera. Folhinha do Meio Tartarugas sõo protegidas desde a época da desova Fernando de Noronha luta para conservar sua beleza em meio a problemas de infraestrutura urbana e ao avanço do turismo. Com falta de água, esgoto e energia, a garanti A aquicultura faz a nova multiplicação dos peixes O homem tira, anualmente, das águas do mundo, cerca de 100 milhões de toneladas de pescado para alimentar, com a melhor proteína, os 5,59 bilhões de habitantes da Terra. Mas, enquanto a população cresce, os recursos hídricos se deterioram e aumenta o processo de degradação, o próprio homem, foi buscar uma alternativa: criou modernas tecnologias para a reprodução artificial de peixes. Mais que isto: criou uma nova forma de produção de alimentos, a aquicultura. Páginas 12, 13 e 14. Ho/e /o existem verdadeiras "tozenetos"d« peixes com a produçõo em escala comercial O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIO ©A GENTE Z Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 CARTAS Palíber "Organização Pacifista e Ecológica, entidade ambientalista, vem respeitosamente, com o propósito de combater o uso indiscriminado e desnecessário de agrotóxicos na natureza, informar que as autoridades, quando cobradas, podem tomar atitudes aceitadas em defesa do meio ambiente e da saúde humana. Por outro lado, informamos também que o Projeto Ambiental Agroll, desta entidade, vem desenvolvendo importantes trabalhos de preservação ambiental da região do Vale do Piranga-MG, como o combate ao uso inadequado dos agrotóxicos e o mapeamento e pesquisa da fauna e flora de reservas florestais". Ademar Leal Soares Organização Padflsta e Ecológica Ponte Nova-MG Satisfação Lendo com atenção a Folha do Meio Ambiente, pude constatar que o teor das repcitagens qxesentadas tem qualidade e despeita interesse. A d\«sidade dos temas, instrui, educa e, de oer*X) modo, d verte o leácr. Na Nova Codpa, combatemos foteiKrte o desperdício e nosso objetivo maior é "produzir aço com quaüdarte, sem poUr." Ferramentas tais como a Folha do Meio Ambieníe, sempre serão arolhidas por nós. Parabenizo àqueles que a criaram e aos que a alimentam a cada mês, em favor do meio ambiente." Ikwdkto Silva de Carvalho Asseworia(feM«oAml*nte-aibaíãcKSP CoiMoaitização "Na oportunidade de realização do 3o Fórum do Clube ISO 14000 promovido pelo Centro Brasileiro de Qualidade, Segurança e Produtividade-QSP, tivemos a oportunidade de conhecer o jornal, cuja iniciativa gostaríamos de ressaltar como vital para a difusão e conscientização sobre os aspectos ambientais, além de acompanhar a evolução dos vários trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelas diversas empresas e instituições no Brasil e no mundo. Dada tal importância, gostaríamos, doravante, de receber alguns exemplares desta importante publicação para que possamos difundir tais informações em nossa empresa e na comunidade em que vivemos. Parabéns para a iniciativa da publicação e alto nível das informações vinculadas". Márcio Figueiredo Souza Superintendente Departamento Engenharia da Qualidade Thyssen Fundições Ltda - Barra do Piraí-RJ Indignação "Foi com profunda indignação que tomei conhecimento recentemente de um artigo de autoria do sr. Dioclécio Luz sobre a presença de javalis no RS, publicado em agosto do ano passado pela Folha do Meio Ambiente. Numa maquinação visivelmente tendenciosa, o sr. Luz procurou estabelecer uma relação entre a invasão e a criação ilegal de javalis e o Projeto Pró-Fauna. Valendo-se das falsas informações do escritor Sebastião Pinheiro, o sr. Luz pretendeu fazer crer que foi o Pró-Fauna o responsável pela introdução e disseminação de javalis em território gaúcho. É também visível a intenção de atribuir aos caçadores gaúchos as criações ilegais de javalis, imputando injustamente a toda uma classe os erros cometidos isoladamente por umas poucas pessoas. Ao contrário do que foi afirmado neste insidioso artigo, os clubes de caça nunca tiveram rçlação alguma com tais empreendimentos. Em todas as partes do mundo, são os caçadores amadores (e não os inoperantes "ecologistas" do asfalto) os que mais contribuem com o Estado na Arquipélago dos Alcatrazes "Tendo em vista o contido na carta sob o título acima, publicada na edição de julho e assinadj pelo Mopress - Movimento de Preservação de São Sebastião e outros, bem como o teor da "nota da redação" ali constante, transmito a cópia da setença exarada pelo Juiz de Direito da 1' Vara de São José dos Campos no processo movido contra a Marinha pelo mesmo Mopress e pela Associação de Defesa da Juréia, solicitando sua apreciação do resumo das considerações que fundamentaram a sentença judicial. Curioso notar como aquelas partes insistem em acusações e, particularmente, em pressupostos falaciosos já refutados pela própria Justiça, para em que, até o momento, acumulam perdas em todas as instâncias a sua recorreram. Às páginas 75 e 76, o Juiz Gilberto Rodrigues Jordan, assinala: afastadas as pretensões de uso imobiliário e turístico do Arquipélago dos Alcatrazes pelos autores e delas destacadas apenas as pretensões científicas, é de se destacar que os senhores peritos foram unânimes em reconhecer a possibilidade, saudável, da coexistência da Marinha Brasileira e de cientistas no Arquipélago dos Alcatrazes, garantindo assim ampla proteção ao meio ambiente lá existente, com seus endemismos e demais particularidades... ...Ante ao exposto. Julgo Improcedente a presente Ação Civil Pública, rejeitando os pedidos dos autores, nos termos inciso do artigo 269 do Código de Processo Civil." Wellington Liberatti - Capitão de Mar-e-guerra diretor do serviço de relações públicas da Marinha conservação da fauna (desafio qualquer "ecologista" a refutar esta verdade). A menos que este informativo não tenha um compromisso com a verdade, é de esperar que venham a ser publicadas, numa das suas próximas edições, algumas retificações que desfaçam as deturpações veiculadas no artigo que suscitou esta correspondência". Renato Schroder Porto Alegre-RS N.R - Em março de 1993 (edição n" 27), a Folha do Meio denunciou a entrada e criação ilegal de javalis no Rio Grande do Sul; também denunciou a estratégia não declarada de fazê-lo tornar-se uma praga para que o Ibama autorizasse sua caça. Em agosto de 1994 (edição n" 44), a Folha alertou para o fato do Javali ter se tornado praga, conforme desejavam os caçadores "ecologistas" e os fabricantes de armas. No dia 26 de janeiro de 1995, foi publicada portaria do Ibama autorizando a caça de javalis na região. Matenho tudo que escrevi sobre o assunto até hoje". Dioclécio Luz Os aguapés "A matéria assinada por Lana Araújo, Mil e Uma Utilidades do Aguapé, veiculada por esta Folha em abril/95, contendo informações da química Carmenlucia Roquete Pinto do Nuta (RJ), contém informações incorretas, distorcidas e induz o leitor a acreditar em informações errôneas. Coloco-me à sua disposição para eventuais esclarecimentos que se fizerem necessários." Professor Gilberto PedraIU, Msc São Paulo-SP N.R - Todo repórter quando escolhe uma fonte para uma matéria, o faz de acordo com seu conhecimento do assunto tratado e sua credibilidade junto à opinião pública. A correspondente da Folha do Meio Ambiente no Rio não foge a essa regra. Na abordagem da matéria "Mil e uma utilidades do Aguapé" (abril/95 p. 11) a pesquisadora Carmem Lúcia Roquete Pinto, com 15 anos de pesquisas em plantas aquáticas, preocupa-se com os aspectos sodoeconômicos do aguapé. Na matéria, ela friza que para ração animal ou mesmo adubo há necessidade de análise química prévia que assegure que a planta não está contaminada com substâncias tóxicas. B.C. Wolverton e Rebecca C McDonald no relatório da Nasa ERL Report n0172, março de 1978, já apontavam o aguapé como execeiente fonte de proteína, vitamina e minerais podendo ser usado como suplemento alimentar no Terceiro Mundo onde a dieta da população é deficiente desses nutrientes. ERRATA Na edição de julho, assinamos erradamente o crédito da foto de primeira página sobre a matéria do ecoturismo em Fernando de Noronha. A referida foto não é de autoria do repórter Dioclécio Luz, como publicamos, mas do fotógrafo e ambientalista gaúcho Ari Quadros, e faz parte do belo trabalho fotográfico que ele realizou no arquipélago, em 1993. Conselheiro da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapam) e vice-presidente da Fundação Rio Ibirapuitã, Ari Quadros contribuiu, com seu trabalho fotográfico, que virou posteriormente exposição, para deflagrar o processo de denúncias contra os riscos de poluição que começaram a ameaçar a integridade desse que é um dos mais importantes santuários ecológicos do planeta Bom prestígio 'Com elevado apreço às vossas lutas em prol do meio ambiente, solicito encarecidamente que seja alistado meu nome e endereço completo para receber regularmente a Folha do Meio Ambiente, jornal este com um bom prestígio no meio brasileiro e de olhos bem atentos na luta em prol da preservação da natureza Caso vocês possuam números atrasados solicito de coração que me remetam a Sm de apreciar, mais ainda, as alertantes informações de que, se não cooperarmos todos juntos, aos poucos dizimaremos a natureza tão formidável que Deus nos deixou para cuidarmos e nunca destruirmos." Carlos Folke Vogt Estdo-RS Qualidade "Venho por meio desta, parabenizar a Folha do Meio Ambiente pela excelente qualidade das matérias por ela veiculadas que são definitivamente objeto de estudo e fonte de pesquisas para os diversos ramos da ecologia e dos recursos naturais ainda existentes em nosso planeta. Aproveitando o ensejo, venho agradecer ao sr. Silvestre Gorgulho pelo seu artigo publicado na Coluna do Meio na Folha de maio, o qual foi de grande valia para o momento educacional. A matéria foi relacionada para uma reflexão, no início do Curso da Capacitação de Biblioteca, na 7* Superintendência Regional do Ensino de Caxambu, MG." Mariângela Pereira Bernardes São Lourenço-MG Permitida a reprodução total ou parcial daa matéria», desde que citada a FOLHA DO MEIO AMBIENTE Folha do Meio Amb iente O Brasília, acosto de 1995 EXTRATIVISMO Ibama não cumpre lei da borracha Ministério Público e CPIs vão investigar Ibama por descumprir lei e não aplicar nos seringais da Amazônia os recursos destinados ao extrativismo da borracha Romerito Aquino Romérlto Aqulno O senador Emandes Amorim (PDT-RO) entrou com representação junto à Procuradoria Geral da República pedindo a abertura, no Supremo Tribunal Federal, de uma Ação Direta de Inconstitucionalidadepara tomar sem efeito as portarias do Ibama 580/91 e 23/91, que reduziu em 1991 os valoresdataxa cobrada sobre a borracha importada pelas indústrias pneumáticas e de artefatos do país, em flagrante desrespeito às leis 5.227/57 e 5.459/68. Além do cancelamento das portarias, o senador solicitou ao procuradorgeral da República, Geraldo Brindeiro, que a ação venha acompanhada de pedido de liminar para que sejam devolvidos, imediatamente, aos cofres públicos cerca de US$ 200 milhões que foram recolhidos a menos nesses últimos quatro anos pelas indústrias que se beneficiaram das duas portarias ilegais do Ibama. O senador pediu ainda que o Ministério Público Federal denuncie as irregularidades ao Ministério do Meio Ambiente, ao qual o Ibama está vinculado, e impetre uma ação civil pública para colocar na "cadeia " os membros da "quadrilha" que, segundo ele, foi formada dentro do órgão para defender os interesses da indústria pneumática. Emandes Amorim aponta como chefe da "quadrilha " o ex-diretor do Departamento de Comercialização do Ibama, Aurélio Augusto de SouzaFilho, lotado como servidor, até novembro do ano passado, no município de Leopoldina, Minas Gerais. Para reduzir os valores da taxa de importação de borracha via por- Indústrias recolheram R$ 200 milhões a menos nos últimos 4 anos Senador diz que existe uma quadrilha dentro do Ibama SUMMARY Subject published by the Journal ofthe Environment, in its July issue, covering the irregularities which have been occurring in lhe Institute of Environment and Renewable Natural Resources (IBAMA), related to deviation of funds which shouldhave been officially applied lowards improvements for the rubber extractors producing látex in the Amazon, had a vast repercussion in the National Congress. Senator Ernesto Amorim (PDT-RO) preseníed a formal complaint at the General Proxy of the Republic, demanding legal acíion against these irregularities, and jail for the members of the "gang", which he affirms is operating wiíhin IBAMA. Reunidos em Brasília no mês passado, os seringueiros pedem crédito e assistência técnica larias ilegais, Aurélio de Souza Filho contou, segundo sustenta o senador rondoniense, com a cobertura do exprocurador-geral do Ibama, Ubiracy Araújo, e do ex-secretário da presidência do órgão, Rômulo José Almeida F. B. Mello, escolhido como coordenador da recém criada Comissão Interministerial da Borracha, órgão transitório criado pela Presidência da República a pedido do setor, para suprir a lacuna deixada pelo Conselho Nacional da Borracha, extinto pelo governo Collor de Mello. Em sua edição dejulho, à página 3, a Folha do Meio denunciou os grandes prejuízos causados à produção nacional de borracha pelas duas portarias e pela decisão do US$ 43,9 milhões em 1990para apenas US$ 7,2 milhões no seguinte (ano da entrada em vigor das portarias), continuando a cair nos anos seguintes e chegando a apenas US$ 2 milhões em 1993. Neste mesmo período, a produção de borracha dos seringais da Amazônia, para onde deveriam ter sido legalmente destinados grande parte dos recursos da TORMB, também desabou, passando de 14,2 mil toneladas em 1990 para apenas 5,9 mU toneladas em 1993. O deputado federal João Maia (PSDB-AC), que já teve aprovado na presidência da Câmara seu pedido de abertura de uma CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito, para investigar o assunto, disse que pretende ouvir todos os implicados nesse que ele considera como "o grande golpe " dado contra os legítimos interesses da Amazônia e de sua população extrativista. Outra CPI, que tem por objetivo investigar os erros da política do governo para a borracha, também já foi pedida na Câmara pelo deputado Paudemey Avelino (PPR-AM) Por sua vez, o deputado Marcelo Deda (PT-SE) considerou que a ilegalidade cometida pelo Ibama, sob a influência da indústria pneumática, "é a mesma coisa daquela historinha de colocar a raposa para tomar conta do galinheiro ". Ao comentar as irregularidades que estão sendo atribuídas ao Ibama, o presidente do órgão, Raul Jungmann, disse que houve, de fato, um desmantelamento do Conselho Nacional da Borracha e que "hoje a situação está ambígua". Jungmann informou que pretende acionar a legislação cabível para contornar as irregularidades. Ibama de não repassar os recursos arrecadados através da taxa de importação (Taxa de Organização e Regulamentação do Mercado de Borracha - TORMB) para os seringais nativos da Amazônia e dos seringais de cultivo do Centro-SuL Ao não investir nos seringais da Amazônia, o Ibama estaria contribuindo para expulsar, para as periferias das cidades da região, os milhares de seringueiros que exploram racionalmente a floresta através das atividades extratívistas da borracha e da castanha. Sem os seringueiros, que atuam como verdadeiros guardas florestais, boa parte dafloresta amazônicafica à mercê da fúria devastadora dos pecuaristas e dos madeireiros, que hoje ganham milhões de dólares exportando ilegalmente madeiras nobres, principalmente o mogno. A denúncia dojomal se baseou no relatório da auditoria realizada no Ibama, a pedido do Câmara dos Deputados, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que comprovou que o órgão aplicou o dinheiro da TORMB apenas em pagamento de pessoal e na manutenção de sua burocracia e de seus instalações, em vez de aplicá-los nos seringais produtores de borracha, como manda as leis 5.227 e 5.459. Prejuízos - O TCU, conforme noticiou a Folha do Meio, comprovou que as portarias fizeram a arrecadação da TORMB desabar de Seringueiros protestam Cerca de 250 líderes seringueiros dos estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Tocantins e Maranhão estiveram reunidos em julho passado, em Brasília, protestando contra o total abandono a que estão submetidas as mais de 50 mil famílias seringueiras que ainda resistem em continuar nos seringais extraindo borracha e castanha, recebendo pela borracha - tabelada pelo Ministério da Fazenda - R$ 1,30 por quilo, preço que, no final do mês, dá a cadafamüia uma renda de pouco mais de meio salário mínimo. Os protestos ocorreram durante o 4° Encontro Nacional dos Seringueiros, ocasião em que os líderes extratívistas da Amazônia cobraram do govemo federal a liberação de crédito especial do Basa e do Banco do Brasil para ofinanciamento da safra de borracha, a garantia de mercado para sua produção e o retomo da assistência técnica oficial para melhorar os níveis de produtividade e para agregar valor à sua atividade extrativista. Na capitalfederal, os seringueiros, sempre acompanhada pela senadora e ex-seringueira Marina Silva, chamaram a atenção dos brazilienses ao descerrarem no parque Rogério Piton Farias, no centro da cidade, a placa do Memorial Chico Mendes, que até o final deste ano será construído pelo Govemo do Distrito Federal, em convênio com o Conselho Nacional dos Seringueiros, para servir de referência cultural à luta preservacionista dos povos da floresta amazônica (seringueiros, índios, ribeirinhos e outros). Seringueiosespeiamquebama^BciueosiecuisosdaTORMBna Amazônia Folha do Meio Ambiente Brasília, agosfo de 1995 EDITORIAL A missão de fiscalizar FOLHA DO MEIO AMBIENTE Diretores Responsáveis: Silvestre Gorguflio e Maioone Formiga Editor-Gerai: Silvestre Gorgulho Editor-Executivo: Romerito Aqtrino Subeditonu Cláudia Miller Gerente de Marketing: Romoaldo de Souza Correspondentes: Simone Silva Jardim - São Paulo Malu Maranhão - Goiás Karen Rodrigues - Brasília Edson Gillet-P&rá Alexandre F. de Faria - Europa Lana Araújo - Rio de Janeiro Sílvia Franz Marcuzzo - Porto Alegre Lize Torok - Santa Catarina Colaboradores: Arnaldo Niskier, Glaucia Moraes da Costa, Joanice Pierini, Tetê Catalão, Miguel Oliveira, Milano Lopes, Alexandros L. Geogopoulos, Mércia S. Maciel, Marcos Terena, Valéria Fernandes, Elza Pires, Mila Petrillo e Therezinha Duche. Conselho Editorial: Alarico Verano, Arnaldo Niskier, Carlos Alberto Xavier, Dioclécio Luz, Jorge Reti, Leandra Santos, Malu Maranhão, Romerito Aquino, Romoaldo de Souza, Marcone Formiga, Marcos TCTena, Milano Lopes, Nikòlaus Behr, Silvestre Gorgulho e Washington Novaes. Programação Gráfica: Divino Alves. Editoração Eletrônica: Edimilso Ladeira e Dulciene L Almeida Revisão: Romoaldo de Souza Tradução: José Lins Filho Foliínha do Meio Ambiente Redação: Girido Heleno Ilustração: Jô Oliveira Equipe Unicef: Agop Kayayan, representante do Unicef no Brasil: Karin Hlshof, gerente de prqj etos meio ambiente e Jorge Zimmennan Contatos Publicitários Belo Horizonte: Nina Fortes - Telefone e Fax 031.464-2909 Brás ília; Armazém de Comunicação - Telefone 061.226-9945Tdefex061.321-3440 São Paulo: Carios Bordignon - Telefone e Fax 011.967-1701. Campo Grande: Luca Maribondo - Atelier de Comunicação -Telefax 067.787.3685. * Os artigos assinados não traduzem necessariamente a opinião do jornal. Folha (to Mão Ambienteé urra publicação da Forest Cultura Viva ePromoções Ltda, SCSQd 8Ed.\fenândo2000, BlocoB-60, Sala228, Qp.70333-900,aasíiia-DF. Brasil. Fone: (061) 321-3765, Fax (061) 3215809ouCaixaPdstal 10891 ACF/CentroSul 70333-900BiasíliaI»:: Em sua edição de agosto, a Folha do Meio provou mais inestimáveis riquezas da flora e da fauna da Amazônia brasiuma vez que está a serviço da sociedade brasileira em leira. tudo que diz respeito à preservação do nosso valioso Da Amazônia, seguimos para o arquipélago de Fernando patrimônio ambiental, esteja ele perto ou nas mais distantes de Noronha, onde mostramos as belezas e os problemas que regiões deste país. Assim aconteceu com a matéria publicada já enfrenta hoje este que é um dos mais importantes santuásobre a irresponsável contribuição que o Ibama - organismo rios ecológicos do planeta Terra. Nesta edição, saiba, tamoficial criado justamente para proteger o meio ambiente bém, um pouco do que está acontecendo com a produção de vem dando para esvaziar a Amazônia dos hopeixes no país, através de uma matéria muito mens verdadeiramente responsáveis pela sua SUMMARY didática e com expressiva riqueza de detapreservação: os seringueiros. Considerados In this issue, The Journal lhes, que fala da reprodução artificial e resthe Environment guardas naturais da floresta, os seringueiros of approaches the most diverse gata uma informação histórica que pouca gencontinuam sendo expulsos das matas amazômatters, wiíh emphasis to the te sabe: o mérito do brasileiro que descobriu nicas por não receberem do órgão os recursos impact within the National o processo de reprodução artificial dos peie estímulos definidos em lei para o desenvol- Congress of the xes. vimento das atividades extrativistas que há denunciations, published in O compromisso da Folha do Meio de dethe July issue, against the décadas eles praticam na região. fender o meio ambiente também se destaca na Ibama, which has not heen A publicação, pela Folha do Meio, dos allocating the funds matéria em que mostramos a determinação do resultados da auditoria feita no Ibama pelo determined by law to be país de varrer de seu território o mais breve Tribunal de Contas da União causou grande applied towards benefüs for possível os gases CFCs, usados nos aparelhos repercussão junto à sociedade civil e no Con- the rubber extractors in the de refrigeração e que comprovadamente atinAmazon. The Journal spots, gresso Nacional, onde o senador Emandes among other subjects, gem a camada de ozônio do planeta, trazendo Amorim (PDT-RO) encaminhou extensa re- articles about the prejuízos irreversíveis à vida na Terra. No sul, Archipelago of Fernando de presentação à Procuradoria Geral da RepúbliNoronha, in the Atlantic ecologistas gaúchos dão um exemplo de deterca pedindo a abertura de ações na Justiça. Duas Ocean, about artificial fish minação de tomar o meio ambiente mais limpo Comissões Parlamentares de Inquérito - CPIs, reproduetion and about the fazendo uma verdadeira faxina na serra do Rio já foram aprovadas na Câmara para investi- pre-historie cüy of Parauna, do Rastro, uma das mais belas do país. Conhegar as irregularidades cometidas pelo Ibama deep in the State of Goiás, ça também os caminhos e os mistérios que cerwhere fragments of a rock com o dinheiro que deveria ser cobrado das wall builí in the past might cam a cidade pré-histórica de Paraúna, no Estaimportações de borracha feitas pela indústria have had the same length of do de Goiás, onde fragmentos de uma muralha pneumática para aplicação nos seringais the Great Wall in China. See construída no passado podem ter tido as mesextrativistas da Amazônia. Nesta edição, tra- also the article on the mas dimensões da grande muralha da China. Brazilian decision of zemos novamente o assunto em destaque com eliminating, before the year Na Folhinha do Meio, uma justa homenao intuito de continuar colaborando para uma 2005, the use of the CFC gem àquela que é a mais bela e exótica estação solução que leve era conta os interesses naci- refrigerating gases, which do ano: a primavera, que se aproxima de todos onais e os interesses da própria população que affect the ozone layer in the nós, trazendo sempre um rastro de esperança e atmosphere. habita, explora racionalmente e preserva as beleza. 