CECAP
Prevenção do Cancro do colo do útero – A
Jhpiego inova para salvar vidas
O cancro do colo do útero é o terceiro cancro mais comum em mulheres e a quarta
causa principal de mortes por cancro de mulheres por todo o mundo, com 265,000
novos casos e uma estimativa de 265.000 mortes comunicadas todos os anos.1
Aproximadamente 85% dos casos de cancro do colo do útero e mortes ocorrem em
países em desenvolvimento, onde mais de 95% das mulheres nunca foram examinadas
quanto à doença.2 Muitos destes casos podem ser evitados através de exames e
tratamentos precoces, bem como através da vacinação contra o Papilomavírus Humano
(HPV), o vírus que pode levar ao cancro do colo do útero.
Há já mais de uma década, a Jhpiego tem vindo a trabalhar com países de
Dispositivo inovador de crioterapia da
rendimento médio e baixo de todo o mundo de modo a fornecer-lhes soluções
Jhpiego.
baratas e eficazes que ajudem a salvar as vidas de mulheres prevenindo o cancro do
colo do útero. Ao trabalhar com intervenientes e parceiros, a Jhpiego estimula a abordagem de consulta única (SCA), uma
abordagem única, clinicamente segura, aceitável e eficaz para a prevenção do cancro do colo do útero. Esta abordagem
consiste na inspecção visual recorrendo a vinagre ou ácido acético diluído (VIA) para detectar lesões cervicais précancerígenas, seguida pela oferta de tratamento recorrendo a uma técnica de congelamento (crioterapia), na mesma consulta.
A Jhpiego está a desenvolver actualmente uma forma prática e económica de fazer crioterapia designado CryoPop (uma
inovação em desenvolvimento). A Organização Mundial de Saúde considera os exames e tratamentos do colo do útero uma
das melhores soluções para abordar as doenças não transmissíveis..3
Abordagem da Jhpiego à Prevenção e Tratamento do Cancro do Colo do Útero
A Jhpiego, uma organização de saúde internacional afiliada à Johns Hopkins University, é
reconhecida como líder global no reforço dos sistemas de saúde para uma prestação de
um serviço de alta qualidade a mulheres e famílias com poucos recursos. No campo da
saúde reprodutora, a prevenção do cancro do colo do útero em ambientes com poucos
recursos é uma das principais áreas de conhecimento da Jhpiego.
Primeiramente, a Jhpiego realizou testes clínicos precoces de VIA no Zimbabué, em
1995. Subsequentemente, implementámos projectos de modo a avaliar a segurança,
aceitabilidade, exequibilidade e eficácia da SCA e descobrimos que se trata de uma
intervenção eficaz a nível de custos que pode ser praticamente implementada em
ambientes com poucos recursos.
Fotografia de Ricky Lu
Uma mulher recebe
aconselhamento para fazer o
exame do cancro do colo do útero
na Costa do Marfim.
1
Ferlay J, Shin HR, Bray F, et al. 2010. GLOBOCAN 2008 v1.2, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC CancerBase No. 10
[Internet]. Centro Internacional de Investigação do Cancro: Lyon, França. Disponível em: http://globocan.iarc.fr, accessed on
07/November/2011.
2
The Lancet. 2010. Moving cancer up the global health agenda [Editorial]. 375(9371): 2051.
3
Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fórum Económico Mundial (FEM). 2011. From Burden to “Best Buys”: Reducing the Economic
Impact of Non-Communicable Diseases in Low- and Middle-Income Countries. FEM: Genebra.
e_n
Desde então, a Jhpiego forneceu auxílio técnico por forma a criar e alargar os programas de prevenção do cancro do colo do
útero no Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana, Guiana, Haiti, Indonésia, Quénia, Malávi, Moçambique, Peru, Filipinas,
África do Sul, Tanzânia, Tailândia e Uganda, e tem participado na defesa de iniciativas na Etiópia, Ruanda e Nepal. A
Jhpiego tem desenvolvido materiais de formação que têm sido actualizados para utilização em vários países e tem realizado
cursos de formação regional na Ásia e em África.
A Jhpiego implementa uma abordagem abrangente à programação sobre o cancro do colo do útero com as seguintes
componentes principais:

Política e defesa: sensibilização, incitando os governos e financiadores a agir, e auxiliando no desenvolvimento de
políticas e directrizes que apoiem actividades que previnam o cancro do colo do útero

Desenvolvimento de recursos humanos: desenvolvimento de recursos de formação e realização de formação baseada em
competências para prestadores e supervisores de cuidados de saúde

Prestação do serviço: trabalho junto de intervenientes locais de modo a desenvolver um sistema sustentável de prestação
de serviços que aborde a aquisição, reparação e manutenção de equipamentos, bem como supervisão para com a
qualidade consistente de serviços

Acompanhamento e avaliação: adaptação da recolha normalizada de dados, análise e ferramentas de utilização que
abordam mais de 15 dos principais indicadores de desempenho que ajudam as instalações, distritos e intervenientes
nacionais a orientar decisões programáticas e políticas

