C U LT U R A L E A R Q U E O L Ó G I C O Realização: E D I F I C A Ç Õ E S A R Q U E O L O G I A L U G A R E S C E L E B R A Ç Õ E S OFÍCIOS E SABERES FORMAS DE EXPRESSÃO Apoio: vol. 2 C O L E Ç Ã O D E SUSTENTABILIDADE Apresentação vol. 2 COLEÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU - EEP Os programas de Educação Ambiental e Comunicação Social do Estaleiro Enseada do Paraguaçu - EEP têm como um de seus obje vos trabalhar temas estratégicos considerados de grande relevância para a gestão dos ecossistemas e das pessoas. C U LT U R A L E A R Q U E O L Ó G I C O Como material de apoio aos dois programas, foi criada uma coleção de livros temá cos ilustrados e escritos em linguagem coloquial e acessível aos nossos integrantes, ins tuições locais de ensino, comunidades do entorno e suas lideranças sociais. Os volumes abordam, de maneira didá ca, assuntos da atualidade que estão em pauta e cuja discussão fortalece o sen do de cidadania. Resíduos sólidos, é ca, saúde integral, patrimônio cultural e meio ambiente são algumas das questões apresentadas nesta coleção, a qual pretende aprofundar a compreensão em torno de um dos temas centrais do século XXI: A sustentabilidade das relações entre as pessoas e delas com seu ambiente. Com o lançamento desta coleção, inauguramos mais um canal de comunicação com nossos leitores que esperamos seja mo vador. Ao trazer para o dia a dia temas de interesse global, nossa intenção é que eles es mulem a reflexão de homens e mulheres sobre C O L E Ç Ã O D E SUSTENTABILIDADE seu papel de protagonistas na construção do seu próprio desenvolvimento e o de suas comunidades. O EEP, como empresa engajada nas causas contemporâneas da sustentabilidade, tem se empenhado na conservação e na gestão eficiente e eficaz dos ecossistemas e das pessoas sob a sua responsabilidade. Por isso, acredita na atuação diferenciada de seus integrantes e das comunidades locais como agentes de transformação para a construção de uma nova consciência cole va. Guarde com carinho este primeiro volume da Coleção de Sustentabilidade do EEP. Aproprie-se de seu conteúdo e assuma o nobre papel de tornar-se um agente de disseminação desses valores e posturas dentro de sua família, do seu ambiente social e do seu espaço de trabalho. Contamos com você! Humberto Rangel Diretor de Relações Ins tucionais e Sustentabilidade Caroline Azevedo Gerente de Sustentabilidade IDENTIDADE, CULTURA E PATRIMÔNIO Patrimônio significa herança. É o que herdamos do passado, vivemos no presente e transmi mos às futuras gerações. Parte do que somos é fruto de tudo o que aprendemos com nossa família e nossos antepassados. Nosso jeito de cozinhar, de pescar, de dançar, de construir casas, de rezar, de festejar é considerado patrimônio cultural. A maneira como os povos de todos os lugares do mundo se expressam hoje é o resultado de experiências, aprendizados e conhecimentos do passado, que ao longo do tempo vão sendo modificadas por novas experiências. 02 PATRIMÔNIO É TUDO AQUILO QUE É PRODUZIDO POR UM POVO E LHE DÁ IDENTIDADE 03 ... e CULTURA O QUE É? Cultura engloba tudo o que é aprendido e par lhado pelos indivíduos de um determinado grupo e num determinado momento, conferindo-lhe iden dade. 04 IDENTID ADE É A FORMA C OMO A PESSO A SE REPRESE NTA, SE PERC EBE OU SE RECO NHECE COMO PA RTE DE UM GRUPO. 05 Há vários significados para Cultura e vamos falar de alguns deles: 1 – É toda transformação que o homem realiza na natureza como, por exemplo, quando planta alguma coisa. Você já ouviu falar na cultura da mandioca, da cana, do feijão, certo? 