Carta de 882 1/10 Corpus Documentale Latinum Portugaliae #03 | IAN/TT | Cete | mç.1, n.º1 | 0882–03–27 (o mais antigo documento notarial latino-português original conhecido) Data: Identificação arquivística: Edições: Estudos/Referências: 0882.03.27 Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Pedro de Cete, maço 1, n.º 1 (casaforte) Portugaliae Monumenta Historica a Saeculo Octavo post Christum usque ad Quintum Decimum. Diplomata et Chartae, Lisboa: Academia das Ciências, 1867, Volume I, p. 6, doc. IX (= DC). LANGE, W. D. 1966. Philologische Studien zur Latinität westhispanischer Privaturkunden des 9.-12. Jahrhunderts, Leiden: E. J. Brill, pp. 4-5 (com facsímile). (= Lange) NASCIMENTO, Aires Augusto do 1977. “La sémantique de la répétition dans le document le plus ancien du territoire portugais (a.D. 882)”, Euphrosyne 8 (nova série), pp.183-193. (= Nascimento) SANTOS, Maria José Azevedo 1988. Da Visigótica à Carolina — a Escrita em Portugal de 882 a 1172 (aspectos técnicos e culturais), Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, pp. 311-315 (com facsímile — Est.I). (= Santos) [obs.: Indicam-se apenas as edições que constituem leituras autónomas do documento: excluem-se portanto, quer as reproduções facsimiladas, quer as edições que se limitam a reproduzir a leitura dos Diplomata et Chartae.] AZEVEDO, Rui de1932. “O mais antigo documento latino-português”, Arquivo Histórico de Portugal 1: 500-502. FLORIANO CUMBREÑO, Antonio 1949. Diplomática Española del Periodo Astur, Oviedo: Diputación Provincial de Oviedo, Instituto de Estudios Asturianos (com transcrição da edição dos Diplomata et Chartae). FREIRE, José Geraldes 1988. Apontamentos das Lições das Aulas Práticas da Disciplina de Latim Medieval — Curso de 1987-1988, Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (dactiloscrito de António Manuel Ribeiro Rebelo); contém edição inédita de J.G. Freire da Carta de 882. FREIRE, José Geraldes 1989a. Sumários da Disciplina de Latim Medieval — Curso de 1988-1989, Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (manuscrito do Professor da Disciplina). FREIRE, José Geraldes 1989b. Apontamentos das Lições das Aulas Práticas da Disciplina de Latim Medieval — Curso de 1988-1989, Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (manuscrito de Manuel Francisco Ramos); contém edição inédita de J.G. Freire da Carta de 882. GUERRA, António Joaquim Ribeiro 1996: Os Diplomas Privados em Portugal dos Séculos IX a XII. Gestos e Á Carta de 882 2/10 atitudes de rotina dos seus autores materiais, Dissertação de Doutoramento em História na Área de Paleografia e Diplomática apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. LANGE, W. D. 1966 (v. supra). OLIVEIRA, Corrêa de & Saavedra MACHADO 1968. Textos Portugueses Medievais (3º Ciclo dos Liceus), Coimbra: Coimbra Editora, Lda. (com transcrição da edição dos Diplomata et Chartae). NASCIMENTO, Aires A. do 1977 (v. supra). RAMOS, Feliciano 1950. História da Literatura Portuguesa, Braga: Livraria Cruz (com transcrição da edição dos Diplomata et Chartae). LANGE, W. D. 1966 (v. supra). SANTOS, Maria José Azevedo 1988 (v. supra). original 323mm x 185mm visigótica cursiva documento particular autenticado — fundação e dotação de igreja (no texto: baselica fumdamus (l.2), kartulla testamenti (l.14)) Muzara | Zamora — Gudinus presbiter Gudinus presbiter notuit Muzara e Zamora fundam a Igreja de S. Miguel de Lauridosa (Lardosa), situada no actual lugar de Lardosa (freguesia de Rans, concelho de Penafiel), e dotam-na de diversos bens móveis e imóveis Este é o documento latino-português autógrafo mais antigo que se conhece. É, em certo sentido, o testemunho mais antigo conhecido da língua portuguesa. Todas as formas com correspodência directa em português que o texto contém devem por isso ser consideradas como as atestações mais antigas. Reproduções: Tradição: Dimensões: Tipo de letra: Tipo de documento: Outorgante: Destinatário: Notário: Fórmula notarial: Assunto: Observações: Edição paleográfica (Tipo 1: com intervenção interpretativa editorial mínima) L01 1 (chrismon) 1 Jn nnÈè pܱri è±fili 2 è¥sflpÈufl 3 sflcÈifl ˛ âomnis ìnuic±issimis Öc ±rjumfÖ±orib (chrismon) ] Christus DC, Nascimento, Lange, Santos; Freire considera que se trata de um sinal de confirmação, e propõe nas suas lições que o mesmo sinal não seja transliterado: «[…] o símbolo anterior das 6 linhas iniciais do texto é um sinal de validação, igual ao das 4 colunas das assinaturas .» 4 Carta de 882 3/10 scfliÈsfl mÖr±irjs ˛ pè±rj è¥ pÖuli scÈifl miíÖèli 5 ìnuillÖ quoâ uoci±Ön± lÖurjâosÖ ìn±èr L02 âuѨ Önnès kÖuÖluno sèrbus âiÈ mu∫ÖrÖ è± cèbrÖrjo è¥ ∫ÖmorÖ funâÖm ìn nnÈèfl scÈifl L03 pè±rj è¥pÖuli è¥scÈifl ìnomÈiflquècircui±u suos âèx±ruos corporÖ ±umuâÖmâum L04 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 miíÖèli âÖm sub±us mon±è ˛ ÖrcÖmíèli Öâquèconcèâim ÖrcÖníèli ˛ âÖm sicu± kÖnonicÖ pè±rosèlo ˛ cuìus bÖsèlicÖ ±èrrj±orjo Önèíjè Öâ âmÈ è¥ Öâ ipsÖ ìpsÖuillÖ sè±èm±jÖ 7 ubi bÖsèlicÖ ìpsÖ èclèsiÖ âocè± ˛ xiim 8 fumâÖm 6 :Í què èío nos fumâÖm pÖsÖlès pro 9 è± óXX iio¨ Öâ±olorÖmâum frÖ±rum Öâquè ìnâiíèn±jum è¥forÜ 10 âèx±ruos ìpsÖ uillÖ ¢ (Freire 1988-89a:1-2); «[…] o documento original não traz a palavra “Christus” nem a Cruz (+) mas apenas um Sinal de Confirmação que nós interpretamos como “Confirmans”; sendo assim eliminamos a palavra e mesmo a Cruz da nossa transcrição .» (Freire 1987-88:59); nenhum editor assinala os outros chrismata e sinais presentes na zona das subscrições. fili ] filii DC, Lange, Nascimento sflpÈufl ] spiritus DC, Lange, Nascimento ±rjumfÖtorib ] triumphatoribus DC, Nascimento; trjumphatoribus Lange miíÖèli ] Migaheli Lange; migaheli Nascimento Önèíjè ] anegrie DC; anegjje Nascimento sètèmtjÖ ] sentemtia DC; sentemtja Lange; se[n]tentja Nascimento; sententia Santos xiim ] duodecim DC tumuâÖmâum ] DC acrescenta (sic); Santos acrescenta em nota Sic forÜ ] foru DC, Lange, Nascimento, Santos; leitura de J . G . Freire, contra a leitura foru da totalidade dos editores precedentes: «Estranhamente ninguém reparou neste a cursivo visigótico com arco superior aberto . Há exemplos semelhantes e mais abertos no texto .» (Freire 1988-89a:5) ¢ ] pro DC, Nascimento, Santos; per Lange 11 Carta de 882 4/10 ubi ìllÖ pÖâulibus L05 pè±rÖs ob±inuim 15 â¤prèsurjÖ mon±ès fon±ès mobilès ulfl ìnmouilès bÖrbÖrÖs Örborès fruc±uosѨ kÖ⤠ârÜs mènsÖs siínum L06 âèmèâÖlo crucè âÖ[m?] Öâquè kÖpsÖ 17 ìs±ÖèclèsiÖ L07 ÖâquèsÖcrÖ scÈofl 19 18 ¢ 12 Öquis suis ÖquÖrum