P.w£?
mmÊKÊÊmmmtm
Romefito Aquino
Agosto - 95
Ano VI-N0 56
Brasflia-DF
R$ 1,00
SEÇÕES
Cartas
Editorial
Coluna do Meio
Qualidade Verde
ONGs em Ação
I Agenda
Filatelia
i
jPelo Brasil
| Gente do Meio
| Ponto de Vista
Curiosidades
Literatura
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FOLHA DO
MEIO
AMBIENTE
Uma publicação da Forest Cultura Viva
Marina Silva planta seringueira
no Memorial Chico
Mendes, lançado durante o 4S Encontro dos Seringueiros
Cláudio Bellíni
Senado cobra na Justiça
recursos para os seringais
O Senado Federal, através do
senador Emandes Amorim (PDTRO), solicitou à Procuradoria
Geral da República que ingresse
com ações na Justiça para obrigar o Ibama a aplicar corretamente os recursos previstos em
lei para o desenvolvimento do
extrativismo da borracha. A Folha do Meio denunciou irregularidades no órgão em julho passado e duas CPls já foram abertas na Câmara dos Deputados
para investigá-las. Página 3.
Gente do Metoum novo espaço
valoriza os que
lutam pelo meio
ambiente
(Páginai22)
Próxima edição
• Ecoturismo: uma atividade que educa, preserva e rende
muitos dólares.
• O fim das lagoas marginais prejudica a reprodução natural
dos peixes.
• Dia da Árvore: a importância das comemorações para
saber preservar.
^
A primavera vem aí!
A primavera, a mais bela das estações, está chegando. Com ela,
chega o tempo de renovarmos nosso amor pela natureza.. Chega o
tempo de senti-la e homenageá-la com uma poesia, um conto ou uma
história em quadrinho. A Folhinha dá algumas dicas do que
devemos fazer para se integrar à beleza e aos encantos da primavera.
Folhinha do Meio
Tartarugas sõo protegidas desde a época da desova
Fernando de Noronha luta para conservar sua beleza em meio a problemas de infraestrutura urbana e ao avanço do turismo. Com falta de água, esgoto e energia, a
garanti
A aquicultura faz a nova
multiplicação dos peixes
O homem tira, anualmente, das águas do mundo, cerca de 100 milhões
de toneladas de pescado
para alimentar, com a melhor proteína, os 5,59 bilhões de habitantes da Terra. Mas, enquanto a população cresce, os recursos
hídricos se deterioram e
aumenta o processo de degradação, o próprio homem, foi buscar uma alternativa: criou modernas
tecnologias para a reprodução artificial de peixes.
Mais que isto: criou uma
nova forma de produção de
alimentos, a aquicultura.
Páginas 12, 13 e 14.
Ho/e /o existem verdadeiras "tozenetos"d« peixes com a
produçõo em escala comercial
O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIO ©A GENTE
Z Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
CARTAS
Palíber
"Organização Pacifista e Ecológica, entidade ambientalista, vem respeitosamente,
com o propósito de combater o uso
indiscriminado e desnecessário de
agrotóxicos na natureza, informar que as autoridades, quando cobradas, podem tomar
atitudes aceitadas em defesa do meio ambiente e da saúde humana. Por outro lado, informamos também que o Projeto Ambiental
Agroll, desta entidade, vem desenvolvendo
importantes trabalhos de preservação
ambiental da região do Vale do Piranga-MG,
como o combate ao uso inadequado dos
agrotóxicos e o mapeamento e pesquisa da
fauna e flora de reservas florestais".
Ademar Leal Soares
Organização Padflsta e Ecológica Ponte Nova-MG
Satisfação
Lendo com atenção a Folha do Meio
Ambiente, pude constatar que o teor das
repcitagens qxesentadas tem qualidade e despeita
interesse. A d\«sidade dos temas, instrui, educa e,
de oer*X) modo, d verte o leácr.
Na Nova Codpa, combatemos foteiKrte o
desperdício e nosso objetivo maior é "produzir
aço com quaüdarte, sem poUr."
Ferramentas tais como a Folha do Meio
Ambieníe, sempre serão arolhidas por nós.
Parabenizo àqueles que a criaram e aos que a
alimentam a cada mês, em favor do meio
ambiente."
Ikwdkto Silva de Carvalho
Asseworia(feM«oAml*nte-aibaíãcKSP
CoiMoaitização
"Na oportunidade de realização do 3o Fórum do Clube ISO
14000 promovido pelo Centro
Brasileiro de Qualidade, Segurança e Produtividade-QSP, tivemos
a oportunidade de conhecer o jornal, cuja iniciativa gostaríamos de
ressaltar como vital para a difusão e conscientização sobre os aspectos ambientais, além de acompanhar a evolução dos vários trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelas diversas empresas e
instituições no Brasil e no mundo.
Dada tal importância, gostaríamos, doravante, de receber alguns exemplares desta importante publicação para que possamos
difundir tais informações em nossa empresa e na comunidade em
que vivemos.
Parabéns para a iniciativa da
publicação e alto nível das informações vinculadas".
Márcio Figueiredo Souza
Superintendente Departamento Engenharia da Qualidade
Thyssen Fundições Ltda - Barra do Piraí-RJ
Indignação
"Foi com profunda indignação que
tomei conhecimento recentemente de um
artigo de autoria do sr. Dioclécio Luz sobre a presença de javalis no RS, publicado em agosto do ano passado pela Folha
do Meio Ambiente.
Numa maquinação visivelmente tendenciosa, o sr. Luz procurou estabelecer
uma relação entre a invasão e a criação
ilegal de javalis e o Projeto Pró-Fauna.
Valendo-se das falsas informações do escritor Sebastião Pinheiro, o sr. Luz pretendeu fazer crer que foi o Pró-Fauna o
responsável pela introdução e disseminação de javalis em território gaúcho.
É também visível a intenção de atribuir aos caçadores gaúchos as criações
ilegais de javalis, imputando injustamente a toda uma classe os erros cometidos
isoladamente por umas poucas pessoas.
Ao contrário do que foi afirmado neste
insidioso artigo, os clubes de caça nunca tiveram rçlação alguma com tais empreendimentos.
Em todas as partes do mundo, são os
caçadores amadores (e não os
inoperantes "ecologistas" do asfalto) os
que mais contribuem com o Estado na
Arquipélago
dos Alcatrazes
"Tendo em vista o contido na carta sob
o título acima, publicada na edição de
julho e assinadj pelo Mopress - Movimento de Preservação de São Sebastião e
outros, bem como o teor da "nota da redação" ali constante, transmito a cópia da
setença exarada pelo Juiz de Direito da 1'
Vara de São José dos Campos no processo
movido contra a Marinha pelo mesmo
Mopress e pela Associação de Defesa da
Juréia, solicitando sua apreciação do resumo das considerações que fundamentaram a sentença judicial.
Curioso notar como aquelas partes insistem em acusações e, particularmente,
em pressupostos falaciosos já refutados
pela própria Justiça, para em que, até o
momento, acumulam perdas em todas as
instâncias a sua recorreram.
Às páginas 75 e 76, o Juiz Gilberto
Rodrigues Jordan, assinala: afastadas as
pretensões de uso imobiliário e turístico
do Arquipélago dos Alcatrazes pelos autores e delas destacadas apenas as pretensões científicas, é de se destacar que os
senhores peritos foram unânimes em reconhecer a possibilidade, saudável, da
coexistência da Marinha Brasileira e de
cientistas no Arquipélago dos Alcatrazes,
garantindo assim ampla proteção ao meio
ambiente lá existente, com seus
endemismos e demais particularidades...
...Ante ao exposto. Julgo Improcedente a presente Ação Civil Pública, rejeitando os pedidos dos autores, nos termos
inciso do artigo 269 do Código de Processo Civil."
Wellington Liberatti - Capitão de
Mar-e-guerra diretor do serviço de relações públicas da Marinha
conservação da fauna (desafio qualquer
"ecologista" a refutar esta verdade).
A menos que este informativo não
tenha um compromisso com a verdade,
é de esperar que venham a ser
publicadas, numa das suas próximas
edições, algumas retificações que desfaçam as deturpações veiculadas no artigo que suscitou esta correspondência".
Renato Schroder
Porto Alegre-RS
N.R - Em março de 1993 (edição n"
27), a Folha do Meio denunciou a entrada e criação ilegal de javalis no Rio
Grande do Sul; também denunciou a
estratégia não declarada de fazê-lo tornar-se uma praga para que o Ibama
autorizasse sua caça. Em agosto de
1994 (edição n" 44), a Folha alertou
para o fato do Javali ter se tornado
praga, conforme desejavam os caçadores "ecologistas" e os fabricantes de
armas. No dia 26 de janeiro de 1995,
foi publicada portaria do Ibama autorizando a caça de javalis na região.
Matenho tudo que escrevi sobre o assunto até hoje". Dioclécio Luz
Os aguapés
"A matéria assinada por Lana Araújo,
Mil e Uma Utilidades do Aguapé,
veiculada por esta Folha em abril/95,
contendo informações da química
Carmenlucia Roquete Pinto do Nuta (RJ),
contém informações incorretas, distorcidas
e induz o leitor a acreditar em informações
errôneas. Coloco-me à sua disposição para
eventuais esclarecimentos que se fizerem
necessários."
Professor Gilberto PedraIU, Msc
São Paulo-SP
N.R - Todo repórter quando escolhe
uma fonte para uma matéria, o faz de
acordo com seu conhecimento do assunto
tratado e sua credibilidade junto à opinião
pública. A correspondente da Folha do
Meio Ambiente no Rio não foge a essa
regra. Na abordagem da matéria "Mil e
uma utilidades do Aguapé" (abril/95 p.
11) a pesquisadora Carmem Lúcia
Roquete Pinto, com 15 anos de pesquisas
em plantas aquáticas, preocupa-se com
os aspectos sodoeconômicos do aguapé.
Na matéria, ela friza que para ração
animal ou mesmo adubo há necessidade
de análise química prévia que assegure
que a planta não está contaminada com
substâncias tóxicas. B.C. Wolverton e
Rebecca C McDonald no relatório da
Nasa ERL Report n0172, março de 1978,
já apontavam o aguapé como execeiente
fonte de proteína, vitamina e minerais
podendo ser usado como suplemento
alimentar no Terceiro Mundo onde a
dieta da população é deficiente desses
nutrientes.
ERRATA
Na edição de julho, assinamos erradamente o crédito da
foto de primeira página sobre a
matéria do ecoturismo em
Fernando de Noronha. A referida
foto não é de autoria do repórter
Dioclécio Luz, como publicamos, mas do fotógrafo e
ambientalista gaúcho Ari Quadros, e faz parte do belo trabalho
fotográfico que ele realizou no
arquipélago, em 1993. Conselheiro da Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural
(Agapam) e vice-presidente da
Fundação Rio Ibirapuitã, Ari
Quadros contribuiu, com seu trabalho fotográfico, que virou posteriormente exposição, para
deflagrar o processo de denúncias contra os riscos de poluição
que começaram a ameaçar a integridade desse que é um dos mais
importantes santuários ecológicos do planeta
Bom prestígio
'Com elevado apreço às vossas lutas em
prol do meio ambiente, solicito
encarecidamente que seja alistado meu nome
e endereço completo para receber
regularmente a Folha do Meio Ambiente,
jornal este com um bom prestígio no meio
brasileiro e de olhos bem atentos na luta em
prol da preservação da natureza
Caso vocês possuam números atrasados
solicito de coração que me remetam a Sm de
apreciar, mais ainda, as alertantes informações
de que, se não cooperarmos todos juntos, aos
poucos dizimaremos a natureza tão
formidável que Deus nos deixou para
cuidarmos e nunca destruirmos."
Carlos Folke Vogt
Estdo-RS
Qualidade
"Venho por meio desta, parabenizar a
Folha do Meio Ambiente pela excelente
qualidade das matérias por ela veiculadas
que são definitivamente objeto de estudo
e fonte de pesquisas para os diversos
ramos da ecologia e dos recursos naturais
ainda existentes em nosso planeta.
Aproveitando o ensejo, venho
agradecer ao sr. Silvestre Gorgulho pelo
seu artigo publicado na Coluna do Meio
na Folha de maio, o qual foi de grande
valia para o momento educacional. A
matéria foi relacionada para uma
reflexão, no início do Curso da
Capacitação de Biblioteca, na 7*
Superintendência Regional do Ensino de
Caxambu, MG."
Mariângela Pereira Bernardes
São Lourenço-MG
Permitida a reprodução total ou parcial daa matéria», desde que citada a FOLHA DO MEIO AMBIENTE
Folha do Meio Amb iente O
Brasília, acosto de 1995
EXTRATIVISMO
Ibama não cumpre lei da borracha
Ministério Público e CPIs vão investigar Ibama por descumprir lei e não aplicar nos
seringais da Amazônia os recursos destinados ao extrativismo da borracha
Romerito Aquino
Romérlto Aqulno
O senador Emandes Amorim
(PDT-RO) entrou com representação
junto à Procuradoria Geral da República pedindo a abertura, no Supremo Tribunal Federal, de uma Ação
Direta de Inconstitucionalidadepara
tomar sem efeito as
portarias do Ibama
580/91 e 23/91, que
reduziu em 1991 os
valoresdataxa cobrada sobre a borracha
importada pelas indústrias pneumáticas
e de artefatos do país,
em flagrante desrespeito às leis 5.227/57
e 5.459/68.
Além do cancelamento das portarias,
o senador solicitou ao procuradorgeral da República, Geraldo
Brindeiro, que a ação venha acompanhada de pedido de liminar para
que sejam devolvidos, imediatamente, aos cofres públicos cerca de US$
200 milhões que foram recolhidos a
menos nesses últimos quatro anos
pelas indústrias que se beneficiaram
das duas portarias ilegais do Ibama.
O senador pediu ainda que o
Ministério Público Federal denuncie
as irregularidades ao Ministério do
Meio Ambiente, ao qual o Ibama está
vinculado, e impetre uma ação civil
pública para colocar na "cadeia " os
membros da "quadrilha" que, segundo ele, foi formada dentro do órgão
para defender os interesses da indústria pneumática. Emandes Amorim
aponta como chefe da "quadrilha " o
ex-diretor do Departamento de
Comercialização do Ibama, Aurélio
Augusto de SouzaFilho, lotado como
servidor, até novembro do ano passado, no município de Leopoldina,
Minas Gerais.
Para reduzir os valores da taxa
de importação de borracha via por-
Indústrias
recolheram R$
200 milhões a
menos nos
últimos 4 anos
Senador diz
que existe uma
quadrilha
dentro do
Ibama
SUMMARY
Subject published by the
Journal ofthe Environment, in
its July issue, covering the
irregularities which have been
occurring in lhe Institute of
Environment and Renewable
Natural Resources (IBAMA),
related to deviation of funds
which shouldhave been officially
applied lowards improvements
for the rubber extractors
producing látex in the Amazon,
had a vast repercussion in the
National Congress. Senator
Ernesto Amorim (PDT-RO)
preseníed a formal complaint at
the General Proxy of the
Republic, demanding legal
acíion
against
these
irregularities, and jail for the
members of the "gang", which
he affirms is operating wiíhin
IBAMA.
Reunidos em Brasília no mês passado, os seringueiros pedem crédito e assistência técnica
larias ilegais, Aurélio de Souza Filho
contou, segundo sustenta o senador
rondoniense, com a cobertura do exprocurador-geral do Ibama, Ubiracy
Araújo, e do ex-secretário da presidência do órgão, Rômulo José
Almeida F. B. Mello, escolhido como
coordenador da recém criada Comissão Interministerial da Borracha, órgão transitório criado pela Presidência da República a pedido do setor,
para suprir a lacuna deixada pelo
Conselho Nacional da Borracha, extinto pelo governo Collor de Mello.
Em sua edição dejulho, à página
3, a Folha do Meio denunciou os
grandes prejuízos causados à produção nacional de borracha pelas
duas portarias e pela decisão do
US$ 43,9 milhões em 1990para apenas US$ 7,2 milhões no seguinte (ano
da entrada em vigor das portarias),
continuando a cair nos anos seguintes e chegando a apenas US$ 2 milhões em 1993. Neste mesmo período, a produção de borracha dos seringais da Amazônia, para onde deveriam ter sido legalmente destinados grande parte dos recursos da
TORMB, também desabou, passando de 14,2
mil toneladas em 1990
para apenas 5,9 mU toneladas em 1993.
O deputado federal
João Maia (PSDB-AC),
que já teve aprovado na
presidência da Câmara
seu pedido de abertura
de uma CPI - Comissão
Parlamentar de Inquérito, para investigar o assunto, disse
que pretende ouvir todos os implicados nesse que ele considera como "o
grande golpe " dado contra os legítimos interesses da Amazônia e de sua
população extrativista. Outra CPI,
que tem por objetivo investigar os erros da política do governo para a borracha, também já foi pedida na Câmara pelo deputado Paudemey
Avelino (PPR-AM)
Por sua vez, o deputado Marcelo
Deda (PT-SE) considerou que a ilegalidade cometida pelo Ibama, sob a
influência da indústria pneumática, "é
a mesma coisa daquela historinha de
colocar a raposa para tomar conta
do galinheiro ".
Ao comentar as irregularidades
que estão sendo atribuídas ao Ibama,
o presidente do órgão, Raul
Jungmann, disse que houve, de fato,
um desmantelamento do Conselho
Nacional da Borracha e que "hoje a
situação está ambígua". Jungmann
informou que pretende acionar a legislação cabível para contornar as
irregularidades.
Ibama de não repassar os recursos
arrecadados através da taxa de importação (Taxa de Organização e Regulamentação do Mercado de Borracha - TORMB) para os seringais
nativos da Amazônia e dos seringais
de cultivo do Centro-SuL Ao não investir nos seringais da Amazônia, o
Ibama estaria contribuindo para expulsar, para as periferias das cidades da região, os milhares de seringueiros que exploram racionalmente
a floresta através das atividades
extratívistas da borracha e da castanha. Sem os seringueiros, que atuam
como verdadeiros guardas florestais,
boa parte dafloresta amazônicafica
à mercê da fúria devastadora dos
pecuaristas e dos madeireiros, que
hoje ganham milhões de dólares
exportando ilegalmente madeiras
nobres, principalmente o mogno.
A denúncia dojomal se baseou
no relatório da auditoria realizada
no Ibama, a pedido do Câmara dos
Deputados, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que comprovou que o órgão aplicou o dinheiro
da TORMB apenas em pagamento
de pessoal e na manutenção de sua
burocracia e de seus instalações, em
vez de aplicá-los nos seringais produtores de borracha, como manda
as leis 5.227 e 5.459.
Prejuízos - O TCU, conforme
noticiou a Folha do Meio, comprovou que as portarias fizeram a arrecadação da TORMB desabar de
Seringueiros protestam
Cerca de 250 líderes seringueiros dos estados do Acre, Amazonas,
Pará, Roraima, Rondônia, Mato
Grosso, Amapá, Tocantins e
Maranhão estiveram reunidos em
julho passado, em Brasília, protestando contra o total abandono a que
estão submetidas as mais de 50 mil
famílias seringueiras que ainda resistem em continuar nos seringais
extraindo borracha e castanha, recebendo pela borracha - tabelada
pelo Ministério da Fazenda - R$
1,30 por quilo, preço que, no final
do mês, dá a cadafamüia uma renda de pouco mais de meio salário
mínimo.
Os protestos ocorreram durante o 4° Encontro Nacional dos Seringueiros, ocasião em que os líderes extratívistas da Amazônia cobraram do govemo federal a liberação
de crédito especial do Basa e do
Banco do Brasil para ofinanciamento da safra de borracha, a garantia
de mercado para sua produção e o
retomo da assistência técnica oficial para melhorar os níveis de produtividade e para agregar valor à
sua atividade extrativista.
Na capitalfederal, os seringueiros, sempre acompanhada pela senadora e ex-seringueira Marina Silva, chamaram a atenção dos
brazilienses ao descerrarem no parque Rogério Piton Farias, no centro
da cidade, a placa do Memorial
Chico Mendes, que até o final deste
ano será construído pelo Govemo
do Distrito Federal, em convênio
com o Conselho Nacional dos Seringueiros, para servir de referência cultural à luta preservacionista
dos povos da floresta amazônica
(seringueiros, índios, ribeirinhos e
outros).
Seringueiosespeiamquebama^BciueosiecuisosdaTORMBna Amazônia
Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosfo de 1995
EDITORIAL
A missão de fiscalizar
FOLHA DO
MEIO
AMBIENTE
Diretores Responsáveis:
Silvestre Gorguflio e Maioone Formiga
Editor-Gerai: Silvestre Gorgulho
Editor-Executivo: Romerito Aqtrino
Subeditonu Cláudia Miller
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Correspondentes:
Simone Silva Jardim - São Paulo
Malu Maranhão - Goiás
Karen Rodrigues - Brasília
Edson Gillet-P&rá
Alexandre F. de Faria - Europa
Lana Araújo - Rio de Janeiro
Sílvia Franz Marcuzzo - Porto Alegre
Lize Torok - Santa Catarina
Colaboradores:
Arnaldo Niskier, Glaucia Moraes da Costa,
Joanice Pierini, Tetê Catalão, Miguel Oliveira,
Milano Lopes, Alexandros L. Geogopoulos,
Mércia S. Maciel, Marcos Terena, Valéria
Fernandes, Elza Pires, Mila Petrillo e
Therezinha Duche.
Conselho Editorial:
Alarico Verano, Arnaldo Niskier, Carlos
Alberto Xavier, Dioclécio Luz, Jorge Reti,
Leandra Santos, Malu Maranhão, Romerito
Aquino, Romoaldo de Souza, Marcone Formiga, Marcos TCTena, Milano Lopes, Nikòlaus
Behr, Silvestre Gorgulho e Washington
Novaes.
Programação Gráfica: Divino Alves.
Editoração Eletrônica: Edimilso Ladeira e
Dulciene L Almeida
Revisão: Romoaldo de Souza
Tradução: José Lins Filho
Foliínha do Meio Ambiente
Redação: Girido Heleno
Ilustração: Jô Oliveira
Equipe Unicef: Agop Kayayan, representante do Unicef no Brasil: Karin Hlshof, gerente
de prqj etos meio ambiente e Jorge Zimmennan
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Campo Grande: Luca Maribondo - Atelier de
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* Os artigos assinados não traduzem
necessariamente a opinião do jornal.
