FACULDADE DOM ALBERTO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA MARIA INÊS CAMINI UM OLHAR CLÍNICO SOBRE A FALTA DE AFETO E DESEJO DO APRENDER DA CRIANÇA SANTA CRUZ DO SUL 2011 1 MARIA INÊS CAMINI UM OLHAR CLÍNICO SOBRE A FALTA DE AFETO E DESEJO DO APRENDER DA CRIANÇA Trabalho de apresentado Conclusão ao programa do Curso de Pós- Graduação da Faculdade Dom Alberto, Especialização em Psicopedagogia Clínica, som a Orientação da Prof.ª Ms. Vanda Spieker de Oliveira, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Clínica. Santa Cruz do Sul 2011 2 Dedico este trabalho a minha orientadora e professora Vanda Spieker de Oliveira. Foi ela a seu tempo e a seu modo, que me inspirou a querer sempre mais para poder transmitir o melhor e ser capaz de ajudar quem de mim precisasse. • Ao Deus da vida, que nunca me abandona e está sempre comigo e vive em meu coração. • A Doralice, minha adorada mãe e mais querida rainha do lar, trabalhadora, estrela, luz, amor a me guiar. • Aquilino, meu pai, um trabalhador incansável que nunca esquece de ser o guia espiritual. • Paulo, meu irmão caçula com necessidades especiais, que com afeto e sorriso mantém unida a família. 3 AGRADECIMENTOS A minha família melhor gratidão a todos aqueles que para mim levaram os frutos de suas sementes para minha vida e meu trabalho, que me estimularam, ajudaram e compreenderam, sem medir esforços para que este trabalho se realizasse com tranqüilidade e sucesso. O meu afeto a: Minha mãe, Meu pai, Meu irmão, Colegas professores, Alunos, Orientadora Vanda Spieker de Oliveira, Ao Deus da vida! 4 “Neste sonho o EU brinca, canta, voa, dança, escreve, pinta, planta, colhe, faz o pão e bebe o vinho maduro que civilizações passadas nos ensinaram a cultivar...” Vanda S. Oliveira 5 APRESENTAÇÃO Em uma trajetória recente, em cursos de pós-graduação e nas produções deles resultantes, minha maior preocupação tem sido a de ampliar conhecimentos sobre o cotidiano institucional da escola, onde Direitos Humanos, Ética, Valores Humanos, Cidadania, Interdisciplinaridade e Transversalidade sejam presentes e apontem a alternativas possíveis aos dilemas vivenciados e nem sempre enfrentados no espaço/tempo da escola. Neste movimento procuro estímulos para um melhor aprofundamento nestas questões. Encontrei na Psicopedagogia, este campo do conhecimento humano, interdisciplinar em sua epistemologia e transdisciplinar em sua evolução, terreno fértil para a construção, reconstrução e ressignificação de meus próprios processos de pesquisa e autoria de pensamento. A Psicopedagogia está preocupada com todos, área do conhecimento relativamente nova, ainda apresenta pouco consenso no que se refere ao objeto de estudo, mas concordo com Silva (1998), quando nos diz que é “o homem enquanto ser em processo de construção do conhecimento, ou seja, enquanto ser cognoscente” o foco central de sua pesquisa estudo e aprofundamento. Desta forma, podemos observar que o psicopedagogo é profissional de ação cuja práxis implica num amplo conjunto de atitudes, que envolve a si mesmo e aos outros/ as enquanto seres humanos nos processos de aprendência (aprendido) (continuidade). Na procura de sedimentar esta observação, tornar-se psicopedagogo é uma questão instigante pois nossas ações, enquanto aprendensinantes e no nosso desenvolvimento profissional em ações refletidas, devem privilegiar uma outra racionalidade: reflexiva, interativa, dialógica. Tornar-se psicopedagogo exige nossa compreensão que as organizações e instituições produzem valores, crenças, conhecimentos e práticas sociais. Tais produções são movidas pelo desejo, pela busca de soluções novas para os complexos problemas por nós vivenciados, sabendo que a profissionalidade do psicopedagogo perpassa pela complexidade dos diferentes desafios que atualmente se colocam à escola, de um modo geral, e a aprendizagem em particular. 6 Cabe sabermos que soluções prontas e acabadas não existem e nem são aplicadas rotineiramente no cotidiano da escola e que, cada vez mais, nos é exigido num olhar, numa escuta, uma capacidade de leitura e releitura para encontrarmos soluções estratégicas adequadas a cada “espaço/tempo” de nossas ações e inserções. Tornar-se psicopedagogo é um processo que, pela sua complexidade, nos exige a criação de competências e habilidades fomentadoras de multidimensionais olhares de investigação (na e pela) ação permanente, além da consciência de que a nossa formação nunca será concluída, visto que na nossa práxis a pesquisa e a continuada formação deve ser uma constante (BEAUCLAIR, 2004). Este trabalho é uma exigência para a formação do Especialista em Psicopedagogia Clínica é, portanto, realizado um Estágio e Relatório do Estudo de caso. Neste relatório consta a avaliação, terapia, documentação comprobatória: testes, provas, registros de presença no local de atendimentos, fotos e de atividades realizadas. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO.................................................................... 1.1.1 Fundamentos do Curso................................................................................. 1.1.2 Estudo de caso em Psicopedagogia Clínica................................................. 1.1.3 Objetivos do estudo de caso em Psicopedagogia Clínica............................ 9 10 10 11 11 2 ESTUDO DE CASO............................................................................................ 2.1 DADOS GERAIS DO PACIENTE..................................................................... 2.2 MOTIVO DA CONSULTA................................................................................. 2.2.1 Entrevista com a mãe.................................................................................... 2.2.2 Entrevista com a professora.......................................................................... 2.3 HISTÓRIA VITAL............................................................................................. 2.3.1 Entrevista com a mãe.................................................................................... 2.4 PROVA HORA DO JOGO (S. PAIN)................................................................ 2.5 PROVAS OPERTÓRIAS (PIAGETIANAS)...................................................... 2.5.1 Prova de classificação................................................................................... 2.5.2 Prova de seriação......................................................................................... 2.5.3 Prova de pareamento termo a termo............................................................ 2.5.4 Prova de conservação de superfície............................................................. 2.5.5 Prova de conservação de quantidade de líquidos........................................ 2.5.6 Prova de conservação de massa.................................................................. 2.5.7 Prova de conservação de peso..................................................................... 2.5.8 Prova de dicotomia........................................................................................ 2.6 PROVAS PROJETIVAS................................................................................... 2.6.1 Par educativo ............................................................................................... 2.6.2 Prova da caixa lúdica psicopedagógica (V. S. De Oliveira)......................... 2.7 OUTRAS PROVAS – TESTES E ATIVIDADES AVALIATIVAS....................... 2.7.1 Completar frases........................................................................................... 2.7.2 Desenho espontâneo.................................................................................... 2.7.3 Teste de Toulouse......................................................................................... 2.7.4 Testa Psicomotor de Picq e Vayer................................................................ 2.7.5 Papel de Carta.............................................................................................. 2.7.6 Aplicação dos Jogos Boole........................................................................... 2.8 HIPÓTESE DIAGNÓSTICA............................................................................. 2.8.1 Significado do Sintoma para a Família......................................................... 2.8.2 Significado do Sintoma na Família............................................................... 2.8.3 Levantamento das hipóteses ...................................................................... 12 12 12 13 14 17 17 19 23 23 25 26 27 28 30 31 32 33 33 38 45 45 47 48 49 50 53 53 53 54 54 3 PARECER PSICOPEDAGÓGICO...................................................................... 3.1 Síntese da Avaliação....................................................................................... 55 55 4 PROJETO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ..................................... 58 5 INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA......................................................................... 61 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 63 8 7 REFERENCIAS................................................................................................... 65 8 ANEXOS............................................................................................................. 1 INTRODUÇÃO 67 9 A Psicopedagogia é semelhante a uma rosa cheia de pétalas, uma diferente da outra. Unidas pelo fato de cada uma estar desempenhando seu papel para que aconteça ao mesmo tempo o seu desenvolvimento integral e possa expandir sua beleza e perfume.. Então, o compromisso a desempenhar da Psicopedagogia é extremamente complexo e desafiador, pois necessita passar por diversos caminhos para desmistificar o prazer em saber fazer pelo aprender ou porque não aprender para a vida e para toda a vida do indivíduo. E para isto é fundamental se doar para investigar, estudar, pesquisar, observar, buscar conhecimentos, ocupar o lugar do outro pela interiorização. É o estar junto do paciente, para que possa desvendar a especificidade do ‘EU e do TU” e do “NÓS” na conquista da qualidade de vida e saúde mental. Cabe a Psicopedagogia a integração e articulação para compartilhar os momentos de desejo, alegrias, medos, angústias, sonhos e aprendizagens junto de seu paciente, para que assim possa ter competência e habilidade para ajudá-lo a viver e conviver na dignidade, na família, na escola e na sociedade onde está inserido. Oliveira (2009) explica que é no sistema de se estar vivo que as estruturas desejantes e inteligentes se abastecem e se vivificam num corpo que pulsa, que aprende e registra o presente, o passado e empreende o futuro. Somos o que nossa evolução nos permite, porém podemos ultrapassar os limites dessa evolução atual, quando nos sabemos criativos. Para Lacan (1979) “o sujeito precisa ser desejado para se constituir como tal”. Já Winnicott (1988) conclui, “quando o homem transforma o ambiente, através de seu próprio comportamento, essa mesma modificação influencia em um comportamento futuro”. Piaget (1974) tem como resultado em seus estudos que “o sujeito que se desenvolve alcança um outro patamar de compreensão da realidade e passa a lidar 10 com esta realidade cada vez com mais adequação: Isto é um produto de aprendizagem”. Pain (1979): A interpretação do discurso não pode ser feita sem levar em conta o nível da realidade, pois a realidade é prova; sem levar em conta a leitura inteligente dessa realidade que lhe dá sua coerência; sem levar em conta a dimensão do desejo que é sua aposta; sem levar em conta sua modalidade simbólica que lhe dá sua paixão. Portanto, a Psicopedagogia vive e revive a sua história a decifrar os enigmas do homem, para que assim possa expandir seu perfume e beleza como a rosa. Então, lapidar a jóia criada por Deus é uma dádiva e a felicidade está conquistada graças ao potencial da psicopedagogia. 