REFORÇO DE LÁBIO POLIMÉRICO PARA PISO INDUSTRIAIS: um estudo de caso sobre tratamento de juntas esborcinadas em um galpão na cidade Contagem, Minas Gerais. Gilson Borges Silveira Neto1 Gustavo Henrique Freitas Gonçalves2 Antonio Henrique 3 RESUMO Esta pesquisa apresentou como tema central o tratamento de juntas de dilatação em piso industrial de concreto. Especificamente, apresentou como caso prático o sistema de lábio polimérico como método de tratamento para juntas esborcinadas. O estudo demonstrou que todo piso industrial em concreto está sujeito a tensões, em decorrência de diversas causas, como as de retração plástica do concreto, retrações e dilatações causadas por variações térmicas, empenamento das placas, carregamento. Tal situação ocorre seja ele estático, com cargas distribuídas ou pontuais, do tipo de porta palets, ou móveis, com empilhadeiras de rodas pneumáticas ou rígidas. Observou-se que partes destas tensões fazem com que haja uma sensível redução da vida útil do pavimento, caso não sejam devidamente tratadas. Nesse sentido, o projeto deve prever dispositivos, detalhes construtivos, reforços estruturais e especificações de materiais adequadas a cada tipo de solicitação. Conclui-se que os cuidados necessários para tratar as patologias em juntas de dilatação considera um cuidado especial com as medidas de higiene e de segurança do trabalho e as indicações quanto ao fogo, limpeza e disposição de resíduos e devem seguir as recomendações gerais dos produtos utilizados. Palavras-chaves: Tratamento. Juntas. Esborcinamento. Lábio Polimérico. Abstract: This research had as its central theme the treatment of expansion joints in industrial concrete floors . Specifically , presented as case study the system of polymeric lip as a treatment method for joints esborcinadas . The study showed that all industrial concrete flooring is subject to stresses as a result of various causes , such as plastic shrinkage of concrete , shrinkage or expansion caused by thermal variations , warping of the plates , charging. Such a situation occurs it is static, with distributed loads or occasional furniture , port type pallets , or forklifts with pneumatic wheels or rigid . It was noted that parts of these strains cause noticeable deterioration of the pavement life , if not properly treated . In this sense , the project should provide devices , construction details , structural reinforcements and material specifications appropriate for each type of request . We conclude that needed to treat pathologies in joints care considers special care with hygiene and safety and the indications of the fire, cleaning and disposal of waste and should follow the general recommendations of the products used . Key words : Treatment . Together . Esborcinamento . Polymeric lip. 1 1 2 INTRODUÇÃO Graduando em Engenharia Civil da Escola de Engenharia Kennedy Email: [email protected] Graduando em Engenharia Civil da Escola de Engenharia Kennedy.Email:[email protected] Revista Pensar Engenharia, v. 2, n. 1, jan. 2014. 1.1 Considerações Preliminares O contexto atual do mercado dos produtos utilizados no pavimento para ambientes industriais revela que as obras passaram a exigir a execução de pisos com maior resistência, durabilidade, baixa manutenção, fácil limpeza, aspecto estético agradável, além de bons índices de planicidade e nivelamento. Todo piso industrial em concreto, tal como citam Pitta et. al (2011), está sujeito a tensões devido a diversas causas, como retração do concreto, retrações e dilatações causadas por variações térmicas ou higrotérmicas, empenamento das placas e carregamento. Isso ocorre, seja ele estático (cargas distribuídas ou pontuais, como as de porta paletes) ou móvel (empilhadeiras de rodas pneumáticas ou rígidas). Parte das tensões citadas acima provoca uma sensível redução da vida útil do pavimento, caso não sejam devidamente consideradas. O projeto deve prever dispositivos, detalhes construtivos, reforços estruturais e especificações de materiais adequados a cada tipo de solicitação. (SÁ et. al, 2009). Este estudo foca apenas no piso industrial de concreto, sendo destacado o tratamento de juntas de dilatação. Considera-se a premissa de que todas as juntas do piso devem ser tratadas, evitando a percolação de líquidos em seu interior e também para proteção das bordas do concreto devido ao impacto gerado pelo trânsito de equipamentos ou veículos de transporte. Em geral, observa-se que os tratamentos e recuperação das juntas, envolve o preenchimento das mesmas com produtos específicos, determinados no projeto, em função do tipo de uso. A pesquisa permite entender que o processo de retração e a abertura das juntas é muitas vezes superior à capacidade de flexibilida de do produto de preenchimento utilizado. Nesse sentido é que se consideram as orientações dadas pelo American Concrete Institute, ACI (2010), em que o concreto continua retraindo por anos, mas as maiores movimentações, ou as mais representativas, necessitam de intervenção imediata. 3 Professor Orientador – Antônio Henrique Correa de Freitas Email: [email protected] Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Especificamente sobre o esborcinamento em um piso de concreto, este ocorre quando as juntas são pouco resistentes a impactos, podendo estar sujeitas a quebra das bordas. Como as causas mais comuns para este problema, citam-se os erros de projeto, tais como a adoção de barras de transferência de diâmetro inadequado ou especificação incorreta de materiais de preenchimento; a remoção das barras de transferência para facilitar a desforma, e erro de posicionamento das barras de transferência das juntas (eixo inadequado) que podem criar fissuras próximas a estes locais. Sabe-se também que as juntas em pisos de concreto existem para direcionar movimentos estruturais, principalmente aos ocorridos devido às variações térmicas e mecânicas. Dessa maneira, as patologias que ocorrem nas juntas e que prejudicam tais movimentos devem ser tratadas. O tratamento em juntas esborcinadas, tomando por exemplo o lábio polimérico, deve focar no aumento da resistência das bordas laterais, quanto ao impacto gerado por rodas de empilhadeiras em áreas de tráfego intenso. Diante dos aspectos aqui mencionados, pergunta-se: Quais os cuidados mais importantes no tratamento das juntas com foco na metodologia do lábio polimérico? Acredita-se que as juntas devem ser tratadas para evitar a entrada de água e materiais sólidos que podem danificar a estrutura sendo que, o tratamento está relacionado à utilização da área e do projeto do piso. Outra hipótese, é que o tratamento adequado considera a manutenção preventiva das juntas com certa periodicidade, levando em conta o seu desgaste durante o tempo em que estiver em serviço para garantir maior durabilidade ao piso industrial. 