2 – Cultura também é todo o conhecimento que o homem acumula durante a vida. Esse conhecimento pode vir da escola, das próprias experiências ou das experiências adquiridas na convivência com outras pessoas. A gente observa outros comportamentos, outras maneiras de fazer as coisas e aprende com isso. 06 3 – É também cultura o conjunto de crenças, tradições e hábitos, costumes e saberes de um determinado grupo, ou seja, o que se acredita, se pensa e o que se faz. Esses costumes e crenças se repetem na convivência em grupo e assim são absorvidos e repassados para os mais novos. A CULTURA É, PORTANTO, PATRIMÔNIO, MAS UM PATRIMÔNIO DINÂMICO, QUE VAI MUDANDO AO LONGO DO TEMPO. 07 Você notou que estes significados estão interligados? Veja: O homem usa o seu conhecimento para construir um saveiro. Ele antes observa, analisa como deve fazer, procura outras experiências para se basear e depois faz. Se a embarcação der certo, navegar bem, de forma segura e veloz, ele vai ensinar como fazer para outras pessoas e assim esse conhecimento vai sendo absorvido por todos que convivem com ele. Se não der certo, o homem vai procurar construir o saveiro de outras formas, vai ouvir a opinião de outras pessoas e assim a cultura (conhecimento) vai sendo melhorada. Com o tempo, também o que deu certo vai sendo modificado, pois se descobrem formas mais eficientes ou mais simples de fazer a mesma coisa. 08 CULTURA É DINÂMICA, MUDA A TODO TEMPO PORQUE AS PESSOAS MUDAM E PRODUZEM NOVOS CONHECIMENTOS SOBRE AS COISAS. A CULTURA SE EXPRESSA NO PATRIMÔNIO. 09 SAVEIRO SOMBRA DA LUA: NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL No Recôncavo Baiano, o Saveiro Sombra da Lua foi considerado patrimônio cultural nacional em 2010. Ele é um dos úl mos saveiros que preservam, na íntegra, as caracterís cas originais de um saveiro de vela de içar de um mastro. Como primeiro e único exemplar protegido de embarcação desse po, o Saveiro Sombra da Lua, construído em 1923, representa todos os an gos saveiros da Bahia. 10 11 A CULTURA E A IDENTIDADE CONSTRUINDO O LUGAR Podemos destacar na formação da cultura e da iden dade de um grupo o seu ambiente, o seu espaço, o seu lugar. É neste espaço que as relações acontecem, refle ndo as ideias e os costumes desse grupo, ou seja, sua cultura. O homem transforma o local onde convive de acordo com a maneira como pensa, crê e se entende naquele momento. Por isso, os espaços de convivência também são considerados patrimônio cultural, porque expressam a cultura e a iden dade de um grupo. 12 13 O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL? Todo o patrimônio sico e que se pode tocar, tais como objetos e edificações. Conjunto do Carmo - Cachoeira - Ba O QUE É PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL? É todo patrimônio intangível (que não se pode tocar), tais como saberes, celebrações e costumes. Trocando em miúdos, diz respeito a tudo o que é produzido por determinado grupo, é transmi do de geração a 14 geração e está diretamente relacionado à sua iden dade. Inclui a linguagem, os conhecimentos tradicionais, a forma de organizar as coisas, os cân cos, as manifestações ar s cas, a culinária, as rezas, as lendas. Constantemente recriado por comunidades e grupos em função de Festa de São Bartolomeu - Maragogipe - BA seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, o patrimônio imaterial contribui para promover o respeito à diversidade cultural e à cria vidade humana. PATRIMÔNIO MATERIAL E PATRIMÔNIO IMATERIAL NÃO PODEM SER VISTOS SEPARADAMENTE, POIS ELES SE COMPLEMENTAM NA SUA MANIFESTAÇÃO. NOSSO PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL É FONTE INSUBSTITUÍVEL DE VIDA E INSPIRAÇÃO. É FUNDAMENTAL PARA A CRIATIVIDADE DOS POVOS E A RIQUEZA DAS CULTURAS. 