Câmara Municipal de Castro Verde Volume I Relatório Ambiental Rf_t06047/04 Maio 11 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde) Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde) Volume I - Relatório Ambiental Volume II - Anexos Volume III - Resumo Não Técnico Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde) Volume I - Relatório Ambiental ÍNDICE 1. Introdução 1 2. Processo de Avaliação Ambiental 3 2.1. Base legislativa 3 2.2. Antecedentes do relatório ambiental 3 2.3. Âmbito do Relatório Ambiental 5 2.3.1. Âmbito geográfico 5 2.3.2. Âmbito temático 6 2.4. Metodologia 6 2.5. Equipa técnica 7 3. Descrição do Plano 9 3.1. Objectivos 9 3.2. Enquadramento geográfico 11 3.3. Faseamento e acompanhamento das entidades 12 3.4. Relação com outros planos e programas 14 3.5. Principais componentes do plano 15 3.6. Proposta de ordenamento 18 3.6.1. Proposta de ordenamento urbano 18 3.6.2. Estrutura ecológica 26 3.6.3. Faseamento do plano 26 4. Caracterização da Situação Ambiental de Referência Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 29 i 4.1. Introdução 29 4.2. Clima 30 4.2.1. Introdução 30 4.2.2. Caracterização climática 31 4.2.3. Microclima 48 4.2.4. Classificações climáticas 48 4.3. Geologia e geomorfologia 52 4.3.1. Introdução 52 4.3.2. Enquadramento geológico 52 4.3.3. Enquadramento geomorfológico 54 4.3.4. Enquadramento tectónico 56 4.3.5. Recursos geológicos 58 4.3.6. Património geológico 60 4.4. Solos 61 4.4.1. Introdução 61 4.4.2. Identificação das unidades pedológicas na área em estudo 61 4.4.3. Agrupamento dos solos por sub-ordens pedológicas 63 4.4.4. Propriedades do solo e erodibilidade 67 4.4.5. Classificação da capacidade de uso dos solos 69 4.4.6. Potencialidade dos solos 72 4.5. Recursos hídricos superficiais ii 74 4.5.1. Introdução 74 4.5.2. Caracterização do sistema hidrográfico 74 4.5.3. Bacia hidrográfica do ribeiro da Horta da Nora 75 4.5.4. Albufeira do Monte da Rocha 88 4.5.5. Qualidade dos recursos hídricos 90 4.6. Recursos hídricos subterrâneos 92 4.6.1. Enquadramento regional 92 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.6.2. Caracterização hidrogeológica local 94 4.6.3. Vulnerabilidade à poluição 98 4.7. Qualidade do ambiente (ar, ambiente sonoro e saneamento) 98 4.7.1. Introdução e metodologia 98 4.7.2. Enquadramento legal 99 4.7.3. Caracterização da qualidade do ar 104 4.7.4. Caracterização do ambiente sonoro 109 4.7.6. Caracterização das infra-estruturas de saneamento 117 4.8. Ecologia, fauna e flora 121 4.8.1. Introdução 121 4.8.2. Metodologia 123 4.8.3. Habitats da área de estudo 125 4.8.4. Flora e vegetação 133 4.8.5. Fauna 135 4.9. Uso do solo e ordenamento do território 142 4.9.1. Introdução 142 4.9.2. Uso do solo 142 4.9.3. Planos de ordenamento 143 4.9.4. Servidões e restrições 153 4.10. Paisagem 160 4.10.1. Introdução 160 4.10.2. Componentes da paisagem 160 4.10.3. Unidades de paisagem e sua percepção 163 4.10.4. Qualidade visual 165 4.10.5. Fragilidade visual 167 4.11. Património histórico-cultural 168 4.11.1. Introdução 168 4.11.2. Metodologia 169 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental iii 4.11.3. Breve enquadramento histórico – cultural 171 4.11.4. Resultados da recolha de informação 173 4.11.5. Elementos patrimoniais identificados durante o trabalho de campo 174 4.11.6. Registo e inventário 177 4.12. Sócio-economia 177 4.12.1. Introdução 177 4.12.2. Demografia e dinâmica populacional 179 4.12.3. Níveis de instrução 185 4.12.4. População activa e situação no emprego 186 4.12.5. Estrutura Económica 188 4.12.6. Condições de vida da população 197 4.12.7. Acessibilidades 203 4.13. Evolução da situação de referência sem o plano 5. Avaliação de Efeitos Ambientais 207 5.1. Introdução 207 5.2. Clima 209 5.3. Geologia e geomorfologia 209 5.3.1. Introdução 209 5.3.2. Fase de construção 210 5.3.3. Fase de exploração 211 5.4. Solos 211 5.4.1. Introdução 211 5.4.2. Fase de construção 212 5.4.3. Fase de exploração 213 5.5. Recursos hídricos superficiais iv 204 215 5.5.1. Introdução 215 5.5.2. Fase de construção 215 5.5.3. Fase de exploração 219 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5.6. Recursos hídricos subterrâneos 223 5.6.1. Introdução 223 5.6.2. Fase de construção 223 5.6.3. Fase de exploração 224 5.7. Qualidade do ambiente (ar, ambiente sonoro e saneamento) 227 5.7.1. Introdução 227 5.7.2. Qualidade do ar 228 5.7.3. Ambiente sonoro 231 5.7.4. Saneamento 236 5.8. Ecologia, fauna e flora 243 5.8.1. Introdução 243 5.8.2. Fase de construção 243 5.8.3. Fase de exploração 248 5.9. Uso do solo e ordenamento do território 250 5.9.1. Introdução 250 5.9.2. Fase de construção 250 5.9.3. Fase de exploração 251 5.10. Paisagem 259 5.10.1. Introdução 259 5.10.2. Fase de construção 259 5.10.3. Fase de exploração 263 5.11. Património histórico-cultural 266 5.11.1. Introdução 266 5.11.2. Fase de construção 266 5.11.3. Fase de exploração 268 5.12. Sócio-economia 269 5.12.1. Introdução 269 5.12.2. Fase de construção 270 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental v 5.12.3. Fase de exploração 6. Medidas Ambientais 272 279 6.1. Medidas de mitigação integradas no plano 279 6.2. Outras recomendações ambientais 287 7. Seguimento e Monitorização do Plano 289 8. Conclusões 291 Bibliografia 295 vi Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental ÍNDICE DE QUADROS Quadro 2.5.1 – Equipa técnica responsável pelo Relatório Ambiental 7 Quadro 3.6.1 – Principais parâmetros que caracterizam o conjunto turístico 19 Quadro 3.6.2 – Parâmetros que caracterizam o parque empresarial 21 Quadro 4.2.1 – Características das Estações Meteorológicas do SNIRH 30 Quadro 4.2.2 – Valores de precipitação média mensal e anual para as estações em estudo 34 Quadro 4.2.3 – Número de dias em que a precipitação média mensal foi superior a 10 mm e 0,1 mm na estação de Castro Verde 35 Quadro 4.2.4 – Número de dias com registo de outros meteoros nas estações de Alvalade e Beja 46 Quadro 4.2.5 – Limites climáticos baseados no valor do Índice Xerotérmico de Gaussen 52 Quadro 4.3.1 – Principais características das pedreiras inventariadas na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela 58 Quadro 4.4.1 – Unidades pedológicas na área do Plano de Pormenor 62 Quadro 4.4.2 – Principais subordens de solos presentes na área de intervenção e área correspondente 63 Quadro 4.4.3 – Características dos Solos Mediterrâneos presentes na área do Plano de Pormenor 64 Quadro 4.4.4 – Características dos Solos Hidromórficos presentes na área de intervenção 66 Quadro 4.4.5 – Características dos Barros que ocorrem na área de intervenção 67 Quadro 4.4.6 – Erodibilidade dos solos para as unidades pedológicas presentes na área do PP 68 Quadro 4.4.7 – Classes de permeabilidade 68 Quadro 4.4.8 – Classes de estrutura 69 Quadro 4.4.9 – Classes de espessura efectiva 69 Quadro 4.4.10 – Classes de Capacidade de Uso do Solo 70 Quadro 4.4.11 – Subclasses de capacidade de uso dos solos 71 Quadro 4.4.12 – (Sub)Classes de capacidade de uso dos solos presentes na área do Plano de Pormenor 71 Quadro 4.4.13 – Potencialidades das unidades pedológicas presentes na área do Plano de Pormenor Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 73 vii Quadro 4.4.14 – Tolerância à salinidade de algumas espécies vegetais 74 Quadro 4.5.1 – Características da Estação Hidrométrica de Monte da Ponte 81 Quadro 4.5.2 – Características das Estações Meteorológicas seleccionadas 82 Quadro 4.5.3 – Ponderação de cada Posto Meteorológico na bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte 83 Quadro 4.5.4 – Características do Regime Hidrológico na EH de Monte da Ponte (27J/01) 84 Quadro 4.5.5 – Características da Estação Meteorológica de Castro Verde 85 Quadro 4.5.6 – Variáveis hidrológicas da bacia hidrográfica do Açude do Ribeiro da Horta da Nora 85 Quadro 4.5.7 – Volumes médios mensais (dam3) afluentes ao Açude existente 86 Quadro 4.5.8 – Características da albufeira de Monte da Rocha 89 Quadro 4.5.9 – Características da bacia hidrográfica 89 Quadro 4.6.2 – Características dos recursos hídricos subterrâneos no concelho de Castro Verde 93 Quadro 4.6.3 – Caracterização físico-química do ponto de água 548/25 96 Quadro 4.7.1 – Limiares legais para poluentes no ar ambiente (Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro) 100 Quadro 4.7.2 – Valores limite de exposição sonora 101 Quadro 4.7.3 – Características da estação de monitorização da qualidade do ar “Alcoutim/Cerro” 105 Quadro 4.7.4 – Resumo dos resultados obtidos para NO2 e SO2 (2007) 106 Quadro 4.7.5 – Resumo dos resultados obtidos para O3, PM10 e PM2,5 (2007) 106 Quadro 4.7.6 – Análise de conformidade legal dos resultados obtidos para os principais poluentes atmosféricos (2007) 107 Quadro 4.7.7 – Níveis sonoros medidos e fontes sonoras associadas (NEMUS, Janeiro de 2006) 111 Quadro 4.7.8 – Condições climatéricas durante a campanha de medição de ruído (NEMUS, Maio de 2007) 112 Quadro 4.7.9 – Níveis sonoros medidos, indicadores Lden e Ln e fontes sonoras associadas (NEMUS, Maio de 2007) 112 Quadro 4.7.8 – Níveis sonoros do ruído ambiente na área de intervenção e envolvente (Certiprojecto, Maio de 2011) viii 116 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.7.9 – Valores dos indicadores de ruído regulamentares Lden e Ln (Certiprojecto, Maio de 2011) 116 Quadro 4.8.1 – Habitats e unidades de coberto vegetal presentes na área do Plano de Pormenor da Cavandela 126 Quadro 4.9.1 – Uso do solo na área do Plano de Pormenor da Cavandela 143 Quadro 4.9.2 – Valores máximos para os índices brutos de ocupação 146 Quadro 4.9.3 – Limites de variação das áreas dos lotes para uma mancha industrial média 146 Quadro 4.9.4 – Classificação da rede rodoviária na área de estudo e faixas de protecção aplicáveis 157 Quadro 4.10.1 – Classes de declive adoptadas e limitações de uso associadas 162 Quadro 4.10.2 – Critérios de ordenação e pontuação para avaliação da qualidade da paisagem167 Quadro 4.12.1 – Evolução da população residente e densidade populacional 179 Quadro 4.12.2 – Área, população residente e densidade populacional das freguesias de Castro Verde 181 Quadro 4.12.3 – Evolução da população, por grupo etário (INE, 2001) 182 Quadro 4.12.4 – Principais Indicadores Demográficos 184 Quadro 4.12.5 – Taxas de analfabetismo (INE, 2001) 185 Quadro 4.12.6 – Nível de Instrução (INE, 2001) 185 Quadro 4.12.7 – Taxa de actividade (INE, 2001) 186 Quadro 4.12.8 – Taxa de desemprego, por sexo (INE, 2001) 187 Quadro 4.12.9 – População residente desempregada e respectivo nível de instrução (completo, incompleto ou a frequentar) (2001) 188 Quadro 4.12.10 – Valor Acrescentado Bruto a Preços de Base em Portugal e Alentejo e actividades económicas, em 2007 190 Quadro 4.12.11 – População empregada por sectores de actividade económica (1991/2001) 191 Quadro 4.12.12 – Principais ramos de actividade, por percentagem da população empregada Portugal e Baixo Alentejo e Castro Verde (INE, 2001) 192 Quadro 4.12.13 – Estabelecimentos, capacidade de alojamento em 31/07/02 e em 31/07/09 194 Quadro 4.12.14 – Pretensões turísticas nos concelhos de Castro Verde, Aljustrel, Almodôvar e Ourique 195 Quadro 4.12.15 – Abastecimento de água em 2008 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 198 ix Quadro 4.12.16 – Drenagem e Tratamento de Águas Residuais em 2008 199 Quadro 4.12.17 – Resíduos recolhidos em 2001 199 Quadro 4.12.18 – Indicadores de Saúde em 2009 200 Quadro 4.12.19 – Centros de saúde e suas extensões, em 2008 200 Quadro 4.12.20 – Despesas das câmaras municipais em actividades culturais em 2009 202 Quadro 5.4.1 – Classificação da água de rega de acordo com o risco de salinização do solo 214 Quadro 5.5.1 – Características das sub-bacias 217 Quadro 5.5.2 – Escoamento natural afluente a cada secção em regime livre 218 Quadro 5.7.1 – Requisitos do RGR para a fase de construção (zona não classificada) 231 Quadro 5.7.2 – Distâncias correspondentes a LAeq de 65 dB(A), 55 dB(A) e 45 dB(A) (fase de construção) 233 Quadro 5.7.3. – Principais tipologias de resíduos esperadas na fase de construção 237 Quadro 5.7.4 – Estimativa da produção de esgotos no conjunto turístico 239 Quadro 5.7.5 – Principais tipologias de resíduos esperadas na fase de exploração 240 Quadro 5.11.2 – Ocorrências patrimoniais identificadas 267 Quadro 5.11.3 – Proposta de condicionantes 268 Quadro 6.1.1- Integração de medidas de ambientais no plano de pormenor e em resultado da Avaliação Ambiental 280 Quadro 7.1.1 – Indicadores de acompanhamento da implementação do plano 290 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 4.2.1 – Valores de temperatura média mensal do ar; Panóias (1959/1979) 31 Figura 4.2.2 – Valores de temperatura média mensal do ar; Beja (1956/1980) 32 Figura 4.2.3 – Valores de temperatura média mensal do ar; Alvalade (1951/1980) 32 Figura 4.2.4 – Valores de temperatura média mensal do ar em Beja (1951/1980), Panóias (1959/1979) e Alvalade (1951/1980) 33 Figura 4.2.5 – Humidade relativa do ar ao longo do ano; Beja (1956/1980) 36 Figura 4.2.6 – Humidade relativa do ar ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) 36 x Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Figura 4.2.7 – Frequência e velocidade média do vento; Beja (1956/1980) 38 Figura 4.2.8 – Frequência e velocidade média do vento; Alvalade (1951/1980) 38 Figura 4.2.9 – Velocidade média do vento ao longo do ano; Beja (1956/1980) 39 Figura 4.2.10 – Velocidade média do vento ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) 40 Figura 4.2.11 – Nebulosidade média registada ao longo do ano; Beja (1956/1980). 40 Figura 4.2.12 – Nebulosidade média registada ao longo do ano; Alvalade (1951/1980). 