1.2 Objetivo O objetivo desse artigo é demonstrar as etapas para o reforço de juntas esborcinadas tendo como exemplo um estudo de caso realizado em um galpão localizado em Contagem, Minas Gerais. De maneira a cumprir o objetivo geral acima mencionado, foram estruturados os seguintes objetivos específicos caracterizando as etapas desta pesquisa acadêmica: Abordar as características dos pisos de concreto protendido voltados para ambientes industriais; conhecer os processos de recuperação Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. de pisos industriais, com destaque ao tratamento de juntas; estudar as técnicas de tratamento de juntas de pisos industriais (de concreto) e descrever o tratamento de juntas de pisos industriais dando ênfase ao tratamento conhecido como reforço de juntas ou lábio polimérico no estudo de caso. O universo da pesquisa de estudo de caso foi a empresa TECPISO, que atua no segmento de pisos industriais e realiza obras de execução e tratamento de juntas em pisos de concreto, bem como a recuperação do piso como um todo, além de outros tipos de piso indicados para ambientes industriais. Como sujeitos da pesquisa, tem-se uma obra realizada em um galpão industrial localizado em Contagem, Minas Gerais, que elucida questões relacionadas ao tratamento das juntas do piso de concreto. Assim, o propósito deste estudo permite entender o processo de recuperação de pisos Industriais de concreto e na demonstração de como é a relação do diagnóstico e a técnica de tratamento de junta adequada ao tipo do piso industrial observado. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Aspectos gerais de pisos industriais Piso industrial como a própria denominação diz, se destina à indústria. O piso industrial tem nas juntas o seu elo mais fraco, sendo que é nelas que as principais manifestações patológicas de natureza estrutural se manifestam. Em função disso existe a tendência de efetuarem-se projetos com quantidade cada vez menor de juntas. Porém, considerando as limitações executivas, equipamentos disponíveis, índices de planicidade e nivelamento necessários, as juntas acabam sendo sempre necessárias. É importante que as juntas dos pisos industriais sejam dimensionadas maneira segura e econômica (PITTA, 2009). Tanasi et. al (2008) explicam que os pisos industriais passaram por grandes avanços de tecnologia, assim como diversas outras áreas da construção civil, neste trabalho se destacam as inovações para os pisos industriais, especialmente as patologias em juntas de piso de concreto protendido. Este tipo de piso, largamente Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. utilizado nas grandes construções, exige que profissionais da área, não apenas desenvolvam projetos e atendam as necessidades do padrão de construção em questão, mas também contemplem todas as estruturas e características deste produto, analisando todas as fases no plano de execução. Observa-se que, na grande parte dos projetos de pisos industriais, os profissionais consideram apenas as questões estruturais das placas de concreto, não avaliando questões que são fundamentais e determinantes para o desempenho do piso, como a análise de todos os processos e materiais utilizados na criação e desenvolvimento do mesmo (YODER; WITCZAK, 2005). Assim, compreende-se que, no contexto da construção industrial, o piso constitui uma das partes vitais do projeto e execução da obra, por ser de fundamental importância nas áreas de produção e logística dos grandes centros de distribuição, galpões e toda e qualquer obra de instalações industriais. Sá et. al (2009) afirmaram que, atualmente, não se executa pavimentação de grandes áreas com concreto preparado em canteiro. Tendo em vista o volume de material envolvido, o autor orienta que a concretagem seja executada empregando-se concreto usinado e argumenta a existência, no mercado, de inúmeras empresas que podem executar piso industrial com alto nível de qualidade. 2.2 Piso industrial de concreto Rodrigues e Cassaro (2008) revelam que os pisos industriais de concreto são elementos estruturais que têm a finalidade de resistir e distribuir ao subleito esforços verticais provenientes dos carregamentos. É sobre eles que as atividades de movimentação de cargas e de equipamentos se realizam. Assim, a adequada execução do piso se mostra como sendo da máxima importância na garantia de seu desempenho. De acordo com os ensinamentos de Pitta (2009), os pisos de concreto têm seus componentes demonstrados na Figura 1 e são indicados para diversos usos, seja em indústrias, armazéns e supermercados. Em síntese, citam-se: pisos de concreto simples, de concreto estruturalmente armado, de concreto protendido e pisos reforçados com fibras. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Figura 1 - Principais componentes dos pisos industriais. Fonte: Carvalho, 2009. Destaca-se, que, por não ser fundamental a esse estudo, não serão explicitadas as características de cada um dos tipos de pisos industriais de concreto. É importante destacar algumas características que devem ser mencionadas no projeto de piso, tais como tipo de ataques físicos a serem suportados, tipo de transporte que circulará por sua superfície, temperatura de operação do ambiente e exposição ou não a intempéries, etc.. Estas e outras variáveis devem ser analisadas antes da escolha do tipo de piso a ser adotado. (ROCHER, 2007). Tasani et. al (2008) explicam que um dos erros mais comuns cometidos pelos construtores ao contratar serviços de execução de pisos industriais de concreto é desconsiderar a necessidade de contar com um bom projeto que oriente a etapa construtiva. A ausência de um profissional com conhecimento específico em pisos industriais pode resultar em problemas sérios, tanto na escolha da melhor solução quanto na dos materiais a serem utilizados, ocasionando grandes prejuízos ao cliente final. 