1 A IMPORTÂNCIA DO QUADRO DE OFICIAIS DE EXPLORAÇÃO DE TRANSMISSÕES NO EXÉRCITO PORTUGUÊS Pelo Major TExpTm Agostinho de Aguiar Pinto Janeiro Junho 2006 2 ÍNDICE 1. Breve resenha histórica das Transmissões no Exército 2. Necessidade da criação de Quadros Técnicos de Oficiais distintos na Arma de Transmissões 3. Formação e carreira dos Oficiais de Exploração a. Formação Curso de Formação de Oficiais (CFO) o Escola Central de Sargentos (ECS) o Instituto Superior Militar (ISM) o Instituto Superior Politécnico do Exército (ESPE) Curso de Promoção a Capitão (CPC) Curso de Promoção a Oficial Superior (CPOS) b. Carreira 4. Quadros de Pessoal para os Oficiais de Exploração de Transmissões. 5. Relação dos Oficiais de Exploração de Transmissões desde a criação da Arma até aos nossos dias. 6. Desempenho de funções Nas U/E/O do Exército; Em Órgãos, Departamentos não pertencentes ao Exército e Forças de Segurança; Missões fora do Território Nacional. 7. Papel especial dos Oficiais de Exploração na Escola Prática de Transmissões. 8. Nota final 3 PREFÁCIO Na qualidade de elemento mais antigo no activo do Quadro de Oficiais Técnicos de Exploração de Transmissões, e tendo-me sido levantado o repto de historiar o trabalho desenvolvido pelos seus oficiais desde a criação da Arma em 1970 até à presente data, resolvi aceder a tal propósito, uma vez que toda a História da Arma de Transmissões ficaria incompleta sem que o Quadro de Oficiais de Exploração nela não fosse incluído. Todos nós vamos adquirindo ao longo da vida uma massa de conhecimentos que o ensino dos mestres, a leitura e a crítica dos outros, constantemente vai polindo, firmando e corrigindo. Em dado momento chega a hora de os jogar, de os aplicar. Com toda a sinceridade posso afirmar que é quase impossível (excepção feita para a matéria documental) dar o seu a seu dono e destrinçar a parte que cabe à reflexão própria, à nossa crítica ou ao nosso discernimento. Mesmo assim aceitei o desafio, ciente de que correria o risco de cometer algum erro de pormenor, propondo-me recolher o máximo de informação possível em documentos pessoais dispersos por vários locais que abordam esta temática, da experiência de camaradas das diversas gerações do Quadro de Exploração, da minha própria vivência no meio militar de cerca de 28 anos, para além da consulta de documentação legal vária que directa ou indirectamente afectaram a vida de um conjunto de homens que, com o seu trabalho e dedicação, têm dignificado a Arma de Transmissões e o Exército, quer no país quer no estrangeiro, ao longo das últimas décadas. No momento em que se avizinha a sua extinção natural como Quadro Especial autónomo, com o fim da formação dos Oficiais do ensino 4 Politécnico (ESPE) para passar a haver uma escola única de Formação de Oficiais da Arma de Transmissões (AM), decorrente do “protocolo de Bolonha” ao qual Portugal aderiu, penso que este documento se justifica ainda mais, pois poderá também funcionar como um balanço antecipado das suas actividades, ao mesmo tempo que ficará para a posteridade como um documento histórico sobre “algo” que teve uma vida relativamente curta mas que deixará certamente as suas marcas para as futuras gerações de oficiais. Este trabalho, se bem que tenha por objectivo primário tentar espelhar com mais pormenor a vida e obra do Quadro de Oficiais de Exploração, não pode deixar de reflectir também uma vivência muito próxima com o Quadro de Oficiais Técnicos de Manutenção de Transmissões, uma vez que desde as suas escolas de formação, passando pelo tipo de funções desempenhadas pelos seus elementos, eles se interpenetram, não podendo dessa forma deixar de ser um elemento de comparação importante na análise que neste documento se pretende fazer. Em nome de todos os Oficiais do Quadro Técnico de Exploração desejo também aproveitar esta oportunidade para homenagear todos os restantes militares do Quadro Permanente da Arma de Transmissões (Oficiais e Sargentos), pelo apoio, espírito de camaradagem e de cooperação sempre demonstrados em relação aos seus camaradas Oficiais do Quadro de Exploração ao longo de quase quatro décadas de trabalho conjunto. Nas nossas naturais diferenças foi sempre possível encontrar sinergias muito positivas, tendo a resultante conduzido a uma forte coesão dentro da Arma de Transmissões e que foi decisiva para o cabal cumprimento das suas missões e para a criação de uma imagem actual de grande prestígio dos seus militares no seio do Exército e das Forças Armadas. 5 1. BREVE RESENHA HISTÓRICA DAS TRANSMISSÕES NO EXERCITO Não se pretende com este trabalho ir muito fundo na abordagem da história das Transmissões no Exército português. Outros doutos personagens o fizeram já com grande pormenor, que não cabe aqui reproduzir de forma tão exaustiva, se bem que é sempre importante recordar alguns passos que foram dados pelos militares de Transmissões ao longo dos últimos séculos para melhor podermos enquadrar o objecto do nosso estudo. Assim, podemos considerar que o marco mais longínquo na história das Transmissões no Exército Português nasce com a criação do “Corpo Telegráfico” no ano de 1810. A partir daí a sua estrutura foi aumentando significativamente uma vez que rapidamente se chegou à conclusão da importância da Ligação e da segurança das Transmissões para um eficaz exercício do Comando e Controlo nos Exércitos. A Arma de Engenharia foi naturalmente a mãe das Transmissões dada a sua abrangência das diferentes áreas técnicas e serviu ao longo de cerca de 1 século como abrigo dos seus técnicos (oficiais, sargentos e praças) os quais deram grandes provas de competência e espírito de bem servir em diversas ocasiões, desde a participação no Corpo Expedicionário Português na 1ª Guerra Mundial, passando pelas Campanhas em Africa, durante o mesmo período, na instalação de um sistema de telecomunicações permanentes (HF - fonia, grafia, RATT) interligando todas as Unidades no Continente, com as ilhas bem como todas as restantes províncias ultramarinas, sem esquecer