Faculdade Estácio - CEUT Trabalho de História 1º E Professor: Eduardo Diniz Alunos: Nayra Rayne, Maria Carolina, Jaciara Fortes, Joã Gabriel e Andressa Nascimento. A questão indígena desde a colonização até a usina de Belo Monte e raposa serra do sol. Teresina-Pi 08/06/2015. Com efetivo início da colonização do Brasil, os portugueses tinham a necessidade de empreender um modelo de exploração econômica das terras que fosse capaz de gerar lucro em pouco tempo. Para tanto, precisariam de uma ampla mão-de-obra capaz de produzir riquezas em grande quantidade e, dessa forma, garantir margens de lucro cada vez maiores para os cofres da Coroa Portuguesa. Contudo, quem poderia dispor de sua força de trabalho para tão ambicioso projeto? Inicialmente, os portugueses pensaram em aproveitar do contato já estabelecido com os índios na atividade de extração do pau-brasil. Nesse período, os índios realizavam essa extração por meio de um trabalho esporádico recompensado pelos produtos trazidos pelos lusitanos na prática do escambo. Em contrapartida, o trabalho nas grandes propriedades exigia uma rotina de trabalho longa e disciplinada que ia contra os hábitos cotidianos de boa parte dos indígenas. Além disso, as mortes causadas pelo trabalho forçado, as mortais epidemias contraídas no contato com o homem branco e ruptura com a economia de subsistência dos indígenas impedia a viabilidade desse tipo de escravidão. Ao mesmo tempo, devemos levar em conta que o controle sobre os índios escravizados era bem mais difícil tendo em vista o conhecimento que tinham do território. Dessa forma, a vigilância se tornava algo bastante complicado. Como se não bastassem esses fatores de ordem cultural, biológica e social, a escravidão indígena também foi extensamente combatida pela Igreja no ambiente colonial. Representados pela Ordem Jesuíta, os clérigos que aportavam em terras brasileiras se envolveram em uma série de disputas em que repudiavam o interesse dos colonos em converter os índios em escravos. Tal postura se justificava no interesse que os clérigos católicos tinham em facilitar o processo de conversão religiosa dos índios. Apesar de sua influência e autoridade, muitos padres foram explicitamente afrontados pela ganância de colonos que saiam pelo território em busca de índios. Na maioria das vezes, a escravidão indígena servia como alternativa à falta e o alto custo de uma peça trazida da África. Preferencialmente, os colonos atacavam as populações indígenas ligadas às missões jesuíticas, pois estes já se mostravam habituados à rotina e aos valores da cultura ocidental. Mediante a forte pressão dos religiosos, Portugal proibiu a captura de índios por meio de uma Carta Régia emitida no ano de 1570. Segundo esse documento, os índios só poderiam ser presos e escravizados em situação de guerra justa. Ou seja, somente os índios que se voltassem contra os colonizadores estariam sujeitos à condição de escravos. Por meio dessa medida, os colonizadores conseguiram manter a escravidão indígena durante todo o período colonial. A escravidão indígena foi oficialmente extinta no século XVIII, momento em que o marquês de Pombal estabeleceu um conjunto de transformações na administração colonial. Primeiramente, ordenou a expulsão dos jesuítas do Brasil mediante a ampla influência política e econômica que tinha dentro da colônia. Logo depois, em 1757, proibiu a escravidão indígena e transformou algumas aldeias em vilas submetidas ao poderio da Coroa. Atualmente os índios enfrentam um problema bem parecido, mas épocas e situações bem distintas, como invasão de suas terras para implementação da usina hidrelétrica de belo monte e a demarcação da terra indígena Raposa-Serra do Sol que até hoje geram grandes discursões. Com a construção da usina de Belo Monte podemos observar seus efeitos quanto ao exercício dos Direitos Fundamentais pela população que vive em torno do projeto. Ao consultar a Constituição Federal de 1988, ficam evidenciados os direitos sociais que estão sendo afetados com a construção da usina e a retirada dos noves povos indígenas próximos ao do Rio Xingú. Toda a estrutura utilizada na construção da Usina de Belo Monte necessita, para sua implementação, que a totalidade do meio ambiente envolvido seja drasticamente modificada. Como consequência dessa interação destrutiva, a construção da Usina vem fazendo desaparecer diversas espécies de animais e plantas tidas como raros ou quase extintos, e o prejuízo ambiental poderá ser incalculável, e irreversível. Desde o leilão da usina, em 2010, até agora apenas 15% dos compromissos de proteção territorial dos povos indígenas foram atendidos. É o que revela a nota técnica do ISA, resultado de mais de um ano de análise e investigação sobre o cumprimento das medidas de prevenção, mitigação e compensação de impactos relativos aos direitos territoriais nas 12 Terras Indígenas afetadas pela obra. O quadro de inadimplência apresentado é preocupante, se concentrando principalmente no não cumprimento de condicionantes por parte do poder público: este é o responsável pelo descumprimento de nove das 15 condicionantes que atualmente estão com pendências e/ou atrasos. Vejamos cinco das 19 condicionantes que não foram atendidas: 1. Criação de grupo de trabalho para coordenação e articulação das ações governamentais referentes aos povos indígenas impactados pelo empreendimento, no âmbito do Grupo Executivo do PAC – GEPAC. 