XLIII CONGRESSO DA SOBER 1
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
ANÁLISE DE DECISÃO SOBRE O APROVEITAMENTO DA BIOMASSA
CANAVIEIRA, PARA FINS DE COGERAÇÃO
Hermas Amaral Germek - CPF 819.998.528-34
Professor Dr. Centro Universitário “Barão de Mauá”- CUBM de Ribeirão Preto e Faculdade
de Tecnologia de Taquaritinga – FATEC-TQ
Rua: Marechal Deodoro, 1222, Tel (19) 34330779, CEP 13.416-580 PIRACICABA-SP
e-mail [email protected]
Elias José Simon – CPF 403544408-10
Professor Dr. Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu – FCA/UNESP
Rua: Jorge Tibiriçá, 128- Tel (14) 38117171, CEP 18602-270 - BOTUCATU-SP
e-mail [email protected]
Tomaz Caetano Cannavam Rípoli – CPF – 401127998-68
Professor Dr. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP
Rua: Dr. Alvin, 1523, apt. 12- Tel (19) 34294165, CEP 13400-000 PIRACICABA-SP
e-mail [email protected]
Marco Lorenzzo Cunali Ripoli – CPF 253308128-29
Engenheiro Agrônomo, Dr. Firma: John Deere
Rua Heitor Penteado, 305 - Tel ( 19 ) 34294165 – CEP 13420-130 – Piracicaba SP
e-mail: [email protected]
Engenheiro Agrônomo, Professor DR. Nilson Augusto Villa Nova da ESALQ/USP CPF:
015.923.198-15 residente na rua XV de novembro, 140 apto. 54 CEP 13.400-270 Tel. (19)
34294123 de PIRACICABA-SP
Área Temática - 02
Forma de Apresentação - Apresentação em sessão sem debatedor
XLIII CONGRESSO DA SOBER 2
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
ANÁLISE DE DECISÃO SOBRE O APROVEITAMENTO DA BIOMASSA
CANAVIEIRA, PARA FINS DE COGERAÇÃO
Resumo
O estudo aborda as novas tendências da gestão ambiental quanto às reduçôes da poluição, de
queimadas e o aproveitamento de resíduos agrícolas para fins de geração de energia
alternativa, de ciclo limpo, com o emprego de biomassa, atendendo às recomendações da
Agenda 21 e do Protocolo de Kyoto na redução de fontes poluidoras e melhoria da qualidade
de vida e da saúde da população, com o emprego de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL.
Mostra que a modelagem matemática de simulação de processos operacionais é um
instrumento eficaz de gerenciamento auxiliando na tomada de decisões, possibilitando ao
setor sucroalcooleiro introduzir este instrumento de gestão, ainda pouco empregado pelo
mesmo, reduzindo com isto riscos e custos na definição de rotas tecnológicas de processos e
de cenários pelas empresas.
Determinou-se, por equações lineares, que o palhiço pode contribuir com o incremento da
disponibilidade energética adicional ao bagaço dependendo das características do canavial e
do percentual de recolhimento adotado, além do que o aproveitamento do palhiço e resíduos
vegetais canavieiro permite gerar recursos financeiros adicionais na produção sucroalcooleira.
____________________________________
PALAVRAS-CHAVE: Cogeração; Energia alternativa, Biomassa.
XLIII CONGRESSO DA SOBER 3
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
ANÁLISE DE DECISÃO SOBRE O APROVEITAMENTO DA BIOMASSA
CANAVIEIRA, PARA FINS DE COGERAÇÃO
1. INTRODUÇÃO:
A visão do futuro está unida aos princípios de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo –
MDL, com os quais os empreendimentos se comprometem a alcançar o crescimento
econômico com responsabilidade social, minimizando os impactos ambientais e equilibrar
prioridades com as partes envolvidas.
Estes princípios, segundo a ONU (1992), estão baseados nas recomendações da Agenda 21
que destacam o uso de energia alternativa e de ciclo limpo e a redução da dependência dos
recursos da natureza, a eliminação das queimadas e a melhoria da qualidade de vida da
população.
Para Cançado (2003) o particulado, ou seja os “carvãozinhos”, resultante das queimadas dos
canaviais são responsáveis pela poluição ambiental que aumenta os problemas das doenças
respiratórias das populações das regiões canavieiras.