o seu contributo para a NATO através da participação de Unidades de Campanha em vários Exercícios em que demonstraram quão aptas estavam as Transmissões para se tornarem “senhoras” do seu destino. A sua importância veio contudo a fazer-se sentir de forma mais clara durante a guerra colonial, a partir de 1961, derivado ao 6 facto da existência de linhas de comunicações muito longas em diversos Teatros de Operações, pelo que as Transmissões foram chamadas a jogar um papel de grande importância por forma a possibilitar um eficaz exercício do comando e controlo das tropas aos comandos operacionais, factor esse que se tornou decisivo para a criação de uma Arma com estatuto autónomo. Em 1959 foi inicialmente criada a Direcção da Arma de Transmissões com as respectivas missões, não tendo sido ainda nessa data criada a Arma de Transmissões, com o respectivo Quadro de pessoal, Unidades e missões. No entanto isso era já o prenúncio do inevitável pois nesse mesmo ano foi criado junto ao Batalhão de Telegrafistas (BT), com sede em Lisboa - Rua de Sapadores, a Escola Prática de Transmissões, mantendo também o STM (Serviço de Telecomunicações Militares), ao mesmo tempo que na Academia Militar se iniciava o Curso de Oficiais Engenheiros Electrotécnicos para a Arma de Transmissões. Em 1970 foi finalmente criada a Arma de Transmissões através do Dec-lei 364/70, composta pelos seguintes Órgãos fundamentais: Direcção da Arma, Regimento de Transmissões (Porto), Escola Prática de Transmissões (Sapadores - Lisboa), Serviço de Telecomunicações Militares (Sapadores Lisboa) e Depósito Geral de Material de Transmissões (Linda-a-Velha). O seu Quadro de Pessoal seria então composto por Oficiais Engenheiros e Oficiais dos Serviços Técnicos (Ramo de Exploração e Ramo de Manutenção de Transmissões) e Sargentos dos Ramos de Exploração Transmissões e Manutenção de Transmissões (Mecânicos Rádio montadores e Mecânicos de material Telefónico e Teleimpressor). Assim, ingressaram no Quadro de Oficiais engenheiros da Arma de Transmissões todos os Oficiais habilitados com o Curso de Engenharia electrónica da Academia Militar, sendo também transferidos para esse Quadro alguns Oficiais da Arma de Engenharia reclassificados em Transmissões. Para o 7 Quadro de Oficiais dos Serviços Técnicos de Exploração e de Manutenção de Transmissões passaram a ingressar os oficiais habilitados com o Curso da Escola Central de Sargentos oriundos dos Ramos de Exploração e de Manutenção de Transmissões, sendo inicialmente transferidos para o Quadro de Manutenção os oficiais oriundos ou pertencentes aos Ramos eléctrico, radioeléctrico e electrónico do Serviço de Material, especializados na manutenção do material de Transmissões, e os Oficiais do Quadro do Serviço Geral do Exército oriundos do Ramo de Transmissões da Arma de Engenharia (Quadro de Exploração). Para o Quadro de Sargentos da Arma de Transmissões ingressaram os Sargentos Ajudantes e primeiro sargentos oriundos do Ramo de Transmissões da Arma de Engenharia e os 2º sargentos e furriéis pertencentes à data ao Ramo das Transmissões, também da mesma Arma de Engenharia. Do Serviço de Material foram transferidos para o Quadro de Sargentos da Arma de Transmissões os Sargentos Ajudantes oriundos da especialidade de mecânico rádiomontador, bem como os 1º sargentos, 2º sargentos e furriéis com a especialidade à data de mecânico radiomontador. Do trabalho dos militares de Transmissões ao longo de décadas até à criação da Arma de Transmissões sobressaíram aqueles que conseguiam tirar o melhor partido dos meios de transmissões existentes na altura, fazendo com que “a carta fosse sempre entregue a Garcia”. Eram os operadores dos telégrafos, os operadores rádio os operadores dos teleimpressores, os quais, já nessa altura homens com habilitações literárias acima da média, tinham a responsabilidade de manter a ligação, proporcionando aos Comandantes o fundamental exercício do Comando e Controlo. Foram estes militares de transmissões que durante muitos anos “exploraram”, de forma garbosa, os diferentes meios de comunicações existentes, que deram origem aos Quadros de Oficiais e Sargentos de 8 Exploração de Transmissões, em 1970, aquando da criação da Arma de Transmissões. Do pessoal de exploração das transmissões, e durante muitas décadas, destacaram-se os radiotelegrafistas, os quais possuíam uma formação técnica muito específica, que, atendendo à importância das tarefas a desempenhar, os tornava muito respeitados pelos restantes companheiros da Arma de Engenharia. Onde quer que estivesse uma Estação ou um Centro de Transmissões, em Portugal Continental, em África ou nas trincheiras da Flandres, lá estavam os militares de exploração, a guarnecer e a operar, 24 sobre 24 horas, essas “antenas” da comunicação. Durante a guerra colonial, a partir de 1961, eles foram a “ponte” que os ligava à metrópole (Pátria), que lhes possibilitava ter o necessário apoio logístico nas unidades onde prestavam serviço, ou aqueles que, atendendo ao facto de terem acesso a informação privilegiada, difundiam as boas novas pelos seus camaradas ajudando a elevar o seu moral A aplicação do código “Morse” na Rádio (Radiotelegrafia), levou muitos destes especialistas a atingir níveis de qualidade excepcionais, fruto de um grande espírito de bem servir, e até, de uma certa vaidade em possuir tais conhecimentos. Esses militares sabiam que tinham uma qualificação técnica, que era como que uma identidade, que os faziam sentir bem consigo próprios e orgulhosos da Arma a que pertenciam. Quem se pode esquecer, daqueles “tiriri/tirirá”, autênticos “martelinhos”, que disputavam entre si, a velocidade de transmissão/recepção, das mensagens?!... Os comandantes das Unidades sabiam que os Operadores Radiotelegrafistas, cumpriam a sua missão com elevada competência e a sua confiança no sistema era total. Os “ meninos das unhas pintadas” - era assim que as tropas de combate lhes chamavam -, eram sujeitos a algumas cenas de ciúmes, por um lado, mas a um grande respeito e admiração por outro. 9 Outro aspecto, não menos importante, foi quando surgiram no STM, por volta de 1971, os teleimpressores, meio muito importante no escoamento do tráfego, nomeadamente o de carácter administrativo-logístico. O pessoal de exploração, soube também compreender essa evolução, adaptando-se facilmente ao novo meio e tirando o máximo partido das suas possibilidades técnicas. Mas, por mais paradoxal que pareça, este meio, foi o prenúncio dos meios automatizados, e com isso, a perda de influência dos meios manuais, como a radiotelegrafia, isto é, a perda de grande parte da “tal identidade” que os tornava ímpares. Mesmo assim, foram muitas as actividades onde o pessoal de exploração desempenhou funções de destaque, mas existiu uma, que penetra nos caminhos da democracia em Portugal. Foi em 1976, nas primeiras eleições livres para eleger os órgãos de soberania (Assembleia da Republica, Presidente da Republica e Representantes Autárquicos). O Governo não tinha um sistema autónomo de comunicações que permitisse, com segurança e em tempo oportuno, a comunicação e tratamento dos resultados, tendo encarregue o Exército de o fazer, através dos meios existentes no Serviço de Telecomunicações Militares. Nos Centros de Transmissões e Estações, utilizando os meios radiotelegráficos e teleimpressores, com humildade e superior espírito de bem servir, que ainda hoje é apanágio do pessoal de exploração, executou-se, em tempo útil, a transmissão de todos os resultados, e o País ficou a saber, sem demoras, qual tinha sido a vontade popular nas primeiras eleições democráticas. Quando por volta de 1978/9, com a evolução dos feixes Hertzianos, em conjugação com o instalação maciça de teleimpressores, se extinguiram as redes rádio em HF, o pessoal de exploração, continuou a cumprir o seu dever, mas como que “amputado” de uma qualificação técnica muito própria e condizente com as tradições. Com o desenvolvimento da Arma de 10 Transmissões os seus militares tornaram-se mais versáteis e polivalentes deixando de haver áreas completamente estanques para os oficiais e Sargentos, independente do Quadro a que pertenciam. A campo de batalha de hoje exige um domínio das novas tecnologias de informação ao pessoal de Transmissões, pelo que as novas gerações de Oficiais e Sargentos souberam dar uma resposta apropriada, tendo a Arma sido a Guarda Avançada do Exército a partir do início dos anos 90 do século passado, quando foi necessário assumir compromissos a nível internacional, quer ao nível da NATO, das Nações Unidas, da EUFOR ou ainda em Missões de Cooperação com os PALOP´s. Também aqui os militares de Exploração, nomeadamente os seus oficiais, como mais à frente referirei com mais pormenor, desempenharam um papel particularmente importante, tendo com o seu trabalho honrado o nome de Portugal além fronteiras e contribuído de forma decisiva para engrandecer o nome da Arma de Transmissões no seio do Exército e das Forças Armadas. 2. NECESSIDADE DA CRIAÇÃO DE QUADROS ESPECIAIS DISTINTOS PARA OS SERVIÇOS TÉCNICOS A possibilidade da criação de dois Quadros Técnicos de Oficiais na Arma de Transmissões nasceu em 1965 quando a Direcção da Arma de Transmissões elaborou o primeiro estudo dos seus Quadros e efectivos tendo em vista a criação posterior da Arma de Transmissões. Nessa altura o então Director, Brigadeiro Santos Paiva, assessorado pelo então capitão Pereira Pinto (futuro Director da Arma) entendeu que era importante demarcar-se da orientação seguida na Arma de Engenharia de onde proviriam parte dos oficiais e Sargentos, propondo a criação de Quadros Especiais distintos, também como forma de retribuição ao esforço e 11 dedicação dados pelos militares de Transmissões ao longo de décadas no desempenho das mais variadas missões. Por outro lado, pelo facto de haver militares que, para além da Arma de Engenharia, transitavam do Serviço de Material para a nova Arma de Transmissões, militares esses oriundos de carreira técnicas diferenciadas, considerou-se consensual que na nova Arma deveriam corresponder carreiras militares também diferenciadas, embora paralelas e equivalentes. Quando em 1977 ficou determinado que a nível de Sargentos dos Quadros Técnicos da Arma de Transmissões passaria a haver uma única lista, a que corresponderia um QAL unificado, ficou desde logo claro que a curto prazo seria também colocada a questão da unificação dos Quadros Técnicos de Oficiais. Uma vez que em relação aos Sargentos, os argumentos expressos aquando da Criação da Arma de Transmissões deixaram de ser válidos, por maior força de razão seriam aceites para os Oficiais que, porque menos executivos, menos influenciados estariam pela sua qualificação técnica anterior. A verdade é que ao longo das últimas duas décadas se tentou tomar uma decisão definitiva tendente à unificação dos Quadros de Oficiais de Exploração e Manutenção de Transmissões, mas vicissitudes conjunturais que não vem ao caso neste trabalho, fizeram com que até à presente data os mesmos se mantenham separados. Desde 1971, a formação dos oficiais de Exploração e Manutenção, quer na Escola Central de Sargentos quer mais tarde no Instituto Superior Militar em Águeda foi sempre idêntica, da mesma forma o foi ao longo da sua carreira em relação aos Cursos de Promoção a Capitão e ao Curso de Promoção a Oficial Superior. No entanto estes militares foram sendo utilizados, sempre que possível, no desempenho de funções para as quais estavam mais familiarizados, tendo em consideração as suas valências técnicas como sargentos. Verdade se diga que com o decorrer dos tempos 12 se chegou rapidamente à conclusão que todos eles tinham adquirido ao longo da sua vida valiosas competências tornando-se polivalentes, pelo que passaram a desempenhar ao mais variados cargos, muitas das vezes em substituição de funções que organicamente pertenciam aos oficiais engenheiros. Agora que se prevê a médio prazo a extinção natural dos Quadros Técnicos de Transmissões, possuidores de formação base de bacharelato ou equivalente, será porventura demasiado tarde para tentar reparar os erros do passado relativamente a esta questão. 3. FORMAÇÃO E CARREIRA DOS OFICIAIS TÉCNICOS DE EXPLORAÇÃO DE TRANSMISSÕES a. Formação Curso de Formação de Oficiais ESCOLA CENTRAL DE SARGENTOS (ECS) A Escola Central de Sargentos (ECS) foi criada em 1896. Inicialmente era destinada a habilitar os 1º sargentos com as condições especiais para acesso ao posto de sargento-ajudante e oficiais da Arma de Infantaria e Cavalaria e para o Quadro de praças de guerra e Almoxarifes. A sua primeira casa foi Mafra passando posteriormente a funcionar em Águeda a partir de 1926. Em 1933 a criação do Quadro do Serviço de Amanuenses do Exército obrigou a nova reforma no regime escolar, deixando a frequência da ECS de dar acesso ao oficialato das Armas ou serviços de origem para dar ingresso no novo Quadro do Serviço de 13 Amanuenses do Exército (QSAE) posteriormente denominado Quadro do Serviço Geral do Exército (QSGE). Nova reorganização ocorreu em 1955 para a criação de dois novos cursos destinados à formação de oficiais especializados na manutenção, conservação e reparação do material (Serviço de Material). Do currículo de todos os cursos ministrados na ECS, antes da criação da Arma de Transmissões foi desde sempre ministrada a cadeira de Transmissões, especialmente no tocante a meios, material e o seu emprego operacional. Com a criação da Arma de Transmissões em 1970 a ECS passou a ministrar o Curso “E” a partir do ano lectivo 1971/1972, destinado aos sargentos dos Quadros distintos de Exploração e Manutenção da Arma. Este Curso, com duração de dois anos, seguido de um de Tirocínio, era condição especial para promoção ao posto de Alferes, podendo estatutariamente a carreira destes oficiais atingir o posto de Coronel. Aquando do início do Curso “E” na ECS a Arma de Transmissões tinha acabado de herdar um conjunto de oficiais para preencherem os seus Quadros de Exploração e Manutenção de Transmissões. Assim, passaram ao Quadro de Exploração de Transmissões os Oficiais do Quadro do Serviço de Amanuenses do Exército (QSGE) oriundos do Ramo de Transmissões da Arma de Engenharia. Por outro lado ingressaram no Quadro de Manutenção de Transmissões os oficiais do Serviço de Material oriundos dos Ramos Eléctrico, Radioeléctrico e Electrónico bem como os oriundos do Ramo de Mecânico de Material Teleimpressor da Arma de Engenharia. A promoção do pessoal que frequentava o Curso “E” da ECS era inicialmente feita por vaga. Por essa razão, no período compreendido entre 1971 e Agosto de 1974, de um total de 19 sargentos de Manutenção que terminaram com aproveitamento os respectivos cursos, todos foram 14 promovidos a Alferes após a sua conclusão. Ao invés dos 30 sargentos de Exploração que no mesmo período frequentaram os respectivos cursos de Oficiais, apenas 10 foram promovidos no seu final, tendo os restantes 14 esperado vaga por um período que mediou entre 2 e 14 meses. Após Junho de 1975 esse problema foi ultrapassado, pelo que a promoção a oficial passou a ser feita automaticamente após a conclusão do curso de formação com aproveitamento. INSTITUTO SUPERIOR MILITAR (ISM) No ano lectivo 1977/1978 o Decreto-lei 241/77 de 08Jun determinou a transformação da ECS em Instituto Superior Militar (ISM), passando a Curso “C” a ser destinado aos Sargentos da Arma de Transmissões mas mantendo o mesmo currículo do Curso “E” da ECS. O Instituto Superior militar funcionou durante 16 anos lectivos tendo formado centenas de oficiais do Exército dos seguintes Quadros Especiais: Serviço Geral do Exército, Quadro Técnico de Exploração de Transmissões, Quadro Técnico de Manutenção de Transmissões, Quadro Técnico do Serviço de Material, Quadro de Bandas e Fanfarras do Exercito, tendo sido extinto em 1993. Para além disso o ISM, e já anteriormente a ECS, foi ainda, durante alguns anos, Escola de Formação para oficiais da GNR e oficiais técnicos da Força Aérea. Para concorrer ao ISM, tal como para a ECS, os Sargentos de Transmissões do Exército necessitavam de ter um tempo mínimo de permanência no posto de 1º sargento e de prestar provas culturais de Matemática, FísicoQuímica e Português ao nível do antigo 5º e 7º ano dos liceus, ficando para além disso sujeitos a “numerus clausus”. Naturalmente muitos dos Sargentos, especialmente os de Exploração, tinham muitas dificuldades 15 para passar nas provas culturais pois na sua grande maioria as suas habilitações eram menores e precisavam de estudar a expensas próprias para se poderem candidatar. Ao invés os sargentos de manutenção possuíam uma formação técnica anterior pela sua passagem pelo IMPE e mais tarde pela EMEL onde frequentavam o Curso de Promoção a Sargento-Ajudante, o que lhes garantia a entrada automática na ECS desde que houvesse vaga e lhes competisse por antiguidade. A partir do ano lectivo 1987/1988 passou a ser obrigatório para concorrer a qualquer Curso do ISM o 12º ano ou equivalente, independentemente da área de ensino, tendo sido abolidas as provas de acesso. Esse facto abriu as portas a um vasto conjunto de sargentos de uma nova geração possuidora de melhores habilitações literárias oriundos dos Cursos de Formação de Sargentos iniciados em Lamego no pós 25 de Abril, possibilitando o acesso destes aos Quadros Técnicos de oficiais que à altura incluíam militares de escalões etários elevados, facilitando dessa forma a sua substituição num curto prazo. O Curso com a duração de 2 anos, como atrás foi referido era composto pelo seguinte currículo: Curso Técnico Militar de Exploração/Manutenção das Transmissões ECS e ISM 1º Ano Disciplinas de Formação Educação Física Militar Instrução de Corpo de Alunos Inglês I Escrituração Militar Legislação Militar Topografia Ética, Comando e Chefia História Militar Táctica Geral TIPO Anual Anual Anual Anual Anual Anual Semestral Semestral Semestral 16 Técnicas de Estado - Maior Logística Geral Introdução à Informática Organização Militar Noções Gerais de Direito Português Semestral Semestral Semestral Semestral Semestral Anual 2º Ano TIPO Disciplinas de Formação Educação Física Militar Inglês II Instrução do Corpo de Alunos Electricidade e Electrónica Controlo Estatístico de Qualidade Táctica, Exploração e Segurança das Transmissões Logística de Transmissões Gestão de Recursos Humanos Sociologia Geral Justiça e Disciplina Militar Gestão de Recursos Materiais Anual Anual Anual Anual Semestral Anual Semestral Semestral Semestral Semestral Semestral 3º ano (Tirocínio na EPT) INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DO EXERCITO (ESPE) Ao fim de 16 anos a formar “em série” um elevado número de oficiais técnicos (média de 70 por curso) para preencherem os vários Quadros Técnicos do Exército, chegou então a altura de parar para repensar um novo modelo de formação. Uma vez que os Quadros Técnicos do Exército 17 estavam já suficientemente preenchidos para as suas necessidades, aliado ainda ao facto de haver necessidade de acreditação junto do Ministério de Educação dos cursos para oficiais técnicos do Exército por forma a lhes ser atribuída a equivalência ao grau académico de bacharel, o que não acontecia com os oficiais oriundos da ECS e do ISM anteriormente formados (equivalência a curso superior de curta duração), a partir de 1993 e durante um interregno de 3 anos, os Sargentos do Exército não tiveram possibilidade de acesso ao oficialato. No ano lectivo 1996/1997 iniciou-se um novo ciclo para formação de oficiais técnicos na Escola Superior Politécnica (Amadora) do Exército este com a duração de três anos lectivos. Este ciclo que neste ano completa 10 anos está, pelos vistos, em vias de extinção, pois para o ano lectivo 2006/2007 já não foram abertas vagas para os Quadros Técnicos de Transmissões bem como Secretariado e Serviço de Material. Para concorrer a Oficial dos Quadros Técnicos qualquer Sargento do QP podia concorrer ao ESPE desde que obedecesse aos requisitos para acesso ao ensino superior. Assim, tal como para concorrer à Academia Militar era exigido o 12º ano ou equivalente e aprovação na prova específica de Matemática. Para além disso o número de vagas passou a ser bastante restringido, uma vez que as necessidades passaram a ser muito menores. Para a Arma de Transmissões e para os seus Quadros Técnicos iniciou-se então a fase de recuperação do Quadro de Exploração de forma que actualmente eles se equivalem, aproximando-se dos QAL aprovados à cerca de 36 anos. Ao contrário do concurso à ECS e ao ISM, os sargentos de Exploração e Manutenção de Transmissões passaram a poder concorrer a outros Quadros de Oficiais Técnicos e não apenas ao Curso para Oficiais Técnicos de Exploração e Manutenção de Transmissões. Também a partir de 2004 qualquer sargento, independentemente da Arma de origem podia concorrer 18 a qualquer dos Quadros Técnicos para oficiais de Transmissões, desde que obedecessem aos requisitos exigidos. A ESPE tinha um currículo bastante diferenciado relativamente ao ISM ou à ECS, conforme se descreve: Curso Técnico Militar de Exploração/Manutenção das Transmissões 1º Ano Disciplinas de Formação Educação Física Militar Análise Matemática Inglês I Álgebra Linear e Análise Vectorial Física Física Moderna Electrotecnia I Laboratórios de Electrotecnia I Desenho Técnico Termodinâmica e Óptica Electroquímica Álgebra de Boole Computadores I Introdução aos Sistemas Digitais Semicondutores TIPO Anual Anual Anual Anual Anual Anual Anual Anual Anual 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 2º Semestre 2º Semestre 2º Semestre 19 2º Ano Disciplinas de Formação Educação Física Militar Inglês II Instrução do Corpo de Alunos Análise Numérica Estatística TIPO Anual Anual Anual Anual Anual 1º Português e Comunicação de Ideias Semestre 1º Informática I Semestre 1º Telecomunicações Semestre 1º Sistemas de Redes de telecomunicações I Semestre 1º Procedimentos de Exploração de Redes I Semestre 2º Análise e Gestão Financeira I Semestre 2º Táctica e Técnica de Estado-maior Semestre 2º Gestão de Frequências Semestre 2º Sistema de Redes de Telecomunicações II Semestre 2º Procedimentos de Exploração de Redes II Semestre Segurança das Transmissões e Material 2º Cripto Semestre 20 3º Ano Disciplinas de Formação Educação Física Militar Instrução do Corpo de Alunos Introdução às Ciências Sociais Análise e Gestão Financeira II Logística Geral e Gestão de Materiais História Militar Táctica das Transmissões Organização Militar Comando e Chefia Gestão de Recursos Humanos Organização de Empresas TIROCÍNIO NAS EP TIPO 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 1º Semestre 2º Semestre Tal como foi referido no prefácio deste trabalho, com a adesão de Portugal ao “protocolo de Bolonha” um elevado número de cursos superiores terá de ser reformulado, prevendo-se que seja também o caso da formação dos oficiais do Exército com a extinção dos Quadros Técnicos no modelo actual, prevendo-se que a curto prazo passará a existir como fonte única de formação de oficiais a Academia Militar. 21 Curso de Promoção a Capitão (CPC) A frequência do Curso de Promoção a Capitão com aproveitamento é uma das condições especiais requeridas para promoção dos Tenentes do Exército ao posto imediato. O CPC tem como principal objectivo preparar os oficiais para o desempenho futuro das funções de Comandante de subunidade de escalão companhia, ao mesmo tempo que os familiariza para o desempenho futuro de tarefas ao nível do planeamento e coordenação de operações nas diversas áreas de Estado-Maior. Este curso teve invariavelmente ao longo das últimas décadas a duração de 1 semestre terminando sempre com um Exercício tipo CPX. Desde a criação da Arma de Transmissões que todos os Tenentes de Transmissões, independente do Quadro de origem, frequentavam um CPC conjunto na Escola Prática de Transmissões. Porém, a partir de 1999, os Oficiais oriundos da Academia Militar passaram por frequentar uma parte comum na Escola Prática de Infantaria e posteriormente uma parte especial referente à Arma ou Serviço de origem, na respectivas Escolas Práticas. Com o encerramento do ISM em 1993 houve um hiato de 3 anos até à abertura da ESPE (1996) pelo que entre 1999 e 2004 não houve oficiais Técnicos com condições para frequentar o CPC. Os novos oficiais oriundos do ensino politécnico frequentaram o primeiro CPC em 2005, também este dividido em duas partes: a primeira comum a todos os Quadros Técnicos a frequentar na Escola Prática dos Serviços (antiga EPAM) e a segunda nas respectivas Escola da Arma ou Serviço, aqui em conjunto com os oficiais oriundos da AM. Do seu currículo podemos destacar na parte geral (comum às diferentes Armas e Serviços) as cadeiras de Administração de Recursos de 22 Subunidades, Justiça e Disciplina Militar, Logística Geral, Ética e Comando e Introdução ao estudo das Técnicas de Estado Maior. Na parte especial (frequentada nas diferentes Escolas Práticas) é dada especial ênfase ao estudo das diferentes acções de Planeamento das Operações ao nível do Estado Maior Coordenador, no caso das Transmissões com relevância para o papel do Oficial de Transmissões (Estudo de Situação de Transmissões – Fase 1 e 2; Estudo de Situação de Guerra Electrónica). Curso de Promoção a Oficial Superior dos Serviços Técnicos (CPOS/ST) É condição especial para a promoção a oficial superior a frequência com aproveitamento do CPOS/ST, no IAEM. Desde a criação da Arma até 2004 os oficiais técnicos frequentaram tal curso com a duração de cerca de 4 meses (para os oficiais da AM tem a duração de um ano lectivo) onde eram preparados para o exercício de funções ao nível de Estado Maior. Do currículo do curso constam cadeiras como a Teoria Geral da Administração, Organização Militar, Legislação Militar, Técnica da Arma ou Serviço, Gestão de Recursos financeiros, Logística Geral, Estratégia, mas com uma maior incidência (ao contrário dos oficiais da AM) para as componentes de Gestão de Recursos Humanos e Materiais (em tempo de paz e campanha), uma vez que os oficiais técnicos, na sua esmagadora maioria, e após a sua promoção a Major, passavam a desempenhar funções em áreas e Órgãos relacionados com o Pessoal e a Logística. 23 b. Carreira Desde a criação da Escola Central de Sargentos o acesso ao Curso de Oficiais foi sempre sujeito a um certo “crivo” no sentido de proporcionar aos sargentos mais habilitados e/ou de maior mérito a possibilidade de ascenderem ao oficialato. Durante décadas os sargentos tinham habilitações literárias muito baixas (instrução primária ou ciclo) tendo muitas vezes necessidade de estudar por conta própria a fim de poderem passar nos exames de acesso exigidos. Grande parte deles tinham também uma idade avançada ingressando por vezes no Quadro de Oficiais acima dos 40 anos. Outras vezes após a conclusão do Curso tinham de aguardar a abertura de vaga para serem promovidos. De referir que até à presente data, se bem que estatutariamente esses oficiais possam atingir o posto de Coronel, apenas dois oficiais técnicos atingiram tal patamar (1 TManTm e 1 TManMat). A partir do último quartel do século XX passou a ser exigido aos sargentos para concorrer a oficial técnico a habilitação mínima do 7º ano dos liceus e posteriormente o 12º ano do Curso Complementar dos liceus. Por este facto, e no que diz respeito aos oficiais dos Quadros Técnicos de Transmissões, o acesso a oficial ficou mais dificultado para os sargentos de Exploração, visto terem em termos gerais menos habilitações que os seus camaradas de Manutenção. Assim, desde a criação da Arma de Transmissões até 1987 o número de acessos dos sargentos de Manutenção à ECS e ao ISM foi bastante superior em relação aos seus camaradas de Exploração, contrariando as necessidades da Arma expressas nos QAL aprovados (Quadro 1). Também o acesso aos postos superiores (Major e Tenente Coronel) foi ao longo dos tempos mais favorável aos Oficiais do Quadro de Manutenção quando comparado com o dos Oficiais de Exploração. Desde a criação da Arma ingressaram no Quadro de Oficiais de Exploração cerca de 127 oficiais dos quais, até à presente data, apenas 24 16 atingiram o posto de Tenente-Coronel e 30 o posto de Major. Também de referir que desde 2000 até à presente data, que o Quadro de Oficiais de Exploração não tem qualquer militar com a patente de Tenente Coronel o que apenas vem confirmar a disparidade de critérios ao longo dos tempos no que toca às promoções a oficial superior dos oficiais de Exploração, relativamente aos restantes Quadros Especiais do Exército. Em contrapartida, e tomando como exemplo de comparação o Quadro de Manutenção, constatamos que para um universo semelhante de oficiais atingiram o posto de Tenente-Coronel mais do dobro dos oficiais em relação ao Quadro de Exploração (35), tendo 1 dos seus oficiais atingido o posto de Coronel. 4. QUADROS DE PESSOAL E EXISTÊNCIAS GLOBAIS AO LONGO DOS TEMPOS De seguida se poderá ter uma ideia da evolução das existências em oficiais de ambos os Quadros até aos nossos dias, tendo como padrões de comparação os QAL aprovados para a Arma de Transmissões aquando da sua criação em 1970 (Quadro 1) e as vagas orgânicas (QOP) aprovados pelo General CEME a partir de 1993 para os Quadros Técnicos de Transmissões (Quadro 8): QAL para a Arma de Transmissões aprovados pelo Dec-lei 364/70 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR – 1 TCOR – 1 MAJ – 2 MAJ – 2 CAP – 10 CAP – 6 SUB – 30 SUB – 20 Total - 43 Total - 29 Quadro 1 25 Vagas preenchidas por transferência nos termos artº 6º Dec-lei 364/70 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 0 TCOR - 0 MAJ - 1 MAJ - 1 CAP - 0 CAP - 0 SUB - 3 SUB - 3 Total - 4 Total - 4 Quadro 2 Existências em Junho de 1972 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 1 TCOR - 0 MAJ - 0 MAJ - 1 CAP - 4 CAP - 3 SUB - 7 SUB - 4 Total - 12 Total - 8 Quadro 3 Existências em Junho de 1979 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 1 TCOR - 1 MAJ - 0 MAJ - 5 CAP - 40 CAP - 31 SUB - 8 SUB - 24 Total - 49 Total - 71 Quadro 4 26 Existências em Junho de 1981 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 1 TCOR - 2 MAJ - 6 MAJ - 7 CAP - 36 CAP - 51 SUB - 17 SUB - 10 Total - 60 Total - 70 Quadro 5 Existências em Junho de 1983 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 2 TCOR - 2 MAJ - 6 MAJ - 7 CAP - 32 CAP - 51 SUB - 23 SUB - 24 Total - 63 Total - 84 Quadro 6 Existências em Junho de 1990 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 4 TCOR - 5 MAJ - 6 MAJ - 9 CAP - 15 CAP - 41 SUB - 4 SUB - 5 Total - 29 Total - 60 Quadro 7 27 Vagas orgânicas aprovadas pelo Gen CEME em 1993 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR – 1 TCOR – 0 MAJ – 4 MAJ – 5 CAP – 9 CAP – 13 SUB – 18 SUB – 17 Total - 32 Total - 35 Quadro 8 Existências em Junho de 1994 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 1 TCOR - 2 MAJ - 3 MAJ - 10 CAP - 6 CAP - 17 SUB - 21 SUB - 31 Total - 31 Total - 60 Quadro 9 Existências em Junho de 2000 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 1 TCOR - 8 MAJ - 0 MAJ - 9 CAP - 15 CAP - 25 SUB - 6 SUB - 2 Total - 22 Total - 45 Quadro 10 28 Existências em Junho de 2004 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 0 TCOR - 6 MAJ - 9 MAJ - 10 CAP - 16 CAP - 27 SUB - 11 SUB - 4 Total - 39 Total - 47 Quadro 11 Existências em Junho de 2006 RAMO EXPLORAÇÃO RAMO MANUTENÇÃO TCOR - 0 TCOR - 3 MAJ - 15 MAJ - 21 CAP - 11 CAP - 15 SUB - 15 SUB - 4 Total - 41 Total - 43 Quadro 12 5. RELAÇÃO DE TODOS OS OFICIAIS DE EXPLORAÇÃO DESDE A CRIAÇÃO DA ARMA DE TRANSMISSÕES TCOR - 16 MAJ - 30 CAP - 63 SUB - 18 Total – 127 * * Relação nominal em Anexo 29 6. DESEMPENHO DE FUNÇÕES a. Nas U/E/O do Exército Aos Oficiais cuja formação base é bacharelato ou equivalente a curso superior de curta duração são estatutariamente atribuídas funções de Comando e chefia de Órgãos de carácter técnico. Desde a criação da Arma de Transmissões que aos Oficiais Técnicos de Exploração foram sendo atribuídas missões orgânicas do seguinte tipo: Chefia de Centros de Transmissões (Telecomunicações); comando de pelotão / companhias de instrução e/ou operacionais; funções de docência na EP; Comandante de Batalhão de Instrução; funções de carácter técnico na DAT (Rep Estudos Gerais, Instrução e Pessoal) e DST (CETEPE, RAG e SES); oficiais de Estado Maior Coordenador (Pessoal, Operações, Informações e Logística) na EPT e RTM; professores no ISM, ESE e ESPE. A maioria destas funções eram também atribuídas aos oficiais oriundos da Academia Militar, pelo que daqui se pode inferir que os oficiais técnicos, dada a sua experiência e competência demonstradas ao longo das últimas décadas, conquistaram a confiança dos seus chefes, tendo alcançado, em muitos casos, elevados padrões de desempenho. Durante alguns anos alguns oficiais de Exploração desempenharam ainda funções na Divisão de Operações do EME para a área das Comunicações, Guerra Electrónica e Informática, onde era requisito (orgânico) ser Oficial Engº com o Curso de Estado Maior. 30 b. Órgãos e Departamentos não pertencentes ao Exército ou Forças de Segurança Para além das funções atrás descritas vários oficiais de Exploração vêem desempenhando ao longo dos últimos 30 anos as seguintes funções técnicas fora do Exército: Adjunto do Oficial de Tm do Cmd da GNR – TCor/Maj/Cap Adjunto do Oficial de Tm do Cmd da PSP – TCor/Maj Adjunto do Chefe do CCom da Casa Militar da Presidência da República – TCor/Maj Desde 2004 que o Quartel General da NATO em Oeiras (JHQ LISBON) tem um oficial de Exploração a desempenhar funções técnicas CIS (ESP GPP 0020). c. Missões fora do Território nacional Missões no ex-ultramar Atendendo ao facto da Arma de Transmissões só ter sido criada a partir de 1970, os seus oficiais Técnicos iniciaram a sua formação a partir de 1971 na ECS, pelo que quando terminaram os respectivos cursos, a guerra do ultramar estava a acabar. Assim muitos dos oficiais de Exploração de Transmissões cumpriram funções nas ex: províncias ultramarinas como Sargentos, desempenhando funções nos Centros de Comunicações dos Quartéis Generais nos diferentes Teatros de Operações. 31 Missões após o 25 de Abril de 1974 Após o 25 de Abril de 1974 viveu-se um período de vários anos de “reflexão” sobre o modelo de Forças Armadas a adoptar após a guerra colonial pelo que durante quase duas décadas Portugal não destacou forças para operações fora do território nacional (excepto Exercícios). A partir do início dos anos 90 até aos nossos dias os sucessivos governos passaram a utilizar as Forças Armadas como instrumento estratégico na diplomacia internacional, tendo sido chamadas a participar em diversas missões de carácter humanitário e apoio à paz sob a égide das Nações Unidas, da NATO e da União Europeia ou ainda em missões de cooperação técnico militar com os PALOP´s. Também os Oficiais Técnicos de Exploração foram chamados a participar em tais missões tendo tido desempenhos muito positivos contribuindo também com o seu trabalho para o prestígio de Portugal além fronteiras. De seguida passo a referir as diversas missões e o número de oficiais de Exploração nelas envolvidos a partir de 1992 até 2006: 1992 – Bósnia Herzegovina e Croácia – observador da União Europeia da OSCE – (1 Cap); 1992 – Cooperação Técnico militar com Guiné-Bissau – 2 oficiais (Cap/Ten); - Funções de docência em Equipa Móvel de Instrução) 1993/1995 – BTm 4/ONUMOZ (Moçambique) – 9 oficiais (Cap/Ten); 32 - Desempenho de funções de Adjunto de Cmdt de Companhia, Chefes de CCom e Cmdt´s de Pel Rádio / Feixes; 1996/1997 – BTm5/UNAVEM / MONUA (Angola) – 3 oficiais (Ten); - Desempenho de funções de Adjunto de Cmdt Compª e/ou Cmdt´s Pelotão Rádio / Feixes Hertzianos; 1996/1997 – MINURSO / SAHARA OCIDENTAL – 5 oficiais (Cap); - Observadores militares da ONU e oficiais de Transmissões de Quartel General de Sector; 2001/2002 – UNTAET / UNMISET (Timor) – 1 oficial (Ten): - Comandante do Destacamento de Transmissões; 2004/2006 – EUFOR (Bósnia Herzegovina) – 2 oficiais (Maj): - (Comandante de LOT – Liaison and Observation Team - OP ALTHEA/EUFOR/2ºSEM05) - Oficial de Pessoal da Componente portuguesa na Operação ALTHEA /EUFOR/1ºSEM05); 2004 – Operação de Reconhecimento para instalação dos meios de comunicações em Nassíria (Iraque) – 1 oficial (Cap) em comissão de serviço na GNR; 2005 – ISAF / NATO- (Afeganistão) – 1 oficial (Ten) – - Comandante do Destacamento de Transmissões. Cursos e Estágios no Estrangeiro 1985 - SIGNAL ADVANCED COURSE – EUA - Estados Unidos – 1 oficial (Cap); 1995 – NATO RADIO FREQUENCE MANAGEMENT TRAINING COURSE – Itália – 1 oficial (Cap) 33 7. PAPEL DOS OFICIAIS DE EXPLORAÇÃO NA ESCOLA PRÁTICA DE TRANSMISSÕES A Escola Prática de Transmissões, principalmente a partir da sua transferência para o Porto em 1977, foi marcada de forma decisiva pela presença dos seus Oficiais Técnicos de Exploração. Atendendo ao facto da esmagadora maioria dos Oficiais de Exploração, durante as últimas décadas, ser originária do norte do país, mantendo dessa forma a sua guarnição de preferência na cidade do Porto, ao mesmo tempo que o inverso foi acontecendo em relação quer aos oficiais de Transmissões engenheiros (401-Tm) quer aos Técnicos de Manutenção (425-TManTm), a Escola Prática de Transmissões deve muito do seu prestígio actual à dedicação e competência profissional daqueles oficiais, os quais desempenharam ao longo das últimas décadas as mais variadas missões, grande parte delas atribuídas organicamente aos oficiais 401. Assim, é de destacar o comando do Batalhão de Instrução e das respectivas companhias (CIQ, 1ªCI, 2ª CI e 3ªCI), por onde passaram milhares de recrutas do Serviço Militar Obrigatório (SMO), onde foi feito um trabalho relevante quer no âmbito da formação técnicomilitar a várias gerações de militares que cumpriram o seu serviço cívico na Arma de Transmissões. De salientar também que para além dos conteúdos atrás referidos ministrados aos CFO/CFS/CFP do SMO, a vivência na Escola era complementada com outras actividades extra escolares para ocupação dos tempos livres, nomeadamente nas áreas recreativa e cultural (música, teatro, artes plásticas e desporto), 34 fazendo com que a passagem pelas fileiras contribuísse para a sua contínua formação humana. Os Oficiais de Exploração desempenharam ainda um vasto leque de funções na Direcção de Estudos e Instrução, nomeadamente de chefia do Planeamento e Avaliação da Instrução, de docência nas diversas áreas da Instrução Geral, Táctica, Exploração e Segurança das Transmissões, de cadeiras no âmbito da Técnica de Estado Maior (1ª e 4ª Rep/Sec), para além das áreas da Educação Física Militar, Segurança Militar, Informação e Contra Informação e NBQ, aproveitando nestas últimas qualificações adquiridas após ingresso no Quadro Permanente. A Chefia da Secção de Pessoal foi tradicionalmente atribuída a um Major de Exploração, se bem que qualquer outra área de Estado-Maior (Op/Seg e Log) foram ciclicamente chefiadas por estes Oficiais, aproveitando a sua grande flexibilidade e experiência anteriores. Também na área operacional os oficiais de Exploração cumpriram as suas missões sempre que a elas foram chamados. Esta área, tradicionalmente entregue aos oficiais 401, contudo, teve sempre a presença dos Oficiais de Exploração no desempenho das mais variadas funções quer de Comandante de Companhia de Transmissões ou de Pelotão. O seu trabalho foi importante especialmente na área da instrução com destaque pelo seu empenhamento em diversos exercícios de nível nacional ou regional onde os resultados foram sempre positivos. Mesmo quando os oficiais de Exploração da Escola foram chamados a cumprir missões fora do território nacional (missões de apoio à paz ou missões de cooperação técnico-militar), os resultados obtidos foram sempre de molde a honrar o país, o Exército e a Arma de Transmissões. 35 Pelo atrás exposto se constata que as gerações de oficiais de Exploração que serviram na Escolas durante os últimos 30 anos demonstraram estar à altura dos múltiplos desafios com que foram confrontados, nas mais diversas circunstâncias, tendo demonstrado grande competência e sentido do dever na sua acção. Por essa razão a Escola, casa mãe da Arma de Transmissões, deve muito aos seus oficiais de Exploração, e o facto dela ser hoje uma unidade ímpar no panorama nacional, pelas múltiplas e importantes valências que contém em si, o deve em grande parte ao trabalho desses oficiais. Podemos pois concluir, sem falsas modéstias que a medalha de Serviços Distintos atribuída ao BTm-4 pela sua brilhante acção na ONUMOZ (Moçambique), que muito justamente a Escola herdou, bem como mais recentemente agraciamento com a Ordem Militar de Cristo, relevando os serviços da EPT nas últimas décadas, e dos quais resultou honra e lustre para a Pátria, prestígio para as Forças Armadas em geral e para o Exército em particular, terá também com toda a certeza a marca dos seus oficiais de Exploração. 8. NOTA FINAL Com a reestruturação actualmente em curso nas Forças Armadas e no Exército em particular, com a aprovação de uma nova Lei Orgânica (DLOE), com repercussões quer ao nível dos Quadros Orgânicos de Pessoal (QOP) onde se prevê um “downsizing”, quer ao nível das carreiras, é previsível que o papel dos Oficiais Técnicos se venha progressivamente a diluir, uma vez que neste novo contexto estarão criadas condições para a extinção, a médio prazo, de todos os Quadros Especiais não oriundos da Academia Militar. Também o facto da 36 esmagadora maioria dos Oficiais Técnicos estar actualmente inserida no escalão etário dos 45 aos 55 anos de idade será também razão suficiente para que tal se concretize com maior brevidade. Sejam quais forem os desafios que estejam para vir para o novo Exército de Portugal, os Oficiais Técnicos de Exploração saberão interpretar os sinais e, a devido tempo, darão a resposta adequada à nova conjuntura que se avizinha, honrando sempre os seus pergaminhos e valores que, de forma tão vincada, contribuíram para que a Arma de Transmissões atingisse um lugar de grande destaque nas Forças Armadas e no Exército de Portugal.