ulfl ìnfruc±uosѨ cÖlicèâ¤Örjèm±o 16 13 14 15 16 17 18 19 20 cum ulfl 襱èrminus sèsicÖs Öccèssum quÖm±umq“ Ön±iquus molinÖrum ulfl rèírèssum ìbiâèm 13 cumpÖcuis ±èrrÖs rup±Ös 14 ulfl cub cubѨ lèc±us Öprès±Ömo omÈifls ès± . concèâim ìpsum quèsursum ±ÖxÖ±um ès± ˛ pro rèmèâio ÖnimÖb nrÈjfls Öâ Öl±Örjo quoâ subrÖ ±ÖxÖ±um ès± ˛ concèâim u± âixim pro uic±o Öquè uès±imèn±um monÖ íus è¥frsÈ è¥sirorès è¥ propinquis nrÈjfls è¥qui bonus ui±Ö scÈÖfl ¢sè-uèrÖbèrjn± 12 locis ¢ ] pro DC, Nascimento, Santos; per Lange 20 fuèrjn± è¥ ìn Öntiquus] antiquiis DC, Lange, Nascimento, Santos; leitura de J . G . Freire, contra a leitura antiquiis da totalidade dos editores precedentes: «Tratase de um u com as duas hastes um pouco separadas: é um acusativo do plural como terminus antiquus (o u); » (Freire 1988-89a:5) pÖcuis ] pascuis DC, Nascimento pÖâulibus ] Santos acrescenta em nota Sic Örjèmto ] arjento Santos Öâquè ] atque DC sÖcrÖ scÈofl ] sacrosancto DC, Lange, Nascimento; sacrasancto Santos Öquè ] atque DC, a[d]que Lange, Nascimento; a[t]que Santos bonus ] boni Nascimento Carta de 882 L08 5/10 sèculÖrj±èr è¥uiÖ u[è]s±rorum è¥ìbino±uim L09 ulfl èlèmosiѨ V± nèc uim âènâi numlo propim ominè moѨ±icÖ 24 21 ob±inuèrjn± pÖupèrum . ìnìpso sicu± lèx ìn mi±ènâi sè± siâèÖ sèm¢ ìnìènuÖ quis nrÈjfls è¥qu[*] unc fÖc ±o nrÈofl ìn frjníèrè L11 sin± 23 24 25 26 27 28 29 è¥cÖnonicÖ proluminÖrjÖ sè±èn±jÖ 22 Öl±Örjorum âocè 23 ¸ 25 usquè ìnsèmpi±èrnum ulfl co nÖrè ±èn±Öbèrj± è¥pos± rèus si± pÖr±è ÖâscÈ o fl comunionè sèpÖrÖ±us è¥ cum ìuâÖ ±rÖâi±orè ÖccipiÖ± pÖr±icipio ìn è±èrnÖ âÖnÖ±jonè âimèrsi± ÖccipiÖ 27 : 26 è¥ rèssus[i?]±Önâi 22 sibè nèc âonÖnâ[*+]i nèquè Örèx nèquè Öâ com niâè nèquè Öâ èpÈofl nèquè Öâ L10 21 loco ìnbÖrÖâro ìnconspèc±u 28 ìnfèrni ânÈifl nisi ¢c[***]s ¸ ubi è¥ flè±us non è¥ ÖbèÖnt ullulÖ±us cum ânÈofl è¥ ÖnÖ±hèmÖ ìnprjmÖ mÖrènÖ±Ö rèsurèc±jonè 29 moÖsticÖ ] monastica DC, Lange, Nascimento; mo[n]astica Santos sètèntjÖ ] sententia DC; sententja Lange; se[n]tentia Nascimento, Santos docè ] docet DC, Lange, Nascimento uim dèndi ] uindendi Nascimento ìnìènuÖ ] injenua Santos âimèrsit ] DC acrescenta (sic); Santos acrescenta em nota Sic ÖccipiÖ ] accipiat DC, Lange, Nascimento; id . Santos, e acrescenta em nota: “No Edição paleográfica accipi a que se segue um borrão .” rèssus[i?]tÖnâi ] ressuscitandi Lange, Nascimento ¢c[***]s ] percusus (?) DC; per . . .s Lange; per[cusu]s Nascimento; percu[su]s Santos ˛ Carta de 882 L12 Öâ èclèsiÖ [qu?]Ön±um pon±i 6/10 è¥Öb omÈi cè±um ìnâè Öbs±ulèrj± xpÈiÖno´ è¥ìnsu¢ suo ìuâiíÖâo [...] Öurj ficum è¥ìuâicè L14 ìn hÖnc kÖr±ullÖ ±ès±Ömèn±i mÖnus nrÈÖflS 34 è¥ìnsubrÖ ±Ölèm±um 31 pÖrjèn± pos 32 ±Ön±um pÖr±i è¥Ölium ±ès±Ömèn±i ±Ön±o è¥corÖm ˛ è¥ Önc scrjp±urÖ ±ès±Ömèn±i plènÖ ÖbèÖ firmi±Ö±è ˛ L13 33 30 no±um âiè quoâ èrj± vi KΩ Öbrjlès èrÖ______àccccxx¡ mu∫ÖrÖ è¥ ∫ÖmorÖ_______ (1ª coluna) C01 (chrismon) DiâÖ íu Ôfrr 35 | íumsÖlbo Ôfr | uèrmuâo Ô frr Ô frr | sisnÖnâo Ô fr‡ (signum) 36 | íu±ièrj± Ô fr‡r | uiljulfo (2ª coluna) C02 (chrismon) uimÖrÖ Ôfrr | íunâiÖrjus Ôf‡ | quirjÖíus fÈrflr | ìÖuini Ô frflr (signum) (signum) Ô fÈrflr | íuâès±èo Ô fr‡r | íuâino Ô (3ª coluna) 30 31 32 33 34 35 36 ... ] [segregatus] Lange, e acrescenta em nota: “das Original ist hier unleserlich, möglich