_______________________________________Filosofia
A LIBERDADE SARTREANA NO FILME ABRIL
DESPEDAÇADO
Marcelo Silva de Andrade1
Bruna Silva Rodrigues2
RESUMO  O presente artigo apresenta reflexões acerca da compreensão
da liberdade do filósofo francês Jean-Paul Sartre por meio de uma análise
interpretativa do filme Abril Despedaçado, do cineasta brasileiro Walter Salles. A presente análise possibilita perceber como o personagem Tonho consegue romper com a estrutura social em que está inserido, e como esse indivíduo faz emergir e assume a sua liberdade.
Palavras-chave: Sartre. Liberdade. Abril despedaçado.
INTRODUÇÃO
Propomos para o seguinte texto uma reflexão acerca do conceito de liberdade em Jean-Paul Sartre: o que o filósofo francês compreende por liberdade? Como podemos fazer emergir a nossa liberdade? Podemos fazer valer a nossa liberdade em qualquer estrutura social? São questões que discutiremos a partir do filme Abril Despedaçado.
Ambientado no sertão nordestino, o filme Abril Despedaça3
do , do diretor brasileiro Walter Salles, se passa em 1910, no lugar
chamado Riacho das Almas, onde “o riacho secou e ficou só as almas
mesmo”4. Em um espaço seco, árido, de terra rachada: a personificação do estereótipo do sertão nordestino.
1
Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Mestrando em
Ciências Socais e Humanas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
 UERN.
2 Graduanda do curso de Direito da Faculdade Christus.
3 O filme é uma adaptação do livro homônimo de Ismail Kaderé.
4 Diálogo retirado do filme “Abril Despedaçado”.
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O filme descreve principalmente o conflito entre duas famílias
por causa da disputa de terras: os Breves e os Ferreira. Retratando a
institucionalização da violência com regras bem definidas como a marca de uma tradição cultural do sertão: onde a “alma” de um Breves,
significava a “alma” de um Ferreira, e não mais do que isso, como afirma o patriarca da Família Ferreira, ao ser indagado por um dos seus
se ele poderia ir lá nos Breves e acabar logo com todos de uma só vez
Já te disse isso e vou repetir pela última vez: o sangue de cada um tem a mesma valia, e tu só tem o direito de pedir o sangue que perdeu, quem ultrapassa
esse direito paga dobrado por isso, nessa vida ou
em outra, foi isso que meu pai me ensinou, que o
pai do meu pai ensinou a ele e vai ser assim até a
mina morte5
Podemos perceber o poder da tradição como algo inquestionável, em que matar e morrer não era uma questão de valentia ou de
deleite, mas, acima de tudo, de honra.
O filme Abril Despedaçado nos apresenta uma estrutura social
em que aparentemente os indivíduos são completamente submissos a
essa estrutura. Onde os homens são totalmente coagidos em suas ações, onde não há espaço para a individualidade, para a liberdade. Em
uma sociedade em que impera o que o sociólogo Durkheim (1995)
define por solidariedade mecânica, onde a consciência coletiva se sobrepõe à consciência individual, caracterizando-se por “um sistema de
segmentos homogêneos e semelhantes entre si” (DURKHEIM, 1995,
p. 164).
De uma beleza singular e de uma riqueza interpretativa imensurável, “Abril Despedaçado” nos possibilita inúmeras leituras: podemos focá-lo pelo viés da violência, da vingança, do amor etc. Pode-se
analisar o filme a partir do olhar do Menino6, sábio e “filósofo”, que
Diálogo retirado do filme “Abril Despedaçado”.
Menino é uma criança sem nome, chamado apenas de “Menino mesmo”, com o
olhar bastante aguçado e uma imaginação que lhe permite sonhar acordado;
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destoa dos outros daquele espaço pela sua percepção da realidade, afirmando, por exemplo, que “em terra de cego quem tem um olho só
todo mundo acha que é doido”.