Folha (to Mão Ambienteé urra publicação
da Forest Cultura Viva ePromoções Ltda,
SCSQd 8Ed.\fenândo2000, BlocoB-60,
Sala228, Qp.70333-900,aasíiia-DF. Brasil. Fone: (061) 321-3765, Fax (061) 3215809ouCaixaPdstal 10891 ACF/CentroSul
70333-900BiasíliaI»::
Em sua edição de agosto, a Folha do Meio provou mais
inestimáveis riquezas da flora e da fauna da Amazônia brasiuma vez que está a serviço da sociedade brasileira em
leira.
tudo que diz respeito à preservação do nosso valioso
Da Amazônia, seguimos para o arquipélago de Fernando
patrimônio ambiental, esteja ele perto ou nas mais distantes
de Noronha, onde mostramos as belezas e os problemas que
regiões deste país. Assim aconteceu com a matéria publicada
já enfrenta hoje este que é um dos mais importantes santuásobre a irresponsável contribuição que o Ibama - organismo
rios ecológicos do planeta Terra. Nesta edição, saiba, tamoficial criado justamente para proteger o meio ambiente bém, um pouco do que está acontecendo com a produção de
vem dando para esvaziar a Amazônia dos hopeixes no país, através de uma matéria muito
mens verdadeiramente responsáveis pela sua
SUMMARY
didática e com expressiva riqueza de detapreservação: os seringueiros. Considerados
In this issue, The Journal lhes, que fala da reprodução artificial e resthe
Environment
guardas naturais da floresta, os seringueiros of
approaches the most diverse gata uma informação histórica que pouca gencontinuam sendo expulsos das matas amazômatters, wiíh emphasis to the te sabe: o mérito do brasileiro que descobriu
nicas por não receberem do órgão os recursos impact within the National o processo de reprodução artificial dos peie estímulos definidos em lei para o desenvol- Congress
of
the xes.
vimento das atividades extrativistas que há denunciations, published in
O compromisso da Folha do Meio de dethe July issue, against the
décadas eles praticam na região.
fender
o meio ambiente também se destaca na
Ibama, which has not heen
A publicação, pela Folha do Meio, dos allocating
the
funds matéria em que mostramos a determinação do
resultados da auditoria feita no Ibama pelo determined by law to be país de varrer de seu território o mais breve
Tribunal de Contas da União causou grande applied towards benefüs for possível os gases CFCs, usados nos aparelhos
repercussão junto à sociedade civil e no Con- the rubber extractors in the de refrigeração e que comprovadamente atinAmazon. The Journal spots,
gresso Nacional, onde o senador Emandes among other subjects, gem a camada de ozônio do planeta, trazendo
Amorim (PDT-RO) encaminhou extensa re- articles
about
the prejuízos irreversíveis à vida na Terra. No sul,
Archipelago
of
Fernando
de
presentação à Procuradoria Geral da RepúbliNoronha, in the Atlantic ecologistas gaúchos dão um exemplo de deterca pedindo a abertura de ações na Justiça. Duas
Ocean, about artificial fish minação de tomar o meio ambiente mais limpo
Comissões Parlamentares de Inquérito - CPIs, reproduetion and about the fazendo uma verdadeira faxina na serra do Rio
já foram aprovadas na Câmara para investi- pre-historie cüy of Parauna, do Rastro, uma das mais belas do país. Conhegar as irregularidades cometidas pelo Ibama deep in the State of Goiás, ça também os caminhos e os mistérios que cerwhere fragments of a rock
com o dinheiro que deveria ser cobrado das wall builí in the past might cam a cidade pré-histórica de Paraúna, no Estaimportações de borracha feitas pela indústria have had the same length of do de Goiás, onde fragmentos de uma muralha
pneumática para aplicação nos seringais the Great Wall in China. See construída no passado podem ter tido as mesextrativistas da Amazônia. Nesta edição, tra- also the article on the mas dimensões da grande muralha da China.
Brazilian decision
of
zemos novamente o assunto em destaque com eliminating, before the year
Na Folhinha do Meio, uma justa homenao intuito de continuar colaborando para uma 2005, the use of the CFC gem àquela que é a mais bela e exótica estação
solução que leve era conta os interesses naci- refrigerating gases, which do ano: a primavera, que se aproxima de todos
onais e os interesses da própria população que affect the ozone layer in the nós, trazendo sempre um rastro de esperança e
atmosphere.
habita, explora racionalmente e preserva as
beleza.
6 edições R$ 6,00 ou 12 edições R$ 12,00
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de FOREST CULTURA VIVA E PROMOÇÕES LTDA. SOS Qd. 8,
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Cndereço
C€P
Cidade
€stado
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Folha do Meio Ambiente D
Brasília, agosto de 1 995
PERIGO
Fotos: Silvia Marcuzzo
COLUNA DO MEIO
SILVESTRE GORGULHO
TEMPO DE ECO-EHCIENCIA
Alwislas do Greenpeace se pertSom diante do consulado francês em P. Alegre
Gre^eace protesta contra
testes nucleares da França
Sílvia Franz Marcuzzo
Ecologistas de várias partes do
inundo protestam contra a decisão do governo francês em retomar os testes nucleares no atol de
Mururoa, na Polinésia Francesa,
previstos para setembro deste
ano. No dia 10 de julho, o
Greenpeace realizou manifestações simultâneas em três capitais
brasileiras. Em São Paulo, Rio de
Janeiro e Porto Alegre os ativistas
ocuparam a entrada dos consulaEcologistas encenam a morte
dos da França e entregaram aos
navio Raibow Warrion II na zona
respectivos cônsules um cogumede exclusão do Atol de Mururoa,
lo de gesso e uma carta pedindo
em julho deste ano. A embarcação
que seja suspensa a decisão do
foi abalroada e invadida por 150
presidente Jacques Chirac. O dia
homens, que soltaram bombas de
foi escolhido para lembrar o 10°
gás-lacrimogênio
e cortaram o sisaniversário do atentado contra o
tema de comunicação. Antes da
primeiro navio da organização, o
abordagem da Marinha, dois
Raibow Warrion I. O veleiro foi
ativistas conseguiram escalar uma
afundado em 10 de julho de 1985,
das torres de perfuração do atol para
por agentes secretos franceses,
a realização dos testes, mas foram
enquanto se preparava para ancocapturados
em seguida.
rar no porto de Auckland, na Nova
A indignação contra a decisão
Zelândia. A sabotagem contra o
de Chirac não vêm apenas dos ecoGreenpeace - que
logistas. Durante a
na época já lutaprestação de contas
va pelo fim dos
SUMMARY
dos seis meses de
testes nucleares
seu governo, o preParticipants
of
the
na Polinésia - provocou a morte do Greenpeace carried out sidente francês foi
fotógrafo portu- simultaneous manifestaüons vaiado por dezenas
guês Fernando in the cities of Rio de de integrantes do
Parlamento EuroPereira e uma criJaneiro, San Paulo and peu, o Legislativo
se no governo
Porto Alegre, against the da União Européia.
francês.
Na manifesta- nuclear tests that France O dia 14 de julho,
ção de Porto Ale- intends to make in the data em que os frangre, enquanto al- Mururoa Atoll. In the ceses comemoram o
guns ecologistas Consulates, they requested aniversário da Torealizavam uma from the French Government mada de Bastilha,
também foi marcaperformance e sethe halüng ofthe tests.
do por protestos
guravam uma faicontra
a retomada
xa com a inscridas operações militares nucleares
ção "Chega de testes nucleares.
em Paris. Chirac afirma que sua deMururoa é aqui", outro grupo anicisão é irrevogável. Diz que seu
mava o protesto distribuindo
país está disposto a assinar o Trachampignons aos transeuntes ditado de Não-proliferação de Armas
zendo: "este não é atômico" e foNucleares
no próximo ano, depois
lhetos explicativos sobre o assunde concluídas as últimas experiênto. No ato, o Greenpeace também
cias atômicas previstas, sete ou oito
repudiou a violência usada pela
no total.
Marinha da França contra o seu
Uma constatação: o movimento ambiental saiu da fase contemplativa, da fase ideológica
e da fase da simples denúncia paia entrar na fase da conscientização, na fase da responsabilidade
e na fase do apelo mercadológico. Três provas contundentes de que o movimento ambiental
mudou e vai ampliar mais ainda. As empresas e os países que não acompanharem essas
mudanças, começarão a perder seus mercados. A evolução da questão ambiental virou uma
questão de competitividade comercial.
OS EXEMPLOS.
1. A pressão dos ecologistas europeus, capitaneados pelo Greenpeace, mudou os planos
da Shell que queria se desfazer de uma plataforma petrolífera obsoleta, afundando-a em águas
profundas do Mar do Norte. Argumento mortal dos ecologista em cima da Shell: consumidores
do mundo inteiro começariam a boicotar os produtos da companhia. E, a Shell que inicialmente
havia subestimado a consciência ecológica dos consumidores, voltou atrás. Por quê? Por que
o rombo não seria só na imagem, mas também nos cofres.
2. A França, desde de 1966, j á realizou 204 testes nucleares. Agora, fora de época e num
momento impróprio (quando o mundo comemora os 50 anos do fim da 2" Guerra, inclusive
com muitas manifestações lembrando as bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki),
a França anuncia o reinicio de testes nucleares no atol de Mururoa, na Polinésia Francesa. O
governo francês jogou pesado contra os ecologistas contrários aos testes e não ligou muito
para as ações do Greenpeace, nem para as manifestações em frente às embaixadas francesas em
vários países. Mas aí o que aconteceu? Novamente a consciência ecológica dos consumidores
falou mais alto. Veio o boicote, no mundo inteiro, aos produtos franceses. Boicote ao vinho e
aos licores. Resultado: os produtores franceses começaram a perder mercado e iniciaram um
movimento de pressão junto ao próprio govemo. As exportações de vinhos e licores representam
para a França nada menos de 7 bilhões de dólares/ano. Pior que perder a boa imagem é perder
um bom mercado.
3. A novidade ecológica deste final de século é, com certeza, o sucesso da International
Organization for Standartization - ISO, que resultou num consenso de qualidade mercadológica
dos países, órgãos e especialistas do mundo inteiro. De caráter universal, buscando ser conciso
e objetivo, o modelo ISO objetiva padronizar normas e conquistar qualidade, favorecendo o
consumidor, o cliente, o empresário e o empregado. Agora, com a série ISO 14000, quando
além de tudo, há que se respeitar e favorecer também o meio ambiente, podem tomar nota: o
mundo assistirá uma das mais radicais e rápidas mudanças de comportamento de mercado de
sua história.
FORÇA DO CONSUMIDOR
As empresas, as indústrias e os empresários que não forem eco-eficientes perderão sua
competitividade. Quem respeitar a qualidade global terá sucesso. O motivo? Muito simples: o
consumidor mudou sua cabeça, pois topa pagar mais pelo produto ecologicamente correto.
Exemplos? É o que mais têm:
• Pesquisa nos EUA mostra que o consumidor americano está disposto a pagar até 5%
mais caro pela gasolina limpa.
• Os produtos biodegradáveis têm a preferência do consumidor nas prateleiras do
supermercado.
• Na Alemanha, na Suíça e em outros países onde a população paga mais pelo lixo não
reciclável, o consumidor passou a dar preferência às embalagens que podem ser recicladas.
• Aerossóis que contém CFC - que afetam a camada de ozônio - antes mesmo da
legislação intervir, sofreram sérios boicotes dos consumidores.
• O papel reciclado é mais caro, mas tem a preferência do consumidor.
Vamos concluir juntos: enquanto o consumidor escolhe o que lhe convém e o que convém
ao meio ambiente, as empresas se armam para não perder o mercado. E quando as empresas
começam a usar um marketing ecológico (que na maioria das vezes é enganoso) propagando
nos rótulos que o produto é ético, que o fornecedor é ecologicamente correto ou, até mesmo,
que percentagem da venda vai para uma causa ecológica, chega a série ISO 14000 para por
ordem na casa, definindo e normalizando o sistema de gerenciamento, que vai permitir avaliar
se tanto as empresas quanto os produtos têm uma relação honesta com o meio ambiente.
Aos renitentes fica o recado: a economia se misturou com a ecologia e o tempo, agora, será
da eco-eficiência. A questão ambiental é, também, uma questão de competitividade comercial.
Vai ser aquela história: meio ambiente com respeito, produto aceito, consumidor satisfeito e
lucro no peito.
ISO 14000
Esta série de normas ambientais que está em sua fase final de elaboração, teve em junho
último, em Oslo, uma reunião plenária decisiva, com a participação de 65 países, inclusive o
Brasil. (Ver Coluna Qualidade Verde na página 7 e reportagem de Simone Silva Jardim na
página 19) A delegação brasileira coordenada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
e pelo Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (ABNT/GANA) fez bonito. Hoje a delegação
brasileira é uma das mais respeitadas pela seriedade das ações e consistência das propostas
apresentadas. A maioria das teses brasileiras foi aceita, algumas bastante importantes, como
por exemplo: o cancelamento de vários tipos de auditorias ambientais que pareciam
consolidados e não resistiram aos argumentos brasileiros. A próxima reunião plenária será em
junho de 96, em Durban, na África do Sul.
1
Õ Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
stamos investindo para que
filhos r ao conheçam este lugar
só nos livros de história.
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ty/fl/
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O Monte Pascoal é um símbolo vivo da história do Brasil. Na verdade, é onde ela começa.
Primeiro ponto avistado pelos portugueses, em 1961, foi transformado em Parque Nacional com o
objetivo de preservar a fauna e a flora da região.
Não adiantou. Durante todos estes anos o parque tem convivido com os mais diversos problemas,
que resultaram em sérios prejuízos para a vegetação, solo e animais nativos, com uma perigosa
descaracterização do ecossistema.
Só que agora este quadro vai mudar. A Petrobras - que encontrou petróleo pela primeira vez em
Lobato, na Bahia - está assumindo participação ativa, em parceria com o IBAMA, num projeto que
pretende devolver ao Parque Nacional de Monte Pascoal toda a sua beleza e dignidade.
Com todas estas iniciativas, a Petrobras vai estar ajudando a garantir a preservação do Monte Pascoal.
E você vai poder ter certeza de que seus filhos não vão depender dos livros para conhecer uma das
partes mais importantes da nossa história.
Eüü
yy PETROBRAS
Folha do Meio Ambie nte
Brasília, agosto de 1995
7
ENCANTO
Deixe os beija-flores
entrarem em sua casa
Simone Silva Jardim
A todo vapor
Arte: Embrapa
Simone Silva Jardim
Ao longo do tempo, a vivaci
dade, a beleza brilhante e o
encanto, quase irresistível,
dos beija-flores vêm arrebatando
muitos corações humanos. Quase cinco século atrás, Cristóvão Colombo
pisou pela primeira vez no continente
americano e não conseguiu conter sua
emoção, foi logo sacando a pena para
descrever assim essas criaturas aladas: "pequenas aves, tão diferentes
das nossas - são uma maravilha".
Andubon comparou-os a "fragmentos de arco-íris". Boeldi,porsuavez,
definiu-os como "pedras preciosas e
flores convertidas em animais". Os
guaranis chamavam-nos de
mainumbis, ou "aqueles que encantam, junto à flor, com sua luz e resplendor". Cenas de colibris em vôo
ou sugando flores também foram
registradas pela civilização asteca.
Típicos consumidores de néctar
produzido pelas flores, os
troquilídeos, família de aves a que
pertence o beija-flor, estão intimamente relacionados com as espécies vegetais que, em troca de alimento, ajudam a polinizar, contribuindo para a
sua fecundação. Essa interação entre
ave e planta resulta na evolução paralela de dois reinos.
A vontade de compreender esse
mundo mágico para compartilhá-lo
com os amantes da natureza dos quatro cantos do planeta, uniu, em São
Paulo, toda uma família, os Dalgas
Frisch. Nos últimos oito anos, eles
vêm se dedicando à missão de
pesquisar as flores, árvores, arbustos e plantas ideais para compor um
ambiente colorido, mas ao mesmo
tempo cheio de vida, para servir de
moradia fixa para esses sensíveis habitantes.
Agora, o pai Johan, a mãe Birte e
o filho Christian exibem num livro
extraordinário, "O Jardim dos BeijaFlores", essa "receita", que no sítio
de Christian, em Mogi Mirim" (SP),
começou atraindo dois colibris e hoje
abriga mais de 100 avezinhas, de 14
espécies diferentes. A obra, ilustrada
com mais de 150 fotos, custa R$
120,00 a edição de luxo (brochura a
R$ 80,00) e é um guia prático que
permite a qualquer um criar um
habitai atraente para beija-flores, desde lugares como sítios, praças públicas até uma pequena varanda de apartamento. E o melhor, durante todos
os meses do ano. Pedidos podem ser
feitos pelo telefone(011) 814-800 ou
fax (011) 815-3693.
Verde para o estômago - "Os
beija-flores não estão mais presentes
na paisagem urbana porque as cidades são projetadas com o verde para
os olhos dos homens e não para o
estômago dos pássaros. A relação
entre flor e ave cria uma nova mentalidade na elaboração de jardins, desde áreas de uso público até um vaso
suspenso na varanda de um apartamento", destaca Christian, que fotografou, com doses exatas de técnicas
e paixão, a maior parte dos colibris e
plantas que aparecem no livro. Ele
foi o responsável por todo o trabalho
Durante a Rio-92, mais de 100
países identificaram a necessidade de
serem elaboradas normas internacionais sobre Sistemas de Gestão
Ambiental, mais conhecidos pela sigla SGA. Para tomar isso realidade,
o Comitê Técnico da ISO -
.
^H
1 \M*
International Organization for
Stantardization - está trabalhando
a todo o vapor para que, a partir de
1996, as normas da série ISO 14000
sobre Gestão e Auditoria
Ambiental estejam oficialmente em
vigor em toda a União Européia.
-^
•
•
Trocando em miúdos
Vale lembrar que os chamados Committee Drafts (CDs), que rapidamente irão se transformar em normas internacionais, são os seguintes: ISO
14000 - fornecerá as diretrizes para uma organização implantar ou incrementar
seu Sistema de Gestão Ambiental; ISO 14001 - dará as especificações para
a certificação e/ou auto-avaliação de um SGA de uma organização e a ISO
14010 à 14012, que estabelecem os princípios e procedimentos para a realização de Auditorias Ambientais, além de definir os critérios para a qu alificação de Auditores Ambientais.
Boa notícia
Quaíquef pessoa pode criar haUat oftaente para mcravahasos coftbré
dos Unidos, Bill Clinton, elogiou a
iniciativa numa carta breve mas muito
entusiasmada. Chefes de outras nações, como Grã-Bretanha e Espanha
também não pouparam palavras de
admiração ao trabalho realizado pelos
Dalgas Frisch.
Curiosamente, os beija-flores só
existem nas três américas e o Brasil
abriga a maior parte das espécies 140 das 320 catalogadas. O "Brilho
de Fogo" é a espécie mais ameaçada
de extinção, hoje só encontrada na
serra do Navio.
A regra número um a ser seguida
por aqueles que querem atrair beijaflores é manto- uma base de plantas,
seja na forma de um canteiro ou em
vasos, capaz de proporcionar flores o
Elogios de Clin ton • A obra "Jar- ano inteiro. É que, com a certeza de
dim dos Beija-flores" tem texto fartura de alimento, o colibri pode esbilingüe (inglês/português) e foi en- tabelecer moradia permanente, deixanviada por seus autores para inúmeras do de lado as visitas furtivas e os surautoridades. O presidente dos Esta- preendentes vôos diários de até 40
quilômetros em busca de néctar - a
avezinha é considerada um voador
incansável; suas asas de notável comprimento e o corpo leve fazem com
The will to understand the
que desenvolva velocidades que vão
magic
world
of
the
de 30 a 70 quilômetros por hora. Os
hummingbirds, in order to share
beija-flores chegam a ingerir, num só
it with nature loversfrom thefour
dia de atividade, oito vezes o peso de
corners of the Planet,
seu corpo.
congrfgated, in San Paulo, a
Os populares bebedouros são indispensáveis, mas merecem cuidados
wholefamily: the Dalgas Frisch.
especiais e quase sempre esquecidos.
For thepast eightyears, they have.
Cada garrafinha deve receber uma
been dedicaüng themsehes to the
mistura de água com duas a três comission of researching the
Iheres de sopa de açúcar cristal. Todo
flowers, trees, bushes andplants \
dia esse caldo deve ser trocado porwhich are optimalfor creating a
que água e açúcar fermentam, fazencolorful, butatthe same timefull
oflife environment, to be used as '■ do proliferar dentro das garrafinhas
muitos fungos e bactérias, que inflaafirm shelter for these sensitive !
mam a garganta e dilatam a língua do
inhabitants. Now, this recipe is
beija-flor. A avezinha fica condenada
in the book "The Garden of the
a um triste fim: a morte por asfixia.
Hummingbirds", a practical
Uma vez por semana, também é preguide with morethan ISOpictures
ciso colocar os bebedouros de molho
which wülaüowanyone to create
em água sanitária, durante pelo mean attractive habitai for
nos quinze minutos.
hummingbirds, from places üke
Sem dúvida, o cenário ideal para
cottages, and public parks, to a
atrair beija-flores é aquele que reúne,
little terrace inan apartment And
num mesmo lugar, plantas frutíferas e
the best, throughout theyear.
herbáceas, árvores, arbustos, cactos,
bromélias, trepadeiras e orquídeas.
de pesquisa e pelo texto enxuto que,
logo na abertura, desvenda aos leitores todos os mistérios das avezinhas,
desde como vivem, dormem, se
acasalam até seu último suspiro, que
em alguns exemplares demoram até
14 anos.
"Cada vez que parávamos para
prestar atenção aos beija-flores, nossas mentes se libertavam das preocupações cotidianas e nos permitiam
mergulhar numa sensação maravilhosa. Essas avezinhas mudaram nossas
vidas. Descobrimos que sua presença mágica nos passava uma energia
única, capaz de afastar o estresse e
recuperar a harmonia interior", comenta Johan.
SUMMARY
Do dirctor-executivo do QSP Centro Brasileiro da Qualidade, Segurança e Produtividade, Francesco
de Cicco: "A rigor, um Sistema de
Gestão Ambiental é mais uma boa
prática de negócios que deve ser
abraçada por qualquer equipe de gerentes bem informada. A boa notícia
é que o SGA não tem que ser mais
um sistema nas organizações. Pelo
contrário, se a empresa já
implementou a ISO 9000, então ela
está bem mais próxima de implantar com sucesso seu SGA, que é
perfeitamente integrado ao Sistema
de Qualidade já existente, a fim de
obter mais rapidamente os resultados desejados."
ISO sem segredos
Prestigiadíssimo o 3o Fórum Bimestral de Intercâmbio de Experiências,
promovido pelo Clube da ISO 14000 (Tel.: 011-881-7074), em São Paulo,
no dia 11 de julho passado. Vinte empresas de diferentes setores, entre elas
Monsanto, Degussa, O Boticário, Nitro Química e Enterpa, mandaram seu
pessoal das áreas de meio ambiente e segurança conferir o melhor do evento: a apresentação, pela consultora Ana Maria Iten, das afinidades e pontos
complementares entre as normas ISO 9001 e CD 14001.
Têxtil larga na frente
No 3o Fórum, os participantes também ficaram de antenas ligadas no cose
tupiniquim relatado por Guglielmo
Taralli, diretor daetnpresade consultoria
Micro Análises. Por questões estratégicas, Taralli não revelou o nome da
indústria têxtil que, há oito meses, vem
trabalhando duro para implantar seu
Sistema de Gestão Ambiental. A concorrência que fique esperta. A qualquer
momento, a "incógnita" abocanhará o
título de primeira do setor no país a
conquistar uma certificação ambiental
Uma dica para quem gosta de matar
charadas: o grupo tem fábricas no
mundo inteiro, mas teve de inclinarse à iniciativa pioneira da unidade fabril situada em São Paulo. Agora as
demais plantas começam a movimentar suas engrenagens, para atingir o
mesmo objetivo nos quatro cantos
do planeta.
Qualidade com lucratividade
O governo do Mato Grosso acaba de lançar o projeto "Granja de Qualidade", que dá isenção de 66,7% do ICMS para criadores de suínos que
utilizem tecnologia que não agrida o meio ambiente. A regulamentação do
incentivo fiscal está previsto para daqui a dois meses e vai vigorar por dez
anos. Para participar do programa, o suinocultor deverá dispor, entre outras
exigências, de sistemas de aproveitamento ou eliminação de dejetos, evitando a poluição e a contaminação de mananciais. Detalhe: com essa diferenciação, espera-se que o mercado pague del0al5%a mais pelo produto. O
rebanho, em produção tecnificada, é estimado em 12 mil matrizes no estado.
ALUMAR
Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
8
REGISTRO
Belezas pré-históricas em Goiás
A cidade de Paraúna, no oeste goiana, piarda segredos de uma civümção pré-hisíórka,
Ammalha de pedra ém^^
habitou a região
Fotos; Márcia Turcato
Márcia Turcato
Paraúna, no oeste goiano, guarda
segredos do tempo em que o mar
banhava o Planalto Central e era
habitado por uma hábil civilização.
Localizada a 350 quilômetros de Brasília,
a pequena cidade de Paraúna, que em
tupi-guarani significa rio preto, tem
pouco mais de 10 mil habitantes, está
incrustada na microregião da serra do
Caiapó, produz quase três toneladas de
milho por hectare e é berço da extinta
civilização. É este último fato que a toma
diferente de centenas de cidades
espalhadas pelo estado de Goiás. Apesar
da riqueza de vestígios com data superior
a 30 mil anos, há poucos estudos sobre a
região e os últimos foram realizados em
1977, por pesquisadores norteamericanos.