2.3 Conceito e etapas executivas das juntas em pisos Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Dentre estes dispositivos ou detalhes construtivos estão o foco desse estudo, as juntas que podem ser definidas segundo o Tecpiso (2013) como detalhe construtivo, que deve “permitir as movimentações de retração e dilatação do concreto e a adequada transferência de carga entre placas contíguas, mantendo a planicidade, assegurando a qualidade do piso e conforto do rolamento”. Neville (2007) relata que ao longo do tempo, o aumento dos carregamentos e consequente aumento das tensões nos pisos industriais vêm preocupando os profissionais da área. Nessa condição, inúmeras soluções de dimensionamento tem sido estudadas, porém, todas as alternativas elevam a responsabilidade das juntas, pelo fato de que o aumento das cargas levam ao aumento de tensões nas juntas e das deformações dos pisos industriais. Nos dizeres de Rodrigues e Gasparetto (2008), várias alternativas para elevar a eficiência na transferência de cargas entre placas de concreto, foram experimentadas, tais como: (...) espessamento das bordas das placas, juntas com encaixes do tipo macho e fêmea com ou sem barras de ligação, aumento da capacidade de suporte da sub-base, juntas com utilização de barras de transferência ou barras de ligação e outras. O piso industrial tem nas juntas o seu elo mais fraco, sendo que é nelas que as principais manifestações patológicas de natureza estrutural se manifestam. Em função disso existe a tendência de efetuar-se projetos com quantidade cada vez menor de juntas. Entretanto, em função de limitações executivas, equipamentos disponíveis, índices de planicidade e nivelamento necessários, as juntas acabam sendo sempre necessárias. Resta portanto ao calculista dimensioná-las de maneira segura e econômica (GASPARETTO, 2008, p.29). Dal-Maso (2008) esclarece que, na literatura nacional e mesmo internacional existem brechas no que se refere a projeto de juntas e este trabalho tem como objetivo reduzir esta deficiência, procurando apresentar critérios de dimensionamento das juntas, de modo que seja possível garantir a baixa manutenção e elevada vida útil dos componentes. Assim, torna-se necessário, nos critérios para o desenvolvimento do projeto geométrico das juntas, o estudo dos principais tipos de juntas empregados para pisos industriais e pavimentos estruturalmente armados, bem como, o dimensionamento dos Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. dispositivos de transferência de cargas. Finaliza com a fixação de critérios que devem ser seguidos para o controle da qualidade de execução e recebimento das juntas. É importante ressaltar que, tal como afirma Neville (2007), as juntas devem permitir a "adequada transferência de carga entre placas contíguas". Pode-se avaliar pela Figura 2 as condições de trabalho das juntas. Figura 2 - Junta desprotegida 0% de Transferência de Carga Fonte: Neville, 2007. Cruz Filho (2007) dispõe que, quando se tem uma carga na proximidade da borda, existe uma deformação natural da placa de concreto do piso, proporcional à magnitude da carga, espessura da placa, módulo de elasticidade dos materiais envolvidos e condições de suporte da placa, gerando uma descontinuidade da superfície do piso, alterando as condições de rolamento, conforto e segurança. A Figura 2 acima expressa a existência de uma patologia na placa da direita, devido à passagem da roda do veículo. Este fato, conhecido como esborcinamento das bordas, é comum em pisos que não possuam a adequada transferência de carga, como demonstrado na Figura 3. Figura 3 - Junta protegida 100% de Transferência de Carga Fonte: Chodounsky, 2007. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Observa-se, de acordo com o disposto na Figura 3, que havendo adequada transferência de carga por meio de um dispositivo devidamente dimensionado, como abordado adiante, preparado e posicionado, tem-se assegurada a vida útil do piso de concreto. Em decorrência da necessidade de manutenção periódica e para que se tenha uma vida útil maior possível do piso, é importante fazer uso de todos os recursos possíveis para a diminuição do número de juntas em uma obra, já que elas são, normalmente, a principal causa do início do processo de falência dos pisos e pavimentos. Chodounsky (2007) assina-la que a recomendação para placas de concreto simples é de que a relação entre largura e comprimento seja de 1:1,5. O autor cita ainda a existência de organismos que sugerem placas ainda menores como, por exemplo, a relação de 1:1,25, ou seja, para placas de uma rodovia com largura de 3,6 metros, tem-se comprimentos de 4,5 metros. Não obstante, para os pavimentos armados, esta relação fica por conta das questões executivas, sendo que para os pavimentos continuamente armados, existem apenas as juntas de encontro com pontes ou outras estruturas, obtendo-se placas grande extensão. 