2. Fiscalização e vigilância das TIs dos Grupos 1 e 2, incluindo termo de cooperação com o CENSIPAM para monitoramento por imagens de satélite das Tls. 3. Adequação e modificação dos projetos da BR 158 e PA 167, de modo que seus traçados não incidam em terras indígenas, envolvendo o DNIT e a Secretaria de Transportes do estado do Pará 4. Desintrusão da Terra Indígena Cachoeira Seca. 5. Redefinição de limites da TI Paquiçamba, garantindo o acesso ao reservatório. AS CONSEQUÊNCIAS DA INADIMPLÊNCIA Uma das mais graves e evidentes consequências do descumprimento de obrigações relativas à proteção das terras indígenas se evidencia no aumento dos índices de desmatamento ilegal no interior das TIs, e principalmente naquelas que o Estudos de Impacto Ambiental já tinha identificado como as mais vulneráveis: a TI Cachoeira Seca e a TI Apyterewa. O gráfico abaixo, preparado pelo laboratório de geoprocessamento do ISA em Altamira, mostra a ruptura na tendência de queda do desmatamento nas terras indígenas do entorno de Belo Monte. As Terras Indígenas Cachoeira Seca e Apyterewa veem aumentar o desmatamento de 2012 a 2013, após anos de queda. O maior aumento, o da TI Cachoeira Seca, é explicado em grande parte pelo aumento na demanda por recursos naturais (madeira e pastos para pecuária) associados ao crescimento desordenado da cidade de Altamira. Ambos os impactos foram previstos no EIA do componente indígena. Raposa-Serra do Sol A demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, se viu envolta numa grossa polêmica nacional. Embora administrativamente concluída desde 2005, com a edição do decreto presidencial pertinente, uma operação policial para a retirada de arrozeiros ocupantes de parte da área foi objeto de reação violenta e acabou suspensa por decisão liminar do STF, em abril de 2008, ensejando uma manifestação contundente do comandante militar da Amazônia contra a política indigenista. Manifestações favoráveis e contrárias à demarcação se sucederam, com farta cobertura da imprensa. O processo oficial de reconhecimento dessa terra indígena se arrasta há décadas. Dezenas de pessoas (na maioria índios, mas também não índios) já perderam as suas vidas nessa disputa. Após estudos sucessivos, a área foi formalmente identificada pela FUNAI em 1993, com a publicação no Diário Oficial da União (DOU) do seu memorial descritivo com as coordenadas geográficas do perímetro proposto para demarcação, que privilegiou limites naturais e excluiu a cidade de Normandia e as terras no seu entorno. Nos doze anos seguintes até a sua homologação, fortes pressões políticas retardaram o processo administrativo e promoveu a invasão de arrozeiros, a criação de mais um município dentro da área e a divisão entre lideranças e comunidades indígenas locais. Porém, a cada fluxo de conflitos, a TI Raposa-Serra do Sol retorna à mídia como se fosse uma novidade. Mudam os atores (agora são arrozeiros, mas já foram garimpeiros e criadores de gado) e permanece o enredo, mas para a maioria dos jornalistas e intelectuais, o caso re-emerge, desmemorizado, requentado e apropriado a se enquadrar nas paranoias do momento, a se reduzir a polêmicas entre grupos políticos, entre governo local e nacional, ou se extrapolar como caso de soberania nacional. No calor do debate, informações descontextualizadas e números contraditórios proliferam, ficando difícil para o leitor, cidadão ou observador não especializado entender o que é o que. O tratamento do caso, frequentemente, tem ignorado os próprios índios. Embora sejam quase vinte mil naquela área, de distintos povos, falando suas próprias línguas, agrupados em quase duzentas aldeias e organizados em entidades próprias, os índios são reduzidos a peças de tabuleiro, ou simplesmente desaparecem da história, substituindo-se os seus direitos e anseios por supostos interesses de terceiros. Para repor a história do caso, recuperar a memória dos intelectuais e prevenir a opinião pública brasileira e as autoridades com poder de decisão, o ISA publica este dossiê que contém documentos, mapas, artigos assinados e notícias. Homologação - 2005 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina decreto que homologa de forma contínua a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O reconhecimento da área era uma reivindicação histórica dos índios da região – das etnias macuxi, uapixana ingaricó, taurepangue e patamona. Em abril, o Supremo extingue todas as ações que contestavam a demarcação das terras da reserva. Demarcacão mantida – 2006 O Supremo Tribunal Federal mantém, por unanimidade, o decreto de Lula sobre a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. De um lado, indígenas defendem a validade do decreto assinado pelo presidente Lula e lutam pela proibição da presença de não índios na reserva. De outro, arrozeiros buscam manter as terras onde cultivam o produto. Desocupação - 2007 Em junho, o Supremo determina a desocupação da Raposa Serra do Sol por parte dos não índios. Em setembro, chefes indígenas da reserva e representantes do governo federal assinam carta-compromisso para evitar conflitos na região. No documento, os representantes indígenas das cinco etnias que vivem na reserva afirmam que não querem mais se envolver em disputas pela retirada dos não índios que ainda permanecem no local. Colheita - 2007 No fim do ano, os rizicultores pedem ao Ministério da Justiça que espere a colheita da safra do arroz para deixarem a terra indígena. No entanto, após a safra, eles não se retiram do local. Reassentamento - 2007 O Incra começa o reassentamento dos não índios da reserva. A meta é reassentar 180 famílias, das quais 130 requerem lotes de 100 a 500 hectares e as outras 50 reivindicam parcelas de até 100 hectares. Retirada - 2008 Em março, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, encaminha recomendação ao presidente da República e ao ministro da Justiça para que promovam a imediata retirada dos ocupantes não índios da área homologada.