www.maribelbarreto.com 1 A CONSCIÊNCIA COMO BASE PARA O DESENVOLVIMENTO DE VALORES DE LEIS NATURAIS NA EDUCAÇÃO BARRETO, Maribel1 Por que o Ser Humano precisa de Consciência? O Ser Humano precisa de Consciência porque embora ele queira ser feliz e evitar a dor ele sofre; se sofre é porque está fazendo o incorreto; se existe o incorreto é porque existe o correto; se existe o correto e o incorreto eis a necessidade essencial do mesmo poder distinguir o correto do incorreto – um dos objetivos da Consciência, que é justamente facultar ao ser humano aptidões, tais como a do discernimento, que o possibilita compreender absorvendo, em si mesmo, a natureza real que reside em todas as coisas, a partir do estudo e desvendamento de Leis Naturais que regem o Universo, através da Educação. Inegáveis e inúmeras são as demandas no atual sistema de Educação. Vivemos um tempo de profundas e significativas transformações, a serem mais facilmente compreendidas em função do grau de Consciência dos sujeitos diretamente envolvidos com tal nobre causa: a de educar integralmente o ser humano. A crise contemporânea da nossa sociedade, parece-nos claro, está alicerçada, principalmente, no nosso descuido ou mesmo descomprometimento com os valores morais, éticos e estéticos elevados, demonstrados nas nossas ações cotidianas, fazendo com que formemos, na maioria das vezes, através, inclusive, da Educação, profissionais e técnicos, mas não seres humanos, ainda que estas pessoas possam se tornar profissionais competentes. Quando falamos de Educação, devemos lembrar que ela pressupõe um movimento de dentro para fora, mais precisamente no gênero humano. Daí a necessidade de investirmos nas nossas potencialidades internas. Para tanto, muito importa utilizarmos como atividade meio o autoconhecimento, pois o Ser Humano não vive sem o saber, enfim, sem o conhecimento. Mas o único conhecimento que o Ser Humano não pode desprezar é o conhecimento de si mesmo. Eis a senda da Educação verdadeira. Entendemos que é necessário nos relacionarmos, através da Educação, não só com o mundo objetivo e empírico do conhecimento moderno, mas também com o mundo subjetivo e espiritual da sabedoria. 1 Pós-doutora em Educação (UNB); Doutora em Educação (UFBA); Mestre em Educação (UFBA); Especialista em psicopedagogia (UCSAL); Graduada em Pedagogia (UCSAL); Consultora em Ciências da Educação; Pesquisadora da temática Consciência há 13 anos; Docente da disciplina Conscienciologia; Experiência como gerente de ensino, diretora acadêmica no nível de graduação e como coordenadora pedagógica no nível de pósgraduação, lato e stricto sensu. Autora dos livros “O papel da Consciência em face dos desafios atuais da Educação” (2005), “Teoria e prática de uma Educação integral” (2006) e “Criatividade no stricto sensu” (2007). www.maribelbarreto.com 2 É um ledo engano a idéia de que, acumulando ensinamentos e adquirindo técnicas, estamos nos educando. Isso só nos trouxe separatividade e guerra. Basta olhar ao nosso redor e verificar o estado em que nos encontramos, com a corrupção, violência e volúpia como que globalizados. Assim, enquanto houver no Ser Humano uma distância significativa entre a sua ação, o seu pensamento e o seu sentimento, ou seja, entre o sentir, o pensar e o agir, é evidente que não haverá auto-integração; portanto não haverá autoconhecimento e tampouco auto-transformação, mas sim fragmentação. E o que pode produzir um fragmentado, se toda ação produz uma reação igual e em sentido contrário? Neste sentido, não haverá ação criativa, mas sim ação condicionada, esta que nos colocou hoje como estamos: em conflito generalizado. Considerando nossa intenção em contribuir para a realização de um processo educativo que prime pela unidade de pensamento entre os conhecimentos religioso, filosófico e científico, a partir da compreensão da necessidade de integração de todas as dimensões do Ser Humano, volvemos nossa atenção para o estudo da Consciência, essa amiga que é, para todos nós, tanto bússola quanto mapa, nessa jornada rumo à totalidade, que nos serve como base para o processo de desenvolvimento de valores Naturais na Educação. O projeto educativo é, então, buscar integrar e não afastar o Ser Humano de si mesmo. Isto implica ter presente seus valores subjetivos, além dos objetivos, proporcionando aos educandos condições de uma formação adequada, de tal forma que possam descobrir, por si sós, suas tendências e seus valores próprios, bem como suas finalidades de existir, seus deveres Naturais para com a vida, incluindo valores que envolvam as pessoas, de um modo geral, e o equilíbrio dinâmico nas relações cotidianas. Entendemos, pois, que caberá ao educador saber expressar, com suas ações, o valor das coisas materiais e/ou espirituais. É evidente que o educador disposto a educar necessitará, inicialmente, para tal, observar a si próprio e verificar o que tem em si como valores, demonstrando-os através da sua conduta. Afinal, é a conduta do Ser Humano que denuncia o seu grau de Consciência. Por isso, cabe ao educador buscar sentir, pensar e agir, integralmente, nas relações cotidianas, embasando-se em Valores de Leis Naturais, para poder favorecer a mesma experiência aos educandos. De acordo com Dejours (1999, p. 74): “Quando dizemos que o homem pertence ao mundo da natureza, indicamos que o funcionamento e, em parte, o comportamento humano são submetidos a Leis. Leis imutáveis, estáveis, universais [...]”