Nos últimos anos a busca tem sido a consolidação destes princípios e que estão se tornando
fundamentais com a efetivação do Protocolo de Kyoto a partir de fevereiro de 2005.
O Brasil domina a tecnologia de produção de álcool que é considerada uma fonte energética
alternativa de ciclo limpo ( Koblitz, 2004). Possui terras agricultáveis a serem cultivadas para
a geração de combustível alternativo visando a atender a demanda mundial e o comércio de
crédito de carbono, de acordo com Alcoobras (2003), como “commodity” ambiental.
Segundo Germek (1985) a cana-de-açúcar precisar ser melhor aproveitada operando as
unidades industriais como “ilhas energéticas” e não meras produtoras de açúcar e de álcool,
tendo em vista a potencialidade de uso de outros produtos e sub-produtos do setor
sucroalcooleiro.
A demanda internacional e uso de veículos que usam o sistema de bi-combustível, está
revivendo a fase da década de 80 ultrapassando os níveis atingidos no auge do Proálcool com
uma produção recorde de 15 bilhões de litros de álcool em 2004.
Com o Protocolo de Kyoto entrando em vigor e estabelecendo metas de redução da emissão
de gás carbônico para os países industrializados, vem forçar os Estados Unidos, a União
Européia, o Japão e a China a reverem suas emissões e propiciar condições ao uso do álcool
na mistura com a gasolina como forma barata de se alcançar estes objetivos. A União
Européia eliminou os subsídios dados à produção de açúcar de beterraba, criando um espaço
para o comércio do açúcar brasileiro.
Frente à demanda por álcool e açúcar no comércio internacional, e o domínio tecnológico
brasileiro de produção a um custo baixo para os padrões internacionais, novas unidades
sucroalcooleiras estão sendo implantadas no Brasil.
A demanda mundial tem sido resultante de programas em implementação de redução da
queima de combustíveis fósseis na França, no México, no Canadá, na Suécia, na Austrália, na
Índia, na Colômbia entre outros. Destaca-se também a proibição nos Estados Unidos do uso
do aditivo, originário do petróleo, MTBE – (Metil-Tércio-Butil-Eter), na gasolina como antidetonante.
Atualmente para consolidar a colheita manual tem sido aplicada a pré-operação de queimar os
canaviais o que acarreta na perda de energia contida nesta fração da biomassa denominada
“palhiço”, segundo Ripoli (1991) e Ripoli (1992) e fere os princípios de conservação
ambiental preconizados nas recomendações da Agenda 21 e do Protocolo de Kyoto.
XLIII CONGRESSO DA SOBER 4
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
Neste sentido é necessário determinar rotas tecnológicas para o aproveitamento deste resíduo
da colheita e a otimização das tecnologias de produção sucroalcooleiras de cogeração.
A Lei estadual 10.547 de 02 de maio de 2000 que estabelece regras para a execução das
queimadas, o Decreto no. 45.869 de 22 de junho de 2001 que regulamenta a queima da palha
da cana-de-açúcar e a Lei Estadual no. 11.241 de 19 de setembro de 2002 que prevê a partir
do ano de 2020 a abolição da pré-operação de queimada dos canaviais, são meios legais que
procuram gerir o crescimento e o desenvolvimento do Estado de São Paulo de acordo com as
recomendações da Agenda 21 e do Protocolo de Kyoto, que o Brasil é signatário na
Organização das Nações Unidas – ONU.
Porém, o prazo é muito longo para a eliminação total das queimadas e as perdas de energia
economicamente viáveis existentes nos canaviais não podem causando poluição atmosférica
com prejuízos à saúde da população pela queima inadequada.
O Brasil produz energia elétrica para o uso nas moradias e no parque industrial de fontes
hídricas na razão correspondente de 95%, exigindo disponibilidade de chuvas regulares nas
regiões das bacias hidrográficas. Como a safra canavieira é realizada em épocas carentes de
chuvas em que as represas de geração de energia hidráulica estão com seus mais baixos
níveis, causando problemas e falta da disponibilidade de energia para as concessionárias
comercializarem na rede pública, o aproveitamento da biomassa ( no caso o palhiço) deve ser
uma alternativa adequada.