Uma
das
atrações
mais
surpreendentes da cidade é a muralha de
pedra, a 27 quilômetros de distância da
cidade. Trata-se de magnífico paredão
formado por imensos blocos de pedra,
com cerca de 30 metros de
altura e 80 quilômetros de
extensão. A razão pela qual
teria sido construído
permanece em segredo.
Talvez seja obra de algum
povo oprimido por uma
nação inimiga
ou
perseguido por animais
carnívoros de grande porte.
A serra da Portaria tem grutas gigantescas, com galerias interligadas
seu curso, cem metros adiante. A "ponte"
é natural e une dois terrenos de solo
calcário que se romperam ao redor. Em
baixo, perfurando a rocha
da Ponte de Pedra, passa o
rio, rápido e de águas
escuras. Mais adiante, mais
uma ponte de pedra, menor,
porém resultante de
idêntico fenômeno. No
interior da galeria, por onde
passa o rio, há estalagmites
e
estalactites
com
coloração suavemente
azulada, conseqüência dos
reflexos da luz na água do
rio.
Em um local mais elevado, o rio da
Ponte de Pedra se une ao rio Corrente, de
águas cristalinas, em exótica
manifestação. As águas dos rios fluem em
sentido inverso para um pequeno poço,
parecendo que nunca irão se unir. A partir
deste ponto, com muita emoção e espírito
Pedras unidas
com óleo de
baleia e
sangue bovino
Óleo de baleia • Os'
vestígios da construção, onde pode-se ver
inscrições rupestres, lembram muito a
Muralha da China, erguida no século 13.
Mas a diferença marcante entre as duas
está no tipo de argamassa utilizada para
unir as pedras das muralhas. Em Paraúna
foi uma exótica mistura de óleo de baleia
com sangue de bovino, singular em todo
o planeta.
A identificação do óleo de baleia no
centro do Planalto Central remete à teoria
do Gondwana, quando os cinco
continentes formaram uma única massa,
que acabou se rompendo e se dividindo,
após 200 milhões de anos, em
conseqüência de dezenas de cataclismas.
De acordo com esta teoria, o Brasil
formava um único bloco, unido à África,
e banhado por oceanos que penetravam
nas areias do litoral formando lagos.
Semelhanças identificadas em rochas e
em fósseis africanos e brasileiros
intensificam as suspeitas sobre a teoria
do Gondwana.
Ponte de Pedra - Outro ponto
interessante é a ponte de pedra, sobre o
rio de mesmo nome, a 70 quilômetros do
centro da cidade. É um local curioso, onde
o rio desaparece em seu leito natural e
penetra em um túnel para depois retomar
de aventura, é possível descer as
corredeiras, com câmeras de ar e roupas
de mergulho para proteger o corpo das
pedras submersas. A força da
água se encarrega de levar
o banhista até a Ponte de
Pedra onde o guia aguarda
para retirar todo os
aventureiros das águas,
sãos e salvos, com o auxílio
de cordas e mosquetões.
Pesquisadores
estudam os
mistérios da
pré-história
Esculturas e abrigos Mais próxima da cidade, a
18 quilômetros de distância,
está a serra das Galés com
tuna ampla coleção de estátuas naturais
em arenito. Resultado da ação do vento,
ou do trabalho artesanal de alguma nação
extinta, como pretendem alguns, a serra
abriga gigantescas esculturas de animais,
como a da tartaruga, e também de figuras
humanas, como a da índia com o filho no
colo. Neste local já foram identificadas
SUMMARY
Fragmentos da grande muralha
conchas marinhas, o que contribui
fartamente com o imaginário. Em
Rondônia e em Sete Cidades, no Piauí,
há esculturas semelhantes.
Perto da serra de Galés há outra
intrigante manifestação pré-histórica na
serra da Portaria. São as grutas
gigantescas, que possuem galerias
unindo umas as outras. A entrada das
grutas foi obstruída por enormes pedras,
diferentes das que existem no local e
pesando mais de quatro toneladas.
Parecem ter sido colocadas ali por
intermédio de alguma potente máquina.
Apenas uma gruta não foi fechada.
O complexo de galerias é semelhante
ao de inúmeras aldeias rupestres
existentes nos Estados Unidos e no
México, onde o acesso às habitações só
era possível com o emprego de toscas
escadas de madeira, que eram retiradas
logo em seguida para que o inimigo não
conseguisse subir.
Na parte sul da serra da Portaria há em
seu topo estranhas peças, que parecem
objetos dispostos em um
altar. Há também um
cinzelamento, feito em uma
pedra, que lembra uma
bússola. Esta formação
recebeu o nome de Norte
Magnético ou Pólo
Magnético. Para chegar até
ela, é preciso caminhar um
dia inteiro, através da
vegetação da base da serra
e escalar suas paredes
rochosas com o auxílio de cordas. No
regresso à estrada, para relaxar, vale a pena
um banho no poço do rio Formosinho.
Studies carried out in 1977, by
American researchers, prove that
the region where the city of
Paraúna islocated, in Westernpart
of the State of Goiás, was the
birthplace of an extinct
civiliz/aüon. A rock wall with more
than 80 kilometers of length,
mountains with a large collection
ofsandstone statues, andgigantic
caves with interconnected
galleries, are clear evidence of a
skilled andintelligent people who
lived in the region thousands of
years ago.
No caminho, Jandáia • O
povoamento de Paraúna teve início em
tomo de 1900, com a construção de uma
capelinha onde era rezado um terço todos
os primeiros domingos de cada mês, em
louvor ao menino Jesus. Com o tempo,
inúmeras famílias se estabeleceram às
margens do córrego São José, vindas de
Minas Gerais e de São Paulo. Mais tarde,
o lugar passou a se chamar Bota Fumaça,
depois mudou para São José do Rio Turvo
e para Rio Preto - como distrito de
Palmeiras de Goiás, até consagrar o nome
de Paraúna, em 28 de setembro de 1930.
O acesso a Paraúna é feito pela BR060, passando por Goiânia. O tráfego de
caminhões na estrada é intenso. Convém
dirigir com atenção redobrada nos
inúmeros trechos de pista com mão única.
Antes de se chegar a Paraúna, é preciso
passar por Jandáia, uma encantadora
cidadezinha pendurada na serra do Caiapó.
Pequena, limpa e extremamente
arborizada, Jandáia merece ser visitoda.
Sua maior atração, além da beleza natural,
é o clube construído ao redor de um amplo
lago artificial, onde não falta, nem mesmo,
uma pequena ilha com pier para canoas.
Folha do Meio Ambiente 7
Brasília, agosto de 1995
LIMPEZA
Ecologistas limpam serra em SC
|Adultos, adolescentes e crianças percorreram a pé oito quilômetros da rodovia
SC438, fazendo uma grande faxina na serra catarinense do Rio do Rastro
Sílvia Marcuzzo
S/Ma Franz Marcuzzo
Cerca de 30 ambientalistas
gaúchos fizeram uma faxina no
dia 23 de julho, na serra do Rio
do Rastro, entre os municípios
de Bom Jardim da Serra e
Lauro Müller em Santa
Catarina, a 230 quilômetros de
Florianópolis. A estrada, uma
das mais belas do país, serpenteia um grande canyon, com
altitude de 1.460 metros, onde
se descortina o esplendor da
Serra Geral com a planície costeira e o oceano Atlântico ao
fundo. Também integrado por
crianças e adolescentes, o grupo percorreu a pé os oito quilômetros da rodovia SC 438,
entre o mirante e o museu Geológico, recolhendo o lixo esparramado ao longo das encostas e da vegetação e distribuindo folhetos explicativos para os
ocupantes dos veículos que
transitavam. A operação resultou na retirada de 44 sacos plásticos de resíduos sólidos de 50
litros, num total
de aproximadamente 180 quilos,
que foram depositados na delegacia de Polícia de
Lauro Müller
para depois serem
transferidos para
o depósito de lixo
da cidade.
A mobilização foi promovida pela Pangea-Associação
Ambientalista Internacional e
pela Comissão de Defesa dos
Aparados da Serra. Também
contou com a participação de
ecologistas catarinenses. "Tínhamos consciência do abandono do local, mas o volume
de lixo recolhido em poucas
horas superou as previsões",
apontou Ênio Frassetto, de
Araranguá.
O local mais castigado pelos rastros dos turistas inconscientes era o alto do planalto,
onde fica o mirante. Compunham a paisagem: latinhas de
cerveja, embalagens de salgadinhos, carteiras de cigarro,
garrafas e sacos plásticos. Con-
SUMMARY
A faxina deixou limpa a estrada que serpenteia um grande canyon, com altitude de 1.460 metros
forme o dono do trailer localizado no miradouro, Sadi
Borges, a prefeitura não retira
os resíduos do local. Ele é
quem faz a limpeza de vez em
quando.
Os ecologistas lembram
que a preservação da serra do
Rio do Rastro,
como de toda serra Geral, é muito
importante pois é
uma
feição
geomorfológica
constituída durante vários milhões
de anos, ao longo
do tempo geológico. Sua origem remonta aos primeiros fenômenos vulcânicos que deram origem aos espessos pacotes de
lavas basálticas há mais ou
menos 120 milhões de anos.
As montanhas e vales profundos da serra Geral catarinense
foram formados pelos rios que
correm para o oceano Atlântico, como o Rio do Rastro, o
Oratório e o Passa Dois. Suas
águas escavaram as bordas do
planalto Basáltico com uma
grande erosão, esculpindo as
escarpas da serra Geral. Além
de servir como exemplo para a
conscientização ambiental, a
faxina foi um motivo para sentir a exuberância da natureza,
perfilada por imensas cascatas
e densa mata nativa.
180 quilos de
lixo foram
recolhidos
num só dia
Two beautíful Bra&Uan
regions are threatened by
pollution and depredation.
One of them is the
Mountain of the Rastro
River, in the State of Santa
Catarina, where Ecologists
havejust completed a clean
out to pick up the garbage
on the side slopes of a
highway which bypasses a
great canyon 1,460 meters
high. The other one is The
Diamantina Plateau, in the
State of Bahia, where
burning and deforestation
threaten the fauna and the
flora, before the omission
of
environmentalist
authorities.
Chapada Diamantina pede socorro
Brasil Turístico
Cláudia Miller
Considerada uma das regiões mais interessantes e belas do
país, a Chapada Diamantina, na
Bahia, encontra-se ameaçada
por constantes destruições ocorridas em sua vasta natureza. São
queimadas devastando suas matas ciliares e suas matas rasas
de caatinga, desmatamentos
destinados à produção de carvão
são reaüzados sem nenhuma fiscalização, animais encontramse ameaçados de extinção, os
rios estão sujos e o ar poluído.
A denúncia é do Núcleo
Ambientalista e Cultural do
município de Souto Soares, na
Bahia.
O núcleo surgiu com a preocupação ecológica de alguns
jovens da região que se juntaram com o objetivo de lutar pela
preservação, conservação e
melhoria do meio ambiente,
além de resgatar patrimônios
histórico-culturais. Eles afirmam que a maneira como o homem vem usando a natureza
tem levado ao esgotamento dos
solos, à morte dos rios, à contaminação do ar e à destruição da
fauna e da flora.
Wilton Teixeira Neves, representante
do Núcleo
Ambientalista, denuncia a
comercialização de animais e
objetos, que é feita feitos ao ar
Ambientalistas denunciam devastações na Chapada baiana
livre, em feiras e comércios de
algumas cidades da Chapada.
Algumas
entidades
ambientalistas locais já reclamaram com as autoridades, que
até hoje não tomaram nenhuma
providência.
Outra preocupação, segundo
Wilton Teixeira, é o lixo jogado ao lado das estradas e rios,
transformando-os em locais de
risco para as crianças e animais
que transitam na região, sem
que haja alguma providência
por parte das autoridades
ambientalistas. Entre 1987 e
1991, foram realizados três
"S.O.S. Chapada", movimento
que contou com a participação
da comunidade local com o objetivo de preservar a chapada.
Beleza ameaçada - Situada
no centro geográfico da Bahia,
a Chapada Diamantina abrange
vários municípios e é considerada um dos locais mais belos
do país. Cavemas, rios, vales e
seiras foram trabalhados pela
natureza durante milênios para
nos presentear com esculturas
de animais, homens e vários
objetos, formando belíssimos
monumentos em seu sistema
orográfíco.
Em 1985, foi criado o Parque Nacional da Chapada
Diamantina, com uma área de
152 mil hectares. O parque
abrange parte dos municípios de
Lençóis, Palmeiras, Mucugê e
Andaraí, com os monumentos
esculturais nas serras, os vales
ou canalões profundos, as grutas e os rios subterrâneos.
Brasília, agosto de 1995
1 O Folha do Meio Ambiente
ECOSSISTEMA
Projeto reduz a Mata Atlântica
T/ierez/n/ia Duche
Os ambientalistas defensores da Mata
Atlântica, o segundo ecossistema
mais ameaçado do mundo, não gostaram nada do projeto de lei do Ibama, apresentado no dia 28 de junho deste ano pelo
ministro do Meio Ambiente Gustavo Krause,
que reduz em 70% a área de cobertura contínua da Mata Atlântica. A proposta do
Ibama coloca completamente fora da área
de proteção ambiental as florestas que recobrem as serras do Mar e da Mantiqueira e as
planícies costeiras do Nordeste.
Para os ambientalistas, o Ibama deveria
manter dentro da nova área de proteção
ambiental que quer definir no anteprojeto de
lei as formações florestais descritas no decreto 750 e já aprovadas pelo Conama -Conselho Nacional de Meio Ambiente, em abril
de 1992.0 anteprojeto de lei surpreendeu a
todos eles ao excluir as formações florestais
interioranas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, especialmente as florestas de araucária,
onde a atividade madereira é intensa. Hoje,
restam apenas 10% da cobertura original do
que foi a Mata Atlântica.
Em Santa Catarina e no Paraná, por
exemplo,
as florestas
estacionais
semideciduais (nome científico das florestas cujas folhagens são influenciada pelas
estações do ano), restam somente 2.8% e
estão localizadas em áreas de expansão de
grandes projetos agropecuários.
Pressões - O projeto de lei do Ibama vem
sendo considerado como um desastre ecológico pelos ambientalistas. João Paulo
Capobianco, ex-presidente da Fundação SOS
Mata Atlântica e atual diretor do Instituto
Socioambiental, considera que a alteração no
decreto 750/93 "contraria os resultados a que
chegaram pesquisas seríssimas" realizadas ao
longo dos últimos 50 anos. "Todo esse trabalho será jogado fora à revelia do Conama",
afirma Capobianco. Como outros
ambientalistas e pesquisadores, o ex-presidente da SOS Mata Atlântica acha que
A«primeira
função social do
Banco do Brasi
é dar lucro.
IBGE, órgão que edita e estabelece os limites do mapa da vegetação do Brasil, foi pressionado a reeditar esta nova delimitação para
a Mata Atlântica, que pelo projeto do Ibama
terá sua área de proteção legal reduzida de
1,1 milhão para.260 mil quilômetros quadrados.
Atualmente a floresta da Mata Atlântica sobrevive em apenas 95.641 quilômetros
quadrados (8,8% da área original) e, mesmo assim, em circunstâncias ameaçadoras.
Primeiro conjunto de ecossistemas do Brasil
a entrar em contato com o colonizador, ele
vem sofrendo conseqüências graves ao longo da colonização brasileira devido principalmente à destruição, à política de terra arrasada e a interesses de madeireiros, principalmente nas florestas de araucárias.
Segundo José Pedro de Oliveira Costa,
ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, o anteprojeto de Lei proposto pelo Ibama
é inaceitável por reduzir a Mata Atlântica à
estreita faixa costeira.
Quando um cliente
procura uma de nossas
agências, ele quer
serviços adequados às
suas necessidades e produtos que atendam às
suas expectativas.
Quando os acionistas
examinam um balanço,
querem ver mais dividendos, como resultado de
uma administração
eficiente. Quando o Brasil
inteiro olha para o Banco
do Brasil, quer ver uma
empresa com compromisso público e desempenho
de empresa privada. É por
isso que o Banco do
Brasil vem mudando a
cada dia.
Para ser o agente da
produção e do desenvolvimento de que tanto o
país necessita, é preciso
ser competitivo, moderno
e, principalmente, gerar
lucros. Porque é através
Segundo Fernanda Colagrossi , representante ambientalista e presidente da Câmara Técnica do Conama para a região Sul,
todas as iniciativas do Ibama deveriam ser
discutidas antecipadamente com a sociedade civil, com as ONGs e com o próprio
Conama.
Conhecimento - Raul Jungmann,
presidente do Ibama, se defende argumentando que nada no projeto de lei
foi alterado sem conhecimento de causa. Segundo ele, o Ibama nunca concordou com decreto 750/93 por considerá-lo inconstitucional."Nós decidimos criar o projeto junto com o IBGE, que
possui toda a autoridade para estabelecer os novos limites desse e de outros
ecossistemas do país. Não fomos pressionados pelo PFL ou qualquer outro
partido. Naquela área sempre houve
muita pressão dos madereiros, dos sem
terra. Todos contra o Decreto 750/93",
defendeu Jungmann.
do seu desempenho no
mercado que o Banco do
Brasil vai buscar recursos
para realizar seu trabalho
com competência.
Afinal, o BB só vai
ser bom para o Brasil se,
antes, for bom para você.
Banco do Brasil.
Mudando com o Brasil.
BANCO DO BRASIL
Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
n
PREVENÇÃO
CFCs podem ser varridos
do Brasil antes de 2005
Slmone Silva Jardim
Condenados no mundo inteiro
desde que cientistas descobriram sua
ação destrutiva sobre a camada de
ozônio que protege a Terra da incidência direta dos raios solares
ultravioletas - processo que pode vir
a causar mudanças de clima significativas no planeta - os
clorofluorcarbonos - CFCs, gases
utilizados em sistemas de refrigeração e ar condicionado, podem ter sua
produção e consumo varridos do país
até antes de 2005, prazo-limite ratificado pelo Brasil no Protocolo de
Montreal.
É que está começando, em São
Paulo, uma iniciativa pioneira através
do Projeto de Treinamento de Mecânicos e Gerenciamento de CFCs, que
tem o objetivo de recolher, reciclar e
regenerar cerca de 200 toneladas/ano
de CFCs, que normalmente se perdem na atmosfera durante um simples serviço de manutenção de equipamentos em uso como refrigeradores, freezers e aparelhos de ar condicionado.
"A intenção do programa de treinamento de mecânicos é prevenir a
liberação não controlada do gás refrigerante. Assim, o CFC usado, em vez
de ir para a atmosfera destruir a camada de ozônio, será reaproveitado
depois de ser reciclado ou regenerado. Quando chegar ao fim de sua vida
útil, o gás deverá ser incinerado seguindo padrões específicos de segurança. Esse sistema de reciclagem
possibilitará arenovação dos equipamentos em uso para tecnologias alternativas, e ambientalmente aceitáveis, pouco a pouco",
diz Roberto de Aguiar
Peixoto, pesquisador
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
e consultor técnico da
Finep - Financiadora de
Estudo e Projetos. A
Finep é responsável
pela implementação do
Programa Brasileiro
para a Eliminação da
Produção e Consumo
das Substâncias que
Destroem a Camada de Ozônio
(PBCO), que acaba de receber do
Fundo Multilateral do Protocolo de
Montreal recursos da ordem de US$
2 milhões. Segundo Peixoto, o sistema de reciclagem de CFCs utilizado
no setor de refrigeração é considerado instrumento de política ambiental,
à medida que contribui para minimizar
as emissões de gases que destroem a
camada de ozônio.
"Durante dois anos, 3.500 mecânicos do frio serão treinados em São
Paulo. Com a liberação de novos financiamentos, essas experiências serão ampUadas para todo o território
nacional, quando atingiremos aproximadamente 35 mil profissionais que
lidam diretamente com os gases refrigerantes", afirmao consultor. Programa semelhante, aconteceu no Canadá, onde foram treinados 52 mil mecânicos.
Onde entra o CFC
Aplicação do
clorofluorcarbono
no Brasil
O
Romoaldo de Souza
CNBB inquieta cristãos
Um dos mais importantes programas desenvolvidospelaConferência Nacional dos Bispos do Brasil já
não existe mais. Estamos falando da
Semana Social que em quatro anos
mobilizou as comunidades católicas
do país, discutiu os mais emergentes
problemas, analisou alternai v as e apontou soluções.
Nesse período, encontros foram
realizados, documentos estudados e
publicados, enfimaigrejasacudiu seus
gmpos de base e sua hierarquia numa
feliz tentativa de estar inteirada do que
se passa além das fronteiras de suas
sacrisüas.
Pois não é que os bispos resolveram acabar com a Semana Social?
Transformaram-na em iniciativas
próprias de suas pastorais... Certamente não é a mesma coisa.
Aliás, é próprio da igreja: quando um tema ou uma ação desperta os
fiéis para um compromisso de
engajamento, a hierarquia, invariavelmente, coloca "panos quentes." É a
velha e mal fadada política do consenso.
Parcerias que dão frutos
Estados Unidos
29
Outros países industrializados (1)
41
Temos insistido muito na necessidade das ONGs buscarem alternativas de
sobrevivência por meio de parcerias com a iniciativa privada. É, sem sombra de
dúvidas, a saída. Não dá mais para fazer funcionar uma ONG apenas com
projetos financiados pelo Estado ou agências internacionais de cooperação.
Na edição de junho falamos do apoio que a Pakalob está dando à UIPA
(União Internacional Protetora dos Animais). Recentemente foi firmada uma
parceria entre o Sindicatos dos Bancários, o Banco de Boston e entidades que
trabalham com criança e adolescentes em São Paulo. Outras certamente existem.
Faltam é dirigentes corajosos que se proponham transformar "suas" ONGs em
fontes geradoras de recursos em vez de pedidoras...
A propósito: ONGs são associações e, como tal, devem ser constituídas de
um quadro de associados. Por que não conseguem financiar sua inôa-estmtura
com a contribuição dos sócios deixando os projetos de sustentação para atividades
fins? É uma saída...
União Soviética, Bloco Leste
14
Favelas do Rio fazem parceria com a ONU
China e índia
2
14
Consumo Global de CFC por Região em 1986
Região
1 Outros países em desenvolvimento
% do Total
Fonte: The Ozone Treaty
(1) A Comunidade Européia cobre mais da metade, seguida
do Japõo, Canadá, Austrália e outros.
namento, com custo zero para os tações técnicas, sobre sistemas de remecânicos, vem sendo coordenado frigeração. No segundo dia, a aula é
pela Associação Brasileira de Refri- totalmente prática, com demonstração
geração, Ar Condicionado, Ventila- e utilização de equipamentos especíção e Aquecimento - Abrava, que es- ficos pelos participantes.
Proibição legal - A Abrava aintima em US$ 3,6 milhões o custo total de da pretende propor ao governo fedeseu ambicioso pro- ral uma legislação específica para cuijeto. Os cursos se- dar do assunto. A proibição da emisrão realizados pelos são de CFC seria o primeiro tópico,
profissionais do juntamente com a obrigatoriedade de
Senai, órgão esco- uma certificação para que os mecânilhido por sua ampla cos possam comprar e manipular o
estrutura e conheci- gás. "Uma vez em vigor a nova lei,
da experiência técni- só quem estiver devidamente treinado pode executar essas funções",
ca.
Serão 16 horas acrescenta Peixoto. A fiscalização
de curso, divididos deve ficar a cargo do Ibama.