. Compreendemos, portanto, que na Natureza são Leis, a exemplo da Lei de Relatividade; Lei de Equilíbrio; Lei de Ação e Reação; Lei de Trabalho e Progresso; Lei www.maribelbarreto.com 3 de Amizade; Lei de Conservação e Destruição; Lei de Amor... Leis estas que podem ser observadas e sentidas a partir do próprio contato com a Natureza, lembrando que ela é estabelecida para beneficiar a humanidade, considerando a razão de sua existência, e está baseada na relação entre os direitos e os deveres. Para tanto, o estudo e desvendamento de seus valores, principalmente, através da Educação, considerando, sobretudo, que as Leis Naturais repousam na Consciência do Ser Humano, sua maior representação consciente no Universo. A existência de valores de Leis Naturais, na concepção e na prática educativa, vem nos indicando a possibilidade efetiva de favorecer a formação integral do indivíduo. Ao tratar dos valores, pudemos vislumbrar condutas humanas éticas por parte dos educadores e da escola, com indicativos pedagógicos que visam conduzir ao desenvolvimento dos níveis de conhecimento sensório, da mente e do espírito, contribuindo para a escolha de caminhos não corruptos, não violentos e não voluptuosos, nas diferentes e integráveis dimensões do viver. A Educação integral, fundamentada no estudo da Consciência, por sua vez, responde aos anseios da Educação para o século XXI, a partir de um método educativo que privilegia o ensino e facilita a aprendizagem. Com efeito, essa proposta de Educação, por sua própria natureza, necessita ser exercida em todos os âmbitos das instituições de ensino. Sugerimos, assim, uma Educação integral alicerçada no estudo da Consciência e indicamos a implantação das seguintes disciplinas: Iniciação à Consciência, no âmbito da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, a exemplo da experiência da Ananda – Escola e Centro de Estudos Consciência, no âmbito do Ensino Médio, a exemplo da experiência do Instituto Ananda Conscienciologia, no âmbito do Ensino Superior, a exemplo da experiência do Mestrado em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social; de diferentes cursos de especialização e de graduação. Até o presente momento, o estudo da Consciência enquanto disciplina curricular já faz parte da matriz curricular de uma escola privada, na cidade do Salvador-Bahia, que oferece Educação infantil e ensino fundamental. No ensino superior, já implantamos a disciplina Conscienciologia nos cursos de graduação Normal Superior, licenciatura em Educação infantil e ensino fundamental, e Ciências Biológicas, em faculdades e universidades privadas e públicas do estado da Bahia, nas modalidades presencial e a www.maribelbarreto.com 4 distância. Foi consolidada também em cursos de pós-graduação lato e stricto sensu nas áreas de ciências humanas e ciências sociais aplicadas. Nesta direção, tanto os pais, quanto o professor, a escola e o conhecimento são os pilares do desenvolvimento de uma Educação que propõe a auto-realização humana e a implantação de uma nova cultura, que dissemine códigos moralmente elevados, em prol de uma sociedade mais justa e equilibrada. REFERÊNCIAS: BARRETO, Maribel O. A Consciência como recurso para a boa qualidade de vida na pós-modernidade. In.: Cadernos de Pesquisa/NUFIHE – Núcleo de Filosofia e História da Educação. Salvador: FACED/UFBA, 1999. ______________. O papel da Consciência no desenvolvimento humano. In.: Revista da Fundação Visconde de Cairu. Ano V, nº 09. Salvador: FVC, 2002 ______________. O papel da Consciência em face aos desafios atuais da Educação. Salvador: Sathyarte, 2005. ______________. Teoria e Prática de uma Educação integral. Salvador: Sathyarte, 2006. 24, n.4, p. 463-473, dez. 2007. FERGUSON, Marilyn. A nova Consciência: arte e ciência sob novo olhar. São Paulo: Arx, 2007. GOSWAMI, Amit (org.). Quem somos nós. São Paulo: Aleph, 2007. HAPPÉ, Robert. Consciência é a resposta. São Paulo: Talento, 1997. KOFMAN, Fred. Consciência nos Negócios: como construir valor através de valores. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DE ESTUDOS MATERIAIS, NATURAIS E ESPIRITUAIS. A Arca. Salvador: OCIDEMNTE, 2002.