Criando Aplicações
para Redes Sociais
Gavin Bell
Novatec
capítulo 1
Criando um aplicativo social
“Por que você está criando uma comunidade?”
Se você não consegue responder a essa pergunta depois de pensar por alguns segundos,
as chances são grandes de que ninguém entrando em seu site conseguirá respondê-la
também. A abordagem imediata deve fazer sentido para as pessoas visitando o site,
não para você. O que os fará permanecer por lá?
Aplicativos sociais dividem-se em três tipos principais: aqueles que se concentram
em produtos, outros em conteúdo, e os que se concentram em atividade. Você precisa
decidir qual será o mais apropriado para a sua comunidade ou para aquela que você
queira atrair, assim como entender o que está acontecendo em comunidades e sites
relacionados.
Há muitas formas de visualizar isso. Como exemplo, a figura 1.1 mostra as áreas da
fotografia abordadas por diversos sites imaginários. A parte esquerda representa o ato
de tirar fotos, e a direita representa o ato de visualizá-las. Sites diferentes concentramse em partes diferentes desse processo. A-D representam empresas que possuem
um produto único e diferente voltado para esse mercado. Talvez B seja mais focada
em sugestões técnicas sobre tirar fotos, enquanto a C e a D concentram-se mais na
visualização de fotos.
Uma nova empresa pode querer oferecer algo diferente – talvez E, posicionado como
mostra a figura 1.2. Em um primeiro momento, notar onde os outros produtos estão
no mercado em relação a você é uma simples análise de concorrência – encontrar lugares que ainda não estão ocupados – mas isso vai além. Para criar um bom aplicativo,
você precisa entender o fluxo de atividade e como seu projeto pode adequar-se a ele.
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Criando aplicações para redes sociais
Fotografia
Início do interesse por fotografia
O ato de fotografar
Visualização de fotos
Figura 1.1 – Fluxo de atividade e aplicativos de web correpondentes; cada caixa representa um
aplicativo social potencial para fotografia.
Fotografia
Figura 1.2 – Como seu produto (E) pode adequar-se ao fluxo de atividade.
Uma grande parte dessa tomada de decisão vem da psicologia assim
como do marketing ou abordagens de propaganda. O livro Herd (Wiley)
de Mark Earls fornece uma excelente descrição de como o público de
massas comporta-se. Apesar do foco frequente sobre indivíduos em
softwares sociais, é importante entender atividade grupal também.
Capítulo 1 ■ Criando um aplicativo social
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Criando aplicativos
Aplicativos são baseados nas atividades e comportamentos de sua comunidade, mas
você também pode utilizar ideias de alguns dos maiores aplicativos sociais na internet.
Eu faço referência a cerca de 40 a 50 sites diferentes neste livro, mas me concentro em
apenas um pequeno número dos mais conhecidos: Twitter, Last.fm, Flickr e Doppir.
Escolhi estes porque são populares, eu os utilizo, e representam tipos diferentes de
sites. Explicando a grosso modo, o Twitter é um site de conversação geral; o Last.
fm é para ouvir e recomendar música; o Flickr é para conversas sobre fotografia e
eventos significantes (pessoalmente); e o Doppir, o mais recente dos quatro, é um
serviço para viajantes.
Seu site precisa fazer sentido para um indivíduo utilizá-lo – ele precisa ganhar algo
com sua interação individual com as ferramentas de seu site, ou pelo menos ver
sentido em utilizá-lo. Comunidade então acontece quase como um subproduto da
interação do usuário com outros. Você não pode estabelecer o objetivo de criar uma
comunidade; pode começar com algo que faça sentido se muitas pessoas utilizarem,
mas precisa oferecer uma ferramenta central que seja útil quando utilizada sozinha.
Isso funciona como a base para fazer com que os usuários retornem ao site, onde,
com sorte, eles irão começar a fazer parte de uma comunidade para eles mesmos.
Aplicativos web modernos precisam ser sociais por padrão. A internet não coloca mais
donos de sites em uma posição superior àquela daqueles que os utilizam. Também
não é mais o bastante ver seu site como um destino e ser identificado em um fórum
como um pequeno símbolo interativo. Houve uma mudança da procura por uma
identidade persistente, que começou com serviços de e-mail (Hotmail, Gmail), para
um reconhecimento de identidades externas das pessoas usando seus produtos.
Muitas pessoas agora têm um lugar na internet que chamam de casa, e elas estão
apenas visitando você. Integrar as vidas pré-existentes desses indivíduos com seu
site dá a eles uma conexão mais rica e profunda com ele. Lembre-se de que você
está provavelmente agrupando uma comunidade existente, já que é difícil criar uma
comunidade completamente nova. Os grupos que você deseja atrair comportamse de forma parecida com grupos de pessoas do mundo real; afinal, elas ainda são
seres humanos. Imaginar que você está cara-a-cara com seus usuários é uma técnica
importante para fazer seu site comportar-se apropriadamente.
Genuinidade e autenticidade são valores chave em gerenciamento de comunidades.
Você não pode criar uma comunidade, apenas encorajar uma. Se seus esforços por
uma são superficiais e comerciais, você terá mais chance de provocar em vez de encorajar uma comunidade. Grandes marcas comerciais podem trabalhar bem com
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Criando aplicações para redes sociais
comunidades, mas elas tendem a exercer uma função mais de suporte. Você tem que
tomar cuidado, no entanto, para não tentar tomar o caminho mais fácil criando algo
que parece – mas na verdade não é – o que você quer. Há até mesmo um nome para
a tentativa de criar uma comunidade mascarando-a: astroturfing5, que significa tentar criar um apoio falso aos movimentos espontâneos da comunidade (grassroots).