Vale lembrar que o consumo anuem dois dias. No primeiro, os mecânicos recebem explicações sobre por- al de CFCs pelos países industrialique o CFC vai acabar, além de orien- zados está acima de 300 gramas por
habitante; por aqui, o gasto éde aproximadamente 70g/hab. Para se ter
uma idéia, no Brasil, os setores de
SUMMARY
refrigeração e ar condicionado são responsáveis pelo consumo de 80% dos
The CFCs, gases used in
CFCs utilizados. Desse total, dois
refrígeration systems and in air
terços são de uso em reposição.
conditioning, may have their
Como funciona a reciclagem e
production and use banished
regeneração do CFC - Há no merfrom Brazil, even before theyear
cado diversos equipamentos portáteis
2005. Whathappens is thatithas
de reciclagem de gases, que permibeen started in San Paulo a
tem que todo o trabalho seja feito no
pioneer initíative, The Projectfor
próprio local onde o sistema de refriTraining of Mechanicians and
geração está instalado. Na reciclagem,
CFC Managers, which targeís
o gás passa por um processo de limthe harvesting , recycling and
peza simples, com a separação do óleo
regenerating 200 tons/year of
e remoção de umidade, ácidos e maCFC, which are usually lost to
térias em partículas. Uma vez concluído o processo de reciclagem, o
the atmosphere during a simple
gás refrigerante deve ser devolvido
maintenance
service
in
ao mesmo sistema de onde foi retiraequipment such as refrigerators,
do, já que não pode ser utilizado em
freezers and air conditioners.
outras máquinas.
Programa treina
mecânicos para
regenerar e
reciclar gases
Custo zero - O programa de trei-
Refrigeração
46.9%
Espumas Plásticas
40,1%
Solventes
6.5%
Outros
4,9%
Propelentes
1,6%
ONGs em Ação
A Associação Projeto Roda Viva
juntou paisealunos, escolas, entidades
públicas e privadas; buscou apoio no
Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - Pnud e no
Unibanoo-Bcologia; arregaçou as mangas e iniciou um dos mais fantásticos
trabalhos de educação ambiental através do projeto Lupa-Zona Sul que está
sendo desenvolvido nas favelas da
Rocinha, Vidigal, Pavão-Pavãozinho,
Chapéu Mangueira, Cantagalo, Dona
Marta, Tabajaras e Babilônia, na periferia do Rio de Janeiro.
O objetivo do projeto é discutir a
importância da conservação dos ma-
nanciais de água e formas de sua utilização racionaL
Como metodotogia o Roda Viva que se notabilizou por seu trabalho j unto
à rede de entidades que estudam as problemática da criança e do adolescente prevê capacitar professores, agentes comunitários, membrosde associações para
o planejamento de projetos ambientais
com os alunos.
Os projetos desenvolvidos em cada
escola selecionada vão receber apoio técnico e financeiro do Roda Viva Viva a
parceira!
O telefone do Projeto Roda Viva é
021264-9622
ONGs preocupadas com futuro
ONGs do Brasil e dos principais países do continente reuniram-se em São
Pau b, nos dias 9 a 11 de agosto, no Encontro Latino-Americano de Associações
de ONGs, ocasião em que avaliaram sua histórica caminhadaediscutiram pontos
comuns para definição de estratégias de ação diante da nova realidade social e
política que a América vive.
No encontro foi lançada a Carta de São Paulo, documento conclusivo do
evento, cujapreocupaçãoprincipal foi as entidadesreafnmaremseusco/^romwso com astutas por justiça social, pela definição de políticaspúbUcas democráticas e que visem o fim da exclusão sociaL
A Abong (Associaçãa Brasileira de ONGs), organizadora do encontro, tem
duas grandes preocups^ões hoje: mapear e filiar essas entidades e discutir legislação que defina normas reguladoras diferenciando ONGs de instituições filantrópicas, empresariais e outras.
Iara Pietrico vsky tem outras informações sobre o encontro e a campanha da
Abong. Seu telefone em Brasília é 061.226-8093, no Inesc.
Contabilidade e Prestação de Contas de ONGs
061-336-9533
12/13
Silvestre Gorgulho
No mundo inteiro tem muita gente
pescando, tem muita gente usando
água para irrigação, tem muita
gente fazendo barragens para construir hidrelétricas, tem muita gente acabando com
as lagoas marginais (que funcionam como
berçários naturais e únicas fontes contínuas de recrutamento de peixes para os rios),
tem muita gente, em nome do desenvolvimento e do progresso, usando, depredando e poluindo. E, o que é mais grave,
tem pouca gente preocupada em estudar,
em proteger e em criar condições para que
os rios e lagos tenham mais peixes - um
dos mais importantes alimentos para o homem.
É tão comum se ouvir dos mais velhos
a triste constatação da realidade de rios e
lagos brasileiros: "Antigamente, aqui havia tanto peixe. E peixes de 10, 15, 20
quilos. Hoje, eles foram embora." Eles não
foram embora não. Eles, simplesmente,
foram impedidos de crescer e de se reproduzirem. Com isto, estão acabando.
A água é igualzinha à terra. Para que o
solo seja bom para plantar e para produzir
mais, ele precisa ser cuidado e tem que
ter suas propriedades físicas, químicas e
biológicas resguardadas. Assim também é
a água. E olhe que, comparando o solo
com a água, aparentemente a água é mais
simples que o solo. Só aparentemente, pois
a água é um substrato muito mais complicado em todos os aspectos. Por isso, para
que nela haja peixes e para que nela os
peixes cresçam e se reproduzam, é necessário que a água conserve suas qualidades
e condições ideais de vida.
Os dados são da FAO: em 1991 o homem tirou da água cerca de 97 milhões de
toneladas de peixes. Deste total, 16,6
milhões de toneladas (cerca de 17,1 %)
foram resultados da aquicultura.
A Folha do Meio Ambiente, nesta edição de agosto e na próxima edição de setembro, faz uma ampla reportagem sobre
a reprodução de peixes: o processo artificial (hipofisação) - técnica inventada pelo
brasileiro Rodolpho von Ihering, em
1934, e hoje adotada no mundo inteiro - e
o processo natural, em que muitas espécies necessitam migrar rio acima até encontrar condições adequadas para reprodução.
Para a edição de setembro, a FMA prepara uma reportagem ampla, denunciando
que a pesca predatória, a instalação de indústrias poluidoras, a drenagem e a tapagem dos
alagados para ampliação das fronteiras agrícolas, tudo isto está provocando um terrível
impacto ambiental, acabando com os rios e
seus criadouros naturais. E, no caso do rio
São Francisco - onde atuam mais de 63%
de todo o contigente de pescadores de Minas
Gerais - acontece um sério desequilíbrio do
ecossistema, com um resultado terrível: a diminuição da população de peixes e a
extinção de várias espécies. Bem, mas tudo
isto seráparaapróximaedição.
Brasília, agosto de 1995
Folha do Meio Ambiente
: o milagre na m
icação dos peixe
Fotos: Alliert B. Sousa Rosa
A importância
da aquicultura
A reprodução artificial
O homem gosta de usar e abusar. Ele pôde ser
instrumento da vida e da moite. O mesmo
homem que usa sua inteligência para depredar,
também pode usar sua inteligência para criar. O
problema é que os primeiros são em muito maior
quantidade que os segundos. No caso da reprodução dos peixes foi assim. Depois de muitos só
pensarem na pesca predatória, foi um brasileiro,
chamado Rodolpho von Ihering, quem salvou
literalmente a lavoura (veja página 14).
A reprodução é a atividade biológica mais
vital para a preservação das espécies animal e vegetal Segundo o engenheiro de pescada Codevasf,
AJbert Bartolomeu Sousa Rosa, 41 anos, no caso
dos peixes, a reprodução no ambiente natural é
determinada pela idadede maturação sexual, condições ambientais, época do ano, local de desova
ecuidados da prole exercidos pelos reprodutores
e matrizes de muitas espécies.
Nos peixes, como em todos os animais, os
fatores determinantes da reprodução estimulam
uma glândula, conhecida por hipófise (ver Ggura
n° IX existente na base do cérebro, que envia
mensagens (hormônios) às gônadas (ovários em
fêmeas e testículos em machos), paraque se preparem e realizem a desova.
Muitas espécies de peixes de água doce de
impoitância econômica necessitam migrar rio acima para realizarem a reprodução, fenômeno este
conhecido como piracema. È, justamente, essa
viagem rio acima, esse esforço e os fatores
ambientais que provocam os estímulos para a reprodução.
A temperatura da água, enxurradas
provocadas pelachuvaeaampliação daquantida-
de de horas de luz por dia (na primavera), induzem a hipófise a intensificar a produção de
hormônbs para provocar a reprodução de muitas espécies de peixes. A "hipófise" é, portanto,
o óigão que comanda todo o processo de reprodução.
Explica o técnico Albett B. Sousa Rosa: a
necessidade de se promover a reprodução artificial de pebtes, está relacionada ao interesse em se
realizar seu cultivo comercial, o que exige a produção em alta escala dos alevinos (filhotes de
peixes) e, também, com o objetivo de se obter
alevinos de espécies queseenoontramem vias de
extinção, permitindo a realização do povoamento de rios e barragens.
Como as espécies de piracema, ou seja,
aquelas que necessitam realizar amigração para
a reprodução, não atingem pleno desenvolvimento das gônadas quando se encontram permanentemente em águas paradas (lagoas, tanques, barragens etc.), é preciso que se estimule
fêmeas e machos a completarem o estágio de
maturação gonadal, para que consigam realizar
a desova. Aí, mais uma vez, entra a hipófise,
como elemento imprescindível à obtenção da
reprodução artificial. Injetando artificialmente
amesmaquantidadedehormônioquea hipófise
forneceria aos ovários e aos testículos, se estivessem em condições ambientais naturais, então poder-se-á fazer, também, com que os peixes de piracema se reproduzam em águas paradas. Esta técnica, conhecida como "hipofisação",
foi desenvolvida pelo cientista brasileiro
Rodolpho Vonlherkig.
Hgura 1 - A nlkjérx^ do meti crrib^e eslwrHJk] a hpóte a pioduzt honrm
r
Figura 2 - Hpofcoção: a aplicação do hormônio na cavidade abdominal de um sunibim
Os doadores de hipófises
A formamais comum de seobter o hormônio
a ser fornecido aos reprodutores e matrizes
paraateprodução artificial, é retirando-o de outros
peixes, que funcionam como doadores. Alguns
peixes são cultivados com o objetivo principal de
fornecerem suas hipófises para a reprodução de
outros peixes. Cada peixe possui uma hipófise
que, próximo à época de desova, possui certa
quantidade de honnônio.
Odoadorésacrificado.suahipófiseéretirada
e acondicionada em fiasco apropriado para utilização em momento adequado. Alguns peixes são
sacrificados para produzirem milhões de outros
peixes. A came do peixe sacrificado ou doador
pode ser utilizada no consumo humano.
A seleção e a apBcação - Explica o técnico
Albeit B. Sousa Rosa que a seleção dos peixes
para a reprodução leva em consideração aspectos
externos bem caractoistioos, como ventre bem
abaulado nas fêmeas, à semelhança do que acontece com as mulheres grávidas, enquanto nos
machos uma leve pressão em seu abdômen o faz
liberar gotas de sêmen de cor esbranquiçada. Os
peixes selecionados são transportados para tanques pequenos, que apresentam condições especiais, como água corrente, limpa e temperatura
adequada Normalmente, não se mantêm as fêmeas e os machos num mesmo tanque.
No ambiente natural, adosagem de hormônio
a ser liberada da hipófise para as gônadas é regulaia com precisão nos reprodutores e matrizes.
Para a desova artificial, é feita uma estimativa da
necessidade de honnônio, em fii nção do peso dos
reprodutores. As hipófises coletadas de peixes
doadores são então utilizadas, com aplicação através de seringas na cavidade abdominal do peixe
receptor (ver figura n" 2). O efeito da aplicação
costuma levar algumas horas, dependendo da espécieeda temperatura da águaondese encontram
os peixes. Empiricamente, conseguiu-se deteraú-
nar, aproximadamente, o tempo necessário para
ooorreradesova em cada espécie de peixe, após a
aplicação do hormônio.
Na natureza a fecundação do ovo ocorre, na
maioria das espécies de peixes, no me» onde se
encontram (rio, lagoa, barragem etfc)» Fêmeas e
machos, nadando lado a lado, lançam seus produtos gonadais (óvuloseespermatozóides, respectivamente) na água e aí ocorre a fecundação. Na
reprodução artificial, costuma-se coletar os óvulos em uma bacia plástica de pequeno tamanho,
sem água (ver figura n" 3). Os espermatozóides
são coletados em tubos de ensaios (ver figura n"
4) para depois serem derramados para a fecundação. Com uma delicada penade ave, vai se fazendo a mistura, de forma que o sêmem atinja todos
os óvulos. Alguns instantes depois se adiciona
água, permitindo umamaior homogeneização dos
produtos gonadaiseahidratação dos óvulos. Qual
a vantagem da fecundação artificial sobre a natural? É simples: a fecundação natural ocorre num
ambiente muito mais amplo, na presença de vários predadores, diminuindo a sobrevivência dos
ovos e larvas.
A incubação é feita em recipientes apropriados (ver a figura n" 5) com água corrente, onde,
tçós alguns dias, ocoireaeclosão das larvas (nascimento dos pebdnhos). Costuma-se manter as
larvas pormais alguns dias na incubadora, até que
elas consumam a reserva nugilivr (gema), que
elasjá possuem ao nascer. Após esta fase, aspóslarvas são levadas para tanques preparados, onde
há abundância de alimentos.
Estima-se que, nanatureza, apenas l%dosovDS
Uberak»pelas fêmeas cheguemaatingiraoondição
de peixes jovens. Algumas espécies chegam aproduzimaisde 2mühões deovosíêmea/ano. A capacidade de multipli^çào dos peixes é infinitamente
maiorcooçaradaaos bovinos, sufrioseaves,especialmente em cativeiro (ver figura n0 6).
Figura 3 - Coleta de óvulos maduros para fecundação
Figura 4 - Coleta de sêmem pra fecundação
Figura 5 - Os ovos vão para encubadeiras apropriadas
Figura 6 - O alevinos vão repovoar rios e barragens ou vão peta a engorda em viveiros
SUMMARY
The Journal of lhe Environmení, in its August isstte, and in the next one, for September, brings a broad article on the reproduetum offish: lhe artificialprocess (hipofizaüon) - a technique developed by lhe
Bradlian Rodolpho von Ihering, in 1934, and adopted loday Ihroughout títe entire world - and lhe natural process, by which many spedes need Io migrale up river untUfinding lhe proper corulüions for
reproduetioru
A
For lhe September issue, lhe Journal of lhe Environmení elaboraíes a broad report, denoundng the predatory ftshing, the construdion ofpoOuting fadories, lhe dminage and lhe seaSng of weáands for
the expansion ofagriailturalfrontíers, aü this causing a lenible environmenlal impact, extinguishing lhe rivers and the natural hatcheries. And, in the case of lhe San Francisco River - where more than 63%
ofthe entire body of Minas Gerais'fishermen operate - there oceur a serious disequiSbrium in the ecosystem, wilh an awfid outeome: the reductíon infish population and the extinclion of severa! spedes. Weü,
but ali ofthis ktobe leftfor the next issue.
Reproduction B the mosl vital biologkal activity for preservation of lhe animal and vegelable spedes. According Io Codevasf s Fishing Engineer Albert Bartolomeu Sousa Rosa, 41, in the case of the fish,
reproduetion in Ate natural environment i$ detennined by the age of sexual maturity, environmenlal conditions, time of the year, site of spawning and caring of the young fish, laken by lhe molhers and
reproducers ofmany spedes.
- ■
"
Nó Brasil, apesar dos 8.400 quilômetros de
costa e de extensas bacias hidrográficas
(só a Amazônia detém 18% da água doce do
planeta), o consumo anual de pescado é de
apenas 5,8 kg percapita, contra 16 kg no Canadá e 65 kg no Japão. Enquanto em Manaus
o consumo de pescado atinge o expressivo
número de 50 kg/habitante/ano, há regiões no
interior do país onde o consumo percapita está
abaixo de 1 kg/ano. O hábito alimentar está
diretamente relacionado à oferta do produto.
A exceção de Manaus e de outras cidades localizadas às margens de rios piscosos, o consumo de pescado no litoral brasileiro é cerca
de 10 vezes superior ao registrado no interior
do país, exatamente onde a oferta de pescado
é mais baixa. O oceanógrafo francês JacquesYves Cousteau afirmou na Conferência das Organizações das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro, a Eco-92, que "os oceanos estão
exauridos". A pesca predatória está reduzindo
drasticamente os estoques pesqueiros de ambientes naturais, sejam eles mares ou rios. As
frotas pesqueiras dotadas de sofisticados equipamentos para detecção de cardumes facilitam a pesca, porém, toma as populações de
peixes cada vez mais vulneráveis. Exemplifica
Albert B. Sousa Rosa: a produção nacional de
sardinha, um alimento consumido em grande
escala pelas classes de menor poder aquisitivo da população brasileira, atingiu mais de
200 mil toneladas/ano em meados da década
de 70. Atualmente, a produção dessa espécie
se encontra abaixo de 60 mil toneladas/ano,
ou seja, uma redução de 70%, enquanto a população brasileira cresceu cerca de 65%.
Segundo a ONU, por volta do ano 2000
será necessário produzir cerca de 120 milhões
de toneladas de pescado por ano, um acréscimo de 30 milhões do que é produzido atualmente. Os técnicos garantem que a única forma de fazer frente a esse desafio é através da
aquicultura, que trata da criação racional de
animais e vegetais aquáticos. A produção de
pescado oriundo da aquicultura já representa
cerca de 17,1 % do total da produção mundial, sendo que a participação do Brasil é inferior a 0,03%.
O fato é que, em todo o mundo, multiplicam-se as "fazendas" de criação de
peixes
(piscicultura),
camarões
(carcinicultura), moluscos (ostreicultura
e mitilicultura) e algas (algicultura).
Concluindo, Albert B. Sousa Rosa explica que o processo de reprodução artificial de peixes foi e será cada vez mais
imprescindível para o aumento das áreas de cultivo, uma vez que o mundo precisa produzir mais proteínas e os peixes
participam com mais da metade da produção de produtos oriundos da
aquicultura.
CONTINUA A PAG. 14
H
Brasília, agosto de 1995
Folha do Meio Ambiente
14
Rodolpho von Ihering: o pai da piscicultura
Silvestre Gorgulho
Sua origem é alemã e seu nome é o
mesmo do avô, um dos mais
importantes juristas alemães do século
18 Rodolpho von Ihering.
Rodolpho von Ihering, o neto
brasileiro, nasceu no Rio Grande do Sul,
em 17 de julho de 1883, filho do médico
e naturalista Herman von Ihering.
Bacharel em Ciências e Letras pela
Universidade de São Paulo (1901),
Rodolpho casou-se com Isabel de
Azevedo von Ihering e teve duas filhas:
Maria e Dora von Ihering, que escreveu
o livro: "Ciência e Beleza nos Sertões
do Nordeste", onde fala da obra e dos
trabalhos do pai.
Rodolpho foi criado, praticamente,
dentro do laboratório de seu pai,
absorvendo o clima favorável ao estudo
da natureza. Desde criança tinha
interesse em conhecê-la e decifrá-la. Seu
pai exerceu uma forte influência em
sua formação e uma das grandes
decepções de Rodolpho foi quando, na
Ia Guerra Mundial, Heiman von Ihering,
por sua origem alemã, foi demitido da
direção do Museu Paulista, segundo
explica o professor Zeferino Vaz "pela
mecliocridade e pelo falso patriotismo
indígena de algumas autoridades".
Rodolpho dedicou-se de corpo e
alma ao estudo da fauna brasileira e à
solução dos problemas da piscicultura.
Durante 30 anos percorreu o Brasil de
ponta a ponta, registrando com rigor
científico os nomes dos animais da fauna
brasileira, buscando sempre os nomes
populares dados aos animais em cada
região. Para isto, chegou a aprender o
tupi-guarani, a fim de identificar melhor
as raízes etimológicas dos nomes dos
animais. Nasceu assim uma obra importante: "Dicionário dos Animais do
Brasil", publicada pela Universidade de
Brasília.
Dedicou-se ao estudo de invertebrados, sobretudo os peixes, criando
no Brasil o Serviço de Piscicultura. Fez
inúmeras experiências para conseguir a
fecundação in vitro, de peixes de água
doce, com o objetivo de obter alevinos
em grande quantidade para o repovoamento de rios, açudes e barragens. Essas
experiências eram feitas na represa de
Billings (São Paulo) e, em piracema nos
rios Mogi-Guaçu (Cachoeira de Emas),
Piracicaba (Salto do Piracicaba) e Tietê
(Salto do Itú) e em açudes do Nordeste.
O paraibano José Américo de Almeida,
ministro de Getúlio Vargas, foi quem
apoiou Rodolpho von Ihering nas suas
pesquisas, quando criou e o nomeou
diretor da Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste. Em 1934, Ihering
criou e desenvolveu o processo artificial
de reprodução de peixes, conhecido como
hipofisação.
Esse método revolucionário foi tão
importante que, mesmo morrendo em
1939, portantOyCinco anos após a descoberta, von Ihering viu ser disseminado
internacionalmente o novo processo. O
reconhecimento por sua obra lhe valeu o
título de Pai da Piscicultura brasileira.
Principais obras
O Papel das Plantas Aquáticas na
Evaporação
O Valor do Peixe nos Açudes
A Formiga Cuiabana, um Flagelo
Os Peixes Larvophagos Utilizados
no Combate à Febre Amarela e à
Malária ,
«,
A Pesca no Nordeste Brasileiro
Aspectos Biológicos do Nordeste
A Resolução dum Problema da
Biologia dos Peixes
O Papel
da Hipófise
na
Piscicultura Nacional
Piscicultura e as Investigações
Científicas
Possibilidade da Piscicultura no
Estado de Minas
O Peixe
d'Água Doce e a:
Piscicultura no Brasil
Em prol da Catalogação da Fauna
do Brasil
A Pesca por meio da Eletricidade
A Curimatã dos Açudes Nordestinos
Experiências com Esperma do
Curimatã
A Desova e a Hipofisação dos Peixes
O Dicionário dos Animais do Brasil
Rodolpho von Ihering: um cientista brasileiro reconhecido no mundo inteiro
Entraves para o desenvolvimento da
aquicultura no Brasil
• Pouca tradição no cultivo de animais e vegetais aquáticos no país;
• Deficiência de geração e transferência de tecnologias para diferentes
espécies de peixes, regiões e clientelas;
• Insuficiência de insumos básicos (alevinos, pós-larvas, ração
apropriada etc), em quase todas as regiões do país;
• Falta de conhecimento dos mercados regionais para os produtos
gerados pela aquicultura, o que vem dificultando a comercialização
dos produtos;
• A reduzida área de produção em cativeiro de pescado não tem
estimulado o desenvolvimento de uma indústria voltada para a
aquicultura;
• Escassez de linhas de financiamento para o setor;
Insuficiente assistência técnica qualificada;
• Falta de vontade política para o desenvolvimento do setor.
O Ambiente Certo Para
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Folha do Meio Ambiente I D
Brasília, agosto de 1995
PREVENÇÃO
Projeto torna obrigatório
recolhimento de pilhas
Jornal de Terceiros
Cláudia Mlllor
Quando uma inocente criança joga uma pilha usada de seu
brinquedo no lixo comum de
sua casa, não imagina o mal que
faz ao meio ambiente. Hoje, há
quem aposte que além de degradar o meio ambiente, esse ato é
uma séria ameaça à saúde humana.
É o caso, por exemplo, do
vereador Gilson Barreto, de São
Paulo, que apresentou um projeto de lei na câmara municipal
paulista tomando obrigatório o
recolhimento de pilhas, baterias e outros produtos congêneres
quando descarregados, visando
a proteção à saúde pública e ao
meio ambiente.
Pelo projeto, que já se encontra em pauta de votação na
câmara, os comerciantes de pilhas deverão dispor de um local próprio, com identificação
e bem sinalizado, contendo recipiente apropriado, onde a população possa depositar esses
produtos quando descarregados.
Os recipientes serão guardados para posterior recolhimento dos fabricantes, quando esses forem repor a mercadoria.
Ficaria sob a responsabilidade
desses fabricantes a destinação
final do produto ou sua
reciclagem, protegendo assim,
a saúde da população e o meio
ambiente.