2.4 Movimentação, Patologia de esborcinamento e lábio polimérico Para melhor entender a patologia do esborcinamento expõe-se alguns aspectos das movimentações. Rocher (2007) explica que os perfis elastoméricos, em geral, foram projetados para absorver um grande numero de movimentações simples e até combinadas. Para exemplificar, o autor menciona as principais movimentações sofridas pelo perfil, que são elas: Tração (frio) - Ocorre quando temos uma diminuição na temperatura, fazendo com que o concreto sofra um agrupamento de suas moléculas, tracionando assim o perfil. Compressão (calor)- Ocorre quando ocorre um aumento na temperatura, fazendo com que o concreto sofra uma expansão de suas moléculas (dilatação), comprimindo assim o perfil; Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Recalque Diferencial - Ocorre quando temos diferença de nível entre as placas de concreto da junta, provocados por motivos variados, fazendo com que a junta se posicione de forma não nivelada horizontalmente, este movimento pode ser combinado com os movimentos descritos acima. Cisalhamento - Ocorre quando temos um escorregamento entre as placas de concreto da junta no sentido horizontal, podendo este movimento ser combinado com os movimentos acima citados. Fazendo com que o perfil sofra uma movimentação horizontal ao seu eixo. Movimento Combinado - Como o nome já diz, é a combinação entre os movimentos já descritos. Rotação - Ocorre quando temos o deslocamento entre as placas da junta, fazendo com que as duas partes da estrutura se movimente verticalmente, tentando rotacionar a estrutura. Este movimento é raro acontecer, mas se ocorrer o perfil até o seu limite acompanhará a estrutura estando devidamente colado. Oliveira (2001) defende que a recuperação de patologias passa pelo entendimento de que cada patologia requer um tratamento específico. O autor explica com base em um exemplo em que problemas de desgaste podem ser tratados com endurecedores químicos ou pela lapidação associada a um endurecedor, dependendo da situação. No que diz respeito aos esborcinamentos. Carvalho (2009) explica que estes podem ser tratados com lábios poliméricos, foco deste estudo, desde que a junta esteja estruturalmente adequada, ou seja, desde que não haja problemas de transferência de carga. Caso contrário, poderá haver necessidade de injeção de pasta de cimento entre a placa de concreto e a fundação para controle de deformações, ou até a introdução de barras de transferência. Rocher (2007) defende que, antes de se optar por uma técnica de recuperação, deve-se conhecer bem as causas da patologia em questão. Uma fissura estrutural pode ser mínima, levando a crer que se trata de uma fissura de retração. Fissuras podem ser causadas pela movimentação do solo ou devidas à ausência de barras de transferência, muitos costumam tratar a patologia como se fosse causada pela retração Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. do concreto, simplesmente aplicando o selante. O certo é abrir juntas com uma serra industrial, para depois selá-las. Vale citar também a ocorrência da delaminação e microfissuras que podem ser recuperadas com a aplicação de epóxi ou material cimentício estabilizado com resina. Apesar de ser mais caro, o primeiro endurece em apenas 12 horas, enquanto que o segundo leva de um a três dias para isso. O metacrilato, por ser mais fluido que o epóxi, dispensa a aplicação por meio de injeção. É interessante saber que os equipamentos e materiais usados na confecção dos pisos são basicamente os mesmos empregados na recuperação. (DAL MASO, 2008). Neville (2007) revela que o reforço de borda ou lábio polimérico se refere ao reforço de bordas à base de resinas epoxídicas com polímeros minerais de alta resistência. São utilizados para reforços de quinas em construções com alto tráfego como viadutos, pisos industriais e estacionamentos. Os lábios poliméricos tornam-se parte integrante do concreto tornando-o uma peça monolítica, conferindo-lhe resistência superior a 60 Mpa, o que evita o esborcinamento das bordas da junta e mantém o selo de vedação intacto. Bleszynski et. al (2002) afirmam que é um tratamento de borda de juntas novas ou antigas em pisos de concreto, em que se utiliza argamassa epoxídica com propriedades autonivelantes, de extra-alta dureza, desenvolvida especialmente para esse tipo de tratamento. A indicação é para áreas de tráfego intenso com veículos de rodas rígidas, pois exerce sobre estas bordas compressão e flexão, fazendo o concreto se romper. Os lábios poliméricos são a sugestão para a correção desta patologia. Uma deficiência do concreto é a sua baixa resistência principalmente em quinas (ou bordas) de uma estrutura qualquer que posteriormente será aplicado ali um grande esforço. O sistema de tratamento de bordas de juntas promovem assim grande estabilidade a solicitações mecânicas e químicas. Seu desempenho promove ganhos reais com manutenção e produtividade. Os lábios poliméricos tornam-se parte integrante do concreto tornando-o uma peça monolítica, conferindo-lhe resistência superior a 60 Mpa, o que evita o esborcinamento das bordas da junta e mantém o selo de vedação intacto. (CARVALHO, 2009). Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. 3 MATERIAL E MÉTODO Esta pesquisa se caracteriza como uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa que, de acordo com Yin (2010), é definida de tal maneira por possuir características não estruturadas e por ser rica em contexto, além de enfatizar as interações e a obtenção de respostas semi estruturadas. Além disso, é capaz de, em razão de objetivos determinados, identificar a percepção que uma população tem sobre uma situação problema. Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho, optou-se pelo método de estudo de caso único, que, conforme Gil (2009) trata-se de uma categoria de pesquisa, na qual o objeto é uma unidade que se analisa em profundidade. No caso desse estudo, o objeto de análise foi uma obra realizada em um galpão industrial situado na cidade de Contagem, Minas Gerais. O instrumento de coleta de dados utilizado no estudo em questão foi utilizado como fonte de evidência, o embasamento teórico dado pela revisão bibliográfica e a análise documental, considerando a abrangência e seu valor em qualquer coleta de dados. Yin (2010) ressalta que o valor dos documentos em uma pesquisa de estudo de caso está em corroborar e valorizar as evidências coletadas de outras fontes. Além disso, no estudo de caso, foi realizada a observação e os registros do autor, bem como a análise documental desta pesquisa que foram considerados documentos administrativos fornecidos pela empresa TECPISO, laudos técnicos e fichas de registro que trataram do tratamento das juntas do piso de concreto. 