Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC As direitas latino-americanas: anticomunismo e defesa da legalidade constitucional no Brasil (1964) e Chile (1973) Ricardo Antonio Souza Mendes∗ Resumo: Observando-se os caminhos percorridos pelas análises sobre a América Latina verificase que estas percorreram, e percorrem, caminhos que ora dão ênfase às características e experiências comuns, ora à diversidade. Quando a tônica está no primeiro tipo de trajetória, por vezes tem-se perspectivas gerais que deixam de lado particularidades relativas a cada experiência nacional. Já quando é dada ênfase às particularidades o questionamento pode até mesmo chegar, por que não dizer, a relativizar a existência de uma “América Latina”, dificultando a percepção de uma identidade que foi construída pela convicção de que partilhávamos de uma trajetória comum. Reconhecendo a existência destas particularidades inerentes aos diversos países latinoamericanos, proponho aqui uma reflexão sobre o estabelecimento dos regimes autoritários no Chile e no Brasil abordando o que considero como dois aspectos que marcam uma semelhança significativa nestes processos: a presença do radicalismo das forças de esquerda e o discurso de defesa da legalidade política apresentada pelas direitas quando do estabelecimento destes regimes autoritários. Entendo que o momento, assinalado pelos 30 anos da deposição de Salvador Allende em 2003 e dos 40 anos da deposição de João Goulart em 2004, solicita análises que contribuam para a construção de memórias menos dicotômicas, menos polarizadas e mais reflexivas sobre as histórias nacionais destes dois países. *** O estudo comparado das sociedades latino-americanas, qualquer que seja o corte cronológico adotado, apresenta-se extremamente interessante. Não apenas porque contribui para uma perspectiva da diversidade que as caracteriza mas também porque nos possibilita estabelecer, simultaneamente, a existência de uma série paralelismos históricos. Ao observar, por exemplo, as sociedades brasileira e chilena nas décadas de 1960 e 1970 - além da distância cronológica -, inúmeros são os aspectos a distinguir o estágio de industrialização, mobilização popular, estrutura política e social. ∗ Professor do Curso de História da Universidade Veiga de Almeida. 1 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Contudo, semelhanças também saltam aos olhos, das quais considero como a mais óbvia o resultado final de um processo de polarização política que desaguou em golpes civil-militares, estabelecendo regimes profundamente autoritários. Atentando-se para a trajetória do sistema político chileno ao longo do século XX até o golpe de 1973 verifica-se muito mais continuidade do que ruptura. Diversos autores caracterizam o país como o que mais estava vinculado a uma tradição democrática em toda a América Latina. De fato, a ampliação da participação política apresentou-se lenta mas de forma continua ao longo das seis primeiras décadas do século XX (ROUQUIÉ, 1982: 269). Setores populares apresentavam-se com alto grau de organização, colaborando para a vitória, já em 1938, de uma frente que selou uma aliança composta por diversos grupos, mas que tinha por seu eixo fundamental os setores médios e populares (CARDOSO & FALETO, 1970: 111). Esta aliança se repetiria, em grande medida, em 1952, com a formação da Frente do Povo, cuja liderança coube ao Partido Democrático. Neste sentido, partidos políticos de esquerda disputavam acirradamente o processo eleitoral e, através de frentes políticas, fizeram parte do governo. Segundo Aggio, nesta fase “produziu-se um consenso capaz de preservar o equilíbrio entre industrialização, participação e democracia” (AGGIO, 1993: 62). Já não foi este o caso do Brasil. A democracia restritiva de caráter oligárquico predominou nas três primeiras décadas do século. Caracterizou-se por eleições que limitavam a participação aos extratos superiores da estrutura sócio-econômica e que apresentaram um “significado extremamente limitado no processo histórico de construção da democracia e de expansão da cidadania no Brasil” (RESENDE, 2003: 91). Contudo, não teve vida longa. O primeiro governo Vargas (1930-1945) acabou por interrompê-la através da configuração de um regime político ainda mais restritivo, uma ditadura civil avalizada por amplos setores militares. Somente a partir de 1945 observa-se a retomada do debate político-partidário, ainda no formato de uma democracia restritiva mas com amplas diferenças em relação á Primeira República (1889-1930). Mais participativa e com a existência de partidos políticos nacionais (embora regionalizados em boa parte de sua estrutura), além de outras diferenças. A presença de partidos políticos de esquerda também não foi a tônica das seis primeiras décadas no Brasil. Após um breve período compreendido entre 1945 e 1947 o Partido