41 Figura 4.2.13 – Número total de horas de sol descoberto ao longo do ano; Beja (1951/1980) 42 Figura 4.2.14 – Número total de horas de sol descoberto ao longo do ano; Alvalade (1954/1980) 42 Figura 4.2.15 – Evaporação média mensal ao longo do ano; Beja (1956/1980) 43 Figura 4.2.16 – Evaporação média mensal ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) 43 Figura 4.2.17 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano na estação de Beja (1956/1980) 45 Figura 4.2.18 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano na estação de Alvalade (1951/1980) 45 Figura 4.2.19 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano na estação de Panóias (1959/1979) 46 Figura 4.2.20 – Adaptação do diagrama de Emberger, com representação da estação de Beja 49 Figura 4.2.21 – Gráfico Termopluviométrico ou diagrama ombrotérmico de Gaussen; Beja (1956/1980) 50 Figura 4.2.22 – Gráfico termopluviométrico ou diagrama ombrotérmico de Gaussen; Panóias (1959/1979) 51 Figura 4.4.1 – Percentagem ocupada por cada subordem de solos 63 Figura 4.5.1 – Médias e desvios-padrão das séries dos desvios quadráticos médios dos escoamentos mensais adimensionais em 24 estações hidrométricas portuguesas, em função dos respectivos valores de H 79 Figura 4.5.2 – Regressão linear simples entre precipitações e escoamentos anuais na EH de Monte da Ponte 84 Figura 4.5.3 – Escoamento médio anual afluente ao açude existente na área de intervenção 87 Figura 4.5.4 – Escoamento médio anual afluente, condições “húmidas” e “condições secas” 88 Figura 4.5.5 – Consumos de água na albufeira do Monte da Rocha (1990-2006) 89 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental xi Figura 4.5.6 – Qualidade da água na albufeira de Monte da Ponte (1999-2009) 90 Figura 4.5.7 – Qualidade da água na albufeira de Monte da Rocha (1996-2009) 91 Figura 4.5.8 – Volume de armazenamento na albufeira de Monte da Rocha 92 Figura 4.6.1 – Número de captações por freguesia do concelho de Castro Verde 95 Figura 4.6.2 – Tipo de captações existentes no concelho de Castro Verde 96 Figura 4.7.1 – Índice de Qualidade do Ar para 2008 109 Figura 4.7.2 – Índice de Qualidade do Ar para 2009 109 Figura 4.7.3 – Comparação do Ln e Lden com os valores limites de medição legislados (NEMUS, Maio de 2007) 113 Figura 4.7.4 – Locais de medição acústica na área de intervenção do Plano de Pormenor da Cavandela (Certiprojecto, Maio de 2011) 115 Figura 4.7.5 – Resíduos indiferenciados recolhidos em Castro Verde (2002-2008) 120 Figura 4.7.6 – Embalagens recolhidas em Castro Verde (2002-2008) 121 Figura 4.8.1 – Exemplo genérico de dois tipos de rotação da cultura cerealífera 127 Figura 4.8.2 – Padrão espacial do mosaico agrícola característico das zonas cerealíferas 128 Figura 4.9.1 – Modelo Territorial do PROTA (2010) 148 Figura 4.9.2 – Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental e Litoral do PROTA (2010) 150 Figura 4.12.1 – Variação da população por grupo etário entre 1991-2001 183 Figura 4.12.2 – Rede rodoviária de Castro Verde 203 Figura 5.7.1 – Níveis de ruído produzidos por alguns tipos de máquinas e equipamentos correntemente utilizados em construção civil 232 xii Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 1. Introdução O presente documento, elaborado pela NEMUS - Gestão e Requalificação Ambiental Lda, constitui o Relatório Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela. O Relatório Ambiental acompanha o Plano de Pormenor da Cavandela – Proposta de Ordenamento Final (Abril, 2011), da responsabilidade da Câmara Municipal de Castro Verde, e promovido pela empresa Cavandela, Sociedade Imobiliária, Lda. O Relatório Ambiental tem como objectivo principal identificar, descrever e avaliar os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da implementação do Plano de Pormenor da Cavandela, dando cumprimento ao Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, e subsidiariamente, ao Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de Junho. O presente documento encontra-se estruturado em três volumes: • Volume I- Relatório Ambiental • Volume II- Anexos • Volume III- Resumo Não Técnico O Relatório Ambiental inclui um capítulo introdutório (Capítulo 1), a descrição do processo de avaliação ambiental (Capítulo 2), a descrição do plano (Capítulo 3), a caracterização da situação ambiental de referência (Capítulo 4), a avaliação de efeitos ambientais (Capítulo 5), as medidas de mitigação (Capítulo 6), o seguimento e monitorização do plano (Capítulo 7) e, finalmente, as principais conclusões (Capítulo 8). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 1 Esta página foi deixada intencionalmente em branco. 2 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 2. Processo de Avaliação Ambiental 2.1. Base legislativa A avaliação ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela visa dar cumprimento ao Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, e subsidiariamente, ao Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 58/2011, de 4 de Maio. O Plano de Pormenor da Cavandela constitui enquadramento para a futura aprovação de um conjunto de projectos abrangidos pelo Anexo II do Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro, pelo que a legislação em vigor obriga a que o mesmo seja alvo de uma avaliação ambiental. Estes projectos abrangidos pelo Anexo II são, nomeadamente: • 1 campo de golfe de 36buracos (ponto 12.f)), • Um Estabelecimento Hoteleiro, de cinco estrelas, e um Hotel, de quatro estrelas, o primeiro com capacidade de 453 camas e o segundo de 113 camas (ponto 12.c), • 376 apartamentos, 580 casas em banda, 153 casas unifamiliares isoladas (ponto 10.b); • Área de cerca de 17,2 ha destinada a loteamentos industriais (ponto 10.a)). O presente relatório ambiental não dispensa a realização dos processos de avaliação de impacte ambiental previstos na legislação em vigor. 2.2. Antecedentes do relatório ambiental A elaboração do presente relatório foi iniciada numa fase em que a directiva de Avaliação Ambiental Estratégica (Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho n.º 2001/42/CE de 27-06-2001) não tinha ainda sido transposta para o direito interno. Assim, apesar do Plano de Pormenor não ter enquadramento directo na legislação de Avaliação de Impactes Ambientais em vigor, iniciou-se a elaboração de um Estudo de Impacte Ambiental do plano em conformidade com a mesma (Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro e Portaria nº 330/2001, de 2 de Abril). Contudo, a Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho acima referida foi entretanto transposta para o direito interno, designadamente, através do Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de Junho, de 4 de Maio, que Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 3 estabeleceu deveres de divulgação de informação relativa à avaliação ambiental; e o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro foi alterado pelo Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de Setembro, obrigando à avaliação ambiental de planos e programas para um conjunto de sectores, incluindo os planos de pormenor que constituam enquadramento para a aprovação de projectos mencionados nos Anexos I e II do Decreto-Lei nº Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, de 8 de Novembro. O Plano de Pormenor da Cavandela constitui enquadramento para a futura aprovação de um conjunto de projectos do Anexo II (referidos no ponto 1.4), pelo que a legislação em vigor obriga a que o mesmo seja alvo de uma avaliação ambiental. Assim, uma vez que o Plano de Pormenor já se encontrava praticamente concluído à data em que foi aprovado o Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de Junho, e que, numa abordagem inicial, o presente documento visava a elaboração de um Estudo de Impacte Ambiental (EIA), o mesmo inclui análises mais aprofundadas do que seria expectável, e uma estrutura que se assemelha à de um EIA. Apesar de não ter sido elaborada uma proposta formal de definição do âmbito do relatório ambiental, o conteúdo do Plano de Pormenor e do Relatório Ambiental foram discutidos em várias reuniões realizadas no decurso da elaboração do Plano (ver ponto 3.4). Estas consultas tiveram lugar desde a fase em que o plano não era mais que um Memorando de Intenções Programáticas (Setembro de 2005), tendo alimentado o Estudo de Caracterização Ambiental da Herdade da Cavandela (Castro Verde) (NEMUS, 2006), que indicou as oportunidades e constrangimentos ambientais para os 11 factores ambientais analisados. Deste modo, foi possível alertar a equipa responsável pela elaboração do plano, desde uma fase muito inicial, para os problemas ambientais que se afiguravam mais relevantes, o que levou à elaboração de estudos mais específicos, nomeadamente, no domínio dos recursos hídricos (modelação das disponibilidades e consumos previstos) e da ecologia (campanha de monitorização da avifauna). Desde então, e à medida que a proposta de plano foi evoluindo, foram produzidos diversos relatórios, reflectindo, inclusivamente, os pareceres emitidos pelas entidades que se pronunciaram em Conferência de Serviços a 23 de Outubro de 2008. Mais recentemente, na Conferência de Serviços, que teve lugar a 26 de Junho de 2009, foi determinada a reformulação da proposta de Plano, essencialmente no âmbito do parecer desfavorável apresentado pela Autoridade Florestal Nacional (AFN), assim como em consideração aos condicionamentos estabelecidos pelas outras entidades. Neste contexto, e em resposta ao referido parecer apresentado pela AFN, refere-se a elaboração do documento de “Caracterização dos Povoamentos de Sobreiros e Azinheiras existentes na Herdade da 4 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Cavandela”, de Dezembro de 2009, o qual teve como objectivo responder às questões levantadas pela referida entidade, relativas nomeadamente: à delimitação dos povoamentos de sobreiros e azinheiras na Herdade, Inibição da alteração do uso do solo das áreas ocupadas por povoamentos florestais percorridas pelo incêndio de 11/07/2006. Finalmente, em Junho de 2010 teve lugar uma reunião no sentido de estabelecer a Estratégia a adoptar relativamente à continuação e conclusão do Plano de Pormenor de Cavandela, na qual estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde e a Coordenadora do Plano. Mais recentemente, a proposta de Plano de Pormenor foi alvo de alterações, justificando a elaboração deste Relatório Ambiental. 2.3. Âmbito do Relatório Ambiental 2.3.1. Âmbito geográfico O Plano de Pormenor da Cavandela desenvolve-se no distrito de Beja, concelho e freguesia de Castro Verde. A área geográfica de enquadramento do estudo corresponde assim ao concelho de Castro Verde. No Desenho 1 (Volume II) pode ser observado o enquadramento geográfico do Plano de Pormenor da Cavandela. Em termos biofísicos, considera-se como área de estudo a área de implantação directa do Plano de Pormenor (cerca de 606,1 ha). Esta área de estudo (Desenho 2, Volume II) confronta, genericamente, nos limites Sul e Nascente, numa extensão aproximada de 4500 m, com o traçado do IP 2 no limite Norte segue pela Estrada Municipal n.º 535 e no limite Poente com os prédios rústicos, respectivamente inscritos na matriz predial rústica sob o artigo n.º 2 secção K, artigo n.º 1 secção K e artigo n.º 43 secção E. Em termos sócio-económicos, a área de análise corresponde ao concelho de Castro Verde, para as análises de âmbito geral, e à freguesia com o mesmo nome para análises de maior detalhe. Sem prejuízo do afirmado, o âmbito geográfico de análise poderá ser diferenciado para alguns descritores ambientais, mediante as suas necessidades específicas. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5 2.3.2. Âmbito temático O âmbito de análise do Relatório Ambiental é o Plano de Pormenor da Cavandela – Proposta de Ordenamento Final (Maio, 2009), que integra duas unidades operativas: Conjunto Turístico e Parque Empresarial. O relatório ambiental inclui a análise dos seguintes descritores: • Clima; • Geologia e geomorfologia; • Solos; • Hidrologia; • Hidrogeologia; • Qualidade do Ambiente; • Ecologia, flora e fauna; • Uso do Solo e Ordenamento do território; • Paisagem; • Património histórico-cultural; • Sócio-economia. 2.4. Metodologia O conteúdo do presente Relatório Ambiental resulta de trabalhos desenvolvidos na área do plano de pormenor entre Outubro de 2005 e Maio de 2009. O Relatório Ambiental é composto pelos seguintes capítulos: 6 • Introdução (Capítulo 1); • Objectivos e justificação do plano (Capítulo 2); • Descrição do plano (Capítulo 3); • Caracterização da situação ambiental de referência (Capítulo 4); • Avaliação de efeitos ambientais (Capítulo 5); • Integração de medidas ambientais (Capítulo 6); • Seguimento e monitorização do plano (Capítulo 7); • Conclusões (Capítulo 8). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Todos os descritores são abordados de uma forma integrada na região em estudo e na sua envolvente, mediante a realização dos seguintes trabalhos: • Análise das propostas de ordenamento do Plano de Pormenor e da sua área de influência; • Recolha e análise de elementos bibliográficos e cartográficos; • Trabalhos de campo; • Interpretação, análise e síntese dos dados de campo; • Cruzamento dos dados; • Elaboração do relatório. A representação cartográfica da informação é feita a diferentes escalas, consoante a natureza da informação a ilustrar, sendo em geral adoptada a escala 1:25 000. 2.5. Equipa técnica A entidade responsável pelo Relatório Ambiental é a NEMUS – Gestão e Requalificação Ambiental, Lda., sendo a equipa técnica coordenada pelo Dr. Pedro Bettencourt Correia (Quadro 2.5.1). Quadro 2.5.1 – Equipa técnica responsável pelo Relatório Ambiental Nome Pedro Bettencourt Formação Função Geólogo; Especialista em Geologia Marinha Direcção de projecto Clima, Hidrologia, Cláudia Fulgêncio Engenheira do Ambiente Ordenamento do Território, Solos, Qualidade do Ambiente Gestão da Qualidade Isabel Boavida Engenheira do Ambiente Hidrologia Sónia Alcobia Geóloga Geologia e Hidrogeologia Emanuel Viçoso Biólogo Ecologia e Fauna Rui Pedroso Biólogo Avifauna João Ferreira Biólogo; Doutorando em Biologia Flora Elisabete Teixeira Arquitecta Paisagista Paisagem Júlia Mendes Arquitecta Paisagista Ordenamento do Território Engenheiro do Ambiente Qualidade do Ambiente Ana Dias Economista Sócio-Economia Sofia Gomes Arqueóloga Património histórico-cultural Gonçalo Dumas Técnico SIG Cartografia e SIG Nuno Silva Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 7 Esta página foi deixada intencionalmente em branco. 8 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 3. Descrição do Plano 3.1. Objectivos O Plano de Pormenor da Cavandela desenvolve e concretiza propostas de organização espacial de uma área de 606,1 ha, classificada na Planta de Ordenamento do Plano Director Municipal de Castro Verde como “Solo de Transformação Condicionada”. Tendo em conta a estratégia definida pelo Plano Director Municipal no que concerne à melhoria das condições socio-económicas do concelho, constituem objectivos do Plano, de acordo com o Artigo 4.