15 SERÁ QUE COMUNIDADES QUILOMBOLAS PODEM SER CONSIDERADAS PATRIMÔNIO CULTURAL? Quilombos são espaços cole vos construídos por povos negros como forma de resistência à escravidão. Símbolo da história de luta pela liberdade dos africanos e de seus descendentes, os quilombos surgiram em todas as partes do Brasil e da América onde houve escravidão. Nos quilombos, homens e mulheres sobrevivem graças a redes de solidariedade construídas por seus habitantes ao longo da vida. QUILOMBO É UMA PALAVRA DE ORIGEM AFRICANA, ASSIM COMO QUITANDA, CALUNGA, CANGA, DENDÊ, SAMBA E MUITAS OUTRAS. As comunidades quilombolas também são chamadas de comunidades negras, terras de preto, mocambos, terras de santo, terras de san ssima, comunidades tradicionais. Das cerca de 3.500 iden ficadas no Brasil, mais de 300 estão na Bahia. No Recôncavo Baiano, elas se dispersam na região de Maragogipe, Cachoeira, Baia do Iguape e Itaparica. Zogbodo Male Bogun Seja Unde Conhecido como Terreiro Ventura 16 17 REFERÊNCIAS CULTURAIS Referências culturais são edificações, paisagens naturais e também as artes, os o cios, as formas de expressão e os modos de fazer as coisas (como as redes de pesca ou as panelas de barro) de um povo. São as festas e os lugares consideradas mais belos, os mais lembrados, os mais queridos. São fatos, a vidades e objetos que mobilizam a gente mais próxima e que reaproximam os que estão distantes, para que se reviva o sen mento de par cipar e de pertencer a um grupo, de possuir um lugar. Para fazer o levantamento de parte das referências culturais espalhadas em sua área de influência, o Estaleiro Enseada do Paraguaçu realizou um Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). O levantamento foi feito em sete cidades do Recôncavo Baiano (Maragogipe, Saubara, Salinas da Margarida, Cachoeira, São Félix, Santo Amaro e Itaparica). 18 19 O INRC DIVIDE AS REFERÊNCIAS CULTURAIS EM CINCO CATEGORIAS: CELEBRAÇÕES: conjunto de ritos religiosos e tradições das festas do período colonial, de origem portuguesa, associadas às tradições locais, assim como as festas de origem afrobrasileira desenvolvidas nos terreiros. FORMAS DE EXPRESSÃO: manifestações literárias, musicais, ar s cas, artesanato, dança, representações teatrais. OFÍCIOS E SABERES: ensinamentos transmi dos por familiares e diferentes pessoas aos mais jovens por meio de estórias ou do acompanhamento das a vidades dos mais velhos. LUGARES: espaços (mercados, feiras, santuários, praças, terreiros) onde ocorrem prá cas culturais desenvolvidas em grupo. EDIFICAÇÕES: são casas, edi cios religiosos (igrejas e terreiros) e da administração pública (an gas casas de Câmara e Cadeia, hoje sedes de prefeituras) e remanescentes de engenhos de açúcar, principal a vidade econômica da região no período colonial. 20 QUE TAL LEMBRAR ALGUMAS DESSAS RIQUEZAS QUE FICAM NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO ESTALEIRO ENSEADA DO PARAGUAÇU - EEP? 21 CELEBRAÇÕES FESTA DA IRMANDADE DA BOA MORTE: Ninguém sabe direito, mas dizem que a irmandade da Boa Morte existe em Cachoeira desde meados do século XIX, quando veio de Salvador. Seu obje vo era alforriar mulheres negras que ainda fossem escravas e lhes dar apoio até o dia do seu funeral. A Festa em Cachoeira começa no dia 13 de agosto e segue durante vários dias com cortejos, cân cos e cultos religiosos. 