Comunista Brasileiro foi colocado mais uma vez na ilegalidade. De qualquer forma, entre 1945 e 1964 2 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 observa-se a retomada de um sistema político-partidário que marcava-se, cada vez mais, pela participação e pelo debate político. Neste sentido, apesar das diferenças, nos dois países observa-se o desenvolvimento de um crescimento na mobilização popular nas décadas de 1950 e 1960. O processo de industrialização e urbanização crescentes, aliado a fatores culturais vinculados com a luta pela democracia que marcou a primeira metade da década de 1940 (guerra contra o nazi-fascismo) bem como à ocorrência da Revolução Cubana ampliaram ainda mais as pressões por participação política efetiva de trabalhadores urbanos e rurais. Parcelas da classe média e da pequena burguesia aderiram a esta luta. No Brasil estas camadas estavam mais vinculadas aos grupos dominantes. No Chile, em função de uma estrutura estatal que se ampliou cada vez mais a partir de 1920, e em função de uma normatização para o acesso ao serviço publico existia mais autonomia. Como assinalado, a participação política das camadas populares - rurais e urbanas -, apresentou um crescimento significativo no Brasil a partir da década de 1950. A historiografia sobre 1964 aponta uma série de transformações no âmbito da mobilização política, tanto no meio rural quanto nos centros urbanos. No mundo urbano o crescimento industrial, o esvaziamento do campo e o desenvolvimento das cidades contribuíram para a modificação do peso político da população aí localizada levando, juntamente com os aspectos culturais assinalados acima, ao aumento da pressão das demandas populares bem como da participação política destes grupos. Segundo Teixeira da Silva, na década de 1950 observa-se o inicio deste processo de urbanização e industrialização, que encontrou sua culminância, contudo, somente por volta dos anos 1980 (TEIXEIRA DA SILVA, 2000: 351). No entanto, não foi somente no meio urbano que a mobilização acentuou-se. As ligas camponesas, que se apresentaram numa fase de ascensão em fins de 1950, agitaram as massas de trabalhadores rurais e estimularam sua mobilização, não somente por terra, mas também em torno dos direitos políticos. No Chile este crescimento alcançou dimensões mais significativas do que no Brasil. Parte em função da própria continuidade do processo democrático, mas também em função de ser uma sociedade mais urbanizada e mais industrializada. A participação popular na vida política alcançou dimensões importantes ao longo do governo de Eduardo Frei. Político vinculado à Democracia Cristã, Frei encaminhou um projeto de integração política caracterizado pelo estímulo à sindicalização agrária, a formação de “centros familiares” e “conselhos de bairros”. 3 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Simultaneamente, empreendeu uma reforma econômica estimulada pela postura norte-americana de transformar as sociedades do Continente com vistas a evitar o radicalismo de esquerda (SHOULTZ, 2000: 397). O início efetivo de uma Reforma Agrária, embora tímido, pôde ser observado. Ao mesmo tempo, tem-se também o encaminhamento da nacionalização de algumas áreas da economia, tal como a comercialização do cobre (que substituiu o salitre como produto de destaque na economia chilena) e a criação de empresas mistas na exploração deste produto. Assim mesmo, esta nacionalização foi apenas parcial. Pode-se conjecturar que estas reformas, ao mesmo tempo em que apresentaram-se como resultado da ampliação da participação popular na vida política, estimularam ainda mais o desenvolvimento de forças sociais que, a partir de então, queriam mais e que achavam que sua capacidade de concretizar suas reivindicações apresentava-se significativa. A despeito de tentar concorrer com grupos localizados a sua esquerda no sistema político, o governo Frei e a Democracia Cristã contribuíram para o crescimento deste segmento na medida em que acabaram por favorecer a mobilização das camadas populares ao buscar apoio nos extratos mais baixos da sociedade (BITAR, 1980: 50). Ao mesmo tempo, parcelas destes grupos passaram a ver o governo do próprio Frei um entrave ao aprofundamento das reformas. Neste sentido, às vésperas da posse de Salvador Allende a politização alcançava praticamente todos os grupos sociais. Desta forma, comparativamente, o debate político não mobilizava parcelas tão expressivas da sociedade brasileira como no Chile e nem mesmo alcançou o mesmo dinamismo. De qualquer maneira a década de 1950 assinalou um importante crescimento da participação popular na vida política brasileira em relação à fase anterior. Verifica-se também o desenvolvimento de um crescimento continuo das forças de centroesquerda e de esquerda do sistema político de ambos os países ao longo do século XX. No Brasil este crescimento