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Jornal do Comércio - Porto Alegre
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015
FERROVIA
Bahia tenta plano B para salvar ferrovia bilionária
Com obra quase parada,
o governo baiano busca
alernativas para tentar
dar continuidade à Fiol,
que era feita pela Vale
Em mais uma tentativa para
salvar a Ferrovia de Integração
Oeste-Leste (Fiol) e colocar de pé
ao menos parte do projeto, o governo da Bahia decidiu abrir mão,
pelo menos por enquanto, do porto Sul, um complexo de R$ 5,6 bilhões que pretendia construir em
uma praia isolada, no litoral Norte de Ilhéus (BA). Agora, o plano é
fazer com que o traçado final da
ferrovia seja redirecionado para o
atual Porto de Malhado, que está
localizado no Centro de Ilhéus.
O plano está quase fechado e
já foi tema de reunião entre o governador da Bahia, Rui Costa, e o
ministro dos Transportes, Antônio
Carlos Rodrigues. A ideia é construir um centro logístico a cerca
de 40 quilômetros de distância do
cais de Malhado, no entroncamento das Rodovias BR-101 e BR-116, no
município de Uruçuca. A partir
desse ponto, a carga da Fiol seria
descarregada dos vagões e enviada até o porto em caminhões, por
uma rodovia estadual.
Paralelamente, o governo
baiano busca alternativas financeiras para concluir pelo menos
um trecho de 500 quilômetros da
ferrovia, que está quase paralisada pela falta de dinheiro da estatal
federal Valec, responsável pela estrada de ferro. Eracy Lafuente, coordenador executivo de Infraestrutura e Logística da Casa Civil, disse
que o governo baiano conversa
com investidores privados para
convencê-los a concluir a obra.
Em troca, o investidor poderia fazer a exploração comercial
da ferrovia e do Porto de Malhado. “Temos dois investidores estrangeiros interessados, estamos
em negociações sobre essa possibilidade”, disse. Segundo Lafuente, o plano B adotado pelo governo
baiano não significa que o projeto
do porto Sul foi abandonado. “Nós
não perdemos a necessidade de ter
um transporte com grande movimentação, o que está diretamente
ligado à construção do porto Sul.”
VALEC/DIVULGAÇÃO/JC
Nova alternativa enfrenta o problema de conciliar a estrada de ferro com a densindade urbana de Ilhéus
“A estratégia de sair por Malhado pode, na realidade, ser uma
forma de acelerar o novo porto,
porque permite que o investidor
tenha um retorno imediato”, disse Lafuente. A dificuldade de tornar viável a nova rota está na alta
densidade urbana de Ilhéus, uma
cidade que já sofre com ocupações
irregulares, inclusive em áreas
próximas do Porto de Malhado.
O governo baiano gastou
anos e dezenas de milhões de reais para conseguir o licenciamento
ambiental do porto Sul. As obras
não começaram até hoje. A Fiol
é um projeto de 1,5 mil quilômetros de extensão, já consumiu
R$ 3 bilhões e não tem data para
ficar pronta. Iniciada em 2010, a
ferrovia tinha conclusão prevista
para 2013. Hoje, se fala em entrega
em 2018, mas não há segurança de
que isso ocorra. Enquanto isso, seu
orçamento já saltou de R$ 4,3 bilhões para R$ 6,5 bilhões. Para que
o negócio não degringole de vez, o
governo baiano espera viabilizar,
numa primeira etapa, pelo menos
o traçado final da linha, que liga
Ilhéus a Caetité, onde há promessa
de, um dia, implantar um grande
projeto de minério de ferro.
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