Mas, ao nos depararmos com as cenas do filme em que uma
determinada estrada se bifurca, possibilitando assim que se escolha
que caminho seguir, simbolizando a possibilidade da escolha, percebemos que o filme pode ser analisado pela perspectiva da liberdade, da
liberdade de Jean-Paul Sartre.
O SERTÃO E A VIOLÊNCIA
Conforme Neves (2007), o termo sertão é de origem etimológica africana, e foi utilizado pelos colonizados para designar o lugar do
desconhecido, assim como o espaço de ampliação territorial.
O termo sertão, segundo Moraes (2002), não é necessariamente designado a uma paisagem típica, não são características do meio
ambiente, como vegetação, clima e relevo que possibilitam que um
espaço seja reconhecido como sertão. Para o autor, o sertão é uma
construção simbólica, que diz respeito muito mais às percepções, modo de ver pensar e sentir atribuídos ao ser inserido nesse espaço.
Ainda segundo Moraes (2002), o sertão era percebido e identificado, principalmente durante o império, como o lugar da barbárie,
compreensão que legitimava a sua ocupação e apropriação do homem
dito “civilizado”.
O sertão nessa perspectiva da barbárie, em que a violência
marca e caracteriza os indivíduos desse lugar, assemelha-se ao sertão
descrito por Guimarães Rosa, principalmente na obra Grande Sertão
Veredas, em que “viver é negócio muito perigoso” (ROSA, 2001, p.
26), onde as divergências são resolvidas é na “bala”, em que até mesmo “Deus mesmo quando vier, que venha armado”. (ROSA, 2001,
p.35).
mesmo sem saber ler, ele cria e recria estórias a partir de figuras de um livro,
conhece os mares, se encontra com a sereia. Menino tem na imaginação um
instrumento para fugir da dureza de sua realidade no sertão.
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Luiz de Aguiar Costa Pinto (1980), um dos precursores no estudo de conflitos de família no Brasil, analisando o período colonial,
afirma que um instrumento importante de controle social era a vingança, em que ordem privada da família se impõe sobre a frágil e incipiente autoridade pública.
As querelas familiares mobilizavam todos os homens da família, todos eram “convocados” a lutar pela “honra” da família. Em um
processo de naturalização que impossibilitava qualquer dúvida frente à
possibilidade de matar ou morrer. “Foi assim, é assim e sempre será”,
compreendiam os indivíduos inseridos nessa realidade.
Diante disso, como podemos pensar a liberdade em estrutura
social assim? Há possibilidade de o indivíduo romper com essa estrutura? Para discutirmos essas questões nos apropriaremos da compreensão de liberdade desenvolvida por Jean-Paul Sartre.
A LIBERDADE EM JEAN-PAUL SARTRE
O filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) é sem dúvida
um dos mais notáveis pensadores da modernidade; inserido na corrente filosófica existencialista, o pensador compreendeu e viveu a liberdade de uma forma bastante intensa, seja no âmbito da vida íntima, na
relação, por exemplo, com Simone de Beauvoir, seja na âmbito político, no engajamento que teve durante e após a segunda guerra mundial,
fundando, juntamente com outros amigos existencialistas, o grupo de
resistência e contestação Socialismo e Liberdade.
A temática da liberdade, sem dúvida, permeia toda a vida e obra de Sartre, como ele mesmo diz: o escritor, homem livre, que se
dirige a outros homens livres, só pode ter como tema a liberdade. As
discussões deste tópico são oriundas das reflexões do autor presentes
em sua obra “O Ser e o Nada”.
Sartre compreende que a existência precede a essência, ou seja,
o homem constrói a sua essência e a si mesmo por meio da sua existência, das suas escolhas. O autor, dessa forma, se distancia de uma
proposta determinista em que o homem é apenas fruto do meio, em
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que suas ações são completamente determinadas pelo meio em que
está inserido.