6 edições R$ 6,00 ou 12 edições R$ 12,00 Envie este cupom preenchido e cheque nominoi cruzado em nome de FOREST CULTURA VIVA E PROMOÇÕES LTDA. SOS Qd. 8, Ed. Venâncio 2000 - Bloco B-60 Saia 228 CEP 70.333-900 Brasíiia-DF Telefone (061) 321-3765 Nome do Assinante CPF/CGC N0 flos cuidados de Profissão Cndereço C€P Cidade €stado Telefone Folha do Meio Ambiente D Brasília, agosto de 1 995 PERIGO Fotos: Silvia Marcuzzo COLUNA DO MEIO SILVESTRE GORGULHO TEMPO DE ECO-EHCIENCIA Alwislas do Greenpeace se pertSom diante do consulado francês em P. Alegre Gre^eace protesta contra testes nucleares da França Sílvia Franz Marcuzzo Ecologistas de várias partes do inundo protestam contra a decisão do governo francês em retomar os testes nucleares no atol de Mururoa, na Polinésia Francesa, previstos para setembro deste ano. No dia 10 de julho, o Greenpeace realizou manifestações simultâneas em três capitais brasileiras. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre os ativistas ocuparam a entrada dos consulaEcologistas encenam a morte dos da França e entregaram aos navio Raibow Warrion II na zona respectivos cônsules um cogumede exclusão do Atol de Mururoa, lo de gesso e uma carta pedindo em julho deste ano. A embarcação que seja suspensa a decisão do foi abalroada e invadida por 150 presidente Jacques Chirac. O dia homens, que soltaram bombas de foi escolhido para lembrar o 10° gás-lacrimogênio e cortaram o sisaniversário do atentado contra o tema de comunicação. Antes da primeiro navio da organização, o abordagem da Marinha, dois Raibow Warrion I. O veleiro foi ativistas conseguiram escalar uma afundado em 10 de julho de 1985, das torres de perfuração do atol para por agentes secretos franceses, a realização dos testes, mas foram enquanto se preparava para ancocapturados em seguida. rar no porto de Auckland, na Nova A indignação contra a decisão Zelândia. A sabotagem contra o de Chirac não vêm apenas dos ecoGreenpeace - que logistas. Durante a na época já lutaprestação de contas va pelo fim dos SUMMARY dos seis meses de testes nucleares seu governo, o preParticipants of the na Polinésia - provocou a morte do Greenpeace carried out sidente francês foi fotógrafo portu- simultaneous manifestaüons vaiado por dezenas guês Fernando in the cities of Rio de de integrantes do Parlamento EuroPereira e uma criJaneiro, San Paulo and peu, o Legislativo se no governo Porto Alegre, against the da União Européia. francês. Na manifesta- nuclear tests that France O dia 14 de julho, ção de Porto Ale- intends to make in the data em que os frangre, enquanto al- Mururoa Atoll. In the ceses comemoram o guns ecologistas Consulates, they requested aniversário da Torealizavam uma from the French Government mada de Bastilha, também foi marcaperformance e sethe halüng ofthe tests. do por protestos guravam uma faicontra a retomada xa com a inscridas operações militares nucleares ção "Chega de testes nucleares. em Paris. Chirac afirma que sua deMururoa é aqui", outro grupo anicisão é irrevogável. Diz que seu mava o protesto distribuindo país está disposto a assinar o Trachampignons aos transeuntes ditado de Não-proliferação de Armas zendo: "este não é atômico" e foNucleares no próximo ano, depois lhetos explicativos sobre o assunde concluídas as últimas experiênto. No ato, o Greenpeace também cias atômicas previstas, sete ou oito repudiou a violência usada pela no total. Marinha da França contra o seu Uma constatação: o movimento ambiental saiu da fase contemplativa, da fase ideológica e da fase da simples denúncia paia entrar na fase da conscientização, na fase da responsabilidade e na fase do apelo mercadológico. Três provas contundentes de que o movimento ambiental mudou e vai ampliar mais ainda. As empresas e os países que não acompanharem essas mudanças, começarão a perder seus mercados. A evolução da questão ambiental virou uma questão de competitividade comercial. OS EXEMPLOS. 1. A pressão dos ecologistas europeus, capitaneados pelo Greenpeace, mudou os planos da Shell que queria se desfazer de uma plataforma petrolífera obsoleta, afundando-a em águas profundas do Mar do Norte. Argumento mortal dos ecologista em cima da Shell: consumidores do mundo inteiro começariam a boicotar os produtos da companhia. E, a Shell que inicialmente havia subestimado a consciência ecológica dos consumidores, voltou atrás. Por quê? Por que o rombo não seria só na imagem, mas também nos cofres. 2. A França, desde de 1966, j á realizou 204 testes nucleares. Agora, fora de época e num momento impróprio (quando o mundo comemora os 50 anos do fim da 2" Guerra, inclusive com muitas manifestações lembrando as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki), a França anuncia o reinicio de testes nucleares no atol de Mururoa, na Polinésia Francesa. O governo francês jogou pesado contra os ecologistas contrários aos testes e não ligou muito para as ações do Greenpeace, nem para as manifestações em frente às embaixadas francesas em vários países. Mas aí o que aconteceu? Novamente a consciência ecológica dos consumidores falou mais alto. Veio o boicote, no mundo inteiro, aos produtos franceses. Boicote ao vinho e aos licores. Resultado: os produtores franceses começaram a perder mercado e iniciaram um movimento de pressão junto ao próprio govemo. As exportações de vinhos e licores representam para a França nada menos de 7 bilhões de dólares/ano. Pior que perder a boa imagem é perder um bom mercado. 3. A novidade ecológica deste final de século é, com certeza, o sucesso da International Organization for Standartization - ISO, que resultou num consenso de qualidade mercadológica dos países, órgãos e especialistas do mundo inteiro. De caráter universal, buscando ser conciso e objetivo, o modelo ISO objetiva padronizar normas e conquistar qualidade, favorecendo o consumidor, o cliente, o empresário e o empregado. Agora, com a série ISO 14000, quando além de tudo, há que se respeitar e favorecer também o meio ambiente, podem tomar nota: o mundo assistirá uma das mais radicais e rápidas mudanças de comportamento de mercado de sua história. FORÇA DO CONSUMIDOR As empresas, as indústrias e os empresários que não forem eco-eficientes perderão sua competitividade. Quem respeitar a qualidade global terá sucesso. O motivo? Muito simples: o consumidor mudou sua cabeça, pois topa pagar mais pelo produto ecologicamente correto. Exemplos? É o que mais têm: • Pesquisa nos EUA mostra que o consumidor americano está disposto a pagar até 5% mais caro pela gasolina limpa. • Os produtos biodegradáveis têm a preferência do consumidor nas prateleiras do supermercado. • Na Alemanha, na Suíça e em outros países onde a população paga mais pelo lixo não reciclável, o consumidor passou a dar preferência às embalagens que podem ser recicladas. • Aerossóis que contém CFC - que afetam a camada de ozônio - antes mesmo da legislação intervir, sofreram sérios boicotes dos consumidores. • O papel reciclado é mais caro, mas tem a preferência do consumidor. Vamos concluir juntos: enquanto o consumidor escolhe o que lhe convém e o que convém ao meio ambiente, as empresas se armam para não perder o mercado. E quando as empresas começam a usar um marketing ecológico (que na maioria das vezes é enganoso) propagando nos rótulos que o produto é ético, que o fornecedor é ecologicamente correto ou, até mesmo, que percentagem da venda vai para uma causa ecológica, chega a série ISO 14000 para por ordem na casa, definindo e normalizando o sistema de gerenciamento, que vai permitir avaliar se tanto as empresas quanto os produtos têm uma relação honesta com o meio ambiente. Aos renitentes fica o recado: a economia se misturou com a ecologia e o tempo, agora, será da eco-eficiência. A questão ambiental é, também, uma questão de competitividade comercial. Vai ser aquela história: meio ambiente com respeito, produto aceito, consumidor satisfeito e lucro no peito. ISO 14000 Esta série de normas ambientais que está em sua fase final de elaboração, teve em junho último, em Oslo, uma reunião plenária decisiva, com a participação de 65 países, inclusive o Brasil. (Ver Coluna Qualidade Verde na página 7 e reportagem de Simone Silva Jardim na página 19) A delegação brasileira coordenada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e pelo Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (ABNT/GANA) fez bonito. Hoje a delegação brasileira é uma das mais respeitadas pela seriedade das ações e consistência das propostas apresentadas. A maioria das teses brasileiras foi aceita, algumas bastante importantes, como por exemplo: o cancelamento de vários tipos de auditorias ambientais que pareciam consolidados e não resistiram aos argumentos brasileiros. A próxima reunião plenária será em junho de 96, em Durban, na África do Sul. 1 Õ Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 stamos investindo para que filhos r ao conheçam este lugar só nos livros de história. . ty/fl/ t® ■...: : ,. ■ <!%/ó'<0€)'€Z'/ ^ <# O Monte Pascoal é um símbolo vivo da história do Brasil. Na verdade, é onde ela começa. Primeiro ponto avistado pelos portugueses, em 1961, foi transformado em Parque Nacional com o objetivo de preservar a fauna e a flora da região. Não adiantou. Durante todos estes anos o parque tem convivido com os mais diversos problemas, que resultaram em sérios prejuízos para a vegetação, solo e animais nativos, com uma perigosa descaracterização do ecossistema. Só que agora este quadro vai mudar. A Petrobras - que encontrou petróleo pela primeira vez em Lobato, na Bahia - está assumindo participação ativa, em parceria com o IBAMA, num projeto que pretende devolver ao Parque Nacional de Monte Pascoal toda a sua beleza e dignidade. Com todas estas iniciativas, a Petrobras vai estar ajudando a garantir a preservação do Monte Pascoal. E você vai poder ter certeza de que seus filhos não vão depender dos livros para conhecer uma das partes mais importantes da nossa história. Eüü yy PETROBRAS Folha do Meio Ambie nte Brasília, agosto de 1995 7 ENCANTO Deixe os beija-flores entrarem em sua casa Simone Silva Jardim A todo vapor Arte: Embrapa Simone Silva Jardim Ao longo do tempo, a vivaci dade, a beleza brilhante e o encanto, quase irresistível, dos beija-flores vêm arrebatando muitos corações humanos. Quase cinco século atrás, Cristóvão Colombo pisou pela primeira vez no continente americano e não conseguiu conter sua emoção, foi logo sacando a pena para descrever assim essas criaturas aladas: "pequenas aves, tão diferentes das nossas - são uma maravilha". Andubon comparou-os a "fragmentos de arco-íris". Boeldi,porsuavez, definiu-os como "pedras preciosas e flores convertidas em animais". Os guaranis chamavam-nos de mainumbis, ou "aqueles que encantam, junto à flor, com sua luz e resplendor". Cenas de colibris em vôo ou sugando flores também foram registradas pela civilização asteca. Típicos consumidores de néctar produzido pelas flores, os troquilídeos, família de aves a que pertence o beija-flor, estão intimamente relacionados com as espécies vegetais que, em troca de alimento, ajudam a polinizar, contribuindo para a sua fecundação. Essa interação entre ave e planta resulta na evolução paralela de dois reinos. A vontade de compreender esse mundo mágico para compartilhá-lo com os amantes da natureza dos quatro cantos do planeta, uniu, em São Paulo, toda uma família, os Dalgas Frisch. Nos últimos oito anos, eles vêm se dedicando à missão de pesquisar as flores, árvores, arbustos e plantas ideais para compor um ambiente colorido, mas ao mesmo tempo cheio de vida, para servir de moradia fixa para esses sensíveis habitantes. Agora, o pai Johan, a mãe Birte e o filho Christian exibem num livro extraordinário, "O Jardim dos BeijaFlores", essa "receita", que no sítio de Christian, em Mogi Mirim" (SP), começou atraindo dois colibris e hoje abriga mais de 100 avezinhas, de 14 espécies diferentes. A obra, ilustrada com mais de 150 fotos, custa R$ 120,00 a edição de luxo (brochura a R$ 80,00) e é um guia prático que permite a qualquer um criar um habitai atraente para beija-flores, desde lugares como sítios, praças públicas até uma pequena varanda de apartamento. E o melhor, durante todos os meses do ano. Pedidos podem ser feitos pelo telefone(011) 814-800 ou fax (011) 815-3693. Verde para o estômago - "Os beija-flores não estão mais presentes na paisagem urbana porque as cidades são projetadas com o verde para os olhos dos homens e não para o estômago dos pássaros. A relação entre flor e ave cria uma nova mentalidade na elaboração de jardins, desde áreas de uso público até um vaso suspenso na varanda de um apartamento", destaca Christian, que fotografou, com doses exatas de técnicas e paixão, a maior parte dos colibris e plantas que aparecem no livro. Ele foi o responsável por todo o trabalho Durante a Rio-92, mais de 100 países identificaram a necessidade de serem elaboradas normas internacionais sobre Sistemas de Gestão Ambiental, mais conhecidos pela sigla SGA. Para tomar isso realidade, o Comitê Técnico da ISO - . ^H 1 \M* International Organization for Stantardization - está trabalhando a todo o vapor para que, a partir de 1996, as normas da série ISO 14000 sobre Gestão e Auditoria Ambiental estejam oficialmente em vigor em toda a União Européia. -^ • • Trocando em miúdos Vale lembrar que os chamados Committee Drafts (CDs), que rapidamente irão se transformar em normas internacionais, são os seguintes: ISO 14000 - fornecerá as diretrizes para uma organização implantar ou incrementar seu Sistema de Gestão Ambiental; ISO 14001 - dará as especificações para a certificação e/ou auto-avaliação de um SGA de uma organização e a ISO 14010 à 14012, que estabelecem os princípios e procedimentos para a realização de Auditorias Ambientais, além de definir os critérios para a qu alificação de Auditores Ambientais. Boa notícia Quaíquef pessoa pode criar haUat oftaente para mcravahasos coftbré dos Unidos, Bill Clinton, elogiou a iniciativa numa carta breve mas muito entusiasmada. Chefes de outras nações, como Grã-Bretanha e Espanha também não pouparam palavras de admiração ao trabalho realizado pelos Dalgas Frisch. Curiosamente, os beija-flores só existem nas três américas e o Brasil abriga a maior parte das espécies 140 das 320 catalogadas. O "Brilho de Fogo" é a espécie mais ameaçada de extinção, hoje só encontrada na serra do Navio. A regra número um a ser seguida por aqueles que querem atrair beijaflores é manto- uma base de plantas, seja na forma de um canteiro ou em vasos, capaz de proporcionar flores o Elogios de Clin ton • A obra "Jar- ano inteiro. É que, com a certeza de dim dos Beija-flores" tem texto fartura de alimento, o colibri pode esbilingüe (inglês/português) e foi en- tabelecer moradia permanente, deixanviada por seus autores para inúmeras do de lado as visitas furtivas e os surautoridades. O presidente dos Esta- preendentes vôos diários de até 40 quilômetros em busca de néctar - a avezinha é considerada um voador incansável; suas asas de notável comprimento e o corpo leve fazem com The will to understand the que desenvolva velocidades que vão magic world of the de 30 a 70 quilômetros por hora. Os hummingbirds, in order to share beija-flores chegam a ingerir, num só it with nature loversfrom thefour dia de atividade, oito vezes o peso de corners of the Planet, seu corpo. congrfgated, in San Paulo, a Os populares bebedouros são indispensáveis, mas merecem cuidados wholefamily: the Dalgas Frisch. especiais e quase sempre esquecidos. For thepast eightyears, they have. Cada garrafinha deve receber uma been dedicaüng themsehes to the mistura de água com duas a três comission of researching the Iheres de sopa de açúcar cristal. Todo flowers, trees, bushes andplants \ dia esse caldo deve ser trocado porwhich are optimalfor creating a que água e açúcar fermentam, fazencolorful, butatthe same timefull oflife environment, to be used as '■ do proliferar dentro das garrafinhas muitos fungos e bactérias, que inflaafirm shelter for these sensitive ! mam a garganta e dilatam a língua do inhabitants. Now, this recipe is beija-flor. A avezinha fica condenada in the book "The Garden of the a um triste fim: a morte por asfixia. Hummingbirds", a practical Uma vez por semana, também é preguide with morethan ISOpictures ciso colocar os bebedouros de molho which wülaüowanyone to create em água sanitária, durante pelo mean attractive habitai for nos quinze minutos. hummingbirds, from places üke Sem dúvida, o cenário ideal para cottages, and public parks, to a atrair beija-flores é aquele que reúne, little terrace inan apartment And num mesmo lugar, plantas frutíferas e the best, throughout theyear. herbáceas, árvores, arbustos, cactos, bromélias, trepadeiras e orquídeas. de pesquisa e pelo texto enxuto que, logo na abertura, desvenda aos leitores todos os mistérios das avezinhas, desde como vivem, dormem, se acasalam até seu último suspiro, que em alguns exemplares demoram até 14 anos. "Cada vez que parávamos para prestar atenção aos beija-flores, nossas mentes se libertavam das preocupações cotidianas e nos permitiam mergulhar numa sensação maravilhosa. Essas avezinhas mudaram nossas vidas. Descobrimos que sua presença mágica nos passava uma energia única, capaz de afastar o estresse e recuperar a harmonia interior", comenta Johan. SUMMARY Do dirctor-executivo do QSP Centro Brasileiro da Qualidade, Segurança e Produtividade, Francesco de Cicco: "A rigor, um Sistema de Gestão Ambiental é mais uma boa prática de negócios que deve ser abraçada por qualquer equipe de gerentes bem informada. A boa notícia é que o SGA não tem que ser mais um sistema nas organizações. Pelo contrário, se a empresa já implementou a ISO 9000, então ela está bem mais próxima de implantar com sucesso seu SGA, que é perfeitamente integrado ao Sistema de Qualidade já existente, a fim de obter mais rapidamente os resultados desejados." ISO sem segredos Prestigiadíssimo o 3o Fórum Bimestral de Intercâmbio de Experiências, promovido pelo Clube da ISO 14000 (Tel.: 011-881-7074), em São Paulo, no dia 11 de julho passado. Vinte empresas de diferentes setores, entre elas Monsanto, Degussa, O Boticário, Nitro Química e Enterpa, mandaram seu pessoal das áreas de meio ambiente e segurança conferir o melhor do evento: a apresentação, pela consultora Ana Maria Iten, das afinidades e pontos complementares entre as normas ISO 9001 e CD 14001. Têxtil larga na frente No 3o Fórum, os participantes também ficaram de antenas ligadas no cose tupiniquim relatado por Guglielmo Taralli, diretor daetnpresade consultoria Micro Análises. Por questões estratégicas, Taralli não revelou o nome da indústria têxtil que, há oito meses, vem trabalhando duro para implantar seu Sistema de Gestão Ambiental. A concorrência que fique esperta. A qualquer momento, a "incógnita" abocanhará o título de primeira do setor no país a conquistar uma certificação ambiental Uma dica para quem gosta de matar charadas: o grupo tem fábricas no mundo inteiro, mas teve de inclinarse à iniciativa pioneira da unidade fabril situada em São Paulo. Agora as demais plantas começam a movimentar suas engrenagens, para atingir o mesmo objetivo nos quatro cantos do planeta. Qualidade com lucratividade O governo do Mato Grosso acaba de lançar o projeto "Granja de Qualidade", que dá isenção de 66,7% do ICMS para criadores de suínos que utilizem tecnologia que não agrida o meio ambiente. A regulamentação do incentivo fiscal está previsto para daqui a dois meses e vai vigorar por dez anos. Para participar do programa, o suinocultor deverá dispor, entre outras exigências, de sistemas de aproveitamento ou eliminação de dejetos, evitando a poluição e a contaminação de mananciais. Detalhe: com essa diferenciação, espera-se que o mercado pague del0al5%a mais pelo produto. O rebanho, em produção tecnificada, é estimado em 12 mil matrizes no estado. ALUMAR Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 8 REGISTRO Belezas pré-históricas em Goiás A cidade de Paraúna, no oeste goiana, piarda segredos de uma civümção pré-hisíórka, Ammalha de pedra ém^^ habitou a região Fotos; Márcia Turcato Márcia Turcato Paraúna, no oeste goiano, guarda segredos do tempo em que o mar banhava o Planalto Central e era habitado por uma hábil civilização. Localizada a 350 quilômetros de Brasília, a pequena cidade de Paraúna, que em tupi-guarani significa rio preto, tem pouco mais de 10 mil habitantes, está incrustada na microregião da serra do Caiapó, produz quase três toneladas de milho por hectare e é berço da extinta civilização. É este último fato que a toma diferente de centenas de cidades espalhadas pelo estado de Goiás. Apesar da riqueza de vestígios com data superior a 30 mil anos, há poucos estudos sobre a região e os últimos foram realizados em 1977, por pesquisadores norteamericanos. Uma das atrações mais surpreendentes da cidade é a muralha de pedra, a 27 quilômetros de distância da cidade. Trata-se de magnífico paredão formado por imensos blocos de pedra, com cerca de 30 metros de altura e 80 quilômetros de extensão. A razão pela qual teria sido construído permanece em segredo. Talvez seja obra de algum povo oprimido por uma nação inimiga ou perseguido por animais carnívoros de grande porte. A serra da Portaria tem grutas gigantescas, com galerias interligadas seu curso, cem metros adiante. A "ponte" é natural e une dois terrenos de solo calcário que se romperam ao redor. Em baixo, perfurando a rocha da Ponte de Pedra, passa o rio, rápido e de águas escuras. Mais adiante, mais uma ponte de pedra, menor, porém resultante de idêntico fenômeno. No interior da galeria, por onde passa o rio, há estalagmites e estalactites com coloração suavemente azulada, conseqüência dos reflexos da luz na água do rio. Em um local mais elevado, o rio da Ponte de Pedra se une ao rio Corrente, de águas cristalinas, em exótica manifestação. As águas dos rios fluem em sentido inverso para um pequeno poço, parecendo que nunca irão se unir. A partir deste ponto, com muita emoção e espírito Pedras unidas com óleo de baleia e sangue bovino Óleo de baleia • Os' vestígios da construção, onde