22 23 FORMAS DE EXPRESSÃO BARQUINHA DE ENSEADA: Há mais de 50 anos, na noite de 31 de dezembro, acontece, em Enseada do Paraguaçu, a entrega da barquinha nas águas do Rio Paraguaçu. É uma forma de agradecimento a Iemanjá pela fartura da pesca. SAMBA DE RODA: É dançado, tocado e cantado com alegria por jovens e adultos, mantendo a tradição de sambadores, puxadores e tocadores de samba. As músicas descrevem o modo de viver do povo e a cultura local de pescadores e marisqueiras. TERNOS DA FESTA DA AJUDA: Lembram muito o carnaval e acontecem na primeira quinzena de novembro, em Cachoeira. É uma grande farra, sempre acompanhada de mandus, caretas, pierrôs, mascarados, mandarins, cabeçorras, gauchinhas e gauchetes, além de apresentações de samba de roda, capoeira, afoxés e filarmônicas. 24 25 LUGARES E EDIFICAÇÕES RUÍNAS DO FORTE DE SANTA CRUZ: Ainda se vêem canhões nas ruínas do Forte de Santa Cruz, também chamado de Forte da Salamina, ilha do rio Paraguaçu. O forte protegia principalmente Maragogipe, Cachoeira e São Félix de possíveis ataques dos holandeses. PONTE D. PEDRO II: A ponte liga São Félix a Cachoeira, cruzando o rio Paraguaçu. Toda de metal, foi feita na Inglaterra e inaugurada em 1885. TERREIRO VENTURA: Conhecido também como Roça do Ventura, o terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde é um dos mais tradicionais e an gos existentes em Cachoeira. Situado em uma propriedade par cular, o conjunto do terreiro e das matas que ficam à sua volta, é tombado pelo Patrimônio Histórico. 26 RUÍNAS DO FORTE DE SANTA CRUZ 27 CENTRO CULTURAL DANNEMANN CENTR O CULT URAL DANNE FICA N MANN: A ANT FÁBRIC IGA A DE CHARU DANNE TOS M SÃO FÉ ANN, EM LIX. É S EDE DE EVE CULTU NTOS RAIS, C OMO A BIEN AL DO RECÔN CAVO. 28 Uma das mais an gas fábricas de charuto do Brasil, fundada na segunda metade do século XIX, transformou-se no Centro Cultural Dannemann, hoje referência para as artes, no Recôncavo baiano, além de ser o guardião da memória histórica da cultura do fumo, patrimônio cultural. Sediado na cidade presépio de São FélixBA, assim chamada pela sua arquitetura pica que povoa a montanha par ndo do vale, o Centro Cultural Dannemann cons tui-se num polo de fortalecimento das matrizes culturais da região, guardando, também, a memória da cultura alemã, cujas famílias trouxeram o seu acervo quando para essa região vieram. Considerada um marco esté co de arquitetura na região, cons tui-se em um importante espaço democrá co cultural que promove exposições, seminários e cursos, sendo o evento de maior relevância a Bienal do Recôncavo Baiano que acontece todos os anos. 29 OFÍCIOS E SABERES FABRICAÇÃO ARTESANAL DE CERÂMICA: As Senhoras de Coqueiro, na Borda do Iguape, sabem tudo da arte de modelar o barro, u lizando apenas as mãos e algumas poucas ferramentas. É uma tradição passada de geração a geração. RENDEIRA DE BILRO: Elas demonstram suas técnicas no riscado dos moldes e nos trançados dos bilros entre linhas e alfinete. São mais de 130 artesãs iden ficadas em Saubara, onde essa tradição, que conforme alguns vem de Portugal, é um elemento marcante da cultura. As rendas enfeitam as casas, as vestes e os enfeites femininos. 30 31 PESCA ARTESANAL: Entre inúmeros pos, vamos citar três: TODO ESSE MUNDARÉU DE PESCA DE ARRASTO é feita em águas profundas, buscando COISAS, DE PRÉDIOS peixes acima de 500g. As redes, em forma de saco, são ANTIGOS, DE FESTAS, puxadas pelo barco a uma boa DE CRENÇAS E velocidade. FAZERES DO POVO PESCA DE GROSEIRA é feita com iscas, colocadas nos REPRESENTAM SÓ UM anzóis que são presos à rede. POUQUINHO DO QUE Exige atenção por conta do perigo ao lançar e manusear SE TEM POR AQUI. os anzóis. É UM ORGULHO SABER PESCA DE CALÃO é um po de cerco em águas rasas feito QUE ESSA RIQUEZA por oito pescadores em canoas CULTURAL TODA de 6 a 10 metros, usando uma rede de 200 a 300 metros de ESTÁ AO NOSSO comprimento. ALCANCE. PORTANTO, VAMOS VALORIZAR NOSSO PATRIMÔNIO! 