º do respectivo regulamento: • A concepção e estruturação da organização espacial destinada à implantação de empreendimentos de natureza turística; • A concepção e estruturação da organização espacial destinada ao acolhimento de parque empresarial para usos industriais e afins. Nesse sentido, pretende-se que: • a instalação de infra-estruturas e os diversos usos e actividades preconizadas no Plano assegurem elevados níveis de sustentabilidade ambiental, social e económica; • as acções de implementação do Plano assegurem a qualificação e a valorização da paisagem especialmente no que concerne à recuperação dos solos que demonstram situações de degradação e erosão; • o sistema de circulação no interior da Área de Intervenção garanta o acesso a todos os espaços públicos e de uso comum aos utentes deficientes. Os três eixos de orientação de desenvolvimento sustentável, propostos no Relatório que acompanha o Plano de Pormenor, nas dimensões sócio-cultural, ambiental e sócio-económica, têm como objectivo principal o desenvolvimento de uma comunidade turística de referência, a partir da gestão eficiente dos recursos locais. Na dimensão sócio-cultural destaca-se: • Promover a qualidade de vida e saúde, • Promover a valorização patrimonial e cultural, • Valorizar as culturas mediterrânicas presentes na Península Ibérica, especialmente as do Alentejo, da Estremadura Espanhola e Andaluzia; • Promover a solidariedade entre as populações de Castro Verde e Cavandela; • Fomentar o lazer e o desporto; Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 9 • Implementar novas modalidades de transportes amigos do ambiente, • Ampliar a oferta e qualidade dos equipamentos, bem como espaços de lazer de uso comum, que apoiem o convívio e a divulgação da educação ambiental e o respeito pela natureza; • Promover a fixação da população local através da criação de oportunidades de emprego; • Promover a formação profissional; • Promover uma acessibilidade universal. Na dimensão ambiental destacam-se: • O respeito pelas condições naturais do terreno e paisagem, a baixa impermeabilização, a protecção e a valorização dos biótipos e dos solos; • O incentivo ao baixo consumo da água, sua gestão e reciclagem eficientes, a promoção da sua retenção e infiltração, bem como a aplicação de regras certificação ambiental ao golfe, promovendo um baixo consumo na rega; • O aproveitamento da radiação solar, dos ventos predominantes e das amplitudes térmicas diárias no projecto bio-climático dos edifícios; • As medidas adicionais de conservação de energia; o incentivo ao uso de energias endógenas; o controlo da radiação solar em espaço urbano; • A qualidade dos ambientes interiores e exteriores, em termos acústicos, de conforto térmico e de qualidade do ar; a minimização das emissões e dos poluentes atmosféricos; • A valorização do uso dos materiais e recursos locais e de soluções construtivas de grande durabilidade e baixa manutenção; • As medidas de redução de produção de resíduos, evitando o desperdício, e assegurando o seu tratamento e reciclagem; • O fomento à mobilidade pedonal e assistida e a limitação ao uso de veículos privados; • O fomento à mobilidade colectiva; • O uso de indicadores de sustentabilidade, criados no desenvolvimento do Plano de Pormenor, bem como de sistemas de monitorização e gestão do ambiente natural e construído, para confirmar o sucesso das medidas propostas, assim como a sua continuidade no tempo. Na dimensão sócio-económica destacam-se: • A promoção do elevado desempenho pela economia das soluções e o baixo desperdício; • A escolha de tecnologias apropriadas, a adaptabilidade e dimensionamento às necessidades das populações visadas; • A dinamização de novas soluções empresariais e áreas de negócio no âmbito do ambiente, das indústrias artesanais, do uso de recursos locais e de forças económicas locais, a 10 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental promoção da agricultura integrada, a permacultura e usufruto das novas infra-estruturas num processo aberto à população visitante; • O desenvolvimento do comércio, da eco-indústria assim como do eco-turismo e o eco-golfe; • A promoção de iniciativas sócio-económicas para a população local. O Plano de Pormenor constitui o instrumento de ordenamento que define a concepção da forma de ocupação do solo, que serve de base para a elaboração dos projectos de execução das infra-estruturas e dos arranjos de exteriores e dos projectos de arquitectura destinados aos edifícios para os diversos usos nele preconizados. O Plano de Pormenor é constituído pelos elementos que constam do n.º 2 do artigo 92.º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro (na redacção republicada em anexo ao Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de Agosto), designadamente: i) regulamento; ii) planta de implantação e iii) planta de condicionantes, e é acompanhado por: a) Relatório e Extracto do Regulamento do Plano Director Municipal; b) Relatório de avaliação ambiental; c) Peças desenhadas. 3.2. Enquadramento geográfico A área de intervenção do Plano de Pormenor da Cavandela localiza-se na freguesia e concelho de Castro Verde (imediatamente a Oeste desta Vila), distrito de Beja, sub-região do Baixo Alentejo, e tem cerca de 606,1 hectares (desenhos 1 e 2, Volume II). Castro Verde está acessível pelo IP2 que liga à auto-estrada A2 (Algarve – Lisboa) e a Beja. A área do Plano de Pormenor é acompanhada a Sul pela mesma estrada e a Norte pela Estrada Municipal n.º 535, que permite a ligação da vila de Castro Verde a Casével e ao IC1. A área em estudo dispõe de diversos caminhos sem nenhuma ligação com o exterior, à excepção de um que comunica a Nascente com Castro Verde através da passagem inferior ao IP2. A área do Plano é atravessada por um ramal ferroviário (REFER) de acesso à mina de Neves Corvo. Esta barreira que subdivide a área em duas é interrompida por uma ponte ferroviária, no limite do terreno, que permite a passagem inferior do IP2 e da via de estabelecimento paralelo, no interior da área do Plano. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 11 3.3. Faseamento e acompanhamento das entidades Previamente à elaboração da proposta de Plano de Pormenor, foi desenvolvido pela empresa Cavandela Sociedade Imobiliária, Lda., um Memorando de Intenções Programáticas (Setembro de 2005), contendo as principais intenções de desenvolvimento para a área do Plano. A elaboração do Plano de Pormenor da Cavandela decorre do Protocolo assinado a 6 de Março de 2006 entre a Câmara Municipal de Castro Verde e a empresa Cavandela - Sociedade Imobiliária, Lda., estabelecido de acordo com a previsão do artigo 74º n.º 2 do Decreto-lei n.º 380/99 de 22 de Setembro (republicado com a redacção que lhe era dada na época pelo Decreto-Lei n.º 316/2007 de 19 de Setembro). Os termos de referência a observar no desenvolvimento dos estudos relativos à elaboração do Plano de Pormenor foram deliberados pela Câmara Municipal de Castro Verde a 15 de Fevereiro de 2006. Através do Edital n.º 130/2006 (DR n.º 55, II série, Apêndice n.º 25, 17 de Março de 2006) tornou-se pública a elaboração do PP da Cavandela, tendo os termos de referência sido submetidos a audiência pública. Com base nos termos de referência, foi desenvolvida a 1ª versão da Proposta de Ordenamento Preliminar do Plano de Pormenor. A 6 de Junho de 2006 foi realizada uma reunião entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR-Alentejo), a Câmara Municipal de Castro Verde e a equipa responsável pela elaboração do Plano de Pormenor para apresentação da 1ª versão da Proposta de Ordenamento Preliminar. Na acta desta reunião, a CCDR-Alentejo expressou que “Em termos gerais, considera-se que a análise realizada é consistente, que o conceito do projecto é interessante e que a proposta revela um bom domínio do desenho urbano e da arquitectura.” A 22 de Setembro de 2006 foi realizada uma reunião do Conselho de Opinião ao PP da Cavandela, e em Outubro de 2006 foi apresentada a 2ª versão da Proposta de Ordenamento Preliminar do Plano de Pormenor. Em informação datada de 5 de Dezembro de 2006 a CCDR-Alentejo teceu um conjunto de considerações relativas à mesma. A 4 de Junho de 2007 foi realizada uma reunião do Conselho de Opinião ao PP da Cavandela e a 3 de Julho de 2007 foi emitido parecer por parte da CCDR Alentejo. A 20 de Dezembro de 2007 foi realizada nova reunião entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR-Alentejo), a Câmara Municipal de Castro Verde e a equipa responsável pela elaboração do Plano de Pormenor. A 21 de Março de 2007 a Câmara Municipal de Castro Verde deliberou por unanimidade aprovar um aditamento ao protocolo celebrado com a Cavandela - Sociedade Imobiliária, Lda em 6 de Março de 2006, no qual houve um adiamento da data de conclusão do mesmo. 12 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A 17 de Maio de 2007 foi entregue à CCDR a 3ª versão da Proposta de Plano Preliminar (Maio de 2007). Desde essa data foram ponderadas as plantas finais do Plano de Pormenor, nomeadamente, a Planta de Condicionantes e a Planta de Implantação, e restantes peças desenhadas. Foram ainda amplamente discutidas com as entidades relevantes as opções do Plano tendo-se procedido à elaboração da 1ª versão da Proposta de Ordenamento Final, apresentada à Câmara Municipal de Castro Verde a 8 de Fevereiro de 2008. No dia 10 de Maio de 2008 foi realizada em Castro Verde uma sessão pública de apresentação do Plano de Pormenor. A 23 de Outubro de 2008 o PP foi submetido a Conferência de Serviços. A 26 de Junho de 2009, o PP foi novamente submetido a Conferência de Serviços, na qual o parecer desfavorável da AFN à proposta de Plano determinou a reformulação da mesma, assim como os condicionamentos referidos pelas outras entidades participantes. A 7 de Junho de 2010 teve lugar na Câmara Municipal de Castro Verde uma reunião entre o Presidente da Câmara e a Coordenadora do Plano, tendo como objecto a exposição do Problema da existência de um povoamento de sobreiros e azinheiras no âmbito do Plano e a definição da Estratégia a adoptar relativamente à continuação e conclusão do Plano de Pormenor. Deste modo, a estratégia e o conteúdo do Plano de Pormenor e do Relatório Ambiental foram discutidos com um conjunto significativo de entidades, designadamente, as seguintes: • Turismo de Portugal, I.P. (ITP) (ex-Direcção Geral de Turismo); • Associação das Regiões de Turismo do Alentejo (ARTA); • Região de Turismo Planície Dourada (RTPD) (esta entidade integra o Conselho de Opinião do Plano de Pormenor da Cavandela); • Agência Portuguesa de Investimento (API); • Alentejo XXI; • Agência para ao Desenvolvimento Local do Alentejo Sudeste (ESDIME); • Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro–Alimentar do Baixo Alentejo e Litoral (CEBAL); • Conselho Nacional da Indústria de Golfe (CNIG); • Associação de Municípios Alentejanos para o Ambiente (AMALGA); • Rede Ferroviária Nacional, EP (REFER); • Electricidade de Portugal (EDP); • Estradas de Portugal (EP); • Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR); Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 13 • Liga para a Protecção da Natureza (LPN) (esta entidade integra o Conselho de Opinião do Plano de Pormenor da Cavandela); • Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) ; • Autoridade Florestal Nacional (ex-Direcção Geral dos Recursos Florestais); • Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) (ex-Instituto Português de Arqueologia e ex-Instituto Português de Património Arquitectónico); • Associação de Regantes Beneficiários de Campilhas do Sado; • Autoridade Nacional de Protecção Civil; • Instituto Geográfico Português (IGP); • Direcção Regional da Agricultura e Pescas do Alentejo; • Direcção Regional da Economia do Alentejo. 3.4. Relação com outros planos e programas O Plano de Pormenor da Cavandela articula-se com os seguintes instrumentos de gestão territorial (cujo âmbito é identificado de acordo com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro): • - Instrumentos de âmbito Nacional: Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), aprovado pela Lei n.º 58/2007, de 4 de Setembro (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 80-A/2007, de 7 de Setembro); - Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) do Guadiana, aprovado pelo Decreto Regulamentar 16/2001, de 5 de Dezembro; • - Instrumentos de âmbito Regional: Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA) – aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2010, de 2 de Agosto (rectificada pela Declaração de Rectificação n.º 30-A/2010 de 1 de Outubro); - Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Baixo Alentejo, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 18/2006, de 20 de Outubro; O PROF foi suspenso parcialmente pela Portaria n.º 62/2011, de 2 de Fevereiro, que determina a suspensão, pelo prazo de dois anos, da aplicação dos artigos 32.º e 34.º a 38.º do regulamento anexo ao referido Decreto Regulamentar; 14 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • - Instrumentos de âmbito Municipal: Plano Director Municipal (PDM) de Castro Verde, ratificado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 59/93, de 02 de Setembro; com a alteração, aprovada pela deliberação n.º 2271/2010, de 7 de Dezembro, .por adaptação das normas incompatíveis com o PROTA – Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo; 3.5. Principais componentes do plano O Plano de Pormenor da Cavandela integra duas unidades de execução: • Conjunto turístico; • Parque empresarial. Conjunto turístico A organização espacial da área da Unidade de Execução I – Conjunto Turístico (UE I) assenta na transformação fundiária resultante de fraccionamento ou de operação de loteamento urbano, destinada à criação de lotes distintos e autónomos vinculados a espaços, edificações e a núcleos de instalações funcionalmente interdependentes: • Lote 1 – Agricultura e Desporto - Golfe • Lote 2 – Clube de Golfe • Lote 3 – Comércio e Serviços 1 • Lote 4 – Hotel e Serviços • Lote 5 – Portaria do Conjunto Turístico - Administração • Lote 6 – Comércio e Serviços 2 • Lote 7 – Estabelecimento Hoteleiro • Lote 8 – Comércio e Serviços 3 • Lote 9 – Comércio e Serviços 4 • Lote 10 – Comércio e Serviços 5 • Lote 11 – Aldeamento da Encosta I • Lote 12 – Aldeamento da Encosta II • Lote 13 – Aldeamento do Templo • Lote 14 – Comércio e Serviços 6 • Lote 15 – Comércio e Serviços 7 • Lote 16 - Equipamento • Lote 17 – Aldeamento da Ribeira Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 15 • Lote 18 – Aldeamento da Cumeada • Lote 19 – Aldeamento do Monte I • Lote 20 – Aldeamento do Monte II • Lote 21 – Aldeamento do Monte III • Lote 22 – Edifício de Apoio. O conjunto turístico ocupará a maior parte da área de intervenção do Plano de Pormenor, e prevê as seguintes componentes principais: • Golfe; • Dois hotéis; • Um Centro de Congressos; • Unidades de alojamento complementares; • Comércio e Serviços; • Actividades Empresariais; • Animação Urbana, Cultural e de Recreio/Lazer; • Produção/ transformação agrícola. A componente de golfe será uma das principais âncoras da globalidade do Conjunto Turístico e prevê a instalação faseada de um campo de golfe de 36 buracos, bem como a monitorização da concepção, construção e manutenção das práticas ecológicas. A componente hoteleira será integrada por duas tipologias de estabelecimentos: • um hotel de cinco estrelas com 302 Unidades de Alojamento e 453 camas; • um aparthotel de quatro estrelas com 75 Unidades de Alojamento e 113 camas. No conjunto das duas unidades hoteleiras prevê-se a criação (de forma separada ou não) de outras instalações, associadas ao bem-estar e saúde, nomeadamente uma Clínica de Saúde com Spa. A componente Unidades de Alojamento Complementares tem uma função de