é verificável através do aumento do numero de votos concedidos ao Partido Trabalhista Brasileiro (SOUZA, 1990: 144), que ocorreu simultaneamente a dois acontecimentos: a uma reorientação do partido, que passou a assumir “posições tendenciamente mais reformistas” e, neste sentido, “propostas mais à esquerda”; e, segundo, ao estabelecimento de uma aliança com o Partido Comunista Brasileiro (DELGADO, 1989: 155). Contudo, o incremento político das esquerdas foi maior no Chile, posto que mais duradouro e continuo. Vinha desenvolvendo-se desde 1938, quando uma frente política (FRAP) que contava 4 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 com participação de setores das esquerdas conseguiu chegar ao poder1. A vitória de uma frente política comandada pelos partidos Socialista e Comunista em 1969 apresentou-se, neste sentido, como o desenvolvimento de uma conquista continua e ininterrupta das esquerdas em relação ao eleitorado. As quatro candidaturas de Allende, culminando com sua eleição para a Presidência da República, bem como os processos eleitorais ocorridos ao longo de seu governo assinalam este avanço. Neste sentido, nos dois países as forças que representavam a transformação (em maior ou menor grau) chegaram ao poder às vésperas do desencadeamento dos golpes civil-militares de 1964 (no Brasil) e de 1973 (no Chile). No Brasil, em função da renuncia de um presidente que apresentava um posicionamento político quase que diametralmente oposto ao de seu vice2. No Chile, através de uma vitória eleitoral marcada por uma pequena margem de votos. Ambos os governos depararam-se com tentativas de obstrução a sua posse. Grupos conservadores capitaneados pelo partido Nacional tentaram resistir, em vão, à posse de Allende. Alguns chegaram a vincular-se a facções golpistas das Forças Armadas, ainda não predominantes. Estas tentaram seqüestrar o general Schineider, exponente da legalidade no meio militar. Na terceira tentativa, todas sob financiamento norte-americano, o general foi morto ao resistir. O assassinato do principal oficial das Forças Armadas a respaldar a posse de Allende apenas contribuiu para que o conjunto da Instituição cerrasse fileiras em torno da defesa da legalidade constitucional. A Democracia Cristã, principal partido do sistema político chileno, assim como outros partidos também asseveraram apoio à posse de Allende uma vez que esta teve que ser ratificada no Congresso (já que não havia obtido nem mesmo maioria simples)3. 1 A Frente Popular contou com a participação do Partido Socialista e do Partido Comunista mas esteve sob liderança do Partido Radical, que apresentava boa parte de seu eleitorado nas camadas médias. A Frente do Povo, de 1952, contou também com estes dois partidos sob liderança do Partido Democrático. Em 1956, a frente formada para disputar as eleições contou apenas com partidos de esquerda (PS e PC). Em 1969, para a disputa pela Presidência da Republica, a frente organizada pelos partidos de esquerda (Unidade Popular) apresentava uma ampla gama de partidos mas sob a liderança do Partido Socialista. Fazia parte desta frente: o Partido Comunista Chileno, Partido Socialista Chileno, PR (radicais), PSD (social democracia), Ação Popular Independente (API), MAPU (esquerda católica). 2 Deve ser assinalado, contudo, que Jango conseguiu ser eleito vice-presidente com uma margem signficativa de votos. Jânio Quadros, candidato à Presidente, recebeu 5.671.528 votos. Jango, como candidato à vice, recebeu 4.547.010 votos, mais votos do que os outros dois candidatos à Presidente. 3 No sistema político do Chile, um candidato que não alcançasse a maioria absoluta (metade mais um) teria sua vitória submetida ao Congresso Nacional. Apesar da desconfiança da Democracia Cristã em relação à Allende, a tradição firmada ao longo do século XX era a de confirmar a posse do candidato que obteve a maioria, mesmo não sendo esta absoluta. 5 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 No Brasil observa-se uma trajetória semelhante quanto à tentativa de obstrução da posse do Vice-Presidente que assumia, apesar de algumas diferenças serem notórias. Em 1961 os Generais que faziam parte do gabinete ministerial do Presidente que então renunciava – Jânio Quadros -, buscaram também evitar a posse daquele que, segundo as normas constitucionais deveria tomar posse: Jango. Também naquele momento ocorreu uma manifestação de apoio em torno da continuidade constitucional. Vários foram os partidos políticos que engajaram-se nesta luta, inclusive uma parcela da própria UDN. Uma ampla mobilização popular em torno da Rede da Legalidade – sob liderança de Leonel Brizola - fechou o quadro de apoio ao novo governo. Tal como no Chile às vésperas do início do mandato de Allende, as Forças Armadas ainda não estavam unidas em torno de uma guinada para a direita. Contudo, diferentemente