O vereador justifica seu projeto argumentando que as pilhas
e baterias possuem substâncias
nocivas, tanto para a população
quanto para o meio ambiente.
Segundo ele, as pilhas comuns
possuem três metais pesados
(zinco, chumbo e manganês) e
elementos químicos perigosos
(cádmio, cloreto de amônia e
negro de acetilênio). Nas pilhas
alcalinas, a situação é pior, já
que elas contém, também, o
mercúrio, mais tóxico ainda.
Para Gilson Barreto, o grande problema é que a maior par-
TOME NOTA
Congresso ecológico
Para todos os profissionais ou estudantes que atuam ou se interessam pela área das ciências do meio ambiente, a Sociedade Nordestina
de Ecologia, realizará o 6o congresso Nordestino de Ecologia, no período de 27 a 30 de setembro, em João Pessoa - Paraíba. O objetivo do
Congresso é proporcionar um intercâmbio pessoal, tecnológico e uma
troca de idéias com diversos profissionais de várias partes do país e do
mundo que atuam na área de ciências ambientais. Mais informações
com a Sociedade Nordestina de Ecologia - R. Pessoa de Melo, 335 Madalena - CEP: 50610-220 - Recife-PE - Telefax:(081) 227-2708.
RFFSA e meio ambiente
A Rede Ferroviária Federal
S/A, promoverá no Rio de Janeiro, de 12 a 14 de setembro, o Io
Seminário de Segurança Industrial e Meio Ambiente. O evento reunirá especialistas e técnicos de
todo o Brasil, e incluirá profissio-
nais universitários e da iniciativa
privada.
Outras informações poderão
ser obtidas junto à Coordenação
Geral do evento, pelos telefones:
(021) 291-2185 - ramal 2221 e
223-3745.
Metais pesados existentes nas pilhas podem ameaçar meio ambiente
te da população descarta as pilhas,
quando descarregadas, em lixo comum,
sem tomar os cuidados necessários,
contaminando o solo e o subsolo, uma
vez que esses produtos comumente, vão
parar em aterros à céu aberto. Os resíduos desses produtos entram na cadeia
alimentar humana, pois quando ficam
expostas ao sol e à chuva, eles se oxidam e se rompem, penetrando no solo.
SUMMARY
The Municipal Chamber of
San Paulo might vote soon a
project oflaw elaborated by the
Municipal Representative
Gilson Barreto, turning
mandatory the collection, by
the stores, of discharged
batteries and products alike,
aiming the protection to the
welfare and to the environment.
Thefactories assure that the se
products present no harm to the
environment.
podendo atingir o lençol freático,
chegando aos córregos e riachos.
Assim, parte desses metais acaba
atingindo à população através da
irrigação da agricultura e pela
ingestão da água.
Não poluente - A tese de contaminação defendida pelo vereador
paulista é rejeitada pela Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica - Abinee, que sustenta
que em geral não se cogita, no Brasil, da contaminação do lixo doméstico ou do meio ambiente
provocada por pilhas usadas, uma
vez que, em sua fabricação, são
aplicadas normas adotadas internacionalmente. De acordo com a
Abinee, "a pilha é uma mini usina
elétrica portátil que transforma
energia química em elétrica. Nessa reação, os componentes químicos são transformados em energia
e
subprodutos
de
forma
irreversível. Quando esgotadas, não
tem nenhuma serventia. Transforma-se em lixo comum e geralmente são descartadas com o lixo doméstico, como ocorre nos demais
países, não representando perigo à
população".
Lei protege ecossistema do DF
Em solenidade no auditório
da Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia Sematec, o governador do Distrito
Federal,
Cristóvam
Buarque, sancionou em 25 de
julho passado a lei que regulamenta a criação de unidades de
conservação, denominadas pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) de
monumentos naturais.
Pioneira no Brasil, a lei sancionada pelo Governo do Distrito Federal prevê a proteção
ambiental das cavernas, gmtas,
abrigos, saltos e cachoeiras existentes na região. A lei é de autoria da deputada Lúcia Carvalho,
do PT, e contou, para sua aprovação na Câmara Legislativa,
com o apoio de grupos
ambientalistas como o Cabra Companheiros Andarilhos de
AGENDA
Brasília, Sapo - Sociedade dos Amigos
do Parque Olhos d'Àgua e da Patrulha
Ecológica.
Segundo a deputada Lúcia Carvalho,
"existem no DF muitos sítios de especial beleza cênica, cuja extensão limitada
ou ausência de diversidade de
ecossistemas não justificam a criação de
um parque nacional ou de uma reserva
ecológica. Por isso, a criação dos monumentos naturais - que são áreas de
domínio público e que têm como objetivos também preservar a natureza e proporcionar oportunidades para a pesquisa científica, a educação ambiental e o
turismo ecológico - será tão importante
não só para os brasiüenses, mas para o
planeta. Vale a pena destacar que apenas os monumentos naturais e as áreas
de acesso é que poderão ser desapropriados com a lei."
A partir de agora, ficará sob a responsabilidade da Sematec e do Instituto
de Ecologia e Meio Ambiente - lema, a
forma de utilização de cada cachoeira, caverna, gruta, abrigo e salto
do DF que vier a ser considerado
unidade de preservação, no caso
monumento natural.
Com a lei, serão preservadas cachoeiras como a de Tororó, Colorado
(APA Cafuringa), Rio do Sal, Saia Velha, Piriripau, Sobradinho, Ribeirão
Dois Irmãos, Mumunhas e Poço Azul;
grutas como as do Morro da Pedreira
(Córrego do Ouro em Sobradinho),
Dança com Vampiros, Furado Grande, do Volks Clube, Água Rasa, Boca
do Lobo, dos Morcegos, Lapa de Naja,
Anos Dourados, Cortina Sagrada,
Kipreste do Parto, da Fazenda Dois Irmãos, da Barriguda, do Labirinto, do
Muro de Pedra e Conjunto Salfenda rio do Sal em Brazlândia - e Abrigo da
Pedra Encantada. Esses monumentos
poderão receber um tratamento especial do GDF no que se refere à preservação e à democratização do acesso.
Mostra de vídeo
Atenção ambientalistas! Será realizada ali* Mostra de Vídeo de
Santo André, entre os dias 7 e 12 de novembro, promovida pelo Núcleo
de Vídeo, através do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal
de Santo André. As inscrições e entregas do trabalho serão aceitos até o
dia 31 deste mês. Outras informações com o Núcleo de Vídeo - Departamento de Cultura de Santo André - Praça LV Centenário, n" 2, térreo,
prédio da SECE - Paço Municipal - Centro - Santo André-SP - CEP:
09015-080-Fones: (OU) 411-0739 e 411-0142.
Arborizaçao urbana
A Universidade Livre do Meio
Ambiente realizará dentro da sua programação de atividades do terceiro
trimestre, o curso de Arborizaçao Urbana, destinado a técnicos dos níveis
médio e superior que prestam seus
serviços a instituições que amam na
área de meio ambiente. O curso visa
tomar conhecidos os meios técnicos
de estabelecimento e manutenção da
arborizaçao em cidades, bem como o
planejamento de sistemas de áreas
vades urbanas. O curso será realizado no período de 25 a 29 de setembro
e possui 50 vagas. Mais informações
junto à Univasidade, no tel: (041)
254-5548 - Fax: (041) 335-3443.
Seção brasileira da IAIA
A IAIA - International Association for Impact Assessment, realiza
em Belo Horizontei no período de 20 a 23 de agosto, o 4o Encontro Anual
de sua Seção Brasileira. O evento está sendo organizado pelo Comitê
Regional de Minas Gerais e reunirá ambientalistas dos setores público e
privado, de ONGs, de universidades e empresas de consultoria, de órgãos estaduais de licenciamento ambiental e do Ministério Público.
O objetivo do encontro é discutir e avaliar a efetividade dâ aplicação
de metodologia de avaliação de impactos em setores como mineração,
gestão de bacias hidrográficas, agricultura e saneamento, além de debater a capacitação profissional na área ambiental.
A taxa de inscrição é de R$ 30,00, para associados da IAIA, e de R$
65,00, para não associados (inclui uma anuidade gratuita da Seção Brasileira). Informações na Rua da Bahia, 1345, sala 1103, ou pelos telefones:
(031) 273-8099 e 226^712 (fone/fax).
Esporte protege natureza
A Chapada Turismo Ecológico e Aventura Ltda., sediada na Vila
São Joige, Alto Paraíso, Goiás, próximo do Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros, a 250 km de Brasília, iniciou a implantação do Programa de Incentivo Cultural e Esportivo da Chapada dos Veadeiros.
No mês de setembro de 1994, nos dias 10 e 11, realizou-se o Io
Pólo Aquático em Água Corrente, Cachoeira de São Bento, a 1* Trilha
nas Montanhas - Bicicletas e uma inesquecível caminhada até a cachoeira Almécegas. O evento foi considerado, pela imprensa e pelos duzentos participantes, o primeiro grande passo do esporte pela proteção
da natureza, com enorme sucesso.
O programa segue com a realização de várias atividades como pólo
aquático, caminhada, escaladas, tai-chi-chuan, dança, música, xadrez
e pipas nos dias 7, 8 , 9 e 10 de setembro de 1995. Contatos com Elmo
Soraggi: Fone: (061) 348-2555 e Fax: (061) 274-5954.
Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
16
ECOTURISMO
Um paraíso no oceano Atlântico
Fernando de Noronha luta para conservar sua beleza em meio a
problemas de infra-estrutura e ao avanço do turismo
Fotos: Oioclécío Luz
Dlocléclo Luz
O paraíso existe. Fica no
Oceano Atlântico, a
510 km do Recife, e
mede exatamente 26 km2. No
passado, há 18 milhões de anos,
foi um vulcão. Tem a forma de
um arquipélago - são 21 ilhas e
ilhotas - e está protegido por um
Parque Nacional Marinho. Isto
é Fernando de Noronha (nome
da ilha principal). Um lugar que
muita gente acha que não existe. Mesmo depois que bota os
pés ali.
A beleza de Fernando de
Noronha está na paia. No que se
avista da tora - o mar tocando as
escarpas, as ilhotas, apaisagem. Nas
águas também: as muitas espécies
marinhas e, em especial, o golfinho
rotador {stenela longirostris) e as
tartarugas marinhas. E debaixo
d'água: poucos lugares do planeta
são tão propícios à prática do mergulho submarino quanto Panando
de Noronha.
Panando de Noronha é para
quem gosta de mar e de história. O
arquipélago é citado no Hanisfério
de Juan de La Cosa, um documen-
O parque
marinho
Criado por decreto em 1988,
o Parque Nacional Marinho de
Fernando de Noronha ocupa
112,7 km2. Sua área abrange as
21 ilhas e ilhotas que compõem
o arquipélago de Fernando de
Noronha, entrando no mar até a
uma profundidade média de 50
metros. De acordo com o diretor
em exercício do parque. Marco
Aurélio da Silva, está em fase de
implantação o Plano de Manejo
e o Plano de Ações Emergenciais da Unidade de Conservação.
Esse plano definiu sete áreas
que podem totalmente, podem
parcialmente ou não podem ser
visitadas por turistas. O Plano de
Manejo prevê 15 fiscais em
atividade, mas hoje só tem 10
trabalhando no parque. Na área
do parque é permitida somente
a pesca artesanal e para subsistência. Os ilhéus podem pescar
em barcos. A caça submarina é
terminantemente proibida.
Estão sendo desenvolvidos
dois grandes projetos: tartarugas
marinhas - Tamar - e golfinhos
rotadores. (D.L.)
Vista
aérea
do
arquipélago
de
Fernando
de
Noronha
_À
í^sBjBk
-M
.
-
,
P.
^KBU
|-^'
HÍP
«IéIBI ÍMÍP
^S^pl
IHL
to datado de 1500. A data oficial
do descobrimento é 10 de agosto
de 1503 - conforme assinala
Américo \fespucio, depois de passar pelo local, em sua obra,
"Lettera", pubücadanaEuropadas
anos depois.
Pdailhapassaram pratas, como
o inglês, Francis Drake; cientistas
de peso, como Charles Darwin; artistas como Debret. Os fitanceses já
mandaram na ilha (1615), e também os holandeses (1629-1654).
Em 1938, tornou-se presídio polí-
™
. * j^.-.
tico. Em 1942, durante a Segunda
Guerra Mundial, os americanos fizeram dela uma base para ações no
mar, voltaram depois (1957-1965)
para atuar com mísseis teleguiados.
A partir de 1988, o arquipélago foi
anexado em definitivo ao Estado
de Pernambuco - hoje é Distrito Estadual subordinado ao gabinete do
govemadoi; a quem cabe a indicação do seu administrador.
Algumas passagens deixaram
marcasnailha. Igrejasdo século 18
estão lá resistindo à ação do tempo.
Do meano penodo se encontra uma
dezena de fortes (alguns não passam de minas hoje). A presença
militar foi destrutiva para o arquipélago. A instalação do presídio representou uma tragédia: para evitar
que os prisioneiros utiliza-ssem a
madeira existente na mata e constmíssem barcos, o direção do presídio mandou derrubar toda floresta
nativa. Não sohou quase nada. Passados mais de 50 anos, a mata atlântica de Fernando Noronha se resume a uma cobertura arbustiva de
SUMMARY
Faltam água, esgoto e energia
Fernando de Noronha tem
problemas de água, esgoto, eneigia
e transporte, além de poluição e
erosão. A escola, com 552 alunos,
está com seus equipamentos básicos
inutili-zados e não tem como pagar
os professores. A população está se
organizando para resolver os
principais problemas do local.
A administração da ilha
promete dar um destino ade-quado
para o grande volume de lixo
produzido principalmente por
turistas, cuja entrada na ilha está
limitada hoje a no máximo 120
pessoas, sendo de 420 a população
máxima de visitantes pousada no
local - antes, na alta temporada das
férias, entravam até mil turistas por
dia Existem hoje 200 toneladas de
sucata de metal e mais 100
toneladas de vidro.
A falta d'água é uma realidade.
Cerca de 90% da população recebe
água enca-nada e 10% é abastecida
por cairo-pipa. Mas é água de qualidade inferior, colhida das chuvas
e armazenada nos quatro açudes.
Existem 42 poços artesianos, mas
só uns poucos funcionam e
abastecem setores específicos,
como a Base local da Aeronáutica.
A
*
*mʱ
- *^^SÊk
íy
- 1^^mm»*^''
Tvy
BH
ÊÉk
WÊÊê
Belos praias atraem um número cada vez maior de turistas
Com suas poucas estradas
esburacadas, a administração
pretende estimular o uso de
bicicletas e charretes, meios bem
menos agressivos ao meio ambiente que os atuais bugres, que
circulam na ilha. Para suprir a falta
de alimentos, a administração
desenvolve um programa de
estímulo ao cultivo de hortaliças e
frutas. Existem atualmente 35
colméias em atividade, que
produzem 700 litros de mel por ano,
sendo o único lugar do Brasil que
pouca densidade, tomando frágil o
seu ecossistema.
fteservar é hoje a grande preocupação na ilha. A questão é como
ajustar o turismo, principal fonte de
renda dos ilhéus, com a qualidade
de vida da população e a conservação ambiental?
Apopulaçãoda ilhaéde 1.900
pessoas (só 30% são nativas), distribuídas por 16 pequenas vilas. O
transporte é precário - 320 carros
estão autorizadosatransitar na principal via, esburacada. A água potável vem do continente; a que sai
das torneiras é água de chuva recolhida dos quatro açudes. A energia
elétrica vem de geradores a diesel barulhentos e poluidores - suplementados em 10% por turbinas
eólicas. Existe uma população animal avançando sobre os recursos
naturais - são 400 cabeças de gado
e 1300 cabeças de caprinos e ovinos, soltos na ilha. Acriação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em 1988, representou um avanço no sentido de preservação da área, mas não eliminou o
risco de depredação.
tem abelhas européias puras, não
africanizadas. Os animais que
circulam na ilha deverão ser
confinados em outra área.
O diretor de Infra-estrutura de
Fernando de Noronha, Roberto Fèndra
Rocha, garante que só 10% dos esgotos
uibanos sãode^jados no mai; enixra
ambien-talistas garantam que 100%
deles são efetivamente jogados no mar.
He diz ainda que 80% das fossas estão
ligadas a um sistema condomnial; com
20% da população sem fossas.
Também falta eneigia dedica ÇÜL.)
Amidst
urban
infrastructure problems
and tourism advances,
the
Fernando
de
Noronha Archipelago, in
the Atlantic Coast,
struggles to survive as
one ofthe most beautiful
ecological sanctuaries in
the world. Considered as
a groundzero in terms of
pollution in the planet,
the Archipelago already
attempts to limit tourism
activities, even putting
boundaries in áreas
which are not to be
visited, aiming the
preservation of its
ecosystem. The visitor
canfind in the 21 islands
in the archipelago
beautiful beaches, and
sea fauna and flora of
inexplicable ecological
value, which must be
most carefully preserved
by the man.
Continua na pág. 17
Folha do Meio Ambiente I /
Brasília, agosto de 1995
Os cuidados com o ecoturismo
Dioclécio Luz
O turismo pode ser uma solução
econômica e social para os moradores da
ilha, mas é uma ameaça ao equilíbrio
ecológico. 0 diretor da Fundação
Américo Vespúcio (uma
ONG) e da empresa de
mergulho, Águas Claras,
sediadas em Fernando de
Noronha, Randal Fonseca,
é defensor do ecoturismo.
"Nós temos que atuar com
o mínimo de impacto
possível e passando informações para os visitantes",
diz ele. Por isso seu turismo
é orientado para os
mergulhos, saídas guiadas com mountain
bike, e palestras - a empresa tem uma
programação diária de palestras abertas à
comunidade e a visitantes tratando de
temas como ecologia, golfinhos, cetáceos,
geologia, arqueologia submarina,
tubarões.
Mas preocupações desse gênero não
são comuns. Considerando a falta de
recursos financeiros e trabalho na ilha, a
chegada do turista nem sempre está
associada a um cuidado com a preservação.
O melhor exemplo é o navio Funchal. O
barco faz um percurso turístico (até 10
viagens em dois meses) no litoral brasileiro,
incluindo Fernando de Noronha. Ora, cada
vez que o Funchal aporta na
ilha ocorre um "terremoto"
na infra-estrutura local.
Afinal, são 600 pessoas
invadindo uma ilha de fama
paradisíaca, querendo ver
tudo em seis horas (tempo
em que ficam no lugar). Os
habitantes, guias e comerciantes, donos de bugres e a
comunidade de um modo
geral, enlouquecem com a
possibilidade do dinheiro rápido. Cobram
sempre mais caro que a atividade comum.
A infra-estrutura da ilha, porém, não está
preparada para uma carga tão violenta. A
chegada do Funchal requer mais água nas
torneiras, mais energia elétrica; é mais
poluição nas ruas (lixo, barulho, poeira,
erosão). A comunidade está decidindo se
tira Fernando de Noronha da rota do
Funchal.
Fotos: Dioclécio Luz
Palestras
alertam para
as ameaças
da poluição
Mata nativa foi derrubada
A presença humana foi tão devastadora para o arquipélago de Fernando de
Noronha que até hoje existe dificuldade em se saber, do que restou, o que é
nativo e o que veio de fora. Em 1938. foi instalado um presídio na ilha e o
diretor achou por bem derrubar a mata nativa exuberante para evitar que os
presos usassem a madeira para construir barcos e saírem de lá. Acabaram com
a mata e a ilha até hoje não recuperou a cobertura vegetal.
Existe uma planta invasora, a trepadeira jitirana, que se adaptou muito
bem à região, cresce bastante no tempo da chuva e cobre as plantas mais
novas e até as árvores impedindo a evolução da mata.
As sementes de jitirana - como de outras espécies menos agressivas - são
dispersas pelos pássaros e animais domésticos, através das fezes, ampliando
mais ainda a população de plantas exóticas. Contribui com a disseminação
dos "estrangeiros" o rebanho de gado bovino (400 cabeças), caprinos e ovinos
(1.500 cabeças) existentes na ilha, hoje na mais completa liberdade. A presença
de ratos também é maciça na ilha e para combatê-la foi introduzido lagartos
teju (ou teiú), só que um (o rato) tem hábitos noturnos e outro (o lagarto) tem
hábitos diurnos.
Outras espécies conhecidas são a lagartixa cinza, mabuya maculata, só
encontrada em Fernando de Noronha, e a cobra de duas cabeças, amphisbaena
ridleyana. Existem pássaros como o sebito (yiveo gracilicossis), a cocumta
(slanea spectabilis), pomba avoante ou ribançã (zennida auriculata). Aves
marinhas residentes na ilha: catraia (fragata magnificens), rabo de junco do
bico amarelo (phaeton leptums), rabo de junco do bico vermelho (phaeton
aethereus). Sem contar as centenas de espécies de aves migrantes que fazem
de Fernando de Noronha um local de descanso ou para procriação, a imensa
fauna submarina onde se incluem as tartarugas e os golfinhos rotadores.
A erosão carrega terra para o mangue da ilha
A administração da ilha orienta os turista para não poluírem as praias
Projeto Tamar protege tartarugas
No passado, as tartarugas marinhas ociçaram os cardápios refinados dos nobres europeus,
salvaram os náufiragos que não tinham o que comei; alimentaram as populações de ilhas
como Fernando de Noronha. E a farra foi tão grande que as oito espécies encontradas no
mundo quase foram extintas.
Para evitar um desastre - o fim das cinco espécies que ocorrem no Brasil - o Ibama
criou, em 1980, o Projeto Tamar. Ele é constituído par 20 estações, com equipes que
cuidam da preservação das espécies, patrulhando as áreas de desova, marcando as fêmeas
na época da postura nas praias ou transferindo os ninhos para cercados para evitar a
depredação.
As estações estão distribuídas por mil km de litoral brasileiro nos seguintes estados:
Ceará, Pernambuco (Femando de Noronha), Rio Grande do Norte (Atol das Rocas), Alagoas,
Sergipe, Bahia (coordenação nacional). Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O
projeto é mantido com recursos do Ibama e instituições como a Petrobrás, WWF, Banco
Saíra, Aracruz Celulose e Fundação Boticário. É importante observar que 30% dos recursos
advém da venda de artigos de divulgação, como camisetas, chaveiros e bonés.
A equipe do Projeto Tamar em Femando de Noronha é formada por 11 pessoas. A
atividade básica consiste no monitoramento dos ninhos, marcação das tartarugas jovens,
pesquisa, conscicnüzação da população local e dos visitantes. Ete acordo como coordenaésr
local e regional, Cláudio Bellim, de todas as estações, Femando de Noronha é a que tem a
menor população de tartarugas marinhas. "Desde o descobrimento do arquipélago qne elas
são utilizadas como alimento da população local e dos visitantes", observa Cláudio.
EmF(^iaiidodeNo!Txiliaoconçnibaskamenteduaseq3écies:atartanigaveKle(chelonia
raydas) e a tartaruga de pente (eretmochelys imbricata). Implantado na região em 1984,
segundo Cláudio, o Projeto Tamar/Ibama conseguiu estabilizar a população. "No primeiro
ano só foram encontradas duas fêmeas desovando; no ano passado registramos 14 fêmeas e
marcanxjs 20 novas tatanigas jovens", diz. O Atol das Rocas, suboidinado à sua coordenação,
é um paraíso para as tartarugas. Lá se encontram até 170 tartarugas fêmeas desovando; em
1994 eclodiram 80 mü ovos. Era F«man<to de Noirxiha, no mesmo ano, só eclodiram 7 mil
ovos. Em 15 anos de projeto, no Brasil foi assinalada a eclosão de 1,8 milhões de ovos.