Sartre retira o fatalismo da existência humana, para nos apresentar uma proposta em que o próprio indivíduo é o ator principal, o
protagonista de sua história, ao mesmo tempo que é o escritor dessa
história. O homem na perspectiva sartreana é responsável por si mesmo.
Justificar uma situação por conta das circunstâncias, afirmando, por exemplo, que tinha que ser assim mesmo, que o destino quis
assim, vai completamente contra a perspectiva existencialista defendida por Sartre; sendo assim, o homem não pode responsabilizar a natureza ou mesmo nenhum outro pela situação por que esteja passando.
Conforme Sartre, não importa o que a sociedade fez de nós, o
que importa é o que fazemos ou faremos com aquilo que a sociedade
fez de nós. Ele retira o indivíduo da sua condição de vítima.
Para Sartre (1997), a liberdade do indivíduo não deve permitir
que ele fuja das responsabilidades políticas, pois justamente por ser
livre, o indivíduo é responsável, e deve ser julgado pelas suas ações.
A liberdade nessa perspectiva abomina a compreensão determinista, em que homem por meio de sua essência já estava ou está determinado á algo. Pois o homem é livre, o homem é liberdade, liberdade não em essência, mas em potência.
Aliás, a liberdade sartreana não tem a ver com o poder, mas
com um simples querer, mas aqui cabe uma explicação: Sartre reitera
inúmeras vezes que liberdade não é fazer tudo aquilo que se quer; assim como não podemos tudo, não estamos condenados ao nada, ao
nenhum, ou apenas a uma possibilidade. Pois jamais há apenas uma
possibilidade. Um indivíduo pode assim pensar: “eu só tenho um caminho para chegar ao trabalho; sendo assim, não tenho liberdade”.
Ledo engano, ele pode simplesmente não ir ao trabalho, ou seja, possui duas opções. “Ah, mais se não for trabalhar serei punido”, retrucará. Mas é justamente isso a liberdade sartreana: cada escolha tem uma
consequência, em que cabe ao indivíduo avaliar, ponderar qual das
opções vale mais a pena, pois a responsabilidade é toda dele.
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A compreensão acerca da vida como condicionada por um
destino ou acaso, o autor denomina de má-fé. Mais precisamente, máfé é se enganar, se iludir, mentir para si mesmo que não se tem escolha, que vive em situação sem nenhuma liberdade, acreditando que é
um condenado ao destino.
Segundo Sartre, o homem é condenado à liberdade, já que a liberdade representa a possibilidade de escolha, e em qualquer situação
temos sempre alguma possibilidade de escolha, em qualquer circunstância duas opções a escolher, dois caminhos a seguir. O que acontece
inúmeras vezes é que em determinadas situações, por estarmos com o
olhar tão naturalizado com um determinado contexto, nos compreendemos como totalmente presos a um sistema, acreditando que temos
apenas uma opção a escolher, nos restando apenas a resignação.
É importante resaltarmos que para o pensador francês consciência e liberdade são a mesma coisa. A partir do momento em que o
homem toma consciência da sua situação, ele percebe que é livre, livre
para escolher, para agir, sentindo que há outra(s) possibilidade(s) de
escolha.
Faz-se necessário destacarmos também, na perspectiva sartreana, a relação existente entre a liberdade e a responsabilidade: por ser
livre, o indivíduo é responsável pelas suas decisões. E aqui cabe desfazermos a confusão que se tem que liberdade é permissividade; liberdade é antes de tudo reconhecer que cada um é responsável por seus atos.
No entanto, o filósofo francês aponta que o homem busca fugir dessa responsabilidade, preferindo se perceber como condicionado
a algo, que sua vida o condicionou àquela ação, e não que suas ações
condicionaram aquela vida, aquela existência.
A liberdade conduz à construção do que Sartre denomina de
ser-para-si, em que o homem se sente impulsionado a agir, e mesmo
em qualquer situação mais adversa que possa parecer, o homem busca
evidenciar a sua liberdade, e por isso mesmo assume a responsabilidade de seus atos.