do caso chileno, o Presidente brasileiro teve o inicio de seu mandato cerceado por uma fórmula encontrada para evitar o confronto. Neste sentido, observa-se no Brasil que o sistema político estaria caracterizado por um maior peso dos grupos que temiam as modificações que o partido que mais se aproximava de uma proposta transformadora da sociedade brasileira apresentava. Algumas observações sobre estes dois eventos se fazem necessárias. Primeiro, quanto à perspectiva existente por parte de uma parcela da sociedade diante das mudanças que os grupos que estavam por assumir o poder poderiam encaminhar. Apesar da possibilidade de transformação ser maior no Chile, em função do caráter declaradamente de ruptura (mas não de revolução) que apresentava a Unidade Popular, pode ser assinalado que o nível de expectativa gerado foi semelhante. Isto porque o sistema político chileno estava mais apto a assumir modificações do que o brasileiro, o que pode ser observado pela própria trajetória do governo da Democracia Cristã, o partido de centro do sistema político do Chile. Segundo, a dimensão da transformação que pretendia ser encaminhada pelos novos governos que assumiam nos dois países mexia profundamente nas estruturas gerais da sociedade bem como nas possibilidades de acumulo de capital por parte das empresas estrangeiras. Terceiro. Independentemente do nível de transformações a serem encaminhadas em relação á estas sociedades, existiam grupos, em ambos os países, que não toleravam nenhum tipo de modificação e, neste sentido, após a posse de governos que poderiam engendrá-las passaram a articular a sua eliminação. Principalmente após a constatação de que o avanço das esquerdas (no caso chileno) ou da centro-esquerda (no caso brasileiro) apresentava-se de forma constante, o que inviabilizaria cada vez mais as alternativas de resistência constitucional. 6 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Quarto e último. Apesar da existência dos grupos assinalados acima inquestionavelmente existia um conjunto de condições que contribuiu para que a idéia de “legalidade constitucional” colaborasse para que estes governos tomassem posse. Dentre outros fatores, tanto Jango quanto Allende apresentavam discursos que focavam a idéia de respeito à Constituição. Além disso, os partidos que representavam o centro político e serviam de ponto de equilibro no sistema político colocaram-se favoravelmente à posse dos presidentes em questão. No Chile, este papel foi desempenhado pela Democracia Cristã (AGGIO: 125) e no Brasil pelo Partido Social Democrático (HIPPOLITO, 1985). Contudo, ao longo praticamente do mesmo período, três anos, a situação inverteu-se. O discurso da legalidade constitucional foi apropriado, tanto no Brasil quanto no Chile, pelas direitas. A questão assume uma dimensão ainda maior em função de ter sido em nome da legalidade constitucional que as rupturas democráticas foram efetivadas. Embora esta mesma legalidade não tenha sido efetivamente defendida e encaminhada após a consecução dos movimentos civil-militares no Brasil (1964) e no Chile (1973), foi em seu nome que parcelas significativas da sociedade destes países mobilizou-se em apoio à perpetração dos golpes. Neste sentido, tanto no Chile quanto no Brasil, foi em nome da “defesa da legalidade” que, contraditoriamente, rompeu-se a continuidade constitucional. Pode-se pensar na possibilidade de exportação das técnicas de mobilização e do próprio discurso das direitas brasileiras para o Chile, uma vez que a utilização deste procedimento efetivou-se primeiro nas terras tupiniquins. Isto não seria de todo impossível, dada a constatação da participação de brasileiros nos eventos de 1973. Contudo, mesmo que este discurso tenha sido “exportado”, deve-se pensar que o mesmo somente apresentou os resultados esperados porque houve uma significativa receptividade por parte da sociedade chilena que se esperava mobilizar. Ou seja, não bastava o discurso apresentar-se bem elaborado e encontrar receptividade dentre os articuladores da deposição de Allende. O fundamental era uma receptividade mais ampla, resultado da aceitação por parte da sociedade, seja das camadas médias, seja da sociedade como um todo. O que efetivamente se observa é o sucesso na mobilização de uma parcela significativa da sociedade. Cabem, então, um conjunto de interrogações: O que teria contribuído para esta mudança? Por que o discurso da defesa da legalidade encontrou receptividade e angariou o apoio 7 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 às direitas, tanto no Brasil quanto no Chile, no pré-golpe? Mais do que isto: de que forma entendia-se a idéia de legalidade? Entendo que para responder-se boa parte destas perguntas devemos observar, comparativamente, os dois contextos históricos em cada país. Identificar em que medida o quadro que caracterizou tanto a