atracção de utentes temporários para o local, capazes de participarem activamente na vivência do mesmo, com uma valência de arrendamento. Inclui: • Blocos de apartamentos: a construção de unidades de alojamento desta modalidade abrange uma área bruta de construção total de cerca de 50 000 m2, correspondendo a cerca de 376 unidades; • Casas unifamiliares em banda e em Bloco: área bruta total de construção com aproximadamente 161 000 m2, a que correspondem cerca de 580 unidades; 16 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Casas unifamiliares Isoladas: com cerca de 153 unidades, abrangendo uma área bruta de construção total de cerca de 59 000 m2 A componente de animação e comércio poderá ser desenvolvida em três grandes categorias de actividades: culturais, desportivas e de saúde. Quanto às actividades desportivas prevê-se, complementarmente às actividades já existentes em Castro Verde, a instalação de uma academia de ténis idealmente com 12 campos e piscinas de apoio ao Conjunto Turístico; um complexo polidesportivo com campos de squash e ginásio; um complexo de piscinas exteriores; piscina biológica; circuitos de manutenção e centro de canoagem; centro equestre e campos de futebol. Quanto às actividades de saúde prevê-se um conjunto de serviços e equipamentos associados numa “Clínica de Saúde”, a acoplar à componente hoteleira: SPA, ginásio, clínica de estética, cardio fitness e consultas/tratamentos de osteopatia e nutrição; centro de enfermagem. A Clínica de Saúde deverá ser apoiada pelos meios adequados à evacuação de doentes, devendo estabelecer protocolos de cooperação com o Hospital de Beja. Propõem-se que as actividades culturais sejam integradas no Núcleo a propor, nos seus diferentes Aldeamentos ou nos espaços de uso comum, conferindo-lhes, assim, um carácter específico: um Centro de promoção e venda de produtos locais; actividades relacionadas com o ciclo da vida do Homem e da Natureza; um Centro de Interpretação do Ambiente Natural, em colaboração com associações da defesa do ambiente; um Centro de Espectáculos ao Ar Livre; um Templo de culto ecuménico/espaço de recolhimento; um Centro de Interpretação Histórico e Etnográfico; um Centro de Artes. Para além destas categorias, a componente da Animação Turística e Comercial deverá envolver um “centro” de comércio e serviços que integre o comércio tipo tradicional com lojas de porta aberta para a rua, composto, entre outras, por actividades, como por exemplo: mini mercado e supermercado; papelaria/tabacaria; lavandaria para os utentes; loja dos animais, associado a um serviço de veterinário; limpeza e manutenção de piscinas, domésticas ou de jardins; loja para jardinagem; organização de pequenos eventos; entregas ao domicílio; transportes para locais próximos, incluindo passeios turísticos; agência de marcações de bilhetes (para viagens ou para espectáculos, por exemplo); realização de pequenos trabalhos de construção civil ou reparações; serviços de segurança permanente, de pessoas e bens; creche. A componente de produção agrícola é considerada como um instrumento de apoio e um complemento para a criação de um ambiente característico, acolhedor e sustentável do ponto de vista ecológico, paisagístico e económico. Esta componente de produção agrícola tem em conta não só a rentabilidade Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 17 agrícola para consumo próprio no Empreendimento da Cavandela, mas também, um menor gasto na manutenção da paisagem e a integração de uma actividade educativa e recreativa. Parque Empresarial O “Parque Empresarial” será implantado numa área de 38,92 ha, no extremo poente da área de intervenção (a poente do Ramal Ferroviário que atravessa o terreno). O Parque Empresarial a instalar, no âmbito do Plano Pormenor deverá vir a ser implementado segundo um conjunto de princípios, designadamente: • Dar resposta às três grandes orientações enunciadas no âmbito da filosofia do desenvolvimento sustentável, através da integração de actividades industriais, complementar às necessidades ambientais do Empreendimento Turístico, promovendo, prioritarmente, as tecnologias e biotecnologias ambientais e agro-alimentares; • Colocação de barreiras naturais em volta de todo o perímetro do Parque que impeçam a passagem de qualquer tipo de poluição sonora e do ar para as áreas turísticas e residenciais de Cavandela; • Recusa de instalação de actividades poluentes, para o que devem ser definidos pré-requisitos de instalação neste domínio, designadamente, no que respeita ao ar, ao ruído, à utilização sustentável da água e da energia e no que respeita à contaminação de solos; • Implantação de indústrias de tipo 3 e 4 de acordo com a classificação em vigor; • Elaboração de um Parque Empresarial, com a previsão das infra-estruturas e equipamentos (ETAR própria, Vias e Estacionamentos, Portaria, Administração do Parque e outros apoios para as empresas) que o tornem apelativo e competitivo. 3.6. Proposta de ordenamento 3.6.1. Proposta de ordenamento urbano Seguidamente descreve-se a proposta de ordenamento das unidades operativas “Conjunto turístico” e “Parque empresarial”, assim como a proposta da rede de abastecimento de água, incluindo a construção de barragens, de rede viária e de estacionamentos. Conjunto turístico 18 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A organização espacial do Conjunto Turístico assenta num modelo de ocupação onde se destacam quatro áreas principais, que correspondem a diferentes unidades de paisagem: • Agricultura e desporto, corresponde à área de paisagem produtiva e ao golfe; • Cumeada, a que irá corresponder o Aldeamento da Cumeada; • Olival, onde se implantarão três aldeamentos (Monte I, II e III); • Tapada, onde se implantarão quatro aldeamentos (Aldeamento da Ribeira, Aldeamento da Encosta I e II e Aldeamento do Templo) e um estabelecimento hoteleiro. No Quadro seguinte apresenta-se um conjunto de parâmetros que caracterizam o conjunto turístico. Quadro 3.6.1 – Principais parâmetros que caracterizam o conjunto turístico Valores globais Conjunto turístico Área total (m2) 5.651.865 Área máxima de implantação (m2) 261.135 Área total rede viária (m2) 196.873 Área total espaço verde de uso comum (m2) Área da rede pedonal e praças Área total das barragens 452.080 (m2) 111 644 (m2) Área de construção máxima bruta acima do solo 133 021 (m2) Área de construção máxima bruta abaixo do solo (m2) 375.661 108.846 N.º máximo de camas 4.700 N.º máximo de unidades alojamento 1.522 N.º mínimo de lugares de estacionamentos nos lotes 1.942 N.º total de lugares de estacionamentos de uso comum 508 Fonte: PP da Cavandela – Proposta de Ordenamento Final (Abril de 2011) Parque empresarial A organização espacial da área da Unidade de Execução II – Parque Empresarial assenta na operação de transformação fundiária dirigida à criação de 29 lotes individuais e autónomos, destinados à instalação de serviços e de actividades industriais dos Tipos 3 e 4, de acordo com a classificação estabelecida na legislação aplicável. Está previsto um espaço-verde tampão de uso colectivo, que isolará sonora e visualmente o Parque Empresarial, do IP2 e do Conjunto Turístico. Outro espaço-verde, a Poente do Ramal de Neves-Corvo, na continuidade/ ortogonalidade do anterior, assegurará a criação de uma barreira visual e sonora entre o Parque Empresarial e o Conjunto Turístico. O Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 19 espaço-verde proposto, na área de RAN, será um parque, de uso colectivo. Complementarmente, criar-seão alinhamentos de árvores que acompanharão, lateralmente, as vias principais do Parque. Será criado um Edifício Central, tendo como objectivo constituir-se como uma referência regional, nacional e internacional da aplicação transversal e global dos princípios do desenvolvimento sustentável. O programa arquitectónico a desenvolver neste edifício, terá três áreas fundamentais: • uma Unidade Central de Gestão e Monitorização das Tecnologias e Biotecnologias Ambientais (U.C.G.M.); • um Centro de Desenvolvimento de Tecnologias e Biotecnologias Agroalimentares e Ambientais (C.D.T.); • Um Centro de Informação Ambiental (C.I.A). A Unidade Central de Gestão e Monitorização das Tecnologias e Biotecnologias Ambientais terá como função: • A gestão da monitorização da qualidade das águas e seus sistemas; • A operação e gestão de sistemas activos de energias renováveis; • A manutenção do sistema de indicadores de sustentabilidade previsto; • O apoio aos utentes, especialmente na operação dos edifícios solar passivos, serviços públicos alternativos, sistema de separação de resíduos; • O acompanhamento e gestão de programas, contratos no âmbito da energia e ambiente; • A gestão e monitorização ambiental do golfe e do Empreendimento; • A fiscalização e actualização dos indicadores de sustentabilidade. Poderá ainda acumular funções de: • Monitorização de níveis sonoros, qualidade dos solos e outros parâmetros ambientais; • Coordenação e gestão das obrigações de certificação energética e de certificação de edifícios. O Centro de Desenvolvimento de Tecnologias e Biotecnologias Agro-alimentares e Ambientais conterá um “Laboratório de Projectos” e um “Hotel de Empresas” a ser utilizado temporariamente, por empresas que tenham a intenção de se implantarem permanentemente no Parque Empresarial. O Centro de Informação Ambiental, terá como missão a promoção e a divulgação, junto das empresas, dos grandes objectivos e princípios adoptados e a adoptar no desenvolvimento do Empreendimento Turístico. Este centro poderá, ainda, participar na divulgação das boas práticas e educação ambientais. 20 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Está, ainda, previsto um heliporto, a ser construído no Parque Empresarial, de forma a assegurar a ligação aos utentes do Conjunto Turístico, que necessitam deste transporte por razões de acessibilidade e/ou emergência. No Quadro seguinte apresenta-se um conjunto de parâmetros que caracterizam o parque empresarial. Quadro 3.6.2 – Parâmetros que caracterizam o parque empresarial Valores globais Parque empresarial Área total (m2) 389.243 Área total dos lotes (m2) 172.396 Área dos lotes comercializáveis 150.621 Área total de uso comum 216.847 Área rede viária 33.138 Área máxima de construção 87.578 Área máxima de construção industrial 78.127 Área máxima de construção equipamentos 9.451 N.º lugares mínimo de estacionamento público de ligeiros 208 N.º lugares mínimo de estacionamento público de pesados 31 Área espaço verde de uso comum 183.709 Área espaço verde de uso privado 93.793 Fonte: PP da Cavandela – Proposta de Ordenamento Final (Abril de 2011) Rede de Abastecimento de água Consumo humano de água e medidas propostas para a sua redução A água a utilizar na rede de distribuição de água de consumo humano do Empreendimento Turístico da Cavandela deverá ser originária de duas fontes possíveis: • Rede pública; • Água proveniente de furos, caso se venha a verificar a sua possível utilização. A quantidade de água necessária varia, num lado, com a oscilação ao longo do ano, sendo previsível que tenham um pico de consumo nos meses de Primavera e Outono, altura em que se prevê que o Empreendimento Turístico esteja a 100% da sua capacidade de ocupação, e, no outro lado, com o tipo de actividades associadas ao consumo. Está prevista a implementação de diversas medidas de forma promover a redução do consumo humano, através das quais se poderá atingir o limite de uma capitação da ordem dos 185 litros/dia. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 21 O abastecimento de água para consumo humano do empreendimento turístico da Cavandela será assegurado pelo respectivo concessionário público, que deverá garantir uma capacidade de alimentação da ordem de 270 a 868 m3/dia, conforme a altura do ano. Esta água será armazenada em diversos reservatórios colocados criteriosamente dentro do empreendimento turístico de forma a ficarem apensos a cada um dos aldeamentos. Optimização do aproveitamento das águas de escoamento para a rega da paisagem produtiva e golfe No que se refere às necessidades de água do Empreendimento Turístico da Cavandela, identificam-se os seguintes centros de consumo: • Campos de Golfe (Consumo anual previsto – 476.640 m3); • Paisagem produtiva (Consumo anual previsto – 345.000 m3 nos primeiros anos, e 525.500 m3 na fase de pleno funcionamento); • Espaços verdes não produtivos (Consumo anual previsto – 234.500 m3,nos primeiros anos, e35.000 m3 na fase de pleno funcionamento). Relativamente à água a utilizar na rede de rega do Empreendimento, esta poderá ser originária de quatro fontes possíveis: • Água proveniente do escoamento superficial armazenada nas barragens; • Água tratada proveniente das ETAR’s de Castro Verde e do PE (Parque Empresarial); • Água proveniente de furos, caso se venha a verificar a sua possível utilização, permitidos no lote 1 – Agricultura e Desporto – Golfe, unicamente. • Rede pública – em caso de falta de água no empreendimento (situação excepcional). Quanto às quantidades de água necessárias, estas terão uma oscilação ao longo do ano, sendo previsível que tenham um pico de consumo nos meses de Primavera e Outono, altura em que se prevê que o Empreendimento Turístico esteja a 100% da sua capacidade de ocupação. Estão previstas diversas medidas para atingir os patamares de consumo estabelecidos nos objectivos do Plano de Pormenor, nomeadamente relativas ao Campo de Golfe, e que determinam a redução anual do consumo de água para rega, relativamente ao que seria esperado num empreendimento turístico semelhante, da ordem de 3.000.000 m3/ ano. Em caso de seca, não existindo água nas barragens suficiente para a alimentação do campo de golfe e do montante mínimo para evitar a perda de culturas, em especial a vinha e o parque da tapada, prevê-se a 22 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental necessidade de alimentação máxima da ordem de 150,5 m3/ dia para as culturas atrás mencionadas, bem como de 2.600m3/ dia para o golfe. A rega do campo de golfe e das culturas que configuram a Paisagem, será assegurada, também, pela água cinzenta, proveniente do tratamento terciário das ETAR’s, utilizada directamente pelos sistemas de bombagem da rega a partir dos depósitos associados ou das barragens previstas. Barragens Para a rega das áreas agrícolas e para amenizar a paisagem prevêem-se quatro planos de água, de dimensão considerável, fora da Tapada, sendo que um (barragem B) já existe actualmente. Estas barragens são alimentadas, quer pela precipitação através do escoamento superficial das linhas de água naturais, quer pelo excesso de água cinzenta da ETAR de Castro Verde conduzido, através de conduta e bombagem associada, para a barragem C ou, em alternativa, para várias barragens em função do plano de rega e transvases a definir com rigor, em fase posterior de desenvolvimento do projecto. As localizações e características previstas são as seguintes: • Barragem A (Barragem Grande): com cerca de cerca de 540 000 m3 de volume e 7 ha de área, localizar-se-á a Norte, na Ribeira da Horta da Nora, a montante da actual barragem; • Barragem B (Barragem Primeira): com cerca de 100 000 m3 de volume e 4,8 ha de área; constitui a actual barragem da Ribeira da Horta da Nora; • Barragem C (Barragem da Cova dos Mouros): com cerca de 60 000 m3 de volume e 1,7 ha de área, localizar-se-á a Nascente do marco geodésico, no local da Cova dos Mouros; • Barragem D (Barragem da Cavandela) : com cerca de 96 000 m3 de volume e 3,5 ha de área, e de carácter mais estético e de amenização ambiental, localizar-se-á na linha de água quem vem da Tapada. O sistema tem em conta o número de pessoas no Conjunto Turístico, tendo sido elaborados cenários para 1.000, 2.000, 3.000, 4.000 e 4700 utentes com uma estratégia em 3 patamares diferentes de consumo: • 28.000m3/ ano – Correspondente ao mínimo necessário para poder manter a paisagem criada, nomeadamente com o parque da Tapada; • 150.000m3/ ano – Correspondente ao item anterior, acrescentando as necessidades da vinha (partindo do pressuposto que a associação dos regantes não fornecerá água para a mesma); • 565.400m3/ ano – Correspondente à totalidade da rega dos espaços verdes. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 23 As lagoas previstas para armazenamento terão cerca de 8 metros de profundidade máxima e uma conformação volumétrica, tão optimizada quanto possível, pelo que a sua conformação deverá ser profunda e, idealmente, de superfície circular, sendo acompanhadas por um enquadramento exterior com talude arborizado. Das barragens distribuídas pelo território far-se-á a bombagem para a rega das áreas plantadas, aproveitando a sua localização geográfica. Antes do enchimento das barragens, as suas margens serão desmatadas e a terra superficial (habitualmente denominada “terra viva” ou “terra vegetal”) decapada, aproveitando-se a terra, de melhor qualidade, para colocar nas futuras áreas a plantar. Dado que o nível da água destas albufeiras terá grande variação, e prolongados períodos em que os taludes ficam em terra “nua”, prevê-se que o seu perímetro tenha um enquadramento protegido por vegetação densa e alta, das espécies da galeria ribeirinha. Rede viária e estacionamentos Acessos A ligação rodoviária da área de intervenção à rede rodoviária nacional realiza-se através de três pontos distintos, a Norte, a Nascente e a Sul, definidos de acordo com um compromisso de optimização entre o modelo de mobilidade interna pretendido para o Empreendimento, as vias que o servem e com o tráfego a suportar, para o qual de resto se elaborou um estudo de tráfego (ver Desenho 16 do Plano de Pormenor). Ligação a Norte – EM535 Neste ponto prevê-se uma ligação à Estrada Municipal 535, através de um entroncamento (a projectar), num troço de via que se apresenta em alinhamento recto e com orografia suave e que consequentemente reúne as condições necessárias para a implantação de uma solução deste teor. Prevê-se que esta ligação à Rede Rodoviária Nacional venha a constituir sobretudo um acesso ao tráfego oriundo ou destinado a Castro Verde numa vertente de serviço, como sejam o acesso de funcionários ou fornecedores locais com produtos destinados ao núcleo do Empreendimento. Ligação a Nascente – IP2 A Nascente do Empreendimento prevê-se uma ligação à Rede Rodoviária Nacional Fundamental (IP2) através da beneficiação de um nó rodoviário na confluência da EN2 com o IP2, a Poente de Castro Verde. 24 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Esta ligação constitui-se como fundamental para o Empreendimento uma vez que será aqui que se deverá localizar o principal acesso dos visitantes ao empreendimento e se pretende realizar a principal ligação à Rede Rodoviária Nacional, em geral, e a Castro Verde, em particular. Acesso Sul – Estrada Regional / Nó de Piçarras (IP2) A Sul do Empreendimento propõem-se uma ligação de nível à Estrada Regional 123 / Nó de Piçarras (IP2) através de um entroncamento (a projectar). Para este acesso reserva-se o acesso do parque empresarial do Empreendimento à Rede Rodoviária Nacional, que fundamentalmente articulará o tráfego característico deste tipo de contexto. Rede Viária A rede viária prevista foi concebida tendo em conta as soluções de ordenamento urbanístico preconizadas no Plano e foram hierarquizadas de acordo com a seguinte classificação: • Rede primária: vias principais; • Rede secundária: vias colectoras e distribuidoras; • Rede Local: vias de distribuição local; vias de acesso local. As características genéricas das vias são apresentadas no artigo 24º do regulamento do PP. Considerando os parâmetros de dimensionamento da rede viária, a velocidade de circulação varia entre 20 e 50Km/h no caso do Conjunto Turístico, e é de 30 km/h no caso do parque empresarial. Está prevista uma rede de circuitos pedonais e de ciclovias (cf. Desenho 18 do PP). De referir, a ligação pedestre e ciclável a Castro Verde, através da passagem inferior existente sob a actual IP2, no lado Nascente da Área do Plano de Pormenor. Mais a Sul, propõe-se uma outra ligação pedonal e ciclável da área de intervenção do P.P. ao outro lado da IP2, na continuidade do Aldeamento da Cumeada, que deverá ser estudada em conciliação com as entidades envolvidas. Estacionamentos O primeiro parque, de maior dimensão, localizar-se-á à entrada da Tapada, de forma a inibir, ao máximo, a entrada de carros dentro do núcleo e, ao mesmo tempo, de forma a dar apoio aos espaços e actividades contíguos (o Hotel, o Clube de Golfe e as zonas de Comércio e Serviços da Praça dos Plátanos e da Alameda). No interior da Tapada, onde existirá uma maior concentração de utentes, prevêem-se estacionamentos subterrâneos, sob os blocos de apartamentos. Estes estacionamentos subterrâneos, serão Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 25 complementados, por outros na superfície, organizados em bolsas e/ou ao longo das ruas/ estradas e praças. 3.6.2. Estrutura ecológica A Estrutura Ecológica na Área de Intervenção é composta pelas seguintes categorias de espaços: • a) Espaço Produtivo de Enquadramento e de Prática Desportiva - Golfe que integra um conjunto de espaços destinados a usos diversos, designadamente, produção agrícola e florestal, compatibilizadas com as práticas de golfe, recreio e passeio, que assegure o enquadramento e compartimentação da paisagem; • b) Praças, que correspondem a espaços de referência ambiental urbana para uso comum, com geometria e traçado geradores do desenho urbano que assegure a ecologia urbana, o conforto ambiental e o convívio social em segurança; • c) Avenidas e Ruas Arborizadas, indicadas no Desenho 1A do Plano de Pormenor , que correspondem à Via Principal do núcleo central da Unidade de Execução I - Conjunto Turístico (UE I), Vias colectoras e distribuidoras e à via pedonal e ciclável definidos pelo geometria do muro da Tapada e à rede primária e secundária da Unidade de Execução II - Parque Empresarial (UE II) • d) Parques e Jardins, diferenciando-se uma área correspondente ao Parque de Regadio, e uma área de Parque de Sequeiro, localizadas no interior da Tapada, e áreas de jardins, os quais incluem os espaços verdes de uso comum dos aldeamentos, os espaços verdes de uso comum das fracções de uso plural, e os logradouros privativos das fracções de uso individual, e que correspondem aos espaços ao ar livre, onde é privilegiada a utilização predominante de revestimentos vegetais, destinados ao uso e fruição individual ou colectiva, nos quais devem ser criadas condições de conforto em épocas de situações climáticas extremas, designadamente, através da introdução de elementos de água e de sombra. 3.6.3. Faseamento do plano A concretização do Plano assenta nas seguintes Unidades de Execução: 26 • A Unidade Operativa – Conjunto Turístico, UE1; • A Unidade Operativa – Parque Empresarial, UE2. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O faseamento espacial previsto para a implementação do Plano de Pormenor é o disposto no capítulo VI do Regulamento. Prevê-se que o Plano seja implementado em quatro fases, tendo cada uma a duração de quatro anos. Considera-se assim que a implementação do plano será efectuada em 16 anos. A ocupação prevista na fase de plena exploração do Conjunto Turístico variará entre os 1000-2000 utentes nos meses de Verão e de Inverno e os 4700 utentes nos meses de Primavera e Outono (PP da Cavandela – Proposta de Ordenamento Final, Abril de 2011). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 27 Esta página foi deixada intencionalmente em branco. 28 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4. Caracterização da Situação Ambiental de Referência 4.1. Introdução Este capítulo trata da caracterização da área de intervenção do Plano de Pormenor quanto ao seu estado actual e quanto à evolução prevista da mesma área sem a aprovação do plano, servindo de base à posterior identificação de efeitos ambientais (Capítulo 5). Deste modo serão analisados os principais descritores ambientais susceptíveis de serem afectados, nas vertentes biofísica, de qualidade do ambiente, sócio-económica e patrimonial, nomeadamente: • Clima; • Geologia e Geomorfologia; • Solos; • Hidrologia; • Hidrogeologia; • Qualidade do ambiente; • Ecologia, Flora e Fauna; • Paisagem; • Uso do solo e Ordenamento do Território; • Sócio-economia; • Património histórico-cultural. Considerou-se suficiente como escala de base de trabalho a 1/25 000, materializada em termos gráficos em extractos das Cartas Militares de Portugal nº 547 e 548 do Serviço Cartográfico do Exército. No entanto, sempre que justificável tendo em conta a análise a realizar (nomeadamente no descritor Ecologia), foi incrementado o nível de pormenor (ou seja, reduzida a escala de análise) até à escala 1/5 000. Os onze sub-capítulos seguintes correspondem aos descritores ambientais a analisar, no âmbito dos quais se apresenta a metodologia específica utilizada para a respectiva caracterização. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 29 4.2. Clima 4.2.1. Introdução A área do Plano de Pormenor da Cavandela insere-se no interior Sul alentejano, no concelho de Castro Verde. A caracterização climática da área de estudo foi elaborada com base nos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG, 1991) em O Clima de Portugal (Fascículos XLIX e XXIV) e por estações meteorológicas da rede de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos do Instituto da Água (INAG – http://snirh.inag.pt). Os factores climáticos analisados neste descritor incluem: a temperatura média do ar (a média das máximas e a média das mínimas), a precipitação, a humidade do ar, os ventos, a nebulosidade, a insolação, a evaporação, a evapotranspiração real e potencial e outros meteoros (geada, nevoeiro, orvalho, granizo e trovoada). As estações que estiveram na base da caracterização climática da área em estudo foram as estações de Beja e Alvalade, da responsabilidade do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, e os registos das estações meteorológicas da rede de monitorização do SNIRH (Desenho 3, Volume II). No Quadro 4.2.1 apresenta-se a posição geográfica, a altitude e o período de funcionamento das estações do SNIRH cujos dados serviram de base à caracterização da situação de referência do presente descritor. Quadro 4.2.1 – Características das Estações Meteorológicas do SNIRH Estação Hidrométrica Código Nome Localização M (m) P (m) Nº de anos Altitude Bacia com (m) Hidrográfica registos completos 27H/01 Panóias 184805 87851 175 Sado 61 26I/03 Aljustrel 197000 100109 223 Sado 68 27I/01 Castro Verde 203510 81240 180 Guadiana 69 27H/02 Barragem do Monte da Rocha 186415 84519 140 Sado 17 28J/03 Santa Bárbara Padrões 213394 74313 250 Guadiana 21 28I/02 Rosário (Almodôvar) 204594 70635 250 Guadiana 21 Fonte: Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (www.snirh.inag.pt – 27/10/05) A Estação de Castro Verde é a que se encontra mais próxima da área de intervenção. Com a finalidade de complementar a caracterização do clima da região em estudo, este é descrito segundo as metodologias de classificação climática de três autores: Emberger, Thornthwaite e Gaussen. 30 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.2.2. Caracterização climática 4.2.2.1. Temperatura média mensal A temperatura média do ar é um dos factores cuja análise é fundamental numa abordagem climática. Neste sub-capítulo, analisam-se as temperaturas médias mensais, as máximas mensais e as mínimas mensais, importantes na definição do clima da região. Os valores médios obtidos na estação meteorológica de Panóias (27H/01), da rede de monitorização do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos do Instituto da Água, referentes às temperaturas médias mensais do ar em °C, constam do gráfico seguinte. 30 Te m pe ra tura (º C) 25 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Figura 4.2.1 – Valores de temperatura média mensal do ar; Panóias (1959/1979) Uma análise dos dados mostra que as temperaturas médias do ar sobem até aos 23,2 e 23,4 ºC no mês de Julho e Agosto, respectivamente. No período analisado, de 1959 a 1979, a estação de Panóias registou uma temperatura média anual de 16,1 ºC, característica de um clima mediterrâneo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 31 35 30 Te mp e ra tu ra (º C) 25 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Média Jul Minima Ago Set Out Nov Dez Maxima Figura 4.2.2 – Valores de temperatura média mensal do ar; Beja (1956/1980) Na estação de Beja as temperaturas médias sobem até aos 23,8 ºC no mês de Agosto, mês que, em termos médios, regista os valores mais elevados de temperatura. No período analisado, Beja registou uma temperatura média anual de 16,1 ºC, valor igual ao registado na estação de Panóias. 35 30 Te m pe ra tu ra (ºC ) 25 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Média Jun Jul Minima Ago Set Out Nov Dez Maxima Figura 4.2.3 – Valores de temperatura média mensal do ar; Alvalade (1951/1980) Os gráficos apresentados permitem afirmar que as diferenças nos valores de temperatura são mínimas entre as três estações. Em termos médios, o mês que registou a temperatura média mensal mais elevada nas estações de Beja e Panóias foi o mês de Agosto, com valores de 23,8 ºC e 23,4 ºC, respectivamente. A estação de Alvalade registou a temperatura mais elevada no mês de Julho, com 22,6 ºC. Os valores da temperatura mínima registam-se nos meses de Dezembro e Janeiro. Na estação de Panóias a temperatura mínima registada no mês de Janeiro foi 10 ºC, na estação de Beja foi 9,5 ºC e na estação de Alvalade foi 9,8 ºC. 32 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental As curvas de temperatura são bastante semelhantes nas três estações, não se registando diferenças significativas na variação ao longo do ano (Figura 4.2.4). Embora as diferenças entre os valores de temperatura das três estações sejam pouco notórias, elas indicam, ainda assim, uma pequena diferença que deriva da maior proximidade ao oceano por parte da estação de Alvalade, ao contrário da de Beja, que se situa numa posição geográfica mais interior. De facto, o efeito modulador do oceano sobre as temperaturas leva à diminuição da amplitude térmica, por oposição ao efeito da continentalidade, que conduz a temperaturas extremas notórias e maiores amplitudes térmicas. 