UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DIEGO DE SOUSA AGUIAR ANÁLISE DO PANORAMA EÓLICO NACIONAL E DA INSTRUMENTAÇÃO APLICADA À CERTIFICAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS MEDIANTE ESTUDO DE CASO FORTALEZA 2013 DIEGO DE SOUSA AGUIAR ANÁLISE DO PANORAMA EÓLICO NACIONAL E DA INSTRUMENTAÇÃO APLICADA À CERTIFICAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS MEDIANTE ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista, pela Universidade Federal do Ceará. Orientador: Prof. MSc. Alexandre Rocha Filgueiras FORTALEZA 2013 AGRADECIMENTOS A Deus, primeiramente, por permitir a realização deste grande sonho. Por ter me dado saúde e condições de batalhar pelo meu sucesso, assim como todas as graças que tem me dado, até meus dias presentes. Aos meus pais, Carlos e Luciene, e aos meus irmãos Davidson e Dennis, assim como toda a minha família, por todo amor e carinho, por toda base e apoio que me deram e que me fizeram a pessoa que sou hoje, nunca medindo esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Agradeço à minha namorada Isabela Guedes por toda a paciência e aguentado todos os meus estresses principalmente no período de elaboração deste trabalho. A todos os professores da UFC do Departamento de Engenharia Elétrica, em especial ao professor e orientador Alexandre Rocha Filgueiras que me proporcionou a oportunidade de trabalhar na área de pesquisas em energia eólica, ampliando os meus conhecimentos que me levaram a execução desta monografia. Aos meus grandes amigos Aloísio Fernandes Dias, Antônio Dias, Jorge Wattes, Thais Rodrigues, Marcus Anderson, Elcid Oliveira, Matheus Fernandes e todos os colegas que me ajudaram ao longo do curso e com quem dividi a angústia das provas e a alegria das comemorações. A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho meus sinceros agradecimentos. RESUMO Na antiguidade, o vento era utilizado para mover barcos a vela e substituir a força motriz animal em moinhos de vento. Depois da descoberta da eletricidade e com a utilização das máquinas movidas a combustíveis fósseis, o setor eólico ficou um pouco relegado, mas com a primeira “Crise do Petróleo”, as pesquisas no setor eólico foram alavancadas e com isso, a utilização da energia eólica se mostra cada vez mais viável para a produção de energia elétrica, com uma capacidade atual de gerar 500 TWh por ano, o que seria aproximadamente 3% do consumo mundial. No âmbito nacional, o Brasil aponta um crescimento significativo no que diz respeito ao desenvolvimento do setor eólico. Com o lançamento em 2001 do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, houve um impulso no desenvolvimento da energia eólica no país. Através do atlas foi possível obter informações que proporcionam uma melhor identificação das áreas adequadas para o aproveitamento eólico. Para o desenvolvimento da tecnologia na área de energia eólica, é fundamental ter uma política que adote o incentivo desse tipo de geração, bem como leis que regulamentam e direcionam esse desenvolvimento. Tal normatização é abordada neste trabalho. Outro tópico abordado neste trabalho é a utilização de mapas eólicos ou modelos atmosféricos para a determinação do potencial eólico, a qual apresenta como desvantagem a elevada possibilidade de obtenção de resultados de baixo nível de confiabilidade. Logo, este trabalho sugere uma análise mediante a determinação dos parâmetros de Weibull após a tomada de dados por sensoriamento local. Tal método é exposto num estudo de caso. Palavras-chave: Sensoriamento Eólico, Regulamentação do Setor Eólico Brasileiro. Weibull, Panorama Eólico Nacional, ABSTRACT Whilom, the wind was used to move sail boats and replaced the driving force animal windmills. After the discovery of electricity and the use of machines powered by fossil fuels, the wind industry was somewhat relegated, but with the first "oil crisis", the research in the wind sector were leveraged and therefore, the use of wind energy shown increasingly viable to produce electricity, with a current capacity of generating 500 TWh per year, which would be about 3% of the world’s consumption. Nationally, Brazil shows a significant increase with respect to the development of the wind sector. With the 2001 launch of the Atlas of Brazilian Wind Potential, there was a push to develop wind energy in the country. Through the atlas information was available that provide better identification of suitable areas for harnessing wind energy. For the development of technology in the area of wind energy, it is crucial to adopt a policy encouraging this type of generation, as well as laws that regulate and direct this development. Such standardization is discussed in this paper. Another topic addressed in this work is the use of maps wind or atmospheric models for determining the wind potential, which has the disadvantage of high possibility of obtaining results of low reliability. Thus, this work suggests an analysis by determining the parameters of Weibull after sensing data taking place. This method is exposed in a case study. Keywords: Wind Sensing, Weibull, Panorama National Wind, Regulation of the Brazilian Wind LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Moinho de Vento ................................................................................................ 10 Figura 2 – Desenvolvimento e previsão da capacidade total instalada nos anos de 1997 a 2020. .................................................................................................................................... 11 Figura 3 – Marcos Regulatórios: Evolução Histórica. ........................................................... 20 Figura 4 – Torre de medição anemométrica. ......................................................................... 24 Figura 5 – Anemômetro de concha. ...................................................................................... 25 Figura 6 – Anemômetro Ultrassônico. .................................................................................. 25 Figura 7 – Windvane ou Biruta. ............................................................................................ 26 Figura 8 – Datalogger. ......................................................................................................... 26 Figura 9 – Distribuição dos equipamentos na torre de medição anemométrica. ..................... 28 Figura 10 – Fluxo de ar através de uma área transversal A. .................................................. 31 Figura 11 – Exemplo de histograma das frequências de distribuição da velocidade do vento. 33 Figura 12 – Curvas relativas à função de Weibull. ................................................................ 39 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Capacidade Eólica Instalada no Mundo ............................................................... 11 Tabela 2 – Capacidade Eólica Instalada na América do Norte, em MW ................................ 12 Tabela 3 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da Europa, em MW .................................................................................................... 13 Tabela 4 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da Ásia e Austrália, em MW ...................................................................................... 14 Tabela 5 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da África, em MW ..................................................................................................... 14 Tabela 6 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da América Latina, em MW ....................................................................................... 15 Tabela 7 – Projeção da evolução da capacidade instalada por fonte de geração, em MW ...... 16 Tabela 8 – Potencial Eólico Instalado por estados ................................................................ 17 Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação ............................................................. 17 Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação (Continuação) ...................................... 18 Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação (Continuação) ...................................... 