O resíduo da colheita denominado palhiço e que concentra boa parte da energia atualmente
perdida nas queimadas foi definida por Ripoli (2004) como sendo “ material remanescente
sobre a superfície do talhão após a colheita, principalmente, a mecanizada, constituída de
folhas verdes, palhas, ponteiros e ou suas frações: fração de colmos (industrializáveis ou não);
eventualmente frações de raízes e partículas de terra a elas aderidas”.
O Brasil conta atualmente com 307 centrais energéticas das quais 128 estão instaladas no
Estado de São Paulo que responde por cerca de 85% da produção do país. A área plantada
subiu de 4,5 milhões de hectares para 5,5 milhões de hectares o que corresponde a menos de
1% da área agriculturável brasileira e o processamento desta matéria-prima permite a
produção de 55% do álcool e 45% do açúcar segundo a ÚNICA (2005).
Além disso, a cana-de-açúcar é produzida nas regiões Centro-sul e no Norte-nordeste
permitindo duas safras anuais e segundo Vieira (2003) o rendimento agrícola paulista foi na
safra de 2003 de 71,3 t/ha.
Segundo a Alcoobras (2005) na safra 2005/06 o Estado de São Paulo processou 327,14
milhões de toneladas de cana-de-açúcar resultando em 13,54 bilhões de litros de álcool e
22,05 milhões de toneladas de açúcar e com o fechamento da safra na região Norte-Nordeste
os resultados esperados serão de 385 milhões de toneladas de cana-de-açúcar possibilitando
produzir 14 bilhões de litros de álcool e 26 milhões de toneladas de açúcar.
O Estado de São Paulo aumentou a área planta na última safra 2004 que passou a representar
2,24 milhões de hectares, pois estão sendo estabelecidas novas unidades produtivas, na região
noroeste, além da ampliação das existentes para possibilitar atender a demanda mundial por
combustíveis naturais, limpos e renováveis. E segundo Eston (1990) o álcool é este
combustível.
Quanto à tomada de decisão gerencial, o uso de simulação matemática segundo Silva (2003),
SCTDE/ICIDA (1992) e Wagner (1986), tem sido um instrumento de gestão e de otimização
de processos tecnológicos empregados nas pesquisas operacionais de modo a reduzir risco e
custo no estabelecimento de processos reais e também reduzem o tempo dos estudos e a
fabricação de protótipos.
XLIII CONGRESSO DA SOBER 5
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
Este estudo procurou determinar, por meio de simulação matemática, cenários para o
aproveitamento dos resíduos da colheita e otimização das rotas de produção sucroalcooleiras
de cogeração, tendo em vista ao incremento de geração que será oferecida pelo palhiço com
relação ao bagaço na produção de energia elétrica, para ser comercializada junto às
concessionárias privadas.
Assim, os objetivos deste estudo foram:
•
•
Verificar se a utilização da modelagem matemática poderia ser empregada na
avaliação do melhor sistema operacional a ser adotado, reduzindo os custos, riscos e
tempo de testes.
Determinar a potência gerada pelo palhiço quanto ao incremento de energia potencial
que existe nele em relação ao bagaço, devido a sua importância na matriz energética
de fontes alternativas do tipo biomassa.
2. METODOLOGIA:
A abordagem metodológica foi caracterizada como pesquisa quantitativa. Partindo-se de
uma conceituação básica do campo da pesquisa operacional, foram desenvolvidas a “função
objetivo” e as “equações de restrição” para cada rota tecnológica alternativa, com o palhiço
recebido na unidade industrial em diferentes formas em função dos diagramas de processo e
simulação.
Os sistemas de equações de cada modelo foram analisados com as técnicas de pesquisa
operacional da planilha eletrônica de cálculo “Microsoft excel” visando determinar a rota
mais econômica.
O método adotado, foi aquele que, via computacional, visou fornecer a melhor modelagem
dos modelos alternativos do processamento do palhiço para fins de cogeração.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para avaliar se é vantajoso o aproveitamento do palhiço como fonte energética complementar
ao bagaço e remunerar a aquisição dos equipamentos para compor o processo tecnológico de
adequação do tamanho do palhiço para ser agregado ao bagaço, como combustível tipo
biomassa nas caldeiras, bem como investimento no complexo de cogeração considerando-se a
vantagem da melhoria da qualidade ambiental pela queima controlada do resíduo da colheita
ao invés da pré operação de queimada no canavial, foi desenvolvida a equação (1).