4 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 4.1 Considerações prévias A TECPISO situa-se R. Sra. do Porto, 204 – Palmeiras, Belo Horizonte – MG. É aplicadora credenciada de empresas que pesquisam e desenvolvem produtos destinados à execução de pisos industriais. O objetivo é garantir a apresentação de Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. alternativas para auxiliar na absorção e resistência a esforços abrasivos, impactos e neutralização de produtos agressivos. Segundo os manuais técnicos da empresa, é de suma importância que todas as juntas do piso sejam tratadas. Assim, pode-se evitar as patologias comuns em juntas de pisos de concreto tais como percolação de líquidos em seu interior e também para proteção das bordas do concreto do impacto gerado pelo trânsito de veículos sob o piso. As juntas devem ser preenchidas com produtos adequados e determinados no projeto, em função do tipo de uso. Como visto anteriormente nesse estudo, quanto maior o período entre a aplicação do concreto e o tratamento das juntas melhor o desempenho do produto de preenchimento aplicado. A retração, fenômeno natural do concreto (perda de volume), ocorre em maior intensidade nas primeiras idades, período de hidratação do cimento e perda da água de amassamento. Tal retração ocasiona uma maior abertura das juntas, muitas vezes superior à capacidade de flexibilidade do produto de preenchimento utilizado. Este trabalho tem o objetivo de relatar tecnicamente, como foram conduzidos e executados os serviços na obra de lábio polimérico (reforço de borda), não tendo por sua vez, fins didáticos. Depois de ter sido feita uma visita ao galpão da empresa localizada em Contagem, MG, foi apresentado pela TECPISO, executora do tratamento do piso de concreto (juntas), uma proposta técnica resultado da assessoria técnica para projetos e manutenções com a linha de produtos. Tal fato se deu porque foi solicitado que a empresa contratada apresentasse um trabalho de recuperação do piso da oficina mecânica do departamento de manutenção, que oferecesse um melhor custo-benefício do que as propostas comerciais convencionais, além de um menor tempo de execução dos trabalhos para liberação rápida da oficina. 4.2 A obra observada Dados da obra Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Endereço: Av. Simão Antônio, 149 - Cincão - Contagem/MG Proprietária: Vânnia Costa Destinação: Galpão Industrial – usinagem peças automotivas Característica: área de tráfego intenso com veículos de rodas rígidas Área: 700 metros lineares, coberto, com pé direito de 5 m, arejado, portão com 10 m Data início da obra: 21 de nov./2013 Data fim da obra: 01 de dez/2013 Foi feito, pela TECPISO, uma especificação técnica para o caso, juntamente com uma proposta comercial, onde se indicou o aplicador e o fornecedor dos produtos que participariam da tomada de preços. Depois de aprovado pelo departamento técnico da empresa contratante, o trabalho da empresa contratada, foi negociado comercialmente, e apresentou o menor custo para o serviço. Durante a obra foi feito um acompanhamento de todas as etapas do serviço para garantir que o mesmo fosse executado da melhor forma possível e alcançasse o resultado desejado. Desta forma, passou-se a seguir a apresentação desse trabalho, focando no propósito dessa pesquisa acadêmica que é as juntas do pavimento. A solução apresentada para problema ocorrido em uma Usina de Manutenção de peças automotivas localizada em Contagem, Minas Gerais mostrado na Figura 4 onde o piso em concreto armado apresentava sinais de desgaste, numa área total de 700m2. Figura 4 - Visão parcial do galpão industrial destinado a manutenção de peças automotivas Fonte: da pesquisa, 2013. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. 4.3 Situação encontrada Considerando a situação inicial encontrada, pode-se dizer que o piso encontravase danificado por impactos e abrasão exercidos pelos trabalhos desenvolvidos no galpão de manutenção mecânica e reparos em peças automotivas que funciona no local. Em geral, o piso estava deteriorado e desgastado por intensa utilização da oficina, onde haviam sido feitas manutenções de regularização e nivelamento com argamassa epóxi com espessuras médias de 15 milímetros, sobre o substrato mal preparado e limpo, sendo ainda executado um revestimento autonivelante em epóxi sobre essa argamassa de regularização. Não haviam sido tratadas as juntas de concretagem e de dilatação desse piso, sendo deixados sob esse piso epóxi, todos os sarrafos de madeira utilizados na execução do piso de concreto e vários insertos metálicos, oxidados vistos parcialmente nas Figuras 5 e 6, respectivamente. Figura 5 - Registros da ocorrência da abrasão em pontos distintos do galpão (1) Fonte: da pesquisa, 2013. Figura 6 - Registros da ocorrência inserts metálicos, oxidados em pontos distintos do galpão Fonte: da pesquisa, 2013. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Apresentava também esborcinamento das juntas de concretagem e de dilatação do piso de concreto de 15 anos de idade exemplificado na Figura 7. Figura 7 - Ponto do galpão com esborcinamento das juntas Fonte: da pesquisa, 2013. Havia contaminação por óleos, graxas, tintas, solventes e demais substâncias “estranhas” ao concreto mostrado na Figura 8, além de um revestimento com argamassa epóxi que se apresentava deteriorada e solta do substrato mostrado na Figura 9. Figura 8 - Ponto do galpão com contaminação por solventes e demais substâncias químicas no concreto. Fonte: da pesquisa, 2013. Figura 9 - Revestimento solta do substrato. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Fonte: da pesquisa, 2013. 