pode-se ver inscrições rupestres, lembram muito a Muralha da China, erguida no século 13. Mas a diferença marcante entre as duas está no tipo de argamassa utilizada para unir as pedras das muralhas. Em Paraúna foi uma exótica mistura de óleo de baleia com sangue de bovino, singular em todo o planeta. A identificação do óleo de baleia no centro do Planalto Central remete à teoria do Gondwana, quando os cinco continentes formaram uma única massa, que acabou se rompendo e se dividindo, após 200 milhões de anos, em conseqüência de dezenas de cataclismas. De acordo com esta teoria, o Brasil formava um único bloco, unido à África, e banhado por oceanos que penetravam nas areias do litoral formando lagos. Semelhanças identificadas em rochas e em fósseis africanos e brasileiros intensificam as suspeitas sobre a teoria do Gondwana. Ponte de Pedra - Outro ponto interessante é a ponte de pedra, sobre o rio de mesmo nome, a 70 quilômetros do centro da cidade. É um local curioso, onde o rio desaparece em seu leito natural e penetra em um túnel para depois retomar de aventura, é possível descer as corredeiras, com câmeras de ar e roupas de mergulho para proteger o corpo das pedras submersas. A força da água se encarrega de levar o banhista até a Ponte de Pedra onde o guia aguarda para retirar todo os aventureiros das águas, sãos e salvos, com o auxílio de cordas e mosquetões. Pesquisadores estudam os mistérios da pré-história Esculturas e abrigos Mais próxima da cidade, a 18 quilômetros de distância, está a serra das Galés com tuna ampla coleção de estátuas naturais em arenito. Resultado da ação do vento, ou do trabalho artesanal de alguma nação extinta, como pretendem alguns, a serra abriga gigantescas esculturas de animais, como a da tartaruga, e também de figuras humanas, como a da índia com o filho no colo. Neste local já foram identificadas SUMMARY Fragmentos da grande muralha conchas marinhas, o que contribui fartamente com o imaginário. Em Rondônia e em Sete Cidades, no Piauí, há esculturas semelhantes. Perto da serra de Galés há outra intrigante manifestação pré-histórica na serra da Portaria. São as grutas gigantescas, que possuem galerias unindo umas as outras. A entrada das grutas foi obstruída por enormes pedras, diferentes das que existem no local e pesando mais de quatro toneladas. Parecem ter sido colocadas ali por intermédio de alguma potente máquina. Apenas uma gruta não foi fechada. O complexo de galerias é semelhante ao de inúmeras aldeias rupestres existentes nos Estados Unidos e no México, onde o acesso às habitações só era possível com o emprego de toscas escadas de madeira, que eram retiradas logo em seguida para que o inimigo não conseguisse subir. Na parte sul da serra da Portaria há em seu topo estranhas peças, que parecem objetos dispostos em um altar. Há também um cinzelamento, feito em uma pedra, que lembra uma bússola. Esta formação recebeu o nome de Norte Magnético ou Pólo Magnético. Para chegar até ela, é preciso caminhar um dia inteiro, através da vegetação da base da serra e escalar suas paredes rochosas com o auxílio de cordas. No regresso à estrada, para relaxar, vale a pena um banho no poço do rio Formosinho. Studies carried out in 1977, by American researchers, prove that the region where the city of Paraúna islocated, in Westernpart of the State of Goiás, was the birthplace of an extinct civiliz/aüon. A rock wall with more than 80 kilometers of length, mountains with a large collection ofsandstone statues, andgigantic caves with interconnected galleries, are clear evidence of a skilled andintelligent people who lived in the region thousands of years ago. No caminho, Jandáia • O povoamento de Paraúna teve início em tomo de 1900, com a construção de uma capelinha onde era rezado um terço todos os primeiros domingos de cada mês, em louvor ao menino Jesus. Com o tempo, inúmeras famílias se estabeleceram às margens do córrego São José, vindas de Minas Gerais e de São Paulo. Mais tarde, o lugar passou a se chamar Bota Fumaça, depois mudou para São José do Rio Turvo e para Rio Preto - como distrito de Palmeiras de Goiás, até consagrar o nome de Paraúna, em 28 de setembro de 1930. O acesso a Paraúna é feito pela BR060, passando por Goiânia. O tráfego de caminhões na estrada é intenso. Convém dirigir com atenção redobrada nos inúmeros trechos de pista com mão única. Antes de se chegar a Paraúna, é preciso passar por Jandáia, uma encantadora cidadezinha pendurada na serra do Caiapó. Pequena, limpa e extremamente arborizada, Jandáia merece ser visitoda. Sua maior atração, além da beleza natural, é o clube construído ao redor de um amplo lago artificial, onde não falta, nem mesmo, uma pequena ilha com pier para canoas. Folha do Meio Ambiente 7 Brasília, agosto de 1995 LIMPEZA Ecologistas limpam serra em SC |Adultos, adolescentes e crianças percorreram a pé oito quilômetros da rodovia SC438, fazendo uma grande faxina na serra catarinense do Rio do Rastro Sílvia Marcuzzo S/Ma Franz Marcuzzo Cerca de 30 ambientalistas gaúchos fizeram uma faxina no dia 23 de julho, na serra do Rio do Rastro, entre os municípios de Bom Jardim da Serra e Lauro Müller em Santa Catarina, a 230 quilômetros de Florianópolis. A estrada, uma das mais belas do país, serpenteia um grande canyon, com altitude de 1.460 metros, onde se descortina o esplendor da Serra Geral com a planície costeira e o oceano Atlântico ao fundo. Também integrado por crianças e adolescentes, o grupo percorreu a pé os oito quilômetros da rodovia SC 438, entre o mirante e o museu Geológico, recolhendo o lixo esparramado ao longo das encostas e da vegetação e distribuindo folhetos explicativos para os ocupantes dos veículos que transitavam. A operação resultou na retirada de 44 sacos plásticos de resíduos sólidos de 50 litros, num total de aproximadamente 180 quilos, que foram depositados na delegacia de Polícia de Lauro Müller para depois serem transferidos para o depósito de lixo da cidade. A mobilização foi promovida pela Pangea-Associação Ambientalista Internacional e pela Comissão de Defesa dos Aparados da Serra. Também contou com a participação de ecologistas catarinenses. "Tínhamos consciência do abandono do local, mas o volume de lixo recolhido em poucas horas superou as previsões", apontou Ênio Frassetto, de Araranguá. O local mais castigado pelos rastros dos turistas inconscientes era o alto do planalto, onde fica o mirante. Compunham a paisagem: latinhas de cerveja, embalagens de salgadinhos, carteiras de cigarro, garrafas e sacos plásticos. Con- SUMMARY A faxina deixou limpa a estrada que serpenteia um grande canyon, com altitude de 1.460 metros forme o dono do trailer localizado no miradouro, Sadi Borges, a prefeitura não retira os resíduos do local. Ele é quem faz a limpeza de vez em quando. Os ecologistas lembram que a preservação da serra do Rio do Rastro, como de toda serra Geral, é muito importante pois é uma feição geomorfológica constituída durante vários milhões de anos, ao longo do tempo geológico. Sua origem remonta aos primeiros fenômenos vulcânicos que deram origem aos espessos pacotes de lavas basálticas há mais ou menos 120 milhões de anos. As montanhas e vales profundos da serra Geral catarinense foram formados pelos rios que correm para o oceano Atlântico, como o Rio do Rastro, o Oratório e o Passa Dois. Suas águas escavaram as bordas do planalto Basáltico com uma grande erosão, esculpindo as escarpas da serra Geral. Além de servir como exemplo para a conscientização ambiental, a faxina foi um motivo para sentir a exuberância da natureza, perfilada por imensas cascatas e densa mata nativa. 180 quilos de lixo foram recolhidos num só dia Two beautíful Bra&Uan regions are threatened by pollution and depredation. One of them is the Mountain of the Rastro River, in the State of Santa Catarina, where Ecologists havejust completed a clean out to pick up the garbage on the side slopes of a highway which bypasses a great canyon 1,460 meters high. The other one is The Diamantina Plateau, in the State of Bahia, where burning and deforestation threaten the fauna and the flora, before the omission of environmentalist authorities. Chapada Diamantina pede socorro Brasil Turístico Cláudia Miller Considerada uma das regiões mais interessantes e belas do país, a Chapada Diamantina, na Bahia, encontra-se ameaçada por constantes destruições ocorridas em sua vasta natureza. São queimadas devastando suas matas ciliares e suas matas rasas de caatinga, desmatamentos destinados à produção de carvão são reaüzados sem nenhuma fiscalização, animais encontramse ameaçados de extinção, os rios estão sujos e o ar poluído. A denúncia é do Núcleo Ambientalista e Cultural do município de Souto Soares, na Bahia. O núcleo surgiu com a preocupação ecológica de alguns jovens da região que se juntaram com o objetivo de lutar pela preservação, conservação e melhoria do meio ambiente, além de resgatar patrimônios histórico-culturais. Eles afirmam que a maneira como o homem vem usando a natureza tem levado ao esgotamento dos solos, à morte dos rios, à contaminação do ar e à destruição da fauna e da flora. Wilton Teixeira Neves, representante do Núcleo Ambientalista, denuncia a comercialização de animais e objetos, que é feita feitos ao ar Ambientalistas denunciam devastações na Chapada baiana livre, em feiras e comércios de algumas cidades da Chapada. Algumas entidades ambientalistas locais já reclamaram com as autoridades, que até hoje não tomaram nenhuma providência. Outra preocupação, segundo Wilton Teixeira, é o lixo jogado ao lado das estradas e rios, transformando-os em locais de risco para as crianças e animais que transitam na região, sem que haja alguma providência por parte das autoridades ambientalistas. Entre 1987 e 1991, foram realizados três "S.O.S. Chapada", movimento que contou com a participação da comunidade local com o objetivo de preservar a chapada. Beleza ameaçada - Situada no centro geográfico da Bahia, a Chapada Diamantina abrange vários municípios e é considerada um dos locais mais belos do país. Cavemas, rios, vales e seiras foram trabalhados pela natureza durante milênios para nos presentear com esculturas de animais, homens e vários objetos, formando belíssimos monumentos em seu sistema orográfíco. Em 1985, foi criado o Parque Nacional da Chapada Diamantina, com uma área de 152 mil hectares. O parque abrange parte dos municípios de Lençóis, Palmeiras, Mucugê e Andaraí, com os monumentos esculturais nas serras, os vales ou canalões profundos, as grutas e os rios subterrâneos. Brasília, agosto de 1995 1 O Folha do Meio Ambiente ECOSSISTEMA Projeto reduz a Mata Atlântica T/ierez/n/ia Duche Os ambientalistas defensores da Mata Atlântica, o segundo ecossistema mais ameaçado do mundo, não gostaram nada do projeto de lei do Ibama, apresentado no dia 28 de junho deste ano pelo ministro do Meio Ambiente Gustavo Krause, que reduz em 70% a área de cobertura contínua da Mata Atlântica. A proposta do Ibama coloca completamente fora da área de proteção ambiental as florestas que recobrem as serras do Mar e da Mantiqueira e as planícies costeiras do Nordeste. Para os ambientalistas, o Ibama deveria manter dentro da nova área de proteção ambiental que quer definir no anteprojeto de lei as formações florestais descritas no decreto 750 e já aprovadas pelo Conama -Conselho Nacional de Meio Ambiente, em abril de 1992.0 anteprojeto de lei surpreendeu a todos eles ao excluir as formações florestais interioranas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, especialmente as florestas de araucária, onde a atividade madereira é intensa. Hoje, restam apenas 10% da cobertura original do que foi a Mata Atlântica. Em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo, as florestas estacionais semideciduais (nome científico das florestas cujas folhagens são influenciada pelas estações do ano), restam somente 2.8% e estão localizadas em áreas de expansão de grandes projetos agropecuários. Pressões - O projeto de lei do Ibama vem sendo considerado como um desastre ecológico pelos ambientalistas. João Paulo Capobianco, ex-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica e atual diretor do Instituto Socioambiental, considera que a alteração no decreto 750/93 "contraria os resultados a que chegaram pesquisas seríssimas" realizadas ao longo dos últimos 50 anos. "Todo esse trabalho será jogado fora à revelia do Conama", afirma Capobianco. Como outros ambientalistas e pesquisadores, o ex-presidente da SOS Mata Atlântica acha que A«primeira função social do Banco do Brasi é dar lucro. IBGE, órgão que edita e estabelece os limites do mapa da vegetação do Brasil, foi pressionado a reeditar esta nova delimitação para a Mata Atlântica, que pelo projeto do Ibama terá sua área de proteção legal reduzida de 1,1 milhão para.260 mil quilômetros quadrados. Atualmente a floresta da Mata Atlântica sobrevive em apenas 95.641 quilômetros quadrados (8,8% da área original) e, mesmo assim, em circunstâncias ameaçadoras. Primeiro conjunto de ecossistemas do Brasil a entrar em contato com o colonizador, ele vem sofrendo conseqüências graves ao longo da colonização brasileira devido principalmente à destruição, à política de terra arrasada e a interesses de madeireiros, principalmente nas florestas de araucárias. Segundo José Pedro de Oliveira Costa, ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, o anteprojeto de Lei proposto pelo Ibama é inaceitável por reduzir a Mata Atlântica à estreita faixa costeira. Quando um cliente procura uma de nossas agências, ele quer serviços adequados às suas necessidades e produtos que atendam às suas expectativas. Quando os acionistas examinam um balanço, querem ver mais dividendos, como resultado de uma administração eficiente. Quando o Brasil inteiro olha para o Banco do Brasil, quer ver uma empresa com compromisso público e desempenho de empresa privada. É por isso que o Banco do Brasil vem mudando a cada dia. Para ser o agente da produção e do desenvolvimento de que tanto o país necessita, é preciso ser competitivo, moderno e, principalmente, gerar lucros. Porque é através Segundo Fernanda Colagrossi , representante ambientalista e presidente da Câmara Técnica do Conama para a região Sul, todas as iniciativas do Ibama deveriam ser discutidas antecipadamente com a sociedade civil, com as ONGs e com o próprio Conama. Conhecimento - Raul Jungmann, presidente do Ibama, se defende argumentando que nada no projeto de lei foi alterado sem conhecimento de causa. Segundo ele, o Ibama nunca concordou com decreto 750/93 por considerá-lo inconstitucional."Nós decidimos criar o projeto junto com o IBGE, que possui toda a autoridade para estabelecer os novos limites desse e de outros ecossistemas do país. Não fomos pressionados pelo PFL ou qualquer outro partido. Naquela área sempre houve muita pressão dos madereiros, dos sem terra. Todos contra o Decreto 750/93", defendeu Jungmann. do seu desempenho no mercado que o Banco do Brasil vai buscar recursos para realizar seu trabalho com competência. Afinal, o BB só vai ser bom para o Brasil se, antes, for bom para você. Banco do Brasil. Mudando com o Brasil. BANCO DO BRASIL Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 n PREVENÇÃO CFCs podem ser varridos do Brasil antes de 2005 Slmone Silva Jardim Condenados no mundo inteiro desde que cientistas descobriram sua ação destrutiva sobre a camada de ozônio que protege a Terra da incidência direta dos raios solares ultravioletas - processo que pode vir a causar mudanças de clima significativas no planeta - os clorofluorcarbonos - CFCs, gases utilizados em sistemas de refrigeração e ar condicionado, podem ter sua produção e consumo varridos do país até antes de 2005, prazo-limite ratificado pelo Brasil no Protocolo de Montreal. É que está começando, em São Paulo, uma iniciativa pioneira através do Projeto de Treinamento de Mecânicos e Gerenciamento de CFCs, que tem o objetivo de recolher, reciclar e regenerar cerca de 200 toneladas/ano de CFCs, que normalmente se perdem na atmosfera durante um simples serviço de manutenção de equipamentos em uso como refrigeradores, freezers e aparelhos de ar condicionado. "A intenção do programa de treinamento de mecânicos é prevenir a liberação não controlada do gás refrigerante. Assim, o CFC usado, em vez de ir para a atmosfera destruir a camada de ozônio, será reaproveitado depois de ser reciclado ou regenerado. Quando chegar ao fim de sua vida útil, o gás deverá ser incinerado seguindo padrões específicos de segurança. Esse sistema de reciclagem possibilitará arenovação dos equipamentos em uso para tecnologias alternativas, e ambientalmente aceitáveis, pouco a pouco", diz Roberto de Aguiar Peixoto, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e consultor técnico da Finep - Financiadora de Estudo e Projetos. A Finep é responsável pela implementação do Programa Brasileiro para a Eliminação da Produção e Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (PBCO), que acaba de receber do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal recursos da ordem de US$ 2 milhões. Segundo Peixoto, o sistema de reciclagem de CFCs utilizado no setor de refrigeração é considerado instrumento de política ambiental, à medida que contribui para minimizar as emissões de gases que destroem a camada de ozônio. "Durante dois anos, 3.500 mecânicos do frio serão treinados em São Paulo. Com a liberação de novos financiamentos, essas experiências serão ampUadas para todo o território nacional, quando atingiremos aproximadamente 35 mil profissionais que lidam diretamente com os gases refrigerantes", afirmao consultor. Programa semelhante, aconteceu no Canadá, onde foram treinados 52 mil mecânicos. Onde entra o CFC Aplicação do clorofluorcarbono no Brasil O Romoaldo de Souza CNBB inquieta cristãos Um dos mais importantes programas desenvolvidospelaConferência Nacional dos Bispos do Brasil já não existe mais. Estamos falando da Semana Social que em quatro anos mobilizou as comunidades católicas do país, discutiu os mais emergentes problemas, analisou alternai v as e apontou soluções. Nesse período, encontros foram realizados, documentos estudados e publicados, enfimaigrejasacudiu seus gmpos de base e sua hierarquia numa feliz tentativa de estar inteirada do que se passa além das fronteiras de suas sacrisüas. Pois não é que os bispos resolveram acabar com a Semana Social? Transformaram-na em iniciativas próprias de suas pastorais... Certamente não é a mesma coisa. Aliás, é próprio da igreja: quando um tema ou uma ação desperta os fiéis para um compromisso de engajamento, a hierarquia, invariavelmente, coloca "panos quentes." É a velha e mal fadada política do consenso. Parcerias que dão frutos Estados Unidos 29 Outros países industrializados (1) 41 Temos insistido muito na necessidade das ONGs buscarem alternativas de sobrevivência por meio de parcerias com a iniciativa privada. É, sem sombra de dúvidas, a saída. Não dá mais para fazer funcionar uma ONG apenas com projetos financiados pelo Estado ou agências internacionais de cooperação. Na edição de junho falamos do apoio que a Pakalob está dando à UIPA (União Internacional Protetora dos Animais). Recentemente foi firmada uma parceria entre o Sindicatos dos Bancários, o Banco de Boston e entidades que trabalham com criança e adolescentes em São Paulo. Outras certamente existem. Faltam é dirigentes corajosos que se proponham transformar "suas" ONGs em fontes geradoras de recursos em vez de pedidoras... A propósito: ONGs são associações e, como tal, devem ser constituídas de um quadro de associados. Por que não conseguem financiar sua inôa-estmtura com a contribuição dos sócios deixando os projetos de sustentação para atividades fins? É uma saída... União Soviética, Bloco Leste 14 Favelas do Rio fazem parceria com a ONU China e índia 2 14 Consumo Global de CFC por Região em 1986 Região 1 Outros países em desenvolvimento % do Total Fonte: The Ozone Treaty (1) A Comunidade Européia cobre mais da metade, seguida do Japõo, Canadá, Austrália e outros. namento, com custo zero para os tações técnicas, sobre sistemas de remecânicos, vem sendo coordenado frigeração. No segundo dia, a aula é pela Associação Brasileira de Refri- totalmente prática, com demonstração geração, Ar Condicionado, Ventila- e utilização de equipamentos especíção e Aquecimento - Abrava, que es- ficos pelos participantes. Proibição legal - A Abrava aintima em US$ 3,6 milhões o custo total de da pretende propor ao governo fedeseu ambicioso pro- ral uma legislação específica para cuijeto. Os cursos se- dar do assunto. A proibição da emisrão realizados pelos são de CFC seria o primeiro tópico, profissionais do juntamente com a obrigatoriedade de Senai, órgão esco- uma certificação para que os mecânilhido por sua ampla cos possam comprar e manipular o estrutura e conheci- gás. "Uma vez em vigor a nova lei, da experiência técni- só quem estiver devidamente treinado pode executar essas funções", ca. Serão 16 horas acrescenta Peixoto. A fiscalização de curso, divididos deve ficar a cargo do Ibama. Vale lembrar que o consumo anuem dois dias. No primeiro, os mecânicos recebem explicações sobre por- al de CFCs pelos países industrialique o CFC vai acabar, além de orien- zados está acima de 300 gramas por habitante; por aqui, o gasto éde aproximadamente 70g/hab. Para se ter uma idéia, no Brasil, os setores de SUMMARY refrigeração e ar condicionado são responsáveis pelo consumo de 80% dos The CFCs, gases used in CFCs utilizados. Desse total, dois refrígeration systems and in air terços são de uso em reposição. conditioning, may have their Como funciona a reciclagem e production and use banished regeneração do CFC - Há no merfrom Brazil, even before theyear cado diversos equipamentos portáteis 2005. Whathappens is thatithas de reciclagem de gases, que permibeen started in San Paulo a tem que todo o trabalho seja feito no pioneer initíative, The Projectfor próprio local onde o sistema de refriTraining of Mechanicians and geração está instalado. Na reciclagem, CFC Managers, which targeís o gás passa por um processo de limthe harvesting , recycling and peza simples, com a separação do óleo regenerating 200 tons/year of e remoção de umidade, ácidos e maCFC, which are usually lost to térias em partículas. Uma vez concluído o processo de reciclagem, o the atmosphere during a simple gás refrigerante deve ser devolvido maintenance service in ao mesmo sistema de onde foi retiraequipment such as refrigerators, do, já que não pode ser utilizado em freezers and air conditioners. outras máquinas. Programa treina mecânicos para regenerar e reciclar gases Custo zero - O programa de trei- Refrigeração 46.9% Espumas Plásticas 40,1% Solventes 6.5% Outros 4,9% Propelentes 1,6% ONGs em Ação A Associação Projeto Roda Viva juntou paisealunos, escolas, entidades públicas e privadas; buscou