Vale lembrar que a liberdade não é uma coisa que preexista,
mas algo que se materializa nas ações, com as escolhas. A existência
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humana é uma permanente escolha; estamos escolhendo a todo momento. Conforme afirma o pensador francês, a liberdade não é uma
teoria ou um conceito, é algo que se materializa nas ações, nas escolhas. “A liberdade faz-se ato, e geralmente alcançamo-lo através do ato
que ela organiza com os motivos, os móbeis e os fins que esse ato encerra.” (SARTRE, 1997, p. 541-542).
ANÁLISE DO FILME: TONHO E A LIBERDADE
Analisaremos agora o filme “Abril Despedaçado”, destacando
algumas passagens que ilustram o que discutimos acima sobre a liberdade. Para tal intento, nos voltaremos mais especificamente ao personagem Tonho.
No contexto descrito pelo filme, que apresentamos anteriormente, em que a morte de um Breves tinha que ser vingada com a
morte de um Ferreira, e vice-versa, em uma clássica lei de Talião “olho
por olho dente por dente”, chega a vez de Tonho, um Breves, de vinte
anos de idade, vingar a morte de seu irmão Inácio. Nesse período alguns acontecimentos surgem, e é necessário que nos atentemos a eles
para compreendermos a liberdade que será assumida no final da história.
Primeiro, o Menino, irmão de Tonho, começa a questionar essa tradição, e a propor que Tonho rompa com esse sistema: “Vai não,
Tonho”, diz o Menino. Contestação que é extremamente reprimida,
inclusive com violência física, pelo chefe da família, pai dos dois, que
explica
Preste atenção, Menino, teu avô, o teu irmão mais
velho, teus tio, eles tudo morreram pela nossa honra e por essa terra e um dia pode ser tu, tu é Breves,
eu também já cumpri minha obrigação, se eu não
morri foi porque Deus não quis.7
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Diálogo retirado do filme “Abril Despedaçado”
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E quando chega o momento da vingança da morte de seu irmão Inácio, ou seja, quando esgota o tempo de trégua determinado
pelas famílias após a morte, Tonho é acordado pelo pai ainda de madrugada, pega a arma e sai para vingar a morte de Inácio. Pouco tempo
depois já está Tonho ao lado do corpo ensanguentado e agonizante de
um Ferreira, e a tradição se cumpre: é realizada a vingança.
Mesmo assim, o Menino continua tentando que o irmão assuma a sua liberdade, que Tonho compreenda que é um ser livre. E diz
ao irmão: “A gente é que nem os boi, roda, roda e nunca sai do lugar”.
Os “conselhos” do Menino chegam de alguma forma a afetar Tonho,
que começa a pensar sobre a sua existência, sobre a realidade em que
estão inseridos. O Menino mostra a Tonho uma imagem que ilustra
bem a questão do aprisionamento e consequentemente da liberdade:
os bois andam em círculo, como fazem todos os dias, mesmo sem estarpresos à bolandeira.
Dando continuidade aos acontecimentos importantes à tomada da consciência da liberdade por Tonho, ele se apaixona por Clara,
uma jovem artista que se apresenta juntamente com seu padrinho, que
é também seu companheiro, em espetáculos de circo de rua.
Clara corresponde ao amor de Tonho e em uma noite chuvosa,
em que só o Menino afirmava que iria chover, foge de seu companheiro e vai se encontrar com Tonho. Mas, no momento em que os dois
estão dormindo, o Menino, em uma ação deliberada8, pega a fita que
Tonho carregava no braço que simbolizava o luto da morte do Ferreira que havia executado, e sai por entre o canavial. Nesse momento o
Menino é confundido com o irmão, pelo Ferreira que tinha ido vingar
a morte do familiar, e assim, o Menino é morto no lugar de Tonho.
