UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Bacharelado em Química Ana Caroline Colombo Frastrone Bianca Camila Pereira Giovanna Amaral de Araújo Karina Monteiro Soares CONSTRUÇÃO DE UM FOTÔMETRO DE CHAMA PARA FINS DIDÁTICOS LINS – SP 2013 ANA CAROLINE COLOMBO FRASTRONE BIANCA CAMILA PEREIRA GIOVANNA AMARAL DE ARAÚJO KARINA MONTEIRO SOARES CONSTRUÇÃO DE UM FOTÔMETRO DE CHAMA PARA FINS DIDÁTICOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Bacharelado em Química, realizado sob a orientação do Prof. Me. Olayr Modesto Júnior. LINS – SP 2013 Frastrone, Ana Caroline Colombo; Pereira, Bianca Camila; Araujo, Giovanna Amaral; Soares, Karina Monteiro Construção de um fotômetro de chama para fins didáticos / Ana F921f Caroline Frastrone; Bianca Camila Pereira; Giovanna Amaral Araujo; Karina Monteiro Soares. -- --Lins, 2013. 65p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Bacharel Química, 2013. Orientadores: Olayr Modesto Junior 1. Química. 2. Pesquisa e Desenvolvimento. 3. Fotômetro de Chama. 4. Validação. I Título. CDU 54 ANA CAROLINE COLOMBO FRASTRONE BIANCA CAMILA PEREIRA GIOVANNA AMARAL DE ARAÚJO KARINA MONTEIRO SOARES CONSTRUÇÃO DE UM FOTÔMETRO DE CHAMA PARA FINS DIDÁTICOS Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito obrigatório, para obtenção do título de Bacharel em Química. Aprovado em: _____/_____/________. Banca Examinadora: Professor Orientador: _____________________________________________. Titulação: ______________________________________________________. Assinatura: ______________________________. 1º Professor (a): _________________________________________________. Titulação: ______________________________________________________. Assinatura: ______________________________. 2º Professor (a): _________________________________________________. Titulação: ______________________________________________________. Assinatura: ______________________________. DEDICATÓRIAS Dedico esse trabalho com todo amor e carinho aos meus pais, Sebastiana e Nelson, porque sem o apoio e o esforço deles para que pudesse ter feito a faculdade, eu não teria conseguido tornar meu sonho realidade... Dedico também a minha irmã, Erica, por estar sempre do meu lado, incentivando a caminhar, e também ao meu namorado. Bianca Dedico este trabalho realizado com tanto esforço, a minha mãe Ivone Donizete Colombo Frastrone e ao meu irmão Diego Colombo Frastrone, que estiveram ao meu lado me apoiando e não medindo esforços para que eu conquistasse essa vitória. Em especial, dedico a meu pai Nivaldo Frastrone que apesar de não estar mais presente em minha vida foi minha estrutura, sem ele eu não poderia ter chego aonde cheguei. Ana Caroline Dedico esse trabalho à Maria Ângela, minha mãe, a eterna e incondicional incentivadora dos meus sonhos, a pessoa que sempre está ao meu lado em todos os momentos. A meu pai, João Augusto, por ter me proporcionado a oportunidade de um futuro promissor, fazendo todos os esforços possíveis para dar continuidade a essa jornada. Giovanna Dedico este trabalho, realizado com muito esforço e perseverança, a mais bela razão de minha existência, minha mãe Adeleusa, que sempre me apoiou e me incentivou. Às minhas irmãs Iasmin e Emily e ao meu padrasto Célio. Karina AGRADECIMENTOS A Deus pela oportunidade de viver cada dia com força e saúde, por sua graça infinita, e seu amor incondicional, a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, assim como nossas famílias pelo apoio, incentivo e principalmente paciência nas horas mais difíceis durante a realização do mesmo. Em especial agradecemos ao nosso orientador Professor Me. Olayr Modesto Júnior que se mostrou muito atencioso proporcionando toda a base necessária para a realização do mesmo, contribuindo com suas experiências e conhecimentos, nos orientando com toda paciência entendo nossas limitações, fazendo assim sua concretização, e por fim, a instituição Unisalesiano que proporcionou o suporte e o aprendizado para finalizamos mais essa etapa da vida, com suas instalações, materiais de pesquisas e corpo discente. EPÍGRAFE “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.” Charles Chaplin RESUMO Este trabalho teve como objeto de estudo a construção e validação de um fotômetro de chama com os conhecimentos adquiridos durante o curso de Bacharelado em Química, numa ação interdisciplinar envolvendo Automação Industrial, Estatística e Quimiometria, Física e Química Analítica. Cientes dos altos custos dos equipamentos de laboratório químico e do fotômetro de chama em particular, traçou-se como objetivo deste trabalho a obtenção de um equipamento de baixo custo, porém, com qualidade suficiente para uso didático. Para alcançar esse objetivo, estudou-se a luz e sua interação com a matéria, bem como, cada parte que compõe esse equipamento e os parâmetros necessários para a validação de seu uso. A escolha do fotômetro para esta pesquisa se deu tanto pelo fato de seu custo elevado, quanto pela sua versatilidade e potencial de utilização por diversos cursos da instituição. Para dar um acabamento mais profissional ao equipamento, foi adquirida uma carcaça de um fotômetro de chama sem condições de recuperação para aproveitamento da caixa e nela adaptar os circuitos desenvolvidos. Os principais componentes utilizados foram: um filtro de interferência específico para os comprimentos de onda emitidos pelo sódio, um fotodiodo como sensor para gerar o sinal analógico e o PIC 18F4520 como interpretador e conversor do sinal analógico para digital. Após a construção, para a etapa de validação, preparou-se cinco soluções-padrão de sódio nas concentrações entre 0,05 e 0,25 mol/L, as quais foram analisadas em replicatas para a avaliação dos parâmetros de validação: precisão, exatidão, limite de detecção e quantificação, robustez, linearidade e faixa linear, reprodutibilidade e repetitividade, seletividade e especificidade. Os resultados obtidos mostraram que o objetivo foi alcançado, o fotômetro embora tenha mostrado uma baixa precisão, revelou-se ter exatidão e robustez satisfatórias. Palavras chave: Química. Pesquisa e Desenvolvimento. Fotômetro de Chama. Confiabilidade analítica. Validação. ABSTRACT This work had as object of study the construction and validation of a flame photometer with the knowledge acquired during the course of Bachelor in Chemistry, an interdisciplinary action involving Industrial Automation, Statistics and Chemometrics, Physical and Analytical Chemistry. Aware of the high cost of chemical laboratory equipments and of the flame photometer in particular, traced as aim of this work to obtain low equipment cost, however, of sufficient quality for didactic use. To obtain this objective, studied the light and its interaction with matter, as well as, each part that makes up this equipment and the parameters necessary for the validation of your use. The choice of the photometer for this research, occurred both because of their high cost, as for its versatility and potential for use by the various courses of the institution. To give a more professional finish to the equipment, was acquired a carcass of a flame photometer without recovery conditions for use of the box and on it adapt the developed circuits. The main components used were: a filter of interference specific for the wavelengths emitted by sodium, a photodiode as sensor to generate the analog signal and the PIC 18F4520 as interpreter and analogue to digital converter. After the construction, for the validation stage, prepared five standard solutions of sodium at concentrations of between 0,05 and 0,25 mol/L, which were analyzed in replicate for evaluating the validation parameters: precision, accuracy, limit of detection and quantification, robustness, linearity and linear range, reproducibility and repeatability, selectivity and specificity. The results obtained showed that the goal was reached, the photometer although it showed a low accuracy, have proved satisfactory robustness and accuracy. Keywords: Chemistry. Research and Development, Flame Photometer, Analytical Reliability, Validation. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Espectro eletromagnético .................................................................. 15 Figura 2: Espectro da luz solar que irradia a superfície do planeta .................. 17 Figura 3: Interações da luz com a matéria ........................................................ 18 Figura 4: Atenuação da luz incidente ................................................................ 20 Figura 5: Processo de excitação e emissão de luz ........................................... 20 Figura 6: Comparação dos espectros ............................................................... 22 Figura 7: Espectro de linha do sódio................................................................. 23 Figura 8: Experimento de Kirchoff e Bunsen .................................................... 24 Figura 9: Caminho da luz no monocromador. ................................................... 28 Figura 10: Fotodiodo típico ............................................................................... 29 Figura 11: Representação gráfica de precisão e exatidão ................................ 32 Figura 12: Curva analítica clássica ................................................................... 35 Figura 13: Fotômetro de chama, vista externa.................................................. 38 Figura 14: Compressor de um inalador ............................................................. 39 Figura 15: Câmara de nebulização e queimador .............................................. 40 Figura 16: Câmara de nebulização ................................................................... 41 Figura 17: Esquema do sistema nebulizador-queimador de um fotômetro de chama .............................................................................................. 41 Figura 18: Fotômetro em funcionamento .......................................................... 42 Figura 19: Placa de circuito impresso, face dos componentes. ........................ 44 Figura 20: Fonte original do fotômetro de chama. ............................................ 46 Figura 21: Placa de circuito impresso (Modo Real World). ............................... 47 Figura 22: Placa de circuito integrado (Modo Normal). ..................................... 48 Figura 23: Esquema para simulação do circuito do fotômetro de chama no Proteus............................................................................................. 51 Figura 24: Correlação entre concentração e emissão na análise de sódio ....... 