apoio no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Pnud e no Unibanoo-Bcologia; arregaçou as mangas e iniciou um dos mais fantásticos trabalhos de educação ambiental através do projeto Lupa-Zona Sul que está sendo desenvolvido nas favelas da Rocinha, Vidigal, Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira, Cantagalo, Dona Marta, Tabajaras e Babilônia, na periferia do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é discutir a importância da conservação dos ma- nanciais de água e formas de sua utilização racionaL Como metodotogia o Roda Viva que se notabilizou por seu trabalho j unto à rede de entidades que estudam as problemática da criança e do adolescente prevê capacitar professores, agentes comunitários, membrosde associações para o planejamento de projetos ambientais com os alunos. Os projetos desenvolvidos em cada escola selecionada vão receber apoio técnico e financeiro do Roda Viva Viva a parceira! O telefone do Projeto Roda Viva é 021264-9622 ONGs preocupadas com futuro ONGs do Brasil e dos principais países do continente reuniram-se em São Pau b, nos dias 9 a 11 de agosto, no Encontro Latino-Americano de Associações de ONGs, ocasião em que avaliaram sua histórica caminhadaediscutiram pontos comuns para definição de estratégias de ação diante da nova realidade social e política que a América vive. No encontro foi lançada a Carta de São Paulo, documento conclusivo do evento, cujapreocupaçãoprincipal foi as entidadesreafnmaremseusco/^romwso com astutas por justiça social, pela definição de políticaspúbUcas democráticas e que visem o fim da exclusão sociaL A Abong (Associaçãa Brasileira de ONGs), organizadora do encontro, tem duas grandes preocups^ões hoje: mapear e filiar essas entidades e discutir legislação que defina normas reguladoras diferenciando ONGs de instituições filantrópicas, empresariais e outras. Iara Pietrico vsky tem outras informações sobre o encontro e a campanha da Abong. Seu telefone em Brasília é 061.226-8093, no Inesc. Contabilidade e Prestação de Contas de ONGs 061-336-9533 12/13 Silvestre Gorgulho No mundo inteiro tem muita gente pescando, tem muita gente usando água para irrigação, tem muita gente fazendo barragens para construir hidrelétricas, tem muita gente acabando com as lagoas marginais (que funcionam como berçários naturais e únicas fontes contínuas de recrutamento de peixes para os rios), tem muita gente, em nome do desenvolvimento e do progresso, usando, depredando e poluindo. E, o que é mais grave, tem pouca gente preocupada em estudar, em proteger e em criar condições para que os rios e lagos tenham mais peixes - um dos mais importantes alimentos para o homem. É tão comum se ouvir dos mais velhos a triste constatação da realidade de rios e lagos brasileiros: "Antigamente, aqui havia tanto peixe. E peixes de 10, 15, 20 quilos. Hoje, eles foram embora." Eles não foram embora não. Eles, simplesmente, foram impedidos de crescer e de se reproduzirem. Com isto, estão acabando. A água é igualzinha à terra. Para que o solo seja bom para plantar e para produzir mais, ele precisa ser cuidado e tem que ter suas propriedades físicas, químicas e biológicas resguardadas. Assim também é a água. E olhe que, comparando o solo com a água, aparentemente a água é mais simples que o solo. Só aparentemente, pois a água é um substrato muito mais complicado em todos os aspectos. Por isso, para que nela haja peixes e para que nela os peixes cresçam e se reproduzam, é necessário que a água conserve suas qualidades e condições ideais de vida. Os dados são da FAO: em 1991 o homem tirou da água cerca de 97 milhões de toneladas de peixes. Deste total, 16,6 milhões de toneladas (cerca de 17,1 %) foram resultados da aquicultura. A Folha do Meio Ambiente, nesta edição de agosto e na próxima edição de setembro, faz uma ampla reportagem sobre a reprodução de peixes: o processo artificial (hipofisação) - técnica inventada pelo brasileiro Rodolpho von Ihering, em 1934, e hoje adotada no mundo inteiro - e o processo natural, em que muitas espécies necessitam migrar rio acima até encontrar condições adequadas para reprodução. Para a edição de setembro, a FMA prepara uma reportagem ampla, denunciando que a pesca predatória, a instalação de indústrias poluidoras, a drenagem e a tapagem dos alagados para ampliação das fronteiras agrícolas, tudo isto está provocando um terrível impacto ambiental, acabando com os rios e seus criadouros naturais. E, no caso do rio São Francisco - onde atuam mais de 63% de todo o contigente de pescadores de Minas Gerais - acontece um sério desequilíbrio do ecossistema, com um resultado terrível: a diminuição da população de peixes e a extinção de várias espécies. Bem, mas tudo isto seráparaapróximaedição. Brasília, agosto de 1995 Folha do Meio Ambiente : o milagre na m icação dos peixe Fotos: Alliert B. Sousa Rosa A importância da aquicultura A reprodução artificial O homem gosta de usar e abusar. Ele pôde ser instrumento da vida e da moite. O mesmo homem que usa sua inteligência para depredar, também pode usar sua inteligência para criar. O problema é que os primeiros são em muito maior quantidade que os segundos. No caso da reprodução dos peixes foi assim. Depois de muitos só pensarem na pesca predatória, foi um brasileiro, chamado Rodolpho von Ihering, quem salvou literalmente a lavoura (veja página 14). A reprodução é a atividade biológica mais vital para a preservação das espécies animal e vegetal Segundo o engenheiro de pescada Codevasf, AJbert Bartolomeu Sousa Rosa, 41 anos, no caso dos peixes, a reprodução no ambiente natural é determinada pela idadede maturação sexual, condições ambientais, época do ano, local de desova ecuidados da prole exercidos pelos reprodutores e matrizes de muitas espécies. Nos peixes, como em todos os animais, os fatores determinantes da reprodução estimulam uma glândula, conhecida por hipófise (ver Ggura n° IX existente na base do cérebro, que envia mensagens (hormônios) às gônadas (ovários em fêmeas e testículos em machos), paraque se preparem e realizem a desova. Muitas espécies de peixes de água doce de impoitância econômica necessitam migrar rio acima para realizarem a reprodução, fenômeno este conhecido como piracema. È, justamente, essa viagem rio acima, esse esforço e os fatores ambientais que provocam os estímulos para a reprodução. A temperatura da água, enxurradas provocadas pelachuvaeaampliação daquantida- de de horas de luz por dia (na primavera), induzem a hipófise a intensificar a produção de hormônbs para provocar a reprodução de muitas espécies de peixes. A "hipófise" é, portanto, o óigão que comanda todo o processo de reprodução. Explica o técnico Albett B. Sousa Rosa: a necessidade de se promover a reprodução artificial de pebtes, está relacionada ao interesse em se realizar seu cultivo comercial, o que exige a produção em alta escala dos alevinos (filhotes de peixes) e, também, com o objetivo de se obter alevinos de espécies queseenoontramem vias de extinção, permitindo a realização do povoamento de rios e barragens. Como as espécies de piracema, ou seja, aquelas que necessitam realizar amigração para a reprodução, não atingem pleno desenvolvimento das gônadas quando se encontram permanentemente em águas paradas (lagoas, tanques, barragens etc.), é preciso que se estimule fêmeas e machos a completarem o estágio de maturação gonadal, para que consigam realizar a desova. Aí, mais uma vez, entra a hipófise, como elemento imprescindível à obtenção da reprodução artificial. Injetando artificialmente amesmaquantidadedehormônioquea hipófise forneceria aos ovários e aos testículos, se estivessem em condições ambientais naturais, então poder-se-á fazer, também, com que os peixes de piracema se reproduzam em águas paradas. Esta técnica, conhecida como "hipofisação", foi desenvolvida pelo cientista brasileiro Rodolpho Vonlherkig. Hgura 1 - A nlkjérx^ do meti crrib^e eslwrHJk] a hpóte a pioduzt honrm r Figura 2 - Hpofcoção: a aplicação do hormônio na cavidade abdominal de um sunibim Os doadores de hipófises A formamais comum de seobter o hormônio a ser fornecido aos reprodutores e matrizes paraateprodução artificial, é retirando-o de outros peixes, que funcionam como doadores. Alguns peixes são cultivados com o objetivo principal de fornecerem suas hipófises para a reprodução de outros peixes. Cada peixe possui uma hipófise que, próximo à época de desova, possui certa quantidade de honnônio. Odoadorésacrificado.suahipófiseéretirada e acondicionada em fiasco apropriado para utilização em momento adequado. Alguns peixes são sacrificados para produzirem milhões de outros peixes. A came do peixe sacrificado ou doador pode ser utilizada no consumo humano. A seleção e a apBcação - Explica o técnico Albeit B. Sousa Rosa que a seleção dos peixes para a reprodução leva em consideração aspectos externos bem caractoistioos, como ventre bem abaulado nas fêmeas, à semelhança do que acontece com as mulheres grávidas, enquanto nos machos uma leve pressão em seu abdômen o faz liberar gotas de sêmen de cor esbranquiçada. Os peixes selecionados são transportados para tanques pequenos, que apresentam condições especiais, como água corrente, limpa e temperatura adequada Normalmente, não se mantêm as fêmeas e os machos num mesmo tanque. No ambiente natural, adosagem de hormônio a ser liberada da hipófise para as gônadas é regulaia com precisão nos reprodutores e matrizes. Para a desova artificial, é feita uma estimativa da necessidade de honnônio, em fii nção do peso dos reprodutores. As hipófises coletadas de peixes doadores são então utilizadas, com aplicação através de seringas na cavidade abdominal do peixe receptor (ver figura n" 2). O efeito da aplicação costuma levar algumas horas, dependendo da espécieeda temperatura da águaondese encontram os peixes. Empiricamente, conseguiu-se deteraú- nar, aproximadamente, o tempo necessário para ooorreradesova em cada espécie de peixe, após a aplicação do hormônio. Na natureza a fecundação do ovo ocorre, na maioria das espécies de peixes, no me» onde se encontram (rio, lagoa, barragem etfc)» Fêmeas e machos, nadando lado a lado, lançam seus produtos gonadais (óvuloseespermatozóides, respectivamente) na água e aí ocorre a fecundação. Na reprodução artificial, costuma-se coletar os óvulos em uma bacia plástica de pequeno tamanho, sem água (ver figura n" 3). Os espermatozóides são coletados em tubos de ensaios (ver figura n" 4) para depois serem derramados para a fecundação. Com uma delicada penade ave, vai se fazendo a mistura, de forma que o sêmem atinja todos os óvulos. Alguns instantes depois se adiciona água, permitindo umamaior homogeneização dos produtos gonadaiseahidratação dos óvulos. Qual a vantagem da fecundação artificial sobre a natural? É simples: a fecundação natural ocorre num ambiente muito mais amplo, na presença de vários predadores, diminuindo a sobrevivência dos ovos e larvas. A incubação é feita em recipientes apropriados (ver a figura n" 5) com água corrente, onde, tçós alguns dias, ocoireaeclosão das larvas (nascimento dos pebdnhos). Costuma-se manter as larvas pormais alguns dias na incubadora, até que elas consumam a reserva nugilivr (gema), que elasjá possuem ao nascer. Após esta fase, aspóslarvas são levadas para tanques preparados, onde há abundância de alimentos. Estima-se que, nanatureza, apenas l%dosovDS Uberak»pelas fêmeas cheguemaatingiraoondição de peixes jovens. Algumas espécies chegam aproduzimaisde 2mühões deovosíêmea/ano. A capacidade de multipli^çào dos peixes é infinitamente maiorcooçaradaaos bovinos, sufrioseaves,especialmente em cativeiro (ver figura n0 6). Figura 3 - Coleta de óvulos maduros para fecundação Figura 4 - Coleta de sêmem pra fecundação Figura 5 - Os ovos vão para encubadeiras apropriadas Figura 6 - O alevinos vão repovoar rios e barragens ou vão peta a engorda em viveiros SUMMARY The Journal of lhe Environmení, in its August isstte, and in the next one, for September, brings a broad article on the reproduetum offish: lhe artificialprocess (hipofizaüon) - a technique developed by lhe Bradlian Rodolpho von Ihering, in 1934, and adopted loday Ihroughout títe entire world - and lhe natural process, by which many spedes need Io migrale up river untUfinding lhe proper corulüions for reproduetioru A For lhe September issue, lhe Journal of lhe Environmení elaboraíes a broad report, denoundng the predatory ftshing, the construdion ofpoOuting fadories, lhe dminage and lhe seaSng of weáands for the expansion ofagriailturalfrontíers, aü this causing a lenible environmenlal impact, extinguishing lhe rivers and the natural hatcheries. And, in the case of lhe San Francisco River - where more than 63% ofthe entire body of Minas Gerais'fishermen operate - there oceur a serious disequiSbrium in the ecosystem, wilh an awfid outeome: the reductíon infish population and the extinclion of severa! spedes. Weü, but ali ofthis ktobe leftfor the next issue. Reproduction B the mosl vital biologkal activity for preservation of lhe animal and vegelable spedes. According Io Codevasf s Fishing Engineer Albert Bartolomeu Sousa Rosa, 41, in the case of the fish, reproduetion in Ate natural environment i$ detennined by the age of sexual maturity, environmenlal conditions, time of the year, site of spawning and caring of the young fish, laken by lhe molhers and reproducers ofmany spedes. - ■ " Nó Brasil, apesar dos 8.400 quilômetros de costa e de extensas bacias hidrográficas (só a Amazônia detém 18% da água doce do planeta), o consumo anual de pescado é de apenas 5,8 kg percapita, contra 16 kg no Canadá e 65 kg no Japão. Enquanto em Manaus o consumo de pescado atinge o expressivo número de 50 kg/habitante/ano, há regiões no interior do país onde o consumo percapita está abaixo de 1 kg/ano. O hábito alimentar está diretamente relacionado à oferta do produto. A exceção de Manaus e de outras cidades localizadas às margens de rios piscosos, o consumo de pescado no litoral brasileiro é cerca de 10 vezes superior ao registrado no interior do país, exatamente onde a oferta de pescado é mais baixa. O oceanógrafo francês JacquesYves Cousteau afirmou na Conferência das Organizações das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, a Eco-92, que "os oceanos estão exauridos". A pesca predatória está reduzindo drasticamente os estoques pesqueiros de ambientes naturais, sejam eles mares ou rios. As frotas pesqueiras dotadas de sofisticados equipamentos para detecção de cardumes facilitam a pesca, porém, toma as populações de peixes cada vez mais vulneráveis. Exemplifica Albert B. Sousa Rosa: a produção nacional de sardinha, um alimento consumido em grande escala pelas classes de menor poder aquisitivo da população brasileira, atingiu mais de 200 mil toneladas/ano em meados da década de 70. Atualmente, a produção dessa espécie se encontra abaixo de 60 mil toneladas/ano, ou seja, uma redução de 70%, enquanto a população brasileira cresceu cerca de 65%. Segundo a ONU, por volta do ano 2000 será necessário produzir cerca de 120 milhões de toneladas de pescado por ano, um acréscimo de 30 milhões do que é produzido atualmente. Os técnicos garantem que a única forma de fazer frente a esse desafio é através da aquicultura, que trata da criação racional de animais e vegetais aquáticos. A produção de pescado oriundo da aquicultura já representa cerca de 17,1 % do total da produção mundial, sendo que a participação do Brasil é inferior a 0,03%. O fato é que, em todo o mundo, multiplicam-se as "fazendas" de criação de peixes (piscicultura), camarões (carcinicultura), moluscos (ostreicultura e mitilicultura) e algas (algicultura). Concluindo, Albert B. Sousa Rosa explica que o processo de reprodução artificial de peixes foi e será cada vez mais imprescindível para o aumento das áreas de cultivo, uma vez que o mundo precisa produzir mais proteínas e os peixes participam com mais da metade da produção de produtos oriundos da aquicultura. CONTINUA A PAG. 14 H Brasília, agosto de 1995 Folha do Meio Ambiente 14 Rodolpho von Ihering: o pai da piscicultura Silvestre Gorgulho Sua origem é alemã e seu nome é o mesmo do avô, um dos mais importantes juristas alemães do século 18 Rodolpho von Ihering. Rodolpho von Ihering, o neto brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul, em 17 de julho de 1883, filho do médico e naturalista Herman von Ihering. Bacharel em Ciências e Letras pela Universidade de São Paulo (1901), Rodolpho casou-se com Isabel de Azevedo von Ihering e teve duas filhas: Maria e Dora von Ihering, que escreveu o livro: "Ciência e Beleza nos Sertões do Nordeste", onde fala da obra e dos trabalhos do pai. Rodolpho foi criado, praticamente, dentro do laboratório de seu pai, absorvendo o clima favorável ao estudo da natureza. Desde criança tinha interesse em conhecê-la e decifrá-la. Seu pai exerceu uma forte influência em sua formação e uma das grandes decepções de Rodolpho foi quando, na Ia Guerra Mundial, Heiman von Ihering, por sua origem alemã, foi demitido da direção do Museu Paulista, segundo explica o professor Zeferino Vaz "pela mecliocridade e pelo falso patriotismo indígena de algumas autoridades". Rodolpho dedicou-se de corpo e alma ao estudo da fauna brasileira e à solução dos problemas da piscicultura. Durante 30 anos percorreu o Brasil de ponta a ponta, registrando com rigor científico os nomes dos animais da fauna brasileira, buscando sempre os nomes populares dados aos animais em cada região. Para isto, chegou a aprender o tupi-guarani, a fim de identificar melhor as raízes etimológicas dos nomes dos animais. Nasceu assim uma obra importante: "Dicionário dos Animais do Brasil", publicada pela Universidade de Brasília. Dedicou-se ao estudo de invertebrados, sobretudo os peixes, criando no Brasil o Serviço de Piscicultura. Fez inúmeras experiências para conseguir a fecundação in vitro, de peixes de água doce, com o objetivo de obter alevinos em grande quantidade para o repovoamento de rios, açudes e barragens. Essas experiências eram feitas na represa de Billings (São Paulo) e, em piracema nos rios Mogi-Guaçu (Cachoeira de Emas), Piracicaba (Salto do Piracicaba) e Tietê (Salto do Itú) e em açudes do Nordeste. O paraibano José Américo de Almeida, ministro de Getúlio Vargas, foi quem apoiou Rodolpho von Ihering nas suas pesquisas, quando criou e o nomeou diretor da Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste. Em 1934, Ihering criou e desenvolveu o processo artificial de reprodução de peixes, conhecido como hipofisação. Esse método revolucionário foi tão importante que, mesmo morrendo em 1939, portantOyCinco anos após a descoberta, von Ihering viu ser disseminado internacionalmente o novo processo. O reconhecimento por sua obra lhe valeu o título de Pai da Piscicultura brasileira. Principais obras O Papel das Plantas Aquáticas na Evaporação O Valor do Peixe nos Açudes A Formiga Cuiabana, um Flagelo Os Peixes Larvophagos Utilizados no Combate à Febre Amarela e à Malária , «, A Pesca no Nordeste Brasileiro Aspectos Biológicos do Nordeste A Resolução dum Problema da Biologia dos Peixes O Papel da Hipófise na Piscicultura Nacional Piscicultura e as Investigações Científicas Possibilidade da Piscicultura no Estado de Minas O Peixe d'Água Doce e a: Piscicultura no Brasil Em prol da Catalogação da Fauna do Brasil A Pesca por meio da Eletricidade A Curimatã dos Açudes Nordestinos Experiências com Esperma do Curimatã A Desova e a Hipofisação dos Peixes O Dicionário dos Animais do Brasil Rodolpho von Ihering: um cientista brasileiro reconhecido no mundo inteiro Entraves para o desenvolvimento da aquicultura no Brasil • Pouca tradição no cultivo de animais e vegetais aquáticos no país; • Deficiência de geração e transferência de tecnologias para diferentes espécies de peixes, regiões e clientelas; • Insuficiência de insumos básicos (alevinos, pós-larvas, ração apropriada etc), em quase todas as regiões do país; • Falta de conhecimento dos mercados regionais para os produtos gerados pela aquicultura, o que vem dificultando a comercialização dos produtos; • A reduzida área de produção em cativeiro de pescado não tem estimulado o desenvolvimento de uma indústria voltada para a aquicultura; • Escassez de linhas de financiamento para o setor; Insuficiente assistência técnica qualificada; • Falta de vontade política para o desenvolvimento do setor. O Ambiente Certo Para A Sua Reserva. Para preservar os grandes momentos em Brasília, basta preocupar-se com uma reserva: NAOUM PLAZA HOTEL. Confirme logo a sua e venha viver o padrão internacional de serviços que fazem do NAOUM uma parada obrigatória dos nomes mais importantes que passam por Brasília. SHS - Quadra 5 - Blocos H/I - BRASÍLIA - DF - BRASIL-CEP^OSOO-SOO PABX:(06l) 226-6494 - Toll Free:(06l) 800-4844 NAOUM PLAZA HOTEL BRASÍLIA-DF ***** Folha do Meio Ambiente I D Brasília, agosto de 1995 PREVENÇÃO Projeto torna obrigatório recolhimento de pilhas Jornal de Terceiros Cláudia Mlllor Quando uma inocente criança joga uma pilha usada de seu brinquedo no lixo comum de sua casa, não imagina o mal que faz ao meio ambiente. Hoje, há quem aposte que além de degradar o meio ambiente, esse ato é uma séria ameaça à saúde humana. É o caso, por exemplo, do vereador Gilson Barreto, de São Paulo, que apresentou um projeto de lei na câmara municipal paulista tomando obrigatório o recolhimento de pilhas, baterias e outros produtos congêneres quando descarregados, visando a proteção à saúde pública e ao meio ambiente. Pelo projeto, que já se encontra em pauta de votação na câmara, os comerciantes de pilhas deverão dispor de um local próprio, com identificação e bem sinalizado, contendo recipiente apropriado, onde a população possa depositar esses produtos quando descarregados. Os recipientes serão guardados para posterior recolhimento dos fabricantes, quando esses forem repor a mercadoria. Ficaria sob a responsabilidade desses fabricantes a destinação final do produto ou sua reciclagem, protegendo assim, a saúde da população e o meio ambiente. O vereador justifica seu projeto argumentando que as pilhas e baterias possuem substâncias nocivas, tanto para a população quanto para o meio ambiente. Segundo ele, as pilhas comuns possuem três metais pesados (zinco, chumbo e manganês) e elementos químicos perigosos (cádmio, cloreto de amônia e negro de acetilênio). Nas pilhas alcalinas, a situação é pior, já que elas contém, também, o mercúrio, mais tóxico ainda. Para Gilson Barreto, o grande problema é que a maior par- TOME NOTA Congresso ecológico Para todos os profissionais ou estudantes que atuam ou se interessam pela área das ciências do meio ambiente, a Sociedade Nordestina de Ecologia, realizará o 6o congresso Nordestino de Ecologia, no período de 27 a 30 de setembro, em João Pessoa - Paraíba. O objetivo do Congresso é proporcionar um intercâmbio pessoal, tecnológico e uma