Criar aplicativos apresenta diferentes desafios para iniciantes e para
grandes empresas. Pequenas empresas podem não ter o dinheiro ou
uma equipe para fazer grandes ações, mas elas podem ser flexíveis em
termos de proposta e ter bastante comprometimento. Empresas maiores
podem ter mais recursos e um nome estabelecido, mas terão que cuidar
das práticas existentes de trabalho e de muitos outros produtos.
A natureza distribuída de aparentemente tudo
Um aspecto surpreendente da internet é a facilidade de fluxo de informações. Os
agora antigos empregados da empresa Domino’s Pizza, que postaram um vídeo deles
mesmos fazendo coisas desagradáveis com as pizzas dos clientes no YouTube, não
perceberam o quão pequeno o mundo tornou-se6. A privacidade está pouco a pouco
desaparecendo, mas você deve certificar-se de que as expectativas do usuário por
privacidade estejam claras dentro de seu aplicativo.
A internet movimenta informações rapidamente, mas ela também estimula os
serviços distribuídos. O modelo tradicional para um website é um servidor e um
software centralizados. Mais serviços estão se tornando distribuídos, como serviços
de distribuição de arquivos de música e de vídeo via peer-to-peer (P2P) – BitTorrent,
por exemplo. Armazenamento de código fonte utilizando ferramentas como Git e
Mercurial está se tornando cada vez mais popular para softwares de código aberto.
Esse mesmo modelo pode ser aplicado a pessoas. Meus gostos musicais estão no Last.
fm, meus hábitos de viagens no Doppir, meus pensamentos mais elaborados estão
em meu blog, e os mais curtos estão no Twitter.
Diversos serviços, como o FriendFeed (http://friendfeed.com/) e o projeto Activity
Streams (http://activitystrea.ms/), estão tentando agregar esses fragmentos, reconhecendo que essa natureza distribuída pode se tornar uma força. Se você enxergar a internet
como um lugar onde as pessoas vem até você, estará perdido. Se vê-la como algo no
qual você se integre e propague seus conteúdos e serviços, poderá tirar vantagem de
sua natureza distribuída.
5 Astro Turf é uma empresa americana de grama sintética. O termo foi cunhado para referir-se a
atividades políticas ou publicitárias que parecem ter surgido espontaneamente da comunidade,
enquanto que o termo oposto – grassroots, grama natural – trata das atividades ou movimentos
legitimamente nascidos da comunidade. (N. do T.)
6 http://mashable.com/2009/04/15/youtube-fired/
Capítulo 1 ■ Criando um aplicativo social
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Serviços em tempo real
Além da rede social, os usuários estão fazendo uma mudança gradativa para a web
em tempo real. Serviços em tempo real foram um dos principais temas levantados
na web em 2009. Ainda há postagens em blogs, fotografias, e textos mais longos, mas
conseguir publicar conteúdo no momento em que ele é criado está tornando-se um
serviço importante. O Twitter é líder nessa área, mas serviços de notícias e similares
também estão envolvidos. Criar um serviço em tempo-real não é ideal para todo
mundo e pode requerer um enorme esforço.
APIs e sua importância
Para criar efetivamente serviços na internet, você precisa criar uma API – uma maneira
de distribuir seu conteúdo e comportamentos de sistema pela web. As APIs permitem
aos usuários conectarem-se ao seu aplicativo sem passarem sobre sua interface de
rede, permitindo a eles criarem novos aplicativos a partir de seu trabalho. Algumas
empresas temem que as pessoas não entrem em seus sites, resultando em perda de
lucros com anúncios, mas é muito melhor utilizar uma API e criar usuários ativos
a longo prazo do que atrair usuários momentâneos por meio de alguns anúncios
em formas de links. Quanto mais as pessoas utilizam seus serviços, mais você pode
aprender sobre elas. Fazer esse trabalho exige um bom planejamento de infraestrutura
e sólidos aplicativos de rede – caso contrário, sua empresa não prosperará.
Inteligência coletiva: a nova inteligência artificial
Muitos dos novos aplicativos de rede começam com uma comunidade como base,
agindo como agrupadores de inteligência coletiva. Construídos sobre uma arquitetura de participação, eles encorajam indivíduos a enriquecer o site sozinhos, e por
meio disso, aumentar o efeito de rede que mostra a riqueza disponível a todos. Um
exemplo clássico disso é tagging – adicionar tags ajuda um indivíduo a encontrar
informação novamente, mas também rotula o item para que outra pessoa encontre-o.
Comunidade é uma parte central desses aplicativos de inteligência coletiva. O processo
de design para fazer bem esse trabalho envolve muito das mesmas bases de sites de
comunidade de discussão.
Sumário
Projetar seu aplicativo e seu papel na internet é um começo. Aplicativos bem-sucedidos
agrupam dados, tornam-nos úteis, e oferecem serviços baseados neles para o restante
da web (assim como oferecem um lugar legal para visitar). Um aplicativo bem-sucedido
é uma combinação de um pequeno número de ferramentas e em mecanismo para
socialização entre amigos.
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