1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CURSO 1.1.1 Fundamentos do Curso A Psicopedagogia constitui-se num campo de conhecimentos que se ocupa das questões da aprendizagem e, por conseguinte, da não-aprendizagem. Sendo um campo conceitual interdisciplinar, a Psicopedagogia utiliza-se da articulação de vários campos de conhecimento como a Pedagogia, a Psicologia, a neurologia, A Lingüística, a Psicomotricidade, entre outros. O pensamento interdisciplinar da Psicopedagogia constrói-se no pensar a dificuldade de aprendizagem à luz dos conhecimentos científicos dessas diferentes áreas, o que resulta na criação de um novo conhecimento. A intervenção psicopedagógica nos processos de aprendizagem se dá, justamente, a partir da inter-relação entre essas teorias, favorecendo a construção de um novo conhecimento e uma visão mais global do sujeito cognoscente. Essa visão se constrói a partir do estudo de atos de ensinar e aprender, pensados em conjunto e considerando tanto a realidade interna de cada sujeito envolvido neste processo quanto a realidade externa. O processo de construção do conhecimento, numa visão psicopedagógica, precisa pensar dialeticamente os aspectos afetivos, cognitivos e sociais que, necessariamente, estão implícitos no ato de aprender. 11 Atualmente, a abordagem teórico-prática da Psicopedagogia baseia-se fundamentalmente nas teorias Piagetina e Psicanalítica, através da abordagem de autores como Sara Pain, Alicia Fernandez, dentre outros, abandonando as formas de reeducação utilizadas na área anteriormente 1.1.2 Estudo de Caso em Psicopedagogia Clínica O estudo de caso, considerado como um dos formatos empíricos da investigação qualitativa, consiste na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, utilizando como fonte documentos ou acontecimentos específicos (MERRIAN apud BOGDAN; BIKLEN, 1994). A Pesquisa em Psicopedagogia consiste em atitude investigativa essencial ao psicopedagogo. No âmbito da Psicopedadogia Clínica, o estudo de caso é o mais adequado. O aporte teórico da pesquisa em Psicopedagogia tem como eixos centrais a Psicanálise, a Psicogenética e a Psicologia Social, bem como as demais áreas do conhecimento que contribuem para a constituição dos saberes psicopedagógicos e para a compreensão do fenômeno estudado e construção de novos saberes. O estudo de caso em Psicopedagogia Clínica abre espaço para aplicação dos conhecimentos teórico-práticos do campo do conhecimento da Psicopedagogia; analisa criticamente a práxis psicopedagógica clínica; prioriza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica clínica numa abordagem dialética da Psicopedagogia. 1.1.3 Objetivos do estudo de caso em Psicopedagogia Clínica Vivenciar a relação teórica e prática no que se refere ao diagnóstico e intervenção psicopedagógica clínica, através de um estudo de caso, a partir da abordagem crítica da Psicopedagogia, tendo como base a abordagem de Sara Paín e demais autores identificados com a mesma concepção. Realizar o relatório final do estudo de caso, analisando os diferentes momentos e saberes do campo teórico da Psicopedagogia clínica. 2 ESTUDO DE CASO 2.1 DADOS GERAIS DO PACIENTE 12 Nome: R.S.V Idade; 9 anos e 6 meses Naturalidade: Coqueiro Baixo-RS Escola: Escola Municipal Heitor Villa -Lobos Série: 4ª ano Turno: Tarde Professora: R.S. Mãe: I.V. Idade: 45 anos Telefone: Não tem Reforço escolar: Não Atividades extras: Não Outros acompanhamentos: Não 2.2 MOTIVO DA CONSULTA . “Boa tarde! Tudo bem? Eu sou a I, mãe do R. Me disseram que tu ajuda as crianças até aprende. O meu R. já não agüento mais. Ele fala, fala e muito, é teimoso que nem um burro, eu falo, ma parece que ele nem me ouve, diz vai, vai, para! A professora me manda bilhete para ir conversar. Eu já fui muitas veis e é sempre a mesma coisa. Diz que R é distraído, não pensa pra fala e nem pra faze os trabalhos, é conversador, teimoso, se acha sabichão, faz os trabalhos tudo rápido, na sala teima com a professora que ele ta sempre certo. A professora me pediu pra ajuda ela. Ma eu disse que outro ano era a mesma coisa e eu levei muitas veis na Psicóloga do Posto de Saúde, ma não adiantou nada porque jogava cartas e jogava joguinho, então eu tirei e não vou mandar mais lá, vou tenta mais um poco. Em casa eu trato bem dele, ma apanha muito. Eu vou trabalha, ele fica em casa ou na casa de um vizinho. Ele não sai de casa, é na escola ou comigo, porque na rua só aprende porcaria.” Segundo Paín (1985, p.38), tem-se apontado a superproteção como causa de déficit na aprendizagem. Na verdade a realidade não é a superproteção como atitude o que inibe a aprendizagem. A criança se defende contra ela e reivindica seu direito a independência. Parecer 13 Percebe-se que a criança tem muita necessidade de falar. Em casa, e na escola não é ouvido nem olhado. Há muita preocupação em protegê-lo dos ambientes em que está inserido. Hipótese A mãe me pareceu não dar importância a R. Também percebi que não estava sabendo do trabalho realizado pela Psicóloga. Essa psicóloga não solicitou a presença da mãe para conversar. Assim, conforme discurso da mãe que estava angustiada e que entende pouco, ou quase nada, da importância da relação entre ensinante e aprendente para aprendizagem, conclui que os jogos não resolvem problema nenhum e desconsidera o atendimento da psicóloga interrompendo o tratamento. 2.2.1 ENTREVISTA COM A MÃE Data: 17/08/10 As informações abaixo, deverão ser preenchidas pelo psicopedagogo durante a entrevista realizada com: Aluno e mãe Nome: R.S.V Idade; 9 anos e 6 meses Naturalidade: Coqueiro Baixo-RS Escola: Escola Municipal Heitor Villa Lobos Coordenadora: Luciana Ferronato Série: 4ª ano Turno: Tarde Professora: R.S. Mãe: I.V. Idade: 45 anos Formação: 4ª série Pais vivem juntos: Não Telefone: Não tem Reforço escolar: Não Atividades extras: Não Outros acompanhamentos: Não Quem indicou: A professora Queixa: Profissão: Faxineira 14 o É totalmente distraído; o Não ouve o que se fala ou finge que não ouve; o Fala muito, muito; o Obedece pouco; o É muito teimoso; o Parece que não entende o que a gente fala; o Faz os trabalhos tudo muito rápido; o Não pensa ao falar e fazer as coisas; o Se acha e sabe tudo. 2.2.2 ENTREVISTA COM A PROFESSORA 1.Nome: 2.Formação: 3.A quantos anos exerce a profissão de professora? 4.Gosta do que faz? 5.Qual a metodologia utilizada? 6.Como vai o paciente na sala de aula? 7.Como é o comportamento do paciente na sala de aula? 8.Como reage quando é contrariado? 9. Qual a sua reação com o aluno? 9.Qual a sua relação com o aluno e com o grupo? 10.Quais as principais dificuldades apresentadas pelo paciente? 11.Quais as suas características quanto à aprendizagem e assimilação de conteúdos? 13.Como você descreveria a leitura e escrita do paciente? 14.Como você descreveria o raciocínio lógico matemático do paciente? 15.Em qual dessas características o paciente se encaixa? (X) agressivo ( ) passivo ( ) dependente ( ) medroso ( ) retraído ( ) excitado ( ) calmo ( ) desligado ( x ) sem limites. Outras características? 15 16.Comparado as outras crianças da turma o paciente é: ( ) mais infantil ( ) na média:(x) mais amadurecido 17.Faz as atividades escolares? 18.Faz as atividades para casa? 19.Gostaria de acrescentar mais alguma informação sobre o paciente Respostas da entrevista 1- Raquel Chiesa Schena 2- Graduada em Pedagogia e Pós Graduada em Gestão: Administração e Supervisão Escolar 3- Exerço a profissão de professora há 10 anos. 4- Realizo-me completamente, só em sala de aula consigo compreender o quão gratificante é ser alguém com um propósito na vida. 5- Minha metodologia utilizada se engloba na proposta de uma aula expositiva, explicativa e dinâmica. 6- Faz as atividades propostas com muita atenção se for algo que ele já conhece, quando a atividade for desconhecida se nega até escutar a explicação. Muitas vezes mesmo sabendo a atividade, perde por completo o entusiasmo e logo larga o que esta fazendo para conversar coisas do seu dia a dia com os colegas. 7- Bem o aluno na sala de aula é agitadíssimo tanto corporalmente como expressivamente, não da sossego aos colegas quanto a conversa e se irrita facilmente se algo ocorre que não seja do seu agrado. Tem um poder de liderança em relação aos seus colegas e caso isso não acontecer se irrita e chega até agredir. 8- No início do ano era muito mais agressivo com os colegas. Sua opinião é a que esta sempre certa e ponto final. Em relação a professora ele não aceita e contraria a tudo o que lhe é oferecido. Hoje ele já não agride tanto os colegas, mas reage com esnobação e teimosia a tudo que é contrario a sua idéia. 9- Inicialmente foi com paciência e muito carinho, mas logo vi que ele queria desafiar o tempo todo, queria era chamar muito a atenção dos outros, então minha reação 16 teve que tomar rumos diferentes e assim aplicar algumas repreensões. No principio deram certo, mas agora no final do ano ele já não tem medo de nada e ainda revida com esnobação e mau educação. 10-0 grupo se irrita muito com suas atitudes, mas principalmente os guris o seguem em suas más criações, achando muito engraçado, assim ele se acha a pessoa mais importante. Tento não deixar que se influenciem e que também da parte deles façam seu papel em dizer a ele que certas coisas não se faz e que isso é errado. A relação professor/aluno com os outros alunos da turma e tranqüila e de muito afeto. 11-Uma das mais em evidencia é a falta de concentração, assim como a má educação e o agitamento físico ... 12-0 aluno assimila o conteúdo em partes, consegue assimilar com mais facilidade e compreensão a matemática e menos o português não prestando muito atenção nas explicações, sendo assim na hora de realizá-las sozinho ele não consegue e se irrita, não aceita novas explicações. 13-Sua leitura é razoável às vezes não consegue dizer o que leu e sua interpretação é muito fraca. 14-Sua compreensão lógica matemática é boa, ele consegue assimilar o conteúdo mais facilmente e realizá-as com mais vontade. 15-(na folha) 16-(na folha) 17 - O aluno faz as atividades escolares se a professora fica do seu lado o tempo todo, ele precisa de muita estimulação, senão não as realiza por completo. 18-Quanto as atividades para casa dificilmente esquece, principalmente as escritas, (sei que procura ajuda com outras pessoas), mas quando a atividade for mentalmente sempre esquece ou fica inseguro em fazê-las. 19- Deixarei minha opinião sobre este aluno dizendo as seguintes palavras: tenho certeza que se ele fosse numa psicóloga ou neurologista, com certeza teria melhoras. 