Et = Ep +Eb = (TCH/3600) x 4,18 { [TP/TC x frp x Qp] + [Tb/TC x U x Qb] } x r
sendo:
• Et = Energia gerada, em MWh
(1)
XLIII CONGRESSO DA SOBER 6
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
• TCH = Tonelada de cana hora
• Tp = Tonelada de palhiço
• Tb = Tonelada de bagaço
• frp = Fração de recolhimento de palhiço, em décimos (30%; 50%; 70% e tendendo a
100%)
•
U = Fração de bagaço excedente em relação ao consumo próprio
• Qp = Poder calorífico do palhiço, em 1500Mcal/t
• TC = Tonelada de cana
• Qb = Poder calorífico do bagaço, em 1800Mcal/t
• r = Rendimento global da transformação calorífica em eletricidade, em décimos
(r = 0,20 a 0,25)
Aplicando-se valores na equação (1) foi possível determinar situações máximas e mínimas de
utilização de bagaço, de palhiço ou ambas em diferentes proporções.
Para fins de exemplificação estão sendo apresentados na Tabela 1
unidade de processamento de 100TCH – Tonelada de Cana Hora
comercialização da energia elétrica pela tabela do Proinfra para
R$89,59/MWh.
Neste caso o uso do palhiço e do bagaço podem gerar alternativas
apresentadas:
os valores para uma
e a remuneração da
a região Sudeste de
de potência, que são
Tabela 01: Potência gerada (KW) para 100TCH, nos diferentes usos possíveis da biomassa.
Aumento
Potência
Energia gerada Faturamento bruto
Uso da biomassa
Biomassa
na safra
safra (R$)
(%)
(MW)
(MWh)
Bagaço (50%)*
5,22
25.056
2.246.017,20
Palhiço (Mínimo)
11,1
0,57
2.755
251.998,75
Palhiço (Máximo)
111,33
5,84
28.080
2.266.268,64
Bagaço + Palhiço (Mínimo)
5,82
27.936
2.498.915,95
Bagaço + Palhiço (Máximo)
11,09
53.232
4.513.185,05
TCH = Tonelada Cana Hora
*Considerando o bagaço excedente em relação ao consumo próprio
Além dos valores apresentados na Tabela 1, a adoção do uso do palhiço como combustível
renovável permitirá enquadrar a empresa no sistema MDL - Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo e desta forma criar condições para comercializar a “commodity” ambiental ou crédito
de carbono para os países que não terão condições de minimizar suas emissões de CO2 na
atmosfera.
Neste sentido, independentemente da quantidade de palhiço no campo, após a colheita, o
disponível é bastante significativo o que justifica sua utilização para fins de cogeração não
mais se recomendando a pré-operação de queima dos canaviais para a colheita permitindo,
XLIII CONGRESSO DA SOBER 7
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
assim, a aplicação da legislação brasileira que regulamenta as queimadas e até a sua
antecipação para antes de 2020, sem implicar em perdas econômicas.
Cabe ressaltar que, a disponibilidade deste tipo de biomassa – palhiço e bagaço excedente,
poderão estar acessíveis nos períodos de safra canavieira que corresponde à época de estiagem
na região leste do país onde os reservatórios de água de hidroelétricas encontram-se nos seus
níveis mínimos.
Considerando que o Brasil produz cerca de 385 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por
ano (Alcoobras, 2005) ocupando uma área de 5,5ha, que a disponibilidade de palhiço é na
faixa de 4 a 12 toneladas por hectare (Ripoli, 2003) e considerando o rendimento agrícola
médio de 71,3t/ha (Vieira, 2003) é possível estimar qual seria a disponibilidade de energia
elétrica a ser oferecida pelo setor canavieiro para as concessionárias, e remunerada pela tabela
do Proinfra de 2003, gerando novos postos de empregos e garantindo o fornecimento
energético para a implantação de empreendimentos nos diversos setores brasileiros.
