ID: 54886464
18-07-2014
Tiragem: 17456
Pág: 24
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 24,97 x 26,77 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
ENTREVISTA JOSÉ DE SOUSA Presidente e CEO da Liberty Seguros
“Não desistimos de crescer
por aquisição em Portugal”
Seguros Apesar de a conjuntura prejudicar o crescimento dos negócios core da Liberty, as compras continuam a ser hipótese.
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O presidente da Liberty em
Portugal não tem dúvidas de
que os tempos são de profunda
transformação no sector segurador, quer porque para os
bancos será no futuro muito
mais oneroso ter uma companhia, quer porque o mercado
teima em encolher, obrigando
a uma selecção de ‘players’.
José António de Sousa garante,
por isso, que não desistiu de
fazer aquisições.
As actuais mexidas no sector
segurador, com várias companhias em venda são uma oportunidade para a Liberty?
Este é claramente um momento
de oportunidade para quem está
no sector a longo prazo e tem
como actividade ‘core’ a venda
de seguros. O mercado está em
ebulição e já desde 2006/2007
que digo que este momento
chegaria, de consolidação acelerada no mercado. A vertente é
dupla. Por um lado, pelas novas
normas de solvência que serão
impostas a quem quiser manter-se na actividade seguradora, que vão implicar um aumento de capital para suportar a
actividade e uma muito maior
disciplina na contratação de seguros e determinação do ‘pricing’. Por outro lado, aquela
simbiose entre o banco e a seguradora, praticamente quase
que uma promiscuidade, também será posta em causa para
muitos dos bancos, uma vez que
eles próprios também estarão
condicionados. Se quiserem
manter uma seguradora vão ter
de alocar mais capital. Depois
há um excesso de capacidade
claramente no mercado, consequência também de já estarmos
há sete anos em crise. Enquanto
se mantiverem os cortes salariais com aumentos de impostos
a deprimir o poder de compra
das famílias portuguesas, o sector segurador Não Vida ou não
cresce ou, inclusive, decrescerá. Neste primeiro trimestre
houve alguns sintomas de retoma mas acredito que são provisórios. Houve uma ligeira reto-
ma na venda de automóveis
que teve imediatamente um
impacto positivo mas é sol de
pouca dura. Pela primeira vez
em onze anos – e a Liberty está
em Portugal há onze anos – vou
defender este ano, para 2015,
crescimento zero.
Esperar-se-ia o contrário nesta fase, não?
Pois, mas acredito que não. Estamos hoje ao mesmo nível, em
termos de volume de prémios
no Não Vida, do que tínhamos
em 2003, há onze anos. Em
termos reais o mercado diminuiu fortemente.
Nunca equacionaram sair de
Portugal?
Não. Acreditamos no desenvolvimento da Europa e que Portugal venha a evoluir a partir do
momento em que se tomem
uma série de medidas, um plano estratégico para o País.
Com a Liberty tão exposta, pela
natureza do seu negócio, à conjuntura económica, o que é que
estão a fazer?
Aquilo que estamos a fazer é
uma espécie de navegação à
vista. Vamos puxar as rédeas,
parar a contratação de pessoas,
por exemplo, e temos um plano
muito conservador, com crescimentos muito reduzidos, se
não nulos, e uma fortíssima
contenção nos gastos não necessários. Depois estamos a fazer algumas correcções de preços no automóvel e acidentes de
trabalho em ramos em que as
margens se têm vindo a deteriorar consistentemente nos últimos cinco anos. Nos acidentes
de trabalho, aquilo que estamos
a notar é que a sinistralidade
tem vindo a aumentar. Não sei
em que medida não haverá empresários também a usar o ramo
de acidentes de trabalho para
resolver problemas.
Nestas alturas de crise surgem
mais situações de fraude?
Mais situações de fraude e sinistralidade agravada.
E no automóvel, o que vão mudar?
No automóvel estamos a ajustar preços em algumas coberturas que estão integradas no
pacote que vendemos como
Liberty auto.
Paula Nunes
Maria Ana Barroso
O líder da Liberty
em Portugal lembra
que a fraude
e a sinistralidade
agravada aumentam
em momentos de crise.
“
Pela primeira vez
em onze anos – e a
Liberty está em
Portugal há onze anos
– vou defender este
ano, para 2015,
crescimento zero.
Então onde é que apostam para
contrariar a actual conjuntura?
Novos produtos, alguns nichos
de mercado e também tirar
partido um pouco da turbulência que existe no mercado.
Somos muito leais à nossa rede
de mediação. Eles reconhecem
isso, assim como o reconhecem cada vez mais os mediadores de outras seguradoras,
que nos batem à porta a quererem trabalhar connosco. É
uma boa altura para crescer
através da nossa rede.
Já desistiram de crescer por
aquisição?
Não, não desistimos. Não há é
aparentemente e de forma concreta neste momento oportunidades de o fazer. A Tranquilidade seria, por exemplo, um alvo
interessante. É uma companhia
de uma certa dimensão, bem
gerida e solvente e que acredito
que terá muitos pretendentes.
No dia em que essa noiva chegar
ao mercado formalmente terá
muitos pretendentes.
Mas foi já notícia que estarão na
corrida vários interessados.
Não foram contactados?
Não, não fomos contactados directamente. Acredito que a
nossa área de M&A tenha sido
abordada, se é que estão realmente no mercado.
E a Açoreana interessa-vos?
O Banif pretende vender os
47% da Açoreana que pertencem ao banco e ninguém estará disposto a comprar uma
participação minoritária sem
ter o controlo e a gestão da seguradora. Enquanto não definirem exactamente vai ser
muito difícil o banco conseguir
vender os 47%. ■
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