25 Te m pe ra tu ra (ºC ) 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Beja Jun Jul Panóias Ago Set Out Nov Dez Alvalade Figura 4.2.4 – Valores de temperatura média mensal do ar em Beja (1951/1980), Panóias (1959/1979) e Alvalade (1951/1980) A amplitude térmica anual define-se como sendo a diferença entre os valores da temperatura média do ar do mês mais quente e a temperatura média do ar no mês mais frio, e corresponde a 13,4 ºC em Panóias, 14,3 ºC em Beja e 12,8 ºC em Alvalade. Os gráficos apresentados registam uma variação bastante significativa da temperatura ao longo do ano, característica do clima mediterrâneo. A curva dos valores médios de temperatura evidencia a existência de dois períodos distintos: a estação quente, que inclui os meses de Julho, Agosto e Setembro, com temperaturas acima dos 20 °C; e a estação fria, englobando os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, com temperaturas menores ou iguais a 10 ºC. Entre as duas estações do ano, as temperaturas médias possuem um carácter intermédio contribuindo para a amenização do clima. As temperaturas da área de estudo resultarão, em aproximação, de uma média entre as estações consideradas neste sub-capítulo (Beja, Panóias e Alvalade), assemelhando-se mais à estação de Panóias, por esta se encontrar mais próxima da área de estudo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 33 4.2.2.2. Precipitação média A precipitação varia de local para local de acordo com os diversos factores que a condicionam. Entre estes factores contabilizam-se a altitude, a distância ao oceano, a posição relativa à orografia (a montante ou a jusante do vento), entre outros. O interior alentejano possui um regime de pluviosidade característico de uma zona semi-árida (seca e quente). Deste modo, regista-se uma variabilidade intranual acentuada, em que os meses chuvosos (Dezembro a Março) são responsáveis por mais de metade da pluviosidade anual. Por outro lado, a variação interanual também é elevada, verificando-se que os quantitativos de precipitação variam significativamente entre um ano seco e um ano húmido típicos. Por vezes a precipitação registada num ano húmido é mais do dobro da registada em ano seco. No quadro seguinte observam-se os dados referentes a este parâmetro climatológico para as estações de Castro Verde, Aljustrel, Panóias, Barragem do Roxo, Santa Bárbara dos Padrões, Rosário, Beja e Alvalade. Quadro 4.2.2 – Valores de precipitação média mensal e anual para as estações em estudo Meses J F M A M J J A S O N D Ano Castro Verde (1951/1980) 80,2 78,7 74,7 48,1 32,6 18,0 1,1 1,8 17,3 62,0 66,5 82,6 563,6 Aljustrel (1932/2000) 77,9 61,5 63,7 52,7 37,7 13,2 3,6 1,6 21,7 54,0 70,7 82,8 541,1 Panóias (1934/1995) 68,8 65,2 60,7 49,0 36,7 15,6 3,2 1,6 19,8 58,4 68,6 78,9 526,5 B. do Roxo (1980/2000) 50,6 48,8 37,1 63,5 37,8 13,4 2,8 3,4 26,6 66,9 69,1 71,1 490,9 S. B. Padrões (1979/2000) 49,7 39,9 34,6 54,7 43,6 7,1 4,1 2,3 18,9 51,1 73,2 78,3 457,4 Rosário (1979/2000) 65,0 49,2 42,8 63,2 38,7 7,4 3,0 2,8 27,3 66,3 93,9 102,3 561,7 Beja (INMG) 83,2 83,0 80,2 48,9 35,0 26,2 1,2 2,5 18,8 67,0 73,7 85,9 605,6 Alvalade (INMG) 82,0 78,4 71,0 40,7 29,2 15,6 1,8 2,0 20,4 61,2 72,1 82,2 556,6 Estação Fonte: Dados do INMG, 1991 e www.snirh.inag.pt (Outubro de 2005) Legenda: Valores de precipitação ≥ 90 mm Valores de precipitação 70≤P ≤ 90 mm Valores de precipitação 5<P <70 mm Valores de precipitação ≤ 5 mm De acordo com os dados apresentados no Quadro 4.2.2, podem-se tirar as seguintes conclusões: • Observa-se um período, entre os meses de Julho e Agosto, onde os valores de precipitação registados são quase nulos, sendo sempre inferiores a 5 mm; 34 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • O período mais chuvoso inclui os meses de Outubro a Março; • A estação meteorológica de Santa Bárbara Padrões é a que regista os menores valores de pluviosidade, em oposição à estação meteorológica de Beja onde se registam os maiores valores de pluviosidade; • O valor da precipitação média anual na área de intervenção rondará os 564 mm, valor registado na estação meteorológica de Castro Verde, que se situa a cerca de 200 m da mesma Os valores da precipitação máxima diária registados na estação de Castro Verde variam entre os 74 mm em Outubro e os 8,3 mm em Julho. Os valores de precipitação iguais ou superiores a 10,0 mm (precipitação intensa) correspondem normalmente a situações associadas à passagem de sistemas frontais. A informação acerca do número médio anual de dias com precipitação ≥ 10 mm, contabiliza cerca de 18 dias na estação de Castro Verde (Quadro 4.2.3). No Quadro apresenta-se, ainda, o número de dias com ocorrência de precipitação na estação de Castro Verde, considerando-se estar na presença deste meteoro sempre que a precipitação for superior a 0,1 mm. Quadro 4.2.3 – Número de dias em que a precipitação média mensal foi superior a 10 mm e 0,1 mm na estação de Castro Verde Meses J F M A M J J A S O N D Ano Nº de dias P>0,10 mm 11 11 10 7 6 3 0 0 2 7 9 10 76 Nº de dias P>10 mm 2 3 3 2 1 0 0 0 0 2 2 3 18 Estação Fonte: INMG, 1991 Conclui-se assim, de acordo com a informação do quadro 4.2.3, que em Castro Verde o regime pluviométrico é regular, a pluviosidade distribui-se por cerca de 76 dias ao longo do ano, sendo que em apenas 18 desses dias se registam chuvas intensas. Os meses onde a ocorrência de precipitações é nula ou quase nula são os meses de Julho e Agosto. Os dados analisados indicam que o regime pluviométrico é semelhante para todas as estações consideradas, registando-se apenas diferenças nos quantitativos de cada local. O regime pluviométrico da área em estudo assemelha-se ao registado nas estações em análise, onde se regista um Inverno chuvoso e um Verão seco e quente sendo que em Julho e Agosto praticamente não se regista precipitação. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 35 4.2.2.3. Humidade relativa do ar A humidade do ar corresponde à quantidade de vapor de água na atmosfera resultante da evaporação das superfícies aquáticas e do solo, da transpiração dos seres vivos e das combustões, estando intimamente relacionada com a temperatura e a existência de água disponível na superfície. A humidade relativa do ar medida nas estações climatológicas de Beja e de Alvalade encontra-se expressa nos gráficos das Figuras 4.2.5 e 4.2.6. Os dados reflectem o estado hidrométrico do ar pela manhã (6h), ao meio do dia (12h) e de tarde (18h), no caso de Beja, e o estado hidrométrico do ar pela manhã (9h) e de tarde (18h) no caso de Alvalade. 100 H um ida de re la tiv a d o a r (% ) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 6h Ago 12 h Set Out Nov Dez 18 h Figura 4.2.5 – Humidade relativa do ar ao longo do ano; Beja (1956/1980) 100 H um id a de re la tiv a do a r ( % ) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 9h Ago Set Out Nov Dez 18 h Figura 4.2.6 – Humidade relativa do ar ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) 36 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Nas figuras apresentadas observa-se que ocorrem alterações significativas no parâmetro humidade relativa do ar ao longo do ano. Estas variações são principalmente condicionadas pela oscilação da temperatura e pela natureza das massas de ar, podendo admitir-se que uma variação de temperatura provoca, regra geral, uma variação da humidade, sendo essa variação indirectamente proporcional, ou seja, à medida que a temperatura aumenta, a humidade diminui. Os valores máximos de humidade ocorrem durante a manhã, em ambas as estações, embora na estação de Beja este valor seja relativamente superior visto que foi medido mais cedo, às 6h da manhã. Esta diferença acentua-se nos meses de Verão, em que se verifica uma elevada humidade do ar no período da manhã em comparação com o período da tarde. A média anual neste período do dia ascende aos 90%, nas duas estações. Nos períodos do meio-dia e da tarde, a estação de Beja registou uma humidade consideravelmente inferior (cerca de 60%) e a estação de Alvalade registou, no período da tarde (18h), uma humidade igual a 65%. A estação de Alvalade encontra-se junto ao Rio Sado e próxima do mar. Esta proximidade às massas de água faz com que os valores de humidade do ar registados sejam relativamente superiores aos registados em Beja. Verifica-se que a humidade relativa do ar em Beja e Alvalade apresenta os valores mais elevados nas manhãs dos meses de Inverno, valores que diminuem durante o dia até ao final da tarde. Nos meses de Verão a humidade relativa é mais baixa e diminui mais notoriamente ao longo do dia. No Verão, a diferença de humidade entre a manhã (6h) e a tarde (18h) é considerável, atingindo valores de cerca de 50% nos meses de Julho e Agosto na estação de Beja. Na área em estudo, por estar localizada no interior Alentejano, serão de esperar valores de humidade mais próximos dos registados na estação de Beja. 4.2.2.4. Vento Os parâmetros frequentemente utilizados para caracterizar o regime dos ventos são: a velocidade média (km/h), o rumo, a frequência (%) e as situações de calmaria (c), que ocorrem quando a velocidade do vento é inferior a 1,0 km/h e sem rumo determinável. Na estação de Beja (Figura 4.2.7), registam-se algumas variações, nomeadamente na frequência dos ventos. Em Beja a velocidade média anual dos ventos não varia significativamente de acordo com o rumo, no entanto, registam-se valores médios mais elevados para os rumos SW (18 km/h), W (16,9 km/h), S (16,1 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 37 km/h), SE (15,9 km/h) e NW (15,2 km/h). Para os restantes rumos a velocidade média anual é semelhante e ronda os 12 km/h. N 30 25 20 15 10 5 0 NW W NE E m SW SE S F (%) Vm (km/h) Figura 4.2.7 – Frequência e velocidade média do vento; Beja (1956/1980) Relativamente à frequência dos vários rumos de vento, observa-se que prevalecem os do quadrante W, onde o rumo W contribui com 28%, o rumo NW com 15,7% e o rumo SW com 12,6%. Os restantes rumos têm frequências semelhantes, não superiores a 10%. Segundo o INMG (1991), em Beja os ventos de rumo W são mais frequentes nos meses de Junho a Agosto inclusive, com velocidades médias de cerca de 17 km/h. Na estação de Alvalade (Figura 4.2.8) os ventos predominantes são do rumo NW e N, com frequências de 21,3 e 11,3 %, respectivamente. NW W 25 20 15 10 5 0 N NE E m SW SE S F (%) Vm (km/h) Figura 4.2.8 – Frequência e velocidade média do vento; Alvalade (1951/1980) 38 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Em Alvalade a velocidade média dos ventos também não varia significativamente de acordo com o rumo, no entanto denotam-se valores mais elevados para os rumos NW (9,1 km/h), N (8,5 km/h), W (8,2 km/h) e SW (7,8 km/h). No que diz respeito à velocidade média do vento verifica-se que esta é muito superior em Beja. Em média, a velocidade do vento é mais do dobro da registada em Alvalade para a maioria dos rumos. V e l o c i d a d e d o v e n t o ( km / h ) 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.2.9 – Velocidade média do vento ao longo do ano; Beja (1956/1980) De acordo com a Figura 4.2.9 verifica-se que a velocidade do vento apresenta um valor médio anual de 15,3 km/h em Beja. Conjuntamente, a variação da velocidade média do vento ao longo do ano não é muito significativa. Verificam-se valores mais elevados no mês de Fevereiro com 16,4 km/h. Os valores mais reduzidos observam-se no mês de Setembro com 14,2 km/h. Estes valores máximos e mínimos são, no entanto, aproximados ao valor médio. As situações de calmaria assinaladas atingem uma frequência média de 0,5% em Beja. Na figura 4.2.10 encontra-se representada a velocidade média do vento ao longo do ano em Alvalade. Verifica-se que, nos meses de Inverno, a velocidade média do vento é menor do que nos restantes meses do ano, atingindo o valor mais baixo no mês de Novembro, com 4,5 km/h. Em Alvalade (Figura 4.2.10) a velocidade do vento apresenta um valor médio anual de 5,8 km/h e as situações de calmaria atingem uma frequência média de 27%. A ocorrência de vento forte (velocidade igual ou superior a 36 km/h) observa-se em 13 dias do ano na estação de Beja, sendo a ocorrência de vento muito forte (rajadas com velocidade igual ou superior a 55 km/h), pouco frequente (0,2 dias por ano). Já na estação de Alvalade, a ocorrência de vento muito forte é nula, e registam-se 0,6 dias do ano com vento forte. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 39 V e l o c i d a d e d o v e n t o ( km / h ) 20 15 10 5 0 Jan Fev Mar Abr Ma i Jun Jul Ago Se t Out Nov De z Figura 4.2.10 – Velocidade média do vento ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) 4.2.2.5. Nebulosidade A nebulosidade define-se como a fracção do céu coberta de nuvens e é expressa numa escala de 0 a 10 (décimos) – zero equivale a céu limpo e dez a céu totalmente coberto. Neste contexto, a nebulosidade média diária indica a quantidade de nuvens existentes no céu, vistas do local de observação no instante considerado. De acordo com os dados do INMG (1991) apresentam-se seguidamente os gráficos representativos deste parâmetro, relativamente às estações de Beja e Alvalade. 7 Ne bulo s ida de (0 - 10 ) 6 5 4 3 2 1 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun 6h Jul 12 h Ago Set Out Nov Dez 18 h Figura 4.2.11 – Nebulosidade média registada ao longo do ano; Beja (1956/1980). 40 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 7 Ne bulo s id a de (0 -10 ) 6 5 4 3 2 1 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun 9h Jul Ago Set Out Nov Dez 18 h Figura 4.2.12 – Nebulosidade média registada ao longo do ano; Alvalade (1951/1980). A nebulosidade é variável para os diferentes períodos do dia e ao longo do ano. Verifica-se que em ambas as estações a nebulosidade é mais elevada nos meses de Novembro a Abril, nomeadamente em Fevereiro e Março, e mais reduzida em Julho e Agosto. Na estação de Beja, a nebulosidade média anual é igual a 3 no período da manhã (6h), e igual a 4 no período do meio-dia (12h) e da tarde (18h); na estação de Alvalade, a nebulosidade média anual é igual a 5 no período da manhã (9h) e a 4 no período da tarde (18h). Os dados relativos ao número de dias com nebulosidade superior a 8/10 apontam para 59,5 dias muito nublados em Beja, e para 89,9 dias em Alvalade. Os valores de nebulosidade inferior a 2/10 apontam para 149,6 dias pouco nublados em Beja, e para 137,6 dias pouco nublados em Alvalade. A informação relativa à nebulosidade correlaciona-se com a temperatura média do ar, nomeadamente com a amplitude térmica. A amplitude térmica diária atinge valores mais elevados nos meses de Verão (particularmente nos meses de Julho e Agosto), devido às elevadas temperaturas durante o dia e a um acentuado arrefecimento nocturno, determinado pela escassez de nebulosidade nesses meses. 