Apple recruta no Carnegie Mellon Portugal 01 junho 2012 Vencedor de duas competições internacionais de desenvolvimento de aplicações para a Yahoo e o Facebook, José Nelson Alves foi selecionado pela Apple para estagiar no centro de desenvolvimento em Austin, Texas. Uma escolha que o jovem madeirense atribui ao facto de ser aluno do Carnegie Mellon Portugal, em que integra o mestrado em Interação Homem-Máquina. Licenciado em Engenharia Informática pela Universidade da Madeira, entrou no mercado de trabalho como desenvolvedor na Expedita, uma empresa local. Em 2007 foi convidado a participar num projeto de investigação da instituição em que se formara, com o objetivo de desenvolver uma ferramenta de extração de dados estatísticos sobre empresas na web. Em 2011 iniciou o mestrado em Interação Homem-Máquina, um projeto conjunto da Universidade da Madeira e da Carnegie Mellon University no âmbito do programa Carnegie Mellon Portugal. Durante o mestrado, José e três colegas participaram numa competição patrocinada pela Yahoo: o desafio era idealizar e desenvolver uma aplicação em 24 horas, tendo a equipa submetido Groupiez, uma aplicação para pessoas com interesses comuns sobre música se ligarem e irem a concertos em grupo. A aplicação ganhou o primeiro prémio – um iPad para cada elemento foi a recompensa. José participou num segundo concurso, com outros dois colegas, desta vez para o Facebook. Ganhou com Memoriez, uma aplicação para partilhar álbuns, e o prémio foi uma viagem à Califórnia, à sede da empresa, em Silicon Valley. Em janeiro último teve início o mestrado em Portugal e José foi escolhido como gestor de projeto para a equipa da Lógica, com o objetivo de estudar os centros de despacho da EDP Distribuição e melhorar os processos de monitorização da rede elétrica. A cereja no cimo do bolo chegaria em abril com o recrutamento para estagiar na equipa de deteção de fraude da Apple, na área de visualização de informação. O estágio decorrerá em Austin, Texas, onde a empresa anunciou recentemente a construção de um novo centro de desenvolvimento, no valor de 200 milhões de dólares (cerca de 160 milhões de euros). Foi sobre esta oportunidade que José Neves Alves falou ao Fibra: Fibra | O que o fez inscrever-se no mestrado em Interação Homem-Máquina, incluído no Programa Carnegie Mellon Portugal? José Nelson Alves | Fiz porque queria uma mudança na minha vida. Honestamente não via muitas perspetivas de emprego com a crise e achei que seria a altura ideal para "sair" do mercado durante algum tempo e expandir a minha formação académia e ganhar novas competências. Parti com elevadas expetativas antes de começar o mestrado. A minha principal era conhecer a cultura e a forma de trabalho americana. Também queria estar num ambiente onde os melhores da área estão a trabalhar e certamente aprender com eles. Fibra | Onde radica o seu interesse nas temáticas da engenharia informática? Que trabalhos já desenvolveu nesta área? JNA | Na engenharia informática o meu interesse é vocacionado para a prototipagem, este é um processo de desenho interativo em que a interface gráfica é prototipada (em mockups, websites, etc.) com a participação dos clientes. Basicamente uma versão da aplicação final de baixa fidelidade é desenvolvida. Este processo permite que problemas no desenho da interface gráfica sejam detetados numa fase inicial antes que o custo para os resolver seja grande. Existem muitas empresas a aplicar este processo no desenvolvimento de software. Não era uma área em que eu tinha muita experiência, mas fui ganhando-a durante o mestrado em projetos académicos. Fibra | O que o levou a candidatar-se ao estágio na Apple? JNA | O mestrado está estruturado de modo a que exista uma pausa entre o segundo e o terceiro semestre, que corresponde ao verão, duranta a qual os alunos são motivados para arranjar estágios e desenvolver competências na área. O outro motivo é por questões financeiras, pois os estágios nos Estados Unidos são bem pagos e certamente ajuda a custear as despesas do mestrado. Fibra | O que significa – em termos de futuro profissional – ter sido selecionado? JNA | Significa que o leque de empresas a que me posso candidatar vai expandir, os recrutadores irão olhar mais a sério para o meu currículo. Fibra | Sabe exatamente por que foi escolhido? O que, na sua opinião, justificou a seleção? JNA | A resposta politicamente correta seria que eu era a pessoa mais adaptada para o cargo, mas na realidade foi uma combinação de fatores: ser aluno da Carnegie Mellon e ter ganho dois concursos de programação (um da Yahoo e outro do Facebook). Fibra | O que espera encontrar na Apple? JNA |Um ambiente relaxado e ao mesmo tempo competitivo. Fibra | Ficar é o objetivo? JNA | Certamente, sempre quis trabalhar nos Estados Unidos, acho que esta oportunidade vai ser um passo para esse objetivo. Fibra | Em que medida é que esta sua história de sucesso pode inspirar outros jovens investigadores portugueses? JNA | Acho que a melhor lição que tirei desta experiência é ser proativo. Não esperar que o futuro se realize, ser eu próprio a definir o meu próprio caminho e estar disposto a correr riscos. Fibra | O que é que, na sua opinião, este interesse da Apple diz da I&D que se faz em Portugal? JNA | Acho que o Programa Carnegie Mellon Portugal foi uma excelente oportunidade para o país na medida em que forneceu aos jovens oportunidades de mercado de trabalho que antes seriam muito difíceis de conseguir. Eu acho que as grandes empresas estão a notar o valor dos alunos portugueses e acho que vai permitir que outros alunos que não estão no programa sejam valorizados. Fonte: Fibra