32 33 A CULTURA NA COZINHA O jeito de cozinhar faz parte dos saberes transmi dos e da cultura de um povo. Muitas vezes, essa caracterís ca, de tão marcante e tradicional, vira patrimônio cultural imaterial. É o caso do o cio da baiana de acarajé, considerado patrimônio nacional desde 2004. O acarajé tem forte ligação com a cultura do candomblé e faz parte da história dos africanos no Brasil. Já no final do século XIX, as negras escravizadas nham a permissão (dos senhores) para sair no final do dia, com o tabuleiro na cabeça, para comercializar os bolinhos. O modo de fazer acarajé está enraizado no co diano do povo baiano, seja como alimento sagrado oferecido às divindades nos rituais do candomblé, seja para uso popular, comercializado nas ruas pelas baianas. 34 35 AS COMIDAS TÍPICA S E O SEU MODO DE PREPARAR É BEM IMATERIAL DA CULTUR A E EXPRESS AM A IDENT IDADE DE UM P OVO 36 37 OUTRAS RIQUEZAS Arqueologia é a ciência que estuda as sociedades humanas a par r dos objetos deixados por elas. Esses objetos são chamados de ves gios arqueológicos. Os locais onde são encontrados recebem o nome de sí o arqueológico. A arqueologia se divide em préhistórica (ou pré-colonial) e histórica. A pré-história é o tempo anterior à existência da escrita, que no Brasil termina no período do descobrimento. A linguagem escrita foi introduzida no país pelos portugueses, a par r do ano de 1.500, este é o marco do início do período histórico no Brasil. 38 SÍTIO ARQUEO LÓGICO É UM LOC AL QUE APRESE NTA VESTÍGIO S DE ANTIGAS OCUPAÇ HUMAN ÕES A SER CON E DEVE SIDERAD O DE GRAN DE VALOR. 39 Durante a pré-história, o Brasil era ocupado por paleoíndios (índios an gos). No litoral da Bahia eles viviam em pequenos grupos, habitando palhoças nas margens dos manguezais. No interior, as palhoças ficavam nas margens dos rios, mas os índios também moravam em cavernas. Com pedras também fabricavam machadinhas para cavar o chão e cortar árvores, além de moedores e pilões para triturar as sementes que coletavam. Suas panelas de barro eram bonitas e bem feitas. As maiores serviam como igaçabas (urnas funerárias) para enterrar os mortos. Do barro também faziam cachimbos. Eles viviam da pesca, da mariscagem e da caça e coletavam frutos para se alimentar. Para se proteger do frio e dos animais acendiam fogueiras durante a noite. Alguns grupos, como os Tupiguarani, sabiam plantar e cul vavam mandioca, abóbora e milho. Alguns desses grupos an gos foram dizimados, outros fugiram deixando para trás seus pertences e habitações. Com o passar do tempo, esses objetos abandonados acabaram soterrados por tempestades de areia e viraram ves gios arqueológicos. Os índios an gos fabricavam suas armas de pescar e de caçar em pedra lascada e também com ossos e conchas. As lascas de pedras eram tão afiadas que serviam como facas para cortar o pescado e a caça; outras serviam para raspar galhos, furar couros e até cortar madeiras. Nesses sí os arqueológicos préhistóricos é comum encontrar pedaços de panelas de barro e de urnas funerárias, artefatos de ossos, de pedras e de conchas, restos de ossos de animais e sementes que eles comiam e até carvões das an gas fogueiras. 40 41 O período histórico foi inaugurado com a chegada dos portugueses que aqui encontraram os índios Tupinambás. No entanto, os africanos foram trazidos e escravizados para trabalharem na construção de fazendas, engenhos e for ficações no Recôncavo Baiano. Aqui ergueram cidades, igrejas, capelas e estaleiros para a fabricação de barcos. Destruídos com o tempo, muitos desses locais também viraram sí os arqueológicos históricos, com ruínas de an gas construções e objetos como pedaços de louças, de garrafas, de metais. Estudos arqueológicos realizados