posse de Allende quanto a de Jango modificou-se em relação ao momento do estabelecimento da deposição destes presidentes. Considero que é na variação destas conjunturas que podemos identificar o sentido atribuído à idéia de legalidade constitucional, bem como o conjunto de elementos que contribuiu para que o próprio discurso da legalidade tenha modificado de mãos e, neste sentido, tenha contribuído para que as direitas, em ambos os países, tenham se apropriado deste e o instrumentalizado a seu favor. Entendo ainda que o processo de polarização política está diretamente relacionado a esta transformação. Apesar de considerar que este fator não é o único elemento explicativo da reversão da “posse” da legalidade constitucional, considero que é um fator chave. Tanto Jango quanto Allende assumiram a Presidência da República dentro de marcos institucionais e legais bem definidos e comprometiam-se a respeitá-los. Desta forma, ambos assinalavam a idéia de continuidade, e não de ruptura, em relação ao processo político democrático. Apesar de representarem grupos políticos vinculados com uma proposta extremamente transformadora, nenhum deles propunha romper com a democracia. Jango tomou posse dentro de um quadro extremamente desfavorável ao exercício de fato dos poder executivo. O acordo que viabilizou seu retorno da China criou uma espécie de sistema parlamentar-presidencialista na qual o Parlamento avançava sobre as atribuições do Executivo. Era a própria alternativa criada para impedir um confronto de fato entre as forças que buscavam impedi-lo de exercer a Presidência que acabava por ser efetivamente inconstitucional (FERREIRA, 2003). Contudo, João Goulart acabou por tentar governar dentro dos marcos estabelecidos por este, buscando “provar sua respeitabilidade diante dos tradicionais árbitros do poder” (SKIDMORE, 1982: 264). Isto, apesar de articular gradativamente o retorno ao sistema presidencialista, aspecto que contou com a colaboração de importantes lideres de oposição e, neste sentido, não apresentou-se como uma tentativa de ruptura institucional. Quanto aos constrangimentos ao exercício do poder o Presidente Salvador Allende contava com uma conjuntura mais favorável. Apesar de apresentar uma plataforma política que caracterizava-se por um conjunto de transformações mais profundas que o Presidente brasileiro, o 8 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 grupo de Allende buscava a simultaneidade entre legitimidade institucional e a legitimidade revolucionária (AGGIO: 37). Neste sentido, o que imperava nos dois casos era a idéia de continuidade democrática e não ruptura. Apesar das propostas transformadoras, presente em ambos os casos, os grupos que se viam ameaçados ainda dominavam o parlamento na fase inicial destes governos. Isto, mesmo com o constante progresso das esquerdas no sistema político. Neste sentido, os grupos ameaçados por estas propostas ainda pensavam na possibilidade de resistir às transformações através do sistema político existente. Contudo, a polarização política gradativamente impôs-se nestes dois países. Os partidos responsáveis por um sistema político tripartido migraram para a direita. O Partido Social Democrático, no caso brasileiro, e a Democracia Cristã, no caso chileno, adotaram uma aliança estratégica com os grupos de direita com a intenção de retomarem o controle da vida política que estavam perdendo (HIPOPLITO, 1985; AGGIO). No desenvolvimento do embate político em ambos os países ás vésperas dos golpes, observase a presença de uma esquerda que negava-se à transigir na negociação. Mais do que isso, adotou uma retórica fundamentada na defesa das transformações mesmo com o recurso de prática alheias à legalidade constitucional vigente. Em ambos os casos estes grupos, apesar de não serem majoritários, estavam profundamente vinculados ao governo. No caso brasileiro observa-se a presença da retórica radicalizante de uma parcela das esquerdas. Segundo Sá Motta, as tentativas de negociação entabuladas pelo Presidente João Goulart deveram parte de seu fracasso pela ação da esquerda: “Alguns setores esquerdistas não estavam dispostos a aceitar as oscilações de Goulart e pretendiam tomar iniciativas visando forçar definições mais claras. Não aceitavam pactos com os conservadores e almejavam a adoção de transformações sociais rápidas e radicais“ (2002:253). Não era somente na rejeição em negociar que parcelas das esquerdas também rejeitavam o sistema político vigente como instância efetiva para dirimir os conflitos. Desde princípios da década de 1960 setores da esquerda já haviam optado “pela luta armada no Brasil, em pleno governo democrático, bem antes da implantação da ditadura civil-militar” (ROLLEMBERG, 2001:26). Uma breve tentativa de articulação de guerrilha no Brasil através da montagem de campos de treinamento foi articulada pelas Ligas Camponesas. 