A morte do Menino desespera e angustia Tonho, e nesse momento desabrocha em seu ser o impulso da liberdade. É pertinente
lembrar que para Sartre a angústia está estritamente vinculada à liberdade, a angústia nos impulsiona à liberdade, é por meio dela que per8
O Menino talvez já havia pensando em trocar de lugar com irmão, em se sacrificar
pelo irmão. Lembremos da cena em que os dois estão no balanço, e ele diz: “hoje é
tu que vai avoar agora...tu fica no meu lugar e eu fico no teu”.
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cebemos que devemos fazer valer a nossa liberdade, como diz o filósofo:
“é na angústia que o homem toma consciência de
sua liberdade, ou, se se prefere, a angústia é o modo de ser da liberdade como consciência de ser; é
na angústia que a liberdade está em ser colocandose a si mesma em questão” (SARTRE, 2005, p.
72).
Após a morte do Menino, o chefe da família Breves corre, pega a arma e entrega a Tonho para que ele vingue no mesmo instante,
sem trégua, a morte do Menino, já que essa morte estava fora das regras desse sistema, pois quem deveria morrer era Tonho. Mas Tonho
não lhe dá ouvido. Rompendo com a tradição da vingança, o rapaz se
sobrepõe à estrutura social, vira as costas ao pai e se dirige para outro
caminho, percorrendo uma outra estrada que ele nunca havia tomado,
evidenciando a sua liberdade naquele momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz da análise que apresentamos do filme “Abril Despedaçado” percebemos que o indivíduo, por mais preso que esteja a determinada estrutura social, há possibilidade de fazer valer, de evidenciar a
sua liberdade.
As estruturas nos constroem, produzem em nós hábitos e costumes, concebem a nossa forma de percebermos o mundo e nos percebermos no mundo. Mas isso não nos retira a possibilidade da liberdade, o aprisionamento nunca é total, se ele nos apresenta assim é
porque essa estrutura constrói essa percepção fatalista. Vimos como
Tonho conseguiu romper com uma estrutura aparentemente indestrutível, de uma tradição que já existia muito antes de ele nascer.
O amor de Clara, e principalmente a morte do Menino, foram
acontecimentos importantes para Tonho. Por meio da angústia, percebeu que era livre, que a liberdade estava presente em seu ser. Entretanto, compreendemos que não foram esses fatos que determinaram a
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tomada de consciência de Tonho para sua liberdade, levando-o a romper com a estrutura que o aprisionava. O que determinou e determina
realmente é o querer ser livre, é querer querer, como diz Sartre. Alguém pode perguntar: “mas é possível um indivíduo não querer ser
livre?”, respondemos com outra pergunta: será que todos querem assumir as responsabilidades que a liberdade exige?
SARTREAN FREEDOM IN THE FILM APRIL SMASHED
ABSTRACT  This article presents reflections on the understanding of freedom
of the French philosopher Jean-Paul Sartre, through an interpretive analysis of the
film April smashed, of the Brazilian filmmaker Walter Salles. This analysis
allows to see how the character Tonho can break the social structure in which it is
inserted, and how that individual emerges and assumes its freedom.
Keywords: Sartre. Freedom. April Smashed.
REFERÊNCIAS
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Roteiro: Walter Salles, Sérgio Machado e Karim Aïnouz. Inspirado no
Livro Abril Despedaçado de Ismael Kadaré. Brasil/França: Vídeo
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COSTA PINTO, Luís de Aguiar. Lutas de família no Brasil. 2. ed.
São Paulo: Ed. Nacional; Brasília, DF: INL, 1980.
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MORAES, Antônio Carlos Robert. O sertão: um outro geográfico.
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NEVES, Erivaldo Fagundes. Caminhos do sertão: ocupação territorial, sistema viário e intercâmbios coloniais dos sertões da Bahia. NEVES, Erivaldo Fagundes; MIGUEL, Antonieta (Orgs.). [s.l]: Arcádia,
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ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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