troca de idéias com diversos profissionais de várias partes do país e do mundo que atuam na área de ciências ambientais. Mais informações com a Sociedade Nordestina de Ecologia - R. Pessoa de Melo, 335 Madalena - CEP: 50610-220 - Recife-PE - Telefax:(081) 227-2708. RFFSA e meio ambiente A Rede Ferroviária Federal S/A, promoverá no Rio de Janeiro, de 12 a 14 de setembro, o Io Seminário de Segurança Industrial e Meio Ambiente. O evento reunirá especialistas e técnicos de todo o Brasil, e incluirá profissio- nais universitários e da iniciativa privada. Outras informações poderão ser obtidas junto à Coordenação Geral do evento, pelos telefones: (021) 291-2185 - ramal 2221 e 223-3745. Metais pesados existentes nas pilhas podem ameaçar meio ambiente te da população descarta as pilhas, quando descarregadas, em lixo comum, sem tomar os cuidados necessários, contaminando o solo e o subsolo, uma vez que esses produtos comumente, vão parar em aterros à céu aberto. Os resíduos desses produtos entram na cadeia alimentar humana, pois quando ficam expostas ao sol e à chuva, eles se oxidam e se rompem, penetrando no solo. SUMMARY The Municipal Chamber of San Paulo might vote soon a project oflaw elaborated by the Municipal Representative Gilson Barreto, turning mandatory the collection, by the stores, of discharged batteries and products alike, aiming the protection to the welfare and to the environment. Thefactories assure that the se products present no harm to the environment. podendo atingir o lençol freático, chegando aos córregos e riachos. Assim, parte desses metais acaba atingindo à população através da irrigação da agricultura e pela ingestão da água. Não poluente - A tese de contaminação defendida pelo vereador paulista é rejeitada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee, que sustenta que em geral não se cogita, no Brasil, da contaminação do lixo doméstico ou do meio ambiente provocada por pilhas usadas, uma vez que, em sua fabricação, são aplicadas normas adotadas internacionalmente. De acordo com a Abinee, "a pilha é uma mini usina elétrica portátil que transforma energia química em elétrica. Nessa reação, os componentes químicos são transformados em energia e subprodutos de forma irreversível. Quando esgotadas, não tem nenhuma serventia. Transforma-se em lixo comum e geralmente são descartadas com o lixo doméstico, como ocorre nos demais países, não representando perigo à população". Lei protege ecossistema do DF Em solenidade no auditório da Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia Sematec, o governador do Distrito Federal, Cristóvam Buarque, sancionou em 25 de julho passado a lei que regulamenta a criação de unidades de conservação, denominadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) de monumentos naturais. Pioneira no Brasil, a lei sancionada pelo Governo do Distrito Federal prevê a proteção ambiental das cavernas, gmtas, abrigos, saltos e cachoeiras existentes na região. A lei é de autoria da deputada Lúcia Carvalho, do PT, e contou, para sua aprovação na Câmara Legislativa, com o apoio de grupos ambientalistas como o Cabra Companheiros Andarilhos de AGENDA Brasília, Sapo - Sociedade dos Amigos do Parque Olhos d'Àgua e da Patrulha Ecológica. Segundo a deputada Lúcia Carvalho, "existem no DF muitos sítios de especial beleza cênica, cuja extensão limitada ou ausência de diversidade de ecossistemas não justificam a criação de um parque nacional ou de uma reserva ecológica. Por isso, a criação dos monumentos naturais - que são áreas de domínio público e que têm como objetivos também preservar a natureza e proporcionar oportunidades para a pesquisa científica, a educação ambiental e o turismo ecológico - será tão importante não só para os brasiüenses, mas para o planeta. Vale a pena destacar que apenas os monumentos naturais e as áreas de acesso é que poderão ser desapropriados com a lei." A partir de agora, ficará sob a responsabilidade da Sematec e do Instituto de Ecologia e Meio Ambiente - lema, a forma de utilização de cada cachoeira, caverna, gruta, abrigo e salto do DF que vier a ser considerado unidade de preservação, no caso monumento natural. Com a lei, serão preservadas cachoeiras como a de Tororó, Colorado (APA Cafuringa), Rio do Sal, Saia Velha, Piriripau, Sobradinho, Ribeirão Dois Irmãos, Mumunhas e Poço Azul; grutas como as do Morro da Pedreira (Córrego do Ouro em Sobradinho), Dança com Vampiros, Furado Grande, do Volks Clube, Água Rasa, Boca do Lobo, dos Morcegos, Lapa de Naja, Anos Dourados, Cortina Sagrada, Kipreste do Parto, da Fazenda Dois Irmãos, da Barriguda, do Labirinto, do Muro de Pedra e Conjunto Salfenda rio do Sal em Brazlândia - e Abrigo da Pedra Encantada. Esses monumentos poderão receber um tratamento especial do GDF no que se refere à preservação e à democratização do acesso. Mostra de vídeo Atenção ambientalistas! Será realizada ali* Mostra de Vídeo de Santo André, entre os dias 7 e 12 de novembro, promovida pelo Núcleo de Vídeo, através do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Santo André. As inscrições e entregas do trabalho serão aceitos até o dia 31 deste mês. Outras informações com o Núcleo de Vídeo - Departamento de Cultura de Santo André - Praça LV Centenário, n" 2, térreo, prédio da SECE - Paço Municipal - Centro - Santo André-SP - CEP: 09015-080-Fones: (OU) 411-0739 e 411-0142. Arborizaçao urbana A Universidade Livre do Meio Ambiente realizará dentro da sua programação de atividades do terceiro trimestre, o curso de Arborizaçao Urbana, destinado a técnicos dos níveis médio e superior que prestam seus serviços a instituições que amam na área de meio ambiente. O curso visa tomar conhecidos os meios técnicos de estabelecimento e manutenção da arborizaçao em cidades, bem como o planejamento de sistemas de áreas vades urbanas. O curso será realizado no período de 25 a 29 de setembro e possui 50 vagas. Mais informações junto à Univasidade, no tel: (041) 254-5548 - Fax: (041) 335-3443. Seção brasileira da IAIA A IAIA - International Association for Impact Assessment, realiza em Belo Horizontei no período de 20 a 23 de agosto, o 4o Encontro Anual de sua Seção Brasileira. O evento está sendo organizado pelo Comitê Regional de Minas Gerais e reunirá ambientalistas dos setores público e privado, de ONGs, de universidades e empresas de consultoria, de órgãos estaduais de licenciamento ambiental e do Ministério Público. O objetivo do encontro é discutir e avaliar a efetividade dâ aplicação de metodologia de avaliação de impactos em setores como mineração, gestão de bacias hidrográficas, agricultura e saneamento, além de debater a capacitação profissional na área ambiental. A taxa de inscrição é de R$ 30,00, para associados da IAIA, e de R$ 65,00, para não associados (inclui uma anuidade gratuita da Seção Brasileira). Informações na Rua da Bahia, 1345, sala 1103, ou pelos telefones: (031) 273-8099 e 226^712 (fone/fax). Esporte protege natureza A Chapada Turismo Ecológico e Aventura Ltda., sediada na Vila São Joige, Alto Paraíso, Goiás, próximo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a 250 km de Brasília, iniciou a implantação do Programa de Incentivo Cultural e Esportivo da Chapada dos Veadeiros. No mês de setembro de 1994, nos dias 10 e 11, realizou-se o Io Pólo Aquático em Água Corrente, Cachoeira de São Bento, a 1* Trilha nas Montanhas - Bicicletas e uma inesquecível caminhada até a cachoeira Almécegas. O evento foi considerado, pela imprensa e pelos duzentos participantes, o primeiro grande passo do esporte pela proteção da natureza, com enorme sucesso. O programa segue com a realização de várias atividades como pólo aquático, caminhada, escaladas, tai-chi-chuan, dança, música, xadrez e pipas nos dias 7, 8 , 9 e 10 de setembro de 1995. Contatos com Elmo Soraggi: Fone: (061) 348-2555 e Fax: (061) 274-5954. Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 16 ECOTURISMO Um paraíso no oceano Atlântico Fernando de Noronha luta para conservar sua beleza em meio a problemas de infra-estrutura e ao avanço do turismo Fotos: Oioclécío Luz Dlocléclo Luz O paraíso existe. Fica no Oceano Atlântico, a 510 km do Recife, e mede exatamente 26 km2. No passado, há 18 milhões de anos, foi um vulcão. Tem a forma de um arquipélago - são 21 ilhas e ilhotas - e está protegido por um Parque Nacional Marinho. Isto é Fernando de Noronha (nome da ilha principal). Um lugar que muita gente acha que não existe. Mesmo depois que bota os pés ali. A beleza de Fernando de Noronha está na paia. No que se avista da tora - o mar tocando as escarpas, as ilhotas, apaisagem. Nas águas também: as muitas espécies marinhas e, em especial, o golfinho rotador {stenela longirostris) e as tartarugas marinhas. E debaixo d'água: poucos lugares do planeta são tão propícios à prática do mergulho submarino quanto Panando de Noronha. Panando de Noronha é para quem gosta de mar e de história. O arquipélago é citado no Hanisfério de Juan de La Cosa, um documen- O parque marinho Criado por decreto em 1988, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha ocupa 112,7 km2. Sua área abrange as 21 ilhas e ilhotas que compõem o arquipélago de Fernando de Noronha, entrando no mar até a uma profundidade média de 50 metros. De acordo com o diretor em exercício do parque. Marco Aurélio da Silva, está em fase de implantação o Plano de Manejo e o Plano de Ações Emergenciais da Unidade de Conservação. Esse plano definiu sete áreas que podem totalmente, podem parcialmente ou não podem ser visitadas por turistas. O Plano de Manejo prevê 15 fiscais em atividade, mas hoje só tem 10 trabalhando no parque. Na área do parque é permitida somente a pesca artesanal e para subsistência. Os ilhéus podem pescar em barcos. A caça submarina é terminantemente proibida. Estão sendo desenvolvidos dois grandes projetos: tartarugas marinhas - Tamar - e golfinhos rotadores. (D.L.) Vista aérea do arquipélago de Fernando de Noronha _À í^sBjBk -M . - , P. ^KBU |-^' HÍP «IéIBI ÍMÍP ^S^pl IHL to datado de 1500. A data oficial do descobrimento é 10 de agosto de 1503 - conforme assinala Américo \fespucio, depois de passar pelo local, em sua obra, "Lettera", pubücadanaEuropadas anos depois. Pdailhapassaram pratas, como o inglês, Francis Drake; cientistas de peso, como Charles Darwin; artistas como Debret. Os fitanceses já mandaram na ilha (1615), e também os holandeses (1629-1654). Em 1938, tornou-se presídio polí- ™ . * j^.-. tico. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, os americanos fizeram dela uma base para ações no mar, voltaram depois (1957-1965) para atuar com mísseis teleguiados. A partir de 1988, o arquipélago foi anexado em definitivo ao Estado de Pernambuco - hoje é Distrito Estadual subordinado ao gabinete do govemadoi; a quem cabe a indicação do seu administrador. Algumas passagens deixaram marcasnailha. Igrejasdo século 18 estão lá resistindo à ação do tempo. Do meano penodo se encontra uma dezena de fortes (alguns não passam de minas hoje). A presença militar foi destrutiva para o arquipélago. A instalação do presídio representou uma tragédia: para evitar que os prisioneiros utiliza-ssem a madeira existente na mata e constmíssem barcos, o direção do presídio mandou derrubar toda floresta nativa. Não sohou quase nada. Passados mais de 50 anos, a mata atlântica de Fernando Noronha se resume a uma cobertura arbustiva de SUMMARY Faltam água, esgoto e energia Fernando de Noronha tem problemas de água, esgoto, eneigia e transporte, além de poluição e erosão. A escola, com 552 alunos, está com seus equipamentos básicos inutili-zados e não tem como pagar os professores. A população está se organizando para resolver os principais problemas do local. A administração da ilha promete dar um destino ade-quado para o grande volume de lixo produzido principalmente por turistas, cuja entrada na ilha está limitada hoje a no máximo 120 pessoas, sendo de 420 a população máxima de visitantes pousada no local - antes, na alta temporada das férias, entravam até mil turistas por dia Existem hoje 200 toneladas de sucata de metal e mais 100 toneladas de vidro. A falta d'água é uma realidade. Cerca de 90% da população recebe água enca-nada e 10% é abastecida por cairo-pipa. Mas é água de qualidade inferior, colhida das chuvas e armazenada nos quatro açudes. Existem 42 poços artesianos, mas só uns poucos funcionam e abastecem setores específicos, como a Base local da Aeronáutica. A * *mʱ - *^^SÊk íy - 1^^mm»*^'' Tvy BH ÊÉk WÊÊê Belos praias atraem um número cada vez maior de turistas Com suas poucas estradas esburacadas, a administração pretende estimular o uso de bicicletas e charretes, meios bem menos agressivos ao meio ambiente que os atuais bugres, que circulam na ilha. Para suprir a falta de alimentos, a administração desenvolve um programa de estímulo ao cultivo de hortaliças e frutas. Existem atualmente 35 colméias em atividade, que produzem 700 litros de mel por ano, sendo o único lugar do Brasil que pouca densidade, tomando frágil o seu ecossistema. fteservar é hoje a grande preocupação na ilha. A questão é como ajustar o turismo, principal fonte de renda dos ilhéus, com a qualidade de vida da população e a conservação ambiental? Apopulaçãoda ilhaéde 1.900 pessoas (só 30% são nativas), distribuídas por 16 pequenas vilas. O transporte é precário - 320 carros estão autorizadosatransitar na principal via, esburacada. A água potável vem do continente; a que sai das torneiras é água de chuva recolhida dos quatro açudes. A energia elétrica vem de geradores a diesel barulhentos e poluidores - suplementados em 10% por turbinas eólicas. Existe uma população animal avançando sobre os recursos naturais - são 400 cabeças de gado e 1300 cabeças de caprinos e ovinos, soltos na ilha. Acriação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em 1988, representou um avanço no sentido de preservação da área, mas não eliminou o risco de depredação. tem abelhas européias puras, não africanizadas. Os animais que circulam na ilha deverão ser confinados em outra área. O diretor de Infra-estrutura de Fernando de Noronha, Roberto Fèndra Rocha, garante que só 10% dos esgotos uibanos sãode^jados no mai; enixra ambien-talistas garantam que 100% deles são efetivamente jogados no mar. He diz ainda que 80% das fossas estão ligadas a um sistema condomnial; com 20% da população sem fossas. Também falta eneigia dedica ÇÜL.) Amidst urban infrastructure problems and tourism advances, the Fernando de Noronha Archipelago, in the Atlantic Coast, struggles to survive as one ofthe most beautiful ecological sanctuaries in the world. Considered as a groundzero in terms of pollution in the planet, the Archipelago already attempts to limit tourism activities, even putting boundaries in áreas which are not to be visited, aiming the preservation of its ecosystem. The visitor canfind in the 21 islands in the archipelago beautiful beaches, and sea fauna and flora of inexplicable ecological value, which must be most carefully preserved by the man. Continua na pág. 17 Folha do Meio Ambiente I / Brasília, agosto de 1995 Os cuidados com o ecoturismo Dioclécio Luz O turismo pode ser uma solução econômica e social para os moradores da ilha, mas é uma ameaça ao equilíbrio ecológico. 0 diretor da Fundação Américo Vespúcio (uma ONG) e da empresa de mergulho, Águas Claras, sediadas em Fernando de Noronha, Randal Fonseca, é defensor do ecoturismo. "Nós temos que atuar com o mínimo de impacto possível e passando informações para os visitantes", diz ele. Por isso seu turismo é orientado para os mergulhos, saídas guiadas com mountain bike, e palestras - a empresa tem uma programação diária de palestras abertas à comunidade e a visitantes tratando de temas como ecologia, golfinhos, cetáceos, geologia, arqueologia submarina, tubarões. Mas preocupações desse gênero não são comuns. Considerando a falta de recursos financeiros e trabalho na ilha, a chegada do turista nem sempre está associada a um cuidado com a preservação. O melhor exemplo é o navio Funchal. O barco faz um percurso turístico (até 10 viagens em dois meses) no litoral brasileiro, incluindo Fernando de Noronha. Ora, cada vez que o Funchal aporta na ilha ocorre um "terremoto" na infra-estrutura local. Afinal, são 600 pessoas invadindo uma ilha de fama paradisíaca, querendo ver tudo em seis horas (tempo em que ficam no lugar). Os habitantes, guias e comerciantes, donos de bugres e a comunidade de um modo geral, enlouquecem com a possibilidade do dinheiro rápido. Cobram sempre mais caro que a atividade comum. A infra-estrutura da ilha, porém, não está preparada para uma carga tão violenta. A chegada do Funchal requer mais água nas torneiras, mais energia elétrica; é mais poluição nas ruas (lixo, barulho, poeira, erosão). A comunidade está decidindo se tira Fernando de Noronha da rota do Funchal. Fotos: Dioclécio Luz Palestras alertam para as ameaças da poluição Mata nativa foi derrubada A presença humana foi tão devastadora para o arquipélago de Fernando de Noronha que até hoje existe dificuldade em se saber, do que restou, o que é nativo e o que veio de fora. Em 1938. foi instalado um presídio na ilha e o diretor achou por bem derrubar a mata nativa exuberante para evitar que os presos usassem a madeira para construir barcos e saírem de lá. Acabaram com a mata e a ilha até hoje não recuperou a cobertura vegetal. Existe uma planta invasora, a trepadeira jitirana, que se adaptou muito bem à região, cresce bastante no tempo da chuva e cobre as plantas mais novas e até as árvores impedindo a evolução da mata. As sementes de jitirana - como de outras espécies menos agressivas - são dispersas pelos pássaros e animais domésticos, através das fezes, ampliando mais ainda a população de plantas exóticas. Contribui com a disseminação dos "estrangeiros" o rebanho de gado bovino (400 cabeças), caprinos e ovinos (1.500 cabeças) existentes na ilha, hoje na mais completa liberdade. A presença de ratos também é maciça na ilha e para combatê-la foi introduzido lagartos teju (ou teiú), só que um (o rato) tem hábitos noturnos e outro (o lagarto) tem hábitos diurnos. Outras espécies conhecidas são a lagartixa cinza, mabuya maculata, só encontrada em Fernando de Noronha, e a cobra de duas cabeças, amphisbaena ridleyana. Existem pássaros como o sebito (yiveo gracilicossis), a cocumta (slanea spectabilis), pomba avoante ou ribançã (zennida auriculata). Aves marinhas residentes na ilha: catraia (fragata magnificens), rabo de junco do bico amarelo (phaeton leptums), rabo de junco do bico vermelho (phaeton aethereus). Sem contar as centenas de espécies de aves migrantes que fazem de Fernando de Noronha um local de descanso ou para procriação, a imensa fauna submarina onde se incluem as tartarugas e os golfinhos rotadores. A erosão carrega terra para o mangue da ilha A administração da ilha orienta os turista para não poluírem as praias Projeto Tamar protege tartarugas No passado, as tartarugas marinhas ociçaram os cardápios refinados dos nobres europeus, salvaram os náufiragos que não tinham o que comei; alimentaram as populações de ilhas como Fernando de Noronha. E a farra foi tão grande que as oito espécies encontradas no mundo quase foram extintas. Para evitar um desastre - o fim das cinco espécies que ocorrem no Brasil - o Ibama criou, em 1980, o Projeto Tamar. Ele é constituído par 20 estações, com equipes que cuidam da preservação das espécies, patrulhando as áreas de desova, marcando as fêmeas na época da postura nas praias ou transferindo os ninhos para cercados para evitar a depredação. As estações estão distribuídas por mil km de litoral brasileiro nos seguintes estados: Ceará, Pernambuco (Femando de Noronha), Rio Grande do Norte (Atol das Rocas), Alagoas, Sergipe, Bahia (coordenação nacional). Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto é mantido com recursos do Ibama e instituições como a Petrobrás, WWF, Banco Saíra, Aracruz Celulose e Fundação Boticário. É importante observar que 30% dos recursos advém da venda de artigos de divulgação, como camisetas, chaveiros e bonés. A equipe do Projeto Tamar em Femando de Noronha é formada por 11 pessoas. A atividade básica consiste no monitoramento dos ninhos, marcação das tartarugas jovens, pesquisa, conscicnüzação da população local e dos visitantes. Ete acordo como coordenaésr local e regional, Cláudio Bellim, de todas as estações, Femando de Noronha é a que tem a menor população de tartarugas marinhas. "Desde o descobrimento do arquipélago qne elas são utilizadas como alimento da população local e dos visitantes", observa Cláudio. EmF(^iaiidodeNo!Txiliaoconçnibaskamenteduaseq3écies:atartanigaveKle(chelonia raydas) e a tartaruga de pente (eretmochelys imbricata). Implantado na região em 1984, segundo Cláudio, o Projeto Tamar/Ibama conseguiu estabilizar a população. "No primeiro ano só foram encontradas duas fêmeas desovando; no ano passado registramos 14 fêmeas e marcanxjs 20 novas tatanigas jovens", diz. O Atol das Rocas, suboidinado à sua coordenação, é um paraíso para as tartarugas. Lá se encontram até 170 tartarugas fêmeas desovando; em 1994 eclodiram 80 mü ovos. Era F«man<to de Noirxiha, no mesmo ano, só eclodiram 7 mil ovos. Em 15 anos de projeto, no Brasil foi assinalada a eclosão de 1,8 milhões de ovos. Bugres estragam a maioria das estradas A trepadeira jitirana cobre arbustos e árvores Brasília, agosto de 1995 I O Folha do Meio Ambiente OS CORREIOS CORRESPONDEM COM VOCÊ. Caixas de coleta e postos de venda autorizados. O mesmo conforto e agilidade das agências dos Correios. Os Correios estão sempre trabalhando para facilitar a vida das pessoas. Além de contar com as agências, você ainda pode usar as caixas de coleta e os postos de venda autorizados para mandar suas correspondências na hora que você precisar, mesmo quando as agências estiverem fechadas. CAIXAS DE COLETA. As caixas de coleta são uma maneira prática e segura de mandar suas correspondências. Com elas, você economiza tempo e pode ter a certeza de que sua carta vai chegar no lugar què você quiser. É muito fácil usar as caixas de coleta. É só ter sempre à mão selos, aerogramas e envelopes pré-franqueados. Assim, você pode usar os serviços dos Correios 24 horas por dia. POSTOS DE VENDA AUTORIZADOS Os postos de venda autorizados são mais uma opção criada pelos Correios para você mandar suas correspondências com o mesmo conforto e comodidade das agências. Perto de você existe sempre um posto de venda autorizado, onde você pode comprar selos: uma papelaria, banca de revista, mercearia, armarinhos ou qualquer outro lugar credenciado pelos Correios. CAIXAS DE COLETA E POSTOS DE VENDA AUTORIZADOS UMA FACILIDADE A MAIS DOS CORREIOS PARA VOCÊ. MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES Brasília, agosto de 1995 Folha do Meio Ambiente AGENDA 21 Brasil faz bonito em Oslo na plenária da ISO 14000 Slmone Silva Jarlm niões que ocorreram no mundo inteiro (Copart), entidade normativa que agrudesde a fundação do Comitê Técnico pa os países das Américas do Sul, Mais um importante compromisda ISO, em 1993. Na última reunião, Norte e Central como representante so da Agenda 21 foi cumprido pelo em Oslo (Noruega), mês passado, a oficial de todos os países Brasil, no último dia 8.0 Ministério entidade enviou 22 profissionais. "A panamericanos no TC-207, proposta do Meio Ambiente, dos Recursos delegação brasileira foi a sexta maior inicialmente sugerida pelos Estados Hídricos e da Amazônia Legal orgaUnidos. Também 70% da normanizou, em Brasília, o fórum lização ambiental do Mercosul "Meio Ambiente e Comércio estão a cargo da ABNT. Exterior - Os Desafios da ISO Em setembro, a delegação 14000", uma espécie de "presbrasileira estará integrando o cotação de contas" feita pela Asbiçado Conselho da ISO, o mais sociação Brasileira de Normas alto escalão decisório das polítiTécnicas (ABNT) a membros cas e estratégias de normalizações do governo, empresários, políinternacionais. O conselho é reticos, técnicos e representantes presentado por 16 países, cinco de entidades civis, sobre o trafixoseosoutrosB eleitos periobalho que sua equipe de especialistas vem realizando junto dicamente. ao Comitê Técnico, TC 207 da Para participar de toda essa agenda internacional, a ABNT ISO. De âmbito internacional, conta com o respaldo financeiro da entidade conta com paísesde 33 empresas voluntariamente membros que, vale lembrar, associadas ao "Programa ABNT produziu a série ISO 9000, resMeio Ambiente". As anuidades ponsável pela padronização de pagas por essas companhias ligasistemas de qualidade que já das a setores já sensibilizados conta com mais de 800 emprepara a questão ambiental como o sas certificadas no país. de papel e celulose, siderurgia, A ISO 14000, que ainda mineração, calçados e couro, ganão foi concluída pelo TC 207, rantiram uma verba de US$ 1,6 é uma nova série que abriga, milhão para este ano. exclusivamente, um elenco de normas para garantir uma ges"Precisamos da adesão de tão ambiental capaz de aumenmais empresas. Afinal, as propostar a capacidade das organizatas e teses que levamos para as ções de alcançarem e medirem reuniões plenárias do TC 207 reas melhorias de seu desempepresentam os interesses da nossa nho com relação ao meio ambi- Antônio Avellar, presidente da ABNT: Nf0 indústria. O Brasil está realmente ente. No primeiro semestre de %%">£ £%, <%£%?. " ""«•' ,0 " ativo na produção das normas da 1996 - quando estima-se que a ISO 14000, não temos uma posisérie de normas de gestão ambiental dos 60 países presentes. Conseguimos ção passiva nesse processo. Muitas ganhará seu texto definitivo e publialgumas posições de liderança nessa coisas ainda podem ser mudadas, mas cado - a ISO 14000 passará então a discussão. Todas as propostas de alteé preciso participação de todos", destaser o carro-chefe das relações de coração de texto em defesa de tese que o cou Avellar. Brasil levou foram vencedoras. Por mércio internacional na União EuroPauladas em 962 - Há quem péia. A atuação da ABNT, única enindicação informal dos Estados Uniacredite que, a partir da publicação dos, nossa delegação foi escolhida como tidade nacional a ocupar assento nos definitiva da ISO 14000, a indúsfóruns internacionais sobre normalia primeira em termos de qualidade de tria nacional vai tomar muitas "pauzações, vem colocando o Brasil em apresentação de trabalhos e participaladas" dos importadores europeus. ção no fórum", relatou Avellar. destaque nesse novo e estratégico "Isso não vai acontecer só a partir cenário. Ainda em maio deste ano, em endo ano que vem. Hoje em dia, as contro realizado na Argentina, a ABNT "A ISO 14000 representa uma companhias brasileiras já enfrentam barreira não tarifária ao comércio infoi nomeada pela Comissão restrições porque há países na Euternacional, mas também é uma oporPanamericana de Normas Técnicas ropa, como a Alemanha, que exitunidade única para melhorarmos siggem que as embalagens dos produnificativamente nossa tos sejam biodegradáveis, que têm competitividade. No Brasil, tais norsuas próprias normas ambientais. A mas deverão ter repercussão ainda questão ambiental não começa com maior que a série ISO 9000, porque a ISO 14000; o próprio Brasil tem Anotker important os sistemas de qualidade estão ligamais de 80 normas, já em vigor, que commitmentofthe Agenda 21 was dos a processos industriais; a quesdisciplinam diversos tipos de imfulfilled, on the past 8th of the tão ambiental é a própria vida", defipacto ambiental. A ISO 14000 só month. The Ministry of the niu Antônio Márcio Avellar, presiestá ampliando conceitos e unificanEnvironment and of the Legal dente da ABNT. "Mas não podemos Amazon organizedin Brasília the do os critérios de gestão ambiental. viver, daqui para a frente, sob o cusfórum "The Environment and the Portanto, o jogo está sendo jogaForeign Trade— The Challenges to de perder mercados. É apenas uma do", afirmou o presidente da ABNT. oflhe ISO 14000", a kindof "final regra do jogo que precisa ser conheA ABNT, juntamente com o verification balance", earried out cida e colocada em prática. A ISO Finep (empresa estatal financiadora by the Brazilian Association of 14000 é abrangente e complexa, vai de estudos e projetos), promoverá Norms and Standards (ABNT), do berço ao túmulo do que é produde 11 a 15 de setembro, pioneirafor the Brazilian society. The woríc zido. Temos um imenso trabalho pela mente no país, o Curso ISO 14000 done by the ABNT has been frente, afirmou. da KMPG, empresa de consultoria reaching positions of distinction Número 1 em Oslo - O trabalho holandesa, líder na Europa em Auin the TC 207. In the global de delegação brasileira no TC 207 ditoria Ambiental e com larga exmeeting in Oslo, last month, ali vem conquistando posições de desperiência na implantação de SGA the proposals presented by Brazil taque. Para se ter uma idéia, o país se em empresas. Para maiores inforfor changes in lhe document were fez representar por especialistas da winners. mações, ligar para (011) 222-8424 ABNT em todas as incontáveis reue 223-1961. SUMMARY I V FILATELIA LOGIA LAIS SCUOTTO A piHimavera nos selos brasileiros A primavera é a estação mais decantada pelos poetas, cantores e pintores através dos tempos. Românticos ou não, todos nós já ouvimos ou vimos alguma obra de arte sobre a primavera. A estação do amor, das flores e das tardes de domingo. Parece que todos os adjetivos se tomam redundantes ao falarmos dela, não é mesTARIFA POSW MAOOKiW. mo? T PORTÇ SEHSt * 1 Há muitos anos, essa bela estação do ..... . . .... ...^ ...^ ano vem acontecendo também na filatelia brasileira em suas várias emissões, assinalando as mais diversas espécies de plantas e flores que formam a riqueza de nossa flora. As belas e sedutoras orquídeas, por exemplo, foram inúmeras vezes lembradas em emissões postais, como em 1980, por ocasião da Expamer'80 - Exposição Filatélica da América e Europa, numa série que assinalou quatro espécies encontradas só no Brasil. Já em 1981, as "estrelas" da série flora brasileira foram as flores do Planalto Central, que apesar de ser uma região aparentemente rústica, abriga uma infinidade de espécies de rara beleza, a exemplo das assinaladas na emissão, entre as quais, a maria-mole-do-brejo (dklechampia caperonioides baill). Por ser uma das espécies que mais simbolizam o sentimento nacional, com suas flores verdes e amarelas quando no período de sua floração, o ipê-amarelo ilustrou o comprovante de franqueamento - CF, lançado em 1992; Neste ano, os Correios assinalaram novamente a flora brasileira, mas desta vez homenageando um dos maiores nomes do paisagismo nacional e mundial, o paisagista Roberto Burle Marx, que além de projetar praças, aeroportos, jardins como o do Aterro do Flamengo e do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, contribuiu de maneira significativa para a flora brasileira com a descoberta e o estudo de diversas espécies desconhecidas, como a vellozia burle-marxii, vulgar canela-de-ema; a helicônia (heliconia aemygdiana Burle Marx) que ocorre às margens do Alto Juruá; e, por fim, a calathea burle marxii H. Kennedy, também estudada pelo paisagista e que, junto às outras duas acima, foi assinalada no bloco comemorativo lançado no dia 4 de agosto último. Falando em primavera, não se pode esquecer dos beija-flores. A emissão que assinalou a Exposição Filatélica Brasileira Brapex 91, reuniu num bloco comemorativo bromélias, orquídeas e beija-flores, numa fusão de elementos da natureza, ressaltando a importância da integração fauna e flora na preservação do meio ambiente. Dessa forma, as emissões de selos do Brasil vêm promovendo e divulgando a nossa flora, aqui e no exterior, contribuindo também para a preservação dessas espécies. RESULTADO DO 8o DESAFIO FILATÉLICO. Qual o nome do Parque Nacional assinalado em selo, em 1985, que representa o único parque marinho do Brasil? R: Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. AGORA O 9o DESAFIO: O Rio Tietê sem alvo das atenções numa importante Exposição Filatélica, que acontecerá no mês de setembro em São Paulo. Qual o nome desta Exposição? Dica: é uma exposição binacional. Mande já sua carta e não esqueça de colocar seu endereço corretamente. Os brindes serão entregues pelo Correio. Folha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 ILEGALIDADE Empresa quer privatizar nos Em Belém, a empresa de engenharia Estacon vem sendo acusada de querer privatizar dois rios para uso particular de um condomíniodeluxo Fotos: Lufs Otávio Edson Glllet A Estacon, uma das grandes empresas de engenharia do Pará, vem sendo acusada na Justiça de querer privatizar os rios Laranjeiras e Samaúma para uso particular do condomínio de luxo Porto Laranjeiras, com 200 mansões, que está construindo no município de Ananindeua, a 11 quilômetros de Belém. A empresa já foi autuada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - Sectam, por não ter licença prévia para construir o condomínio, embora disponha de autorização da prefeitura de Belém e da Marinha. O auto de infração levou em conta o que foi apurado num relatório de vistoria e num parecer técnico elaborados por uma equipe da secretaria, que só tomou conhecimento das irregularidades do condomínio graças à denúncia formalizada pelo sociólogo e ambientalista José Mariano Klautau de Araújo, presidente do Conselho de Representantes da Ilha de Caratateua-Consilha, situada na região das ilhas de Belém. Em sua denúncia, Klautau argumenta que, com a construção do condomínio, a Estacon quer privatizar os rios Samaúma e Laranjeiras. "Isso é absolutamente ilegal", diz ele. Pbr seu lado, o empresário Lutfala Bitar, presidente da Estacon, se defende: "nós queremos preservar uma área degradada e ameaçada de invasão". Parecer técnico - O parecer técnico da secretaria constatou que o condomínio Porto Laran- SUMMARY Matas ciliares Coram destruídas na terraplanagem do condomínio Rio Laranjeiras foi aterrado jeiras estava sendo construído com autorização da prefeitura e da Marinha - por se encontrar às margens dos rios Laranjeiras e Samaúna (cursos d'água), mas que não tinha licença prévia de órgão competente. A secretaria constatou que houve degradação ambiental em 25 dos 54 hectares da área total do empreendimento. A degradação ocorreu com a retirada de cobertura vegetal de terra firme e ciliar e o aterramento das margens dos rios Samaúma e Laranjeiras, infrigindo o artigo 22 da Cons-tituição Federal e as leis federais 6766/79,4771/65 e 6576/ 78, além da lei estadual 5199/84, por estar desmatando matas ciliares de rios e implantando parcelamento de solo para fins urbano. Foram dados à empresa o direito de defesa e a obrigatoriedade de apresentar um Plano de Recu-peração de Área Degradada-PRAD. Discussão jurídica - Segundo informou Luís Ercílio Faria, diretor do Departamento de Meio Ambiente da secretaria, a licença prévia junto ao órgão é uma discussão jundica, já que a Estacon tinha sido autorizada a fazer a obra pela prefeitura e a Marinha. Entretanto, a Assessoria Técnica e Jundica do óigão manteve o auto de infração contra a empresa por ela ter desconhecido a legislação e efetuado desmatamento em mata ciliar. As ifthe threatens usually inflicted to the environment by the enterprises were not enough, in Belém, in the State of Para, Estacon, an Engineering firm, is being accused of trying to transform into private two rivers, for exclusive use by two luxury condominiums, with over two hundred mansions, in the Ananindeua County. EnvironmentaUsts in the State have considered "completely illicit" the intenüons of the enterprise, which might be sued by justice. Em sua defesa, o empresário Lufala Bitar argumenta que o projeto mantém em torno do condomínio cerca de 54% de área verde, contando com o aval de especialistas em meio ambiente, comoo engenheiro sanitarista Luiz Otávio Mota Pereira, ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária-ABES; o arquiteto e urbanista Milton Monte e o engenheiro Miguel Imbiriba, da Universidade Federal do Pará. O sociólogo Mariano Klautau também levou a denúncia ao Ministério Público Estadual, em documento enviado à promotora de justiça Marília Crespo. O caso está entregue à Promotoria do Meio Ambiente. Segundo fontes extra-oficiais, a tese de privatização dos rios poderá ser erguida pela promotoria. 20 Amazônia terá novo enfoque constitucional O governo deverá promover uma revisão dos dispositivos institucionais que tratam das relações econômicas e sociais na Amazônia, com o fim de adaptálos a nova Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal. Um encontro do ministro Gustavo Krause, do Meio Ambiente, com o ministro Nelson Jobim, da Justiça, também coordenador do processo da revisão constitucional, deverá definir as prioridades e bases dessas mudanças. A informação é do secretário da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, Seixas Lourenço, que inicia, nos próximos dias, um conjunto de discussões com autoridades estaduais e políticos regionais para discutir os termos e recomendações do Projeto Amazônico. Segundo Seixas Lourenço, também secretário do Conselho Nacional da Amazônia Legal (Conamaz), estão previstas quatro reordenações de ordem institucional na região: uma, que trata a divisão de responsabilidades pelo planejamento nacional e regional e sua execução entre União, estados e sociedade; outra está relacionada com a regulamentação das provisões de recursos constitucionais para a Amazônia; uma terceira, criando instrumentos financeiros de suporte ao Projeto Amazônico; e a quarta estabelece a necessidade de desimpedir o quadro constitucional das provisões que dificultam uma maior equidade entre as regiões. Além disso, com base ainda em disposições do Projeto Amazônico, está prevista a reestruturação dos organismos regionais hoje existentes, com a criação de uma agência multilateral para compartilhar ações do governo federal com as do estados amazônicos, os setores produtivos e a sociedade na região. ^ VERTANO Mais que uima maFca9ooo uama filosofia de traUmllio e qma liclaíL VERAIVO ÜÍOiTOlRA & COMUIVICA^ÃO JLTIDA. 0 Slü/SUL-Q. 08-N 2.095 - CEP 70.610-400 - Cx. Postal 07.0672 ^Tel.:_PABX (061) 344-3673 - Fax: (061) 344-1184 - Brasília-DF Brasília, agosto de 1995 Folha do Meio Ambiente Z I PREVENÇÃO População não é informada de riscos de explosões no Rio Lana Araújo O que prometia ser mais um belo final de tarde de domingo quente e ensolarado, transformou-se, no dia 16 de julho passado, num pesadelo para os moradores da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O pesadelo ocorreu quando um paiol de munição da Marinha, situado na ilha do Boqueirão - uma das cinco ilhas que formam um complexo na extremidade leste da Ilha do Governador - explodiu, provocando tremores até no distante Aterro do Flamengo, zona sul da cidade, e em Icaraí, Niterói. Passado mais de um mês e debeledas as chamas e contabilizados os prejuízos, a sombra do pesadelo ainda continua no local porque em mais duas ilhas, as de Nhanquetá e Rijo, estão armazenadas nada menos que 80 toneladas de explosivos, também da Marinha. A previsão de técnicos em explosivos é de que a explosão de tudo isso resultaria em mandar pelos ares boa parte de uma região onde vivem mais de 600 mil pessoas. Ao falar do sinistro do mês passado, o auditor ambiental Josimar Ribeiro de Almeida, professor de doutorado em Ecologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que é preciso haver maior preocupação com a população civil quando se trata de traçar planos de emergência para locais de riscos de explosão. Essa preocupação, segundo garantem assessores da Defesa Civil do Rio, existe de fato. No que discorda, o auditor ambiental: "esses planos não são iguais aos que existem para Angra dos Reis, onde estão instaladas usinas nucleares". A assessoria da Defesa Civil concorda, também, que no Rio existem outras áreas de grande risco de explosão, como a do gasômetro situado na Avenida Brasil, cujos custos de transferência dariam para construir dez outros iguais. O auditor Josimar Almeida assegura que já existe hoje tecnologia de análise de risco ambiental, mas no caso da Ilha do Boqueirão, o maior problema foi o risco social. "A foligem da pólvora assenta-se sobre o mar e sobre a vegetação, onde é lavada na primeira chuva. Aquilo ali foi construído de acordo com o modelo deplanejamento do século passado, ou seja, levava-se as áreas de risco para a zona rural. Atualmente, investese em controle de segurança e qualidade, com o Instituto Militar de Engenheria possuindo técnicos capacitados para isso", afirma Josimar Almeida. Vale lembrar também que a Petrobrás, que possui uma unidade numa SUMMARY The Rio de Janeiro 's population which is located nearby tke áreas threatened by fures and explosions, must be better informed about the way to react in cases of accident This is the conclusion reached by environment experts consulted by the Journal of the Environment, about the great explosions occurred last month in a Navy Warehouse, close to the Islands of Boqueirão. In Rio de Janeiro, there are five explosive sites: The Islands of Boqueirão, Nhanquetá and Rijo, the fuel storage warehouse of the Galeão Airport, and the park of arms of the Air Force. das ilhotas do complexo, desenvolve um programadeenvolvimento das comunidades circunvizinhas na prevenção e na solução de medidas de emergência para casos de acidente. Esse programa, chamado de Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais, já funciona nas refinarias de Duque de Caxias (RJ), de Gabriel Passos (MG) e Revap (SP). Na refinaria de Duque de Caxis, o programa já funciona há quatro anos. O pesquisador do Grupo de Análise de Risco da UFRJ, Álvaro Bezerra, esclarece que nesse tipo de programa, o objetivo é levar à comunidade informações sobre os riscos a que está submetida. "Não basta alertar para o risco externo, é preciso prevenir e informar sobre acidentes mais graves. A sociedade tem de ter acesso às informações de que existem tecnologias internas e que os acidentes são possíveis. Temos sempre que contar com a possibilidade de aciden- tes", alerta o pesquisador. Para o chefe do Serviço de Controle de Poluição Acidental da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (FEEMA), Antônio Carlos Gusmão, o acidente da ilha do Boqueirão não representou nada em termos ambientais. "Como medida de prevenção, os bombeiros passaram a noite na ilha d'Água, onde ficam os terminais da Petrobrás, da Shell e da Esso, situados a três quilômetros da ilha do Boqueirão", informa Antônio Gusmão. Ele esclarece que "temos tecnologia de ponta para atender a acidentes ambientais e que são treinadas inclusive pessoas de outros estados para trabalhar neste setor". Segundo Antônio Gusmão, o que tem de ser feito no caso dos riscos de acidentes é colocá-los em nível aceitável socialmente. "A análise de risco ainda é uma área nova no Brasil", conclui. Na ilha do Governador existem cinco pontos explosivos, quais sejam as ilhas do Boqueirão, de Nhanquetá e a de Rijo, além do armazém de combustível do Aeroporto Internacional do Galeão e do parque de material bélico da Aeronáutica, com os dois últimos com acesso apenas pela única entrada e saída da ilha, a estrada do Galeão. A Assessoria de Comunicação do Cornar III garante que seu material sempre esteve sob controle, agora redobrado. A Assessoria de Comunicação da Marinha prometeu se pronunciar sobre o assunto apenas no final deste mês, quando ficará pronto o Inquérito Policial Militar aberto para investigar as causas das explosões na ilha do Boqueirão. A explosão do paiol da Marinha, no Rio, vem se juntar a outros episódios ocorridos no país, como foi o caso do Césio 137 (Goiânia - GO) e outros, onde acidentes graves poderiam ter sido evitados caso houvesse maior preocupação das autoridades em fiscalizar o nível de controle de risco que devem ter essas áreas potencialmente sujeitas a acidentes. UFRJ estuda desmoronamento de estrada Lana Araújo O Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu uma metodologia de geoprocessamento que tem por objetivo estudar os trechos de risco de desmoronamentos nas estradas brasileiras. "Nós fazemos os estudos sobre os trechos que apresentam riscos de desmoronamentos em determinadas estradas e os entregamos para o DNER, que é o órgão responsável pelas estradas no país", assinala o professor Jorge Xavier da Silva, do Departamento de Geografia da UFRJ, especialista em geoprocessamento. Segundo o professor Jorge Silva, a metodologia do geoprocessamento vem sendo utilizada hoje até para a realização de estudos de análise ambiental. Para ele, sendo um elemento antrópico de descalçamento das encostas, a estrada, quando é construída, modifica as condições de circulação da água, o que acaba contribuindo para a ocorrência dos desmoronamentos. Na avaliação dos riscos de desmoronamentos, de acordo com o professor da UFRJ, são analisados a morfologia, a litologia, o uso da terra, a declividade do terreno e a cobertura vegetal da região por onde a estrada passa. Falta dinheiro para o DNER evitar casos de desmoronamentos O professor explica que os terrenos, quando ainda não foram mexidos, possuem um equilíbrio dinâmico próprio. Quando ocorre o desmatamento, há um desequilíbrio que implica na modificação da circulação das águas nas encostas, o que contribui para aumentar os riscos de desmoronamentos. Jorge Xavier da Silva informa que quando o Departamento de Geografia faz um estudo de riscos em determinado trecho de uma estrada repassa-o, sem cálculo de custos, para o DNER, que muitas vezes não dispõe de verbas suficientes para realizar todas as obras necessárias para evitar-se o desmoronamento.O instituto, segundo o professor, já realizou para o DNER, dois estudos importantes: o trecho da BR116,que liga São Paulo a