4.4 Procedimentos adotados - Lábio polimérico A execução do lábio polimérico foi feito para que se pudesse aumentar resistência de bordas do piso de concreto que trazia alta solicitação de carga de rodas de empilhadeiras. A área executada foi de 700 metros lineares. Foi utilizada a argamassa epóxi para reforço de junta, conforme manual técnico do produto. Trata-se de um composto epoxídico tri componente, de base epóxi com agregados minerais e minerais metálicos, utilizado principalmente para reforço ou reparo em juntas. O emprego dessa argamassa se aplica em juntas que necessitam de um alto desempenho devido às solicitações de tráfego, tanto pelo âmbito de impacto como de frequência, suas características físicas são insuperáveis. As propriedades da argamassa utilizada são vistas no Quadro 1 abaixo: Quadro 1 – Propriedades da argamassa utilizada no método de tratamento de juntas de lábio polimérico Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Fonte: Tecpiso, 2013. Ressalta-se que os resultados demonstrados no quadro acima foram alcançados em ensaios que utilizaram como parâmetro as normas vigentes ou internas, realizados em laboratórios e dentro das condições ideais. A composição básica é de resina epóxi. Na execução do lábio polimérico foi preciso avaliar as condições do ambiente, desse modo, foi observado que este estava a 26°C e umidade relativa do ar inferior a 69% na data da obra. Lembrando que os limites estabelecidos são temperaturas compreendidas entre 5°C e 40°C e umidade relativa do ar inferior a 80% e para qualquer aplicação fora das condições ambientais básicas, deve-se consultar o departamento técnico da empresa executora e reavaliar a execução da obra. O substrato apresentou resistência a tração ao arrancamento superior a 0,6 MPa. A temperatura do substrato estava em 22°C (o limite indicado por especialistas é estar entre 15°C e 35°C, além de sua umidade estar abaixo de 7%). Por meio de equipamento específico (Serra Clipper), foi feito o corte da junta na espessura e profundidade dimensionada em projeto como mostrado na Figura 26. Figura 10 - Corte da junta com Serra Clipper. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Fonte: da pesquisa, 2013. A abertura do canal foi feita com marteletes de pequeno impacto e também com talhadeira, sempre com a precaução de não lascar a parede e bordas do corte, além de não ultrapassar os limites de profundidade para que não ultrapasse o consumo especificado, como mostrado na Figura 11. Figura 11 - Abertura do canal com uso de martelete. Fonte: da pesquisa, 2013. Posteriormente, foi realizada a profunda da junta inicialmente com uma escova de aço e logo após o procedimento acima, foi utilizado o aspirador de pó ou soprador mostrado na Figura 12, de maneira que a junta ficasse isenta de qualquer material pulverulento, resíduos ou qualquer outro tipo de material (orgânico ou inorgânico) que impedisse a perfeita ancoragem. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Figura 12 - Uso do soprador para limpeza das juntas. Fonte: da pesquisa, 2013. No caso da obra aqui descrita, para uma limpeza mais eficiente aplicou-se etanol com um auxílio de um pincel tal como demonstra a Figura 13. Figura 13- Aplicação de etanol nas juntas. Fonte: da pesquisa, 2013. O substrato das juntas já tinha sido executado de 63 dias antes da aplicação da argamassa epóxi. A temperatura se encontrava baixa para o aproveitamento máximo da abertura das juntas. Antes da aplicação foram coladas paralelamente às duas faces da junta, fita crepe para evitar sujidade do piso ou revestimento como mostrado na Figura 14: Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Figura 14 - Cuidado para evitar a sujidade das juntas. Fonte: da pesquisa, 2013. Observou-se que o responsável pela obra frisava que o resultado final da adesividade do selante nas paredes da juntas está totalmente relacionado com a limpeza da mesma. A imprimação foi feita com primer, ilustrada na Figura 15, e este teve a finalidade de aumentar o gradiente de adesividade, suprindo pequenas falhas executivas principalmente condizentes com a limpeza, a argamassa epóxi foi lançada sobre primer em estado de gel mostradas na Figura 16. Figura 15 - processo de aplicação do primer nas juntas. Fonte: da pesquisa, 2013. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Figura 16 - Preenchimento do Corte Fonte: da pesquisa, 2013. A mistura do produto deve foi feita através de equipamento mecânico apropriado, tipo argamassadeira para materiais poliméricos como representado na Figura 17. Figura 17 - Argamassadeira de produtos poliméricos. Fonte: da pesquisa, 2013. A mistura ocorreu com o equipamento em rotação e seguindo a seguinte ordem: Componente A, Componente B e Componente C, até sua perfeita homogeneização. O lançamento foi feito por gravidade na calha até que esta se encontrasse completamente preenchida, sendo o adensamento feito manualmente através de colher de pedreiro e espátula tal como visto na Figura 18, exercendo pressão na argamassa, inicialmente nas bordas e posteriormente na superfície como um todo. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. Figura 18 - Adensamento manual da argamassa. Fonte: da pesquisa, 2013. O acabamento final foi concluído de forma a permanecer poucos milímetros acima da superfície do piso. O referido procedimento permitiu que após seco, fosse iniciado o desbaste superficial, ocorrendo assim um acabamento e nivelamento perfeito entre o tratamento e o piso mostrado na Figura 19. Figura 19 - Acabamento e nivelamento do piso e da junta tratada. Fonte: da pesquisa, 2013. Considerando como o princípio básico das juntas, o alívio de tensão entre placas de concreto devido a fatores físicos e térmicos, o processo de reforço de borda não poderia impedir este fenômeno. A metodologia de execução do reforço de borda de Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. juntas com posterior corte, se deu através de serra clipper no eixo central em sua profundidade total e posterior preenchimento com selantes flexíveis ou semirrígidos. O processo de corte foi feito em um curto período de tempo onde o piso não sofreu grandes variações térmicas. Os serviços de preenchimento foram executados em período de baixa temperatura, com as placas, portanto, contraídas e as juntas em sua dilatação máxima, contribuindo assim para evitar deformações por tração. Dentre os cuidados principais, encontram-se: A não manipulação das quantidades de resina e catalisador, pois o produto já se apresentava com o cálculo estequiométrico definido; A não redução do consumo de agregado, esta ação poderia refletir no consumo final do produto; Tomou-se o cuidado de não acrescentar solventes ou diluentes; e Foi feito um controle de consumo médio de resina pelo apresentado na execução, comparando com o consumo teórico. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo abordou as características do piso industrial de concreto e focou no tratamento de juntas. Centrou-se no reforço de bordas das juntas de dilatação, o lábio polimérico, entendendo o sistema de tratamento de borda de juntas novas ou antigas em pisos de concreto com argamassa epoxídica de propriedades autonivelantes, de alta dureza, desenvolvida especialmente para esse tipo de tratamento. Foi possível, também, entender que a referida metodologia é aplicada para áreas de tráfego intenso com veículos de rodas rígidas, promovendo assim grande estabilidade a solicitações mecânicas e químicas. Segundo os autores selecionados para este estudo, o desempenho promove ganhos reais com manutenção e produtividade. Esse sistema atinge resistência a compressão de 70 Mpa com 7 dias. Tanto na fundamentação teórica elaborada neste trabalho acadêmico, bem como na descrição do estudo de caso, pôde-se constatar que os poliuretanos foram projetados para expandir e retrair e, para isso, tinham que ser flexíveis. Em situações Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. em que a movimentação sob as juntas do piso, o poliuretano defletia sob a carga, permitindo que os cantos das juntas se quebrassem iniciando o seu esborcinamento. O material para tratamento de juntas de piso industrial não poderia, ao mesmo tempo, ser flexível e suportar o tráfego das rodas rígidas. Ficou demonstrado que a dureza mínima necessária para suportar cargas provenientes da movimentação deve ser definido caso a caso. A argamassa Epóxi, formulada a base de resina epóxi sem adição de solventes se mostrou adequada à situação da obra analisada, pois apresentou a resistência à abrasão, à impacto e ataques químicos, e também ofereceu extrema facilidade de limpeza podendo ser aplicado sobre concretos novos ou antigos e áreas para reparo e regularização. A indicação é para áreas de trânsito médio/pesado. Observou-se que a maioria dos autores selecionados nessa pesquisa mencionou a preocupação com as juntas, assim como sua importância começou num passado não muito longínquo, até mesmo porque não era exigido. Com a verticalização dos depósitos, certificação das empresas e abertura do mercado, foram exigidos maiores cuidados nesta área. Este estudo deixou evidente que as juntas devem ser tratadas e não simplesmente tampadas ou "eliminadas". Em algumas situações, as juntas preenchidas com materiais epoxídicos rígidos, formaram uma ligação extremamente resistente entre os dois segmentos que foram criados antecipadamente através do corte para indicar o ponto onde deveria ocorrer a fissura e assim permitir a movimentação horizontal entre os segmentos. Pôde-se compreender com o estudo de caso proposto que a determinação do processo e/ou material a ser utilizado no tratamento da junta deve ser função da utilização da área e do projeto do piso. O movimento de uma junta de controle de um piso em geral é muito pequeno, considerando que já tenham ocorrido as retrações iniciais por cura e em áreas internas ocupadas onde as variações térmicas são pouco absorvidas. Assim, comprovou-se que determinadas aplicações industriais ou comerciais, poderiam nem ser tratadas, porém a outras aplicações onde o tratamento é necessário e essencial tais como: áreas úmidas, áreas onde há exigência de higiene e controle de Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. poeira ou áreas destinadas a movimentação de materiais, tráfego de veículos com rodas rígidas. Com relação ao projeto, este deve levar em conta as necessidades de uso da área, quanto a equipamentos, formas construtivas, a também as características dos materiais que poderão tratar as juntas. Diante da questão levantada por este estudo, sobre os cuidados mais importantes no tratamento das juntas para evitar patologias nos pisos industriais de concreto, foi possível compreender que muitas vezes, varias juntas tratadas representam menos problemas operacionais do que poucas que não podem ser tratadas. De modo geral tratando-se de pisos destinados a tráfego de equipamentos o projeto das juntas deve incorporar alguns princípios: devem ser estreitas; devem formar ângulos retos; devem ser perpendiculares ao plano horizontal do piso; devem ser protegidas. Juntas estreitas estão menos expostas a rodas rígidas do que as mais largas e existem materiais para tratá-las. Merece ser destacado ainda que a largura da junta não pode ser menor do que era no dia em que foi aberta, em função da retração do concreto. Como valor prático pode-se considerar que o concreto sofre retração de 3 mm em 6 metros. A abertura final da junta depende de sua abertura original, da dosagem do concreto e do espaçamento entre juntas. Além disso, qualquer junta executada sem perpendicularismo se revela como um problema em potencial. Conclui-se que é preciso considerar a eficiência da junta quanto a transferência de cargas, sendo essa inversamente proporcional a sua abertura. O piso industrial ideal é aquele onde todos os segmentos trabalham em conjunto, tal como se fossem um só. Assim, o procedimento correto para o tratamento das juntas de dilatação envolve uma análise criteriosa da situação do piso de concreto e das juntas. Para o método executado na obra observada, o lábio polimérico, a atenção mais criteriosa estava centrada na limpeza das juntas e no cumprimento dos procedimentos determinados pelos fabricantes dos produtos utilizados: a argamassa e o primer. Pode-se dizer que, assim, o objetivo de demonstrar o procedimento adequado para o tratamento das juntas de dilatação usando o método de lábio polimérico dos Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. pisos industriais de concreto protendido tendo como exemplo um estudo de caso realizado em um galpão localizado em Contagem, Minas Gerais foi atingido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABCP.GRUPO DE ESPECIALISTAS EM PAVIMENTAÇÃO DA ABCP. Controle Tecnológico da Qualidade da Camada de Concreto Simples. Pavimento de Concreto – Prática Recomendada PR – 1. São Paulo: 2010. ABCP.GRUPO DE ESPECIALISTAS EM PAVIMENTAÇÃO DA ABCP. Abertura e Selagem de Juntas. Pavimento de Concreto– Prática Recomendada PR – 4. São Paulo: 2010. ABCP.DAL-MASO, J. Pisos Industriais de Concreto com Armadura Distribuída – Projeto e Execução. 