57 Figura 25: Correlação entre concentração e emissão na análise de sódio com método alterado. ...................................................................... 60 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Relação entre faixa espectral, comprimento de onda, frequência e energia por fóton. ............................................................................ 16 Tabela 2: Preparo de soluções padrão de sódio............................................... 53 Tabela 3: Leituras das soluções-padrão ........................................................... 54 Tabela 4: Concentração de sódio nos padrões obtidos pela aplicação da equação da reta. ................................................................................ 55 Tabela 5: Determinação da precisão do fotômetro de chama. ......................... 55 Tabela 6: Erro relativo nas análises das diferentes concentrações de sódio. ... 57 Tabela 7: Leituras do branco em 10 replicatas. ................................................ 49 Tabela 8: Dados referentes a análise de sódio pelo método 2.. ....................... 51 Tabela 9: Dados utilizados e valores obtidos para o teste t de Student. ........... 61 SUMÁRIO CAPÍTULO I ..................................................................................................... 15 1 A LUZ NA QUÍMICA...................................................................................... 15 1.1 Propriedades da luz ...................................................................................... 15 1.2 Interação da luz com a matéria ................................................................... 17 1.3 Proporcionalidade entre concentração e absorção ou emissão de luz 19 1.4 Espectros de emissão e absorção .............................................................. 21 CAPÍTULO II .................................................................................................... 24 2 ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA ............................................ 24 2.1 Instrumentação para análise por emissão atômica de luz .................. 24 2.2 Sistema de nebulização................................................................................ 25 2.2.1 Pérola de vidro .............................................................................. 26 2.2.2 Mixing vanes ................................................................................. 26 2.2.3 Ultra-Som ...................................................................................... 26 2.3 Combustores .................................................................................................. 26 2.3.1 Combustor de queima total ........................................................... 27 2.3.2 Combustor de mistura prévia ........................................................ 27 2.4 Sistemas ópticos e monocromadores ........................................................ 28 2.5 Detectores ....................................................................................................... 28 2.5.1 Tubos fotomultiplicadores ............................................................. 29 2.5.2 Fotodiodos .................................................................................... 29 2.6 Dispositivos de Leitura .................................................................................. 30 CAPÍTULO III ................................................................................................... 31 3 VALIDAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ANALÍTICOS ....................................... 31 3.1 Precisão e exatidão ....................................................................................... 31 3.2 Especificidade e seletividade ....................................................................... 33 3.3 Linearidade e faixa linear ............................................................................. 33 3.4 Limite de detecção e de quantificação ....................................................... 35 3.5 Robustez ......................................................................................................... 36 CAPÍTULO IV ................................................................................................... 38 4 CONSTRUÇÃO DO FOTOMÊTRO DE CHAMA ........................................... 38 4.1 Sistema de nebulização e queimador ........................................................ 39 4.2 Luz e sistema óptico...................................................................................... 42 4.3. Detecção e sistema eletrônico..............................................................34 4.4. Leitura, conversão e exibição ..............................................................38 CAPÍTULO V .................................................................................................... 53 5 VALIDAÇÃO DO FOTOMÊTRO DE CHAMA ............................................... 53 5.1 Preparação de padrões e metodologia de análise ................................... 53 5.2 Resultados analíticos obtidos com a leitura dos padrões ....................... 54 5.3 Validação do fotômetro de chama para análise de sódio ....................... 55 5.3.1 Precisão ........................................................................................ 55 5.3.2 Exatidão ........................................................................................ 56 5.3.3 Limite de Detecção e Quantificação .............................................. 58 5.3.4 Robustez ....................................................................................... 59 5.3.5 Seletividade e especificidade ........................................................ 61 CONCLUSÃO ................................................................................................... 62 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 63 INTRODUÇÃO Este trabalho teve como objeto de estudo a construção e validação de um fotômetro de chama com os conhecimentos adquiridos durante o curso, numa ação interdisciplinar envolvendo Automação Industrial, Estatística e Quimiometria, Física e Química Analítica. Devido ao alto custo de equipamentos laboratoriais, até mesmo os mais simples, surgiu à idéia da construção de um equipamento alternativo, com um custo bem reduzido, que proporcionasse análises confiáveis. Por esse motivo o objetivo principal do trabalho foi o desenvolvimento deste equipamento e sua validação para uso didático. É a validação que proporciona o conhecimento das características analíticas do equipamento e por consequência a confiabilidade na sua utilização. Escolheu-se o fotômetro de chama tanto pela facilidade na sua montagem e aquisição de seus componentes, quanto a praticidade em relação às análises, espaço e aperfeiçoamento. Para a organização dos assuntos abordados elaborou-se cinco capítulos. Nos três primeiros apresentou-se a fundamentação teórica necessária para entender os princípios que regem o funcionamento do equipamento, suas partes e funções, e por fim, os parâmetros necessários à validação. Nos dois últimos abordou-se a parte prática da construção e validação do equipamento. Nestes descreve-se detalhadamente a montagem do equipamento incluindo o software escrito em linguagem C, responsável pelo funcionamento do equipamento e tratamento do sinal gerado pelo sensor. Por fim abordam-se cada um dos parâmetros de uma validação, com suas equações e discussões dos resultados obtidos. Dentre os vários autores utilizados neste trabalho se destacam Ribani (2004), que apresenta informações necessárias para validação, Cienfuegos e Vaitsman (2000), que abordam em sua obra vários equipamentos assim como seus componentes e funções, e ainda Brown et al. (2005), que apesar de sua obra tratar-se da Química Geral, ressalta significativamente as características 14 da luz, sua propagação e sua ação sobre os elétrons da camada de valência dos átomos. CAPÍTULO I 1 A LUZ NA QUÍMICA 1.1 Propriedades da luz O espectro eletromagnético está dividido em várias faixas, sendo elas; radiação gama, raios x, ultravioleta, visível, infravermelho, microondas e onda de rádio, como mostra a Figura 1. Essas radiações se propagam no vácuo com uma velocidade constante de aproximadamente 2,998 x 108 m/s (BROWN; et al., 2005). Essas radiações eletromagnéticas possuem comportamento ondulatório, semelhante a uma onda do mar, com picos e depressões regulares. A distância entre dois picos consecutivos se chama comprimento de onda. Quando um determinado número de ondas passa por um ponto no tempo de um segundo fala-se em frequência de onda (BROWN; et al., 2005). Figura 1: Espectro eletromagnético Fonte: Atkins; Jones, 2006, p. 114-115. A relação entre características da radiação eletromagnética como velocidade, comprimento de onda, frequência e energia, pode ser expressa pelas equações (1) e (2) (BROWN; et al., 2005). 16 (1) Onde: = comprimento de onda, = velocidade da luz, = frequência (2) Onde: -34 = energia do fóton, = constante de Planck (6,626x10 J.s), = frequência Ao longo do tempo, cientistas como Bohr (1885 á 1962), perceberam que a energia podia ser liberada ou absorvida por átomos em quantidades discretas, Planck deu o nome de quantum a essa quantidade definida de energia (BROWN; et al., 2005). Em 1905 Einstein (1879 á 1955) usou a teoria de Planck para explicar o efeito fotoelétrico. Ele observou que a luz ao incidir em uma superfície metálica leva-a a emitir elétrons, sendo que essa energia quantizada fornecida pela luz foi chamada de fóton (BROWN; et al., 2005). Os fótons podem ser entendidos como pacotes de energia, estando relacionado com a frequência da radiação, como mostra a equação (2) (ATKINS; JONES, 2006). A Tabela 1 mostra de forma resumida a relação entre faixa de radiação eletromagnética, comprimentos de onda central, frequência e energia por fóton. Tabela 1: Relação entre faixa espectral, comprimento de onda, frequência e energia por fóton. Tipo de radiação raios x e raios γ Frequência 14 (10 Hz) 3 Energia por fóton -19 (10 J) 3 3 10 10 350 8,6 5,7 violeta 420 7,1 4,7 azul 470 6,4 4,2 verde 530 5,7 3,8 amarelo 580 5,2 3,4 laranja 620 4,8 3,2 vermelho 700 4,3 2,8 1.000 3,0 2,0 ultravioleta luz visível Comprimento de onda (nm) infravermelho Microondas e 6 3x10 ondas de rádio Fonte: Adaptado de Atkins; Jones, 2006, p. 114. -3 10 -3 10 17 Os olhos humanos detectam apenas os comprimentos de onda entre 400 nm (violeta) e 800 nm (vermelha), é por esse motivo que o intervalo é chamado de luz visível. A luz solar que chega à superfície do planeta é a mistura de todos os comprimentos de onda da luz visível, mais uma pequena