Curitiba, e a estrada Rio-Teresópolis, que liga o Rio àBR-116. "Osproblemas das estradas só vão para a TV nas épocas de maior movimento, mas eles acontecem durante o ano inteiro. A gente estuda esses problemas e entrega os resultados ao DNER, que . não tem verbas suficientes para realizar as obras necessárias", completa o professor. PELO BRASIL Registro ilegal de agrotóxicos A Organização Pacifista e Ecológica de Ponte Nova (Paiíber) enviou ao ministro da Saúde, Adib Jatene, denúncia sobre o registro irregular no seu ministério de agrotóxicos e outros produtos tóxicos e corrosivos, como se fossem domissanitários, que são isentos do receituário agronômico e ficam fora da"fiscalizaçao dos órgãos estaduais. Formicida Granulada, Malathion 500 GB, Mata Formiga (pó e líquido), Formicida liquida e Formicida Tatu são alguns dos produtos denunciados. Triciclo colhe lixo A empresa Colperio doou à prefeitura de Manaus( AM), 20 triciclos para o recolhimento do lixo no centro histórico da cidade, que abriga, inclusive, o centro comercial da Zona Franca. Esse sistema permitirá que a coleta, antes feita somente à noite por caminhões, passe a ser realizada também durante o dia, evitando assim, o acúmulo de lixo. Todo material recolhido será levado para um centro de triagem, onde a Colperio fará a separação do papel, material queutiliza para reciclagem. Metais afetam trabalhadores Centenas de trabalhadores do parque industrial de fertilizantes do município do Rio Grande (RS), o segundo maior da América do Sul, podem estar irremediavelmente afetados por metais pesados, entre eles chumbo, zinco, cobre mercúrio, cádmio, alumínio e níquel, além de outros metais leves. A advertência foi feita pelo vereador Edson Costa, líder do PDT e também presidente da Comissão Popular do Meio Ambiente e Bem-Estar Social (Comabes), uma ONG do meio ecológico. Os metais são encontrados, em diferentes concentrações, nas matérias-primas utilizadas pelas indústrias de fertilizantes. A periculosidade dos metais pode aumentar em função do caráter bioacumulativo em que pequenas concentrações em doses diárias proporcionam nos tecidos orgânicos a longo prazo. Poema Santarém, no oeste do Pará, a 900 km de Belém, é o mais novo município do estado a receber uma estação de produção do hipoclorito de sódio. A estação consiste num sistema de abastecimento e tratamento de água com aproveitamento eólico e solar e faz parte do Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia - Poema, da Universidade Federal dó Pará. Criado há seis anos, o programa se faz presente em 88 municípios do estado. A previsão de atendimento dessa nova estação é de nove mil famílias de comunidades carentes de sua área de atuação. A experiência do Poema, que tem recursos do Unicef, começou na Dha do Marajó, no município de Ponta de Pedras e pretende atingir 132 municípios paraenses. Ilha ganha parque Um dos pioneiros pela luta da preservação do meio ambiente, Marcello de Ipanema, historiador e ambientalista, falecido em 1993, foi homenageado com seu nome colocado em um parque ecológico na Dha do Governador, no bairro Jardim Guanabara, Rio de Janeiro. O Parque Ecológico Marcello de Ipanema, com uma área de 11 mil metros quadrados, foi inaugurado no dia 11 de junho, com as presenças do secretário do Meio Ambiente, Alfredo Siriris; do presidente da Fundação Parques e Jardins, Marcelo Seixas; e da esposa de Marcello de Ipanema, Cybelle de Ipanema. Impacto ambiental O biólogo e professor de doutorado em ecologia da URRJ, Josimar Ribeiro de Almeida, há 10 anos na atividade de impacto ambiental, afirma que é perfeitamente possível estabelecer parâmetros de identificação de equilíbrio ou desequilíbrio em populações dequalquerespécie, animal ou vegetal. 'Tomamos sempre a relação entre a taxa de natalidade e de mortandade: o desequilíbrio se dá quando uma é maior que a outra em níveis insuportáveis", explica. "Para fazer uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)", continua o biólogo, "utiliza-se os organismos que respondem melhor os impactos - os bkmdicadores, como aves e espécies vegetais, além de animais das praias. Qualquer alteração no sistema faz com que esses animais desapareçam. O homem não serve como referência porque é muito resistente às alterações ambientais." Brasília, agosto de 1 995 LÁ Folha do Meio Ambiente PONTO DE VISTA O mar salgado GENTE DO MEIO SILVESTRE GORGULHO Lúcia, o anjo azul * Cláudio Vieira As lágrimas que salgaram o mar não são apenas lusitanas, como queria o poeta. São de todas as gentes que, nos oceanos, descobriram o caminho para o intercâmbio, para a sobrevivência, ou para as conquistas. Hodiernamente, o mar continua sendo caminho para o homem. Este, entretanto, parece, por vezes, esquecer que os oceanos são fontes de vida. Nos tempos dos plásticos, dos produtos químicos, da pesca industrial predatória, da fusão e da fissão nuclear, tentam matá-lo, alheios à sua importância na sobrevivência do ser humano. Homens outros, há, porém, viventes do mar por necessidade ou por paixão, que têm em si a preocupação de preservá-lo, não apenas por inspiração poética, mas, sobretudo, pela consciência, inata ou adquirida, de que a sua preservação é uma necessidade para o futuro do nosso mundo, como foi para o eu passado. Dentre esses, incluo os velejadores. O mundo da vela esportiva, mormente dos velejadores de oceano, assim chamados os que navegam apartados da costa e em travessias trans-oceânicas, tem, cada vez mais, despertado entre os seus a consciência da preservação dos oceanos e da vida ne- les existente. No Brasil, a vela oceânica tem-se desenvolvido com morosidade e, embora seja um esporte antiquíssimo, pouco apoio tem encontrado entre os órgãos governamentais, talvez porque ainda sobre ela pesa a conotação de elitismo. E o político, a despeito do fazer parte da elite, abomina-a em jogo de cena. Mesmo assim, os eventos esportivos da espécie têm acontecido, graças a vontade daqueles que os praticam e a algumas instituições particulares. Dentre os eventos esportivos da vela oceânica, no Brasil, destaca-se a Regata Recife-Femando de Noro- SUMMARY In Brazil, among the ocean sailing sports events, The Recife - Fernando de Noronha race stands out, as being the longest one, occuring annually under the coordination of the Sailing Association of Recife. This race is an example of well care for the environment, as its sailors, novice or experienced, are ecologically worried to populate the 300mile route firom the Brazilian coast to the Northeastern Island. The clean ocean they sail across is their natural habitat, as not one of the vessels, around 50 at ali, throws their garbage into the sea, or practice predatory fishing. On the conliary, at the end of the trajectory, it is interesting to notice that the crews in the vessels, aware of their contribution to preserving the environment, go ashore canying their bags of non-bio-degradable garbage, collecting during the trip. This behavior is spread among the sailors. nha, anualmente realizada sob a coordenação da Federação Recifense de Vela Oceânica - Frevo, e na sua seqüência, a Regata Noronha-Natal, esta última ainda não suficientemente concorrida e divulgada. Sobre ser, atualmente, entre nós, a maior regata oceânica de percurso, a Recife-Noronha é um exemplo de cuidado com o meio ambiente. Velejadores que a fazem, antigos ou neófítos, imbuídos de preocupação ecológica, povoam a rota de 300 milhas entre a costa brasileira e a ilha nordestina. O mar limpo de poluição onde navegam é, nos dias da regata, por eles considerado o seu habitat sendo bonito ver que nenhum daqueles veleiros, quase meia centena, despeja no mar o seu lixo ou pratica a pesca predatória. Ao final do percurso, é interessante notar os tripulantes dos barcos descerem à terra carregando os sacos com lixo não biodegradável, cientes de estarem contribuindo para a preservação do meio ambiente. Este é um comportamento difundido entre os velejadores, pois, sendo um lazer, a vela oceânica é, sobretudo, uma atividade de responsabilidade ecológica. * Cláudio Vieira é advogado e velejador Paulo Nogueira Neto e Lúcia: o casamento que frutlficou, multiplicando as ações por uma melhor qualidade de vida Não há como falar em meio ambiente, no Brasil, sem lembrar o nome do professor Paulo Nogueira Neto. Bacharel em Direito (1945) e mais tarde bacharel e licenciado em História Natural (1959), sempre luddo, equilibrado e muito respeitado, Paulo Nogueira Neto pode ser considerado o decano do movimento ambientalista do Brasil moderno. Não há como falar da obra e do trabalho do professor Paulo Nogueira Neto sem lembrar o nome da pessoa que iluminou o seu caminho e deu sustentação à toda sua vida profissional: a professora Lúcia Ribeiro do Wle Nogueira. Lúcia nasceu em São Paulo, no dia 18 de outubro de 1924. Formada em Pedagogja, usou sua inteligência e seus conhecimentos não para dar aula, mas para assessorar o marido, para ampliar suas ações e para ajudá-lo nas tarefas que lhe foram confiadas. Quando, após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, o governo brasileiro resolveu criar o primeiro embrião de um organismo federal para cuidar do meio ambiente, foi buscar Paulo Nogueira Neto para implantar e dirigjr a Scma - Secretaria do Meio Ambiente, ligada ao Ministério do Interior. O então secretário foi enérgico o suficiente, conciliador ao extremo e humilde o bastante para levar adiante a sua difícil missão. E levou. Em toda esta trajetória, tinha uma companheira dedicada. É ele quem diz: "Lúcia me ajudou muitíssimo na luta por um meio ambiente melhor." Lúcia foi revisora atenta dos livros que Paulo publicou: "O Comportamento Animal e as Raízes do Comportamento Humano"; 'A Criação de Animais Indígenas "Vertebrados"; 'Animais Alienígenas, Gado Tropical e Arcas Naturais". Ultimamente, ao tempo em que organizava as correspondências, conferências e viagens de Paulo Nogueira Neto, Lúcia revisava o livro 'A Criação de Abelhas Indígenas sem Fsrrão", que vai para a terceira edição. O trabalho de Paulo Nogueira Neto foi coroado cru sua inclusão (o único latino-americano), na importante Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimemnto, designada pela ONU sob a presidência da P Ministra da Dinamarca, Gro Brunddand que resultou no livro "O Nosso Futuro Comum". A comissão preparou a 21 Conferência da ONU, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, e consolidou a nova posição do Brasil sobre o tema Meio Ambiente. Não há como apreciar a vitoriosa trajetória profissional de Paulo Nogueira Neto sem admirar a valiosa colaboração e dedicada assessoria de Lúda Ribeiro do Valle Nogueira. Era um anjo a estimulai; proteger e a dar força para que Paub fosse sempre o mestre da boa relação com as plantas, com os animais e com os homens. Lúda se foi. Deixou cum trabalho anônimo, mas valioso. E quis o destino que Lúda recebesse uma derradeira homenagem: ela faleceu no dia 5 de junho de 1995, uma data que jamais será esquecida, por ser o Dia Mundial do Meio Ambiente. Lúda, anjo azul de Paulo Nogueira Neto, é Gente do Meio que recebe, por justiça, a homenagem da equipe da Folha do Meio Ambiente. Brasília, agosto de 1995 Folha do Meio Ambiente 2.Ó CIENTIFICAS Alexandros L. Georgopoulos Dimensões Reprodução engenhosa A baleia azul é o maior animal que já viveu no planeta tora. Dinossauros herbívoros gigantes, como o brontossauro, pesavam até 50 toneladas. Uma baleia azul pesa este tanto muito antes de atingir a puberdade. Quando estão completamente crescidas elas pesam 150 toneladas - ou três biontossauros. Baleias azuis crescem até mais que 30 metros, o que as toma também mais longas que qualquer outro animal. Elas são tão grandes que quando estão com a cauda pata fora da água e a cabeça apontando para baixo, seu nariz está submetido a uma pressão de três atmosferas. Seu coração pesa meia tonelada; uma criança pode engatinhar pela sua maior artéria Sua quantidade de sangue chega a 8.000 litros - suficiente, se fosse gasolina, para um carro pequeno dar duas voltas completas no planeta Tara. Seu cérebro pode pesar cinco quilogramas, quatro vezes o peso do cérebro de um ser humano adulto, e os que lidam com elas afirmam que são animais inteligentes. Uma mosca tropical americana, a dermatobia hominis, provavelmente detém o recorde da maneira mais estranha de se reproduzir. Ela captura mosquitos, põe seus ovos neles e então os liberta. Quando um mosquito que carrega ovos de dermatobia pousa num ser humano e o pica, os ovos chocam e as jovens larvas de dermatobia se arrastam pela prosbóscide (órgão pelo qual o mosquito se alimenta) do mosquito e entram na pele do homem. Então se enterram lá e eventualmente se tornam bem grandes e doloridas, mantendo um orifício na pele através do qual respiram. Larvas limpadoras Variadas larvas de insetos se alimentam de tecido animal em decomposição. Elas têm grande capacidade de distinguir entre tecido vivo e morto. Algumas são tão hábeis em fazer esta distinção que eram usadas extensivamente na medicina para limpar feridas como medida para prevenção contra gangrena. Algumas ainda são ocasionalmente utilizadas com esse fim. Em uma de suas expedições, o grande antropólogo Levy Strauss testemunhou a ação dessas larvas na mão de um tropeiro que se ferira com um tiro acidental, no interior do Brasil, por volta de 1935. Flores bizarras A vasta e variada beleza das flores, tão prezada pelos seres humanos, evoluiu somente para as plantas - que não possuem motilidade - enganarem outros organismos para que estes as ajudassem a se reproduzir, processo ao qual chamamos polinizaçâo. Apesar disso, nem todas as flores são atrativas segundo os padrões estéticos dos seres humanos. Há flores no sul da África por exemplo, que mimetizam olhos, orelhas, narinas, ânus e feridas de animais - completos - com odores apropriados. Estas flores são polinizadas por moscas que normalmente colocariam seus ovos em orifícios e feridas de vacas e antílopes. Esclarecendo A força dos magnetos Quão intenso é um campo magnético? A unidade de força dos campos magnéticos é o gauss, e, como parâmetro, a força do campo magnético do planeta terra é de mais ou menos meio gauss. ímãs de geladeira, desses que prendem receitas e recados, são de algumas centenas de gauss. O magnetismo é gerado quando se alinham os spins dos elétrons. Spin é um termo inglês que significa giro. Num material comum, os spins dos elétrons estão alinhados desordenadamente, mas num ímã uma parte deles está alinhada - tipicamente de 1% a 10 %. Os mais poderosos magnetos permanentes, como os de samário-cobalto ou de neodúnio-fer- ro-boro, têm campos de 3.000 a 4.000 gauss, e vários deles poderiam facilmente levantar a geladeira inteira. O futuro certamente trará melhoras nos magnetos permanentes, mas provavelmente sua força máxima estará limitada a 30 mil gauss, simplesmente porque há um limite para a densidade de elétrons cujos spins podem ser alinhados. Construir um magneto fisicamente maior aumenta primariamente a extensão e não a intensidade do campo. Assim, os mais intensos campos são produzidos por eletromagnetos, cujo magnetismo é uma simples conseqüência de cargas em movimento. Caro senhor George Vaske: Compreendo que tenha havido confusão na leitura do artigo Dieta X Tamanho Corporal. Na verdade, o título deveria ter sido Dieta X Tamanho Corporal nos Primatas. Naturalmente, devido ao título incompleto, pode-se interpretar o conteúdo do texto como sendo extensivo a todos os animais. O caso é que estamos falando de primatas (macacos), que são encontrados na natureza em estado selvagem, por isso se alimentando do que for possível encontrar em sua área de ação. Tais animais não possuem a versatilidade da dieta humana por não terem evoluído para isso. O homem e seu parente mais próximo, o chimpanzé, se separaram de seu ancestral comum há pelo menos 8 milhões de anos (se houver oportunidade, escreverei sobre isso numa outra edição), tempo suficiente para adaptar um organismo a uma dieta mais variada. Já os primatas sobre os quais escrevi, são os que vivem e têm vivido em florestas por mais tempo do que isso, sendo portanto, forçados a ingerir sempre determinados tipos de alimentos, para os quais acabaram se adaptando de uma forma muito exclusivista, ou seja, não aceitam facilmente outros tipos de alimentos, por não poderem processálos devidamente. E preciso lembrar que as plantas produzem toxinas para justamente impedir herbívoros de as devorarem, e que os herbívoros evoluem dando um jeito de "driblar" estas toxinas. Por isso, não é fácil uma espécie adaptada a um determinado tipo de dieta subitamente mudar o seu cardápio. Os riscos são enormes, e um erro pode significar a morte. Brasília, agosto de 1995 24 Folha do Meio Ambiente A arte da jardinagem Mamíferos Marinhos AFundaçao O Boticário de ftoteção àNatureza, uma instituição sem fins lucrativos, que patrocina ações efetivas de defesa e conservação do meio ambiente, lançou um folheto com a finalidade de ajudar o reconhecimento dos mamífeios mais comuns no sul do Brasil, bem como, de fornecer explicações sobre sua proteção e prímeiiDS soconos. O folheto também apresenta as instituições que devem ser oontactadas quando aparecer ou encalhar algum animal do literal dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para adquirir o folheto escrever para a Caxa Rxtal 6991 - CEP: 80060020. - Cutitiba-PR. Reabilitadas pela estressante vida moderna, as plantas não só enriquecem a estética à nossa volta, como nos enriquecem filosófica e psicologicamente. E, reabilitadas ao nosso convívio, resgatam o saudável hábito de jardinagem, prática tão recomendada à cultura física e mental. Pois é a jardinagem o tema escolhido pelo paisagista e engenheiro, agrônomo, Enio Pippi da Motta, para seu primeiro livro Técnicas de Jardinagem - Uma Parceria com a Natureza. O lançamento é da Editora Agropecuária. Mais informações, com Enio Pippi daMotta, através do Bip (053) 225-4377 F 127 ou do Fax: (053) 221-2735. Ou com Luciano Alfonso no telefone: (053) 339-3448. Pão nosso A foireé uma das mais tristes realidades do país atuahnente. Mas, existe também uma grande falta de conhecimento na preparação dos alinentos a serem consumidos de forma mais nutritiva, mais saborosa e com maior qualidade, por parte da população. O Programa Pabreza e Meio Ambiente na Amazônia-Poema, da Universidade Federal do Pará, lançou a cartilha Pão Nosso como uma forma de iniciar com as comunidades de baixa renda um diálogo sobre o aproveitamento de produtos alimentícios dando várias informações como: apesar da pobreza, manter nosso capo forte, sadio e bonito, comendo alimentos ricos em substâncias vivas; aproveitar as sobras fazendo uma "nova" alimentação; conseguir aumentos de abo valor nutritivo com baixo custo. Mais informações pelo fone: (091) 246-0517. Gestão ambiental Entre as diversas reivindicações exigidas pela sociedade moderna que afetam o mundo dos negócios, a preocupação ambiental tem ganho destaque significativo em face de sua relevância para aqualidade de vida das populações. O livro Gestão Ambiental nas Empresas, de Denis Donaire, da Editora Atlas S/A, caracteriza a mudança no ambiente de negócios, enfatiza aimportância da variável ecológica e discute a questão ambiental sob o enfoque econômico. Aborda ainda a questão ambiental na empresa e a repercussão da função/atívidade ambiental na organização, além de apresentar noções sobre auditoria ambiental e descrever o roteiro básico para a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (ELA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Mais informações com a Editora: Tel.:(011) 221-9144. O sabor do caju O caju, fiuto de grande importância em nosso país, ganhou destaque com a dra. Miranice Gonzaga Sales e a dra. Deborah dos Santos Garruti que realizaram uma minuciosa pesquisa durante dois anos, no Brasil e no exterior; sobre receitas utilizando a amêndoa de castanha de caju, o penúnculo e até mesmo ambos. Cana odabcraçãD (b Mnslérò da AgòoÉiia, cb Abastedmok) e da Re&nm Agiáia - Maara, <h Embrapa e do Centro Nackxial de ftsqiisa de Agroindústria TropicalCNPAT, elas conseguiram lançar o livro Delidas do Caju, que não só reúne receitas elaboradas a partir dos deliciosos frutos e pseudo-firutos, como também contribui para enriquecer a dieta e tomar mais saudável a alimentação das famílias. Exemplares poderão ser adquiridos junto ao CNPAT - R. dos Tapajaras, 11 - Praia de Iracema - Caixa Postal 3761 - CEP: 60060-510 - Fortaleza, CE- Face: (085) 231-7655 - Fax; (085) 231-7762 NwP- Agosto de 1995 Ano V I - N" 56 Brasília - DF FOLHA DO MEIO AMBIENTE Turismo Ambiental índio Aviador O índio Aviador, de autoria do líder indígena Marcos Terena, coordenador da Eco/92 e fundador do movimento indígena no país, foi escrito com a jornalista Atenéia Feijó. O livro publicado pela Editora Moderna, retrata fatos verdadeiros ocorridos na vida do líder indígena, desde sua saída da aldeia para os estudos urbanos até sua formação como aviador pela FAB. "O livro foi trabalhado didaticamente para uso em escolas de 1° e 2° grau, conseqüentemente, dirigido a juventude brasileira. Terena, que foi incentivado pela escritora Rachel de Queiroz através de um texto publicado no Estado de S. Paulo, sob o título "Meu querido Marcos Terena", sempre escreveu para jornais sob os mais variados temas, tanto em nível nacional como internacional. Atualmente, faz parte do Conselho Editorial da Folha do Meio AmbienteedaievistaTiernunerka, publicada pelo Programa das Nações Unidas sobre o Mão Ambiente, com sede em Nova Iorque. Aliás, a última publicação traz um texto assinado pelo indígena brasileiro. O livro também relata um fato pitoresco na vida de Terena, quando teve que se esconder sob a face de "japonês"para sobreviver aos preconceitos, durante 14 anos. Só depois de suafotmação urbanapôde assumir sua identidade indígena, já bastante preparado pelo mundo do branco, podendo assim, organizar seu povo para a defesa dos direitos sobre a terra, a sobrevivência e o desenvolvimento socioeconômico. Forest Cultura Viva e Promoções Ltda. SCS QD, 8 VENANCIO 2000 BL.B-60SALA226 CEP 70333-900 BRASÍLIA-DF FONE (061)321-3765 FAX:(061) 321-5809 O Senacde São Paulo, através do Centro de Estudos de Administração em Turismo e Hotelaria, vem lançando desde 1993 uma série de serviços e produtos educacionais em Turismo Ambiental. Nessa programação nasceu o Prêmio Senac - SP de Turismo Ambiental, que contou com a assessoria técnica da empresa Bioma - Educação e Assessoria Ambiental. O livro consta de dez trabalhos, premiados em 1994, na categoria "matériajornalística e dez na categoria "relatos de experiências". Esse Projeto teve como pressuposto a concepção do turismo como instrumento de preservação ambiental e alternativa econômicapara muitas comunidades. Para adquiri-lo, contactar. Centro de Estudos de Administraçãa em Turismo e Hotelaria - Av. Francisco Matarazzo, 249 - CEP: 05001-150 Fone: (011) 263-2511 - São Paulo. PORTEPAGO DR/BSB PRT/BSB-537/91 CVS TO. HSmfL VERGUEIRO R. PR8F. SEBASTIfiO S. FARIAS, !7 2o,ANDAR CP.65Í87 8í3?0-iSg SAÕ PAULO SP BRASIL Agosto de 1995 Ano VI - N0 56 Brasília - DF ——————^ —————I FOLHINHA DO EIO AMBIENTE Setembro está chegando e com ele inicia-se a mais bela estação do ano: a primavera. Será o momento certo para renovarmos nosso amor pela natureza. Na primavera, será também o momento certo para soltarmos nossa imaginação em relação ao meio ambiente, criando poesias, contos e histórias em quadrinho. E o novo desafio que a Folhinha faz a você! Páginas 4 e 5 Uma publicação da Forest Cultura Viva A crisálida gritou tão forte que seu grito se misturou com o som da natureza... e transformou-se na mais bela borboleta azul. Página 3 N ão devemos alimentar o desperdício de comida. Tem sempre alguém com fome. O desperdício é uma agressão e pode ser da pessoa, do restaurante e do armazém. Página 8 O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIOD GENTE Folhinha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 Ainda há esperança de nos salvar Hoje ainda posso ouvir os pássaros, tenho a possibilidade de encontrar alguns animais que estão entrando em total extinção. Ainda posso encontrar, entre florestas e montanhas, água cristalina Consigo respirar o ar puro em certos locais. Hoje ainda tenho o que meus filhos e netos não terão. Hoje ainda tenho o que meus pais e avós tiveram em abundância. Amanhã não existirá o céu azul, a água cristalina, o cantar dos pássaros, a imagem real de alguns animais. Amanhã não será possível saber o que é o gosto da fruta sadia, não será possível respirar o ar puro. Mas por quê? Simplesmente pelo fato que somos homens irracionais. Somos levados pela ganância e pela falta de esperança. Mas o homem está totalmente cego, pois está acabando com sua única e verdadeira riqueza: a natureza, o seu meio ambiente, a sua paz. Deus criou o mundo para vivermos dignamente e em paz. Será que nós estamos agradando a ele? Tenho certeza que os dilúvios de hoje e de amanhã são as lágrimas que caem pelo rosto de Deus ao ver seus filhos destruírem o que construiu com tanta dedicação. Mas o pior é que nós mesmos estamos nos castigando, dando mais valor ao dinheiro que ao nosso meio ambiente. Não podemos deixar que amanhã consertem uma situação que ainda pode ser evitada. Ajudemos então a salvar o que é nosso por direito, lutemos pela nossa herança, não nos acomodemos, pois o único caminho é termos esperança de salvar o meio ambiente. Lethycia Araújo Vieira dos Santos Aluna da 1* série do Centro Educacional Santa Marta - São Lorenço-MG 1° lugar no concurso municipal sobre o meio ambiente A idéia da menina Criança tem cada idéia... > 'f"" sj Ainda mais quando sente que seu boneco de pano é mais BHi ■'-■■■'■■ ...