pelo Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da Universidade do Estado da Bahia e pela HAS Consultoria Arqueológica com o apoio integral do Estaleiro Enseada do Paraguaçu têm descoberto muitos sí os arqueológicos nesta região. Essas descobertas são importantes porque permitem ampliar o conhecimento sobre a história do seu município, colocando-o em destaque no cenário educa vo e cultural do Estado da Bahia e também do Brasil. Todos os sí os arqueológicos contam muitas histórias daqueles que já habitaram essa região. São nossos antepassados e merecem todo o nosso respeito. Ao compreender como eles viveram, compreendemos melhor a nossa própria história. 42 AO ENCONTRAR UM SÍTIO ARQUEOLÓGICO NÃO O DESTRUA, CONSERVE-O, POIS ELES SÃO A PROVA CONCRETA DE QUE OUTROS POVOS VIVERAM NAQUELE LOCAL. 43 REFERÊNCIAS: UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial. Paris, 17 de outubro de 2003 Decreto 3551 de 4 agosto de 2000 - Ins tui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que cons tuem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências Decreto 5753 de 12 de Abril de 2006 – Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Os sambas, as rodas, os bumbas, os meus e os bois: A trajetória da salvaguarda do patrimônio cultural imaterial do Brasil. Ins tuto do Patrimônio Histórico e Ar s co Nacional (IPHAN). Brasília: Brasília Artes Gráfica, 2006. Portaria 98 de 26 de Novembro de 2007. Fundação Cultural Palmares – Regulamenta o procedimento para iden ficação, reconhecimento, delimitação, demarcação e tulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombo. Instrução Norma va do Ins tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ( INCRA) N°49 de 29 de setembro de 2008 – Regulamento para o procedimento para iden ficação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, tulação e registro das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Inventário Nacional de Referências Culturais. Manuel de Aplicação. Brasília: IPHAN, 2000. 44 FICHA TÉCNICA _____. Patrimônio Imaterial. Disponível em h p://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852 &retorno=paginaIphan. Acesso em 10/06/2013. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Representação da Unesco no Brasil. Disponível em h p://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/worldheritage/heritage-legacy-from-past-to-the-future/. Acesso em 11/06/2013. _____. Patrimônio Cultural no Brasil. Disponível em h p://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/worldheritage/heritage-legacy-from-past-to-the-future/. Acesso em 11/06/2013. h p://www.palmares.gov.br/2012/11/oficio-da-baiana-do-acarajee-comemorado-como-patrimonio-historico-nacional/ h p://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=1 5775&sigla=No cia&retorno=detalheNo cia www.tripadvisor.com.br/. Acesso em 15/08/2013 Centro Cultural Dannemann - Bienal do Recôncavo www.centroculturaldannemann.com.br/ccd.html/. Acesso em 15/08/2013 DIRETORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E SUSTENTABILIDADE Humberto Rangel GERÊNCIA DE SUSTENTABILIDADE Caroline Azevedo COMISSÃO TÉCNICA Cris ana Santana Lúcia Mª de Queiroz Vilson Caetano Jr. EDIÇÃO Denise Ribeiro (MTB 12379) REVISÃO Isabela Bri o ILUSTRAÇÃO Belinda Neves e Ducca Rios PINTURA ILUSTRAÇÕES Marilene Sampaio PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Luciano Roba o A Coleção de Sustentabilidade é um projeto desenvolvido pelo Estaleiro Enseada do Paraguçu - EEP, que detém os direitos autorais de todos os volumes que a compõem. A reprodução parcial ou integral de seu conteúdo precisa ser autorizada pelo EEP. 1ª Edição, 28/08/2013. Tiragem: 5.000 unidades 45