fração da faixa do ultravioleta e do infravermelho, próximas à faixa visível, como mostra a Figura 2 (ATKINS; JONES, 2006). A radiação ultravioleta é a responsável por causar danos às células da pele e por estimular a produção de melanina, provocando o bronzeamento. A maior parte desse tipo de radiação, principalmente as de menor comprimento de onda é bloqueada pela camada de ozônio, apenas a fração próxima à luz visível consegue passar (ATKINS; JONES, 2006). Já a radiação infravermelha, esta mais relacionada ao calor e provoca queimaduras na pele humana, tem frequência menor do que luz vermelha, portanto seu comprimento de onda é superior a 800 nm (ATKINS; JONES, 2006). Figura 2: Espectro da luz solar que irradia a superfície do planeta Fonte: http://uvifusp.wordpress.com/o-que-e-a-radiacaoultra-violeta/ 1.2 Interação da luz com a matéria Avanços na eletrônica e na óptica têm melhorado a qualidade dos equipamentos denominados espectrofotômetros, melhorando sua 18 sensibilidade, precisão, exatidão e produzindo menores limites de detecção e quantificação (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). A Figura 3 apresenta de forma resumida as diferentes interações da luz com a matéria dependendo do comprimento de onda da radiação utilizada. Figura 3: Interações da luz com a matéria Fonte: LUZ; http://monikimica.files.wordpress.com/2011/09/fig3.jpg, 2013. Considerando-se as faixas ultravioleta e visível do espectro eletromagnético de maior interesse neste trabalho, um feixe de radiação ao passar por um meio pode ter sua intensidade atenuada, pois algumas de suas frequências podem ser absorvidas por elementos ou compostos que o constitui, os quais podem ser denominados analitos num processo de quantificação química. Isto ocorre pelo que Skoog et al. (2007) denominam como transições eletrônicas no nível de valência. Nesse processo o analito passa de seu estado fundamental a um estado excitado, ou seja, elétrons de um nível de valência com orbital 3s, por exemplo, são promovidos para orbitais 3p, ou mais energéticos ainda, gerando uma situação instável, que tende ao relaxamento e volta do elétron ao seu estado natural com a respectiva emissão de energia. As outras formas de interação da luz com a matéria pode ser resumida da seguinte forma: A radiação de baixa energia, como as ondas de rádio são utilizadas em ressonância nuclear magnética (RNM), e ressonância de spin eletrônica (RSE), causam mudanças na orientação do spin (SKOOG; et al., 2007). A radiação na faixa de micro-ondas, segundo Cienfuegos e Vaitsman (2000), interage com a matéria de três formas: - Reflexão: quando os materiais refletem a radiação e não se aquecem; 19 - Transparência: quando o material é atingido por radiação e este é um isolante e não se aquece; - Absorção: quando o material é dielétrico ao receber radiação é aquecido. O infravermelho provoca movimentos moleculares como estiramento, contração, torção, e outros, dentro e fora do plano. Como esses movimentos são característicos do grupo funcional e podem ser amplificados por estímulo com frequência adequada, pode-se utilizar essas absorções para identificar a presença ou ausência de um dado grupo funcional ou para quantificação ou qualificação de um analito em uma amostra (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000); Os raios x permitem identificar estruturas cristalinas e evidenciar a presença de diversos compostos, e até determinar a concentração de átomos específicos presentes em amostras de diferentes origens (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000); Os raios y causam efeitos muito drásticos na matéria. São capazes de provocar quebra de ligações químicas, alterando a estrutura das moléculas sob seu efeito. Por isso não é utilizada em análises químicas (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000); 1.3 Proporcionalidade entre concentração e absorção ou emissão de luz A lei de Lambert-Beer atesta que a atenuação da intensidade da luz que atravessa uma amostra está relacionada com a concentração de absorventes e com o percurso óptico que a luz faz ao atravessar a amostra (SKOOG; et al., 2000). Quanto mais concentrada estiver a solução ou mais longo for o caminho por onde a luz passar mais centros absorventes terá, e portanto maior será a atenuação da intensidade da luz transmitida (HARRIS, 2008). A absorbância está relacionada à quantidade de analito presente na solução com capacidade para absorver a luz incidente. Assim, como o equipamento mede na realidade a luz que conseguiu atravessar a amostra e chegou ao detector, quanto menor for à transmitância maior será a absorbância (SKOOG; et al., 2007). 20 A equação (3) mostra como obter o valor da transmitância. ou (3) Onde: T=transmitância; P0=Intensidade da luz incidente; P=Intensidade da luz transmitida. A relação entre absorbância e transmitância pode ser observada na equação (4) e, na Figura 4 mostra-se esquematicamente o fenômeno. ou (4) Onde: A=absorbância; T=fração de luz transmitida; %T=percentual de luz transmitida. Figura 4: Atenuação da luz incidente Fonte: SKOOG; et al., 2007, p 678 De forma semelhante, pode-se avaliar a emissão de luz pelo analito excitado, como mostra a Figura 5. Quanto maior a quantidade de espécies excitadas mais intensa será a luz emitida pela amostra (SKOOG; et al., 2007). Figura 5: Processo de excitação e emissão de luz Fonte: CIENFUEGOS, 2000, p. 147 Cienfuegos e Vaitsman (2000) dizem que na medida em que aumenta o 21 número de átomos excitados, também aumenta a quantidade de átomos que passam pelo processo inverso, ou seja, a relaxação com consequente emissão de luz, mostrado na etapa 2 da Figura 5 (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). Por meio de diversos processos, átomos, moléculas e íons, podem ser excitados, promovendo elétrons para seus níveis de maior energia. A durabilidade de uma espécie excitada é de (10-9 a 10-6 s), para o relaxamento, os elétrons retornam aos níveis mais baixos, preenchendo as lacunas deixadas com a excitação, para isso emitem a diferença de energia entre o nível que estão e o nível que ocuparão (SKOOG; et al., 2007). Para se calcular a população excitada em uma amostra pode-se aplicar a equação (5) que representa a distribuição de Boltzmann. ⁄ Onde: ⁄ (5) = razão de átomos excitados; ⁄ razão de degenerescência do estado excitado em relação ao estado fundamental; ΔE = diferença de energia entre estado excitado e -23 fundamental; K=constante de Boltzmann ( 1,381 x 10 J/K; T=temperatura em kelvin. O estado excitado de mais baixa energia de um átomo de sódio segundo Harris (2005), se localiza 3,371 x 10-19 J/átomo acima do estado fundamental. Assim, como exemplo pode-se demonstrar que a 2.600 K menos de 0,02% dos átomos estão no estado excitado: [ 1.4 ⁄ ] Espectros de emissão e absorção Quando determinados materiais são excitados por chama ou outra fonte de estímulo, eles emitem luz de diferentes cores, e a luz emitida por eles é uma característica específica de cada elemento, pois cada elemento possui um espectro único que o distingue dos demais. Existem dois tipos de espectros; o continuo e o de linhas (MENDHAN; et al., 2008). O espectro continuo se baseia em um feixe de luz contendo todos os 22 comprimentos de onda. Não são todas as fontes que produzem um espectro continuo (BROWN; et al., 2005). A radiação de uma fonte caracteriza-se por meio de um espectro de emissão, ou seja, um gráfico da intensidade da radiação, pelo comprimento de onda ou frequência (SKOOG; et al., 2007). Existem três tipos de espectros: contínuos, de linhas (emissão) e de bandas (absorção). Os contínuos são emitidos por sólidos incandescentes, os de linhas por elementos isolados, e os de bandas são emitidos por alguns tipos de moléculas. Estes são constituídos por linhas que se aproximam, se unem e podem sobrepor-se parcialmente. Já os espectros de absorção são formados por gráficos onde determinados comprimentos de onda estão ausentes ou sua intensidade foi atenuada ao atravessar um meio contendo o analito de interesse (MENDHAN; et al., 2008). A Figura 6 mostra uma comparação entre os espectros existentes. Figura 6: Comparação dos espectros Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/im agem/0000000677/0000006730.jpg O espectro de emissão é formado pelo conjunto de comprimentos de onda emitidos pelo conjunto de elétrons de um átomo, durante o processo de relaxação, ou seja, de retorno dos elétrons aos orbitais de menor energia, esse espectro também é chamado de espectro de linhas de emissão devido a natureza dos comprimentos emitidos. A quantidade de linha no espectro de emissão aumenta com o aumento da quantidade de elétrons no átomo (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 23 Foi o conhecimento de que as linhas do espectro de emissão são típicas de cada elemento e que sua intensidade é proporcional à quantidade de átomos excitados, que tornou possível a utilização dessas linhas espectrais para a quantificação de um determinado elemento em uma matriz qualquer. Na Figura 7 se pode observar que o espectro de linhas do sódio (Na) se encontra na faixa visível do espectro com seu comprimento de onda de aproximadamente de 590 nm (BROWN; et al., 2005). Figura 7: Espectro de linha do sódio Fonte: Brown; et al., 2005 CAPÍTULO II 2 ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA 2.1 Instrumentação para análise por emissão atômica de luz O espectrômetro de emissão, estimulado por chama de gás natural-ar, é utilizado para análises de metais alcalinos e alcalinos terrosos, devido à baixa capacidade de excitação advinda da baixa temperatura da chama desta combinação (1.200 a 1.500 ºC). Assim, normalmente, neste tipo de equipamento, analisa-se sódio, potássio, lítio e cálcio, devido a fácil excitação desses átomos. É um equipamento de custo moderado, de R$ 15.000,00 19.000,00 dependendo da marca, modelo e quantidade de íons analisados (SKOOG; et al. 2007, 2013). Figura 8: Experimento de Kirchoff e Bunsen Fonte: CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000, p. 145. Na Figura 8 pode-se observar o primeiro experimento feito por Kirchoff Bunsen que deu origem ao fotômetro de chama. O processo se inicia com uma fonte de estímulo, que poderá ser um arco elétrico ou de uma chama. A luz emitida pelo elemento em análise passa por uma lente para focalização, por 25 um monocromador que separa a luz em seus diferentes comprimentos de onda e por fim chega a uma tela, onde podem ser colocados detectores para medir a intensidade de cada linha espectral. A intensidade dessa luz, comparada com padrões, dará o teor do analito de interesse. 