in dieser Formel auch separatus .” tÖlèmtum ] talentum Nascimento, Santos pos ] post DC; post Nascimento, Lange; pos[t] Santos ìudicè ] judice Santos ìuâiíÖâo ] judigado Santos Ôfrr ] conf . DC, Lange, Nascimento (e em todos os casos seguintes); confrr . Santos (e em todos os casos seguintes) Nascimento omite as subscrições seguintes com excepção da subscrição notarial. Carta de 882 C03 (signum) (chrismon) Florèsinâo ±s‡ ìÖquin±o ±s‡ 7/10 37 | miâo ±s‡ | pèlÖíio ±s‡ | íÖ ±on ±s‡ | sènâino ±s‡ | (4ª coluna) C04 (signum) Roâorjíus ÖbbÖ ÔfÈ (signum) | ìoÖnnè ÖbbÖ ÔfmѨ 38 | uèrmuâus pbΩ±r Ô frÈrfl (signum) | íunsÖlbus pbΩ±r Ô fr‡r | âiâÖgus pbΩ±r Ô frflrfl | frÖrjulfus pbΩ±r Ô frr | froilÖ pbΩ±r Ô frr (Subscrição notarial – escrita verticalmente na margem direita) SN íuâinus pbΩ±r n± (signum) Edição interpretativa larga (com divisão em parágrafos e capitalização e pontuação editoriais) N.B.: texto ilegível ou omitido por lapso escribal plausível é restituído conjecturalmente entre colchetes; letras/abreviaturas omitidas pelo escriba por razões scriptolinguísticas óbvias ou plausíveis não são restituídas (e.g. doce (P06, L08) por docet ). P01 |L01 (chrismon) In nomine Patri et Fili et Spiritu Sancti. P02 Domnis inuictissimis ac triumphatoribus Sanctis Martiris Petri et Pauli, Sancti Migaeli Arcamgeli 39 cuius baselica fumdamus in uilla quod uocitant Lauridosa inter |L02 duas annes Kaualuno et Cebrario subtus monte Petroselo territorio Anegie. 37 38 39 ±s‡ ] test . DC, Lange (e em todos os casos seguintes) . ÔfmÖ¨ ] conf . DC, Lange; confirmans Santos Arcamgeli ] por archangeli; é a atestação mais antiga do uso de M como marca de nasalidade vocálica (representado também em outras formas deste documento) na documentação latino-portuguesa. Carta de 882 P03 Ego serbus 40 Dei Muzara et Zamora damus adque concedimus ad Deum et ad ipsa baselica que nos fundamus in nomine Sancti |L03 Petri et Pauli et Sancti Migaeli Arcangeli. P04 Damus ipsa uilla ubi ipsa eclesia fumdamus in omnique circuitu suos dextruos sicut kanonica setemtia 41 docet XIIm pasales pro corpora tumudamdum 42 |L04 et LXX IIos ad toloramdum fratrum adque indigentium, et fora dextruos ipsa uilla per ubi illa 43 obtinuimus de presuria, per suis locis et terminus antiquus, cum pacuis, padulibus, montes, fontes, |L05 petras mobiles uel inmouiles, aquis aquarum, uel sesicas molinarum, terras ruptas uel barbaras, arbores fructuosas uel infructuosas, accessum uel regressum, cubus, cubas, lectus, kadedras, mensas, signum |L06 de medalo, cruce, kapsa, calice de ariemto, cum quamtumque ibidem a prestamo ominis est. P05 Da[m]us adque concedimus ipsum que sursum taxatum est per remedio animabus nostris ad ista eclesia |L07 adque sacrasancto altario quod subra taxatum est. P06 Concedimus, ut diximus, pro uicto aque uestimentum monagus et fratres et sirores et propinquis nostris, et qui bonus fuerint et in uita sancta perse-ueraberint |L08 seculariter et uia moastica 44 obtinuerint in ipso loco, sibe pro luminaria altariorum u[e]strorum, uel elemosias pauperum, sicut lex et canonica setentia doce. 45 P07 Et ibi notuimus, |L09 ut nec uimdendi, nec donandi, neque a 46 rex, neque ad comnide, neque ad episcopo, neque ad numlo omine inmitendi, set sidea 47 semper inienua usque in sempiternum et post parte propim-quis |L10 nostris. 