Bugres estragam a maioria das estradas
A trepadeira jitirana cobre arbustos e árvores
Brasília, agosto de 1995
I O Folha do Meio Ambiente
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MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES
Brasília, agosto de 1995
Folha do Meio Ambiente
AGENDA 21
Brasil faz bonito em Oslo
na plenária da ISO 14000
Slmone Silva Jarlm
niões que ocorreram no mundo inteiro
(Copart), entidade normativa que agrudesde a fundação do Comitê Técnico
pa os países das Américas do Sul,
Mais um importante compromisda ISO, em 1993. Na última reunião,
Norte e Central como representante
so da Agenda 21 foi cumprido pelo
em Oslo (Noruega), mês passado, a oficial de todos os países
Brasil, no último dia 8.0 Ministério
entidade enviou 22 profissionais. "A
panamericanos no TC-207, proposta
do Meio Ambiente, dos Recursos
delegação brasileira foi a sexta maior
inicialmente sugerida pelos Estados
Hídricos e da Amazônia Legal orgaUnidos. Também 70% da normanizou, em Brasília, o fórum
lização ambiental do Mercosul
"Meio Ambiente e Comércio
estão a cargo da ABNT.
Exterior - Os Desafios da ISO
Em setembro, a delegação
14000", uma espécie de "presbrasileira estará integrando o cotação de contas" feita pela Asbiçado Conselho da ISO, o mais
sociação Brasileira de Normas
alto escalão decisório das polítiTécnicas (ABNT) a membros
cas e estratégias de normalizações
do governo, empresários, políinternacionais. O conselho é reticos, técnicos e representantes
presentado por 16 países, cinco
de entidades civis, sobre o trafixoseosoutrosB eleitos periobalho que sua equipe de especialistas vem realizando junto
dicamente.
ao Comitê Técnico, TC 207 da
Para participar de toda essa
agenda internacional, a ABNT
ISO. De âmbito internacional,
conta com o respaldo financeiro
da entidade conta com paísesde 33 empresas voluntariamente
membros que, vale lembrar,
associadas ao "Programa ABNT
produziu a série ISO 9000, resMeio Ambiente". As anuidades
ponsável pela padronização de
pagas por essas companhias ligasistemas de qualidade que já
das a setores já sensibilizados
conta com mais de 800 emprepara a questão ambiental como o
sas certificadas no país.
de papel e celulose, siderurgia,
A ISO 14000, que ainda
mineração, calçados e couro, ganão foi concluída pelo TC 207,
rantiram uma verba de US$ 1,6
é uma nova série que abriga,
milhão para este ano.
exclusivamente, um elenco de
normas para garantir uma ges"Precisamos da adesão de
tão ambiental capaz de aumenmais empresas. Afinal, as propostar a capacidade das organizatas e teses que levamos para as
ções de alcançarem e medirem
reuniões plenárias do TC 207 reas melhorias de seu desempepresentam os interesses da nossa
nho com relação ao meio ambi- Antônio Avellar, presidente da ABNT: Nf0 indústria. O Brasil está realmente
ente. No primeiro semestre de %%">£ £%, <%£%?. " ""«•' ,0 " ativo na produção das normas da
1996 - quando estima-se que a
ISO 14000, não temos uma posisérie de normas de gestão ambiental
dos 60 países presentes. Conseguimos
ção passiva nesse processo. Muitas
ganhará seu texto definitivo e publialgumas posições de liderança nessa coisas ainda podem ser mudadas, mas
cado - a ISO 14000 passará então a
discussão. Todas as propostas de alteé preciso participação de todos", destaser o carro-chefe das relações de coração de texto em defesa de tese que o
cou Avellar.
Brasil levou foram vencedoras. Por
mércio internacional na União EuroPauladas em 962 - Há quem
péia. A atuação da ABNT, única enindicação informal dos Estados Uniacredite que, a partir da publicação
dos, nossa delegação foi escolhida como
tidade nacional a ocupar assento nos
definitiva da ISO 14000, a indúsfóruns internacionais sobre normalia primeira em termos de qualidade de
tria nacional vai tomar muitas "pauzações, vem colocando o Brasil em
apresentação de trabalhos e participaladas" dos importadores europeus.
ção no fórum", relatou Avellar.
destaque nesse novo e estratégico
"Isso não vai acontecer só a partir
cenário.
Ainda em maio deste ano, em endo ano que vem. Hoje em dia, as
contro realizado na Argentina, a ABNT
"A ISO 14000 representa uma
companhias brasileiras já enfrentam
barreira não tarifária ao comércio infoi nomeada pela Comissão
restrições porque há países na Euternacional, mas também é uma oporPanamericana de Normas Técnicas
ropa, como a Alemanha, que exitunidade única para melhorarmos siggem que as embalagens dos produnificativamente
nossa
tos sejam biodegradáveis, que têm
competitividade. No Brasil, tais norsuas próprias normas ambientais. A
mas deverão ter repercussão ainda
questão ambiental não começa com
maior que a série ISO 9000, porque
a ISO 14000; o próprio Brasil tem
Anotker
important
os sistemas de qualidade estão ligamais de 80 normas, já em vigor, que
commitmentofthe Agenda 21 was
dos a processos industriais; a quesdisciplinam diversos tipos de imfulfilled, on the past 8th of the
tão ambiental é a própria vida", defipacto ambiental. A ISO 14000 só
month. The Ministry of the
niu Antônio Márcio Avellar, presiestá ampliando conceitos e unificanEnvironment and of the Legal
dente da ABNT. "Mas não podemos
Amazon organizedin Brasília the
do os critérios de gestão ambiental.
viver, daqui para a frente, sob o cusfórum "The Environment and the
Portanto, o jogo está sendo jogaForeign Trade— The Challenges
to de perder mercados. É apenas uma
do", afirmou o presidente da ABNT.
oflhe ISO 14000", a kindof "final
regra do jogo que precisa ser conheA ABNT, juntamente com o
verification balance", earried out
cida e colocada em prática. A ISO
Finep (empresa estatal financiadora
by the Brazilian Association of
14000 é abrangente e complexa, vai
de estudos e projetos), promoverá
Norms and Standards (ABNT),
do berço ao túmulo do que é produde 11 a 15 de setembro, pioneirafor the Brazilian society. The woríc
zido. Temos um imenso trabalho pela
mente no país, o Curso ISO 14000
done by the ABNT has been
frente, afirmou.
da KMPG, empresa de consultoria
reaching positions of distinction
Número 1 em Oslo - O trabalho
holandesa, líder na Europa em Auin the TC 207. In the global
de delegação brasileira no TC 207
ditoria Ambiental e com larga exmeeting in Oslo, last month, ali
vem conquistando posições de desperiência na implantação de SGA
the proposals presented by Brazil
taque. Para se ter uma idéia, o país se
em empresas. Para maiores inforfor changes in lhe document were
fez representar por especialistas da
winners.
mações, ligar para (011) 222-8424
ABNT em todas as incontáveis reue 223-1961.
SUMMARY
I V
FILATELIA
LOGIA
LAIS SCUOTTO
A piHimavera nos
selos brasileiros
A primavera é a estação mais decantada pelos poetas, cantores e pintores através dos tempos. Românticos ou não, todos nós já ouvimos ou vimos alguma obra
de arte sobre a primavera. A estação do
amor, das flores e das tardes de domingo.
Parece que todos os adjetivos se tomam
redundantes ao falarmos dela, não é mesTARIFA POSW MAOOKiW.
mo?
T PORTÇ SEHSt * 1
Há muitos anos, essa bela estação do
..... . . .... ...^ ...^
ano vem acontecendo também na filatelia
brasileira em suas várias emissões, assinalando as mais diversas espécies de plantas
e flores que formam a riqueza de nossa flora.
As belas e sedutoras orquídeas, por
exemplo, foram inúmeras vezes lembradas
em emissões postais, como em 1980, por
ocasião da Expamer'80 - Exposição
Filatélica da América e Europa, numa série que assinalou quatro espécies encontradas só no Brasil.
Já em 1981, as "estrelas" da série flora
brasileira foram as flores do Planalto Central, que apesar de ser uma região aparentemente rústica, abriga uma infinidade de
espécies de rara beleza, a exemplo das assinaladas na emissão, entre as quais, a
maria-mole-do-brejo (dklechampia
caperonioides baill).
Por ser uma das espécies que mais simbolizam o sentimento nacional, com suas
flores verdes e amarelas quando no período de sua floração, o ipê-amarelo ilustrou o comprovante de
franqueamento - CF, lançado em 1992;
Neste ano, os Correios assinalaram novamente a flora brasileira, mas desta vez homenageando um dos maiores nomes do
paisagismo nacional e mundial, o paisagista Roberto Burle Marx,
que além de projetar praças, aeroportos, jardins como o do Aterro do Flamengo e do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro,
contribuiu de maneira significativa para a flora brasileira com a
descoberta e o estudo de diversas espécies desconhecidas, como
a vellozia burle-marxii, vulgar canela-de-ema; a helicônia
(heliconia aemygdiana Burle Marx) que ocorre às margens do
Alto Juruá; e, por fim, a calathea burle marxii H. Kennedy,
também estudada pelo paisagista e que, junto às outras duas
acima, foi assinalada no bloco comemorativo lançado no dia 4
de agosto último.
Falando em primavera, não se pode esquecer dos beija-flores. A emissão que assinalou a Exposição Filatélica Brasileira Brapex 91, reuniu num bloco comemorativo bromélias, orquídeas e beija-flores, numa fusão de elementos da natureza, ressaltando a importância da integração fauna e flora na preservação
do meio ambiente.
Dessa forma, as emissões de selos do Brasil vêm promovendo e divulgando a nossa flora, aqui e no exterior, contribuindo
também para a preservação dessas espécies.
RESULTADO DO 8o DESAFIO FILATÉLICO. Qual o
nome do Parque Nacional assinalado em selo, em 1985, que
representa o único parque marinho do Brasil? R: Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.
AGORA O 9o DESAFIO: O Rio Tietê sem alvo das atenções
numa importante Exposição Filatélica, que acontecerá no mês
de setembro em São Paulo. Qual o nome desta Exposição? Dica:
é uma exposição binacional.
Mande já sua carta e não esqueça de colocar seu endereço
corretamente. Os brindes serão entregues pelo Correio.
Folha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
ILEGALIDADE
Empresa quer privatizar nos
Em Belém, a empresa de engenharia Estacon vem sendo acusada de
querer privatizar dois rios para uso particular de um condomíniodeluxo
Fotos: Lufs Otávio
Edson Glllet
A Estacon, uma das grandes
empresas de engenharia do Pará,
vem sendo acusada na Justiça de
querer privatizar os rios Laranjeiras e Samaúma para uso
particular do condomínio de luxo
Porto Laranjeiras, com 200
mansões, que está construindo no
município de Ananindeua, a 11
quilômetros de Belém.
A empresa já foi autuada pela
Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Meio Ambiente - Sectam, por
não ter licença prévia para
construir o condomínio, embora
disponha de autorização da
prefeitura de Belém e da Marinha.
O auto de infração levou em
conta o que foi apurado num
relatório de vistoria e num parecer
técnico elaborados por uma
equipe da secretaria, que só tomou
conhecimento das irregularidades
do condomínio graças à denúncia
formalizada pelo sociólogo e
ambientalista José Mariano
Klautau de Araújo, presidente do
Conselho de Representantes da
Ilha de Caratateua-Consilha,
situada na região das ilhas de
Belém.
Em sua denúncia, Klautau
argumenta que, com a construção
do condomínio, a Estacon quer
privatizar os rios Samaúma e
Laranjeiras. "Isso é absolutamente ilegal", diz ele. Pbr seu
lado, o empresário Lutfala Bitar,
presidente da Estacon, se defende:
"nós queremos preservar uma área
degradada e ameaçada de
invasão".
Parecer técnico - O parecer
técnico da secretaria constatou
que o condomínio Porto Laran-
SUMMARY
Matas ciliares Coram destruídas na
terraplanagem do condomínio
Rio Laranjeiras foi aterrado
jeiras estava sendo construído
com autorização da prefeitura e
da Marinha - por se encontrar às
margens dos rios Laranjeiras e
Samaúna (cursos d'água), mas
que não tinha licença prévia de
órgão competente.
A secretaria constatou que
houve degradação ambiental em
25 dos 54 hectares da área total
do empreendimento. A degradação
ocorreu com a retirada de
cobertura vegetal de terra firme e
ciliar e o aterramento das
margens dos rios Samaúma e
Laranjeiras, infrigindo o artigo 22
da Cons-tituição Federal e as leis
federais 6766/79,4771/65 e 6576/
78, além da lei estadual 5199/84,
por estar desmatando matas
ciliares de rios e implantando
parcelamento de solo para fins
urbano. Foram dados à empresa
o direito de defesa e a
obrigatoriedade de apresentar um
Plano de Recu-peração de Área
Degradada-PRAD.
Discussão jurídica - Segundo informou Luís Ercílio
Faria, diretor do Departamento de
Meio Ambiente da secretaria, a
licença prévia junto ao órgão é
uma discussão jundica, já que a
Estacon tinha sido autorizada a
fazer a obra pela prefeitura e a
Marinha. Entretanto, a Assessoria
Técnica e Jundica do óigão manteve
o auto de infração contra a empresa
por ela ter desconhecido a
legislação e efetuado desmatamento em mata ciliar.
As ifthe threatens usually
inflicted to the environment
by the enterprises were not
enough, in Belém, in the
State of Para, Estacon, an
Engineering firm, is being
accused of trying to
transform into private two
rivers, for exclusive use by
two luxury condominiums,
with over two hundred
mansions, in the Ananindeua
County. EnvironmentaUsts in
the State have considered
"completely illicit" the
intenüons of the enterprise,
which might be sued by
justice.
Em sua defesa, o empresário
Lufala Bitar argumenta que o
projeto mantém em torno do
condomínio cerca de 54% de área
verde, contando com o aval de
especialistas em meio ambiente,
comoo engenheiro sanitarista Luiz
Otávio Mota Pereira, ex-presidente
da Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária-ABES; o
arquiteto e urbanista Milton
Monte e o engenheiro Miguel
Imbiriba, da Universidade
Federal do Pará.
O sociólogo Mariano
Klautau também levou a
denúncia ao Ministério Público
Estadual, em documento
enviado à promotora de justiça
Marília Crespo. O caso está
entregue à Promotoria do Meio
Ambiente. Segundo fontes
extra-oficiais, a tese de privatização dos rios poderá ser
erguida pela promotoria.
20
Amazônia terá
novo enfoque
constitucional
O governo deverá promover
uma revisão dos dispositivos
institucionais que tratam das
relações econômicas e sociais na
Amazônia, com o fim de adaptálos a nova Política Nacional
Integrada para a Amazônia Legal.
Um encontro do ministro Gustavo
Krause, do Meio Ambiente, com
o ministro Nelson Jobim, da Justiça,
também coordenador do processo da
revisão constitucional, deverá definir
as prioridades e bases dessas mudanças.
A informação é do secretário
da Amazônia do Ministério do
Meio Ambiente, Seixas Lourenço, que inicia, nos próximos
dias, um conjunto de discussões
com autoridades estaduais e
políticos regionais para discutir os
termos e recomendações do
Projeto Amazônico.
Segundo Seixas Lourenço,
também secretário do Conselho
Nacional da Amazônia Legal
(Conamaz), estão previstas quatro
reordenações de ordem institucional na região: uma, que trata a
divisão de responsabilidades pelo
planejamento nacional e regional
e sua execução entre União,
estados e sociedade; outra está
relacionada com a regulamentação das provisões de
recursos constitucionais para a
Amazônia; uma terceira, criando
instrumentos financeiros de
suporte ao Projeto Amazônico; e
a quarta estabelece a necessidade
de desimpedir o quadro constitucional das provisões que
dificultam uma maior equidade
entre as regiões.
Além disso, com base ainda
em disposições do Projeto
Amazônico, está prevista a
reestruturação dos organismos
regionais hoje existentes, com a
criação de uma agência multilateral para compartilhar ações
do governo federal com as do
estados amazônicos, os setores
produtivos e a sociedade na
região.
^
VERTANO
Mais que uima maFca9ooo uama filosofia de traUmllio e qma liclaíL
VERAIVO ÜÍOiTOlRA & COMUIVICA^ÃO JLTIDA.
0
Slü/SUL-Q. 08-N 2.095 - CEP 70.610-400 - Cx. Postal 07.0672 ^Tel.:_PABX (061) 344-3673 - Fax: (061) 344-1184 - Brasília-DF
Brasília, agosto de 1995
Folha do Meio Ambiente Z I
PREVENÇÃO
População não é informada
de riscos de explosões no Rio
Lana Araújo
O que prometia ser mais um belo
final de tarde de domingo quente e
ensolarado, transformou-se, no dia
16 de julho passado, num pesadelo
para os moradores da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O pesadelo ocorreu quando um paiol de
munição da Marinha, situado na ilha
do Boqueirão - uma das cinco ilhas
que formam um complexo na extremidade leste da Ilha do Governador
- explodiu, provocando tremores até
no distante Aterro do Flamengo,
zona sul da cidade, e em Icaraí,
Niterói.
Passado mais de um mês e
debeledas as chamas e contabilizados
os prejuízos, a sombra do pesadelo
ainda continua no local porque em
mais duas ilhas, as de Nhanquetá e
Rijo, estão armazenadas nada menos que 80 toneladas de explosivos,
também da Marinha. A previsão de
técnicos em explosivos é de que a
explosão de tudo isso resultaria em
mandar pelos ares boa parte de uma
região onde vivem mais de 600 mil
pessoas.
Ao falar do sinistro do mês passado, o auditor ambiental Josimar Ribeiro de Almeida, professor de doutorado em Ecologia na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
ressalta que é preciso haver maior
preocupação com a população civil
quando se trata de traçar planos de
emergência para locais de riscos de
explosão. Essa preocupação, segundo garantem assessores da Defesa
Civil do Rio, existe de fato. No que
discorda, o auditor ambiental: "esses planos não são iguais aos que
existem para Angra dos Reis, onde
estão instaladas usinas nucleares".
A assessoria da Defesa Civil
concorda, também, que no Rio existem outras áreas de grande risco de
explosão, como a do gasômetro situado na Avenida Brasil, cujos custos de transferência dariam para construir dez outros iguais. O auditor
Josimar Almeida assegura que já
existe hoje tecnologia de análise de
risco ambiental, mas no caso da Ilha
do Boqueirão, o maior problema foi
o risco social. "A foligem da pólvora
assenta-se sobre o mar e sobre a vegetação, onde é lavada na primeira chuva.
Aquilo ali foi construído de acordo com
o modelo deplanejamento do século passado, ou seja, levava-se as áreas de risco
para a zona rural. Atualmente, investese em controle de segurança e qualidade,
com o Instituto Militar de Engenheria
possuindo técnicos capacitados para
isso", afirma Josimar Almeida.
Vale lembrar também que a
Petrobrás, que possui uma unidade numa
SUMMARY
The Rio de Janeiro 's population
which is located nearby tke áreas
threatened by fures and explosions,
must be better informed about the
way to react in cases of accident
This is the conclusion reached by
environment experts consulted by
the Journal of the Environment,
about the great explosions occurred
last month in a Navy Warehouse,
close to the Islands of Boqueirão.
In Rio de Janeiro, there are five
explosive sites: The Islands of
Boqueirão, Nhanquetá and Rijo, the
fuel storage warehouse of the
Galeão Airport, and the park of
arms of the Air Force.
das ilhotas do complexo, desenvolve um
programadeenvolvimento das comunidades circunvizinhas na prevenção e na
solução de medidas de emergência para
casos de acidente. Esse programa, chamado de Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais, já funciona nas refinarias de Duque de Caxias
(RJ), de Gabriel Passos (MG) e Revap
(SP). Na refinaria de Duque de Caxis, o
programa já funciona há quatro anos.
O pesquisador do Grupo de Análise
de Risco da UFRJ, Álvaro Bezerra, esclarece que nesse tipo de programa, o
objetivo é levar à comunidade informações sobre os riscos a que está submetida. "Não basta alertar para o risco externo, é preciso prevenir e informar sobre
acidentes mais graves. A sociedade tem
de ter acesso às informações de que existem tecnologias internas e que os acidentes são possíveis. Temos sempre que
contar com a possibilidade de aciden-
tes", alerta o pesquisador.
Para o chefe do Serviço de Controle de Poluição Acidental da Fundação Estadual de Engenharia de
Meio Ambiente (FEEMA), Antônio
Carlos Gusmão, o acidente da ilha
do Boqueirão não representou nada
em termos ambientais. "Como medida de prevenção, os bombeiros passaram a noite na ilha d'Água, onde
ficam os terminais da Petrobrás, da
Shell e da Esso, situados a três quilômetros da ilha do Boqueirão", informa Antônio Gusmão. Ele esclarece que "temos tecnologia de ponta
para atender a acidentes ambientais e
que são treinadas inclusive pessoas
de outros estados para trabalhar neste setor". Segundo Antônio Gusmão,
o que tem de ser feito no caso dos
riscos de acidentes é colocá-los em
nível aceitável socialmente. "A análise de risco ainda é uma área nova
no Brasil", conclui.
Na ilha do Governador existem cinco pontos explosivos,
quais sejam as ilhas do Boqueirão,
de Nhanquetá e a de Rijo, além do
armazém de combustível do Aeroporto Internacional do Galeão e
do parque de material bélico da
Aeronáutica, com os dois últimos
com acesso apenas pela única entrada e saída da ilha, a estrada do
Galeão. A Assessoria de Comunicação do Cornar III garante que
seu material sempre esteve sob
controle, agora redobrado. A Assessoria de Comunicação da Marinha prometeu se pronunciar sobre o assunto apenas no final deste mês, quando ficará pronto o Inquérito Policial Militar aberto para
investigar as causas das explosões
na ilha do Boqueirão.
A explosão do paiol da Marinha, no Rio, vem se juntar a outros episódios ocorridos no país,
como foi o caso do Césio 137
(Goiânia - GO) e outros, onde acidentes graves poderiam ter sido
evitados caso houvesse maior preocupação das autoridades em fiscalizar o nível de controle de risco
que devem ter essas áreas potencialmente sujeitas a acidentes.
UFRJ estuda desmoronamento de estrada
Lana Araújo
O Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu uma
metodologia de geoprocessamento
que tem por objetivo estudar os trechos de risco de desmoronamentos
nas estradas brasileiras. "Nós fazemos os estudos sobre os trechos que
apresentam riscos de desmoronamentos em determinadas estradas e os
entregamos para o DNER, que é o
órgão responsável pelas estradas no
país", assinala o professor Jorge
Xavier da Silva, do Departamento de
Geografia da UFRJ, especialista em
geoprocessamento.
Segundo o professor Jorge Silva,
a
metodologia
do
geoprocessamento vem sendo utilizada hoje até para a realização de estudos de análise ambiental. Para ele,
sendo um elemento antrópico de
descalçamento das encostas, a estrada, quando é construída, modifica as
condições de circulação da água, o
que acaba contribuindo para a ocorrência
dos desmoronamentos. Na avaliação dos
riscos de desmoronamentos, de acordo
com o professor da UFRJ, são analisados a morfologia, a litologia, o uso da
terra, a declividade do terreno e a cobertura vegetal da região por onde a estrada
passa.
Falta dinheiro
para o DNER
evitar casos de
desmoronamentos
O professor explica que os terrenos,
quando ainda não foram mexidos, possuem um equilíbrio dinâmico próprio.
Quando ocorre o desmatamento, há um
desequilíbrio que implica na modificação
da circulação das águas nas encostas, o
que contribui para aumentar os riscos de desmoronamentos.
Jorge Xavier da Silva informa
que quando o Departamento de Geografia faz um estudo de riscos em
determinado trecho de uma estrada
repassa-o, sem cálculo de custos,
para o DNER, que muitas vezes não
dispõe de verbas suficientes para realizar todas as obras necessárias
para evitar-se o desmoronamento.O
instituto, segundo o professor, já realizou para o DNER, dois estudos
importantes: o trecho da BR116,que liga São Paulo a Curitiba,
e a estrada Rio-Teresópolis, que liga
o Rio àBR-116. "Osproblemas das
estradas só vão para a TV nas épocas de maior movimento, mas eles
acontecem durante o ano inteiro. A
gente estuda esses problemas e entrega os resultados ao DNER, que .
não tem verbas suficientes para realizar as obras necessárias", completa o professor.