4.2.2.6. Insolação Este parâmetro climático, inversamente proporcional à nebulosidade, mede o número de horas de sol descoberto por dia, indicando de uma forma semi-quantitativa a intensidade da radiação solar incidente. Neste contexto, chama-se insolação ao intervalo de tempo considerado em que o sol permanece a descoberto num determinado local, sendo expressa em horas (h). Em virtude da elevada nebulosidade característica dos meses de Inverno, a radiação solar é interceptada e a insolação diminui consideravelmente. Deste modo, os valores de insolação são superiores no Verão, registando-se, para a estação de Beja, nos meses de Junho, Julho e Agosto os valores mais elevados do número total de horas de sol descoberto: 310h, 367,9h e 345,1h respectivamente (ver figura 4.2.13). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 41 400 350 In s o la ç ã o (h ) 300 250 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.2.13 – Número total de horas de sol descoberto ao longo do ano; Beja (1951/1980) Na estação de Beja, os meses que registam menor insolação foram os de Dezembro (147,7h), Janeiro (145,8h) e Fevereiro (152,9h). O número total anual de horas de sol descoberto equivale a 2 795,5h que corresponde a uma percentagem total de 62% de insolação. Em Alvalade, o valor mínimo de insolação regista-se no mês de Janeiro, com 127,1 h de céu descoberto. Os valores máximos ocorrem nos meses de Verão, nomeadamente, em Junho (315,5 km/h), Julho (374,9 km/h) e Agosto (339,7 km/h) (Figura 4.2.14). 400 350 In s o la ç ã o (h ) 300 250 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.2.14 – Número total de horas de sol descoberto ao longo do ano; Alvalade (1954/1980) O número total de horas de sol descoberto em Alvalade equivale a 2 739,1h que corresponde a uma percentagem total de insolação de 60%. 42 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Embora os valores de insolação apresentados não provenham de nenhuma estação situada na área em estudo, estima-se que estes dados caracterizem, de um modo geral, a região. 4.2.2.7. Evaporação A evaporação é o processo de perda de vapor de água para a atmosfera a partir de superfícies aquáticas. Os dados relativos a este parâmetro constam das Figuras 4.2.15 e 4.2.16, para Beja e Alvalade. 350 300 E v a po ra ç ã o (m m) 250 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.2.15 – Evaporação média mensal ao longo do ano; Beja (1956/1980) 350 300 E v a po ra ç ã o (mm ) 250 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4.2.16 – Evaporação média mensal ao longo do ano; Alvalade (1951/1980) Os valores mais elevados de evaporação registam-se no meses de Julho a Setembro, devido à temperatura elevada que se faz sentir nestas zonas do Alentejo nos meses de Verão. A evaporação total é de 1 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 43 774,8 mm em Beja e de 1 466,8 em Alvalade. A evaporação é máxima no mês de Agosto em Beja e no mês de Julho em Alvalade. Em Beja as elevadas temperaturas permitem uma evaporação máxima da ordem dos 300 a 350 mm em Julho e Agosto. Os valores de evaporação ao longo do ano apresentados nas figuras anteriores caracterizam uma região seca, com temperaturas elevadas e fraca nebulosidade nos meses de Verão. Os gráficos resultantes comprovam a interdependência natural da evaporação relativamente à temperatura, onde os meses mais quentes e secos proporcionam os maiores valores de perda de água para a atmosfera. 4.2.2.8. Evapotranspiração A evapotranspiração corresponde à quantidade de água que o solo cede realmente por unidade de área e de tempo à atmosfera, quer por transpiração das plantas, quer por evaporação directa do solo (Mendes & Bettencourt, 1980). Consideram-se nesta análise os dois tipos de evapotranspiração definidos por Mendes & Bettencourt (1980) no Clima de Portugal, Fascículo XXIV: • Evapotranspiração potencial (EP) – equivale à perda máxima de água, para a atmosfera, que um solo completamente abastecido de água e com uma cobertura vegetal completa sofre, quer por transpiração das plantas, quer por evaporação directa do solo. O cálculo deste parâmetro utiliza os valores da temperatura média do ar, do índice térmico anual e da insolação. • Evapotranspiração real (ER) – corresponde à quantidade de água que o solo cede realmente por unidade de área e de tempo à atmosfera, quer pela transpiração das plantas, quer pela evaporação directa do solo. Nos meses em que a precipitação é ≥ EP, considera-se que a ER é igual à EP; nos meses em que a precipitação é < à EP, a ER resulta da soma da precipitação com a quantidade de água cedida pelo solo. Os dados disponíveis relativamente a este parâmetro provêem das estações climatológicas de Beja e Alvalade, ambas do INMG, e da estação meteorológica de Panóias, da rede de monitorização do SNIRH. Tendo em conta a metodologia descrita em Mendes & Bettencourt, na estação de Beja regista-se um valor de evapotranspiração real de 353 mm anuais e de evapotranspiração potencial de 745 mm. A estação de Panóias regista valores mais elevados de evapotranspiração real e potencial, respectivamente, 416,7 e 749 44 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental mm. A estação de Alvalade é a que regista os valores mais baixos, tendo sido estimada uma evapotranspiração real de 337 mm e uma evapotranspiração potencial de 720,4 mm. Relativamente aos valores mensais, e para ambas as estações, a subida mais significativa regista-se nos primeiros meses do período seco, altura em que ainda existe água disponível no solo. Após este período, embora a temperatura aumente, a fraca disponibilidade de água no solo não permite a ocorrência de 120,0 30 100,0 25 80,0 20 60,0 15 40,0 10 20,0 5 0,0 Te mpe ra tura (º C) Eva potra n spira çã o (mm) elevados valores de evapotranspiração. 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Evapotranspiração potencial Jul Ago Set Out Evapotranspiração real Nov Dez Temperatura Figura 4.2.17 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano 120,0 30 100,0 25 80,0 20 60,0 15 40,0 10 20,0 5 0,0 Te mpe ra tura (º C) E va potra nsp ira çã o (mm) na estação de Beja (1956/1980) 0 Jan Fev Mar Abr Mai Evapotranspiração potencial Jun Jul Ago Set Evapotranspiração real Out Nov Dez Temperatura Figura 4.2.18 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano na estação de Alvalade (1951/1980) Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 45 30 100,0 25 80,0 20 60,0 15 40,0 10 20,0 5 0,0 Te mpe ra tura (º C) Eva potra n sp ira ç ã o (mm) 120,0 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Evapotranspiração potencial Jul Ago Set Out Evapotranspiração real Nov Dez Temperatura Figura 4.2.19 – Evapotranspiração real e potencial e temperatura média do ar registadas ao longo do ano na estação de Panóias (1959/1979) Conforme referido anteriormente, a evapotranspiração potencial apresenta valores semelhantes à evapotranspiração real nos meses de Novembro a Março, tendendo a aumentar nos meses secos. Este aumento está estritamente relacionado com a subida gradual da temperatura nesta região, que atinge o seu máximo em Julho e Agosto, tal como a evapotranspiração potencial. 4.2.2.9. Outros meteoros Os restantes parâmetros que condicionam o clima da área de estudo são: as geadas, o orvalho, a trovoada e o nevoeiro. O número total de dias ao longo do ano nos quais estes elementos ocorreram está representado no Quadro 4.2.4. Quadro 4.2.4 – Número de dias com registo de outros meteoros nas estações de Alvalade e Beja Meses J F M A M J J A S O N D Ano Geada 8,6 6,9 4,3 1,3 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 4,6 9,9 36,8 Nevoeiro 5,6 4,6 4,9 4,6 4,1 2,5 2,8 2,8 5,1 5,2 4,8 7,2 54,2 Orvalho 11,6 10,6 16,1 18,6 18,0 15,2 13,2 13,6 15,1 16,2 14,5 11,2 173,9 Granizo 0,2 0,3 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 1,0 Trovoada 0,7 1,1 1,1 1,5 1,0 0,8 0,6 0,2 0,8 1,1 1,2 1,0 11,1 Alvalade Estação/meteoros 46 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Meses J F M A M J J A S O N D Ano Geada 3,6 2,5 1,1 0,2 0 0 0 0 0 0 0,6 3,7 11,7 Nevoeiro 7 5,1 5,4 4,1 3,6 2,9 1,7 1,5 2,9 4,2 5,2 7,5 51,1 Orvalho 8 6,7 8 7,6 7 5,1 3,8 3,2 3,6 5,5 7,2 8,5 74,2 Granizo 0,2 0,3 0,3 0,2 0,2 0 0 0 0 0 0,1 0,1 1,4 Trovoada 0,6 1 1,3 2,3 1,9 1,6 0,7 0,3 1,6 1,8 1,3 0,8 15,2 Beja Estação/meteoros Nos meses de Inverno ocorrem por vezes temperaturas inferiores a 0°C, normalmente relacionadas com massas de ar polar continental seco e frio e acompanhadas de céu limpo ou pouco nublado e vento de Leste ou Nordeste, geralmente fraco. Estas condições, associadas a factores locais como a natureza e o estado do solo, o tipo de vegetação, a exposição e a altitude, condicionam a formação de geadas. As geadas são mais frequentes em Alvalade, registando-se 36,8 dias de geada no ano, enquanto que em Beja, apenas se registam cerca de 12 dias de geada. Em ambos os locais os meses com maior frequência de geadas são Janeiro e Dezembro. As geadas mais tardias registam-se em Maio em Alvalade e em Abril em Beja. De Junho a Setembro não se registam geadas em ambas as estações. O nevoeiro é uma suspensão de gotículas muito pequenas de água na atmosfera que reduzem a visibilidade horizontal a menos de 1 km. O mecanismo mais frequente e eficaz do nevoeiro é o arrefecimento do ar húmido, o qual pode resultar do contacto da massa de ar com a superfície do globo arrefecida pela emissão de radiação terrestre durante a noite (nevoeiro de radiação), do deslocamento horizontal (nevoeiro de advecção), ou na subida forçada de massa de ar numa encosta (nevoeiro orográfico). O período com maior frequência de nevoeiros ocorre nos meses de Dezembro e Janeiro em ambos os locais, devido à elevada humidade do ar, ao arrefecimento nocturno e à reduzida velocidade do vento durante a noite e a manhã. Registam-se mais dias de nevoeiro em Alvalade (cerca de 54,2 dias) do que em Beja. A ocorrência de orvalho difere entre as duas estações, sendo um fenómeno muito mais frequente em Alvalade (174 dias de orvalho em Alvalade e apenas 74 dias em Beja). No entanto, a distribuição ao longo do ano é semelhante: ocorre nos dois locais, frequentemente, nos meses de Outubro a Maio. Relativamente ao granizo, este é um elemento muito raro na região em estudo e a respectiva distribuição é semelhante em Beja e Alvalade. Registam-se algumas ocorrências de granizo, com maior incidência nos meses de Fevereiro a Abril. As trovoadas não são frequentes nesta região, embora ocorram praticamente em todos os meses do ano. São mais frequentes na Primavera, no início e final do Verão e no Outono. A frequência de trovoadas é semelhante para as duas estações analisadas. O mês de Abril é o que regista uma maior ocorrência de Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 47 trovoadas, em ambas as estações. Em média registam-se cerca de 15 dias de trovoada por ano em Beja e 11 dias de trovoada em Alvalade. 4.2.3. Microclima Os diferentes tipos de ocupação do solo, a posição geográfica, o relevo e a exposição, são os factores que permitem o estabelecimento de pequenas variações nos parâmetros climáticos, proporcionando assim um microclima específico numa determinada área. Na área em estudo, no que se refere ao relevo, esta possui relevos relativamente aplanados e os solos são ocupados maioritariamente por culturas cerealíferas e complementarmente também por olivais. Estes factores dão origem a variações em parâmetros climáticos como a temperatura, a humidade, o orvalho, etc., variações estas que determinam o microclima. Quanto maior for a densidade do coberto vegetal maior será a dissipação da radiação incidente, condição que implica um abaixamento da temperatura. O relevo acentuado condiciona a circulação atmosférica e o regime de ventos e dá origem a maiores valores de temperatura e menores valores de humidade nas zonas com exposição a E, SE e S. Contrariamente, os valores de temperatura são um pouco mais baixos (na ordem de 1 ºC a 2 ºC) e de humidade mais elevados, no caso da exposição ser orientada a W, NW ou N. Por outro lado, quanto menor for a densidade do coberto vegetal de uma dada área, maior será a perda de água do solo para a atmosfera por evaporação, nomeadamente nos meses em que a disponibilidade de água ainda o permita. Este facto é relevante na área de estudo, onde grande parte da área tem um coberto vegetal incipiente e/ou muito pouco desenvolvido. 4.2.4. Classificações climáticas O clima que caracteriza a área em estudo deriva entre outros factores, do seu posicionamento geográfico (no Alentejo interior) e da orografia da região. Para complementar a caracterização do clima anteriormente efectuada, apresentam-se de seguida as classificações climáticas de dois autores - Emberger e Gaussen, que resultam de relações e análises de alguns dos parâmetros já descritos. 4.2.4.1. Classificação climática de Emberger A classificação bioclimática de Emberger utiliza os seguintes parâmetros: (i) temperaturas médias extremas; (ii) precipitação e (iii) evaporação. 48 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Com base nestes parâmetros este autor elaborou um índice cujo valor se enquadra num andar climático definido no diagrama que complementa a classificação – o diagrama de Emberger. O resultado deste índice, denominado Quociente Ombrotérmico de Emberger ( Q ) é obtido segundo a fórmula seguinte: Q= 2000 × P ( M + m) × ( M − m) Em que: P é a precipitação média anual (mm); M é a média das máximas do mês mais quente (ºK); m é a média das mínimas do mês mais quente (ºK). Efectuando os cálculos com os dados registados na estação de Beja obtêm-se o valor de Q de 77,1. Este valor encontra-se assinalado no diagrama de Emberger (Figura 2.2.20) conjuntamente com o posicionamento de outros locais do sul do país, a título de comparação. Neste diagrama estão representados os cinco andares bioclimáticos da região mediterrânica, definidos por este autor: (i) Húmido; (ii) Sub-húmido; (iii) Semi-árido; (iv) Árido e (v) Sahariano. 80 Q 70 * Mq 200 60 HÚMIDO 50 150 * Mv 40 * Sb 100 30 * Ev SUB-HÚMIDO * Bj 20 * Am 50 * Gr SEMI-ÁRIDO 10 ÁRIDO 0 -6 -1 0 4 9 3 SAHARIANO 10 m(ºC) 14 7 Fonte: Lecompte 1986, in Correia, 1994. Legenda: [∗ Am: Amareleja e ∗ Bj: Beja e outros locais para comparação (∗Gr: Grândola; ∗Ev: Évora; ∗Sb: Setúbal; ∗Mv: Marvão; ∗Mq: Monchique)] Figura 4.2.20 – Adaptação do diagrama de Emberger, com representação da estação de Beja Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 49 Verifica-se que a estação de Beja se encontra no domínio Sub-húmido. 