19 Tabela 10 – Exemplo de dados de vento da série histórica em um intervalo de 1 hora .......... 36 Fonte: Elaborada pelo Autor. ............................................................................................... 36 Tabela 11 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.01. ................................................................................................................ 36 Tabela 12 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.02. ................................................................................................................ 36 Tabela 13 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.03. ................................................................................................................ 37 Tabela 14 – Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.01. ....... 37 Tabela 15 – Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.02. ....... 37 Tabela 15 – (Continuação) Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.02. ................................................................................................................ 38 Tabela 16 –Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.03. ........ 38 Tabela 17 –Parâmetros da Função de Weibull....................................................................... 38 Tabela 18 – Densidade de Potência Média. .......................................................................... 40 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica EPE Empresa de Pesquisa Energética MME Ministério de Minas e Energia ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia WWEA World Wind Energy Association LISTA DE SÍMBOLOS E energia cinética J joule m massa do ar kg quilograma v velocidade do vento m/s metros por segundo P potência disponível no vento W watt ̇ fluxo de energia t tempo s segundo ̇ fluxo de massa de ar massa específica do ar A área da seção transversal densidade de potência densidade de potência média a fator de escala k fator de forma º graus ( ) função de Weibull ( ) função de distribuição acumulada s(X) ( ) desvio padrão função gama SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9 1.1 Histórico do Uso da Energia Eólica ............................................................................... 9 1.2 Panorama Atual Mundial ............................................................................................ 10 1.3 Panorama Norte Americano ........................................................................................ 12 1.4 Panorama Europeu ...................................................................................................... 12 1.4 Panorama Asiático e Australiano ................................................................................ 13 1.5 Panorama Africano ...................................................................................................... 14 1.6 Panorama Latino Americano ...................................................................................... 14 1.7 Conclusões .................................................................................................................... 15 2 PANORAMA ATUAL BRASILEIRO ........................................................................... 16 2.1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 16 2.2 Regulamentação ........................................................................................................... 19 2.3 Conclusões .................................................................................................................... 22 3 ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO............................................................................................. 23 3.1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 23 3.2 Regulamentação ........................................................................................................... 27 3.3 Conclusões .................................................................................................................... 30 4 ANÁLISE DE DADOS DE VENTO ............................................................................... 31 4.1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 31 4.2 Estimativa do Potencial Eólico de um Local ............................................................... 35 4.3 Conclusões .................................................................................................................... 40 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 42 5.1 Considerações Finais .................................................................................................... 42 5.2 Trabalhos Futuros ........................................................................................................ 44 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 45 9 1 INTRODUÇÃO 1.1 Histórico do Uso da Energia Eólica O vento vem sendo utilizado pela humanidade há milênios atrás. Há 5000 anos, com a invenção do barco a vela, a utilização da força do vento tornou possível o deslocamento de pessoas e mercadorias por distâncias cada vez maiores. Barcos egípcios, em torno de 2.500 A.C., já estabeleciam um comércio entre a foz do Nilo e a Terra de Canaã, enquanto os Sumérios navegavam entre os Rios Tigre e Eufrates, saindo do Golfo Pérsico e, assim, estabeleciam um comércio com a Índia. Com o desenvolvimento das práticas agrícolas pala humanidade, necessitava cada vez mais de ferramentas que o auxiliassem nas diversas etapas do trabalho. Tanto a moagem dos grãos quanto o bombeamento de água eram tarefas que cada vez mais exigiam esforço braçal e animal. Para facilitar tais tarefas, foram desenvolvidos os primeiros cata-ventos, também chamados de moinhos de vento, substituindo a força motriz humana ou animal nas atividades agrícolas. Os primeiro registros da utilização da energia eólica para bombeamento de água e moagem de grãos através de cata-ventos é proveniente da Pérsia, por volta de 200 A.C. Ainda antes dos persas, acredita-se na China (por volta de 2.000 A.C.) e no Império Babilônico (por volta 1.700 A.C.) já utilizavam espécies de cata-ventos para irrigação. A introdução dos cata-ventos na Europa deu-se, principalmente, no retorno das Cruzadas há 900 anos. Os cata-ventos foram largamente utilizados e seu desenvolvimento bem documentado. Os moinhos de vento de eixo horizontal na foram amplamente utilizados na Holanda, França e Inglaterra e foram rapidamente disseminados em vários países da Europa. Os moinhos de vento, como ilustrado pela figura 1, impulsionaram a economia agrícola europeia durante vários séculos. Já o uso da energia eólica para produção de energia elétrica teve grande impulso nos anos noventa, apesar de já existirem pesquisas desde o início do século XX. A grande atratividade dos combustíveis fósseis, abundante no final do século XIX, fez com que as turbinas eólicas construídas fossem quase exclusivamente para pesquisa. O desenvolvimento do setor eólico foi primeiramente alavancado pela “Crise do Petróleo” em 1973 onde o preço dos combustíveis fósseis alcançaram preços extremamente altos. Vários países, principalmente os europeus, se viram obrigados a investirem em outras fontes de energia. 10 Figura 1 – Moinho de Vento Fonte: http://en.wikipedia.org/ Como resultado, houve um expressivo desenvolvimento tecnológico de métodos e equipamentos. Um número significativo de fabricantes de turbinas eólicas surgiu no mercado e, rapidamente, melhorou o desempenho e diminuíram os custos das turbinas eólicas tornando a energia eólica competitiva do ponto de vista econômico. O Brasil não acompanhou essa tendência do uso dos ventos como fonte de energia. As pesquisas começaram tarde no Brasil devido ao grande potencial existente nos rios do Brasil, diferentemente dos países europeus. Devido às novas políticas energéticas no Brasil, com o intuito de utilizar várias fontes de energia para que o país não dependa das chuvas para ter energia elétrica. O crescimento econômico estável do país demanda a necessidade de impulsionar o abastecimento energético no Brasil. Com um grande potencial de energia para a produção de energia elétrica, a eólica vem se mostrando como a principal aposta nos rumos para a diversificação da matriz energética do Brasil. Além disso, a energia eólica é uma fonte de energia renovável e também limpa e cada vez mais vem apresentando grande aceitação social. 1.2 Panorama Atual Mundial No ano de 2011, a capacidade eólica instalada no mundo alcançou 237.016 MW, contribuição de 96 países que utilizam a energia eólica para a produção de energia elétrica. A capacidade adicionada foi de 40.053 MW, equivalendo a uma taxa de crescimento médio mundial de 20,3%. Segundo a WWEA, todas as turbinas eólicas instaladas são capazes de 11 prover 500 TWh por ano, o que seria aproximadamente 3% do consumo mundial de energia elétrica. Ainda segunda a WWEA, a previsão da capacidade instalada de 500 GW para 2015 e mais de 1 TW para 2020 como mostra a figura 2. Figura 2 – Desenvolvimento e previsão da capacidade total instalada nos anos de 1997 a 2020. Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. Na tabela 1 são mostrados os valores capacidade instalada nos continentes. Notase que a tendência é o continente asiático tomar o lugar do continente europeu como o continente com a maior capacidade eólica instalada. Segundo a WWEA, em 2011, o setor eólico movimentou 65 bilhões de dólares em novos empreendimentos. Tabela 1 – Capacidade Eólica Instalada no Mundo Continente Europa Ásia América do Norte Resto do Mundo Total Capacidade Instalada em 2011 94.240 GW 39,8% 83.694 GW 35,3% 52.185 GW 22,0% 6.897 GW 2,9% 237.016 GW 100% Capacidade Instalada em 2010 84.963 GW 43,1% 62.455 GW 31,7% 44.189 GW 22,4% 5.379 GW 2,8% 196.986 GW 100% Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. Capacidade Instalada em 2009 75.214 GW 47,1% 41.421 GW 25,9% 38.479 GW 24,0% 4.648 GW 3,0% 159.762 GW 100% 12 1.3 Panorama Norte Americano Na América do Norte, a maior parte das turbinas eólicas instaladas está nos Estados Unidos. O crescimento foi 6.810 MW, resultando numa taxa de crescimento de 16,8, abaixo da taxa de crescimento médio mundial de 20,3%. Esse resultado bem abaixo das expectativas é um reflexo da falta de uma política clara que dê suporte ao setor eólico. Já no Canadá foi diferente. Em termos de crescimento, o país alcançou uma taxa de 31,4%, equivalente a 1.267 MW, devido à nova política de energias renováveis implantada no país. Tabela 2 – Capacidade Eólica Instalada na América do Norte, em MW País EUA Canadá Total Capacidade Instalada em 2011 46.919 5.265 52.186 Capacidade Taxa de adicionada crescimento em 2011 [%] 6.810 16,8 1.267 31,4 8.077 18,3 Capacidade Instalada em 2010 40.180 4.008 44.188 Capacidade Instalada em 2009 35.159 3.319 38.478 Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. 1.4 Panorama Europeu O continente europeu terminou o ano de 2011 com 94 GW de capacidade instalada. Seu crescimento foi de 8,6 GW, equivalendo a uma taxa de crescimento de 11%. Ainda continua no topo em relação ao quesito de capacidade eólica instalada, mas a tendência é ser ultrapassado pela Ásia devido ao pequeno crescimento alcançado face ao crescimento asiático. A Alemanha apresenta uma capacidade instalada de 29.075 MW, sendo, assim, o país europeu com maior capacidade instalada e o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para China e Estados Unidos, primeiro e segundo maior do mundo, respectivamente. Logo atrás da Alemanha está a Espanha, tanto na colocação europeia quanto na colocação mundial. Em 2011, a Espanha alcançou uma capacidade eólica instalada de 21.673 MW. Na tabela 3 é mostrado um resumo do crescimento da capacidade eólica instalada nos principais europeus produtores de energia eólica. 13 Tabela 3 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da Europa, em MW País Alemanha Espanha Itália França Reino Unido Portugal Dinamarca Suécia Holanda Irlanda Total Capacidade Instalada em 2011 29.075 21.673 6.737 6.640 6.018 4.083 3.927 2.798 2.328 2.031 85.310 Capacidade adicionada em 2011 2.007 1.050 950 980 730 375 180 746 68 603 7.689 Taxa de crescimento [%] 6,8 4,8 16,2 17,3 15,6 10,3 5,2 36,4 2,6 42,2 9,89 Capacidade Instalada em 2010 27.215 20.676 5.797 5.660 5.204 3.702 3.734 2.052 2.269 1.428 77.737 Capacidade Instalada em 2009 25.777 19.149 4.850 4.574 4.092 3.357 3.163 1.448 2.223 1.310 69.943 Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. 1.4 Panorama Asiático e Australiano A Ásia teve um aumento de 21,2 GW na capacidade instalada em 2011, o que representa uma taxa de crescimento 34%. Apesar de ter apresentado uma taxa de crescimento acima da taxa média mundial (20,3%), foi um crescimento relativamente pequeno quando comparado aos anos de 2010 (51%) e 2009 (67%). Esse crescimento nos últimos anos foi alavancado principalmente pela China. Em 2007, a China possuía 5,9 GW de capacidade instalada e em 2008 já se teve um aumento considerável, totalizando 12,2 GW. Em 2011, a China alcançou uma potência instalada de 62,4 GW sendo responsável por 75% da capacidade eólica instalada na Ásia, seguida pela Índia com 19%, totalizando 83,7 GW instalados no continente, ou seja, 35,3% da capacidade eólica instalada no mundo. Já na região das Austrália e Oceania, a taxa de crescimento da capacidade instalada foi abaixo da taxa de crescimento médio mundial, alcançando 14% que equivale a uma potência 351 MW. A tabela 4 ilustra um resumo do crescimento da capacidade éolica instalada nos principais países produtores da Ásia e na Austrália. 14 Tabela 4 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da Ásia e Austrália, em MW País China Índia Japão Austrália Total Capacidade Instalada em 2011 62.364 15.880 2.501 2.005 82.750 Capacidade Taxa de adicionada crescimento em 2011 [%] 17.600 39,4 2.827 21,5 167 8,6 234 6,6 20.828 33,6 Capacidade Instalada em 2010 44.733 13.066 2.304 1.880 61.983 Capacidade Instalada em 2009 25.810 11.807 2.083 1.877 41.577 Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. 1.5 Panorama Africano A potência instalada na África é inexpressiva, mostrando-se ser apenas 0,4% da capacidade mundial. Os principais países produtores de energia eólica na África, com quase 90% das turbinas instaladas nesses países, são: Egito, com 550 MW de capacidade instalada; Marrocos, com 286 MW de capacidade instalada; Tunísia, com 54MW de capacidade instalada. No ano de 2011 houve apenas a adição de 5 MW de capacidade nesses três países. A tabela 5 mostra um breve resumo do crescimento da capacidade instalada nos principais países africanos produtores de energia eólica. Tabela 5 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da África, em MW País Egito Marrocos Tunísia Total Capacidade Instalada em 2011 550 291 54 895 Capacidade Taxa de adicionada crescimento em 2011 [%] 0 0 5 1,7 0 0 5 0,56 Capacidade Instalada em 2010 550 286 54 890 Capacidade Instalada em 2009 435 253 29 717 Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. 1.6 Panorama Latino Americano Em 2011, a América Latina pela primeira vez alcança o feito de adicionar mais de 1 GW de capacidade instalada em 1 ano. A taxa de crescimento foi de 56,4%, bem acima da média mundial de 20,3%. Isso se deve à grande expansão promovida pelo Brasil e o México com a adição de capacidade de 498 MW e 408 MW, respectivamente, sendo, os dois, os 15 países com a maior taxa de crescimento. O México apresentou uma taxa de crescimento de 78,3% e o Brasil uma taxa de 53,7%. Mas ainda, assim, a potência instalada é de 3.220 MW, o que representa apenas 2,9% da capacidade mundial instalada. Outro marco realizado pelos países latino americanos em 2011 foi a instalação de novos parques eólicos em dois países que não possui tal produção de energia: Honduras, com 70MW instalado; Republica Dominicana, com 33,2 MW instalado. Brasil, México, Argentina, Costa Rica, Jamaica, Chile e, os países já anteriormente citados, Honduras e República Dominicana instalaram turbinas eólicas em 2011. A tabela 6 ilustra um resumo do crescimento da capacidade instalada nos principais países latino americanos produtores de energia eólica. Tabela 6 – Distribuição da capacidade Instalada nos principais países produtores de energia eólica da América Latina, em MW. País Brasil México Chile Costa Rica Argentina Total Capacidade Instalada em 2011 1.429 929 190 148 129 2.825 Capacidade Taxa de adicionada crescimento em 2011 [%] 498 53,7 408 78,3 20 11,8 28 20,5 75 47,2 1.029 56,14 Capacidade Instalada em 2010 930 521 170 123 89 1.833 Capacidade Instalada em 2009 600 417 168 123 28 1.336 Fonte: World Wind Energy Report 2011 – WWEA, 2012. 1.7 Conclusões Nesse capítulo foi abordado um breve histórico sobre a utilização do vento antes da descoberta da eletricidade, destacando-se o uso para mover barcos a vela e substituindo a força motriz animal em moinhos de vento. Depois da descoberta da eletricidade e com a utilização das máquinas movidas a combustíveis fósseis, o setor eólico ficou um pouco relegado, mas com a primeira “Crise do Petróleo”, as pesquisas no setor eólico foram alavancadas e com isso, a utilização da energia eólica se mostra cada vez mais viável para a produção de energia elétrica, com uma capacidade atual de gerar 500 TWh por ano, o que seria aproximadamente 3% do consumo mundial. 16 2 PANORAMA ATUAL BRASILEIRO 2.1 Considerações Iniciais Em 2001 foi lançado o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, fato que impulsionou o desenvolvimento da energia eólica no país. Através do atlas foi possível obter informações que proporcionam uma melhor identificação das áreas adequadas para o aproveitamento eólico. Nesse ano houve uma grande explosão no interesse de empreendedores com o intuito de investir na instalação e operação de novos parques eólicos no país. Segundo o atlas, a região possui um grande potencial eólico, principalmente no litoral dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte e, assim, foi a região que concentrou a atenção dos investidores. Ao longo da década de 2000, a energia eólica teve um crescimento considerável e ao fim de 2010, 0,8% da potencia instalada no Brasil é de fonte de geração eólica, o equivalente a 831 MW. Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 elaborado pelo MME e EPE, projeta-se que a potência instalada de parques eólicos em 2020 será 11,5 GW e vai ser 6,7% da potência instalada no país conforme mostra a tabela 7. Tabela 7 – Projeção da evolução da capacidade instalada por fonte de geração, em MW. Fonte Hidrelétrica Urânio Gás Natural Carvão Óleo Combustível Óleo Diesel Gás de Processo PCH Biomassa Eólica 2010 82.939 2.007 9.180 1.765 2.371 1.497 686 3.806 4.496 831 [%] 75,7 1,8 8,4 1,6 2,2 1,4 0,6 3,5 4,1 0,8 2015 94.053 2.007 11.659 3.205 8.790 1.121 686 4.957 7.353 7.022 [%] 66,8 1,4 8,3 2,3 6,2 0,8 0,5 3,5 5,2 5,0 2020 115.123 3.412 11.659 3.205 8.790 1.121 686 6.447 9.163 11.532 [%] 67,3 2,0 6,8 1,9 5,1 0,7 0,4 3,8 5,4 6,7 Fonte: Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 – MME/EPE, 2011. Atualmente, segundo a ANEEL, o Brasil tem 1,89 GW de potência instalada proveniente de 86 parques eólicos em operação distribuídos em 12 estados coforme mostra a tabela 8. Dos parques eólicos instalados no Brasil, atualmente, o parque eólico Praia Formosa, localizado em Camocim – Ceará, possui a maior potência instalada: 105 MW. Na tabela 9 encontram-se os a localização dos parques em operação, bem como a potência instalada de cada um. 17 Tabela 8 – Potencial Eólico Instalado por estados Estado Ceará Rio Grande do Sul Rio Grande do Norte Santa Catarina Bahia Paraíba Sergipe Rio de Janeiro Pernambuco Piauí Paraná Minas Gerais Total Número de Parques Instalados 19 13 13 13 3 13 1 1 6 1 2 1 86 Potência Instalada [kW] 588.834 414.000 375.156 236.400 95.190 69.000 34.500 28.050 26.750 18.000 2.502 156 1.888.538 Fonte: ANEEL – 10/01/2013. Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação Parque Eólico Município Eólica de Prainha Aquiraz - CE São Gonçalo do Amarante CE Palmas - PR Beberibe - CE Fortaleza - CE Rio do Fogo - RN Acaraú - CE Acaraú - CE Guamaré - RN Guamaré - RN Macaparana - PE Bom Jardim da Serra - SC Beberibe - CE Camocim - CE Aracati - CE Aracati - CE Água Doce - SC Amontada - CE Paracuru - CE Tramandaí - RS Beberibe - CE São Francisco de Itabapoana RJ Parnaíba - PI Eólica de Taíba Eólio - Elétrica de Palmas Parque Eólico de Beberibe Mucuripe RN 15 - Rio do Fogo Praia do Morgado Volta do Rio Alegria II Alegria I Pirauá Eólica de Bom Jardim Foz do Rio Choró Praia Formosa Eólica Canoa Quebrada Lagoa do Mato Parque Eólico do Horizonte Eólica Icaraizinho Eólica Paracuru Parque Eólico Elebrás Cidreira 1 Eólica Praias de Parajuru Gargaú Pedra do Sal Fonte: ANEEL – 10/01/2013 Potência Instalada (kW) 10.000 5.000 2.500 25.600 2.400 49.300 28.800 42.000 100.650 51.000 4.950 600 25.200 105.000 10.500 3.230 4.800 54.600 25.200 70.000 28.804 28.050 18.000 18 Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação (Continuação) Parque Eólico Município Parque Eólico Enacel Macau Canoa Quebrada Eólica Água Doce Parque Eólico de Osório Parque Eólico Sangradouro Parque Eólico de Palmares Aracati - CE Macau - RN Aracati - CE Água Doce - SC Osório - RS Osório - RS Palmares do Sul - RS São Gonçalo do Amarante CE Osório - RS Aracati - CE Pombos - PE Gravatá - PE Gravatá - PE Gravatá - PE Mataraca - PB Bom Jardim da Serra - SC Água Doce - SC Bom Jardim da Serra - SC Água Doce - SC Bom Jardim da Serra - SC Água Doce - SC Bom Jardim da Serra - SC Água Doce - SC Água Doce - SC Água Doce - SC Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Mataraca - PB Alhandra - PB Guamaré - RN Guamaré - RN Brotas de Macaúbas - BA Guamaré - RN Guamaré - RN Porto Alegre - RS Taíba Albatroz Parque Eólico dos Índios Bons Ventos Xavante Mandacaru Santa Maria Gravatá Fruitrade Millennium Púlpito Aquibatã Santo Antônio Cascata Rio do Ouro Salto Bom Jardim Campo Belo Amparo Cruz Alta Vitória Presidente Camurim Albatroz Coelhos I Coelhos III Atlântica Caravela Coelhos II Coelhos IV Mataraca Alhandra Aratuá I Mangue Seco 3 Macaúbas Mangue Seco 2 Mangue Seco 1 Parque Eólico Osório 2 Fonte: ANEEL – 10/01/2013. Potência Instalada (kW) 31.500 1.800 57.000 9.000 50.000 50.000 8.000 16.500 50.000 50.000 4.950 4.950 4.950 4.950 10.200 30.000 30.000 3.000 6.000 30.000 30.000 30.000 10.500 22.500 30.000 4.500 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 4.800 6.300 14.400 26.000 35.070 26.000 26.000 24.000 19 Tabela 9 – Parques Eólicos brasileiros em operação (Continuação) Parque Eólico Município Mangue Seco 5 Barra dos Coqueiros Dunas de Paracuru Novo Horizonte Seabra Sangradouro 3 Parque Eólico Cabeço Preto Fazenda Rosário 3 Fazenda Rosário Cerro Chato I (Antiga Coxilha Negra V) Cerro Chato II (Antiga Coxilha Negra VI) Cerro Chato III (Antiga Coxilha Negra VII) IMT Quixaba Quixaba Miassaba II Sangradouro 2 Parque Eólico Cabeço Preto IV Ventos do Brejo A-6 Guamaré - RN Barra dos Coqueiros - SE Paracuru - CE Brotas de Macaúbas - BA Brotas de Macaúbas - BA Osório - RS João Câmara - RN Palmares do Sul - RS Palmares do Sul - RS Santana do Livramento - RS Santana do Livramento - RS Potência Instalada (kW) 26.000 34.500 42.000 30.060 30.060 24.000 19.800 14.000 8.000 30.000 30.000 Santana do Livramento - RS 30.000 Curitiba - PR Aracati - CE Aracati - CE Guamaré - RN Osório - RS João Câmara - RN Brejinho - RN Cabo de Santo Agostinho PE Iturama - MG Potência Total Instalada 2,20 25.500 25.500 14.400 26.000 19.800 6 Caminho da Praia Clóvis Ferreira Minare 86 Total de parques 2.000 156 1,89 GW Fonte: ANEEL – 10/01/2013. 2.2 Regulamentação Para o desenvolvimento da tecnologia de produção de energia elétrica através da energia eólica, é fundamental ter uma política que adote o incentivo desse tipo de geração, bem como leis que regulamentam e direcionam esse desenvolvimento. Em termos de regulamentação, as leis e decretos regulatórios sofreram uma evolução ao longo dos anos afetando diretamente e indiretamente o desenvolvimento da eólica no Brasil. Dessas leis e decretos importantes, listam-se: • Lei 11.488 (Potência Injetada; PIA) - Jun/2007; • Decreto 6048 (Leilão exclusivo para FAR) - Fev/2007; • Lei 10848 (Geração Distribuída como opção para distribuição de energia) Mar/2004; • Lei 10762 (Alterações no PROINFA e demais incentivos) - Nov/2003; 20 • Lei 10438 (Principais incentivos às FAR - PROINFA) - Abr/2002; • Lei 9991 (Dispõe sobre realização de investimentos em P&D; Isenção FAR) Jul/2000; • Lei 9648 (Outros incetivos para PCHs) - Mai/1998; • Decreto 2335 (Constitui a ANEEL) - Out/1997; • Lei 9427 (Institui a ANEEL; 1º Incentivo: AHE de PIE de 1-10 MW) Dez/1996; • Lei 9074 (Concessão de Serviços de Energia Elétrica) - Jul/1995; • Lei 8987 (Concessão de Serviços Públicos) - Fev/1995; • Constituição Federal (art. 175) - Out/1988. A figura 3 mostra a evolução da regulamentação no país. Figura 3 – Marcos Regulatórios: Evolução Histórica. Fonte: http://www.cresesb.cepel.br Das obrigações da empresa responsável pelo parque eólico instalado, segundo as leis e decretos anteriormente citados, pode-se destacar: 1. Implantar a central geradora eólica conforme cronograma apresentado à ANEEL; 2. Cumprir e fazer cumprir as normas legais e regulamentares de geração e comercialização de energia elétrica, respondendo perante a ANEEL, usuários e terceiros, pelas consequências danosas decorrentes da exploração da central geradora eólica; 3. Efetuar o pagamento, nas épocas próprias definidas, da Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica, nos termos da legislação específica; 4. Efetuar o pagamento dos encargos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição decorrentes da operação da central geradora eólica, nos termos da legislação e normas específicas; 21 5. Efetuar solicitação de acesso ao distribuidor local ou ao Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, conforme o caso, nos termos do regulamento específico, e, em especial o art. 9o da Resolução ANEEL no 281, de 1o de novembro de 1999, republicada em 27 de junho de 2001, em prazo compatível com o atendimento do cronograma de implantação da central geradora termelétrica; 6. Celebrar os contratos de conexão e uso dos sistemas de transmissão, nos termos da legislação e normas específicas; 7. Submeter-se à fiscalização da ANEEL; 8. Informar à ANEEL, um ano após a entrada em operação comercial da central, o fator de capacidade real da mesma; 9. Organizar e manter permanentemente atualizado o cadastro de bens e instalações da central geradora eólica, comunicando à ANEEL qualquer alteração das características de sua unidade geradora; 10. Manter em arquivo, à disposição da fiscalização da ANEEL, Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) ou estudo formalmente requerido pelo órgão licenciador ambiental, projetos básico e executivo, registros operativos e de produção de energia elétrica e os resultados dos ensaios de comissionamento; 11. Observar e cumprir a legislação ambiental e de recursos hídricos, providenciando as licenças correspondentes; 12. Submeter-se a toda e qualquer regulamentação de caráter geral ou que venha a ser estabelecida pela ANEEL, especialmente aquelas relativas à produção independente de energia elétrica; 13. Operar a central geradora eólica na modalidade integrada, submetendo-se às instruções de despacho do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS e observando os procedimentos de rede aprovados pela ANEEL; 14. Assinar o acordo do Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE; 15. Prestar todas as informações relativas ao andamento do empreendimento, facilitar os serviços de fiscalização e comunicar a conclusão das obras, no prazo de sessenta dias contado da data em que essa efetivamente ocorrer; 16. Aplicar, anualmente, o montante de, no mínimo, um por cento de sua receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico, nos termos da Lei no 9.991, de 24 de julho de 2000; 22 17. Comunicar à ANEEL, em caso de transferência de controle acionário, para fins de averbação nos registros de autorizações. Dos direitos da empresa responsável pelo parque eólico instalado, segundo as leis e decretos anteriormente citados, pode-se destacar: 1. Acessar livremente, na forma da legislação, o sistema de transmissão e distribuição, mediante pagamento dos respectivos encargos de uso e de conexão; 2. Comercializar a energia elétrica produzida, nos termos da legislação e normas pertinentes; 3. Modificar ou ampliar, desde que previamente autorizado pela ANEEL, a central geradora eólica e as instalações de interesse restrito; 4. Oferecer, em garantia de financiamentos obtidos para a realização de obras e serviços, os direitos emergentes desta Autorização, bem assim os bens constituídos pela central geradora eólica, desde que a eventual execução da garantia não comprometa a continuidade da produção de energia elétrica pela central geradora eólica. 2.3 Conclusões Nesse capítulo foi visto que a energia eólica tem sido uma das principais apostas nos rumos para a diversificação da matriz energética do Brasil. Cada vez mais o setor eólico atrai investidores e está alcançando quase 1% da capacidade instalada total no país. Até 2020, prevê-se que a capacidade instalada chegará a quase 7%. Todo esse crescimento se deve às políticas atuais que adotam o incentivo a geração de energia elétrica através de energias alternativas renováveis. As leis e decretos regulatórios sofreram uma evolução ao longo do tempo, direcionando esse desenvolvimento. 23 3 ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO 3.1 Considerações Iniciais Uma opção para a determinação do potencial eólico é a utilização de medições de ventos oriundas de estações meteorológicas próximas ao local em estudo, mas, para a estimativa do potencial eólico, tais medições podem resultar em um alto nível de incerteza à análise. A utilização de mapas eólicos ou modelos atmosféricos é uma metodologia utilizada para a determinação do potencial eólico, todavia os dados podem levar a um resultado com baixo nível de confiabilidade. A utilização desse método é indicado para se ter uma visão macroscópica das regiões que apresentam uma maior viabilidade e atratividade para instalar um empreendimento eólico, economizando, substancialmente, tempo e recursos. A melhor metodologia para se determinar o potencial eólico é realizar as medições de vento no local em estudo e, assim, obter um resultado de maior confiabilidade. Para realizar as medições primeiramente instala-se uma torre anemométrica. Essa torre é uma estação responsável pela coleta dos dados de vento, como, por exemplo, velocidade do vento e sua direção. O período de medição realizada pela estação anemométrica deve ser suficientemente longo para poder determinar o comportamento do vento, cobrindo, assim, as variações meteorológicas do local. Com pelo menos um ano de medições é possível obter uma análise suficientemente segura que caracterize o comportamento do vento. Conforme já citado, a qualidade dos dados de ventos obtidos é imprescindível para determinar o potencial do local. Os principais motivos que interferem na qualidade dos dados de ventos são: • má escolha do local de medição; • prática inadequada na escolha dos anemômetros; • montagem imprópria dos anemômetros; • altura de medição inadequada; • duração das medições não representativa das condições ambientais do local; • inexperiência dos técnicos responsáveis. A estação anemométrica consiste basicamente dos sensores que realizam a leitura dos vários parâmetros que caracterizam o vento e um sistema que armazena esses dados podendo ou não transmitir esses dados para um banco de dados. Normalmente, a estação é composta por dois anemômetros situados em duas alturas diferentes, uma biruta ou windvane, e um datalogger que é o responsável pelo armazenamento dos dados oriundos dos sensores. A figura 4 apresenta uma torre anemométrica. 24 Figura 4 – Torre de medição anemométrica. Fonte: http://newsitetorres.com A Figura 5 mostra um tipo de anemômetro, que é um sensor que mede a velocidade do vento. Esse anemômetro tem concha do tipo cônica, e é o mais utilizado mundialmente. Existe ainda o tipo Sonic Detection And Ranging (SODAR), onde a velocidade do vento é detectada remotamente, por meio de ultrassom. Esse tipo de anemômetro pode medir tanto a velocidade do vento quanto a sua direção. A desvantagem desse tipo de anemômetro é a menor precisão que ele apresenta, devendo ser utilizado com maior cautela, de forma complementar aos anemômetros de concha. Os dados são armazenados no datalogger que podem ser coletados no local ou remotamente com o auxílio de um Global System for Mobile (GSM). 25 Figura 5 – Anemômetro de concha. Fonte: Ammonit. Figura 6 – Anemômetro Ultrassônico. Fonte: Ammonit. A direção do vento é medida através de uma biruta, ou windvane, como ilustrado pela figura 7. 26 Figura 7 – Windvane ou Biruta. Fonte: Ammonit. Os dados medidos pelos anemômetros e pelo windvane são armazenados em um datalogger, que está ilustrado na Figura 8. Figura 8 – Datalogger. Fonte: Ammonit. 27 3.2 Regulamentação A EPE, através da nota técnica DEA 04/12, determina instruções para as medições anemométricas e climatológicas nos parques eólicos. São instruções gerais para o cumprimento das determinações estabelecidas pela Portaria MME 29, do dia 28 de janeiro de 2011, para os parques eólicos vencedores dos leilões promovidos pelo Ministério de Mina e Energia (MME). Sobre as instruções das medições contidas na nota técnica DEA 04/12 é fundamental destacar: • Cada parque eólico, independentemente da potência instalada ou área ocupada, deverá instalar, dentro da área do parque, uma estação anemométrica e climatológica; • A estação de medição deve ser posicionada na parte frontal do parque eólico tendo como referência a direção predominante dos ventos, em local representativo do parque e onde a interferência por obstáculos naturais ou turbulência produzida por aerogeradores de parques adjacentes seja mínima; • A estação de medição deve receber manutenção preventiva anual, e corretiva sempre que necessário, para garantir a qualidade das medições; • A estação de medição deve ter adequada proteção contra descargas atmosféricas e atender às normas relativas à sinalização luminosa para o tráfego aéreo. • As medições de velocidade e direção dos ventos devem ser realizadas a cada segundo e integralizadas em intervalo de dez minutos; • A cada ano calendário (01 de janeiro a 31 de dezembro), os registros das medições não poderão ter índice de perda de dados superior a 10% e o período contínuo máximo de interrupção das medições não poderá ser superior a 15 dias. Conforme ilustrado na figura 9, a estação de medição deve conter: • um datalogger para registrar os dados medidos; • três anemômetros de concha; • dois medidores de direção dos ventos (windvanes); • um medidor de umidade do ar; • um medidor de pressão barométrica; • um termômetro. 28 Figura 9 – Distribuição dos equipamentos na torre de medição anemométrica. Fonte: Nota Técnica DEA 04/12 – EPE 2012. O projeto e montagem da estação de medição e todos os seus equipamentos, bem como sua manutenção são regulamentadas pelas seguintes normas técnicas e publicações: • IEA - INTERNATIONAL ENERGY AGENCY: 11. Wind speed measurement and use of cup anemometry; 1. Edition; Glasgow; 1999; • MEASNET: Cup Anemometer Calibration Procedure; Version 1; Sep 1997; 29 • IEC – INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION: Wind turbines - Part 12-1: Power performance measurements of electricity producing wind turbines (IEC61400-12-1:2005); • MEASNET: Evaluation of site-specific Wind conditions; Version 1, Nov 2009; • MINISTÉRIO DA DEFESA, Comando da Aeronáutica – Portaria Nº 256/GC5, de 13 de maio de 2011. Segundo ainda as instruções da Nota Técnica DEA 04/12 da EPE e contemplando todas as normas citadas anteriormente, têm-se os seguintes pontos fundamentais para a especificação dos equipamentos de medição: • Os anemômetros devem ser do tipo Class 1 ou melhor, de acordo com a classificação da Norma IEC 61400-12-1 e deverão estar calibrados quando da instalação; • A calibração inicial dos anemômetros deve ser realizada por instituição acreditada MEASNET; • Os medidores de direção dos ventos devem ser de precisão igual ou melhor que 3° (três graus), resolução igual ou menor que 1º (um grau), banda morta (dead band) não superior a 6° (seis graus) e velocidade de partida (starting threshold) igual ou menor que 1 m/s; • O higrômetro deve ter precisão igual ou melhor que ±2% entre 5% e 95% RH; • O termômetro deve ter precisão igual ou melhor que ±0,5ºC entre -15°C e 60°C; • O barômetro deve ter precisão igual ou melhor que ±5 hPa entre 800 hPa e 1060 hPa; • Os anemômetros devem ser recalibrados pelo menos a cada vinte e quatro meses de uso por laboratório acreditado de acordo com a norma ISO/IEC 17025. As recalibrações devem obedecer aos procedimentos e recomendações da norma IEC 61400-121, anexo F; • A estação deve continuar operando normalmente durante a recalibração de equipamentos. Anemômetros retirados devem ser substituídos por anemômetros calibrados; • O datalogger deve registrar corretamente o North Jump; • O datalogger deve possuir; – Intervalo de integração e registro de 10 minutos; 30 – Canais para registro das velocidades máxima e mínima do vento no intervalo de integração e da média e do desvio padrão das medições realizadas no intervalo de integração; – Canais para registro da média e do desvio padrão das medições de direção do vento realizadas no intervalo de integração; – Canais para registro dos valores médios no intervalo de integração das medições de umidade relativa do ar, pressão barométrica e temperatura ambiente; – Abastecimento de energia elétrica independente e seguro; – Memória suficiente para garantir o armazenamento de pelo menos 30 dias de medições, para retirada de dados in situ caso haja problema de transmissão dos dados. 3.3 Conclusões Das metodologias para determinar o potencial de um local que foram citadas nesse capítulo, pode-se afirmar que fazendo as medições no local onde se pretende instalar o parque eólico gera dados mais confiáveis, diminuindo as incertezas provenientes das metodologias utilizadas. Essas medições são feitas por estação de medição que consiste dos sensores que medem os parâmetros do vento. Foi visto ainda que a nota técnica DEA 04/12, elaborada pela EPE, determina instruções para realizar as medições anemométricas e climatológicas necessárias nos parques eólicos, bem como relaciona as normas que se deve seguir em relação ao projeto, montagem, manutenção e especificação dos equipamentos da estação. Um resumo da recomendação dos equipamentos que devem ser contemplados na estação de medição está na figura 9. 31 4 ANÁLISE DE DADOS DE VENTO 4.1 Considerações Iniciais A energia eólica nada mais é do que a energia cinética do vento. Como o vento está sempre variando seja a sua velocidade seja a direção do seu deslocamento, então se faz necessário à análise do seu comportamento espacial e temporal. Para começar essa análise, considera-se um fluxo de ar que tem uma velocidade percorre a seção transversal um cilindro imaginário como mostra a figura 10. Figura 10 – Fluxo de ar através de uma área transversal . Fonte: Wind Energy Explained: Theory, Design and Application – J.F. Manwell, J.G. McGowan e A.L. Rogers. Sabendo que a massa do ar é , a energia cinética dessa massa de ar é dada por: ( ) ( ) Sendo: é a energia cinética [J]; é a massa do ar [kg]; é a velocidade do vento [m/s]. A potência ̇ disponível no vento é descrita como: ̇ 32 Sendo: é a potência disponível no vento [W]; é a energia cinética [J]; ̇ é o fluxo de energia [J/s]; é o tempo [s]; ̇ é o fluxo de massa de ar [kg/s]; é a velocidade do vento [m/s]. O fluxo de massa é definido por: ̇ ( ) ( ) Sendo: ̇ é o fluxo de massa de ar [kg/s]; é a massa específica do ar [kg/m³]; é a velocidade do vento [m/s]; é área da seção transversal [m²]. Substituindo a equação (02) na equação (03) conclui-se que: Sendo: é a potência disponível no vento [W]; é a massa específica do ar [kg/m³]; é a velocidade do vento [m/s]; é área da seção transversal [m²]. Com equação (04) é possível fazer a análise da energia eólica de um determinado local e pode ser escrita por unidade de área definido, assim, a densidade de potência: ( Sendo: ) 33 é a densidade de potência [W/m²]; é a massa específica do ar [kg/m³]; é a velocidade do vento [m/s]. Analisando a equação (05) podemos definir a importância da precisão dos dados de velocidade, já que, por exemplo, um erro de 10% nos dados medidos pode ocasionar um erro de 33% na determinação da potência disponível no local, pois a potência do vento é proporcional ao cubo de sua velocidade. Como o vento tem uma característica estocástica e a sua velocidade é uma variável contínua que sempre está mudando com o tempo, torna o estudo mais complexo. Para facilitar a análise dos dados é necessário, assim, fazer uma discretização desses dados. Esses dados são tabulados na forma de frequência de distribuição, onde as informações são analisadas em intervalos verificando o número de ocorrências para determinar a frequência que ocorre aquele fenômeno. Assim, é possível determinar um histograma das frequências de distribuição da velocidade vento através de um histograma como exemplificado na figura 11. Figura 11 – Exemplo de histograma das frequências de distribuição da velocidade do vento. Fonte: Wind Energy Explained: Theory, Design and Application – J.F. Manwell, J.G. McGowan e A.L. Rogers. Tendo o histograma é necessário descrevê-lo através de uma função densidade de probabilidade, sendo utilizada a distribuição de Weibull. A distribuição estatística da função de Weibull foi desenvolvida para situações onde se deseja analisar grandezas que apresentam constantes variações, tornando-se uma ótima escolha no caso da energia eólica representando as variações de velocidade do vento. A equação (06) representa a função densidade de probabilidade de Weibull: 34 ( ) ( ) ( ) ( ) Sendo: é a velocidade do vento [m/s]; é o fator de escala [m/s]; é o fator de forma. A partir da equação (06) é possível obter uma função equivalente: a função de distribuição acumulada ( ) ∫ Como ( ) ( ) ( ) , tem-se: ( ) ∫ ( ) A solução da integral da equação (08) é a função de distribuição acumulada de Weibull, dada por: ( ) ( ) ( ) Sendo: é a velocidade do vento [m/s]; é o fator de escala [m/s]; é o fator de forma. Fazendo algumas manipulações matemáticas, a equação (09) pode ser transformada numa expressão linear: ( ) ( ) ( )) ( ( ( ( ))) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 35 ( ( ))) ( ( ) ( ) ( , sendo: Nota-se que a equação (13) é uma equação linear da forma ( ( ) ( ))) ( ) ( ) Assim, a reta pode ser obtida através do método dos mínimos quadrados, pela expressão: (∑ ) (∑ )(∑ ) ) (∑ ) ( ) )(∑ ) (∑ )(∑ ) (∑ ) (∑ ) ( ) | | ( ) | | ( ) (∑ (∑ Logo, para determinar os parâmetros de Weibull, tem-se: 4.2 Estimativa do Potencial Eólico de um Local Neste item será apresentada uma série histórica de ventos e suas características a fim de se determinar o potencial eólico de um determinado local para a instalação de um parque eólico. Na torre anemométrica foram instalados três anemômetros de concha em uma mesma altura com o objetivo de obterem-se dados mais precisos da velocidade do vento naquela altura. Levando em conta uma baixa rugosidade do terreno, instalaram-se anemômetros apenas a uma altura de 80 metros, ou seja, os obstáculos que estão perto onde se deseja instalar o parque eólico não irão causar interferências muito grandes. A série histórica em questão consiste de dados de 2 anos de medições, em intervalos de 10 minutos como exemplificado na tabela 10 a seguir. 36 Tabela 10 – Exemplo de dados de vento da série histórica em um intervalo de 1 hora Data 01/01/2009 01/01/2009 01/01/2009 01/01/2009 01/01/2009 01/01/2009 01/01/2009 Hora 00:00 00:10 00:20 00:30 00:40 00:50 01:00 Série Histórica v.01[m/s] v.02[m/s] 4,416 4,333 5,025 4,845 9,851 9,873 6,146 6,044 11,450 11,447 10,991 10,968 5,725 5,507 v.03[m/s] 4,446 5,046 9,462 5,917 11,136 10,903 5,525 dir [º] 223 218 223 223 219 225 225 Fonte: Elaborada pelo Autor. Sendo assim, as tabelas 11, 12 e 13 ilustram as características gerais dos dados oriundos dos anemômetros que serão utilizados para a avaliação do potencial eólico. Tabela 11 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.01. Informações Vmédio [m/s]: s(X) - Desvio Padrão: Vmin [m/s]: Vmax [m/s]: Total de Dados: Direção Preferencial do Vento [ º ]: Altura do Anemômetro Instalado [m]: Valores 7,9844 2,8257 4,0000 12,0000 105120 218 80 Fonte: Elaborada pelo Autor. Tabela 12 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.02. Informações Vmédio [m/s]: s(X) - Desvio Padrão: Vmin [m/s]: Vmax [m/s]: Total de Dados: Direção Preferencial do Vento [ º ]: Altura do Anemômetro Instalado [m]: Fonte: Elaborada pelo Autor. Valores 7,8642 2,7862 3,8409 12,1195 105120 218 80 37 Tabela 13 – Dados de vento da série histórica em relação aos dados medidos pelo anemômetro v.03. Informações Vmédio [m/s]: s(X) - Desvio Padrão: Vmin [m/s]: Vmax [m/s]: Direção Preferencial do Vento [ º ]: Total de Dados: Altura do Anemômetro Instalado [m]: Valores 7,8644 2,7864 3,8402 12,1193 218 105120 80 Fonte: Elaborada pelo Autor. O próximo passo é tabular os dados de tal forma que possa definir a função de Weibull pelo método dos mínimos quadrados como mostrado nas tabelas 14, 15 e 16. Tabela 14 – Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.01. Classes: 12 Mínimo Máximo 0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 Média da Classe (v) 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 4,3388 5,4773 6,4935 7,5035 8,4939 9,5098 10,5190 11,6607 Frequência f(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,2317732 0,1036625 0,0846271 0,0819064 0,0813927 0,0862253 0,1027397 0,2276731 F.acumulada F(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,2317732 0,3354357 0,4200628 0,5019692 0,5833619 0,6695871 0,7723269 1,0000000 Y X -1,3331 -0,8950 -0,6073 -0,3608 -0,1329 0,1020 0,3919 - 1,4676 1,7006 1,8708 2,0154 2,1393 2,2523 2,3532 - Fonte: Elaborada pelo Autor. Tabela 15 – Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.02. Classes: 13 Mínimo Máximo 0 1 1 2 2 3 3 4 Média da Classe (v) 0,0000 0,0000 0,0000 3,9360 Fonte: Elaborada pelo Autor. Frequência f(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0495624 F.acumulada F(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0495624 Y X -2,9792 1,3702 38 Tabela 15 – (Continuação) Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.02. Classes: 13 Mínimo Máximo 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 Média da Classe (v) 4,3918 5,4767 6,4899 7,5027 8,4953 9,5103 10,5264 11,5284 12,0473 Frequência f(v) 0,1914384 0,1022926 0,0853120 0,0837424 0,0825818 0,0892409 0,1100742 0,1956431 0,0101123 F.acumulada F(v) 0,2410008 0,3432934 0,4286054 0,5123478 0,5949296 0,6841705 0,7942447 0,9898877 1,0000000 Y X -1,2882 -0,8663 -0,5804 -0,3311 -0,1013 0,1420 0,4581 1,5248 - 1,4797 1,7005 1,8702 2,0153 2,1395 2,2524 2,3539 2,4448 - Fonte: Elaborada pelo Autor. Tabela 16 –Dados para determinar a função de Weibull relativos ao anemômetro v.03. Classes: 13 Mínimo Máximo 0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 Média da Classe (v) 0,0000 0,0000 0,0000 3,9350 4,3920 5,4777 6,4919 7,4992 8,4938 9,5111 10,5243 11,5288 12,0472 Frequência f(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0493531 0,1917047 0,1025114 0,0849125 0,0834570 0,0830670 0,0892409 0,1097222 0,1958999 0,0101313 F.acumulada F(v) 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0493531 0,2410578 0,3435693 0,4284817 0,5119387 0,5950057 0,6842466 0,7939688 0,9898687 1,0000000 Y X -2,9836 -1,2880 -0,8653 -0,5808 -0,3322 -0,1011 0,1422 0,4573 1,5243 - 1,3699 1,4798 1,7007 1,8705 2,0148 2,1393 2,2525 2,3537 2,4448 - Fonte: Elaborada pelo Autor. Utilizando o procedimento descrito pelas equações (14) a (17), determina-se a função de Weibull, como mostrado na tabela 17 e ilustrado em curvas pela figura 12. Tabela 17 – Parâmetros da Função de Weibull. Anemômetro v01 v02 v03 Fonte: Elaborada pelo Autor. Valores Estimados K a 1,833 8,903 2,444 8,858 2,444 8,860 39 Figura 12 – Curvas relativas à função de Weibull. Série2 Série3 Série4 Fonte: Elaborada Pelo Autor. Logo, para determinar o potencial eólico do local e analisar a viabilidade de instalação do parque eólico, avaliando a densidade de potência média. Na equação x.5 a densidade é determinada instantaneamente em um fluxo de ar, sendo necessário para o cálculo de densidade média de potência encontrar a velocidade média cúbica do vento. ( ( ) ∫ ) Sendo: é a velocidade instantânea do vento [m/s]. Substituindo o valor da velocidade média cúbica na equação x.5, tem-se: ∫ ( ) ( ) ( ) ( ) Sabendo que a função gama é dada por: ( ) ∫ Então a densidade de potência média pode ser escrita como: ( ) 40 Sendo: é a densidade de potência [W/m²]; é a massa específica do ar [kg/m³]; é o fator de escala [m/s]; é o fator de forma. Assim, é possível calcular a densidade de potência média do local em estudo, com os resultados mostrados na tabela 18. Tabela 18 – Densidade de Potência Média. Anemômetro v01 v02 v03 Média Densidade de Potência Média [W/m²] 614,80 476,27 476,62 522,56 Fonte: Elaborada Pelo Autor. Segundo (GRUBB; MEYER, 1993), para que a energia eólica seja considerada tecnicamente aproveitável, a sua densidade de potência deve ter um valor igual ou superior a 500 W/m², quando a uma altura de pelo menos 50 m. Como o resultado obtido da densidade de potência do estudo em questão foi de 522,56 W/m², pode-se concluir que é viável a instalação de um parque eólico nesse local, pelo menos em termos de densidade de potência. 4.3 Conclusões Nesse capítulo foi mostrada a ferramenta matemática necessária para determinar o potencial eólico de um determinado local através do equacionamento de (1) a (21). Tendo em vista as equações (4) e (5), conclui-se a importância de se ter uma medição de qualidade, pois como densidade de potência varia com o cubo da velocidade, um erro de 10%, por exemplo, nas medições resulta em um erro de 33% na determinação da potência disponível no local. Também foi realizado nesse capítulo um estudo de caso para determinar a viabilidade de instalação de um parque eólico em termos da sua densidade de potencial. De 41 acordo com o procedimento ilustrado pela primeira parte do capítulo, o valor de densidade de potência do local foi 522,56 W/m². Como a densidade de potência calculada é superior a 500 W/m², pode-se afirmar que o local em estudo é viável para a instalação de um empreendimento eólico. 42 5 CONCLUSÃO 5.1 Considerações Finais A utilização do vento já é feita há tempos atrás pela humanidade quando foi inventado o barco a vela, fazendo o transporte de pessoas e mercadorias utilizando a força do vento. Com a evolução das técnicas agrícolas, surgiram os primeiros cata-ventos que tinham a função de substituir a força motriz animal e humana pela força do vento, sendo amplamente utilizado pelos países europeus até a invenção da máquina a vapor. Com a utilização das máquinas movidas a combustíveis fósseis, o setor eólico ficou um pouco esquecido, se limitando a poucas pesquisas dos, até então, dos primeiros aerogeradores, dispositivo que utiliza a energia cinética dos ventos e transforma em energia elétrica. O domínio do combustível fóssil foi pleno até a primeira “Crise do Petróleo”, em 1973, o que alavancou as pesquisas no setor eólico. O panorama atual do setor eólico revela que a capacidade eólica instalada no mundo já ultrapassou 200 GW, contribuição de 96 países, com previsão de mais de 1 TW para 2020, conforme ilustra a figura 2, e todas as turbinas eólicas instaladas tem a capacidade de gerar 500 TWh por ano, o que seria aproximadamente 3% do consumo mundial de energia elétrica. Conclui-se, assim, que o setor eólico é um setor que se desenvolve cada vez mais com grande tendência de crescimento nos próximos anos. O panorama atual no Brasil, apesar do atraso no desenvolvimento do setor eólico em relação a outros países, é de crescimento e cada vez mais a energia eólica ganha visibilidade já alcançando quase 1% da capacidade instalada total no país. Estima-se, ainda, que até 2020 a participação da energia eólica chegará a quase 7%, mostrando, assim, a importância do setor eólico na diversificação da matriz energética do Brasil. Todo esse crescimento se deve às políticas atuais que adotam o incentivo a geração de energia elétrica através de energias alternativas renováveis. As leis e decretos regulatórios sofreram uma evolução ao longo do tempo, direcionando esse desenvolvimento. A metodologia para determinar o potencial de um local mais confiável é utilizando as medições feitas no próprio local em estudo, eliminado boa parte das incertezas oriundas dos dados de ventos. Além disso, para uma melhor qualidade nas medições de vento feitas, a estação de medição deve ser bem montada, seguindo todas as normas técnicas de montagem e manutenção, bem como operada por pessoas tecnicamente habilitadas. As estações de medição consistem dos sensores que medem os parâmetros do vento, tais como velocidade pelo anemômetro e direção pelo windvane. Além dos sensores, as 43 estações anemométricas contam com um datalogger que registra os dados oriundos dos sensores podendo ou não transmitir os dados diretamente para um banco de dados. A nota técnica DEA 04/12, elaborada pela EPE, consiste de uma série de instruções para a realização das medições anemométricas e climatológicas nos parques eólicos a fim de se obter dados concisos e precisos. A figura 9 ilustra como a estação de medição se caracteriza e como é recomendada a distribuição de seus vários sensores e equipamentos. A nota técnica DEA 04/12 ainda trás as várias normas que regulamentam a montagem da estação e especifica os equipamentos a serem instalados, minimizando ao máximo as incertezas que se pode ter em relação às medições de vento. A energia cinética do vento pode ser obtida tendo os valores da massa do ar que realiza um deslocamento e a sua velocidade como mostrado em (1). Realizando os devidos equacionamentos encontra-se uma ferramenta matemática essencial para a determinação inicial da viabilidade da instalação de um empreendimento eólico m termos da densidade de potência, como ilustrado por (5). É importante destacar, também, que devido à densidade de potência variar com o cubo da velocidade, um erro de 10% nos dados resulta em um erro de 33% na determinação da potência disponível no local, concluindo-se, assim, que é imprescindível a obtenção correta e precisa dos dados de vento. Devido às características variáveis do vento, destacando-se, ainda, suas as características contínuas e estocásticas, discretiza-se em forma de distribuição de frequência a fim de facilitar a análise. A função densidade de probabilidade de Weibull, ilustrada pela equação (6), é ideal para analisar grandezas que apresentam constantes variações, como a velocidade de vento em um determinado local. A determinação dos parâmetros da função de Weibull pode ser feita através do método dos mínimos quadrados, conforme o procedimento ilustrado pelas equações (7) a (17). Ainda nesse trabalho foi realizado um estudo de caso para determinar a viabilidade de instalação de um determinado parque eólico em termos da sua densidade de potencial. Foram realizadas medições através de três anemômetros redundantes localizados a 80 metros de altura. A partir dos dados dos anemômetros, foram determinados os parâmetros da função de Weibull conforme ilustrado na tabela 17. De acordo com o procedimento ilustrado pelo equacionamento de (18) a (21), o valor de densidade de potência do local foi 522,56 W/m², que é um valor superior a 500 W/m², concluindo-se, assim, que local em estudo é viável para a instalação de um empreendimento eólico. 44 5.2 Trabalhos Futuros Como trabalhos futuros, pode-se sugerir uma análise mais completa da viabilidade da instalação de um empreendimento eólico considerando além dos fatores já abordados nesse trabalho, outros fatores como a rugosidade do local, a curva de potência dos aerogeradores, a análise topográfica do local e toda uma análise financeira. 45 REFERÊNCIAS CUSTÓDIO, R. dos S. – Energia Eólica: Para Produção de Energia Elétrica. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2009. MANWELL, J. F.; MCGOWAN, J. G.; ROGERS, A. L. – Wind Energy Explained: Theory, Design and Application. United Kingdom: John Wiley & Sons LTD, 2009. CARVALHO, P. – Geração Eólica. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2003. GRUBB, M. J.; N. I. MEYER. – Wind energy: Resources, systems and regional strategies. Washington, D.C.: Island Press, 1993. BURTON, T.; SHARPE, D.; JENKINS, N., Wind Energy: Handbook. England: John Wiley & Sons LTD, 2001. WWEA – World Wind Energy Report 2011. WWEA, 2012 MME/EPE – Plano Decenal de Expansão de Energia 2020. Brasil: MME/EPE, 2011. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br – acessado em 14/01/2013 >. Disponível em: < http://newsitetorres.com – acessado em 14/01/2013 >. Disponível em: < http://www.ammonit.com – acessado em 25/01/2013 >. Disponível em: < http://www.cresesb.cepel.br/index.php – acessado em 25/01/2013 >.