2008 77p. Monografia – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. ACI 302.1R-96: Guide for Concrete Floor and Slab Construction. American Concrete Institute, Farmington Hills, MI, 2010. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, ACI: Guide for Concrete Floor and Slab Construction. Farmington Hills, MI, 2010. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (ACI). ACI 318-08: Building Code Requirements for Structural Concrete and Commentary. Michigan, EUA, 2008. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 1202: Standard test method for electrical indication of concrete’s ability to resist chloride ion penetration. Pennsylvania, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto e execução de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 2003. BAPTISTA, Cyro de F. N. Pavimentação. Volume 3. Editora São Paulo, Porto Alegre 2006. Cap. 9, p 176-198 Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. BARELLA, R. M. Contribuição para a avaliação da irregularidade longitudinal de pavimentos com perfilômetros inerciais. 2007. 358 p. Tese (Doutorado), Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. BLESZYNSKI, R.; HOOTON, R.; THOMAS, M.; ROGERS, C. Durability of ternary blend concrete with silica fume and blast furnace slag: laboratory and outdoor exposure site studies. ACI Materials Journal, v.99, N.5, p.499-508, 2002. BRITISH STANDARDS INSTITUTION. BS 8500-1: Concrete. Complementary British standard to BS EN 206-1. Part 1. Method of specifying and guidance for the specifier, London, 2006. CARVALHO, Marcos Dutra de. Pisos industriais de concreto. São Paulo: ABCP, 2009. ______. Os Dez Mandamentos da Pavimentação Rígida. Pavimento de Concreto – Prática Recomendada PR – 5. São Paulo: 2011. CHODOUNSKY, Marcel Aranha. Tratamento das juntas de pisos industriais: o dilema do prazo. 2011. Disponível em: http://www.obra24horas.com.br/artigos/revestimentos/tratamento-das-juntas-de-pisosindustriais--o-dilema-do-prazo Acesso em: 24 de ago. 2013. ______. Pisos industriais de concreto: Aspectos teóricos e executivos, São Paulo: Fernando Albuquerque e Ivan Vieira, 2007. CLUBE DO CONCRETO. Fissuras e Juntas de pisos industriais. 2012. Disponível em: http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/09/fissuras-e-juntas-de-pisosindustriais_13.html. Acesso em: 24 de ago. 2013. CRUZ FILHO, Gerson Ricardo Stürmer da. Retração do Concreto: Avaliação do Estado da Arte, 2007, Monografia (Especialização em Construção Civil), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. DAL-MASO, J. Pisos Industriais de Concreto com Armadura Distribuída – Projeto e Execução. 2008 77p. Monografia – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE. DNIT 060/2004 –pro: Pavimento rígido: inspeção visual – procedimento. DNIT 061 / 2004 – ter: Pavimento rígido: defeitos - terminologia. DNIT 062 / 2004 – pro: Pavimento rígido: avaliação objetiva - procedimento. Rio de Janeiro, 22 , 2004. ERES CONSULTANTS: Load Transfer Design and Benefits for Portland Cement Concrete Pavements. Report Number 96-128-E1, American Concrete Pavement Association, 2006. Tradução on line. GIL, Antônio Carlos. Didática do Ensino Superior. 1o ed. 4ªreimpr.- São Paulo: Atlas, 2009. ISAIA, G. C.. A durabilidade do concreto de alto desempenho e o meio ambiente: um estudo socioeconômico. In: 41º Congresso Brasileiro do Concreto. Anais. Salvador, 2009. HUANG, Y. H.: Pavement Analysis and Design. Ed. Prentice Hall, New Jersey, 2012. Tradução on line. LOURENÇO, Ana Carolina. Selagem de juntas. Veja como aplicar selante de poliuretano para vedar juntas de revestimento. 2010. Disponível em: http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/37/artigo220683-2.aspx. Acesso em: 19 de ago. 2013. MARCONDES, Carlos Gustavo. Juntas em piso de concreto. 2008. Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/juntas-em-piso-de-concreto/ Acesso em: 21 de jul. 2013. NEVILLE, A.M. Propriedades do concreto. São Paulo: PINI, 2007, 2 ed. 828p. NUNES, Nelson Lúcio; FIGUEIREDO, Antônio Dominguez de. Retração do Concreto de Cimento Portland. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP, São Paulo, 2007. OLIVEIRA, P. L. Projeto Estrutural de Pavimentos Rodoviários e de Pisos Industriais de Concreto. SP. 2000. 246f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Universidade de São Paulo, São Carlos. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014. PINTO JR, Newton de Oliveira; CÁRNIO, Marco Antônio. Dimensionamento de Pisos, e Radiers em Concreto Armado, Manual Soluções Belgo Pisos. São Paulo, 2001. PITTA, Márcio Rocha. Projeto de Sub-bases para Pavimentos de Concreto. Estudo Técnico 29, Associação Brasileira de Cimento Portland, São Paulo, 2009. _______. Materiais para Pavimentos de Concreto Simples, Livro Técnico 7, Revisão 12, Associação Brasileira de Cimento Portland, São Paulo, 2011. ROCHER, Wellington Tadeu Monteiro Du. Identificação dos Agentes Agressivos e das Patologias em Pisos Industriais de Frigorífico de Suínos, 2007, Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. RODRIGUES, P. P. F.; CASSARO, C. F. Pisos Industriais de Concreto Armado. São Paulo: [s.n], 2008. 88p SÁ, Rodrigo Resende de et. al, Pisos Industriais de Concreto. ANO 4 Nº 3 DEZEMBRO DE 2009. INFORMATIVO TÉCNICO. Disponível em: http://www.blocoeng.com.br/eficiente/repositorio/Artigos/191.pdf. Acesso em: 11 de mar. 2013. TANESI, J.; CAMARINI, G; SILVA, M. G. Especificações por desempenho aplicadas ao concreto. In: 50º. Congresso Brasileiro do Concreto. Anais. Salvador, 2008. n VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 8ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. WALKER, Wayne W. & HOLLAND, Jery: Plate Dowels for Slab on Ground, Concrete International, Vol. 20 No. 7, July, 1998 pg. 32-39. Tradução on line. YODER, E. J. & WITCZAK, M. W.: Principles of Pavement Design. Ed. John Wiley and Sons, N.Y., 2005. Tradução on line. Revista Pensar Gestão e Administração, v. 2, n. 1, jul. 2014.