9 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Também no Brasil observa-se a ocorrência de greves, manifestações de rua e formação de frentes populares no sentido de pressionar o Congresso e o próprio executivo para a implementação de reformas sem nenhum tipo de negociação (NEVES, 1989:283). Por fim, o final do ano de 1963 e o inicio de 1964, no Brasil, assinalaram a ocorrência de movimentos militares também no sentido de aprovação das reformas. A Revolta dos Sargentos, em Brasília, que resultou no isolamento da capital imposto pelos revoltosos, bem como a denominada “Revolta dos Marinheiros”, de março, de 1964 completam este quadro. Na medida em que o governo passou a buscar o apoio necessário para a efetivação das reformas tão esperadas nos grupos progressistas da esquerda radical e na CGT a bandeira da legalidade constitucional transferia-se de mãos. No caso chileno boa parte dos grupos que não queriam transigir compunha a própria base política do governo, onde somente “el Partido Radical parece haber escapado a la fiebre "armamentista" y a los supuestos preparativos militares”(ULLOA, 2003). Estimulados pela expectativa gerada pela política redistributiva do governo ao longo do primeiro ano de governo, e que não encaminhou-se com a mesma velocidade nos dois anos seguintes, os movimentos populares organizados tomaram as ruas. Contudo, o caráter radicalizante das manifestações populares foi, acima de tudo, estimulado pela retórica de uma parcela das esquerdas. Segundo Bitar, durante a fase inicial: “o Governo conservou a iniciativa e enfrentou uma oposição dividida. Este fato proporcionou mais confiança à UP, mas também criou, entre suas facções mais radicalizadas, a ilusão de reter um poder significativo, quase inquestionável” (BITAR, 1980: 99). Neste sentido, uma série de medidas pretendidas pelo governo com o intuito de encaminhar as transformações de caráter revolucionário, mas dentro da ordem constitucional vigente, acabaram por apresentar-se para uma parcela da sociedade como parte de uma estratégia que visava rasgar a Constituição. Utilizando-se do artifício legal que estabelecia que uma empresa poderia sofrer intervenção na medida em que conflitos trabalhistas impedissem a mesma de produzir artigos necessários para a sociedade, os próprios trabalhadores acabaram por estimular conflitos para que o governo interviesse em várias indústrias. Ao mesmo tempo, pequenas e médias propriedades também sofreram a ocupação de trabalhadores rurais. Segundo este autor, “produziu-se um extravasamento”, onde a mobilização popular produziu “ações não controladas pelo Governo” que acabaram por repercutir “no comportamento político da pequena burguesia e 10 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 de outros grupos médios” (BITAR: 343). Mais do que simplesmente provocar as direitas esta prática resultou na mobilização de parcelas da sociedade que estavam preocupadas, acima de tudo com a ordem (PAZ, 1973). O discurso do Presidente da República pronunciado às vésperas do golpe, no qual afirmava que o governo “ha cumplido y cumplirá su deber de preservar el orden público, al mismo tiempo que impulsa la transformación de la sociedad”, já não cumpria o efeito desejado de assinalar que a legalidade constitucional seria cumprida. Em ambos os casos observa-se a contribuição do que Bitar, analisando a sociedade política chilena nas vésperas do golpe, denomina por “estilo verbalista de numerosos quadros políticos de esquerda”, onde a “batalha de declarações de um e outro grupo alimentou uma escalada de afirmações maximalistas” (1980:347). No Brasil esta “batalha” pode ser observada de forma nítida quando da realização do Comício da Central do Brasil, em março de 1964 (FERREIRA). Também Goulart, em seu último discurso no Brasil concitou o público que o assistia que mantivesse a ordem e deixasse de lados os ressentimentos. Também neste caso, a legalidade já lhe fugia das “mãos”. Não se pode esquecer que o desenvolvimento deste processo de polarização política ocorria dentro de um quadro mundial bipolar. As tentativas cubanas de “exportação da revolução” através da prática e da teoria do foquismo, bem como o efeito demonstração provocado pelas medidas encaminhadas pelo governo Fidel Castro colaboraram para assustar ainda mais aqueles setores que privilegiavam a democracia (com ou sem reformas). O desenvolvimento da Doutrina de Segurança Nacional corroborou esta postura reativa na medida em que buscava privilegiar aspectos como ordem e segurança em detrimento de outras questões4. 