Mínimo:
Et = Ep +Eb = 385 x 106 x 4,18 { [4 / 71,3 x 0,30 x 1.500] + [250 / 71,3 x 1.800] } x 0,20
Et = 385 x 106 x 4,18 {[0,056 x 0,30 x 1.500] + [ 3,51 x 1.800]} x 0,20
Et = 385 x 106 x 4,18 {25,2 + 6.318} x 0,20
Et = 385 x 106 x 4,18 {6.343} x 0,20
Et = 2.039.485,34 x 106MJ/safra
Et = 2.039.485,34 x 106MJ/safra x 0,278 = 5,7 x 1010MWh/safra
Máximo:
Et = Ep +Eb = 385 x 106 x 4,18 { [12 / 71,3 x 0,90 x 1.500] + [250 / 71,3 x 1.800] } x 0,25
Et = 385 x 106 x 4,18 {[0,17 x 0,90 x 1.500] + [3,51 x 1.800]} x 0,25
Et = 385 x 106 x 4,18 {2227,2 + 6.311} x 0,25
Et = 385 x 106 x 4,18 {6.547} x 0,25
Et = 2.630.400 x 106MW safra
Et = 2.630.400 x 106MW/safra x 0,278 = 7,32 x 1010MWh/safra
Considerando que as 18 turbinas de 700MW da Hidroelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, geram
12,6 MWh os valores potenciais que o setor canavieiro pode oferecer com sua biomassa na
XLIII CONGRESSO DA SOBER 8
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
geração de energia elétrica para as concessionárias da rede pública é da ordem de 45 a 58% do
potencial de Itaipu.
Deve ser ressaltado que a geração de empregos pelo setor sucroalcooleiro é muito
representativa, abrangendo pessoas nas diferentes classes de trabalhadores e que se distribuem
geograficamente por todo o território nacional. O setor movimenta uma cadeia importante
para o agronegócio no Brasil, envolvendo empresas produtoras de bens de capital, produtores
de insumos, unidades de treinamento e aperfeiçoamento da mão-de-obra, instituições de
pesquisas, transportadoras e muito mais que direta e indiretamente pode contribuir para a
melhoria da qualidade de vida da população com competência ambiental e responsabilidade
social.
4 CONCLUSÕES
O potencial de incremento de energia de biomassa gerada pelo uso do palhiço adicional ao
bagaço variou de 11,1% a 111,33% dependendo do percentual recolhido e da produção deste
resíduo agrícola em função da variedade de cana-de-açúcar e das condições da cultura.
O recolhimento de 30%, 50%, 70% e tendendo a 100% do palhiço não influenciou nos custos
na indústria de adequação do particulado do palhiço para uso misturado com o bagaço nos
sistemas de caldeiras de alta eficiência e pressão, recomendando-se que a adoção de um ou
outro percentual seja definida por questões agronômicas: de tratos culturais; perfilhamento;
índice de infestação de insetos, entre outros exigindo estudos específicos na área e que já
estão sendo realizados conforme ficou evidenciado no levantamento bibliográfico.
O faturamento bruto permite amortizar o custo de adequação do palhiço, para serem utilizados
nas caldeiras juntamente com o bagaço, em menos de uma safra.
As equações oferecidas pelo estudo permitem aplicar valores específicos de cada
empreendimento permitindo ao usuário determinar os valores auxiliando na análise de decisão
gerencial de cada situação.
Deste modo, o uso de equações de simulação matemática atrelada à planilha de cálculo
eletrônica do “Microsoft excel”, mostrou ser um instrumento simples de gestão na tomada de
decisão gerencial do processo operacional.
5. RECOMENDAÇÕES
•
•
•
•
•
Rever a equação de Pagamento de Cana pelo Teor de Sacarose- PCTS e
incluir valor a fração fibra (biomassa) da matéria-prima, para fins de
cogeração;
Remunerar melhor o fornecedor de cana devido a comercialização à rede
pública de energia elétrica cogerada pela termo-elétrica de biomassa;
Remunerar melhor o cortador de cana pelo corte sem a pré operação de
queimada;
Eliminar as queimadas de cana-de-açúcar na busca de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL preconizados pelo Protocolo de Kyoto
permitindo estruturar a comercialização do crédito de carbono;
Rever o valor da remuneração pela rede pública à unidade de cogeração, que
usa a biomassa, de modo a remunerar o capital investido na termo-elétrica e
XLIII CONGRESSO DA SOBER 9
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
permitir o repasse correspondente à participação do industrial, do fornecedor de
cana e do cortador, estimulando o uso para atingir os 1.100MW previsto para a
comercialização para a safra 2005.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALCOOBRÁS. Reportagem de Capa: Possibilidade de abertura do mercado de carbono
estimula investimento em co-geração de energia. Revista Alcoobrás; São Paulo; ano VII - no
80 – jul./ago., 2003.