2.2 Sistema de nebulização A primeira parte a ser considerada num equipamento para análise por emissão atômica é o sistema de nebulização. Um sistema simples, porém, de grande importância no processo de emissão atômica de luz, já que o analito de interesse se encontra ou poderá ser transferido para uma matriz líquida. O sistema de nebulização, também designado por Cienfuegos e Vaitsman (2000) como sistema de nebulização-queima ou sistema de nebulização-combustor, tem o papel de introduzir a amostra a ser analisada no equipamento, convertela em gotículas e selecionar as menores que formarão uma névoa chamada de aerosol. É essa névoa que será passada pela chama para atomização e excitação dos elétrons do analito de interesse (HARRIS, 2008). Normalmente, através de gases oxidantes, a amostra a ser analisada é arrastada para o nebulizador que é transformada em aerossol e ao passar pela chama, essa nevoa é seca, ocorrendo o que se chama de dessolvatação, seguida por uma atomização já que as partículas formadas se dispersarão em átomos se a temperatura da chama for suficientemente alta (KRUG; NÓBREGA; OLIVEIRA, 2004). O nebulizador deve ser construído de material inerte, normalmente aço inoxidável ou polímero, já que em alguns casos a matriz contém ácido nítrico para favorecer a dissolução do analito, já o queimador, dependendo da temperatura da chama deve ser em titânio (KRUG; NÓBREGA; OLIVEIRA, 2004). Os sistemas de nebulização possuem diferentes câmaras de nebulização. Dentre elas as mais utilizadas são: pérola de vidro, mixing vanes, e ultrassom (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 26 2.2.1 Pérola de vidro Nesse sistema de nebulização, a câmara contém uma esfera de vidro. O spray gerado inicialmente pelo gás de arraste da amostra sofre impacto na pérola de vidro, posicionada estrategicamente na frente do bico injetor diminuindo ainda mais o tamanho das gotículas. As maiores são retidas, encaminhadas para um dreno, e as menores conduzidas para o queimador. Esse sistema possui grande facilidade de limpeza (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 2.2.2 Mixing vanes Nesse sistema de nebulização dentro da câmara existem duas ventoinhas, que tem por finalidade criar barreiras à passagem das gotículas e proporcionar uma separação das menores com mais eficiência que a câmara com “pérola de vidro”. Neste as partículas pequenas passam pelos obstáculos criados pelas ventoinhas e são carregadas para o queimador; as partículas grandes são retidas, agregadas e levadas para o dreno. Apesar da maior eficiência desse sistema, ele não possui a mesma facilidade da “pérola de vidro” em relação a sua limpeza (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 2.2.3 Ultra-Som Diferente dos outros sistemas que utilizam gases a alta pressão para nebulizar a amostra, o ultra-sônico utiliza uma célula piezoelétrica, em outras palavras, uma lâmina vibracional. Esse sistema chega a ter até três vezes mais eficiência para separar as gotículas menores das maiores, já que o fluxo de gás pode ser extremamente baixo, já que será utilizado apenas para arrastar as gotículas menores e não para gerá-las (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 2.3 Combustores Acoplado ao sistema de nebulização existem dois tipos de combustores 27 muito usados: combustor de queima total ou de escoamento turbulento e o combustor de mistura prévia ou de escoamento laminar (JEFFERY, et al., 1992). 2.3.1 Combustor de queima total Nesse combustor o gás combustível e o comburente são conduzidos á chama por tubos capilares separados. Há um tubo central para a passagem da amostra, e dois tubos capilares sobrepostos ao primeiro, onde um serve para a passagem do comburente o outro para a passagem do combustível, misturando-se no bico do combustor (JEFFERY, et al., 1992). O processo de arraste dos gases nesse tipo de combustor é realizado pelo efeito Venturi, que produz uma pressão no bico do capilar do queimador, por onde a amostra passa, ao introduzir um gás no nebulizador. Suas vantagens consistem no poder de queima total ou quase total da amostra, já que a mesma chega ao combustor sem que seja fracionada pelo nebulizador; não existe risco de explosão já que combustível, comburente e amostra são mantidos separados até momento da queima. A desvantagem desse processo é a produção de uma chama pequena, fria e mal formada pela grande quantidade de amostra que chega até a mesma (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 2.3.2 Combustor de mistura prévia O combustor de mistura prévia homogeneíza a amostra com o os gases de arraste, combustível e comburente, antes de chegar à chama. A amostra nebulizada é arrastada pelos gases para um tubo que separara as gotículas maiores das menores, as maiores são retidas e as menores são levadas á chama (JEFFERY, et al., 1992). Tem como vantagens, uma chama bem formada, mais quente e uma atomização mais uniforme que a obtida com o combustor de queima total (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). Sua maior desvantagem é o risco de explosão pela mistura dos gases na câmara de nebulização, antes da chama (JEFFERY, et al., 1992). 28 2.4 Sistemas ópticos e monocromadores “Um espectroscópio é um instrumento óptico usado para a identificação visual de linhas de emissão atômica.” (HOLLER; SKOOG; CROUCH, 2009. p. 217). O sistema óptico tem como função captar, colimar, separar e direcionar o feixe de luz isolado pelo monocromador, para ser quantificado. Antes do monocromador é posicionada uma lente convergente que possui como função, focalizar a luz em um ponto ou fenda, de forma que a fração da luz captada pela lente sofra o menor percentual de perda possível até chegar ao detector (YOUNG; FREEDMAN, 2004). Figura 9: Caminho da luz no monocromador. Fonte: HARRIS, 2005, p.458. Como mostra a Figura 9, o monocromador possui uma fenda de entrada, a luz captada incide inicialmente num espelho positivo côncavo, que a direciona para um prisma ou rede de reflexão. Assim, ela é dispersa em linhas de acordo com os comprimentos de onda que possuía. De forma semelhante outro espelho côncavo redireciona a luz, agora monocromática, passa a fenda de saída, posicionada em frente ao detector, para que ocorra sua leitura (KRUG; NÓBREGA; OLIVEIRA, 2004). 2.5 Detectores Existem vários tipos diferentes de detectores: tubos fotomultiplicadores, 29 fotodiodos e outros. Cienfuegos e Vaitsman (2000) argumentam que na fotometria de chama o mais utilizado são os tubos fotomultiplicadores, devido sua sensibilidade. 2.5.1 Tubos fotomultiplicadores Os tubos fotomultiplicadores são tubos que contem em seu interior um fotocatodo, diversos dinodos, geralmente nove, e um anodo. Um fóton da radiação separada no monocromador ao atingir o fotocatodo provoca a emissão de um elétron, que por sua vez colide com a superfície de um dinodo produzindo a emissão de vários outros elétrons, que por sua vez esses elétrons secundários (formados) também se colidem com outro dinodo dando origem á mais elétrons, e assim por diante (HOLLER; SKOOG; CROUCH, 2009). Por final, o fóton que entrou teve sua energia amplificada milhares de vezes ao ser convertido em um fluxo de elétrons, esses elétrons terminam em um anodo que terá como função converter todos esses elétrons em um sinal analógico, expresso como diferença de potencial, cuja unidade é o Volt, para posteriormente ser medida e analisada. (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). 2.5.2 Fotodiodos Figura 10: Fotodiodo típico Fonte: http://teceletronica.up.com.br/painelgpa/uploads/ imagens/files/EngComputacao/Projetos%20Finais/2005/Manha/ 2005_Espectrometro_Vanessa.pdf 30 Como pode ser visto na Figura 10, nesse dispositivo, os elétrons se acumulam próximos a junção, que atua como um tipo de capacitor que armazena os elétrons. Ao receber fótons de luz, os elétrons vão para as regiões oposta, “descarregando o capacitor”, ou seja, gera uma corrente elétrica que é proporcional à quantidade de fótons que atingem o fotodiodo e pode ser medida, gerando um sinal analógico (HARRIS, 1999). 2.6 Dispositivos de Leitura A consequência da passagem da luz pelos detectores é o aparecimento uma tensão ou corrente elétrica proporcional à sua intensidade, que pode ser medida, gerando um sinal analógico (CIENFUEGOS; VAITSMAN, 2000). Como parte do dispositivo de leitura utiliza-se normalmente um galvanômetro, dispositivo analógico usado para medir correntes e tensão elétrica, o qual possui um imã permanente associado á uma bobina. A corrente elétrica ao percorrer a bobina gera um campo magnético que se opõe ao do imã movimentando um ponteiro a ele associado, num deslocamento de 90° á 120°. Este deslocamento é proporcional a intensidade da corrente que percorre a bobina. Para que a análise seja lida pelo operador num display ou microcomputador, é necessário que o sinal analógico seja convertido para digital. Para esta tarefa se utilizam microcontroladores, como o PIC 18F4520 da Microchip Technology Inc. que possui em sua estrutura interna um conversor analógico-digital de 10 bits ou chips dedicados como o ICL7107 da Maxim Integrated Products que proporciona uma leitura em 3 ½ dígitos (LAMOGLIA, 2005). CAPÍTULO III 3 VALIDAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ANALÍTICOS Um dos grandes intuitos da validação de um equipamento ou método analítico é avaliar o grau de confiabilidade que se pode ter nos resultados com ele obtido. Trata-se do anseio por resultados confiáveis e reprodutíveis, mesmo com a existência de um percentual de erro inerente a todo processo de medida. O aperfeiçoamento das técnicas, métodos e equipamentos leva a uma redução do erro e aumenta a reprodutibilidade dos resultados (LEITE, 2002). Para a validação de um equipamento ou método utilizado em análises químicas deve-se utilizar apenas materiais de referência, cujo teor do analito de interesse seja reconhecido como exato. Esses materiais de referência podem ser adquiridos de empresas especializadas ou podem ser preparados pelo interessado a partir de materiais de elevada pureza. 