4 No conjunto da América Latina a Doutrina de Segurança Nacional apresentou como elemento fundamental a idéia de que os aspectos econômicos, políticos, psicossociais e militares deveriam atender aos Objetivos de uma Naçao, cuja meta principal seria a de eliminação dos antagonismos existentes para a consecução da segurança e a obtenção do desenvolvimento. O Estado passaria a ser o representante único da vontade nacional, que se concretizaria na obtenção dos objetivos nacionais estabelecidos pela Doutrina. O povo seria completamente eliminado da vida política, que passaria a ser restrita a uma pequena elite, quando não completamente absorvida pelos militares. Sua legitimidade não se daria pelo apoio popular mas sim pelo desenvolvimento alcançado e pelo seu desempenho como defensor da ameaça comunista. A perspectiva de ameaça interna amplia-se gradativamente e qualquer tipo de oposição passa a ser considerado como parte de uma etapa da Guerra Revolucionária. Os órgãos de repressão e informação acabam por alcançar uma importância fundamental na identificação e eliminação dos focos de oposição, situação em que os direitos humanos são relegados ao esquecimento em nome da vontade da nação. Desta forma estabelecem-se os pilares do sistema de Segurança Nacional: violência e militarização do processo político. Se para alguns autores a DSN foi o aspecto chave para a compreensão do estabelecimento de regimes autoritários na América Latina (COMBLIN, 1978) para outros a mesma tão somente contribuiu para que o conservadorismo de setores significativos das sociedades latino-americanas se reafirmasse sob uma nova ótica (ROUQUIÉ, 1984).. 11 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Diante deste cenário, as direitas em ambos os países aproveitaram-se dos vínculos que o governo apresentava com grupos que propunham claramente o rompimento da legalidade constitucional para apropriar-se do discurso legalista. As forças políticas de direita, chilenas e brasileiras, utilizaram-se largamente do discurso da defesa da legalidade para atacar os governos então constituídos. Em ambos os casos elas contaram com a conjuntura econômico-financeira existente, que era claramente desfavorável ao governo. Desabastecimento, mercado negro e graves complicações financeiras assinalaram a fase terminal destes dois governos. Pode-se indicar que muito destas situações foi provocado por uma ação organizada. Internamente foi a ação deliberada de empresários, através do lockout, que colaborou intensamente com este contexto. Externamente pode-se assinalar que a postura do governo norteamericano e dos seus agentes econômicos privados (orientados por este) também contribuíram significativamente. Contudo, não pode ser deixado de lado a falta de eficácia econômica dos governos Goulart e Allende. No caso de Goullart, o primeiro ano e meio de quase paralisia governamental deveu-se ao próprio sistema de governo a que foi submetido Goulart. Mas também não se pode esquecer da colaboração do Presidente da Republica em apresentar a inviabilidade do sistema parlamentarista como causa para a paralisia econômica. No Caso chileno, na ânsia de contar com o apoio popular para as reformas, o governo Allende acabou por dar continuidade às políticas redistributivas em detrimento à uma maior estruturação e consolidação das reformas já implementadas. A ineficácia econômica colaborou de maneira significativa com a perspectiva de ilegitimidade destes governos na medida em que esta contribuía, na perspectiva propagada pelas direitas, para a dissolução da ordem e do bem-estar da sociedade, concebidas como atribuições fundamentais do governo/Estado. Se pode ser considerado que, para alguns grupos a apropriação da “defesa da legalidade” fez parte de um projeto racionalmente estabelecido para a alteração do regime político, esta perspectiva deve ser relativizada. Isto porque, para diversos setores das sociedades em questão o governo efetivamente fugia da legalidade. Como explicar, por exemplo, a decepção de Juscelino Kubischek, no Brasil, ao perceber que a intervenção militar não seria tão breve quanto o esperado. Ou mesmo o telefonema dado por Eduardo Frei para Pinochet, o líder do golpe no Chile, onde o mesmo afirmava a disponibilidade para assumir o poder executivo nos dias seguintes bombardeio de La Moneda. Ampliando ainda mais esta perspectiva, como justificar o 12 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 regozijo de parcelas significativas da sociedade nos dias posteriores aos golpes no Chile e no Brasil? Alguns autores assinalam que o apoio dado a estes movimentos deu-se principalmente no seio da classe média. Contudo, esta perspectiva não é unânime. Para outros historiadores, parcelas significativas das camadas populares demonstraram claramente que criam na ilegalidade do governo. No caso brasileiro, Mário Victor indica que “embora parecesse estranho, era também grande o número de operários, a maioria deles não pertencente aos grupos filiados ao Comando Estadual dos Trabalhadores e ao Fórum Sindical de Debates” (VICTOR, 1965: 486). No Chile, Bitar indica que as eleições de 1973 ocorreram de forma polarizada, onde o não