PELO BRASIL
Registro ilegal de agrotóxicos
A Organização Pacifista e Ecológica de Ponte Nova (Paiíber)
enviou ao ministro da Saúde, Adib Jatene, denúncia sobre o registro
irregular no seu ministério de agrotóxicos e outros produtos tóxicos
e corrosivos, como se fossem domissanitários, que são isentos do
receituário agronômico e ficam fora da"fiscalizaçao dos órgãos estaduais. Formicida Granulada, Malathion 500 GB, Mata Formiga (pó
e líquido), Formicida liquida e Formicida Tatu são alguns dos produtos denunciados.
Triciclo colhe lixo
A empresa Colperio doou à prefeitura de Manaus( AM), 20 triciclos
para o recolhimento do lixo no centro histórico da cidade, que abriga,
inclusive, o centro comercial da Zona Franca. Esse sistema permitirá
que a coleta, antes feita somente à noite por caminhões, passe a ser
realizada também durante o dia, evitando assim, o acúmulo de lixo.
Todo material recolhido será levado para um centro de triagem, onde a
Colperio fará a separação do papel, material queutiliza para reciclagem.
Metais afetam trabalhadores
Centenas de trabalhadores do parque industrial de fertilizantes do município do Rio Grande (RS), o segundo maior da América do Sul, podem estar irremediavelmente afetados por metais
pesados, entre eles chumbo, zinco, cobre mercúrio, cádmio, alumínio e níquel, além de outros metais leves. A advertência foi
feita pelo vereador Edson Costa, líder do PDT e também presidente da Comissão Popular do Meio Ambiente e Bem-Estar Social (Comabes), uma ONG do meio ecológico. Os metais são encontrados, em diferentes concentrações, nas matérias-primas utilizadas pelas indústrias de fertilizantes. A periculosidade dos metais
pode aumentar em função do caráter bioacumulativo em que
pequenas concentrações em doses diárias proporcionam nos tecidos orgânicos a longo prazo.
Poema
Santarém, no oeste do Pará, a 900 km de Belém, é o mais
novo município do estado a receber uma estação de produção
do hipoclorito de sódio. A estação consiste num sistema de
abastecimento e tratamento de água com aproveitamento eólico
e solar e faz parte do Programa Pobreza e Meio Ambiente na
Amazônia - Poema, da Universidade Federal dó Pará. Criado há
seis anos, o programa se faz presente em 88 municípios do estado. A previsão de atendimento dessa nova estação é de nove mil
famílias de comunidades carentes de sua área de atuação. A
experiência do Poema, que tem recursos do Unicef, começou na
Dha do Marajó, no município de Ponta de Pedras e pretende
atingir 132 municípios paraenses.
Ilha ganha parque
Um dos pioneiros pela luta da preservação do meio ambiente,
Marcello de Ipanema, historiador e ambientalista, falecido em 1993, foi
homenageado com seu nome colocado em um parque ecológico na Dha
do Governador, no bairro Jardim Guanabara, Rio de Janeiro. O Parque
Ecológico Marcello de Ipanema, com uma área de 11 mil metros
quadrados, foi inaugurado no dia 11 de junho, com as presenças do
secretário do Meio Ambiente, Alfredo Siriris; do presidente da Fundação
Parques e Jardins, Marcelo Seixas; e da esposa de Marcello de Ipanema,
Cybelle de Ipanema.
Impacto ambiental
O biólogo e professor de doutorado em ecologia da URRJ, Josimar
Ribeiro de Almeida, há 10 anos na atividade de impacto ambiental, afirma
que é perfeitamente possível estabelecer parâmetros de identificação de
equilíbrio ou desequilíbrio em populações dequalquerespécie, animal ou
vegetal. 'Tomamos sempre a relação entre a taxa de natalidade e de mortandade: o desequilíbrio se dá quando uma é maior que a outra em níveis
insuportáveis", explica. "Para fazer uma Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA)", continua o biólogo, "utiliza-se os organismos que respondem
melhor os impactos - os bkmdicadores, como aves e espécies vegetais,
além de animais das praias. Qualquer alteração no sistema faz com que
esses animais desapareçam. O homem não serve como referência porque
é muito resistente às alterações ambientais."
Brasília, agosto de 1 995
LÁ Folha do Meio Ambiente
PONTO DE VISTA
O mar salgado
GENTE DO MEIO
SILVESTRE GORGULHO
Lúcia, o anjo azul
* Cláudio Vieira
As lágrimas que salgaram o mar não são apenas
lusitanas, como queria o
poeta. São de todas as gentes que, nos oceanos, descobriram o caminho para o
intercâmbio, para a sobrevivência, ou para as conquistas.
Hodiernamente, o mar
continua sendo caminho
para o homem. Este, entretanto, parece, por vezes,
esquecer que os oceanos
são fontes de vida. Nos tempos dos plásticos, dos produtos químicos, da pesca
industrial predatória, da fusão e da fissão nuclear, tentam matá-lo, alheios à sua
importância na sobrevivência do ser humano.
Homens outros, há, porém, viventes do mar por
necessidade ou por paixão,
que têm em si a preocupação de preservá-lo, não apenas por inspiração poética,
mas, sobretudo, pela consciência, inata ou adquirida,
de que a sua preservação é
uma necessidade para o futuro do nosso mundo, como
foi para o eu passado. Dentre esses, incluo os
velejadores.
O mundo da vela esportiva, mormente dos
velejadores de oceano, assim chamados os que navegam apartados da costa e
em travessias trans-oceânicas, tem, cada vez mais,
despertado entre os seus a
consciência da preservação
dos oceanos e da vida ne-
les existente.
No Brasil, a vela oceânica tem-se desenvolvido
com morosidade e, embora
seja um esporte antiquíssimo, pouco apoio tem encontrado entre os órgãos
governamentais, talvez porque ainda sobre ela pesa a
conotação de elitismo. E o
político, a despeito do fazer
parte da elite, abomina-a em
jogo de cena. Mesmo assim, os eventos esportivos
da espécie têm acontecido,
graças a vontade daqueles
que os praticam e a algumas
instituições particulares.
Dentre os eventos esportivos da vela oceânica, no
Brasil, destaca-se a Regata
Recife-Femando de Noro-
SUMMARY
In Brazil, among the
ocean sailing sports events,
The Recife - Fernando de
Noronha race stands out, as
being the longest one,
occuring annually under the
coordination of the Sailing
Association of Recife. This
race is an example of well
care for the environment, as
its sailors, novice or
experienced, are ecologically
worried to populate the 300mile route firom the Brazilian
coast to the Northeastern
Island. The clean ocean they
sail across is their natural
habitat, as not one of the
vessels, around 50 at ali,
throws their garbage into the
sea, or practice predatory
fishing. On the conliary, at the
end of the trajectory, it is
interesting to notice that the
crews in the vessels, aware of
their contribution to
preserving the environment,
go ashore canying their bags
of
non-bio-degradable
garbage, collecting during the
trip. This behavior is spread
among the sailors.
nha, anualmente realizada
sob a coordenação da Federação Recifense de Vela
Oceânica - Frevo, e na sua
seqüência, a Regata
Noronha-Natal, esta última
ainda não suficientemente
concorrida e divulgada.
Sobre ser, atualmente,
entre nós, a maior regata
oceânica de percurso, a
Recife-Noronha é um
exemplo de cuidado com o
meio ambiente. Velejadores que a fazem, antigos ou
neófítos, imbuídos de preocupação ecológica, povoam a rota de 300 milhas
entre a costa brasileira e a
ilha nordestina. O mar limpo de poluição onde navegam é, nos dias da regata,
por eles considerado o seu
habitat sendo bonito ver
que nenhum daqueles veleiros, quase meia centena,
despeja no mar o seu lixo
ou pratica a pesca predatória. Ao final do percurso, é
interessante notar os tripulantes dos barcos descerem
à terra carregando os sacos
com lixo não biodegradável, cientes de estarem
contribuindo para a preservação do meio ambiente.
Este é um comportamento difundido entre os
velejadores, pois, sendo um
lazer, a vela oceânica é, sobretudo, uma atividade de
responsabilidade ecológica.
* Cláudio Vieira é advogado e velejador
Paulo Nogueira Neto e Lúcia: o casamento que frutlficou,
multiplicando as ações por uma melhor qualidade de vida
Não há como falar em meio ambiente, no Brasil, sem lembrar o
nome do professor Paulo Nogueira Neto. Bacharel em Direito (1945)
e mais tarde bacharel e licenciado em História Natural (1959), sempre
luddo, equilibrado e muito respeitado, Paulo Nogueira Neto pode
ser considerado o decano do movimento ambientalista do Brasil
moderno.
Não há como falar da obra e do trabalho do professor Paulo
Nogueira Neto sem lembrar o nome da pessoa que iluminou o seu
caminho e deu sustentação à toda sua vida profissional: a professora
Lúcia Ribeiro do Wle Nogueira.
Lúcia nasceu em São Paulo, no dia 18 de outubro de 1924.
Formada em Pedagogja, usou sua inteligência e seus conhecimentos
não para dar aula, mas para assessorar o marido, para ampliar suas
ações e para ajudá-lo nas tarefas que lhe foram confiadas.
Quando, após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, em Estocolmo, em 1972, o governo brasileiro resolveu
criar o primeiro embrião de um organismo federal para cuidar do
meio ambiente, foi buscar Paulo Nogueira Neto para implantar e
dirigjr a Scma - Secretaria do Meio Ambiente, ligada ao Ministério
do Interior. O então secretário foi enérgico o suficiente, conciliador
ao extremo e humilde o bastante para levar adiante a sua difícil missão.
E levou. Em toda esta trajetória, tinha uma companheira dedicada.
É ele quem diz: "Lúcia me ajudou muitíssimo na luta por um
meio ambiente melhor."
Lúcia foi revisora atenta dos livros que Paulo publicou: "O
Comportamento Animal e as Raízes do Comportamento Humano";
'A Criação de Animais Indígenas "Vertebrados"; 'Animais Alienígenas,
Gado Tropical e Arcas Naturais". Ultimamente, ao tempo em que
organizava as correspondências, conferências e viagens de Paulo
Nogueira Neto, Lúcia revisava o livro 'A Criação de Abelhas Indígenas
sem Fsrrão", que vai para a terceira edição.
O trabalho de Paulo Nogueira Neto foi coroado cru sua inclusão
(o único latino-americano), na importante Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimemnto, designada pela ONU sob a
presidência da P Ministra da Dinamarca, Gro Brunddand que resultou
no livro "O Nosso Futuro Comum".
A comissão preparou a 21 Conferência da ONU, realizada em
1992 no Rio de Janeiro, e consolidou a nova posição do Brasil sobre
o tema Meio Ambiente.
Não há como apreciar a vitoriosa trajetória profissional de Paulo
Nogueira Neto sem admirar a valiosa colaboração e dedicada
assessoria de Lúda Ribeiro do Valle Nogueira. Era um anjo a estimulai;
proteger e a dar força para que Paub fosse sempre o mestre da boa
relação com as plantas, com os animais e com os homens.
Lúda se foi. Deixou cum trabalho anônimo, mas valioso. E quis
o destino que Lúda recebesse uma derradeira homenagem: ela faleceu
no dia 5 de junho de 1995, uma data que jamais será esquecida, por
ser o Dia Mundial do Meio Ambiente. Lúda, anjo azul de Paulo
Nogueira Neto, é Gente do Meio que recebe, por justiça, a
homenagem da equipe da Folha do Meio Ambiente.
Brasília, agosto de 1995
Folha do Meio Ambiente 2.Ó
CIENTIFICAS
Alexandros L. Georgopoulos
Dimensões
Reprodução
engenhosa
A baleia azul é o maior animal que já
viveu no planeta tora. Dinossauros herbívoros gigantes, como o brontossauro, pesavam
até 50 toneladas. Uma baleia azul pesa este
tanto muito antes de atingir a puberdade.
Quando estão completamente crescidas elas
pesam 150 toneladas - ou três biontossauros.
Baleias azuis crescem até mais que 30
metros, o que as toma também mais longas
que qualquer outro animal. Elas são tão grandes que quando estão com a cauda pata fora
da água e a cabeça apontando para baixo,
seu nariz está submetido a uma pressão de
três atmosferas. Seu coração pesa meia tonelada; uma criança pode engatinhar pela sua
maior artéria Sua quantidade de sangue chega a 8.000 litros - suficiente, se fosse gasolina, para um carro pequeno dar duas voltas
completas no planeta Tara.
Seu cérebro pode pesar cinco quilogramas, quatro vezes o peso do cérebro de um
ser humano adulto, e os que lidam com elas
afirmam que são animais inteligentes.
Uma mosca tropical americana, a dermatobia hominis, provavelmente detém o recorde da
maneira mais estranha de se reproduzir. Ela captura mosquitos,
põe seus ovos neles e então os
liberta. Quando um mosquito
que carrega ovos de dermatobia
pousa num ser humano e o pica,
os ovos chocam e as jovens larvas de dermatobia se arrastam
pela prosbóscide (órgão pelo
qual o mosquito se alimenta) do
mosquito e entram na pele do homem. Então se enterram lá e
eventualmente se tornam bem
grandes e doloridas, mantendo
um orifício na pele através do
qual respiram.
Larvas limpadoras
Variadas larvas de insetos se alimentam de tecido animal em decomposição.
Elas têm grande capacidade de distinguir
entre tecido vivo e morto. Algumas são
tão hábeis em fazer esta distinção que
eram usadas extensivamente na medicina para limpar feridas como medida para
prevenção contra gangrena. Algumas
ainda são ocasionalmente utilizadas com
esse fim.
Em uma de suas expedições, o grande antropólogo Levy Strauss testemunhou a ação dessas larvas na mão de um
tropeiro que se ferira com um tiro acidental, no interior do Brasil, por volta
de 1935.
Flores bizarras
A vasta e variada beleza das flores,
tão prezada pelos seres humanos, evoluiu somente para as plantas - que não
possuem motilidade - enganarem outros
organismos para que estes as ajudassem
a se reproduzir, processo ao qual chamamos polinizaçâo. Apesar disso, nem todas as flores são atrativas segundo os
padrões estéticos dos seres humanos.
Há flores no sul da África por exemplo, que mimetizam olhos, orelhas, narinas, ânus e feridas de animais - completos - com odores apropriados. Estas
flores são polinizadas por moscas que
normalmente colocariam seus ovos em
orifícios e feridas de vacas e antílopes.
Esclarecendo
A força dos magnetos
Quão intenso é um campo magnético?
A unidade de força dos campos magnéticos é o gauss, e, como parâmetro, a força
do campo magnético do planeta terra é de
mais ou menos meio gauss. ímãs de geladeira, desses que prendem receitas e recados, são de algumas centenas de gauss. O
magnetismo é gerado quando se alinham
os spins dos elétrons. Spin é um termo inglês que significa giro.
Num material comum, os spins dos elétrons estão alinhados desordenadamente,
mas num ímã uma parte deles está alinhada - tipicamente de 1% a 10 %. Os mais
poderosos magnetos permanentes, como
os de samário-cobalto ou de neodúnio-fer-
ro-boro, têm campos de 3.000 a 4.000
gauss, e vários deles poderiam facilmente
levantar a geladeira inteira.
O futuro certamente trará melhoras nos
magnetos permanentes, mas provavelmente sua força máxima estará limitada a 30
mil gauss, simplesmente porque há um limite para a densidade de elétrons cujos
spins podem ser alinhados. Construir um
magneto fisicamente maior aumenta primariamente a extensão e não a intensidade do campo. Assim, os mais intensos
campos
são
produzidos
por
eletromagnetos, cujo magnetismo é uma
simples conseqüência de cargas em movimento.
Caro senhor George Vaske:
Compreendo que tenha havido
confusão na leitura do artigo Dieta X
Tamanho Corporal. Na verdade, o
título deveria ter sido Dieta X
Tamanho Corporal nos Primatas.
Naturalmente, devido ao título
incompleto, pode-se interpretar o
conteúdo do texto como sendo
extensivo a todos os animais. O caso
é que estamos falando de primatas
(macacos), que são encontrados na
natureza em estado selvagem, por isso
se alimentando do que for possível
encontrar em sua área de ação. Tais
animais não possuem a versatilidade
da dieta humana por não terem
evoluído para isso. O homem e seu
parente mais próximo, o chimpanzé,
se separaram de seu ancestral comum
há pelo menos 8 milhões de anos (se
houver oportunidade, escreverei sobre
isso numa outra edição), tempo
suficiente para adaptar um organismo
a uma dieta mais variada. Já os
primatas sobre os quais escrevi, são
os que vivem e têm vivido em florestas
por mais tempo do que isso, sendo
portanto, forçados a ingerir sempre
determinados tipos de alimentos, para
os quais acabaram se adaptando de
uma forma muito exclusivista, ou seja,
não aceitam facilmente outros tipos de
alimentos, por não poderem processálos devidamente. E preciso lembrar
que as plantas produzem toxinas para
justamente impedir herbívoros de as
devorarem, e que os herbívoros
evoluem dando um jeito de "driblar"
estas toxinas.
Por isso, não é fácil uma espécie
adaptada a um determinado tipo de
dieta subitamente mudar o seu
cardápio. Os riscos são enormes, e um
erro pode significar a morte.
Brasília, agosto de 1995
24 Folha do Meio Ambiente
A arte da
jardinagem
Mamíferos Marinhos
AFundaçao O Boticário de ftoteção àNatureza, uma instituição sem fins lucrativos, que
patrocina ações efetivas de defesa e conservação do meio ambiente, lançou um folheto com
a finalidade de ajudar o reconhecimento dos
mamífeios mais comuns no sul do Brasil, bem
como, de fornecer explicações sobre sua proteção e prímeiiDS soconos. O folheto também apresenta as instituições que devem ser oontactadas
quando aparecer ou encalhar algum animal do
literal dos estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Para adquirir o folheto escrever para a Caxa Rxtal 6991 - CEP: 80060020. - Cutitiba-PR.
Reabilitadas pela estressante vida moderna, as plantas não só enriquecem a estética à
nossa volta, como nos enriquecem filosófica e
psicologicamente. E, reabilitadas ao nosso convívio, resgatam o saudável hábito de jardinagem, prática tão recomendada à cultura física e
mental. Pois é a jardinagem o tema escolhido
pelo paisagista e engenheiro, agrônomo, Enio
Pippi da Motta, para seu primeiro livro Técnicas de Jardinagem - Uma Parceria com a
Natureza. O lançamento é da Editora
Agropecuária. Mais informações, com Enio
Pippi daMotta, através do Bip (053) 225-4377
F 127 ou do Fax: (053) 221-2735. Ou com
Luciano Alfonso no telefone: (053) 339-3448.
Pão nosso
A foireé uma das mais tristes realidades do
país atuahnente. Mas, existe também uma grande falta de conhecimento na preparação dos
alinentos a serem consumidos de forma mais
nutritiva, mais saborosa e com maior qualidade, por parte da população. O Programa Pabreza e Meio Ambiente na Amazônia-Poema, da
Universidade Federal do Pará, lançou a cartilha
Pão Nosso como uma forma de iniciar com as
comunidades de baixa renda um diálogo sobre
o aproveitamento de produtos alimentícios dando várias informações como: apesar da pobreza, manter nosso capo forte, sadio e bonito,
comendo alimentos ricos em substâncias vivas; aproveitar as sobras fazendo uma "nova"
alimentação; conseguir aumentos de abo valor
nutritivo com baixo custo. Mais informações
pelo fone: (091) 246-0517.
Gestão ambiental
Entre as diversas reivindicações exigidas
pela sociedade moderna que afetam o mundo
dos negócios, a preocupação ambiental tem
ganho destaque significativo em face de sua
relevância para aqualidade de vida das populações. O livro Gestão Ambiental nas Empresas, de Denis Donaire, da Editora Atlas S/A,
caracteriza a mudança no ambiente de negócios, enfatiza aimportância da variável ecológica
e discute a questão ambiental sob o enfoque
econômico. Aborda ainda a questão ambiental
na empresa e a repercussão da função/atívidade ambiental na organização, além de apresentar noções sobre auditoria ambiental e descrever o roteiro básico para a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (ELA) e Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA). Mais informações
com a Editora: Tel.:(011) 221-9144.
O sabor do caju
O caju, fiuto de grande importância em nosso
país, ganhou destaque
com a dra. Miranice
Gonzaga Sales e a dra.
Deborah dos Santos
Garruti que realizaram
uma minuciosa pesquisa
durante dois anos, no Brasil e no exterior; sobre receitas utilizando a amêndoa de castanha de caju, o
penúnculo e até mesmo
ambos. Cana odabcraçãD
(b Mnslérò da AgòoÉiia, cb Abastedmok) e da
Re&nm Agiáia - Maara, <h Embrapa e do Centro
Nackxial de ftsqiisa de Agroindústria TropicalCNPAT, elas conseguiram lançar o livro Delidas do Caju, que não só reúne receitas
elaboradas a partir dos deliciosos frutos e
pseudo-firutos, como também contribui para
enriquecer a dieta e tomar mais saudável a
alimentação das famílias. Exemplares poderão ser adquiridos junto ao CNPAT - R.
dos Tapajaras, 11 - Praia de Iracema - Caixa
Postal 3761 - CEP: 60060-510 - Fortaleza,
CE- Face: (085) 231-7655 - Fax; (085) 231-7762
NwP-
Agosto de 1995
Ano V I - N" 56
Brasília - DF
FOLHA DO
MEIO
AMBIENTE
Turismo Ambiental
índio Aviador
O índio Aviador, de autoria do líder indígena Marcos Terena, coordenador da Eco/92 e
fundador do movimento indígena no país, foi
escrito com a jornalista Atenéia Feijó.
O livro publicado pela Editora Moderna,
retrata fatos verdadeiros ocorridos na vida do
líder indígena, desde sua saída da aldeia para
os estudos urbanos até sua formação como
aviador pela FAB. "O livro foi trabalhado didaticamente para uso em escolas de 1° e 2°
grau, conseqüentemente, dirigido a juventude
brasileira.
Terena, que foi incentivado pela escritora
Rachel de Queiroz através de um texto publicado no Estado de S. Paulo, sob o título "Meu
querido Marcos Terena", sempre escreveu para
jornais sob os mais variados temas, tanto em
nível nacional como internacional. Atualmente, faz parte do Conselho Editorial da Folha
do Meio AmbienteedaievistaTiernunerka,
publicada pelo Programa das Nações Unidas
sobre o Mão Ambiente, com sede em Nova
Iorque. Aliás, a última publicação traz um texto assinado pelo indígena brasileiro.
O livro também relata um fato pitoresco
na vida de Terena, quando teve que se esconder sob a face de "japonês"para sobreviver
aos preconceitos, durante 14 anos. Só depois
de suafotmação urbanapôde assumir sua identidade indígena, já bastante preparado pelo
mundo do branco, podendo assim, organizar
seu povo para a defesa dos direitos sobre a
terra, a sobrevivência e o desenvolvimento
socioeconômico.
Forest Cultura Viva
e Promoções Ltda.
SCS QD, 8 VENANCIO 2000
BL.B-60SALA226
CEP 70333-900
BRASÍLIA-DF
FONE (061)321-3765
FAX:(061) 321-5809
O Senacde São Paulo, através do Centro de
Estudos de Administração em Turismo e
Hotelaria, vem lançando desde 1993 uma série
de serviços e produtos educacionais em Turismo Ambiental. Nessa programação nasceu o
Prêmio Senac - SP de Turismo Ambiental, que
contou com a assessoria técnica da empresa
Bioma - Educação e Assessoria Ambiental. O
livro consta de dez trabalhos, premiados em
1994, na categoria "matériajornalística e dez na
categoria "relatos de experiências". Esse Projeto
teve como pressuposto a concepção do turismo
como instrumento de preservação ambiental e
alternativa econômicapara muitas comunidades.
Para adquiri-lo, contactar. Centro de Estudos de
Administraçãa em Turismo e Hotelaria - Av.
Francisco Matarazzo, 249 - CEP: 05001-150 Fone: (011) 263-2511 - São Paulo.