3.1 Precisão e exatidão Normalmente, precisão e exatidão costumam ter seus significados confundidos, porém, cada um fornece informações distintas que se complementam. Juntas proporcionam uma avaliação concreta da qualidade do equipamento ou método analítico em uso. Por isso, ambas devem ser apresentadas juntas, entretanto destacando-se seus significados separadamente. É considerado “exato” um método ou equipamento que apresente o valor medido coerente com o valor real, e para ser considerado “preciso”, é necessário que em repetidas análises da mesma amostra os resultados obtidos sejam coerentes entre si. O ideal é que as análises feitas em replicata proporcionem valores próximos uns dos outros e também o mais próximo possível do valor verdadeiro. Resumidamente, “exatidão” representa o grau de concordância de um valor medido em relação ao valor verdadeiro ou aceito como referência e “precisão” representa o grau de concordância entre 32 diferentes medidas de uma mesma amostra (LEITE, 2002). De acordo com a orientação DOQ-CGCRE-008 (INMETRO, 2011) a repetitividade pode ser obtida através de diversas medições de uma mesma amostra, realizadas com o menor intervalo de tempo possível. A precisão pode ser verificada pela dispersão de resultados. A Figura 11 traz uma representação gráfica mostrando a relação entre precisão e exatidão. Figura 11: Representação gráfica de precisão e exatidão Fonte: AGROINFO, 2013. A exatidão se relaciona com a reprodutibilidade dos resultados analíticos e sua avaliação revela se há a presença de erros sistemáticos. Estes são passíveis de eliminação com aquisição e instalação de equipamentos em ambiente adequado, calibração dos mesmos e treinamento de pessoal. Já a precisão se relaciona com a repetitividade dos resultados analíticos, e sua avaliação revela se há a presença de erros aleatórios. Estes são passíveis apenas de minimização, basicamente com as mesmas ações para a eliminação dos erros sistemáticos (LEITE, 2002). Os resultados obtidos com a avaliação da exatidão e da precisão demonstram se um método ou equipamento é eficiente na repetitividade e reprodutibilidade de medições analíticas, garantindo que estas sejam confiáveis (OLIVEIRA, 2006). De acordo com a ISO 5725-3 (1994), precisão intermediária pode ser definida por resultados obtidos através de uma mesma amostra, porém sob condições variadas, que podem resultar em diferentes analistas, equipamentos 33 ou tempo de ensaio. Este tipo de precisão é bastante utilizada em laboratórios, para verificar a dispersão entre os analistas, equipamentos e condições ambientais (AMSTALDEN, 2010). A reprodutibilidade está ligada a análises interlaboratoriais sob os mesmos aspectos da precisão intermediária, onde os resultados são expressos através do desvio padrão amostral que determina se a diferença nos valores obtidos na duplicata são significativos ou não (LEITE, 2002). 3.2 Especificidade e seletividade De maneira geral, toda matriz pode ou não conter íons e compostos que prejudicam a quantificação de um determinado analito nela presente, sendo por isso, chamados interferentes (LEITE, 2002). A especificidade e a seletividade são parâmetros muito importantes no processo de validação de um método ou equipamento, eles permitem determinar a capacidade destes em selecionar para quantificação apenas o analito de interesse, tornando os demais, íons e compostos presentes na matriz, invisíveis durante a análise. Especificidade pode ser definida como capacidade do método ou equipamento fornecer um sistema exclusivo para identificar apenas o analito de interesse na presença de interferentes; como exemplo pode-se citar os métodos e equipamentos para espectrometrias de absorção atômica e de massas. Já a seletividade pode ser definida como a capacidade do método em reagir quimicamente apenas com o analito de interesse ou selecionar uma de suas propriedades para mensurá-lo. Como exemplo pode-se citar espectrometrias UV-Vis e emissão atômica (LEITE, 2002). De acordo com a orientação DOQ-CGCRE-008 (INMETRO, 2011), a especificidade e a seletividade estão diretamente ligadas à linearidade, exatidão e precisão, portanto se o método não for bem executado ou o equipamento não estiver adequado os demais procedimentos serão ineficazes. 3.3 Linearidade e faixa linear A linearidade faz referência à disposição de pontos de correlação entre o 34 teor de um analito da amostra e a leitura ou quantificação fornecida pelo método ou equipamento (RIBANI; et al., 2004). De forma mais genérica podese dizer que a linearidade está diretamente ligada à curva de resposta que pode ser elaborada a partir de um conjunto de padrões com diferentes teores de analito e a resposta fornecida pelo método ou equipamento, conforme descreve Leite (2002). A curva de resposta é a mais utilizada quando se fala em linearidade, pois é através desta que se verifica a relação sinal/concentração. Nesta há dois eixos, o x que representa a concentração do analito e o y a resposta obtida do equipamento (LEITE, 2002). Embora se possa obter realmente uma curva o que se busca é o intervalo de concentração do analito no qual os pontos se alinhem, fornecendo uma faixa cujo coeficiente de correlação (r²) entre os pontos seja maior que 0,90 (ou > 90%) (RIBANI; et al., 2004). De acordo com Leite (2002) a partir dos dados analíticos pode-se obter a equação da reta e o coeficiente de correlação empregando-se as equações (6), (7), (8) e (9). (6) ∑ ̅ ̅ ∑ (7) ̅ (8) Onde: a = coeficiente angular; b = coeficiente linear; = valores discretos da concentração e da leitura do equipamento, respectivamente; ̅ ̅ são as médias dos dados. ( Onde: ∑ √∑ ̅ ̅ ̅ ̅ = coeficiente de correlação; ) = valores discretos; ̅ (9) ̅ são as médias dos dados. A equação (9) descreve um sistema linear simples, que na química só será válida quando o valor de r² for maior que 0,90 (ou maior que 90%). A partir deste intervalo define-se o limite inferior e superior de análise conhecida como faixa linear (RIBANI; et al., 2004). 35 A acreditação DOQ-CGCRE-008 (INMETRO, 2011), diz que: “a faixa linear sempre existirá independente do método quantitativo a ser utilizado. A concentração da amostra deve situar-se sempre dentro da faixa linear”. Figura 12: Curva analítica clássica Fonte: Ribani, et al., 2004, p. 774 Skoog, et al (2007), diz que se algum dado se destacar da faixa linear, conforme mostra a Figura 12 pode ser excluído, se a avaliação estatística de sua condição confirmar ser um dado aberrante. Umas das causas para que esta exclusão ocorra, é que este dado pode influenciar erroneamente os valores da análise. 3.4 Limite de detecção e de quantificação Limite de detecção é a menor massa de analito que o método tem a capacidade de perceber sua presença em uma amostra, diferenciando seu sinal do ruído por uma razão igual a 3. Porém, embora passível de detecção, a quantificação do analito nessa concentração não é recomendada, tendo em vista a presença de um percentual de erro muito alto (RIBANI; et al., 2004). O limite de detecção pode ser realizado desde a análise por prova em branco, quando a mesma expressar algum resultado, até através de curvas analíticas, em que as amostras são expostas a fortificações, indicando assim a partir de replicadas, a menor concentração detectável possível (RIBANI; et al., 2004). Já o limite de quantificação, expressa a menor concentração de analito 36 em uma amostra capaz de ser determinada com precisão considerável. Neste caso a razão entre sinal e ruído situa-se entre 6 e 10, dependendo da sensibilidade do método. Também obtido por prova em branco (RIBANI; et al., 2004). Em ambos os casos cálculos estatísticos são aplicados com intuito de determinar esses limites (AMSTALDEN; 2010). ou ou ̅ ̅ (10) (11) Onde: LD = limite de detecção; LQ = limite de quantificação; s= desvio padrão dos resíduos ou dos brancos; S= sensibilidade do método, ou seja, o coeficiente angular; ̅ = média dos brancos. 3.5 Robustez De acordo com Amstalden (2010) é considerada robustez a baixa sensibilidade que um método analítico apresenta mediante pequenas variações ambientais e de uso. A International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) utiliza a palavra “ruggedness” para definir robustez. Já a USP faz uso do mesmo termo, porém com o sentido voltado para a reprodutibilidade (RIBANI, et al., 2004). A robustez de um método analítico é o nível de reprodutibilidade dos resultados dos testes obtidos pelas análises de algumas amostras sob uma variedade de condições normais de teste, tais como diferentes laboratórios, diferentes analistas, diferentes instrumentos, diferentes lotes de reagentes, diferentes dias, etc.(RIBANI, et al., 2004 ). Não faz muito tempo que a robustez foi incluída nas validações, um dos motivos foi o fato de muitos equipamentos possuírem em suas estruturas indicadores analógicos de leitura, popularmente conhecidos como ponteiros, e tais indicadores sofriam oscilações em ocasiões inoportunas, alterando assim o resultado das análises (LEITE; 2002). Diz-se que uma metodologia possui robustez intrínseca, quando em 37 determinado ponto do processo há a troca de algum equipamento, alteração de fornecedores ou afins, sem que haja grandes alterações nos resultados analíticos (RIBANI, et al., 2004). CAPÍTULO IV 4 CONSTRUÇÃO DO FOTOMÊTRO DE CHAMA Nos primeiros capítulos foi abordada a parte teórica desse trabalho, ou seja, foram descritas as informações básicas para o entendimento da estrutura, do funcionamento e validação de um fotômetro de chama. Neste capítulo será abordada a construção do equipamento, descrevendo as partes confeccionadas e as adaptações realizadas, e assim obter um equipamento alternativo, porém, com características que o tornem didaticamente utilizável, objetivo desse trabalho. A partir da compreensão da estrutura de um equipamento de emissão atômica, passa-se a abordar a construção dos dispositivos que compõem um fotômetro de chama. A Figura 13 mostra uma vista externa de um fotômetro. Figura 13: Fotômetro de chama, vista externa Fonte: Autoras. A proposta inicial desse trabalho era a confecção ou adaptação de todos os dispositivos necessários à construção do equipamento, desde o queimador até o seu sistema de leitura. No decorrer de sua construção optou-se por 39 adquirir uma carcaça original de um fotômetro de chama inutilizada como mostrado na Figura 13, porém, algumas partes puderam ser reutilizadas, facilitando e abreviando a construção do mesmo. 4.1 Sistema de nebulização e queimador Na parte traseira do fotômetro de chama existe uma entrada para conexão de um sistema de fornecimento de ar. Esse sistema provê o ar, que será utilizado como comburente na queima do combustível e também é o responsável pela nebulização da amostra e pelo arraste da mesma do nebulizador até o combustor, ou seja, esse sistema deve fornecer ar continuamente e com certa pressão para que não ocorra o apagamento da chama ou perda de sua estabilidade, que é de suma importância para uma queima completa durante as análises, e para que a amostra consiga chegar até a chama para ser atomizada e excitada. Figura 14: Compressor de um inalador Fonte: Autoras Para esta função foi adaptado um compressor de inalador. O reservatório de soro fisiológico e a máscara foram descartados, aproveitandose apenas o compressor e a mangueira de ar, visto na Figura 14. 40 Adjacente à entrada de ar há uma para o combustível, nesse caso gás liquefeito de petróleo (GLP). Ambas são conectadas ao nebulizador-queimador por mangueiras de silicone, resistentes ao calor e a pressão. Para a amostra ser nebulizada e levada ao queimador, na parte frontal da câmara está acoplado um cateter de sucção da amostra. Esse cateter foi confeccionado com a capa plástica utilizada para isolar fios de cobre. Uma das extremidades é acoplada ao nebulizador e a outra fica livre para ser colocada no tubo de ensaio contendo a amostra. Esse cateter tem a função de sugar a amostra para dentro do nebulizador. O conjunto câmara de nebulização-queimador feito de um metal duro e inerte pode ser visto na Figura 15. O nebulizador vaporiza a amostra que se encontra no estado líquido em um aerossol, que posteriormente sofrerá ainda a seleção de gotículas, as menores serão arrastadas para o queimador para serem atomizadas e excitadas pela chama, enquanto as gotículas maiores serão descartadas pelo dreno da câmara de nebulização. Figura 15: Câmara de nebulização e queimador Fonte: Autoras No capitulo II também foi descrito por Cienfuegos e Vaitsman (2000) os tipos de câmara de nebulização existentes nas análises por emissão atômica, que são elas: pérola de vidro, mixing vanes, e ultrassom. No fotômetro de chama alternativo a câmara de nebulização, conectada ao queimador, conta 41 com um dispositivo mixing vanes, que são duas ventoinhas responsáveis pela seleção das gotículas por tamanho (Figura 16). Figura 16: Câmara de nebulização Fonte: Autoras Na Figura 17 têm-se uma visão geral do esquema do interior da câmara de nebulização de um fotômetro de chama. Figura 17: Esquema do sistema nebulizador-queimador de um fotômetro de chama Fonte: http://www.digimed.ind.br/br/produtos/man/man_0000000066_br.pdf 42 Quando o equipamento é ligado, aciona-se o acendedor automático, que possui um temporizador que mantêm o sinal do acendedor por alguns segundos provocando um centelhamento entre um terminal de alta tensão estrategicamente colocado e o bico do queimador até que o mesmo entre em contado com a mistura gás-ar, produzindo assim uma chama que deverá ser estabilizada, chama de coloração azul e branda, para que comece as análises. O bico do queimador possui várias saídas para a chama como mostra a Figura 15, proporcionando uma chama de maior área e auxiliando assim o contato, chama/amostra aumentando a queima e a intensidade da luz emitida. A carcaça do equipamento possui uma chaminé de dupla camada (Figura 18) onde a chama produzida pelo queimador exala seus gases. A externa de metal auxilia na dissipação do calor e possui um visor (orifício) para auxiliar na regulagem da chama, e a interna um tubo removível de vidro borosilicato, protege o equipamento dos efeitos do calor da chama. Figura 18: Fotômetro em funcionamento Fonte: Autoras. 4.2 Luz e sistema óptico Após a apresentação do funcionamento do nebulizador-queimador e de como a luz é produzida, passa-se para a explicação de como essa luz, 43 específica de cada elemento analisado é medida e transformada em sinal analógico. Todo elemento possui um espectro diferente, ou seja, quando se excita os elétrons da camada de valência, neste caso pela chama, os elétrons saltam para níveis de energia mais externos e ao retornarem a seus níveis originais emitem energia, e cada elemento emite essa energia com um comprimento de onda diferente. Em torno do queimador há um suporte metálico com orifícios (Figura 2) que tem a finalidade de suportar sensores e filtros de interferência que permitem exclusivamente a passagem da luz do elemento que se queira analisar. Os filtros são específicos para cada elemento, sendo eles de cores diferentes, cada filtro possui a cor que é emitida pelo elemento em questão quando o mesmo é queimado. Por exemplo, para validar a análise de sódio, utilizou-se um filtro de cor amarelo/alaranjado, pois esta é a cor da luz emitida pelo sódio ao ser queimado, as outras cores são refletidas pelo filtro para que não interfiram na medida. Diferente do capitulo II que o espectro de interesse deveria ser disperso por um prisma ou rede de difração, quando a luz do elemento queimado passasse por uma fenda na entrada do monocromador com o auxílio de uma lente convergente. Os filtros substituem todo o sistema do monocromador. Além de praticamente não ocupar espaço dentro do equipamento ao contrário do monocromador, os filtros facilitam a separação do espectro de interesse dispensando ajustes de posição. 4.3. Detecção e sistema eletrônico O suporte já mencionado para os filtros, também terá a função de acoplar um fotodiodo que será o responsável pela conversão de luz para sinal analógico. O fotodiodo tem a capacidade de ao receber luz, converte-la em corrente elétrica que será utilizada como sinal analógico da medida. A luz transformada em sinal pelo fotodiodo possui uma tensão muito pequena, o range total é da ordem de 0 á 400 milivolts (mV). Sem irradiação o fotodiodo não produz diferença de tensão, ou seja, o sinal é de 0 mV. Na 44 intensidade máxima, ou seja, a plena luz o mesmo consegue gerar 400 mV. Sendo assim, uma tensão muito pequena para ser lida diretamente pelo microcontrolador, cujo range de leitura é de 0 á 5 V. Além dessa pequena tensão teórica do fotodiodo, a luz ao ser filtrada produz tensões ainda mais baixas, algo entre 50mV e 200mV. Isso por que, mesmo no início das medidas, o fotodiodo não esta no escuro, 0V, pois a chama já esta acesa e assim alguma luz também estará chagando ao mesmo, e ao filtrarmos a luz da amostra reduz consequentemente a tensão máxima que o fotodiodo consegue converter. Por esse motivo foi colocado um amplificador operacional para aumentar a tensão do fotodiodo de milivolts (mV) para volts (V). Esse amplificador foi posicionado na placa onde se encontra o display de LCD, próximo ao microcontrolador (Figura 19), já que o sinal amplificado pelo mesmo será enviado ao micro. Na parte interna do equipamento foram montadas duas placas, uma para a geração, estabilização e envio de tensões, e na outra foi colocada o amplificador operacional, o micro controlador junto ao display de LCD, e o temporizador, já mencionado anteriormente. Figura 19: Placa de circuito impresso, face dos componentes. Fonte: Autoras. O amplificador operacional necessita para seu funcionamento de três tipos de tensões diferentes, – 5 V (representada pelo fio de cor branco), + 5 V 45 (representada pelo fio de cor vermelho), e 0 V (representada pelo fio de cor preta). Essas tensões são estabelecidas pelo padrão de operação do amplificador, que exige uma alimentação simétrica. Para que ocorra o funcionamento do equipamento este deve receber energia suficientemente capaz de suprir todas as suas necessidades, que deverá ser fornecida pela fonte de alimentação. O temporizador é o responsável pelo tempo que o acendedor ficará centelhando no queimador, e para que o mesmo funcione, carrega-se o capacitor que descarrega via resistor. Se for desejável um tempo maior para o acendimento do queimador basta aumentar o valor do capacitor, maior capacitância maior o tempo de centelhamento. Outra forma de alterar o tempo de centelhamento é alterar o valor do resistor de descarga, quanto maior a resistência, maior o tempo para descarregar o capacitor, e assim maior será o tempo do temporizador. Quando o temporizador inicia seu trabalho mantêm um disparo de mais ou menos 10 segundos, enviando para o flyback (transformador de alta tensão) uma tensão de 12 V, ao passar esse tempo o temporizador é desligado automaticamente, e só religado quando acionado o botão de disparo novamente. O flyback nada mais é que um transformador de alta tensão, ou seja, ele recebe a tensão que chega do temporizador, 12 V, e converte a mesma para cerca de 6.000V, isso é necessário pelo fato da tensão que chega do temporizador ser insuficiente para vencer a resistência do ar (1000 V.mm-1) e provocar o centelhamento entre o eletrodo que possui um envolto de cerâmica isolante, que fica sobreposto ao bico do queimador e o próprio queimador. Como explicado o flyback é um transformador de alta tensão, que aqui é utilizado para gerar um centelhamento na grelha do queimador e provocar a combustão dos gases. Na Figura 20 esse componente pode ser visto como uma esfera negra ligada a um fio vermelho que vai da mesma até o eletrodo sobre a grelha do queimador. A fonte utilizada foi um dos componentes que pode ser restaurado e reutilizado. A fonte do equipamento mostrada na Figura 20 é equivalente á uma fonte de computador, com uma diferença, o sistema de alta tensão teria que ser construído separadamente, já que este não existe na fonte de computador. 46 O fio azul escuro alimenta o sistema de alta tensão, é o retorno do temporizador. O fio amarelo fornece +12 V, e alimenta o temporizador do acendedor automático. Os fios pretos são “neutros” com 0 V. O fio de cor vermelho fornece +5 V e o de cor branca – 5 V. Figura 20: Fonte original do fotômetro de chama. Fonte: Autoras Nessa placa utilizada como fonte de energia, além do flyback que é um transformador elevador de tensão, possui também um transformador para reduzir a tensão da rede de alimentação com chave seletora para 110 ou 220 V de acordo com a rede local. Esta fonte possui ainda fusível de segurança para o caso de um curto ou sobrecarga. A tensão rebaixada pelo transformador passa por diodos e capacitores para ser retificada e filtrada, em seguida vai para os controladores de tensão, circuitos integrados de controle de tensão, que nesse caso são os 7805 (+5V), 7905 (-5V) e o 7812 (+12V). Esses circuitos de controle de tensão simplificam a confecção da fonte e evita a passagem de uma tensão maior em componentes muito sensíveis, como o microcontrolador e o amplificador operacional, nestes qualquer oscilação que ocorra na alimentação pode prejudicar seu funcionamento até o ponto de sua perca, ou seja, os controladores mantêm a 47 tensão estabilizada e bem filtrada para todo o sistema elétrico. A corrente utilizada e suficiente para alimentar todo o circuito elétrico é de apenas 1ampère. 4.5. Leitura, conversão e exibição Para que haja a leitura do sinal e sua conversão de sinal analógico para digital, foi construída a placa mostrada na Figura 7, que ocupou o lugar da placa original do equipamento, posicionando assim o display de LCD (alfanumérico 16x2, configuração de 4 bits.) no mesmo lugar que o antigo, já que a placa original não estava em condições de uso. O principal componente dessa placa é o microcontrolador PIC 18F4520. Na mesma placa ainda podem ser vistos o circuito para amplificação do sinal e o circuito do temporizador, este embora não tenha conexão com o circuito principal foi colocado aí, tanto por haver o espaço disponível quanto pela localização estratégica devido à proximidade das conexões. Figura 21: Placa de circuito impresso (Modo Real World). Fonte: Autoras A leitura e conversão do sinal analógico é realizado por um periférico do 48 próprio PIC, um conversor analógico-digital de 10 bits, integrado ao chip. Em seguida o valor numérico é enviado para o display de LCD. As Figura 21 e 22 mostram o circuito da placa confeccionada no software PCB Wizard. Figura 22: Placa de circuito integrado (Modo Normal). Fonte: Autoras. O sinal analógico que chega ao micro controlador (PIC 18F4520) pelo amplificador operacional, produzido pelo fotodiodo, será enviado para um pequeno micro controlador integrado ao display de LCD, que fará a conversão do sinal analógico para o digital, fornecendo assim a possibilidade de leitura no display. Para essa conversão o micro controlador (PIC 18F4520) que trabalha de 0 a 5 volts deve passar para o micro do display que lê de 1 á 1023, ou seja, as duas leituras devem ser equivalentes, onde o 0 é igual a 0 e 5 é igual a 1023. Quando o sinal muda da leitura do micro controlador (PIC 18F4520), que vai de 0 á 5 volts, para a leitura do display, que vai de 0 á 1023, essa mudança transforma o sinal analógico para digital, enviando para a o display de LCD para a leitura do operador. Apesar da sua leitura teoria do micro controlador (PIC 18F4520) ser de 0 a 5 volts, na realidade do fotômetro alternativo existe uma perca de tensão, 49 tanto no começo quanto no final, isso pois, a tensão vinda do fotodiodo, como mencionado anteriormente, não chega no seu potencial máximo que seria 400V, e nem o seu mínimo que é 0V. Pensando nisso foram colocados referências (jumpers) para o micro controlador (PIC 18F4520), onde as mesmas não influenciarão no funcionamento do equipamento, porém, no programa construído para rodar no PIC, que é o programa responsável pelos comandos que o micro fará durante á chegada no sinal analógico, as referências possuem os pinos 4 e 5, que posteriormente poderão ser substituídos por potenciômetros, sem que precise fazer qualquer alteração no programa que roda no PIC, para que os mesmos limitem a faixa de tensão que chega no PIC reduzindo-a para que possamos ter uma leitura mais precisa e sensível da amostra, já que existe uma perca, que não se sabe qual, no começo do sistema. O software que faz a leitura, a conversão do sinal analógico para digital e envia o valor para o display de LCD foi escrito em linguagem C, utilizando-se o compilador MikroC da empresa Mrikroelectronica, que disponibiliza uma versão livre para aplicações didáticas, desde que o software gerado não ultrapasse 2Kbytes. Após escrito o software foi compilado, obtendo-se o arquivo em hexadecimal que foi gravado na memória do PIC 18F4520. A seguir mostra-se o software em linguagem C delimitado por asteriscos. Tudo que esta em verde devido à colocação de (//) ou por estarem entre (/* */) o compilador entende ser comentários e não os inclui no arquivo hexadecimal. /****************************FOTÔMETRO DE CHAMA******************************* Objetivo: Captar o sinal analógico gerado por um fotodiodo e convertê-lo para digital exibindo o resultado num display alfanumérico 16x2, numa configuração de 4 bits. Micro controlador: PIC 18F4520. Freqüência: 4 MHz ******************************************************************************************/ //Definição dos pinos do PIC para conexão com o display de LCD: Sbit LCD_RS at LATB4_bit; Sbit LCD_EN at LATB5_bit; Sbit LCD_D4 at LATB0_bit; Sbit LCD_D5 at LATB1_bit; Sbit LCD_D6 at LATB2_bit; 50 Sbit LCD_D7 at LATB3_bit; Sbit LCD_RS_Direction at TRISB4_bit; Sbit LCD_EN_Direction at TRISB5_bit; Sbit LCD_D4_Direction at TRISB0_bit; Sbit LCD_D5_Direction at TRISB1_bit; Sbit LCD_D6_Direction at TRISB2_bit; Sbit LCD_D7_Direction at TRISB3_bit; /*****************************************************************************************/ // Criação de variáveis para armazenagem e manipulação de dados: Int sensor; //variável para armazenar a leitura do sensor Int valor; //variável para trabalhar o dado do sensor Char texto [8]; /*variável tipo matriz para ser usada na conversão do valor lido no sensor para texto. Os dados, para serem enviados para o LCD precisam estar na forma de texto (string)*/ /*****************************************************************************************/ //Criação do bloco principal do software Void main() { //função principal da linguagem C ADCON1 = 0b00111010; /* Configuração do Registrador ADCON1 que faz a conversão do sinal analógico para digital. Desta forma aceita valores de tensão externa como referência, e servirá para ajuste do 0 e 1000 na aferição do equipamento. O Registrador ADCON0, não precisa ser configurado devido ao uso da função ADC_Read que lê o canal especificado e converte para digital. Essa função configura automaticamente esse registrador*/ TRISA.RA0 = 1; TRISA.RA1 = 1; TRISA.RA2 = 1; TRISA.RA3 = 1; TRISB = 0; PORTB = 1; /* Configura os pinos 2, 3, 4 e 5 (AN0, AN1, AN2 e AN3) do PortA do PIC como entradas*/ //Configura os pinos do PortB usado no LCD como saídas //Configura os pinos do PortB como ativos Lcd_Init(); Lcd_Cmd(_LCD_CLEAR); Lcd_Cmd(_LCD_CURSOR_OFF); Lcd_Out(1, 1, "**UNISALESIANO**"); Lcd_Out (2, 1, "Na = "); // Initializa LCD // Limpa o display // Desativa o Cursor /* Escreve no LCD o que esta entre aspas, na posição indicada: linha 1, iniciando na coluna 1*/ /* Escreve no LCD o que esta entre aspas, na linha 2, coluna 1. 51 Como o display tem 16 colunas em cada linha, o valor do sensor será direcionado para iniciar na coluna 6 */ /*****************************************************************************************/ /*O software deve estar sempre rodando, para isso deve ter um laço de repetição, tudo que estiver dentro do laço {while} será repetido infinitamente ou até que o software seja interrompido While(1) { // Criação do laço de repetição sensor = ADC_Read (0); // Lêr canal AN0 e atribuir a sensor valor = sensor/10; wordtostr (valor, texto); // Converter sensor para texto Lcd_Out (2, 8, texto); // Escreve no LCD a variável texto } //Encerra a função while } //Encerra a função main /*****************************************************************************************/ Figura 23: Esquema para simulação do circuito do fotômetro de chama no Proteus. Fonte: Autoras. A Figura 23 exibe um circuito para simulação de operação do fotômetro 52 de chama no software Proteus, nele o fotodiodo foi substituído por um potenciômetro linear, já que esta versão do software não dispõe desse componente. Este software foi de fundamental importância para o desenvolvimento do equipamento, pois através desse circuito pode-se avaliar não só as conexões entre o PIC e seus periféricos, mas também, o software escrito em linguagem C utilizando-se o software MikroC. CAPÍTULO V 5 VALIDAÇÃO DO FOTOMÊTRO DE CHAMA Como apresentado no capítulo 3 a validação de um método ou equipamento se refere à avaliação de 7 parâmetros: precisão, exatidão, linearidade ou faixa linear, especificidade ou seletividade; limite de detecção; limite de quantificação e robustez. 5.1 Preparação de padrões e metodologia de análise Para validação do fotômetro de chama com relação à análise de sódio, foram preparados 5 soluções-padrão com concentrações distintas de cloreto de sódio PA (para análise) . A preparação dos padrões se iniciou com a preparação de uma solução mãe ou solução estoque de cloreto de sódio na concentração de 0,5 mol/L. A partir da solução mãe, por processo de diluição preparou-se o conjunto de 5 soluções padrão nas seguintes concentrações: 0,05, 0,10, 0,15, 0,20 e 0,25 mol/L, como apresentado na Tabela 2. Tabela 2: Preparo de soluções padrão de sódio Soluções-padrão mol/L Volume de Solução Mãe Água em qsp* 100 ml. 0,05 10 ml 0,10 20 ml 0,15 30 ml 0,20 40 ml 0,25 50 ml Nota: *QSP – Quantidade suficiente para. Fonte: Autoras. Após o preparo das soluções padrão, foram realizadas as leituras das mesmas seguindo-se o procedimento como descrito abaixo: 54 Separar e identificar 6 tubos de ensaio, cinco para as soluções padrão e um para o branco, formado exclusivamente por água demineralizada; Ligar o equipamento, acender a chama, e aguardar alguns minutos para estabilização do sistema. Inicie as medidas lavando o sistema de nebulização com água desmineralizada por 2 minutos; Aferir o equipamento com a solução mais concentrada de modo que o display mostre uma leitura de emissão em torno de 900 u.a.; Lave novamente o sistema por 2 minutos e aguarde até obter uma leitura estável. Considere o valor mostrado como sendo a leitura do branco; Leia a emissão dos padrões iniciando pelo de menor concentração. Considere a emissão de maior intensidade, ou seja, a leitura mais alta que o display mostrar; Entre uma leitura e outra, passe água desmineralizada para eliminar resíduos da leitura realizada e aguardar 2 minutos após a lavagem para reestabilização do sistema. 5.2 Resultados analíticos obtidos com a leitura dos padrões Tabela 3: Leituras das soluções-padrão Intensidade de emissão do Na (u.a.) Branco 0,05* 0,10* 0,15* 0,20* 0,25* Replicata 1 144 629 691 845 917 Replicata 2 Replicata 3 144 144 361 311 716 389 897 494 980 805 Replicata 4 Replicata 5 144 144 500 464 669 560 775 756 864 867 R² Equação da Reta 1000 0,9813 1000 0,8457 y = 1936X + 526 y = 3084X + 328,2 1000 0,9430 1000 0,9882 y = 3588X + 61,6 y = 2390X + 403,1 1000 0,9904 y = 2758X + 315,7 *Concentração de sódio (Na) em mol/L. Fonte: Autoras. As avaliações estatísticas exigem que análises químicas sejam feitas em replicatas. Assim decidiu-se analisar cada amostra ou solução padrão 5 vezes. Devido a fortes oscilações no sinal gerado os dados foram normalizados para permitir comparação entre eles e a avaliação estatística desejada. A 55 tabela 3 apresenta os dados, já normalizados, das 5 replicatas. As avaliações estatísticas que se seguiram foram realizadas com os dados já normalizados. Tabela 4: Concentração de sódio nos padrões obtidos pela aplicação da equação da reta. Concentração de sódio (mol/L) Padrões (mol/L) Repl. 1 Repl. 2 Repl. 3 Repl. 4 Repl. 5 0,05 0,053 0,011 0,070 0,041 0,054 0,10 0,085 0,126 0,091 0,111 0,089 0,15 0,165 0,184 0,121 0,156 0,160 0,20 0,202 0,211 0,207 0,193 0,200 0,25 0,245 0,218 0,262 0,250 0,248 Média Desvio Padrão 0,046 0,100 0,157 0,203 0,244 0,022 0,017 0,023 0,007 0,016 Fonte: Autoras. Embora haja grande oscilação entre os valores obtidos para a solução de mais baixa concentração nas replicatas 2 e 3, estes resultados não puderam ser descartados com a aplicação do teste Q para um nível de confiança de 95%. 5.3 Validação do fotômetro de chama para análise de sódio 5.3.1 Precisão A precisão reflete a dispersão dos resultados de uma série de medidas de uma mesma amostra ou solução padrão. Esta é obtida com a aplicação da equação (12) que expressa o desvio padrão relativo. (12) ̅ Onde: DPR = desvio padrão relativo das leituras; s = desvio padrão amostral; ̅ = média das leituras Tabela 5: Determinação da precisão do fotômetro de chama. Padrões (mol/L) Média mol/L Desvio Padrão DP 0,05 0,10 0,15 0,046 0,100 0,157 0,022 0,017 0,023 Desvio Padrão Relativo DPR (%) 48,4 17,3 14,8 (continua) 56 (conclusão) Padrões (mol/L) Média mol/L Desvio Padrão DP 0,20 0,25 0,203 0,244 0,007 0,016 Desvio Padrão Relativo DPR (%) 3,5 6,6 Fonte: Autoras. Na Tabela 5, observam-se os valores para os desvios padrão relativos para cada uma das cinco concentrações analisadas. Os resultados indicam que o equipamento possui baixa precisão já que em quase todas as concentrações, os valores obtidos possuem uma dispersão maior que 5% em relação à média. Outro fato relevante é que a dispersão dos resultados aumenta com a diminuição da concentração, com destaque para a concentração de 0,05 mol/L com uma dispersão de 48,4%, esse fato se mostra coerente com os limites de detecção e de quantificação calculados. A baixa precisão pode ser resultado da falta de um sistema para controle de pressão para combustível e comburente. 5.3.2 Exatidão Na figura 24, apresenta-se os dados relativos da análise de sódio nas condições metodológicas 1. A exatidão reflete a coerência das concentrações obtidas com as concentrações reais ou admitidas como verdadeiras. A exatidão é obtida com a aplicação da equação (13) que expressa o erro relativo da medida. (13) Onde: %E = erro relativo; = concentração calculada; = concentração verdadeira. A concentração calculada, necessária para o cálculo do erro relativo, é obtida com a aplicação da equação da reta fornecida pelo gráfico mostrado na Figura 24 que expressa à correlação entre as diferentes concentrações analisadas e as médias das leituras de emissão do equipamento. 57 Figura 24: Correlação entre concentração e emissão na análise de sódio 1200 y = 2751,2x + 326,92 R² = 0,9966 1000 800 600 400 200 0 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 Fonte: Autoras. Na Figura 24 observa-se também que o coeficiente de correlação (R²), nestas condições, mostra que há uma correlação maior que 99% entre concentração das amostras e leituras de emissão atômica, tornando o método aceitável. As equações utilizadas para a obtenção das constantes da equação da reta e para o cálculo do coeficiente de correlação são mostradas nas equações de (6) a (9). Tabela 6: Erro relativo nas análises das diferentes concentrações de sódio. Padrões (mol/L) 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 Média das Concentração Equação da Reta pela leituras de Calculada média das leituras emissão (mol/L) 453 0,046 605 0,101 Y = 2751,2X + 326,92 753,4 0,155 886,6 0,203 1000 0,245 Resíduos -0,0042 0,0011 0,0050 0,0034 -0,0054 Erro Relativo (%) -8,35 1,08 3,34 1,72 -2,14 Fonte: Autoras Os resultados apresentados na Tabela 6 indicam que embora o equipamento esteja apresentando baixa precisão, a exatidão esta com um erro aceitável se o padrão de menor concentração for desconsidera, já que o erro nas demais concentrações foi de no máximo 3,34%, e de modo geral, admite- 58 se um erro de até 5%. Segundo Gauss por mais que existam alguns outtliers dentro de uma série de medidas estatísticas, a média tende sempre a estar próxima ao valor verdadeiro (SARAIVA; 2013). 5.3.3 Limite de Detecção e Quantificação Limite de detecção expressa a concentração mínima do analito presente numa amostra que o equipamento é capaz de detectar, diferenciado seu sinal do ruído natural por uma razão no mínimo igual a 3. Já o limite de quantificação expressa a concentração mínima do analito que pode ser quantificada com nível de confiabilidade aceitável. Para o limite de quantificação a razão sinal/ruído se situa entre 6 e 10. O ruído do equipamento é medido através da análise de replicatas do branco. Assim, analisou-se 10 replicatas do branco para as determinações dos limites de detecção e de quantificação. Tabela 7: Leituras do branco em 10 replicatas. Replicatas do branco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 173 201 255 199 225 189 269 249 283 290 ̅ 237 41,6 Fonte: Autoras Para a determinação dos limites de detecção e de quantificação, podese aplicar as equações como demonstrado abaixo: ̅ ̅ = 59 Nota-se pelo cálculo que determina o limite para quantificação do analito que a solução padrão de concentração mais baixa esta aquém desse limite, portando deveria ser desconsiderada. 5.3.4 Robustez A robustez de um método ou equipamento expressa a concordância entre os resultados de análises feitas, com uma mesma amostra, sob condições semelhantes. Pequenas variações nas condições ambientais ou de execução do método não devem produzir resultados significativamente diferentes. A avaliação da robustez por ser feita aplicando-se o teste t de Student para comparação de duas médias, mostrado na equação (14). | ̅ ̅ | (14) √ Onde: = valor de t calculado para comparação com t crítico que é tabelado; ̅ ̅ = médias de cada conjunto de medidas; = desvio padrão combinado; = número de replicatas em cada conjunto de medidas. A equação do teste t exige entre os dados o desvio padrão combinado dos dois conjuntos de dados. A equação (15) mostra como obter o desvio padrão combinado, necessário para o teste t. √ Onde: medidas; (15) = desvio padrão combinado; = desvios padrão de cada conjunto de = número de replicatas em cada conjunto de medidas. Para a aplicação do teste t, foi realizado um novo conjunto de medidas para a comparação das análises em condições diferentes. Nestas as condições ambientais e de condução do método foram alteradas. No novo método não foi observado o tempo de eliminação de resíduos da leitura anterior e de reestabilização do sistema. As leituras foram feitas de forma contínua da menos concentrada para a mais concentrada aguardando-se 60 apenas o tempo de estabilização da leitura. Como foram feitas em dias diferentes, considera-se que as condições ambientais também estavam diferentes. A Tabela 8 e a Figura 25 mostram os resultados obtidos com o novo método. Tabela 8: Dados referentes a análise de sódio pelo método 2. Método 2 Média das Equação da Reta Concentração Padrões leituras de pela média das Calculada (mol/L) emissão leituras (mol/L) 573 0,0406 0,05 711 0,1051 0,10 824 0,1573 0,15 932 0,2078 0,20 1000 0,2392 0,25 Erro Relativo -18,87 5,13 4,85 3,90 -4,31 Fonte: Autoras Figura 25: Correlação entre concentração e emissão na análise de sódio com método alterado. 1200 y = 2150,7x + 485,27 R² = 0,9866 1000 800 600 400 200 0 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 Fonte: Autoras. Para comparação dos métodos, foi aplicado o teste t de Student. A partir da tabela de distribuição estatística de Student obteve-se o tcrítico que é de 2,45 para um nível de confiança de 95%. Abaixo segue um exemplo de aplicação do teste t. 61 | ̅ ̅ | | | √ √ Tabela 9: Dados utilizados e valores obtidos para o teste t de Student. Método 1 ̅ Método 2 Scomb tcalc ̅ 0,0455 0,0197 0,0406 0,0037 0,0066 1,0166 0,1004 0,0156 0,1051 0,0020 0,0052 1,2376 0,1570 0,0208 0,1573 0,0040 0,0070 0,2026 0,0063 0,2078 0,0106 0,0033 0,0587 2,1577 0,2444 0,0144 0,2392 0,0092 0,0053 1,3435 Fonte: Autoras. Os resultados mostrados na Tabela 9 revelam que o equipamento se mostrou robusto para as diferentes condições e métodos de análise, já que o tcalculado foi menor que o tcrítico em todas as concentrações analisadas. 5.3.5 Seletividade e especificidade Os parâmetros de seletividade e especificidade não foram avaliados, pois o equipamento utiliza um filtro comercial de interferência, específico para análise de sódio. Isto proporciona a leitura somente da linha espectral do sódio. Outro fator que garante a especificidade da medida é a temperatura da chama; mesmo que houvesse possíveis interferentes presentes, ou seja, outros elementos que pudessem emitir luz de comprimento de onda muito próxima à do sódio, a temperatura da chama produzida pela combinação gás natural-ar não é suficiente para provocar excitação significativa desses elementos. 62 CONCLUSÃO O intuito deste trabalho foi à construção de um fotômetro de chama de baixo custo, porém capaz de realizar análises quantitativas com eficiência satisfatória para uso didático. Assim, após a realização deste trabalho de pesquisa e desenvolvimento pôde-se concluir que: - Apesar da fotometria de chama ser um método analítico simples, é bastante eficaz e confiável; - O PIC 18F4520 se mostrou um microcontrolador extremamente versátil e simplificou muito o trabalho de desenvolvimento do equipamento; - A utilização do fotodiodo como sensor, numa configuração de célula fotovoltaica, se mostrou satisfatório em termos de simplicidade e sensibilidade; - A validação do equipamento para análise de sódio mostrou que o equipamento apresenta-se com baixa precisão, entretanto, todos os demais parâmetros avaliados na validação se mostraram satisfatórios, com destaque para a exatidão de aproximadamente 97%. - Como medidas para buscar a melhoria da precisão, sugere-se a colocação de um sistema de controle de pressão para os gases, combustível e comburente, bem como, a instalação de um segundo sensor para servir como parâmetro de referência para reduzir as oscilações do sinal analítico. Por fim conclui-se que o equipamento desenvolvido, com as sugestões de melhorias implementadas, pode fornecer análises com resultados tão satisfatórios quanto os equipamentos comerciais, porém, a confirmação desta hipótese só virá com uma nova validação. 63 REFERÊNCIAS AMSTALDEN, L. C. Validação e protocolos em análises químicas. Rio Preto, 22 de mai. 2010. Disponível em: <http://www.crq4.org.br/sms/files/file /validacao_protocolos_analises_quimicas_2010.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2013. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. Tradução Ricardo Bicca de Alencastro. 3. ed. São Paulo: Brookman, 2006. 968 p. BROWN, T. L. et al. Química: a Ciência Central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 972 p. CERONI. Radiação ultravioleta, uma abordagem pela divulgação científica. . [s.l.]. 27 de nov. 2009. Disponível em: <http://uvifusp.wordpress.com/o-que-e-a-radiacao-ultra-violeta/> Acesso em 29: nov. 2013. CIENFUEGOS, F.; VAITSMAN, D. 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