ALCOOBRAS
Procura por álcool demanda investimentos em novas usinas, Rev.
ALCOOBRÁS, ed. 88 Nov./Dez. 2004.
CANÇADO, J.E.D. A poluição atmosférica e sua relação com a saúde humana na região
canavieira de Piracicaba - SP. 2003. 201 p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
ESTON, N. E. Etanol o combustível despoluente. Revista. AEA - Associação Brasileira de
Energia Alternativa no. 3/4 v. 5 mai./jul. 1990.
GERMEK, H.A. Tecnologia e novos produtos, armas dos fabricantes de equipamentos no proálcool. p.
4 - 26, Revista do álcool, São Paulo set./out., ano 4, n. 31, 1985.
GERMEK, H. A. Análise de decisão sobre o aproveitamento do palhiço posto na unidade
industrial para fins de cogeração. 2005 107 p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências
Agrárias. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2005.
KOBLITZ, L.O. Contra fatos não há argumentos. Jornal de Piracicaba. Caderno Opinião, 22
de jul. 2004.
RIPOLI, M.L.C. Ensaio de dois sistemas de obtenção de biomassa de cana-de-açúcar
(saccharum spp) para fins energéticos. 2004 213 p. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Ciências Agrárias. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2004.
RIPOLI, T. C. C. Utilização do material remanescente de colheita de cana-de-açúcar
(Saccharum spp.) : equacionamento dos balanços energético e econômico. 1991. 150 p.
Tese (Livre-Docência) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" Universidade de
São Paulo, Piracicaba, 1991.
RIPOLI, T.C.; MOLINA JR., W.F.; RIPOLI, M.L.C. Energetic potential of the sugar cane
biomass in Brazil. Rivista di Ingegneria Agraria, Bologna, v.31, n.1, p.1-7, Feb, 2000.
SÃO PAULO (estado) Decreto 45.869 de 22 de junho de 2001 que regulamenta, no que
concerne à queima da palha da cana-de-açúcar, a Lei no. 10.547 de 2/05/2000 que define
procedimentos, proibições, estabelecendo regras de execução e medidas de precaução a serem
obedecidas quanto do emprego do fogo em práticas agrícolas, pastoris e florestais, e dá outras
providencias correlatas D.O. E., 22 de jun., 2001.
XLIII CONGRESSO DA SOBER 10
“Instituição, eficiência, Gestão e Contratos no Sistema Agroindustrial
SÃO PAULO (estado) Lei no. 10.547 de 02 de maio de 2000 que define procedimentos,
proibições, estabelecendo regras de execução e medidas de precaução a serem obedecidas
quanto do emprego do fogo em práticas agrícolas, pastoris e florestais, e dá outras
providencias correlatas. D.O. E., 03 de mai., 2000.
SÂO PAULO (estado) Lei no. 11.241 de 19 de setembro de 2002 que dispõe sobre a
eliminação gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar D.O. E., 20 de set., 2002.
SCTDE/ICIDA - Curso de modelagem e simulação de processos na produção de açúcar,
álcool e derivados, (apostila). ESALQ/USP, 1992.
SILVA, J.C,T. Pesquisa operacional. (apostila), Faculdade de Engenharia de Produção.
Unesp. Bauru, S.Paulo, 2003.
ÚNICA União da agroindústria canavieira de São Paulo. Cana de açúcar: origem da atividade.
Site: www.única.com.br, acesso em 07 de março de 2005.
VIEIRA. G. Avaliação do custo, produtividade e geração de emprego no corte de cana-de-açúcar,
manual e mecanizada, com e sem queima prévia. 2003, 114p., Dissertação (Mestrado)
FCA/UNESP – Universidade “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2003.
WAGNER, H.M. Pesquisa operacional. Ed Guanabara, 2o. Ed., Rio de Janeiro, 1986.
Download

análise de decisão sobre o aproveitamento da biomassa