PORTEPAGO
DR/BSB
PRT/BSB-537/91
CVS
TO. HSmfL VERGUEIRO
R. PR8F. SEBASTIfiO S. FARIAS, !7 2o,ANDAR CP.65Í87
8í3?0-iSg SAÕ PAULO
SP BRASIL
Agosto de 1995
Ano VI - N0 56
Brasília - DF
——————^
—————I
FOLHINHA DO
EIO
AMBIENTE
Setembro está chegando e com ele inicia-se a mais bela estação
do ano: a primavera. Será o momento certo para renovarmos
nosso amor pela natureza. Na primavera, será também o
momento certo para soltarmos nossa imaginação em relação ao
meio ambiente, criando poesias, contos e histórias em
quadrinho. E o novo desafio que a Folhinha faz a você!
Páginas 4 e 5
Uma publicação da Forest Cultura Viva
A
crisálida gritou tão forte que seu grito se misturou com
o som da natureza... e transformou-se na mais bela
borboleta azul.
Página 3
N
ão devemos alimentar o desperdício de comida. Tem
sempre alguém com fome. O desperdício é uma agressão
e pode ser da pessoa, do restaurante e do armazém.
Página 8
O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIODÂ GENTE
Folhinha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
Ainda há esperança de nos salvar
Hoje ainda posso ouvir os pássaros, tenho a
possibilidade de encontrar alguns animais que
estão entrando em total extinção.
Ainda posso encontrar, entre florestas e montanhas, água cristalina
Consigo respirar o ar puro em certos locais.
Hoje ainda tenho o que meus filhos e netos
não terão.
Hoje ainda tenho o que meus pais e avós
tiveram em abundância.
Amanhã não existirá o céu azul, a água cristalina, o cantar dos pássaros, a imagem real de
alguns animais.
Amanhã não será possível saber o que é o
gosto da fruta sadia, não será possível respirar o
ar puro.
Mas por quê?
Simplesmente pelo fato que somos homens
irracionais.
Somos levados pela ganância e pela falta de
esperança.
Mas o homem está totalmente cego, pois está
acabando com sua única e verdadeira riqueza: a
natureza, o seu meio ambiente, a sua paz.
Deus criou o mundo para vivermos dignamente e em paz. Será que nós estamos agradando a ele?
Tenho certeza que os dilúvios de hoje e de
amanhã são as lágrimas que caem pelo rosto de
Deus ao ver seus filhos destruírem o que construiu com tanta dedicação.
Mas o pior é que nós mesmos estamos nos
castigando, dando mais valor ao dinheiro que
ao nosso meio ambiente. Não podemos deixar
que amanhã consertem uma situação que ainda
pode ser evitada.
Ajudemos então a salvar o que é nosso por
direito, lutemos pela nossa herança, não nos acomodemos, pois o único caminho é termos esperança de salvar o meio ambiente.
Lethycia Araújo Vieira dos Santos
Aluna da 1* série do Centro Educacional
Santa Marta - São Lorenço-MG
1° lugar no concurso municipal sobre o
meio ambiente
A idéia da menina
Criança tem cada idéia...
>
'f""
sj
Ainda mais quando sente que
seu boneco de pano é mais BHi ■'-■■■'■■ ...■■'•
paparicado do que ela. O
boneco, chamando Cadu, era
*;*
atirado para cima, era o !■ IDÉIA f
exemplo à mesa, comendo ! mbJCA
■- 7^
legumes e verduras, deitando
na hora que queriam. Mas
menina não é boneco, é gente.
E com gente é diferente. Um
dia, uma noite, a menina não
tinha sono e passou a ter idéias.
Uma delas, por sinal, bem
maluca. O jeito era por a idéia
em prática para ver se trazia
resultados.
Idéia Maluca - uma historinha para crianças da Cecília
Vasconcellos, com ilustrações da Marilda Castanha, uma
publicação da Ediouro. Está aí um livro que toda criança vai
gostar e que pais, tias, irmãos mais velhos também devem
dar uma sapeada. Até porque outras crianças não passem a
ter idéias malucas.
O Menino e o Lobo
CARTAS
O sonho da Edimara Convite de Chico Sahão
Meu nome é Edimara, tenho 14 anos e gosto muito
de estudar. Como tive oportunidade de participar do
concurso, me empenhei, pois gosto de fazer poesias e
também redações.
Meu pai é agricultor e minha mãe é doméstica e
também agricultora, pois ajuda meu pai. Tenho quatro
irmãos e sou a mais nova. Todos nós somos muito
trabalhadores, pois aprendemos, desde pequeno, o que
é trabalhar. Meu sonho é ser secretária ou escritora.
Edimara Sehnem • Vargem do Cedro - São
Martinho • Santa Catarina.
Edimara, quer dizer que você quer ser secretária ou
escritora. Quem sabe secretária de uma escritora ou
acabe sendo uma escritora que tenha uma secretária?
Por hora, vamos torcer para que você seja uma das
finalistas. Avise aí ao pessoal que pode enviar os
trabalhos até o final de setembro. Em outubro, aqui na
Folhinha, sairá o resultado. Obrigado por ter
participado e escrito para nós.
FOLHINHA DO Umabração a você, seu pai, mãe
e irmãos.
MEIO
AMBIENTE
AMBCNTE UTERARK)
Há dois anos trabalhando na secretaria municipal do Meio
Ambiente de Pacooé - Mato Grosso, tenho lido a Folhinha, a
qual tem me savido de pesquisa para os alunos das escolas de
nosso município. Recebemos, nesta secretaria, há pouco
tempo, uma excursão de alunos de outra cidade de Mato
Grosso que nunca tinha visto de perto o Pantanal. Alunos e
professores do município de Cidade Nova ficaram encantados
com o que viram e, através de mim, ficaram conhecendo
também a Folha do Meio Ambiente, e pedem, se possível,
que mandem para ela e seus alunos. O endereço dela é: Escola
AgrícdaRodutiva de Ranchão-caixa postal 37 - CEP78450000 - Nova Mutum-MT. O nome dela é Marilza de M. Silva.
Recebe, de vários lugares, diplomas e mais diplomas pela
defesa do nosso meio ambiente. Se por acaso, algum dia os
integrantes da Folhinha do Meio Ambiente resolverem dar
um passeio ao Pantanal de Paconé, eu os acompanharei a
qualquer lugar que desejarem. Nosso secretário do Meio
Ambiente, dr. Ademar Rodrigues do Prado, eu, assistente
administrativo Antônio Francisco da Silva (Chico Sabão),
espero, de coração, que a Folhinha continue circulando e
mostrando o que acontece. Muito obrigado. Chko Sabão
Paconé - Mato Grosso.
Chico, honrado estamos com o seu convite. Morremos
de curiosidade de conhecer o Pantanal, este maravilhoso
ambiente ecológico. E continue divulgando nosso jornal
Nós também torcemos para que ele continue circulando.
Um abraço a todos de Paconé.
Quando o menino chegou
da escola, para sua surpresa,
encontrou um lobo na cozinha.
O lobo era assustador e a
criança temia que ele atacasse
alguém. Tentou avisar a mãe,
mas esta não deu nem
confiança. O menino correu
para seu quarto, tentando
acreditar que tudo era um
sonho. No dia seguinte, tudo
voltaria ao normal. Mas, qual
o quê! O lobo continuava
andando pela casa, como se
fosse gente. Aliás, a cada dia,
ele se parecia mais com gente.
O menino teria mesmo era que
aproveitar a existência daquele lobo chamado Levi em sua
casa.
Mamãe Trouxe um Lobo para Casa - é um interessante
livro da Rosa Amanda Strausz, com ilustrações do Fernando
Nunes para a editora Salamandra. Como diz a autora, para a
criança, um outro homem na casa, mesmo a mãe sendo
separada, é visto pelos filhos como sendo um lobo. Como
todo lobo também faz papel de bobo.
Concurso da Folhinha
Atendendo a pedidos de diversos leitores, decidimos adiar
para até 30 de setembro de 1995, o concurso literário da
Folhinha, que ficará mais enriquecido após as férias de
julho. Envie seu conto, redação, poesia, crônica ou quadrinhos sobre o tema ÁGUA para a Caixa Postal 10.891 CEP 70300-980 - Brasília-DF. Não esqueça de identificar
o trabalho enviado colocando seu nome completo, idade,
endereço. O resultado será publicado na Folhinha do mês
deoutubto. O trabalho considerado o melhorentre todos os
enviados ganhará um sensacional prêmio surpresa, sendo
que os demais ganharão:
Categoria A (Crianças até 10 anos)
Io lugar
mna bicicleta CIKTOS
2o lugar
um walkman e livros
3o lugar
um walkman e livros
Categoria B (Jovens de 11 a 16 anos)
Io lugar
uma bicicleta e livros
2o lugar
um walkman e livros
3o lugar
um walkman e livros
- Os trabalhos vencedores serão também publicados,
mês a mês, em nosso jornal.
ENCARTE DA FOLHA DO MEIO AMBIENTE EM PARCERIA COM O UNICEF
Folhinha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
O grito da natureza
Aivone Brandão
Certa vez, muito próxima uma da outra, nasceram duas
lagartas. Era um tempo muito importante para a história do
planeta. Um tempo no qu ai se descobriria o verdadeiro sentido
da palavra liberdade. Uma fada havia dito que todos aqueles
que nascessem naquele tempo haveriam de ser livres e belos.
As duas lagartas, coloridas como as folhas e os galhos
que haviam no jardim onde nasceram, brincavam de escondeesconde por entre as plantas e árvores, enquanto aguardavam,
despreocupadamente, alguma coisa que nem mesmo elas
sabiam. Elas não sabiam, porque eram crianças, e criança só
sabe sentir.
Acontece que o que elas pressentiam sem saber era o
momento mágico da grande transformação, que lhes daria
asas coloridas e possibilidade de voar de flor em flor, de
sentir o perfume da natureza, de olhar do alto e tudo ver, de
se deixar conduzirpelo próprio sopro, sopro dabusca, sopro
da vida, em harmoniosa calma e constante mutação.
Um dia, elas começaram a se sentir preguiçosas e
estranhas, menos pesadas, e comentaram um com a outra
sobre a razão de tais sensações:
- Estou me sentindo estranha - disse uma delas. Estou
me vendo voar por aí com um corpo novo e com asas
coloridas.
- Sabe que comigo acontece o mesmo?
Acho que estamos vivendo na era do sonho
- respondeu a outra.
E mal terminaram de pronunciar estas
palavras, transformaram-se em crisálidas e
ficaram grudadinhas no galho da árvore onde
estavam, "dormindo" todos os seus sonhos
de voar.
Um dia, porém, antes que elas
acordassem de seu sono mutante, um menino
malvado, que gostava de brincar de machucar
as árvores, entrou no jardim onde as
crisálidas dormiam. Estava com uma faca na mão e feriu um
dos galhos da árvore, tentando cortá-lo. Ao feri-lo, a árvore
chorou e derramou um líquido espesso, que atingiu um dos
casulos e o envolveu de tal forma que, ao secar, tomou-se
um verniz, vedando então a passagem e a possibilidade de
acontecer com uma das crisálidas o tão esperado momento
no qual suas asas se abririam, cheias de energia e cor.
Passado algum tempo, chegou afinal o grande dia.
Nasceu de um dos casulos uma borboleta azul, linda e rara,
que voou ligeira rumo à realização de tudo o que havia
sonhado durante o sono transformador.
Mas o que teria acontecido ao outro casulo?
Por causa do menino, que não sabia nada da natureza, o
casulo acabou ficando preso no galho da árvore. A pobre
crisálida, agora estava sozinha, havia perdido o momento
mágico da transformação, havia se perdido no tempo e apenas
tinha medo. Medo de si mesma, medo de ser, medo de
sonhar. Chorava muito. Esqueceu até de como é que se ri e
permaneceu ali presa ao galho, enjaulada, enclausurada dentro
de si mesma e da capa de resina.
Certo dia, porém, o céu cobriu-se de nuvens pesadas.
Parece que a natureza sentiu a dor de "não ter podido ser" da
crisálida aprisionada e, cheia de sabedoria, resolveu ajudála, mandando uma chuva muito forte, capaz de lavar árvores,
arrastar lixo e inundar cidades.
Foi então que a resina que envolvia o casulo amoleceu e,
como uma fruta madura, ele desgrudou do galho, caindo ao
chão. O impacto causado pela queda fez com que o casulo
quebrasse, dando à prisioneira sua primeira e única chance
de libertação.
Sacudida, tocada por sua própria sorte, trêmula de medo,
mas com a coragem de quem enfrenta um dragão, a crisálida
arrastou-se até uma clareira, onde o sol, depois da
tempestade, brilhava forte e quente. Foi quando, através de
uma fresta aberta no seu invólucro, ela viu uma borboleta
voar. Era a borboleta azul.
Ficou maravilhada com tanta cor, tanta beleza, tanta
magia, e gritou muito alto, pedindo socorro. Ela sabia, mesmo
sem conhecer a vida, que trazia dentro de si alguma coisa
que a fazia semelhante.
A natureza
ouviu o
grito forte
da crisálida
A borboleta azul ouviu o chamado da amiga e pousou a
seu lado. Sem se lembrar direito do tempo em que eram
apenas duas lagartas, perguntou:
- Quem é você? O que faz aí dentro?
- Sou uma crisálida. Fiquei presa na árvore e no tempo,
mas também posso voar. Ajude-me a sair daqui.
- Mas isto é uma coisa que só você pode fazer!...
- Diga-me apenas como. Fiquei tempo demais aqui
dentro. Perdi o jeito.
- Grite, grite forte com toda a sua alma. Grite até que o
som do seu grito se misture com o som da natureza... E
depois tente se sentir como se fosse ela própria, com toda a
força do céu, da terra, dos mares, dos rios, das matas, e diga
a você mesma: eu vou voar, eu posso, eu mereço, eu sei e
vou voar... Depois lance-se no ar, sinta a sua leveza, deixese levar pelo vento e pouse na primeira flor que encontrar.
Ela lhe ensinará que tudo tem cor, perfume e mel...
A crisálida, então, gritou tão forte, mas tão forte, que a
natureza inteira ouviu seu apelo. E o casulo rompeu-se e
abriu-se o par de asas mais belo que jamais se viu. Tinha um
azul que se misturava com o azul do céu e trazia escondidos
todos os sonhos do mundo, sonhos de grandes vôos e de
quase impossíveis viagens.
Foi então que ela voou, em companhia de sua amiga,
para uma mágica viagem de descoberta da natureza, do outro
e de si mesma.
Folhinha do Meio Ambiente 5
4
Brasília, agosto de 1995
TUDO
RENO>
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É FRIMAVIEIRA!
Setembro chegando, o dia 21 marcando o início da mais bela estação do ano: a
primavera. Em todas as escolas, principalmente de Io grau, a primavera é um tema
estudado, pesquisado, debatido. A Folhinha faz o seu papel de servir também de fonte
de consulta com relação ao assunto. E bom proveito!
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Soltando a imaginação
A natureza renasce
A renovação da natureza tem na primavera o seu marco principal.
A chegada das chuvas, após o inverno, faz com que a natureza renasça,
com que plantas e animais mostrem toda sua beleza. Os acasalamentos
no reino animal, o florir das árvores e arbustos, tudo tem cheiro de vida,
de verde.
A música está presente, com maior intensidade, na primavera. Os
pássaros parecem caprichar em seus cantos, intensivando seus gorjeios
e trinados. Andar, na primavera, em um bosque, uma reserva florestal,
é uma festa para os nossos olhos e ouvidos. Em tudo sente-se a presença
da alegria, vestígios da renovação natural de todas as espécies.
Magia da estação alegra os seres humanos
Os seres humanos também são tocados pela magia da primavera. As crianças parecem brincar
com mais alegria e criatividade, aumentam as algazarras no recreio ou lugares escolhidos por
elas para suas brincadeiras. Isto se explica porque os seres humanos também fazem parte do
meio ambiente, são parte da natureza, embora - infelizmente - são os principais destruidores dos
recursos naturais, dos ecossistemas.
Na primavera, tempo de renovação, é o momento certo para
renovarmos nosso amor à natureza. Amor que pode ser demonstrado
e exercitado de várias maneiras: cuidando, não destruindo, valorizando
etc. Mas pode ser também o melhor momento para soltar nossa
imaginação em relação ao meio ambiente, criando poesias, contos e
histórias em quadrinhos. Redações, reportagens, considerações,
depoimentos, entrevistas, vale tudo para aproveitarmos este mágico
momento que é a primavera.
Para nossos leitores, como sempre acontece, abriremos espaço em
nossa seção de colaboradores, para publicar o que for mais
representativo, criando e bem escrito. Nada muito grande, com muitas
páginas. A primavera pede, de você, ao menos uma frase inspirada. E
mande aqui para a Folhinha, certo?
Brasília, agosto de 1995
Ô Folhinha do Meio Ambiente
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Reino Vegetal
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Folha do Meio Ambiente /
Brasília, agosto de 1 995
ÍIOTICIÍIS
Meninos são
escravos na pedreira
Antônio, Ederson e Adeilson
são irmãos. Os três têm menos de
12 anos (Adeilson acabou de
completar seis anos). Eles
passam boa parte de seus dias
trabalhando numa pedreira em
Itaitinga, Ceará. Cavam buracos
com pás e enxadas, separam
pedras e contam os paralelepípedos, que são vendidos em
milheiros. Os meninos são contratados por ura trabalhador da
pedreira, que ganha por produção. Antônio, Ederson e
Adeilson ganham R$ 2 por semana. A denúncia é do jornal O
Povo do Ceará.
Exploração de crianças
é comum no CE
As denúncias de exploração
de mão-de-obra infantil no Ceará
não param por aí. Ainda segundo
O Povo, em Fortaleza, meninas
com idades entre 10 e 17 anos
ensacam mercadorias em supermercados (mulheres não são
aceitas), sem direitos trabalhistas
assegurados. EmCrato, apropria
prefeitura municipal emprega
crianças na limpeza pública da
cidade sem carteira assinada.
uniccp
DO
Programa Criança Esperança
Dia 29 de julho aconteceu
a 10a edição do programa
Criança Esperança, promovido pela Rede Globo e o
Unicef. Renato Aragão
comandou o show ao lado de
Dedé Santana e da pequena
Alessandra Aguiar. Aleitamento materno e as metas do
Encontro Mundial de Cúpula
pela Criança foram os principais temas da campanha este
ano. Na lista de convidados,
atores e atrizes como Suzana
Vieira, Tony Ramos, José
Mayer, Regina Duarte e as
bandas Skank, Cidade Negra
e Só pra Contrariar, entre outras. A campanha Criança
Esperança começou no dia 28
de julho e foi até dia 6 de
agosto. Através de doações
feitas por telefones, a campanha este ano arrecadou R$
6 milhões que serão investidos
em seis projetos nacionais e
em dois projetos em cada unidade da Federação nas áreas
de saúde, educação e promoção de direitos das crianças
e adolescentes brasileiros.
Escolinhas infantis
em São Luis
Convênio entre a Secretaria
de Desportos e Lazer de São
Luís(Maranhão) e o Unicef
proporcionará a crianças e
adolescentes da zona rural do
município escolinhas de iniciação de práticas esportivas,
além de estimulá-los a formarem grupos de cultura popular. As famílias das crianças
serão envolvidas no projeto
através de palestras sobre saúde, higiene, saneamento, sexo,
drogas e alcoolismo.
Crianças têm hospital
amigo no PI
Programa arrecadou R$ 6 milhões
F, Franco
O Piauí tem seu primeiro
Hospital Amigo da Criança. A
Maternidade Leônidas Melo,
que fica no município de Barras,
cumpriu os Dez Passos para o
Sucesso do Aleitamento Materno e recebeu a placa de credenciamento no dia Io de
agosto. Outras duas maternidades, Buenos Aires, em
Teresina e Unidade Mista de
Saúde, em Redenção do Gurgéia, estão prestes a pedir a
avaliação final de implementação dos Dez Passos.
Campanha contra a prostituição
Gilberto Gll participou da campanha
100 denúncias. Este é o
soras de televisão e jornais
Salvador, obtendo boa reper-
resultado concreto da primeira
veiculam gratuitamente os spots
cussão. No mês de agosto, a
semana da campanha contra a
e anúncios da campanha, que
campanha contra a prostituição
prostituição infantil e o turis-
têm a participação de Renato
infantil e o turismo sexual foi
mo sexual em Salvador. A
Aragão, Daniela Mercury,
lançada em Itabuna, Bahia, no dia
campanha foi lançada no dia
Caetano Veloso e Gilberto Gil.
8, e será lançada em Ribeirão
6 de julho pelo Centro de
Casos de exploração de me-
Defesa da Criança e do
ninas, turismo sexual, abuso
Preto, São Paulo, no dia 29. O
escritório do Unicef - Fortaleza
Adolescente-Cedeca, e pelo
Unicef - Salvador. As de-
sexual doméstico e abuso de
drogas foram relatados e já en-
lança a campanha em breve, com
apoio da prefeitura local, do
núncias estão sendo feitas
caminhados à polícia. Algumas
governo do Ceará e do Pacto
através de duas linhas tele-
das denúncias foram trans-
Estadual contra a Prostituição
fônicas colocadas à disposição
formadas em inquérito policial.
Infantil, utilizando-se dos
da população pela prefeitura
O material da campanha foi
mesmos spots e anúncios de
de Salvador e pela Polícia
exibido no Encontro Nacional
jornal, e mais cartazes efoUlers
Militar baiana. Rádios, emis-
de Delegados, realizado em
para turistas, produzidos no Ceaiá.
O Folhinha do Meio Ambiente
Brasília, agosto de 1995
Não vamos alimentar o desperdício de comida
O Brasil é um país de contraste:
enquanto tem tanta gente passando
fome, tem tanta gente disperdiçando
comida. Enquanto tem tanta criança
desnutrida, tem muita criança de olho
grande, de olho maior que a boca; coloca
mais comida no prato do que pode
comer. A sobra da comida vai para o
lixo. Não é um pecado jogar aumento
fora, conta tanta gente por aí sem nada
para comer?
É importante só se servir daquilo
que, realmente, vai-se comer. O
desperdício acontece na colheita,
acontece no armazenamento, na loja e
na própria hora da refeição. Acontece
com as pessoas e acontece com os
restaurantes. Se há sobra, não é
vergonha nenhuma se guardar. De
forma bem higiênica, a sobra pode ser
0 que sobra náo se joga fora. Há
sempre alguém perto de nós
precisando de comida
levada para alguém que precise, para
um animal, ou, até mesmo para ser
consumido mais tarde.
Países que já passaram por inúmeras
guerras - como muitos da Europa - têm
um povo bastante conscientizado com
relação ao não desperdício dos
aumentos. São comedidos no preparo
da comida e no planejamento alimentar.
O importante não é a quantidade, e sim
a qualidade do que se come.
O sociólogo Betinho, com sua
campanha de combate à fome, vem
fazendo com que esta questão seja
refletida por um número maior de
cidadãos. Toda vez que se atirar ao lixo
os restos de um prato, há que se pensar
em quantas crianças morrem de fome
por dia.
Temos certeza de que o nosso
público leitor, com um sentimento
ecológico forte, também estará presente
nessa bonita luta contra o desperdício
de aumentos. Não queremos mais ter o
triste título de campeão mundial do
desperdício.
Andando pelas estradas, principalmente aquelas que fazem ligação
com o meio rural, é fácil encontrar
grãos caídos pelo chão. Da lavoura aos
armazéns, da armazenagem às bancas
das feiras ou dos supermercados, mais
de 30% do que se produz são perdidos.
Se produzirmos em torno de 80
milhões de toneladas de grãos, calculase que desperdiçamos cerca de 24
milhões de toneladas de arroz, milho,
soja, trigo, feijão etc, por falta de
cuidados ou tecnologia. É um dado
entristecedor...
Comecemos uma campanha contra
o desperdício de alimentos bem perto
de nós mesmos, em nossa casa, escola
ou ambiente de trabalho.
Download

FOLHA DO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro