COM-538 Sistemas de Informação Gerenciais Estudo de Caso – Capítulo 6 A ENERLINE RECORRE A UM ASP As indústrias produtoras de petróleo e gás sempre tiveram de enfrentar um problema caro e que demanda muito tempo – o rompimento das tubulações usadas para perfuração e no bombeamento de petróleo, bem como nas tubulações usadas para transportá-los dos poços para outro local. Os custos de reposição da tubulação é extremamente alto, abrangendo o custo de novas tubulações, escavação, mão-de-obra e , o que é mais importante, tempo ocioso. Outras empresas, como as que fornecem água e as que produzem resíduos industriais, também enfrentam o problema. Em 1995 foi fundada a Enerline Restorations, Inc. de Calgary, Canadá, especificamente para atender essa necessidade do mercado. A empresa atualmente fabrica três produtos: o EnerCore, para revestir as tubulações de perfuração; o EnerLiner, para revestir as tubulações de transporte; e o EnerBore, para revestir os caixões. No início, os produtos da Enerline eram fabricados em Calgary, mas, em 2000, a empresa abriu uma unidade de produção em Stettler, Alberta. A Enerline começou vendendo seus produtos nas principais áreas produtoras de petróleo de Alberta, onde está situada Calgary, e em Saskatchewan, cidade próxima. Ela firmou um acordo com a C. E. Franklin para distribuir seus produtos pelas 40 unidades da Franklin localizadas na região oeste do Canadá. Devido à qualidade e à eficiência em custo de seus produtos, as vendas da Enerline decolaram e seus produtos agora são vendidos nos Estados Unidos, na América do Sul, na Europa e até na África. Contudo, todo começo normalmente é vagaroso e difícil e a Enerline na verdade ainda é uma empresa muito pequena. Em maio de 1996, quando começou a vender seus produtos, a Enerline tinha apenas três funcionários e suas vendas chegavam a cerca de 2 milhões de dólares canadenses. As venda totalizaram 7 milhões de dólares no ano de 2000, uma taxa de crescimento de 3 dígitos. Em 1998, quando o quadro da Enerline aumentou para 30 funcionários, Ron Hozjan juntou-se à empresa como executivo-chefe de finanças. Hozjan reportavase a Graham Illingworth, presidente da Enerline, e aos cinco membros do conselho de diretores; todos os outros funcionários reportavam-se a Hozjan. Ele tinha a atribuição explícita de tornar a empresa mais eficiente e competitiva e os negócios gerais se tornaram sua responsabilidade. Dado o seu rápido crescimento e o aumento do número de funcionários, a Enerline precisava de maior capacidade computacional. Ela tinha apenas um escritório, que abrigava todos os funcionários, e um único computador independente, que rodava as ferramentas de produtividade de PC do Microsoft Office, em pequeno pacote de contabilidade e um software de serviços bancários on-line. Relatórios de posição de estoque, relatórios informando aos clientes as programações de entrega, relatórios de produção em prazos adequados e outras tarefas essenciais eram difíceis de executar e também demandavam muito tempo. Por exemplo, os relatórios semanais de produção de 40 a 80 páginas tinham de ser enviados por fax a Calgary, onde eram digitados em uma planilha, processo demorado e sujeito a erros. “Se você demorar algumas horas para atender o cliente, vai perdê-lo para sempre”, explicou Hozjan. “Uma plataforma de serviço ociosa ou um poço que não está em regime de produção total pode custar ao produtor de petróleo e gás até milhões de dólares por dia. Não podemos nos dar ao luxo de deixar os clientes esperando”. À medida que crescia a demanda por seus produtos econômicos, ficava cada vez mais difícil para a Enerline satisfazer seus clientes. Para continuar crescendo, ficou óbvio que ela não tinha outra alternativa a não ser atualizar seus sistemas de informação e sua infraestrutura de tecnologia da informação. A informatização pode ser algo bem dispendioso, e uma empresa tão nova e pequena quanto a Enerline precisava concentrar seus recursos no próprio crescimento – marketing, vendas, produção e pesquisa. Montar a necessária infra-estrutura de tecnologia de informação significava não somente comprar seis ou mais computadores de mesa e software e hardware empresarial e de comunicação, obter acesso à Internet e montar um site Web e instalar recursos de backup e software de segurança. Além disso, a Enerline precisaria contratar novos profissionais para dar suporte ao sistema e precisaria também de tempo para treiná-los. Hozjan calculou que o custo durante o primeiro ano seria de 80 mil dólares, uma quantia que deveria aumentar a cada ano, acompanhando o crescimento da empresa. Ele não queria comprometer uma parcela tão grande dos recursos limitados de sua empresa em suporte, quando a questão crítica era o crescimento. E começou a procurar uma alternativa que atendesse à maioria, senão a todos os sues requisitos. Ele queria descobrir uma empresa que fornecesse tudo o que era preciso em hardware, software e comunicações, bem como em manutenção, backup e serviço de apoio ininterrupto. Desejava também serviços e consultoria sempre que a Enerline precisasse. Finalmente, como sua empresa estava conquistando clientes em quatro continentes, almejava que seus serviços pudessem ser acessados pela Internet. Ele achou que tinha encontrado a solução com um provedor de serviços aplicativos (ASP). Um ASP gerencia aplicações e serviços computacionais para clientes a partir de seu próprio site, entregando esses serviços pela Web ou por meio de redes privadas. Os ASPs normalmente não apenas são os proprietários do hardware e do software, mas também gerenciam os sistemas. Cobram do cliente uma taxa Página 1 de 3 COM-538 Sistemas de Informação Gerenciais Estudo de Caso – Capítulo 6 por transação ou uma taxa mensal fixa. Hozjan mais tarde salientou que o modelo computacional ASP ajudou sua empresa a melhorar rapidamente sua posição no mercado e a preparou para atender clientes novos, maiores e mais dispersos. A Enerline conseguiu uma infra-estrutura de tecnologia de ponta com a qual não teve de se preocupar, podendo assim concentrar-se exclusivamente em atender seus clientes. O negócio dos ASPs começou praticamente na mesma época em que a Enerline foi fundada e, assim, havia pouquíssimas empresas já estabelecidas. As alternativas de Hozjan ficaram ainda mais limitadas porque ele preferia trabalhar com duas empresas. Na verdade, havia somente uma empresa canadense para ele verificar, e essa empresa era a FutureLink. Felizmente para Hozjan, a FutureLink atendia à maioria dos requisitos da Enerline. Ela já estava dando suporte a sistemas de missão crítica para diversas outras empresas, habilitava seus clientes a trabalhar pela Internet, oferecia o que chamava de suporte gratuito 24/7 e até mesmo e até mesmo garantia, por contrato, o funcionamento em 99,8 por cento do tempo. Além disso, já tinha seis escritórios ativos em todo o Canadá. Hozjan descobriu que a FutureLink era flexível e fácil de trabalhar. O maior problema que a Enerline tinha era descobrir um sistema de contabilidade adequado. Hozjan queria um sistema que tivesse boa reputação e que fosse projetado para as indústrias do petróleo e do gás. Finalmente, escolheu o sistema Qbyte da Price WaterhouseCooper e a FutureLink não teve nenhum problema para instalá-lo e lhe dar suporte. Em 30 dias a Enerline estava funcionamento a pleno vapor com sistema da FutureLink. O software que tinha escolhido incluía o Qbyte , bem como o Microsoft Office, o Outlook e serviços de Internet. A empresa não incorreu em nenhum custo para colocar o processo em marcha (exceto algum tempo de seu próprio pessoal) – a Enerline não teve que pagar a FutureLink nenhum custo de partida. Contudo, ela teve que assinar um contrato de três anos de prestação de serviços. Custava 1.800 dólares por mês no primeiro ano, totalizando 21 mil dólares, e 1.600 dólares por mês nos dois anos restantes, totalizando 60 mil dólares em três anos. Com essa alternativa, os custos seriam pagos mensalmente, em vez dos 80 mil dólares que a Enerline teria de despender somente no primeiro ano se tivesse montado os próprios sistemas. A FutureLink também ajudou a Enerline a montar um site Web em que os clientes podiam saber em que estágio do ciclo de produção estavam suas tubulações e visualizar o progresso de seus projetos de tubulação. Os clientes podiam também indagar sobre seus projetos por meio do site Web e receber da Enerline cotações rápidas. Hozjan estava feliz com o fato de a Enerline ter passado de um para seis computadores da noite para o dia sem despender nenhum capital e de ter acesso à melhor tecnologia do que algumas empresas de Alberta que eram cinco a seis vezes maiores do que ela. Hozjan também declarou: “O acesso que temos à tecnologia é fenomenal para uma empresa do tamanho da nossa e com o nosso orçamento”. A Enerline recentemente ganhou um projeto na África que talvez não tivesse conseguido sem a abordagem do ASP. Os funcionários conseguem trabalhar com muito mais eficiência. Os relatórios de produção e a cotação dos produtos agora são feitos on-line e nunca enviados por fax ou redigitados. As decisões de produção são tomadas com maior facilidade, rapidez e precisão, porque as informações estão facilmente disponíveis. E os clientes podem simplesmente obter on-line as informações de que necessitam, no mesmo instante e com pouco esforço. Mas o fato de a Enerline depender da FutureLink deu origem a um problema importante em setembro de 1999, apenas cinco meses após a empresa ter começado a operar seus sistemas de computador por meio da FutureLink. Cameron Shell, fundador da FutureLink e seu presidente na época, informou a Hozjan que a empresa estava enfrentando sérios problemas financeiros, embora tenha assegurado a ele que isso não afetaria o serviço que a FutureLink prestava à Enerline. A FutureLink estava sofrendo sérias perdas, que aumentavam à medida que crescia a concorrência no negócio de ASP. As dificuldades financeiras da FutureLink foi uma completa surpresa para Hozjan. Dois meses mais tarde, ela fundiu-se com a CitrixBusiness, uma empresa ASP com sede em Irvine, Califórnia. A maioria dos funcionários da FutureLink foi substituída por funcionários da FutureLink foi substituída por funcionários da Citrix e até a Shell deixou a empresa. No ano 2000 as perdas da FutureLink continuaram a crescer. Hozjan observou que, embora 1999 tenha sido um mau ano para a FutureLink, a Enerline continuava recebendo serviço confiável e o novo corpo administrativo ainda estava receptivo às mudanças que foram solicitadas no contrato firmado com a empresa. Em abril de 2001, a FutureLink passou por uma grande reestruturação e abandonou o mercado de ASP nos Estados Unidos. Hozjan exprimiu sua preocupação sobre a capacidade de a FutureLink continuar atendendo a Enerline. “Ela é basicamente nosso departamento de TI”, declarou. Fontes: Evan Koblentz, “ASP Shakeout Could Benefit Buyers”, eWEEK, 8 abr. 2001; www.citrix.com/ibusiness/profiles/enerline.htm;www.enerline.com; ww.futurelink.ca/case_studies1/ enerline.asp;tietovayla.fi/citrix/Citrix/section6/Enerline_CustomerStory.pdf;http://www.charon.com/case_studie s/downloads/Enerline.pdf, e Jane Movold e Scott Sschneber, “Enerline Restoratios Inc.: stay with as ASP”, Richard Ivey School of Business, University of Western Ontario, 2000. Página 2 de 3 COM-538 Sistemas de Informação Gerenciais Estudo de Caso – Capítulo 6 PERGUNTAS DO ESTUDO DE CASO 1. Analíse a Enerline e sua estratégia empresarial usando os modelos de forças competitivas e da cadeia de suprimento. Até que ponto os sistemas de informação da Enerline suportam bem seu modelo e sua estratégia empresarial? 2. Por que Hozjan estava preocupado com as questões de sistemas de computador quando a empresa não enfrentava real concorrência? 3. Por que Hozjan recorreu ao trabalho com um ASP? Foi uma boa decisão? Identifique as razões que estavam envolvidas nessa decisão. Quais foram os benefícios potenciais de trabalhar com um ASP? E os problemas potenciais? 4. A FutureLink foi uma boa escolha de ASP para a Enerline? A empresa deveria continuar trabalhando com a FutureLink? Descreva as implicações das mudanças dos planos empresariais da FutureLink com relação à Enerline. 5. Se a Enerline decidir cortar seus vínculos com a FutureLink, deverá contratar outro ASP ou montar a própria estrutura de TI? Que questões de administração, organização e tecnologia deveriam ser atacadas ao responder à pergunta? Página 3 de 3