2.3 HISTÓRIA VITAL 17 2.3.1 Entrevista com a mãe A mãe de R. conta que na gravidez foi muito bem até os 4 meses. Depois disse: “Meu marido aprontou depois de 12 anos de casada e tanto trabalho juntos.” Ela se separou do marido e saiu de São Paulo com uma mala, sozinha, desesperada e veio parar na casa da mãe em Coqueiro Baixo. Ficou com a mãe até o final da gravidez e foi ganhar o nenê em Porto Alegre. Acrescenta: “Mas tive problemas com o nenê. Não nascia, fiquei das 5 horas da manhã até às 3 da tarde sofrendo, tiveram que fazer casaria. R. pesou 3.950 Kg. Nasceu muito amarelo, porque eu comia muita cenoura e tomava suco de laranja. R ficou 4 dias no berçário. Amamentei até os 8 meses, depois dei mamadeira com leite em saquinho. Com 1 ano e meio começou alergia e tosse. Até hoje toma medicamento pra alergia, porque provoca tosse, mas nunca ficou hospitalizado. Quando R. completou 1 ano e meio fui trabalhar em Porto Alegre e o nenê levei para uma mulher cuidar, esta mulher cuidava de mais duas crianças. Neste período trabalhava em Esteio e de segunda feira tinha folga, então ia para Porto Alegre ver meu filho. Quando chegava na casa da mulher pegava o meu bebê e saia e ele chorava muito.Tudo o que ele via queria comprar, mas eu não podia. R. dizia que a babá batia muito”. A mãe de R. disse que a babá não cuidava bem e que só queria ganhar o dinheiro. No final da tarde quando deixava R. na casa da babá ele gritava: ”Mãe não deixa eu”! Segue explicando: “Eu sofri muito porque tinha que trabalhar dia e noite no restaurante. Fiquei sabendo que a babá não dava comida e a família brigava muito, gritavam muito, se chamavam de todos os nomes.” A mãe de R. disse que no dia de sua folga tinha muita dor de cabeça, parecia que ia ficar louca com a situação na qual ficava R. naquele dia. A mãe de R. comentou que um dia ficou para almoçar na casa da babá e nesse dia se apavorou porque além de pouca comida era muito salgada. Um pé de alface durava uma semana para toda família segundo a fala da babá. 18 A mãe de R. disse que decidiu pegar o bebê e voltar para a terra de sua mãe onde tinha uma casinha vazia e fui morar. Então, eu trabalhava de faxineira e minha mãe cuidava de R. Relatou que R engatinhava para trás e que: “Daí ensinamos e começou a aprender, falou rápido, seu cacoete era segurar o nariz, o cocô e xixi começou bem cedo fazer sozinho. Ele nunca viu o pai e o pai nunca ajudou em nada”. Diz que R. não quer conhecer o pai e que quando for grande vai tirar o seu sobrenome: “Pois agora sou divorciada, sou pai e mãe ao mesmo tempo.” A mãe de R. conta que trabalha muito para guardar o dinheiro e comprar um pequeno terreno e para construir uma casinha para os dois e que R. precisa ajudar caprichando na escola, porque diz ela desabafando que é desde a educação infantil que é solicitada para comparecer a escola pelos mesmos motivos. Mãe de R. fala que ele adora andar a cavalo com o vô e se vestir de gaúcho. Parecer A cor amarela que o bebê apresentava diz a mãe que o médico lhe disse ser devido a tristeza da mãe em ficar surpresa pelas atitudes do marido e também de se sentir abandonada. A mãe passou estas angústias ao bebê, por isso: “Ele ficou fraquinho”. Também o não estarem juntos (mãe e bebê) deixou cicatrizes profundas, pois ambos, a mãe e R costumam dizer: “A babá era uma louca”. Segundo Oliveira (2009, p. 120): “A função de holding exercida pela mãe e que tem o significado de “manter”, “sustentar”, trata da maternagem exercida como afeto calor, toque e proteção quando tudo é muito corporal.” Segundo Paín (1985, p. 48). Situações dolorosas: Dentre os antecedentes que podem vincular-se diretamente ao problema de aprendizagem merecem especial atenção os conhecimentos que representam uma mudança considerável para a criança e a família que quase sempre estão ligados a uma perda. Parecer 19 Percebe-se que mãe e filho tem a mesma linguagem, também tem dificuldade de administrar a perda do marido se sente insegura na mediação da ensinagem do filho por ter pouca instrução e acaba pecando na educação de R. É por este motivo que R. também fica muito confuso nas decisões escolares e socioculturais onde vive. Oliveira (2009, p. 174): Assim, a criança que deseja o contato permanente com a mãe, que se identifica com ela vive a experiência de suas ausências. Quando a mãe está ausente é porque está com o pai (intervém a Lei do pai). Sabe que é porque o pai detém o “falo” e, então, acontece a crise de identidade com a mãe, “crise do imaginário”. O desenlace desta crise se fará na criança pela atitude de nomear a causa das ausências da mãe, nomeando o pai e ao nomeá-la integra sua lei. 2.4 PROVA HORA DO JOGO (S. PAIN) Aplicação M. Dentro desta caixa tem material para que tu possas jogar, construir, brincar. M. Onde queres colocar a caixa? Na mesa, no chão? Tu que escolhes. R. Na mesa M. Enquanto tu montas o seu jogo eu vou escrevendo algumas palavras importantes para mim. M. Tens bastante tempo para fazer o que quiseres com o material que escolheres. Quando faltar 15 minutos para o final do nosso encontro eu te aviso. R. Posso abrir a caixa já? M. Pode. Inventário Abriu a caixa pegou a bola de isopor e disse: o que é isso? Eu disse é uma bola de isopor, nunca tinha visto? Ele disse não. R. Levantou de pé revirou com as mãos o que tinha dentro da caixa e olhava com os olhos fixos. Colocou ao lado da caixa os pincéis, canetões, têmperas, caixa 20 de ovos e disse: da pra pinta? Eu disse podes. Continua mexendo na caixa e pega uma folha de ofício branca, lápis de escrever preto e começa desenhar o que vai desenhando vai falando baixinho. Agora, se ajoelha e se apóia com uma palma da mão no chão, parece bem concentrado e vai ampliando cada vez mais o seu desenho. Depois de alguns minutos ele mesmo se pergunta o que mais vou desenhar? Segura o lápis com firmeza e desenhou uma árvore grande, algumas árvores pequenas, flores, nuvens, estrelas. Abre as tintas, olha todas as cores e diz: não tem marrom, então eu disse tu sabes misturar as tintas e fazer a cor marrom? Não ele diz. Então eu vou te ajudar. Disse: pega a tampa da tinta vermelha e coloque um pouco de vermelho e um pouco de verde e tu vais misturando com o pincel, mas tem que mexer bem. Ele disse: E deu marrom mesmo! Limpou o pincel e pegou a tinta branca e pintou todas as estrelas, limpou o pincel novamente, pegou a tinta azul e pintou as nuvens. Logo que terminava de pintar já fechava os potes de tinta e guardava. Pegou o pote amarelo, abriu, mexeu e pintou o sol, o girassol e limpou o pincel, pegou o pote de tinta vermelha e após disse: Me esqueci era pra pinta marrom. Então, limpou o pincel e pegou tinta marrom e pintou o caule da árvore pequena, os galhos da árvore maior, o caule da árvore maior, as montanhas, com a cor verde, pintou as copas das árvores, da cor azul pintou a nuvem, fez os pontilhados com tinta tempera do caminho da borboleta saindo da árvore até chegar a borboleta, pintou a borboleta de vermelha. Ele perguntou: Ainda tem tempo? Eu disse muito tempo. Então ele continuou mexendo na caixa fazendo com a boca pa, pa, pa, pegou uma bolinha pequena de isopor, um palito de churrasco, enfiou o palito de churrasco na bolinha e pegou a tinta vermelha e pintou a bolinha. Com uma das mãos segurava o palito e outra pintava. Enquanto pintava colocava a língua para fora da boca, puxava os lábios para dentro e para fora. Novamente vai na caixa e procura um pote para colocar o palito dentro, ele não encontrava, então eu o ajudei, havia um cone de linha que deu bem certo. Ele disse: Agora ta pronto. M. O que tu desenhaste? R. Eu fiz uma floresta: árvores, girassol, flor, borboleta, sol, estrela e nuvem. M. O que é isto neste palito? R. É um pirulito. M. Me explica o que é uma floresta? R. É o meio ambiente. 21 M. O que é meio ambiente pra ti? É não ter fumaça, não colocar o lixo no chom, não cortar árvores, tudo isso é para nois nom morre e daí os bicho também vom te ar. M. Me explica sobre o pirulito? R. É bom comer e eu gosto de comer. M. Invente uma história com este desenho? R. Uma história, o título é: Desenvolvimento “Um acontecimento” Era uma vez uma floresta. Tudo acontecia lá. O sol estava bem bonito e o girassol também, as árvores também bem bonitas e a rosa também. Um dia a borboleta saiu de um casulo da árvore voando feliz até que chego a noite e depois começo a chover e depois o ficou dia e a árvore deixo cair uma semente no chom no dia da chuva. E nasceu um brotinho de árvore e fico tudo como era antes. A árvore ficou velha e o brotinho cresceo. Tudo ficou velho, o girassol, a rosa, a chuva e as estrelas nom ficara velhas ainda, elas ria dos outro que eram velho. E um mês depois eles também ficara velhos, também mais velho que os outro. Os outro ria da nuvem e da estrela que era mais velha ainda. E daí as nuve e as estrela aprendera a lição e nunca mais a nuve riu de ninguém, e apareceu o pirulito do chom e ele era o mais novo de lá. Ele se casou com a rosa e depois todo mundo ficou feliz. Certo dia apareceu uma cobra e jogou ele no perau e daí a rosa ficou mais velha ainda. Todo mundo fico triste. E depois esquecera do pirulito e ficara feliz de novo para sempre.” Avaliação Modalidade de aprendizagem: Equilíbrio entre assimilação e acomodação. 22 Parecer Parecia tudo estar bem quando a mãe de R. estava junto de seu marido. O pirulito casou com a rosa e todo mundo ficou feliz, esta é a família que R. gostaria de ter. Mas apareceu a “cobra”, acredito ser a “mãe” quando se separou do marido, a mãe de R. envelheceu pelo cansaço e sofrimento pelo tempo e lembranças, deixando feridas que não cicatrizam em R. e em si mesma sua mãe. Portanto o pirulito “pai” ficou esquecido no tempo, mas ele é a falta de amor e vida para preencher o vazio dos dois porque mãe e filho parecem estar procurando alguém, este alguém diz respeito a figura do pai para que os dois possam se identificar e voltar de novo ser uma família feliz para sempre. Mãe e filho precisam de ajuda, pois a falta de afeto causa perdas na área cognitiva gerando sintoma na aprendizagem. Também na escola R. incomoda diz a mãe, mas R. desabafa a revolta pela falta de afeto, vindo a se refletir na aprendizagem. A professora que não sabe nada do que se passa com R. acaba muitas vezes não dando atenção ao que realiza ou deixa de realizar, dizendo que R. é um saco vazio, mas a verdade o que observei e constatei nas provas, é que R. é um menino esperto e inteligente, mas precisa de prevenção e afeto e uma voz que o deixe bem tranqüilo, porque segundo R. em casa e na escola só tem loucos, passam o tempo falando aos gritos, que chega doer os ouvidos (este é o significado de louco para R., “falar é usar o tom de voz moderado”). Oliveira (2009, p.174): A importância do reconhecimento do pai como autor da Lei, pela mãe, oportuniza a criança o reconhecimento do Nome-do-Pai. Caso contrário, se a mãe renega a função paterna, abrindo espaço à criança de renegar a Lei, ambas ficam presas no imaginário e a criança continua em sujeição à mãe. 2.5 PROVAS OPERTÓRIAS (PIAGETIANAS) 23 2.5.1 Prova de classificação A classificação é uma operação lógica através da qual organizamos objetos em grupos de acordo com um ou mais atributos. Aplicação Dentro deste saquinho tem material para que tu possas separar em conjuntos ou grupos o que achares que representam a mesma semelhança. Onde queres colocá-lo? Na mesa, no chão? Como tu preferir. Enquanto tu realizar a tua tarefa eu vou escrevendo algumas palavras importantes para mim. Tens tempo para fazer, quando faltar 5 minutos para acabar tua tarefa eu te aviso. Ok! Intervenções Após a tarefa realizada. M. Quais os conjuntos que tu formaste? R. De margarida, rosa, camelo e tartaruga. M. Quais os conjuntos tem mais elementos? R. O de tartaruga e margarida. M. Quais tem menos? R. O de camelo e rosa. M. Tem mais tartarugas ou margaridas? R. Nenhum, porque os dois tem a mesma coisa. M. Como assim, me explica melhor. R. É que tem 10 tartaruga e 10 margarida, por isso. M. Tu tens mais camelos ou rosas? R. A mesma coisa. M. Por quê? R. Tem 3 camelo e 3 rosa. M. Quantas margaridas tem no conjunto? 24 R. 10 M. Quantas tartarugas tem no conjunto? R. 10 M. Quantos camelos tem no conjunto? R. 3 M. Quantas rosas tem no conjunto? R. 3 m. Quantas coisas tu tens no total? R. 26 M. O que tu poderias mudar nestes conjuntos? R. Olha, pensa e diz eu não sei. M. Tu podes juntar todas as flores e todos os animais e daí? R. Há, ta, bota junto as tartaruga e os camelo e as rosa e margarida. M. E agora quantos animais tu tens? R. 13 M. E quantas flores? R. 13 Análise A criança recebeu o material e espalhou em cima da mesa com um olhar sério e parecia pensativo. Fazia com a boca psi, psi o tempo todo, me olhava e abaixava a cabeça. Devagarzinho separava o material, media as figuras uma sobre as outras para ver se tinha o mesmo tamanho. Segundo a teoria de Piaget a criança respondeu a resposta da prova aplicada, percebe-se equilibração entre mecanismos de assimilação e acomodação pela utilização dos esquemas de ação, palavras e verbalizações.. Demonstra pensamento lógico-matemático relativo ao período operatório concreto. 2.5.2 Prova de seriação 25 A seriação é uma operação que consiste em ordenar elementos segundo a sua grandeza. Aplicação Dentro desta saquinho tem palitos para que tu possas organizar, dar uma ordenação, colocá-los nos devidos lugares. Onde queres colocá-los? Na mesa ou no chão? Como tu preferes. Enquanto tu realizas a tarefa eu vou escrevendo algumas palavras importantes. Tens tempo para fazer e quando faltar 5 minutos eu te aviso. Ok! Intervenções M. Me fala como tu fizeste para ordenar. R. Daqui para lá, este é o mais grande, alto, até o mais pequeno é baixo. M. Me explica como tu ordenas do menor para o maior. R. Assim, de lá para cá, começa o mais piqueno até chega o mais grande. M. Como tu contas do maior para o menor? R. 14, 13, 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, deu. M. E do menor para o maior? R. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, é assim. M. Feche os olhos um pouquinho que depois eu te aviso para abrir. M. Podes abrir. Tu estás vendo alguma mudança nos palitos? R. Sim, está faltando 3 palito o tamanho 10, 5, 14. M. Qual a espessura dos palitos? Fino, etc. R. É largo e estreito na berada. Análise 26 A criança pegou o saquinho e jogou todos os palitos em cima da mesa e bem devagarzinho pegava dois, media, olhava pensativo e já ia colocando na ordem certa sempre sério e fazendo psi, psi. Segundo Piaget a criança respondeu a resposta da prova aplicada, percebese equilibração entre os mecanismos de assimilação e acomodação. 2.5.3 Prova de pareamento termo a termo Através da conservação de quantidade, mais a classificação e seriação de objetos podemos verificar se a criança tem domínio do conceito de número. Aplicação Dentro deste saquinho tem objetos para que tu faças duas fileiras com o mesmo número de objetos, onde as posições fiquem equiparadas. Onde queres colocá-lo? Na mesa, no chão? Como tu preferir. Enquanto tu realizas a tua tarefa eu vou escrevendo algumas palavras para mim. Tens tempo para fazer, quando faltar 5 minutos para acabar a tarefa eu te aviso. Intervenções M. Em qual fileira tem mais objetos? R. Nenhuma porque as duas tem a mesma coisa 10. M. Junte todos os objetos da segunda fileira e conte quantos tem. R. Tem 10. M. Agora vai me dizendo as cores dos objetos e o número de objetos de cada cor. R. Verde 18, amarela 10, roxa 7, branca 1. Análise 27 A criança num piscar de olhos colocou todos os objetos em cima da mesa e realizou a atividade, “rapidinho”. Demonstrou facilidade, mas seu rostinho continuava sério, fazia com a boca psiu, psiu. Segundo Paiget a criança respondeu a resposta da prova aplicada, percebese pela utilização dos esquemas de ação e verbalizações a equilibração dos mecanismos de assimilação e de acomodação. 2.5.4 Prova de conservação de superfície Nesta prova a resposta consistirá em explicar que em ambas situações há o mesmo tanto de espaço. Aplicação M. Aqui tem duas folhas e algumas figuras. Eu vou colocar algumas figuras nos espaços das duas folhas e quero que tu observes e pense. M. Qual das duas folhas tem mais espaço sobrando? R. A figura que tem 4 quadrado e depois disse esta outra em fileira tem mais espaço. M. Mudei a posição das figuras e pedi novamente. Onde tem mais espaço agora? R. A folha que tem 4 quadrado e depois disse esta outra que tem o quadrado no meio. Análise Percebeu-se que a criança não teve um olhar atencioso e compreensivo para saber o que estava acontecendo no tempo e espaço. Também ele respondeu por intuição, pois estava confuso e ficou um pouco nervoso. Segundo Oliveira (2009) a neurose é um fator negativo de desiquilibração do aspecto cognitivo. De acordo com Piaget (1988) a criança não respondeu a resposta da prova aplicada, porque ainda não construiu no nível representativo noções que domina no nível perceptivo. e, ainda, o paciente está com idade para qual o espaço, peso e volume, dentre outros, começam a ser acomodados para uma adequada construção relativa ao espaço, peso e volume, dentre outras. 28 O desenvolvimento cognitivo segundo Piaget (1988, p. 44-49), acontece como resultado de vários fatores: maturação, experiência, transmissão educativa e um equilíbrio por auto-regulações. Uma condição primeira necessária (mas não suficiente) é a maturação, já que particularmente a maturação do sistema nervoso é essencial na formação das estruturas mentais, abrindo possibilidades ao exercício funcional das ações. Para Piaget (1990, p.3-4) jamais existem condições absolutas e a gênese recua indefinidamente. Também assinala que a epistemologia genética é de natureza interdisciplinar e o seu problema central é o desenvolvimento dos conhecimentos, isto é, da passagem de um conhecimento bom ou mais pobre para um saber mais rico em compreensão e em extensão. 2.5.5 Prova de conservação de quantidade de líquidos Noção que permite compreender que alterações da forma não causam efeitos na quantidade. Aplicação M. Aqui tu tens vários copos. M. Coloquei água nos dois copos iguais e pedi que observasse com muita atenção. M. Qual dos dois copos tua achas que tem mais água? R. Este primeiro aqui. M. Tens certeza? R. Sim. M. Peguei o copo alto e fino e coloquei dentro a água de um dos copos anteriores para ver se ele percebia a quantidade de água. M. Qual destes copos tu achas que tem mais água? R. Este aqui alto. M. Porque tu achas? R. Ele é mais grande. M. Peguei o copo mais raso e bem discretamente coloquei dentro a água do copo alto e fino. 29 M. Qual o copo que tu achas que tem mais água? R. Este aqui baixinho. M. Então, tirei o copo raso e coloquei bem próximo ao anterior 4 copos iguais, colocando a mesma quantidade de água que havia colocado nos demais. M. Qual o copo que tu achas que tem mais água? R. Este grande. M. Mas por que me explica? R. Porque ele é mais grande. Análise A criança não mexeu em nada, ficou sentada, quietinha, olhos parados e fixos. Para esta criança a forma dos copos era suficiente para alterar a quantidade de líquidos. Percebi que respondeu pela dedução, sem ter uma observação, um olhar claro e profundo e nenhum conhecimento sobre o que estava sendo realizado naquele momento. Segundo a teoria de Piaget a criança não respondeu a resposta da prova aplicada. Encontra-se ainda no nível perceptivo entre 6 – 7 anos. Percebi que faltou estrutura dos esquemas de coordenação para que pudesse compreender a real possibilidade de transformação. Não apresentou pensamento reversível. Há mais assimilação e menos acomodação. Parecer Para Marina (1993, p. 18), “não há desenvolvimento de inteligência humana sem uma afirmação energética de subjetividade criadora. O criador seleciona sua própria informação, dirige seu olhar, sobre a realidade e fixa suas próprias metas”. 2.5.6 Prova de conservação de massa 30 Com duas porções de massa faça bolas iguais. Mostre que as duas contém a mesma quantidade. Enrole uma das massas em salsicha, pergunte a criança: Onde há mais massa? Aplicação M. Aqui tem duas porções de massa para que tu faças duas bolinhas. Quando estiver pronto me avisa. Ok!. Intervenção M. Em qual das bolinhas tem mais massa? R. As duas tem a mesma coisa. M. Enrole uma das massas em salsicha. M. Agora onde tem mais massa na salsicha ou na bola? R. A bola, há nom, na verdade as duas tem a mesma coisa. M. Com a salsicha podes fazer um bife e com a bola uma bolinha maior e cinco menores. M. Agora qual tem mais massa? R. Tudo tem igual. Análise A criança gostou muito de trabalhar com a massa e até contou que quando era pequeno ele e a priminha brincavam com esse material. Da massa se fazia homenzinho, o meu homenzinho nunca caia, porque enfiava um palito no meio e o da priminha sempre se espatifava. Seu olhar parecia mais alegre e também estava bastante comunicativo. Segundo Piaget a criança respondeu adequadamente a prova aplicada, percebe-se equilibração entre a assimilação e acomodação. Seus esquemas de ação parecem sustentar o pensamento operatório concreto. 31 2.5.7 Prova de conservação de peso Noção através da qual a criança compreende que alterações da forma não acompanham alterações de peso. Coloquei a balança em cima da mesa juntamente com algumas bolinhas de massa. Pedi para que a criança pegasse duas bolinhas e colocasse uma em cada pratinho da balança e observasse um instante. Intervenção M. Qual o pratinho da balança tu achas que tem mais peso? R. As duas tem a mesma. M. Por quê? Me explica. R. Se tinha mais um dos pratinhos tinha baixado. M. Coloque mais uma bolinha em apenas um dos pratinhos e observe. R. A,A,A, riu muito. M. E agora como ficou o peso nos dois pratinhos da balança. R. É essa aqui tem mais peso quase encostou no chão da mesa. Análise Quando coloquei a balança em cima da mesa a criança ficou um pouco surpresa e me perguntou: o que é isso? Eu disse é uma balança. Então ele disse agora lembrei que minha mãe vai comprar carne no Sidnei e ele sempre pesa. Estava bem a vontade e com os olhinhos pretinhos bem fixos no objeto. Na segunda vez que eu pedi para colocar mais massa no pratinho ele fez uma expressão facial de alegria, e após ver o peso e que o pratinho ia baixando levou um susto, Há, Há, e riu A, A, A, A. Segundo a teoria de Piaget a criança respondeu à prova aplicada com facilidade Percebe-se equilibração entre os mecanismos de assimilação e acomodação. 2.5.8 Prova de dicotomia 32 Classificação por 3 atributos: Cor, Tamanho e Forma. Aqui tu tens figuras para que separe em grupos: Pela cor, pelo tamanho e pela forma. Quando faltar 10 minutos para terminar a tarefa eu te aviso. OK!. Aplicação M. Quais as cores de figuras que tu tens? R. Azul e vermelho. M. Quais são os tamanhos de figuras que tu tens? R. Piqueno e grande. M. Quais as formas de figuras de tu tens? R. Redondo e quadrado. M. Quantos grupos de figuras tu conseguiste fazer? R. Dois grupo. O azul das roda piquena e grande e o quadrado piqueno e grande e outro vermeio roda piquena e grande e quadrado piqueno e grande. Análise Apresentei o material em desordem. A criança jogou tudo em cima da mesa e bem concentrado, sem olhar para os lados iniciou a fazer a classificação das figuras como foi pedido., chupava os lábios puxando-o para dentro e antes que eu desse o aviso para terminar a tarefa, antecipadamente ele disse terminei. Segundo a teoria de Piaget a criança respondeu a resposta da prova aplicada com facilidade. Percebe-se equilibração, a utilização dos esquemas de ação e dos mecanismos de assimilação e acomodação. Oliveira (2009) referindo-se a Bruner entende que: A habilidade de construção narrativa e a habilidade de se realizar a compreensão narrativa são cruciais para a vida do sujeito e para que ele se localize no amplo território do mundo dos possíveis. Diz ele: “Socialmente, no mundo narrativo, pode cada indivíduo construir sua própria identidade e encontrar um lugar na própria cultura” (BRUNER, 1996, p. 42). 33 Parecer R. Se encontra , quanto às grandezas descontínuas (aquelas que se pode contar) no período operatório concreto e com relação às grandezas contínuas (aquelas que se pode medir) em processo de construção ao que é esperado para o pensamento operatório concreto. Logo, está bem na psicogênese da inteligência segundo Piaget. 2.6 PROVAS PROJETIVAS 2.6.2 Par Educativo Par Educativo (1) Idade: Oito a nove anos Vínculo: Escolar Autor: R. Objetivo: Investigar a representação do campo geográfico da sala de aula e sua posição, real e desejada, na mesma. Procedimento: M: Tu gostas de desenhar? R: Um pouco M: Por quê? R: Desenho feio. Gostaria que você desenhasse a planta de sua sala de aula, como você estivesse vendo-a de cima. Após o desenho: M. Como é a sua sala? R. Tem quadro, classe só a minha porque eu briguei e fiquei no recreio e os meus colegas foram brincar, então fiquei estudando Matemática na sala, tem livro, caderno, lápis borracha, cortina, prendedores de mochilas, bandeira do Brasil, mapa do RS, cartaz, janela, armário, cantinho da leitura, a professora. M. Onde você senta? R. Eu sento perto do armário. M. É você quem escolhe este lugar, a professora ou o grupo? R. Eu escolhi este lugar porque o Luan só copiava a resposta do meu tema. M. Você gostaria de se sentar em outro lugar? R. Não, porque fico perto das meninas ou perto do Elian que copia tudo de mim. 34 M. Como é a sua professora? R. Um pouco braba porque todo mundo faz coisa errada, mas é legal. M. Quem está sentado próximo a você na sala? R. 5 meninas e 5 meninos e quem incomoda mais é a Maria Eduarda e o Elian, eles brigam toda aula. M. Quem está ensinando na sala? R. A professora. M. E quem está aprendendo? R. Agora é eu porque estou sozinho na sala. Análise A criança desenhou o quadro, sua carteira, a professora, bandeira e demais móveis da sala. Os desenhos e a sala tamanho normal, mas faltou os limites quanto a planejamento e organização dos elementos desenhados. Suas respostas foram rígidas como foi realizado o desenho. Estava em posição de castigo e em relação aos colegas demonstra vínculo negativo porque diz que eles fazem muito barulho e ele fica todo atrapalhado. Tem desejo de mudar seu contexto geográfico e humano, pois muitas vezes se sente aprisionado. Ao fazer os desenhos parava, pensava, dava para perceber que queria perguntar algo, mas se continha omisso, com medo, claro que foi a minha percepção. Parecer Conforme Vygotsky (1979) é pela aprendizagem com os outros que o indivíduo constrói constantemente o conhecimento, promovendo o desenvolvimento mental e passando desse modo, de um ser biológico a um ser humano. Esse autor enfatiza que o desenvolvimento e a aprendizagem estão relacionados desde o nascimento da criança, sendo que a aprendizagem resulta do desenvolvimento e este não ocorre sem a aprendizagem. Ambos ocorrem a partir de um movimento dialético. Par educativo (2) 35 M. Desenhe nesta folha com um lápis preto uma pessoa aprendendo e uma pessoa ensinando. R. Pensou um pouco e logo desenhou num cantinho da folha. R. Disse: Acabei. M. Agora me explica. R: Eu to aprendendo Matemática e a professora ta ensinando Matemática. M. Tu gostas de desenhar? R. Não sou muito de desenhá M: O que mais gosta de fazer na escola? R: Brincá, mais é pega-pega e futebol, de Matemática porque a profe., da conta e Português não gosto porque os textos som muito grande pra copiá no caderno. M: Inventa uma história sobre este desenho que eu vou escrevendo. R: e, entom eu já começo. E tem títolo? M: Sim. R: Entom é estudar. Estudar Era uma vez um menino chamado Rodrigo. E a professora era Raquel Chiesa. Ele abriu o caderno e a professora pediu: Quanto é cinco veis quatro? E ele respondeu 9. E daí ele abrio o estojo e daí ele tirou um pedacinho de borracha e jogou na professora e daí ela dexo ele sem recreio e ele fugio da sala de aula e daí a professora correo atrais dele e não consegio pega ele. Ma daí um tempinho passo na frente dela e caio. E ela pegou ele e boto sem recreio. E daí ele aprendeo a lição. Nunca mais ele jogo borrachinha na professora e obedeceo ela. Eu disse: Isso acontece mesmo na sua sala? R: Sim esses dia os alunos jogaram borracha até no ventilador e depois ficaro sem recreio. Análise 36 A criança R chegou muito sério, não cumprimentou e nem na escola não cumprimenta ninguém. É um menino moreno e bonito, mas demonstra não ser simpático às vezes, fala muito rápido, como sua mãe e o volume da voz também é alto como de sua mãe. É muito explosivo. Percebi que seu vocabulário é pobre e repete muito as palavras. Tudo tem que ser realizado com muita rapidez, da impressão que realiza apenas por imposição, mas não por prazer em aprender. Fala muito quando está no grupo brincando e opina em tudo porque se acha o líder, ele não é errado, os outros é que começaram e são culpados. Não admite pedir desculpas e se pedir é como a expressão de leão bravo. Aproveitei a oportunidade de estar com R que disse gostar de contas de Matemática, então apliquei alguns cálculos e após pedi a tabuada. R. apenas conseguiu acertar duas operações da adição porque era bem fácil, as operações subtração não entende nada de pedir emprestado, as operações multiplicação não sabe fazer e as operações divisões ficou mais complicado ainda. Sabe a tabuada só olhando e com o papel nas mãos. R. disse que a professora não ensinou esse tipo de contas. Percebe-se que R. é muito disperso e se preocupa com coisas insignificantes, fala com a boca, língua, mas sem a emoção, o sentimento parece inexistente. Parecer Desde o nascimento de R. a estrutura familiar apresentou-se fragmentada. As preocupações estavam voltadas às necessidades de ter comida, roupa, ter cama, remédio e alguém para comandar tais necessidades externas, enquanto que as necessidades internas, o sentir, o tocar o olhar, a emoção, o desejo, o prazer em estar ao lado do pai e a mãe ficaram ausentes. O afeto deu lugar apenas às necessidades externas. A estrutura familiar está se refletindo na escola, porque não se consegue estar com o outro “numa relação recíproca entre o EU e o TU”. Não existe dar e receber e sim apenas receber para ter naquele instante o necessário para a sobrevivência do dia-a-dia. 37 Segundo Oliveira (2009, p. 21) “para o sujeito é necessário um grupo familiar sadio, uma escola sábia no educar, vizinhos, amigos, colegas de trabalho e uma pátria que o ajude a crescer sadiamente”. Par educativo (3) Aplicação M. Aqui está uma folha em branco tu vais desenhar alguém aprendendo. R. Pegou o lápis e bem sério começou a desenhar. Desenhou a tela de uma televisão bem grande, logo abaixo duas pessoas na forma de palitos e uma grande árvore. R. Deu, já terminei disse. M. Me fala do teu desenho. R. Aqui tem a televisão e eo e a professora assistindo o filme Marmaduque e tem uma árvore é isso. M. Quem está aprendendo? R. Eo e a professora. M. O que estão aprendendo? R. Ser ruim é ser alto. Há! Não! É ruim ser muito alto, a professora falou e depois ela boto o filme. M. O que tu achaste do que a professora falou? R. Bom. M. O que tu aprendeu? R. Muita coisa, presta atenção no filme. M. O que tu fazes com aquilo que aprendes? R. Eo escrevo e conto pra professora e ela da nota. M. O que tu não aprendes? R. Dividir, subtrai, a tabuada, só sei do 1, as contas de mais. M. Me inventa uma história sobre o desenho. Era uma vez um colego bem legal, um dia nos assistimo um filme do marmaduque e eu prestei muita atenção e a televisão era bem grandona e lá perto tinha um pinheiro. 38 R. Já terminei. M.Leia a história pra mim. R. Vo começa. Análise R. escreveu a história em um único parágrafo e sem título. Percebi que a forma como R. desenhou era de uma criança entre 6 a 7 anos, e que não dá significado a seu aprender e o prazer pelo aprender não existe. A professora ameaça R., então fica com medo dela e faz tudo o que ela diz. Não pergunta nada. Segundo R. a professora diz: “Boca fechada”. R não sabe muita coisa do seu ano colegial que está freqüentando. Parece ter a aprendizagem de uma criança de 1º ano e às vezes menos. 2.6.2 PROVA DA CAIXA LÚDICA PSICOPEDAGÓGICA (V. S. de OLIVEIRA) Aplicação M. Aqui dentro tem materiais para ti montares uma casa. M. O que é uma casa? R. Sofá, geladeira, cama, fogão. M. Pensa um pouco e depois tu respondes o que é uma casa? R. É porta, janela, é ficar dentro dela. M. Como é a maioria das casas por dentro? R. É tudo o que ela tem dentro. M. Me explica o que ela tem dentro? R. Geladeira, a minha casa tem só sala, quarto, banheiro. M. Onde tu dormes? R. Na beliche do quarto da minha mãe. M. E por fora da casa? R. Tem grama, árvore, terra, pátio e jardim. M. Onde tu queres deixar a caixa na mesa ou colocar no chão? R. Bota aqui no chom é mior. 39 M. Então tu tens 45 minutos para montares a tua casa e quando terminares vais ter 10 minutos para brincar. R. Da pra começa? M. Sim, podes. Inventário Deixou tudo dentro da caixa e foi retirando conforme ia montando a sua construção. R Abre a caixa devagarzinho, olha e vai pegando uma peça de cada vez, coloca de volta novamente, pega outra e assim continua por alguns minutos. Senta no chão e fala aqui assim, assim, depois vai cantando si, si, si, e olha na caixa e já pega a peça que quer dar início a montagem. Montou a mesa com as cadeiras, o sofá. Colocou o vovô e o bebê sentados no sofá, os animais bem distantes um do lado do outro. Colocou a mãe e a vovó sentadas na mesa. O vovô trocou de lugar, colocando-o no outro lado do sofá e colocou o papai no lugar do vovô. Cada casal de animais tinha um coxo. Bem, parecia que estava pronto: o quarto, a sala, curral dos animais, mas havia ainda material na caixa. R. Ele diz, tem ainda tempo? M. Tens bastante ainda, eu disse. Desenvolvimento Fica olhando pensativo diz oo, oo, mudou quase toda família de lugar e colocou todos sentados na mesa, mudou os animais de lugar e disse agora acho que está bom. A casa entre o interno e a parte externa abrangia um espaço de 1m2. Às vezes dizia baixinho: “Acho que fiz errado, não, este sim”. Manuseava o carro e cantava, mudou várias vezes o carro de lugar, a mesa não mudou de lugar. Tirou a família que estava sentada na mesa e virou todos as cadeiras em cima da mesa, o bebê pôs na cama, o vovô no sofá assistindo TV, o pai no carro a mana no quarto. 40 R. Ta pronto ele diz. M. Me fale da sua construção? R. O carro ta aqui na rua de fora, cama, ropero e armário no quarto, no quarto tem o nenê e a mana, a vovó ta lavando ropa na máquina, o pai ta ajudando tirar a cabeça do armário da filha, na cozinha mesa, cadeira, e banco. M. Por que as cadeiras estão em cima da mesa? R. Pra não sujar, porque a vovó faz tudo e as mulheres não fazem nada, na sala tem sofá grande e pequeno, DVD, televisão, mesa de centro, caixa de som 3 em 1, o vovô ta vendo televisão, estante, tem a estrevaria que tem os animal, é isso só. R. E que cabeça, se dá um tapa no rosto e diz esqueci droga, casa sem banheiro, e ri,ri! M. Na próxima vez não vais esquecer, certo? R. Não! M. Queres brincar um pouco? R. Não. M. Bem, agora podes pensar e inventar a tua história sobre o que tu montou e eu vou anotando. R. Tem que dar um título? M. Sim. R. Família Era uma vez um família muito louca. Todo mundo era louco, menos o vovô e o bebê. 41 Tinha o segundo vô que era muito maluco. Um dia ele quase atropelou um neto. A filha, outro dia trancou a cabeça no armário e o pai ajudou tirar ela. A mãe nem deu bola, só ficou olhando as ropa. A vovó metade louca, lava ropa sem sabom, só com água. O já falei de todo mundo né? Fala baixinho. E um dia o pai dos filhos foi querer montar num cavalo e caiu e fez um corte muito feio na cabeça. O vovô pegou a vaca e a vaca derrubo ele, a, a, a... A vovó, o papai, a mamãe e o bebê foram tentar pega o bode e o bode derrubo eles. O segundo vô pego o carro e carrego o cavalo, a vaca, o bode e ando um metro, depois quebrou o carro e as roda foi para longe. O vovô voltou de a pé e o cavalo deu um coice nele e ele morreu e a família foi no enterro e depois voltaram pra casa, ficando como antes. O vovô ficava assistindo TV, o pai ajudava a tirar a cabeça do armário a vó voltou a lavar ropa sem água, a mãe só ficava parada olhando as ropa e o bebê só dormia. E continuaram a vida de loucos. Eram doentes, doença de loucura e não iam para o médico, porque não queriam toma remédio que era ruim. Oliveira (2009, p. 36), afirma que “a ação livre e espontânea é de fundamental importância no desenvolvimento do processo cognitivo”. Pode-se verificar que como jogo simbólico a técnica da Caixa Lúdica Psicopedagógica, propicia a tratativa da dramática edípica de R. Há significantes que trazem questões relativas à castração simbólica realizada pelo avô, a necessidade de um PAI e de um avô para sustentar, dar suporte às funções e papéis de paternidade, maternidade de si mesmo enquanto 42 FILHO, para que não se instale a LOUCURA que o amedronta. Só “aprende” o que é da Educação Formal aquele que vive com base nos limites, na compreensão do que é certo e do que é errado. Portanto, o aprendente que não está exposto a uma mãe que se diz PAI / MÃE e que ele pode, como filho, vir a ocupar o lugar do pai (exposto ao incesto). Assim, R passa a apresentar o comportamento narrado pelas escolas e pela mãe. Mostrando um comportamento que pode se traduzir como “chamar atenção com objetivo de solicitar ajuda para saber o que fazer, como fazer, devido o significado do sintoma: ”porque aprender é perigoso, entrar no mundo dos adultos que sabem ler e escrever, etc é temeroso, ou seja: • Ele está ambivalente entre viver o desejo incestuoso em sua concretude e ficar louco ou morrer • Ou resignar – ressignificar – através do tratamento psicopedagógico sua dramática. Parecer R. tem muita dificuldade de assimilar e acomodar tudo, percebe-se que não tem uma direção a tomar, fica muito atrapalhado para realizar qualquer atividade, não tem a noção da base da estrutura familiar. Tanto que na casa todos podem dormir num único quarto, o banheiro está em segundo plano. A vida dos loucos que R. menciona tem um significado profundo e tem cicatrizes no seu “eu” porque desde a concepção já ouvia o tom de voz alto da mãe e assim sucessivamente a babá, a família da babá e as professoras que teve também falavam em tom alto. Então, a família que R. tem está em pedaços, estão doentes mas não vão ao médico porque o médico não cura. Portanto falta juntar o pedaço que falta (Pai) para dar amor, sustentação, proteção e tomar a direção segura para que todos possam viver em harmonia. R. e sua mãe vivem uma vida de poucos atrapalhados. Eis aqui o sintoma da área cognitiva da aprendizagem, o afeto na família e na escola. A mãe de R. parece não caminhar com os pés no chão. Os pensamentos são muito superficiais e os sentimentos parecem não ter importância. Eu percebo a mãe e R. um pouco desorientada devido ao fato de também não ter apoio da sua família. Então, estão aí e não sabem para onde vão. 43 Para Alduírio M. de Souza (1985, p.15), “é importante, pois que se entenda que toda a semiótica refere-se aos dois significantes culturais: o falo e o Complexo de Édipo. Ou seja, a eles se remete toda a produção de sentido”. Quanto a questão de se realizar um Diagnóstico Diferencial, entre oligotimia e oligofrenia (OLIVEIRA, 2009) tão necessário e frequente na Psicopedagogia, buscase a eliminação da causa orgânica. Essa deve ser investigada, pois estabelece a especificidade diagnóstica e é preciso realizar também toda uma avaliação que nos faculte, no mínimo uma leitura dos significantes e significados implícitos nos discursos, narrativas e técnicas de expressividade, com base na linguagem verbal e não verbal do paciente e dos que se referem a ele (família, escola, outras instituições). E ainda, as provas e testes que auxiliam nas manifestações dos níveis o/ou estágios de construção da realidade desde 0 sensopercepção, a situação limítrofe entre percepção e a representação, do pré-conceitual e pré-operatório, conceitual do período operatóro concreto e das operações formais. Sem esquecer dos registros corporais e do uso do corpo em diferentes performances que sustentam aprendizagem desde os primórdios da inteligência prática até o ápice das elaborações relativas à auto-imagem, à auto estima e ao auto-conceito com os quais estaremos em perenes tratativas e (re)construções, porque são próprias do sujeito aprendente e ensinante, possibiliitando-nos o processo de (re) significação Prova da caixa lúdica psicopedagógica (retomada-Vanda S. Oliveira) Aplicação M. Aqui dentro desta caixa tem materiais para montares uma casa e aqui pessoas de duas famílias de cor branca e de cor morena. Inventário R. não retirou nada da caixa antecipadamente. Revirava as peças dentro da própria caixa e escolhia as peças e ia fazendo a montagem. Mas antes de ficar pronto mudou muito, aquilo que já estava pronto antes. A família escolhida foi a de cor branca. 44 R. Ta pronto. M. Queres brincar? R. Não. M. Então me inventa uma história que eu vou escrevendo. R. Tem título. M. Sim. A Família Era uma vez uma família muito legal. O vovô Berilo estava sentado no sofá e a vovó Ermília e os dois netos João e Maria eles estavam assistindo na TV o Sítio do Pica-Pau Amarelo. E os dois netos do casal do vovô os mais velhos e a mamãe dos 4 filhos estava sentada na cadeira da mesa. Ela já tinha tratado o cavalo chamado Ventania e a égua chamada Miragem e o bode chamado Chifre e a beca chamada torta e o touro chamado Preto e a vaca chamada Mimosa e assim era a história da família. Modalidade de Aprendizagem: Hiperassimilação e hipoacomodação. Parecer O sintoma de R. volta a sua convivência familiar onde R. está inserido no seu entorno. É muito inseguro e confuso porque a educação familiar recebida da família não teve firmeza e R. foi jogado de um lado para outro e muitas vezes sem cuidados. Isso acarretou gravíssimos problemas afetando o emocional e refletindo na aprendizagem cognitiva de R, Também a professora e a instituição escolar colaboram pouco com R. Oliveira (2009, p. 164) afirma: A criança que vem se desenvolvendo e, portanto, possui um sistema de defesa que não lhe assegura distinguir-se do que o rodeia, poderá, somente por maturação neurofisiológica vir a se ater a imagem do espelho, quando sua visão lhe propiciar esta vivência e quando o meio que lhe rodeia lhe for promissor. 45 2.7 OUTRAS PROVAS – TESTES E ATIVIDADES AVALIATIVAS 2.7.1 Completar frases M: Oi R. tudo bem? R: Tudo bem. M: Gostou da tarde de danças? R. Gostei. M. Tens alguns temas para fazer? R. Não, porque a professora deo e eu fiz tudo na aula. M. Aqui tem frases para completares nestas duas folhas. R. Tem que encher as linhas? M. Não é necessário até o final. Análise Só ficava olhando na folha sem falar nada e escrevia. Não perguntou nada, percebi que escrevia pouco, não mexia os lábios para fazer a leitura e deixou várias frases em branco. R. Então ele disse ta pronto. M. Leia as frases pra mim. R. Isqueci essas de completar, dá pra completá? M. Sim podes. Lia as frases tão rápido que as vezes não dava pra entender, sem fazer nenhuma pontuação. Nenhuma frase tinha pontuação, as letras uma subia da linha, outra descia, as palavras muito próximas uma da outra, ortografia deficitária, caligrafia razoável. Não tinha graça e nem sentido aquelas frases porque a entoação era de uma voz fria. Frases para completar Eu fiquei mal. Minha vida era legal. Uma pessoa me falou Um professor caiu Uma alegria durou pouco. Uma tristeza durou bastante. 46 Uma vontade de dormir. Uma ofensa, raiva a minha professora me chingou. A escola é legal. Tenho dificuldade para aprender, compreender, estudar, fazer, brincar e estudar. Tenho facilidade para aprender, compreender, estudar, fazer bice croz. O que você mais gostaria de ser se não pudesse ser uma pessoa? Ete. Se você pudesse ser um animal, que animal você gostaria de ser? Gavião. O que você mais gostaria de ser se não pudesse ser uma pessoa e nem um animal? Uma árvore. Se pudesse ser uma planta que planta gostaria de ser? Ocalito. O que você mais gostaria de ser se não pudesse ser nem uma pessoa, nem um animal e nem uma planta? Tera Se pudesse ser um objeto, que objeto gostaria de ser? Vidro. Percebia-se que R, não se sentia motivado para ler e completar as frases. Havia pobreza na criatividade para completar as frases, sentimentos de emoção quase inexistentes, porque a maioria das frases era completa com uma ou no máximo duas palavras e repetição com as palavras “louco e legal”. Daí entender sim, que quando se faz referência ao termo família se entende, conforme o dicionário de Psicanálise de Alain Mijolla (2005, p. 673): Que a idéia de que ela (a família) se constitui uma unidade impossível de ser reduzida a uma série de indivíduos; é um grupo de dependência e apoio com suas leis tão obscuras e poderosas quanto as do inconsciente e que asseguram assim sua coerência e sua coesão. E, segundo Oliveira (2009) Freud e Lacan insistem ao atribuir o lugar de honra à família tendo esta, no mínimo, uma constelação de outros conceitos que lhe gravitam em complementação como: os vínculos, dupla natureza da filiação, a fantasia sobre a origem da vida conseqüente do romance familiar, as angústias edipianas, funções parentais, Lei-do-Pai, figura transgeracional. 47 2.7.2 Desenho espontâneo Aplicação Dei uma folha em branco, um lápis de escrever preto e disse: faça um desenho nesta folha. Com um olhar fixo começou a fazer retângulos e após desenhar três disse. R: Posso fazer o desenho no outro lado da folha? M. Por quê? R. Porque quero fazer outro desenho. M. Pode. R. Terminei. M> Me explica o teu desenho. R: É a minha mão e num dedo tem amor ou fé, amor e honestidade e no meio da mão uma tatuagem. M. Inventa uma história. R. Tem título? M. Tem. A mão Paz, “Ai meu Deus”? eu tenho muita paz, fé, eu tenho muita fé em Deus. Amor, eu tenho amor em Deus. Honestidade, eu sou honesto. Parecer R. é movido pela mãe e por um vô que faz o papel de pai. Não tem oportunidade de decidir em nada. Percebi também que como sujeito a estrutura familiar não lhe proporcionou a pedra preciosa mais rara que é o amor. Por isso R. faz sintoma no processo ensino-aprendizagem. Conversando com sua professora ela disse que R: “... não é de nada, quase não faz temas, mente bastante, é egoísta e se acha o tal, e também quando está com os colegas é o líder, mandão.” 48 A sua história realmente diz o que ele gostaria de ter em sua família, a paz, a fé, o amor e honestidade. R. me parece um menino estátua - “lindo”, mas sem o coração. Conforme Oliveira (2006) do colo, do toque, do olhar, do escutar, do falar, do desejar do outro é que a vida vai transitando por entre ocorrências de amor, ódio, pois que tudo tem um significado e porque se recebe um nome e se é nomeado. Assim o desejante pode se constituir em sujeito. Oliveira (2006, p. 8), explica que: A relação de dependência entre natureza e cultura se estabelece desde as gerações que antecedem a concepção de um novo ser. Sua história não começa com a fase gestacional e o nascimento. Ela está intimamente ligada aos protagonistas próximos que o antecederam. Segundo alguns cientistas é preciso levar em conta, no mínimo três gerações passadas, numa linha de tempo ininterrupta que considera o parto como ponto zero e que se constitui à esquerda no legado “antes” e, à direita, no legado do “depois” (pós-nascimento que se traduz pelo que chamamos de “ciclo vital”). 2.7.3 Teste de Toulouse Aplicação Primeiramente solicitei que observasse com calma os detalhes de três quadrados em destaque. Pedi para que assinalasse todos os que tivessem os mesmos detalhes dos destacados. Parecer Percebeu-se que R. ficou bastante atrapalhado mas demonstrava querer estar certo e seguro. Constatei falta de concentração que parece estar diretamente ligada à modalidade de aprendizagem imposta pela família, pois não param para conversar, falam, falam, às vezes penso que vai faltar ar para a mãe e filho ao mesmo tempo. 49 A preocupação da família é para satisfazer às necessidades. Não existe aproximação para um abraço, beijo, uma boa acolhida, um elogio, é tudo muito direto e frio. A sua professora de currículo diz que de R. não espera nada de bom, que ele leva uma carroçada para o mau caminho, conquista com a lábia que não leva a lugar nenhum. R é um fracasso na escola, é egoísta e finaliza. Paín (1985, p. 20) diz que: ”O interesse deste ponto de vista é a atenção prestada ao reverso da aprendizagem, isto é, ao que se oculta quando se ensina, ao que se desprende quando se aprende”. Parecer A professora é bastante explosiva, grita com R. e não se importa muito com sua aprendizagem, deixando-o muitas vezes sem tarefas e explicação. R. tem medo da professora porque o deixa de castigo até uma semana tirando o recreio. E diz: R. não tem futuro é o líder das maldades e não é de nada. Fernandez (1990), também trabalha com a idéia do problema de aprendizagem reativo. Para ela este tipo de problema diz respeito à instituição educativa onde o estudante está inserido. A instituição não favorece a aprendizagem, colocando obstáculos através de métodos e objetivos inadequados para ensinar, ou dificuldades na interação professor/aluno e família/escola. Neste contexto os sujeitos são classificados, rotulados, sem que a escola e o professor levem em consideração os fatores ambientais e emocionais, que interferem e aprisionam a inteligência agindo de modo impulsivo. 2.7.4 Teste Psicomotor de Picq E Vayer Quanto ao teste aplicado R. foi muito bem, gosta de esporte e tem um físico saudável e ágil. Também fui observar uma aula de Educação física de R. e a professora só elogiou R, ele é um menino participativo e realiza as atividades com prazer e está disposto a realizar as provas “desafiadoras” relata a professora. 50 Parecer Percebe-se que na aula de Educação Física joga para fora sua angústia “válvula de escape”, raiva, acredito ser a falta de afeto para que possa seu eu estar completo. Na oficina de Educação física se sente mais seguro e recebe a atenção do dar e receber da professora. Paín (1985, p. 19) comenta que o pensamento associativo permite então resolver a pressão dos impulsos ao oferecer as demandas pulsionais vias que levam a satisfação substitutivas, permitindo, além disto, interpolar, entre a necessidade e o desejo, o adiantamento que supõe o trabalho mental. Olhando o semelhante e a cor de R. já se identifica naquele olhar profundo que R. é uma criança triste, muitas vezes apática, impulsiva, angustiada e parece não ter sonhos, que seus desejos não foram concretizados. Foi quase inexistente o dar e o receber da família e o meio sócio-cultural pouco impregnou, porque os laços familiares se dispersaram, fragmentando-se em muitas famílias e cada uma com atitudes, valores, limites, amores diferenciados, sem uma sustentação de alicerce para a construção de sua identidade. A escola e a professora pecam na aprendizagem de R. por isso a aprendizagem cognitiva não tem bons resultados pois R. tem uma bagagem negativa de muitas aprendizagens desconstruídas e desequilibradas. É neste contexto todo que R. faz aprendizagem sintoma e precisa de ajuda apara aliviar o seu emocional, para que o trabalho mental possa ser realizado e construído com desejos e sonhos e acima de tudo com amor, firmeza e segurança. 2.7.5 Papel de Carta Aplicação: Lâmina nº 1 – Comunicação M. Coloquei o primeiro papel de carta na mesa e pedi para que R observasse e quando terminasse me falasse tudo que estava vendo e o que estava acontecendo. R. Tem um coelho telefonando, um passarinho levando uma carta, uma borboleta, flores e árvore. M. O que está mais destacado no desenho? 51 R. O coelho. M. O que você mais gostou do desenho? R. Do coelho. M. O desenho te faz lembrar de alguma coisa ou lugar? A Páscoa, a primavera. M. Inventa para mim uma história. R. Era uma coelhinha que da estava esperando a carta do Tuto o passarinho e a borboleta viu mas era pequena pra pegar a carta e esa a istoria da primavera. FIM. (escrita por R.) R. Terminei. M. Leia a história para mim? Sim. Era... M. Você pensa em escrever uma carta para seu pai ou sua mãe? R. Não. M. Você gostaria de conhecer seu pai? R. Não. M. A profe. ensinou as partes de uma história? R. Não na última aula era para escrever uma história e eu não escrevi porque não dava tempo, os outros escreveram. M. Vamos inventar uma outra história? R. Sim. Análise R. escreveu na primeira vez a história em duas linhas contínuas sem título e sem parágrafo, no final escreveu o título. Parecer R. tem dificuldade de expressão de pensamento e elaboração da história. As frases são mal estruturadas, não compatíveis com sua idade cronológica. Falta envolvimento afetivo. Função semiótica pela linguagem é pobre de significantes e significados devido a escassa percepção dos estímulos apresentados. Percebi também que a interação do sujeito e inter-relação com os demais personagens parece não existir. 52 Aplicação: Lâmina 2 - Afetividade M. O que você acha desta figura? R. Bonita. M. O que você está vendo? R. Um elefante, os elefantinhos, sol, passarinhos, coelho, sapo, ovelha. M. O que está acontecendo? R. Estão contentes tomando banho. M. Queres me contar uma história? R.Sim. Os elefantes Era uma vez um lindo sol que estava bonito e os passarinhos muito pero. O pai elefante estava dando banho pro o seus filhotes e o seus amigos, apareceu o coelho e a ovelhinha e o sapo também queria tomar banho de tanque. E eles feliz, muito feliz e mas o elefante estava ficando velho, muito velho e os seus amigos muito mais velhos mas todos os dias ele dava um banho para os elefantes e os elefantes e o seus amigos. Mais um dia o tanque estourou embaixo e agora acabou, o pai elefante botando água bastante saudáveis mais a água caia e o elefante botava bastante água e um dia ele descobriu, ele arrumou o tanque e daí ele continuou o banho de tanque e então todos os dias ele dava banho o elefante e seus amigos. Então esa é a história do banho dos elefantes. FIM. (escrita por R.) Parecer A história de R. é muito superficial. Falta afeto a si próprio e na história os personagens são solicitados para suas necessidades físicas. O vínculo afetivo é complicado ou não existe (pedra) e não há interação nas relações dos personagens. Não há pontuação, parágrafo e se percebe muito erros de palavras. Uma percepção mais detalhada e profunda não se evidencia. 53 Avaliação R. leu a história e após convidei-o para refazer a história tentando estimular o vínculo afetivo que se passava na mesma, entre pais e filhos, o amor, a alegria, o carinho, o cuidado com todos e com a natureza, etc. 2.7.6 Aplicação dos Jogos Boole M. Aqui estão as cartas para o jogo. Eu vou lendo a história e tu vais montando a história. Também deves observar a colocação das 9 cartas, pois as que ficarem em vertical terão como resultado da sua soma 15, as horizontais e diagonais também. Agora vou ler a história. R. Eu não entendi nada, lê de novo. M. Entendeu. R, Não consigo fazer. M.Então li pela terceira vez a história e ia resolvendo uma solução de cada vez para que R. pudesse entender. M. Agora faça sozinho eu disse. R. Má é difícil. Análise Joguei várias vezes com R. até ele aprender e responder as soluções, mas percebi que R. não sabe somar e usa os dedos e não consegue montar a história sozinho. É totalmente dependente e tem dificuldade de memorizar até uma frase para montar os fatos. 2.8 HIPÓTESE DIAGNÓSTICA 2.8.1 Significado do Sintoma para a Família Qual o significado do sintoma não aprender para a família? O significado do sintoma não aprender para a família (mãe) é porque quando R, é solicitado para uma conversa ou trabalho, na maioria das vezes não é atendida por ele. Também as constantes solicitações da mãe na escola desde a Educação 54 Infantil impregnaram em seu inconsciente que R, aprende pouco e incomoda muito, acha também que trocar de escola seria melhor porque R. não gosta da profe. R. não diz que não gosta da escola e da profe. porque tem medo diz a mãe. A mãe diz que R. sofreu muito com a babá por isso também faz birra. 2.8.2 Significado do Sintoma na Família O significado do sintoma na família de R. vem desde gerações anteriores onde a questão afetiva e o aprender não tem firmeza e segurança pela falta de instrução e fragmentação dos laços familiares. Também o meio sócio-cultural em que R. está inserido não é muito saudável, vindo agravar sua aprendizagem e dificultando a construção de sua identidade. 2.8.3 Levantamento das hipóteses Considero que a criança encontra-se bloqueada por problemas emocionais, carregados de vínculos negativos que conseqüentemente, estão interferindo negativamente na sua aprendizagem, desautorizando-a de ser criativa e de construir sua autoria de pensamento (FERNANDEZ, 1991). Não apresenta nenhum problema de inteligência; também não é motivado para aprender e isto proíbe de crescer, o que sugere tratar-se de um problema de aprendizagem-sintoma, uma vez que existem causas ligadas a sua estrutura individual e familiar que toma forma na criança, comprometendo a dinâmica de articulação entre inteligência, o desejo, o organismo e o corpo (PAÍN, 1986; FERNANDEZ, 1991). O desequilíbrio dessa dinâmica leva a um aprisionamento de sua inteligência e da sua corporeidade, através da sua estrutura simbólica inconsciente. 55 3 PARECER PSICOPEDAGÓGICO Nome: R Série: 4º ano Idade: 9 anos e 6 meses Sexo: Masculino Configuração familiar: Mãe e filho 3.1 Síntese da Avaliação Após a análise das provas e técnicas realizadas, foi feita uma síntese que consiste na interpretação e integração dos dados obtidos em cada área com base na teoria de Sara Paín, onde apresenta como quadro as áreas constitutivas do sujeito. Área Orgânica – O diagnóstico que a mãe se refere de R. é na História Vital. Estando grávida de 4 meses se separou do marido. A mãe diz que neste momento iniciou o sofrimento, além disso sentiu-se abandonada até da família, porque nunca teve ajuda de ninguém. Diz que faz o papel de pai e mãe. Desde que R. completou um ano e meio está com medicamento para alergia e tosse, mas nunca foi hospitalizado. Segundo a fala da mãe, a babá e a família da babá também ocasionaram sofrimento gravíssimo a R. e a ela, pois ainda hoje percebe-se seqüelas deixadas. Percebe-se um avanço em R. quanto a fala, pois falava através de gritos porque foi assim que aprendeu nos primeiros anos e agora fala com voz mais calma e suave. E isto é muito bom. Área relativa ao corpo – Quanto ao corpo ficou evidenciado que R. está conseguindo desabafar a sua angústia, medos pelos movimentos do corpo. A professora da oficina de Educação Física tem um grande carisma por ele. A profe elogia R. pelo desempenho em todas as modalidades físicas, Ex: capoeira, dança, futebol, etc. R. diz que adora a oficina e se recusa a faltar nos dias e horários em que acontecem. 56 Quanto ao teste Psicomotor de Picq e Vayer que avalia o esquema corporal R. incorporou a função assimilativa solicitada e conseguiu com êxito o desempenho da função acomodativa. Aprender jogos com movimentos é só com R. ele comanda e sabe muito bem as regras. Área relativa à Inteligência – R. é um menino esperto e ativo, mas se encontra no período operatório concreto dos 7 aos 11 anos, pois raciocina de forma limitada, precisa de material concreto e manipulável. Tem dificuldades de calcular as operações adição e subtração. Não demonstra domínio de situações problemas para sua idade e não apresenta construídos os conceitos de pensamento operatório formal. Nas provas do método clínico propostas por Piaget R. conseguiu transferir reversibilidade de pensamento e ter domínio de correspondências em classificação, seriação, conservação de massa, conservação de peso, pareamento termo a termo. Já na prova de conservação de superfície, conservação de líquido e dicotomia o nível perceptivo não tem um olhar com base no nível representativo, facultando desvendar do que ocorre. Quanto a completar frases, desenho espontâneo, Par Educativo, não condizem com a representação esperada. Mais especificamente na área da linguagem, mostra dificuldade de compreensão, suas respostas tem fundamento, mas não condizem com as esperadas. Além desta questão apresenta um fato curioso que é a exteriorização do pensamento, enquanto faz alguma coisa vai falando em voz baixa, o que parece estar pensando e decidindo o que vai fazer no momento seguinte. Apresenta mecanismos de adaptação em desequilíbrio. O pouco que assimila acomoda mal. R. diz não gostar de desenhar e escrever, mas gosta de andar de bicicleta e jogar bola. Mas coloca-se numa situação de não saber quando não é estimulado e então se acomoda. O sujeito não se identifica com a figura humana, o EU, o TU e o NÓS não se encontram na estrutura da gênese. 57 Área relativa ao desejo – Durante o processo de avaliação o sujeito se apresentava com um olhar fixo, sério, parecendo estar escondendo sua angústia associada ao desejo. E durante a conversas com o sujeito deslizou confessando que seu desejo é ter uma família. Esta família também pode estar na escola dando suporte para a construção e reconstrução do EU, TU e NÓS e do não aprender. Nos atendimentos o sujeito procura trabalhar sem reclamar e se esforça para realizar o que é solicitado. Mas sua compreensão, interpretação e argumentação quando solicitado são sempre muito rápidas e superficiais. Muitas vezes nos atendimentos me chamou de pai e logo ri e diz não. Quando a palavra pai vem do seu coração expande alegria e vida, pois seu desejo é ter com ele o pai. Batizei R. de Gerânio, porque quando expressa sua alegria o cheiro do seu perfume o transforma e chama a atenção, sorri, fica meigo, carinhoso. O sujeito esconde o desejo de conhecer o Pai porque a mãe proibiu e o esconde para ele não vê-lo e conhecê-lo. A mãe não consegue chegar perto de R. para lhe dar um abraço ou beijo e R. nunca deu um beijo em sua mãe. Há momentos que R. parece ter um coração sensível, mas há momentos em que se fecha e não quer falar. Entre a mãe e R. há corações gelados, não há aproximação entre os dois, somente para realizar necessidades básicas como; te arruma e vai pra escola, vai brincar, vem comer, etc. Os demais familiares não tem vínculo nenhum. 58 4 PROJETO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Parecer O menino que não podia perfumar! Maria Inês Camini Um Gerânio! O Gerânio completo, É incompleto no mundo, Não tem perfume, Não sente, Não cheira, Não chora, Só age, Olhar longe, Olhar longo, Com seu corpo. O amor onde está? Onde ficou? Parece distante, É falta, a todo instante! O valor da vida, Se perdeu na saída, De forma incontida! E agora, Vivo a vagar, A procurar, Sem direção, Pois o perfume, 59 Deixou solidão, Neste enorme mundão! Que pena, Me falta, Uma parte, De mim! Para que Eu possa Perfumar O meu jardim! E aos que estão Ao redor de mim! Objetivo Geral Reconhecer o afeto e sua estrutura familiar, interagindo para o desenvolvimento cognitivo, ressignificando o desejo e os significados do aprender nas suas questões mais dramáticas, propiciando um melhor desempenho e prevenção da saúde mental saudável no grupo familiar, na escola e na sociedade. Objetivos Específicos • Trabalhar questões ligadas ao vínculo familiar; • Construir uma aprendizagem alicerçada no afeto, na auto-estima e valores sócio-culturais, despertando e estimulando um aprender prazeroso e desejado no meio em que vive; Metodologia A metodologia terapêutica será atendimento individual com o sujeito, encontros com a mãe, encontros na escola com seus professores e com seus colegas de turma. As atividades desenvolvidas foram técnicas com papel de carta lâmina(01), comunicação verificando a forma de comunicação e interação do sujeito, bem como o grau de afetividade liberado nesta inter-relação, lâmina (02) vinculação 60 afetiva, verificando as relações vinculares que o sujeito estabelece, a percepção da relação contido no ambiente e o tipo de vínculo que emerge dessa interação e os jogos Boole, motivando e estimulando o pensamento dinâmico para o aprender. 61 5 INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA No início do processo terapêutico R. chegava nas sessões com olhar fixo e estranho, os lábios pareciam cerrados a chave, as respostas do seu vocabulário no silencio e sua expressão era de frieza, tristeza, falta de sensibilidade e afeto de dureza com a mãe, os colegas e a terapeuta. No decorrer dos encontros R. chegava mais alegre, contava como foi o seu dia, suas angústias, os momentos de alegria, os seus medos. A mãe de R. confiava pouco no que R. dizia e percebeu uma falha que estava cometendo com o filho. Na escola R. melhorou o comportamento, mas a pedagogia do ensinar, a impulsão e os maus tratos e palavras da professora deixava R. desgostoso com a escola e professora. R. aprendia pouco porque não era estimulado para aprender. O papel de carta (01) comunicação, R. se mostrava a vontade e quando solicitado para fazer a leitura perceptiva oral, o reconhecimento dos personagens e objetos, realizou com tranqüilidade, mas a relação afeto ficou no desejo que gostaria de escrever uma carta ao pai, mas a mãe não permitia. Oliveira (2007, p. 74) frisa a importância do reconhecimento do pai como autor da lei, pela mãe, oportunizando à criança o reconhecimento do nome do pai. Caso contrário, se a mãe renega a função paterna, abrindo espaço à criança de negar a Lei, ambas ficam presas no imaginário e a criança continua em sujeição à mãe. O papel de carta vinculação afetiva, R. avança o micro-contexto familiar (OLIVEIRA, 2006, p. 8), é marcado pelas leis da genética e da consangüinidade. E R. se identifica com eu que deseja na sua totalidade, uma família unida com amor, alegria e feliz. Este eu está se equilibrando e poderá ir mostrando suas realizações quanto pela inteligência, pelo organismo, pelo desejo e pelo corpo. 62 Na terceira sessão de intervenção terapêutica foi usada a técnica dos jogos Boole. R. realizou a seqüência lógica das cartas, mas no momento dos cálculos sentiu muita dificuldade para somar. A construção da área cognitiva foi muito pouco trabalhada. Também R. se prontificou em vir vários dias para aprender bem o jogo, percebe-se a vontade e interesse em aprender. Segundo Piaget 1978, p. 19 “[...] conhecer não consiste em copiar o real, mas em agir sobre ele e em transformá-lo de modo a compreendê-lo em função de sistemas de transformação a que estão ligadas essas ações”. 63 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Avaliação A pesquisa bibliografia, a reflexão, a investigação, a metodologia, as técnicas e o espaço de tempo que estive com o sujeito resultou no resgate do aprender do sujeito. Todas as sessões foram muito significativas, porque ajudaram e orientaram na mediação do sujeito para o reconhecimento de sua identidade, na ressignificação do afeto no grupo familiar em que se encontra inserido e no significado do aprender nas relações do EU, TU e do mundo. O sujeito teve muitos avanços ao demonstrar a sua complexa dramática do grupo familiar como: o desejo de ter um pai e uma família unida e feliz. O processo de compreensão da transferência (do paciente) e da contratransferência (do terapeuta psicopedagogo) auxilia na intervenção psicopedagógica uma vez que a estrutura cognoscente do sujeito se beneficia por assimilar e acomodar mais equilibradamente a partir da ressignificação de sua dramática . Uma estrutura familiar sadia e uma escola sabia no ensinar farão o sujeito inventar e reinventar estratégias para o desempenho de suas competências, habilidades e desenvolvimento da reconstrução e potencialidade da aprendizagem prazerosa e desejada. Quero desejar a bênção do Divino e um agradecimento especial a coordenadora do Curso Dom Alberto e também a nossa sábia e mestra Orientadora Vanda que com muito carinho e competência nos proporcionou momentos tão significativos de conhecimentos, aprendizagens, de experiência profissional, para que este trabalho de conclusão tivesse sucesso e seu desenvolvimento e desempenho com o sujeito e a terapeuta alcançassem os objetivos propostos e esperados. Auto-avaliação No caminhar das aulas e do Estágio de Estudo de Caso foi massificante a dedicação para que as aprendizagens tivessem um desempenho articulado com 64 todos os envolvidos e resultasse na realização da totalidade. Também posso dizer que me sinto orgulhosa e feliz por ter conseguido realizar este trabalho tão complexo, mas que era um sonho que desejava realizar há muitos anos atrás. Portanto, ter a sensibilidade de ter um olhar e uma escuta psicopedagógica, e, poder auxiliar e ajudar na prevenção da saúde mental e sociocultural de quem de mim precisar é uma dádiva de competência e uma bênção de Deus pela realização profissional, individual e familiar. Por isso, neste momento me sinto realizada e feliz pela vitória nas aprendizagens recebidas, conquistadas, plantadas e indicadas por minha professora Vanda que mora em meu coração. Só me resta agora, como profissional, o comprometimento de continuar me aperfeiçoando para que meu trabalho tenha o potencial e competência merecida. 65 7 REFERENCIAS BARBOSA, Camila Araújo. Oligotimia ou Oligofrenia: A importância do Diagnóstico Diferencial na Psicopedagogia. Porto Alegre: Trabalho de Conclusão de curso de Graduação em Psicopedagogia, PUC-RS, 2005. BEUCLAIR, João. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades. Coleção Olhar Psicopedagógico. Rio de janeiro: Editora WAK, 2004 (a). BRUNER, Jerome S. 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El Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1979. ______. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 67 8 ANEXOS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA ESTUDO DE CASO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Nome da estagiária: Maria Inês Camini Local do estágio: (na própria residência) Meses: agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2010. REGISTRO DE ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO DATA 17.08.10 18.08.10 20.08.10 23.08.10 24.08.10 27.08.10 28.08.10 29.08.10 30.08.10 30.08.10 31.08.10 10.09.10 11.09.10 13.09.10 15.09.10 21.09.10 23.09.10 24.09.10 25.09.10 26.09.10 27.09.10 30.09.10 09.10.10 16.10.10 23.10.10 30.10.10 05.11.10 Nº DE HORAS 1 hora 2h e 30 min. 2 horas 2 horas 1 hora 1 hora 1 hora 50 min. 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 1 hora 5 minutos 2 horas 1 hora 1 hora 1 hora 2 horas 2 horas 50 minutos 1 hora AÇÃO PSCICOPEDAGÓGICA Entrevista com a mãe Entrevista com a mãe Entrevista com a professora Entrevista da história vital Hora do jogo (S. Pain) Caixa lúdica psicopedagógica (V.S. Oliveira) Prova de classificação Prova de seriação Prova de pareamento termo a termo Prova conservação de superfície Prova de conservação de massa Prova de conservação de peso Prova de conservação quantidade de líquidos Prova de dicotomia Par educativo (1) Par educativo (2) Hora da escrita (completar frases) Desenho espontâneo Teste de Toulouse Retomada da caixa lúdica psicopedagógica Teste psicomotor de Pica e Vayer Par educativo (3) Jogos Boole Papel de carta (afetividade) Papel de carta (comunicação) Cálculos Observação da aula de educação física 68 02.11.10 26.11.10 15.12.10 1 hora 1 hora 15 minutos Observações do recreio Diálogo com professores. Apresentação de R: capoeira 69 ANEXOS (FOTOS) 70 71