40 41 42 43 44 45 46 47 serbus ] por seruus; é a atestação mais antiga do fenómeno de betacismo na documentação latino-portuguesa. setemtia ] por sententia; é a forma antiga da documentação latino-portuguesa com omissão de N em posição interior pré-consonântica, facto grafémico que indica indirectamente a existência de vocalismo nasal, e que é frequente em textos portugueses dos séculos XIII e XIV. tumudamdum ] por tumulandum; esta forma, a forma padulibus (na linha seguinte), e a forma kartulla (na l. 14) são as atestações (indirectas) mais antigas da síncope de L intervocálico na documentação latino-portuguesa. illa ] por illam/eam; é a atestação mais antiga de um pronome pessoal clítico pré-verbal na documentação latino-portuguesa. moastica] por monastica; é a mais antiga atestação da síncope de N intervocálico na documentação latino-portuguesa (também representada na forma elemosias, por elemosynas, l.8). doce ] por docet; é a atestação mais antiga da apócope de T nas formas verbais de 3º pessoa do singular (representada também em outras formas deste documento) na documentação latino-portuguesa. a ] por ad; é a atestação mais antiga da apócope de D na preposição latina AD (da qual provém a preposição portuguesa a), na documentação latinoportuguesa. sidea ] por sedeat/sit; é a atestação mais antiga de uma forma do verbo português ser (neste caso, seja) proveniente de SEDERE na documentação latino-portuguesa. 8/10 Carta de 882 P08 Et qu[i] unc facto nostro infringere uel conare tentaberit reus sit ad 48 sancto comunione separatus et cum Iuda traditore accipiat participio in eterna danatione, |L11 sint dimersit 49 in baradro inferni, ubi fletus et ullulatus, et anathema marenata accipia, et in conspectu domini, et non abeant cum domino in prima resurectione ressus[I]tandi nisi perc[usu]s |L12 ad 50 eclesia et ab omni cetum christianorum [separatus?], et insubra parient tantum et alium tanto [qu]antum inde abstulerit, et insuper auri talemtum pos 51 parti testamenti, et coram ponti-ficum |L13 et iudice suo iudigado, et anc scriptura testamenti plena abea firmitate. P09 Notum die quod erit VI Kalendas Abriles, Era DCCCCXXª. P10 Muzara et Zamora |L14 in hanc kartulla testamenti manus nostras. (1ª coluna) P11 (chrismon) Didagu confrr. — Gumsalbo confr. — Uermudo confrr. — Gutierit confrr. — Uiliulfo confrr. — Sisnando confr. ( signum) (2ª coluna) P12 (chrismon) Uimara confir. Gundiarius conf. — Quiriagus confrr. — Gudesteo confrr. — Gudino confrr. — Iauini confrr. ( signum) ( signum) (3ª coluna) P13 ( signum) (chrismon) Floresindo ts. — Mido ts. — Pelagio ts. — Gaton ts. — Sendino ts. — Iaquinto ts. (4ª coluna) 48 49 50 51 ad ] por ab dimersit] por dimersi ad ] por ab pos ] por post; é a atestação mais antiga da síncope de T na preposição latina POST na documentação latino-portuguesa. 9/10 Carta de 882 P14 (chrismon) Rodorigus abba conf. ( signum) — Ioanne abba confmas 52 — Uermudus presbiter confrr. ( signum) — Gunsalbus presbiter confrr. — Didagus presbiter confrr. — Frariulfus presbiter confrr. — Froila presbiter confrr. (subscrição notarial) P15 52 |SN Gudinus presbiter nt. confmas ] por confirmans 10/10