Sistemas de referências: reforço das ligações dentro do sistema de saúde por forma a garantir que as mulheres recebem o
acompanhamento e tratamento apropriados

Auxílio e educação: desenvolvimento de materiais culturalmente apropriados para a educação e mobilização da
comunidade, bem como trabalhadores auxiliares de formação da comunidade que promovam eficazmente os exames

Documentação e dados: documentação de reforço, bem como qualidade e utilização de dados para orientar a gestão e
expansão de programas
Até à data, os esforços de prevenção do cancro do colo do útero têm-se focado na população em geral. Um foco específico
em mulheres seropositivas representa uma nova fronteira. A nível global, estima-se que 50% dos adultos infectados com
VIH sejam mulheres e têm uma maior incidência, maior prevalência e persistência mais duradoura da infecção pelo HPV.4
Consequentemente, têm igualmente um risco mais elevado de desenvolverem lesões pré-cancerígenas e poderão ter uma
progressão mais rápida do cancro do que as mulheres que não estão infectadas com o VIH. A Jhpiego está a apoiar a
implementação de programas que integram exames com serviços existentes de cuidados e tratamento do VIH, incluindo
Testes e Aconselhamento Iniciado pelos Prestadores (PITC).
Entre 2011–2012, com o financiamento da Merck e em parceria com a Chulalongkorn University (Tailândia) e a Fundação
do Instituto do Cancro (Filipinas), a Jhpiego tem implementado com sucesso um projecto de demonstração da vacinação
contra o HPV, a “Iniciativa Mãe-Filha”, no qual 8005 raparigas foram vacinadas num ano em instalações de saúde com
plataformas bem estabelecidas de exames ao cancro do colo do útero. Mais de 85% das raparigas de ambos os países
regressaram para tomarem as três doses da vacina.
4
Evander M, Edlund K, Gustafsson A, et al. 1995. Human papillomavirus infection is transient in young women: A population-based cohort
study. Journal of Infectious Diseases 171: 1026–1030; Parham GP, et al. 2006. Prevalence and predictors of squamous intraepithelial lesions
of the cervix in HIV-infected women in Lusaka, Zambia. Gynecologic Oncology 103: 1017–1022.
Destaques da Carteira do Cancro do Colo do Útero da Jhpiego
A Jhpiego tem implementado actividades de prevenção do cancro do colo do útero em 14 países, adaptando programas que
cumpram as necessidades, os objectivos e os recursos únicos de cada local. Em determinados países, integramos o exame do
cancro da mama. Seguem-se os destaques seleccionados deste trabalho:
Costa do Marfim: Desde 2009, a Jhpiego tem prestado auxílio técnico ao Ministério da Saúde para o desenvolvimento de
directrizes nacionais de prevenção do cancro do colo do útero, bem como para a implementação de serviços em 20
instalações de saúde focados em mulheres seropositivas. Em Junho de 2012, foram examinadas 9246 mulheres (72% destas
mulheres tinham VIH); 7% (644) das mulheres examinadas tinham lesões pré-cancerígenas e 75% das mulheres com
análises positivas ao VIH elegíveis para crioterapia receberam tratamento no próprio dia.
Moçambique: Desde 2009, a Jhpiego tem feito parcerias com o Ministério da Saúde no sentido de criar a fundação de um
programa nacional abrangente do cancro do colo do útero, integrado com serviços de saúde sexual e reprodutora.
Desenvolvemos um plano nacional estratégico e directrizes de prevenção, bem como formação e informações a nível
nacional, materiais de educação e comunicação, que foram subsequentemente utilizados para formar 131 prestadores de
serviços de cuidados de saúde em VIA e crioterapia, tendo sido também formados 20 prestadores de serviços no
procedimento de cirurgia de alta frequência utilizado para tratar lesões grandes. Em Junho de 2012, 20.735 mulheres
tinham sido examinadas e 9% (1791) tiveram análises positivas ao VIA.
Tanzânia: A Jhpiego tem apoiado o Ministério da Saúde e a Segurança Social a desenvolver directrizes nacionais e materiais
de formação, e apoia directamente o fornecimento de exames ao cancro do colo do útero, bem como os tratamentos, em 10
instalações de saúde nas Regiões de Morogoro e Iringa, prestando auxílio técnico e formação a mais 90 instalações de saúde
apoiadas por outros parceiros de implementação. Desde Abril de 2010, mais 7405 mulheres foram examinadas, tendo 24%
(1782) delas análises positivas ao VIA. Numa abordagem única que garante ligações no sistema de saúde, que expande o
acesso a testes de VIH e que segue a política de PITC do Governo da Tanzânia, é oferecido PITC às mulheres que acedem a
serviços de examinação. Em quatro clínicas, durante o período de Setembro de 2010 a Abril de 2011, foi oferecido, como
parte do exame, PITC a 1161 mulheres seronegativas que tinham testes com mais de um ano ou cujo estatuto de VIH era
desconhecido; 89% concordaram com o teste, tendo 60 mulheres tido um teste positivo.