SOFTWARES PARA PEQUENAS
EMPRESAS
No setor de tecnologia, um foco que
vem se mostrando muito lucrativo e com
muitas oportunidades é o que atende às
necessidades dos micro e pequenos
negócios. Dobra as chances de alcançar
o sucesso quem consegue criar sistemas
simples e eficientes. O fato é que nesse
nicho, com frequência, o contratante e o
programador falam línguas diferentes.
Com isso, a relação custa muito para
engrenar e não são raras às vezes em que
o serviço acaba sendo cancelado.
Dispostos a evitar esse conflito entre
contratante e prestadores de serviços do
ramo de criação de softwares, Juliana
Glasser e Marcelo Bidoli, amigos de
infância e programadores formados,
apostaram em um negócio próprio. Ao
enxergarem essa recorrente dificuldade,
eles decidiram largar o emprego que
tinham para abrir a Carambola, empresa
de desenvolvimento de softwares que
tem como política criar sistemas de fácil
entendimento e operação. “Programas
não precisam ser difíceis e esse é o nosso
negócio. Pela simplicidade de operação
dos softwares que criamos, o cliente
consegue tocar o seu negócio sem se
preocupar com a nossa atividade”,
explica a empresária.
Juliana trabalhava no setor financeiro e
Bidoli, na área de turismo. Eles contam
que, nas frequentes conversas que
mantinham alguns dos assuntos sobre os
quais sempre se debruçavam era o
ambiente das empresas de criação de
software e como muitas condutas
chegavam
a
atrapalhar
o
desenvolvimento dos trabalhos. “É
difícil implementar projetos inovadores
em
lugares
com
moldes
preestabelecidos. Detectávamos isso,
inclusive, nas empresas em que
trabalhávamos. Esse cenário, muitas
vezes, até comprometia a qualidade do
produto final. Não é por acaso que os
programadores ficam conhecidos por
não cumprir prazos e não atender às
expectativas dos clientes”, aponta
Juliana.
Na sua visão, as empresas do ramo
acabam complicando os sistemas porque
pensam que um produto simples perde
valor de mercado. “Com isso, os
programadores chegam aos clientes com
produtos que têm comandos demais e
botões que nunca serão usados”, explica
a empresária, que complementa: “À
frente do nosso negócio somos bem
transparentes. Não temos medo de dizer
que é simples de fazer e cobraremos por
isso.”
A proposta da Carambola é atender,
principalmente, às necessidades mais
urgentes do cliente e detectar seus pontos
fracos em relação ao sistema. Segundo
Juliana, “às vezes, o contratante não sabe
nem
quais
são
suas
próprias
necessidades básicas. Por isso, fica a
cargo da Carambola identificar essas
questões, resolvê-las o quanto antes e, só
depois trazer soluções para as etapas
seguintes”. Para cumprir essa meta, o
trabalho exige um estudo minucioso do
negócio do cliente e suas principais
dificuldades.
A empresária coloca que, hoje em dia,
existe resistência dos dois lados na hora
de identificar o melhor serviço, tanto por
parte do programador quanto por parte
da empresa contratante do software.
“Como a criação de sistemas não está no
dia a dia das pessoas, há dificuldade pra
quem não é da área entender a linguagem
técnica. Contudo, na maioria dos casos o
problema é de comunicação. O
programador precisa entender que o
software não é o fim, mas o meio para
que o cliente alcance outros resultados.
O mercado às vezes impõe problemas e,
com isso, a solução fica em segundo
plano”, avalia.
Desde o início da Carambola, em
outubro de 2013, a empresa já soma
quinze clientes, entre os de pequeno e
grande porte, e donos de novos
empreendimentos. Juliana diz que
especialmente com relação aos negócios
menores é preciso ser muito cuidadoso
ao considerar qual será o serviço e seu
custo. “Muitas empresas pequenas
morrem por conta de investimentos
muito altos. Um gasto exagerado com
sistemas pode tornar o negócio
insustentável. Preferimos que o nosso
cliente micro ou pequeno gaste menos,
se desenvolva e mantenha suas
demandas de maneira recorrente”,
explica.
O investimento inicial para que Juliana
e Bidoli montassem a Carambola foi de
R$ 20 mil, capital que viabilizou a
compra de computadores e servidores e
o aluguel de espaço físico. Quando a
Carambola começou, a dupla não tinha
nenhum cliente fechado e correu atrás
enquanto constituía a empresa. Porém,
os primeiros não demoraram muito a
aparecer e o investimento inicial foi pago
ao fim do primeiro mês. Hoje, o
faturamento gira em torno de R$ 100 mil
mensais.
Para amenizar os gastos fixos como o
aluguel de espaço, sempre muito caro em
São Paulo (SP), cidade em que atuam, os
sócios apostaram no modelo co-working,
no qual várias empresas ocupam um
mesmo ambiente. A Carambola acabou
aderindo ao espaço da Plug, empresa
especializada nesse tipo de organização.
“No espaço que ocupamos hoje
funcionam 34 empresas. É um ambiente
descontraído, no qual se tem a vantagem
de conviver com outros empreendedores
e aprender com esse contato diário.
Atualmente, ocupamos um lugar de 25
m², no qual trabalham 17 pessoas. Mas
como a empresa está crescendo e se
prepara para atuar com uma equipe de 25
coladores, devemos dobrar o espaço que
ocupamos na Plug”, infoma a
programadora.
A empesa de co-working que abriga a
sede da Carambola, ao conhecer a
qualidade dos sistemas desenvolvidos,
propôs uma troça de serviços. Hoje,
Juliana fornece softwares para a Plug e
recebe em troca isenção do valor do
aluguel, prospecção de novos clientes,
organização do plano de negócios e
consultoria. “Não tínhamos muita
experiência como empresários, éramos
programadores e não administradores.
Com a parceria, ganhamos mais
experiência
e
maturidade
para
desenvolver nosso negócio”, diz
empresária.
Ela aponta que o principal desafio que
tem à frente da empresa é com relação à
saúde financeira, além da necessidade de
manter seus funcionários sempre
motivados. Em um negócio que depende
do impulso criativo, manter as pessoas
engajadas é questão fundamental.
“Alguns mercados e empresas têm
tarefas predeterminadas e não permitem
ao funcionário de fugir de um padrão. Já
o nosso negócio depende da criatividade
e exige pessoas estimuladas para isso. A
partir da parceria com a Plug, nossa
equipe agora passa por diversas
atividades, como dinâmicas de grupo
jogos e gincanas”, detalha.
Quanto à ascensão de funcionária à
empresária, Juliana diz que sentiu
dificuldades, especialmente por deixar a
área criativa para assumir a gestão do
negócio.” Não foi fácil lidar com o fato
de não atuar mais diretamente com o
desenvolvimento dos sistemas e delegar
tarefa para equipe. Porém, foi necessário.
Ao dono da empresa, a prioridade é dar
conta da gestão do negócio” coloca.
Para ganhar mais habilidade nessa
questão, Bidoli e Juliana estão fazendo
mentorias e cursos de coaching. “No
início, tivemos de apagar muitos
incêndios.
Agora,
com
mais
conhecimento, estamos conseguindo nos
planejar.
Estamos,
inclusive,
organizando o nosso plano de negócios
para vender melhor nossos serviços e a
imagem da em empresa”, informa.
Fonte:
Revista MEU PRÓPRIO NEGÓCIO
Online 11 | Nº 138
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