■■'• paparicado do que ela. O boneco, chamando Cadu, era *;* atirado para cima, era o !■ IDÉIA f exemplo à mesa, comendo ! mbJCA ■- 7^ legumes e verduras, deitando na hora que queriam. Mas menina não é boneco, é gente. E com gente é diferente. Um dia, uma noite, a menina não tinha sono e passou a ter idéias. Uma delas, por sinal, bem maluca. O jeito era por a idéia em prática para ver se trazia resultados. Idéia Maluca - uma historinha para crianças da Cecília Vasconcellos, com ilustrações da Marilda Castanha, uma publicação da Ediouro. Está aí um livro que toda criança vai gostar e que pais, tias, irmãos mais velhos também devem dar uma sapeada. Até porque outras crianças não passem a ter idéias malucas. O Menino e o Lobo CARTAS O sonho da Edimara Convite de Chico Sahão Meu nome é Edimara, tenho 14 anos e gosto muito de estudar. Como tive oportunidade de participar do concurso, me empenhei, pois gosto de fazer poesias e também redações. Meu pai é agricultor e minha mãe é doméstica e também agricultora, pois ajuda meu pai. Tenho quatro irmãos e sou a mais nova. Todos nós somos muito trabalhadores, pois aprendemos, desde pequeno, o que é trabalhar. Meu sonho é ser secretária ou escritora. Edimara Sehnem • Vargem do Cedro - São Martinho • Santa Catarina. Edimara, quer dizer que você quer ser secretária ou escritora. Quem sabe secretária de uma escritora ou acabe sendo uma escritora que tenha uma secretária? Por hora, vamos torcer para que você seja uma das finalistas. Avise aí ao pessoal que pode enviar os trabalhos até o final de setembro. Em outubro, aqui na Folhinha, sairá o resultado. Obrigado por ter participado e escrito para nós. FOLHINHA DO Umabração a você, seu pai, mãe e irmãos. MEIO AMBIENTE AMBCNTE UTERARK) Há dois anos trabalhando na secretaria municipal do Meio Ambiente de Pacooé - Mato Grosso, tenho lido a Folhinha, a qual tem me savido de pesquisa para os alunos das escolas de nosso município. Recebemos, nesta secretaria, há pouco tempo, uma excursão de alunos de outra cidade de Mato Grosso que nunca tinha visto de perto o Pantanal. Alunos e professores do município de Cidade Nova ficaram encantados com o que viram e, através de mim, ficaram conhecendo também a Folha do Meio Ambiente, e pedem, se possível, que mandem para ela e seus alunos. O endereço dela é: Escola AgrícdaRodutiva de Ranchão-caixa postal 37 - CEP78450000 - Nova Mutum-MT. O nome dela é Marilza de M. Silva. Recebe, de vários lugares, diplomas e mais diplomas pela defesa do nosso meio ambiente. Se por acaso, algum dia os integrantes da Folhinha do Meio Ambiente resolverem dar um passeio ao Pantanal de Paconé, eu os acompanharei a qualquer lugar que desejarem. Nosso secretário do Meio Ambiente, dr. Ademar Rodrigues do Prado, eu, assistente administrativo Antônio Francisco da Silva (Chico Sabão), espero, de coração, que a Folhinha continue circulando e mostrando o que acontece. Muito obrigado. Chko Sabão Paconé - Mato Grosso. Chico, honrado estamos com o seu convite. Morremos de curiosidade de conhecer o Pantanal, este maravilhoso ambiente ecológico. E continue divulgando nosso jornal Nós também torcemos para que ele continue circulando. Um abraço a todos de Paconé. Quando o menino chegou da escola, para sua surpresa, encontrou um lobo na cozinha. O lobo era assustador e a criança temia que ele atacasse alguém. Tentou avisar a mãe, mas esta não deu nem confiança. O menino correu para seu quarto, tentando acreditar que tudo era um sonho. No dia seguinte, tudo voltaria ao normal. Mas, qual o quê! O lobo continuava andando pela casa, como se fosse gente. Aliás, a cada dia, ele se parecia mais com gente. O menino teria mesmo era que aproveitar a existência daquele lobo chamado Levi em sua casa. Mamãe Trouxe um Lobo para Casa - é um interessante livro da Rosa Amanda Strausz, com ilustrações do Fernando Nunes para a editora Salamandra. Como diz a autora, para a criança, um outro homem na casa, mesmo a mãe sendo separada, é visto pelos filhos como sendo um lobo. Como todo lobo também faz papel de bobo. Concurso da Folhinha Atendendo a pedidos de diversos leitores, decidimos adiar para até 30 de setembro de 1995, o concurso literário da Folhinha, que ficará mais enriquecido após as férias de julho. Envie seu conto, redação, poesia, crônica ou quadrinhos sobre o tema ÁGUA para a Caixa Postal 10.891 CEP 70300-980 - Brasília-DF. Não esqueça de identificar o trabalho enviado colocando seu nome completo, idade, endereço. O resultado será publicado na Folhinha do mês deoutubto. O trabalho considerado o melhorentre todos os enviados ganhará um sensacional prêmio surpresa, sendo que os demais ganharão: Categoria A (Crianças até 10 anos) Io lugar mna bicicleta CIKTOS 2o lugar um walkman e livros 3o lugar um walkman e livros Categoria B (Jovens de 11 a 16 anos) Io lugar uma bicicleta e livros 2o lugar um walkman e livros 3o lugar um walkman e livros - Os trabalhos vencedores serão também publicados, mês a mês, em nosso jornal. ENCARTE DA FOLHA DO MEIO AMBIENTE EM PARCERIA COM O UNICEF Folhinha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 O grito da natureza Aivone Brandão Certa vez, muito próxima uma da outra, nasceram duas lagartas. Era um tempo muito importante para a história do planeta. Um tempo no qu ai se descobriria o verdadeiro sentido da palavra liberdade. Uma fada havia dito que todos aqueles que nascessem naquele tempo haveriam de ser livres e belos. As duas lagartas, coloridas como as folhas e os galhos que haviam no jardim onde nasceram, brincavam de escondeesconde por entre as plantas e árvores, enquanto aguardavam, despreocupadamente, alguma coisa que nem mesmo elas sabiam. Elas não sabiam, porque eram crianças, e criança só sabe sentir. Acontece que o que elas pressentiam sem saber era o momento mágico da grande transformação, que lhes daria asas coloridas e possibilidade de voar de flor em flor, de sentir o perfume da natureza, de olhar do alto e tudo ver, de se deixar conduzirpelo próprio sopro, sopro dabusca, sopro da vida, em harmoniosa calma e constante mutação. Um dia, elas começaram a se sentir preguiçosas e estranhas, menos pesadas, e comentaram um com a outra sobre a razão de tais sensações: - Estou me sentindo estranha - disse uma delas. Estou me vendo voar por aí com um corpo novo e com asas coloridas. - Sabe que comigo acontece o mesmo? Acho que estamos vivendo na era do sonho - respondeu a outra. E mal terminaram de pronunciar estas palavras, transformaram-se em crisálidas e ficaram grudadinhas no galho da árvore onde estavam, "dormindo" todos os seus sonhos de voar. Um dia, porém, antes que elas acordassem de seu sono mutante, um menino malvado, que gostava de brincar de machucar as árvores, entrou no jardim onde as crisálidas dormiam. Estava com uma faca na mão e feriu um dos galhos da árvore, tentando cortá-lo. Ao feri-lo, a árvore chorou e derramou um líquido espesso, que atingiu um dos casulos e o envolveu de tal forma que, ao secar, tomou-se um verniz, vedando então a passagem e a possibilidade de acontecer com uma das crisálidas o tão esperado momento no qual suas asas se abririam, cheias de energia e cor. Passado algum tempo, chegou afinal o grande dia. Nasceu de um dos casulos uma borboleta azul, linda e rara, que voou ligeira rumo à realização de tudo o que havia sonhado durante o sono transformador. Mas o que teria acontecido ao outro casulo? Por causa do menino, que não sabia nada da natureza, o casulo acabou ficando preso no galho da árvore. A pobre crisálida, agora estava sozinha, havia perdido o momento mágico da transformação, havia se perdido no tempo e apenas tinha medo. Medo de si mesma, medo de ser, medo de sonhar. Chorava muito. Esqueceu até de como é que se ri e permaneceu ali presa ao galho, enjaulada, enclausurada dentro de si mesma e da capa de resina. Certo dia, porém, o céu cobriu-se de nuvens pesadas. Parece que a natureza sentiu a dor de "não ter podido ser" da crisálida aprisionada e, cheia de sabedoria, resolveu ajudála, mandando uma chuva muito forte, capaz de lavar árvores, arrastar lixo e inundar cidades. Foi então que a resina que envolvia o casulo amoleceu e, como uma fruta madura, ele desgrudou do galho, caindo ao chão. O impacto causado pela queda fez com que o casulo quebrasse, dando à prisioneira sua primeira e única chance de libertação. Sacudida, tocada por sua própria sorte, trêmula de medo, mas com a coragem de quem enfrenta um dragão, a crisálida arrastou-se até uma clareira, onde o sol, depois da tempestade, brilhava forte e quente. Foi quando, através de uma fresta aberta no seu invólucro, ela viu uma borboleta voar. Era a borboleta azul. Ficou maravilhada com tanta cor, tanta beleza, tanta magia, e gritou muito alto, pedindo socorro. Ela sabia, mesmo sem conhecer a vida, que trazia dentro de si alguma coisa que a fazia semelhante. A natureza ouviu o grito forte da crisálida A borboleta azul ouviu o chamado da amiga e pousou a seu lado. Sem se lembrar direito do tempo em que eram apenas duas lagartas, perguntou: - Quem é você? O que faz aí dentro? - Sou uma crisálida. Fiquei presa na árvore e no tempo, mas também posso voar. Ajude-me a sair daqui. - Mas isto é uma coisa que só você pode fazer!... - Diga-me apenas como. Fiquei tempo demais aqui dentro. Perdi o jeito. - Grite, grite forte com toda a sua alma. Grite até que o som do seu grito se misture com o som da natureza... E depois tente se sentir como se fosse ela própria, com toda a força do céu, da terra, dos mares, dos rios, das matas, e diga a você mesma: eu vou voar, eu posso, eu mereço, eu sei e vou voar... Depois lance-se no ar, sinta a sua leveza, deixese levar pelo vento e pouse na primeira flor que encontrar. Ela lhe ensinará que tudo tem cor, perfume e mel... A crisálida, então, gritou tão forte, mas tão forte, que a natureza inteira ouviu seu apelo. E o casulo rompeu-se e abriu-se o par de asas mais belo que jamais se viu. Tinha um azul que se misturava com o azul do céu e trazia escondidos todos os sonhos do mundo, sonhos de grandes vôos e de quase impossíveis viagens. Foi então que ela voou, em companhia de sua amiga, para uma mágica viagem de descoberta da natureza, do outro e de si mesma. Folhinha do Meio Ambiente 5 4 Brasília, agosto de 1995 TUDO RENO> ^^ É FRIMAVIEIRA! Setembro chegando, o dia 21 marcando o início da mais bela estação do ano: a primavera. Em todas as escolas, principalmente de Io grau, a primavera é um tema estudado, pesquisado, debatido. A Folhinha faz o seu papel de servir também de fonte de consulta com relação ao assunto. E bom proveito! > % <*k- > ®^>%$M > ■% % o . ■-..::, Soltando a imaginação A natureza renasce A renovação da natureza tem na primavera o seu marco principal. A chegada das chuvas, após o inverno, faz com que a natureza renasça, com que plantas e animais mostrem toda sua beleza. Os acasalamentos no reino animal, o florir das árvores e arbustos, tudo tem cheiro de vida, de verde. A música está presente, com maior intensidade, na primavera. Os pássaros parecem caprichar em seus cantos, intensivando seus gorjeios e trinados. Andar, na primavera, em um bosque, uma reserva florestal, é uma festa para os nossos olhos e ouvidos. Em tudo sente-se a presença da alegria, vestígios da renovação natural de todas as espécies. Magia da estação alegra os seres humanos Os seres humanos também são tocados pela magia da primavera. As crianças parecem brincar com mais alegria e criatividade, aumentam as algazarras no recreio ou lugares escolhidos por elas para suas brincadeiras. Isto se explica porque os seres humanos também fazem parte do meio ambiente, são parte da natureza, embora - infelizmente - são os principais destruidores dos recursos naturais, dos ecossistemas. Na primavera, tempo de renovação, é o momento certo para renovarmos nosso amor à natureza. Amor que pode ser demonstrado e exercitado de várias maneiras: cuidando, não destruindo, valorizando etc. Mas pode ser também o melhor momento para soltar nossa imaginação em relação ao meio ambiente, criando poesias, contos e histórias em quadrinhos. Redações, reportagens, considerações, depoimentos, entrevistas, vale tudo para aproveitarmos este mágico momento que é a primavera. Para nossos leitores, como sempre acontece, abriremos espaço em nossa seção de colaboradores, para publicar o que for mais representativo, criando e bem escrito. Nada muito grande, com muitas páginas. A primavera pede, de você, ao menos uma frase inspirada. E mande aqui para a Folhinha, certo? Brasília, agosto de 1995 Ô Folhinha do Meio Ambiente \PASSATEMPO\ Reino Vegetal o .2 e« o tm < pq 3 '3 H 5 ^ 5- O fa es « .2 w oVi •> > '5 01) Pi •rz I 1 é3 O «03 O • O t- o S | ^ ^ 5 -c * s •I «« '5' c 1^ PH A 5 f L 1 6 U N P R O V Ü Z- R 5 M R Q A 3 £ u M U /V i F Z O D r W E Y X l S C R U é> O £ K £ D G U 1 V O W ü Q Ü A S Í7 / £ N E £ / L & K A/ H V / A Q £ 7 X E 0 1 P E // c d M K P / Ü T t R / R 1 c A X E D O P / & i H O 6 J Q U R O S / M B F R ü u L 1 P A V / BA / C K O A L Y A M O 8 A O O R £ T O Z A s 5 A L 0 A D a r V c P p E / t\ 7 E X A c Z z E X U L N E O R /? A z 1 S 5 £ M e A/ A D E 6 u 1 A A Z /VI & £ G O A/ / Z A V O V A G A V A £ 6 A R i D AD O r 3 £ U A o D O K J V L c i B <? A z 0 L L ü L E K 7 O T A E c A z 3 A C 7 E O 7 A C H £ T /? / S A D T /? E V O U S J £ R l c A O 5 T L A D U Z A E E A/ A R O c I 5 o A £ A O 5 £ Z Encontre 15 diferenças FAÇA VOCÊ MESMO. \ ****.Cãi*tV ét* saok ^WtrM-^^^T^M^^t^^^^ti^^r^ .^-Sx^T^m.^ FUNDAÇÃO Folha do Meio Ambiente / Brasília, agosto de 1 995 ÍIOTICIÍIS Meninos são escravos na pedreira Antônio, Ederson e Adeilson são irmãos. Os três têm menos de 12 anos (Adeilson acabou de completar seis anos). Eles passam boa parte de seus dias trabalhando numa pedreira em Itaitinga, Ceará. Cavam buracos com pás e enxadas, separam pedras e contam os paralelepípedos, que são vendidos em milheiros. Os meninos são contratados por ura trabalhador da pedreira, que ganha por produção. Antônio, Ederson e Adeilson ganham R$ 2 por semana. A denúncia é do jornal O Povo do Ceará. Exploração de crianças é comum no CE As denúncias de exploração de mão-de-obra infantil no Ceará não param por aí. Ainda segundo O Povo, em Fortaleza, meninas com idades entre 10 e 17 anos ensacam mercadorias em supermercados (mulheres não são aceitas), sem direitos trabalhistas assegurados. EmCrato, apropria prefeitura municipal emprega crianças na limpeza pública da cidade sem carteira assinada. uniccp DO Programa Criança Esperança Dia 29 de julho aconteceu a 10a edição do programa Criança Esperança, promovido pela Rede Globo e o Unicef. Renato Aragão comandou o show ao lado de Dedé Santana e da pequena Alessandra Aguiar. Aleitamento materno e as metas do Encontro Mundial de Cúpula pela Criança foram os principais temas da campanha este ano. Na lista de convidados, atores e atrizes como Suzana Vieira, Tony Ramos, José Mayer, Regina Duarte e as bandas Skank, Cidade Negra e Só pra Contrariar, entre outras. A campanha Criança Esperança começou no dia 28 de julho e foi até dia 6 de agosto. Através de doações feitas por telefones, a campanha este ano arrecadou R$ 6 milhões que serão investidos em seis projetos nacionais e em dois projetos em cada unidade da Federação nas áreas de saúde, educação e promoção de direitos das crianças e adolescentes brasileiros. Escolinhas infantis em São Luis Convênio entre a Secretaria de Desportos e Lazer de São Luís(Maranhão) e o Unicef proporcionará a crianças e adolescentes da zona rural do município escolinhas de iniciação de práticas esportivas, além de estimulá-los a formarem grupos de cultura popular. As famílias das crianças serão envolvidas no projeto através de palestras sobre saúde, higiene, saneamento, sexo, drogas e alcoolismo. Crianças têm hospital amigo no PI Programa arrecadou R$ 6 milhões F, Franco O Piauí tem seu primeiro Hospital Amigo da Criança. A Maternidade Leônidas Melo, que fica no município de Barras, cumpriu os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno e recebeu a placa de credenciamento no dia Io de agosto. Outras duas maternidades, Buenos Aires, em Teresina e Unidade Mista de Saúde, em Redenção do Gurgéia, estão prestes a pedir a avaliação final de implementação dos Dez Passos. Campanha contra a prostituição Gilberto Gll participou da campanha 100 denúncias. Este é o soras de televisão e jornais Salvador, obtendo boa reper- resultado concreto da primeira veiculam gratuitamente os spots cussão. No mês de agosto, a semana da campanha contra a e anúncios da campanha, que campanha contra a prostituição prostituição infantil e o turis- têm a participação de Renato infantil e o turismo sexual foi mo sexual em Salvador. A Aragão, Daniela Mercury, lançada em Itabuna, Bahia, no dia campanha foi lançada no dia Caetano Veloso e Gilberto Gil. 8, e será lançada em Ribeirão 6 de julho pelo Centro de Casos de exploração de me- Defesa da Criança e do ninas, turismo sexual, abuso Preto, São Paulo, no dia 29. O escritório do Unicef - Fortaleza Adolescente-Cedeca, e pelo Unicef - Salvador. As de- sexual doméstico e abuso de drogas foram relatados e já en- lança a campanha em breve, com apoio da prefeitura local, do núncias estão sendo feitas caminhados à polícia. Algumas governo do Ceará e do Pacto através de duas linhas tele- das denúncias foram trans- Estadual contra a Prostituição fônicas colocadas à disposição formadas em inquérito policial. Infantil, utilizando-se dos da população pela prefeitura O material da campanha foi mesmos spots e anúncios de de Salvador e pela Polícia exibido no Encontro Nacional jornal, e mais cartazes efoUlers Militar baiana. Rádios, emis- de Delegados, realizado em para turistas, produzidos no Ceaiá. O Folhinha do Meio Ambiente Brasília, agosto de 1995 Não vamos alimentar o desperdício de comida O Brasil é um país de contraste: enquanto tem tanta gente passando fome, tem tanta gente disperdiçando comida. Enquanto tem tanta criança desnutrida, tem muita criança de olho grande, de olho maior que a boca; coloca mais comida no prato do que pode comer. A sobra da comida vai para o lixo. Não é um pecado jogar aumento fora, conta tanta gente por aí sem nada para comer? É importante só se servir daquilo que, realmente, vai-se comer. O desperdício acontece na colheita, acontece no armazenamento, na loja e na própria hora da refeição. Acontece com as pessoas e acontece com os restaurantes. Se há sobra, não é vergonha nenhuma se guardar. De forma bem higiênica, a sobra pode ser 0 que sobra náo se joga fora. Há sempre alguém perto de nós precisando de comida levada para alguém que precise, para um animal, ou, até mesmo para ser consumido mais tarde. Países que já passaram por inúmeras guerras - como muitos da Europa - têm um povo bastante conscientizado com relação ao não desperdício dos aumentos. São comedidos no preparo da comida e no planejamento alimentar. O importante não é a quantidade, e sim a qualidade do que se come. O sociólogo Betinho, com sua campanha de combate à fome, vem fazendo com que esta questão seja refletida por um número maior de cidadãos. Toda vez que se atirar ao lixo os restos de um prato, há que se pensar em quantas crianças morrem de fome por dia. Temos certeza de que o nosso público leitor, com um sentimento ecológico forte, também estará presente nessa bonita luta contra o desperdício de aumentos. Não queremos mais ter o triste título de campeão mundial do desperdício. Andando pelas estradas, principalmente aquelas que fazem ligação com o meio rural, é fácil encontrar grãos caídos pelo chão. Da lavoura aos armazéns, da armazenagem às bancas das feiras ou dos supermercados, mais de 30% do que se produz são perdidos. Se produzirmos em torno de 80 milhões de toneladas de grãos, calculase que desperdiçamos cerca de 24 milhões de toneladas de arroz, milho, soja, trigo, feijão etc, por falta de cuidados ou tecnologia. É um dado entristecedor... Comecemos uma campanha contra o desperdício de alimentos bem perto de nós mesmos, em nossa casa, escola ou ambiente de trabalho.