somente o governo mas também a oposição saíram fortalecidos. Como pensar que dos quase 50% obtidos pela oposição somente existissem votos da classe média? Nestes aspectos, as observações de Alberto Aggio podem ser elucidativas. Afirma o autor que: “a construção de uma nova sociedade não poderia mais ser pensada como derivada apenas e exclusivamente de transformações econômicas. Seria preciso admitir integralmente que segurança e ordem conformam, de fato, aspirações legítimas da população; que representação partidária e movimento popular devem viver uma nova relação que suponha diversidade e autonomia; e, por fim, que processo de transformação da sociedade não podem levá-la a graus tão elevados de polarização, deixando-a sob o governo das paixões, tendente à exacerbação” (1993:56). O que pode ser indicado, em certa medida, é que os movimentos civis-militares ocorridos não somente no Cone Sul, mas por toda a América Latina, apresentaram-se como um processo reativo a uma acentuação da mobilização da classe trabalhadora. Esta, por sua vez, encontrou nas forças políticas de esquerda dos países latino-americanos um apoio significativo. Seja através de uma esquerda que buscava mobilizar esta classe trabalhadora em torno de objetivos não apenas econômicos e sociais mas, principalmente, políticos; seja através de uma esquerda que buscou de alguma forma direcionar uma mobilização que já estava em andamento. De qualquer forma, foi em torno das forças políticas de esquerda que os movimentos populares entraram na política. Mesmo assim, algo mais deve ser considerado nesta questão. Apesar de a entrada em cena dos movimentos populares na política dar-se através das esquerdas, é certo também que as forças políticas de centro e de direita também encontraram um discurso através do qual puderam mobilizar parcelas significativas da sociedade destes países. 13 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Discurso este que assinalava justamente a preocupação com a questão da ordem e da segurança. Sobre o movimento civil-militar de 1964 Rollemberg indica que se “o movimento que derrubou o governo institucional foi repudiado por parte da sociedade civil, por outro lado, foi saudado com entusiasmo por segmentos sociais – não exclusivos das classes dominantes - que com eles se identificaram” (2003: 47). Bitar assinala o mesmo em suas análises sobre o Chile: “A concepção dominante na UP subestimou os fatores ideológicos e conjunturais. Concebeu que a mera convergência de certos interesses econômicos atrairia os diferentes Grupos sociais para uma aliança. Não se concedeu a devida relevância ao papel da hegemonia ideológica no comportamento político quotidiano, hegemonia que, por outro lado, estava muito longe de encontrar-se em mãos da UP e de seu bloco social” (1980: 308). Entendo que as observações feitas por Ortiz de Zárate complementam esta perspectiva. Os fatores que contribuíram para o respaldo ao golpe no Chile podem ser estendidos também para a compreensão do apoio dado, no Brasil, ao movimento de 1964. Segundo afirma a autora, um segmento expressivo da sociedade “pensó que la intervención militar traería una tregua, la cual en un tiempo no muy lejano permitiría retomar la "tradicional democracia chilena" (ZÁRATE, 2001). A questão fundamental, segundo entendo, não é somente indicar quem efetivamente provocou o golpe, se direita, esquerda ou a forma pela qual estes dois grupos interagiram. Mas sim estabelecer o por quê da relativa legitimidade que as direitas angariaram em amplos setores da sociedade que não estavam vinculados necessariamente e diretamente a nenhum dos extremos políticos em debate. Pode-se questionar se as forças de direita não teriam de qualquer forma se mobilizado em torno de uma ação golpista mesmo se o radicalismo das esquerdas não estivesse presente em tais conjunturas. De fato, de longa data articulavam-se em prol deste projeto contando, inclusive, com apoio norte-americano. As questões apresentadas neste trabalho não têm um caráter conclusivo. Apresentam-se muito mais como um conjunto de reflexões que busca a compreensão deste momento decisivo na história da democracia na América Latina que não estejam marcadas pelo maniqueísmo e, nem mesmo, pela dicotomização do processo histórico. 14 Anais Eletrônicos do VI Encontro da ANPHLAC Maringá - 2004 ISBN 85-903587-1-2 Referências Bibliográficas: Discurso de Salvador Allende proferido no Congresso Chileno, a 21 de maio de 1973. AGGIO, Alberto. Democracia e socialismo: a experiência chilena. São Paulo, UNESP, 1993. BITAR, Sérgio. Transição, socialismo e democracia – O Chile com Allende. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. CARDOSO, Fernando Henrique; FALLETO, Enzo. Dependência e desenvolvimento na América Latina. Rio de janeiro: LTC, 1970. COMBLIN, Pe. Joseph. 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