Juros não é conto de fadas!
“Havia um reino encantado.
Nesse reino havia um velho cheio da grana e um príncipe muito elegante, bonito e pobre.
O príncipe pediu um empréstimo de 100 reais ao velho. Eles combinaram juros de 10% ao mês.
Passado um mês o príncipe foi até o velho, que lhe disse: "muito bem, veio me pagar os 110 reais?"
E o príncipe respondeu: "Não! Não posso pagar os 110 reais porque não tenho dinheiro".
Nesse exato momento, quando o velho ia ter um ataque nervoso, surge uma fada encantada.
A fada joga um pouco de pó de pilimpimpim no velho.
Então o velho diz para o príncipe: "tudo bem príncipe, nós prorrogamos o empréstimo
mais um mês, nas mesmas condições: juros de dez por cento. Mas como eu estou me
sentindo muito bondoso, não vou cobrar os juros de 10% sobre os 110 que o senhor me deve agora, vou cobrar os juros
só sobre os 100 que o senhor me devia no mês passado".
O príncipe acha ótimo.
Passa mais um mês, o príncipe novamente vai até o velho. O velho está lá,
esfregando as mãos: "veio me pagar hoje os 120 reais que me deve?"
O príncipe diz: "Não! Não vim, porque não tenho dinheiro".
Quando o velho ia ter novamente um ataque, a fada encantada surge outra vez e joga pó de pilimpimpim no velho.
Ela agora coloca uma dose dupla de pó de pilimpimpim no velho, pois se ela colocasse uma dose simples,
o velho provavelmente proporia que os juros corressem não sobre os 120 reais devidos atualmente,
mas sim sobre os 110 reais passados. Contudo, como a dose é dupla, o velho propõe que os
juros corram só sobre os 100 reais iniciais. O príncipe acha ótimo.
No final, quando o príncipe voltou depois de mais um mês, a sua dívida era de 130 reais, mas daí o príncipe havia ganhado na loteria. Pagou o velho e foram felizes para sempre.”
Cuidado! O texto que você acabou de ler é apenas um conto
de fadas. Lembre-se que você não é um príncipe ou uma princesa e que na sua vida não existe fada! Ganhar na loteria então, é bem difícil! Quanto aos juros cobrados pelo velho, isso
não é a realidade! O que acontece na vida real é bem diferente
e você já deve ter percebido.
PEFP - 14
O velho praticou a cobrança de juros
simples, que é juros incidente somente sobre o valor original da dívida, enquanto que na prática quando fazemos um financiamento, empréstimo
ou compra a prazo, o que é cobrado
são os juros compostos, ou seja, o famoso juros sobre juros, portanto no
exemplo do velho ao final de 03 meses o príncipe não devia R$ 130,00 e
sim R$ 133,00.
O tempo todo somos seduzidos pelo
mercado, que oferece crédito fácil na
hora de fechar uma compra ou contrato, mas no frigir dos ovos o que se
tem são juros altos fazendo crescer a
prestação a cada mês.
Este ano o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu
elevar os juros básicos da economia,
que atualmente está em 12,75% ao
ano, o maior patamar desde o início
de 2009.
A cada subida do juros é preciso tomar mais cuidado com as compras,
parcelamentos e dívidas. Procure se
informar antes de fechar qualquer
financiamento, linha de crédito, ou
mesmo na hora de pagar o cartão de
crédito: o pagamento parcelado implica em juros altos sobre valores já
reajustados, ou seja, a bola de neve
pode crescer muito rápido.
Se tiver dinheiro para pagar à vista,
peça um bom desconto e liquide a
fatura. Mas, se não tiver os recursos
necessários para pagar à vista, saiba
que estará admitindo (ainda que sem
saber) pagar juros.
Esta advertência vale para quem já
tem dinheiro aplicado: se por acaso você perceber tarde demais que
suas economias estão escorrendo
pelo ralo, não se desespere. Cancele
o cartão e o cheque especial para fazer com que a dívida pare de crescer.
Depois, tente negociá-la a condições
que condizem com seu padrão de
vida.
O Ideal é não assumir prestações
equivalentes a mais de um terço de
sua renda. Tomando estes cuidados
e verificando sempre o valor do juros, você mantém suas economias
em dia.
Fontes: guiadobolso.com.br / g1.com.br / Conto: MORGADO, Augusto César. Matemática Financeira. Rio de
Janeiro: IMPA, 2010.
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PEFP - 14