4.2.4.2. Classificação climática de Gaussen A caracterização climática de Gaussen analisa o clima com base na relação temperatura-precipitação da qual resulta o diagrama termopluviométrico. O gráfico resultante permite a individualização de um período do ano em que a pluviosidade mensal é menor que o dobro da temperatura média, denominado período Xérico. As estações climatológicas analisadas foram a estação de Beja, do INMG, e a estação de Panóias, 90 90 80 80 70 70 60 60 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 Te mpe ra tura (º C) Pre c ipita ç ã o (mm) (27H/01) do SNIRH (ver figuras 4.2.21 e 4.2.22). 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação 2xT Figura 4.2.21 – Gráfico Termopluviométrico ou diagrama ombrotérmico de Gaussen; Beja (1956/1980) Verifica-se que, na estação de Beja, o período xérico inclui a totalidade dos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. Os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro representam a estação húmida e apresentam os valores máximos de pluviosidade. 50 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 90 80,0 80 70,0 70 60,0 60 50,0 50 40,0 40 30,0 30 20,0 20 10,0 10 0,0 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Te mpe ra tura (º C) Pre c ipita ç ã o (mm) 90,0 Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação 2xT Figura 4.2.22 – Gráfico termopluviométrico ou diagrama ombrotérmico de Gaussen; Panóias (1959/1979) Na estação de Panóias, o período Xérico decorre nos mesmos meses, nomeadamente, a totalidade dos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. Do mesmo modo, os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro representam a estação húmida. Da análise conjunta do regime de precipitação e de temperatura (ver Figuras 4.2.21 e 4.2.22), conclui-se que os meses de temperatura mais elevada, Junho, Julho, Agosto e Setembro, são os que registam menores quantitativos de precipitação, indicando a presença do período Xérico, que corresponde à estação seca; os meses mais chuvosos coincidem com os de menor temperatura, ocorrendo o máximo de precipitação no Inverno, no mês de Dezembro em Beja e no mês de Fevereiro em Panóias. O índice xerotérmico de Gaussen (X) proposto por Bagnouls & Gaussen (1952; in Alcoforado et al., 1982) pode ser utilizado para caracterizar um determinado tipo de clima. Este índice contabiliza os meses e os dias secos do ano de forma que, ao número de dias secos consecutivos do período xérico (P < 2T), subtraise o número de dias em que choveu e metade do número de dias de nevoeiro do mesmo período. O valor obtido é multiplicado por um coeficiente que depende do estado higrométrico do ar: 1, 9/10, 8/10 ou 7/10, respectivamente para valores de humidade relativa, < 40%, de 40 a 60%, de 60 a 80% e > 80% (Alcoforado et al., 1982). Para o cálculo do índice xerotérmico de Gaussen, apenas se dispõe de dados da estação de Beja, que apresenta o valor de X: 87,8. Com base neste valor pode enquadrar-se o local estudado nos domínios climáticos do Quadro 4.2.5. Deste modo, Beja pertence ao domínio climático Mesomediterrânico ou Subhúmido acentuado. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 51 Quadro 4.2.5 – Limites climáticos baseados no valor do Índice Xerotérmico de Gaussen Índice Xerotérmico (X) Domínio Climático Atlântico Sub-mediterrânico Mesomediterrânico ou subhúmido atenuado Mesomediterrânico ou subhúmido acentuado Termomediterrânico ou semiárido atenuado Termomediterrânico ou semiárido acentuado Classes Reconhecidas em Portugal T. média de Jan. > 7ºC 0 0 a 45 (±5) T. média de Jan. < 7ºC √ √ 45 (±5) a 80 (±5) √ √ √ 80 (±5) a 100 (±5) √ 100 (±5) a 125 (±5) √ 125 (±5) a 150 (±5) √ Fonte: Alcoforado et al. (1982) 4.3. Geologia e geomorfologia 4.3.1. Introdução A caracterização geológica da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela foi efectuada com base na informação geológica e geomorfológica constante em bibliografia e cartografia temática disponível, nomeadamente na Carta Geológica de Castro Verde (SGP, 1964), à escala 1:50 000, nas Cartas Geológicas de Portugal, folhas 7 e 8 (SGP, 1992), à escala 1:200 000, na Carta Neotectónica de Portugal à escala 1:1 000 000 (Cabral, 1995), e na Carta de Intensidades Máximas Históricas do Instituto de Meteorologia (IM, 2000), bem como em informação disponibilizada no sítio da internet do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P. e pela Câmara Municipal de Castro Verde. Complementarmente, foi efectuado um reconhecimento de campo que permitiu a observação directa da área afecta ao Plano de Pormenor, nomeadamente no que diz respeito às principais características das unidades geológicas, às formas de relevo e à ocorrência de estruturas macroscópicas locais e de património geológico aflorante. 4.3.2. Enquadramento geológico 4.3.2.1. Geologia regional A área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela localiza-se no Maciço Hespérico, numa das seis zonas paleogeográficas e estruturais em se subdivide esta unidade geotectónica regional: a Zona Sul Portuguesa 52 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental (ZSP). A Zona Sul Portuguesa é representada por terrenos com características paleogeográficas e tectónicas próprias que expressam a complexidade dos fenómenos de metamorfismo, magmatismo e deformação que experimentaram os terrenos do maciço Hespérico durante a sua evolução. Na Zona Sul Portuguesa, a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela insere-se no sub-sector do Pomarão-Castro Verde, no qual aflora o Complexo-vulcano-sedimentar da Faixa Piritosa. Nesta área aflora ainda uma espessa sequência turbidítica do Carbónico, pertencente ao Grupo do Flysch do Baixo Alentejo. O complexo vulcano-sedimentar da Faixa Piritosa aflora com maior representatividade no limite Norte da área do Plano de Pormenor e caracteriza-se por uma sequência estratigráfica bastante heterogénea, composta por diversos tipos litológicos alternantes e com importantes variações laterais de fácies. Esta unidade geológica apresenta uma espessura variável entre os 50 m e os 200 m longe dos centros vulcânicos e entre os 500 m e os 600 m próximo desses centros (SGP, 1992). O Grupo do Flysch do Baixo Alentejo é constituído fundamentalmente por rochas metamórficas, de baixo grau, sendo representadas essencialmente por grauvaques, xistos, arenitos, pelitos, siltitos, conglomerados, quartzovaques, no seio do qual surgem algumas rochas quartzíticas e vulcânicas da Faixa Piritosa. 4.3.2.2. Geologia local A área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela insere-se numa região de enorme complexidade estrutural e variedade de tipos litológicos, de origem vulcano-sedimentar e metassedimentar do Carbónico (com idades compreendidas entre os 360 milhões de anos e os 286 milhões de anos). De acordo com a Carta Geológica de Portugal, folhas 7 e 8, à escala 1:200 000, e com a Carta Geológica de Castro Verde, à escala 1:50 000 (Desenho 4, Volume II), afloram na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela as seguintes unidades geológicas: • Formação de Mértola do Flysch do Baixo Alentejo (Carbónico inferior/médio), unidade geológica constituída por sequências turbidíticas de grauvaques, siltitos e pelitos. As rochas que constituem a Formação de Mértola abrangem grande parte da área Sul do Plano de Pormenor. Na Carta Geológica de Castro Verde, as unidades geológicas correspondem a xistos e grauvaques com fósseis de Posidonia becheri com intercalações conglomeráticas. • Complexo vulcano-sedimentar (Carbónico inferior), suportado por alternâncias de xistos siliciosos, tufitos, xistos borra de vinho, xistos negros com nódulos de ferro e manganês, jaspes e chertes, pelitos, siltitos, arenitos impuros com nódulos de ferro e manganês, Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 53 basaltos, andesitos e diabases, tufos e lavas rio-dacíticas e felsitos. As rochas vulcânicas ácidas, associadas a sulfuretos maciços, são as unidades geológicas mais representativas da Faixa Piritosa, nomeadamente os tufos ácidos com texturas diversas e composição relativamente homogénea, em geral riolítica. Estas rochas variam entre tufos-brecha, mais ou menos grosseiros, com textura porfírica, tufos lapilli e tufos finos com vidro. Na Carta Geológica, à escala 1:50 000, as rochas vulcânicas são identificadas como pórfiros quartzíferos do Baixo Alentejo. Na Fotografia 4.3.1 (Anexo I) apresenta-se um afloramento de grauvaques, que aparentemente terão sido utilizados para a construção de parte do edificado existente na área de intervenção. Na Fotografia 4.3.2 apresenta-se um afloramento de tufos na zona da Cova dos Mouros. 4.3.3. Enquadramento geomorfológico 4.3.3.1. Morfologia A morfologia da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela caracteriza-se pela relativa homogeneidade, não apresentando traços significativamente diferenciados e contrastantes entre os diferentes sectores. A área afecta ao Plano de Pormenor insere-se na Peneplanície Alentejana, correspondendo a uma aplanação extensa que, em alguns casos, chega a adquirir características de uma planície perfeita, da qual Beja pode ser considerada o ponto central. As variações de altimetria e de declivosidade no interior da Peneplanície (que na generalidade permanece a cotas de 200 m e declives inferiores a 16 %) dizem respeito a pequenos relevos residuais de dureza. Apesar do relevo ondulado que caracteriza a área de intervenção, típico da peneplanície alentejana, não permitir a individualização de formas locais marcantes, é possível identificar a Norte e a Sul dois relevos estruturais subparalelos (orientados aproximadamente NNW-SSE). A orientação local destes relevos evidencia a concordância com o afloramento regional das rochas da Faixa Piritosa que se desenvolve entre Castro Verde e a Messejana e entre Neves Corvo e Panóias. Entre estes dois relevos relativamente pouco marcados na paisagem local desenvolve-se um vale aberto, com cotas relativamente reduzidas relativamente à restante área e onde se encaixa uma linha de água que só nos períodos de maior precipitação apresenta caudal. 54 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 2.3.3.2. Hipsometria Na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela as cotas variam entre os 205 m e os 250 m (Desenho 5, Volume II). As cotas mais altas ocorrem a Nordeste e Sudoeste, coincidindo com os relevos estruturais orientados paralelamente às rochas do complexo-vulcano-sedimentar (orientação geral NNW-SSE). As altitudes dos relevos com maior destaque no interior da área do Plano de Pormenor variam entre cotas mínimas de 230 m a 235 m e máximas de 240 m e 250 m, coincidindo nestes pontos com a localização dos vértices geodésicos que se localizam no sítio da Cova dos Mouros e a Oeste desta área. As cotas mais baixas da área do Plano de Pormenor estão associadas ao vale que separa estes dois relevos e às zonas baixas das linhas de água secundárias que se desenvolvem, quer a Norte, quer a Sul. As cotas do vale são mais altas a Noroeste, da ordem dos 230 m a 235 m, apresentando cotas gradualmente mais baixas para Sudeste, da ordem dos 215 m e os 205 m. 4.3.3.3. Declives A declivosidade da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela caracteriza-se pelo relevo suave (3% e 8%) a aplanado (inferior a 3%) (Desenho 6, Volume II). Só de forma muito pontual é que se verificam alterações à declivosidade predominante. Próximo do marco geodésico da Cova dos Mouros ocorrem os declives mais acentuados da área do Plano de Pormenor da Cavandela. Na envolvente deste vértice geodésico, os declives enquadram-se na classe de declives compreendida entre os 8% e os 16% (declive moderado), sendo os declives superiores a 25% relativamente pouco representativos. As zonas planas, inferiores a 3%, ocorrem associadas às baixas das linhas de água. 4.3.3.4. Rede de drenagem A rede de drenagem é dominada por uma linha de água principal que escorre ao longo do vale que separa os dois relevos estruturais. Esta linha de água está orientada aproximadamente NNW-SSE, sendo o sentido da escorrência para Sudeste. A esta linha de água afluem, na margem esquerda, três linhas de água secundárias, e sete linhas de água na margem direita, com orientação NNE-SSW. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 55 Não obstante o desenvolvimento destas linhas de água de carácter efémero e o facto do substrato apresentar características de baixa permeabilidade a densidade da rede de drenagem é reduzida e pouco marcada na paisagem local. 4.3.4. Enquadramento tectónico 4.3.4.1. Tectónica regional e local A tectónica regional reflecte as características evolutivas da unidade morfostrutural que caracteriza a Zona Sul Portuguesa, em particular a deformação dos terrenos do Maciço Hespérico. O Maciço Hespérico testemunha um fenómeno de colisão entre continentes, correspondendo ao vestígio de maior continuidade do orógeno hercínico ou da cadeia hercínica europeia. No contexto global de formação do Maciço Hespérico, a individualização das placas litosféricas no Carbónico-Pérmico, reflecte-se numa série de fenómenos de convergência entre blocos de origem continental, ao longo dos quais se definiram suturas correspondentes ao fecho de oceanos. A história evolutiva do Maciço Hespérico na envolvente a Castro Verde é marcada pela deformação frágil, que se reflecte através de um conjunto de acidentes tectónicos, subparalelos entre si, que cortam a continuidade das rochas do Complexo Vulcano-sedimentar. Os acidentes tectónicos na zona de Castro Verde podem ser subdivididos em duas famílias principais de acordo com a sua orientação: Norte-Sul e ENE-WSW. Estão ainda identificados dois cavalgamentos, orientados aproximadamente WNW-ESE, das rochas do complexo vulcano-sedimentar sobre os xistos. Os cavalgamentos ocorrem na zona da Cova dos Mouros e na Tapada. Na Carta Geológica de Castro Verde, à escala 1:50 000, para além da tectónica frágil estão identificadas estruturas de deformação dúctil, antiformas e sinformas, com eixo paralelo à orientação geral das rochas da Faixa Piritosa. 4.3.4.2. Neotectónica Na Carta Neotectónica de Portugal (Cabral & Ribeiro, 1995) não se encontra cartografado, na área afecta ao Plano de Pormenor, nenhum acidente tectónico com evidências de ter sofrido movimentação nos últimos dois milhões de anos (Desenho 7, Volume II). 56 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental No entanto, estão identificadas falhas activas de dimensão regional cuja movimentação poder-se-á repercutir nesta zona. De acordo com a Carta Neotectónica, na envolvente de Castro Verde encontram-se as seguintes falhas com desenvolvimento regional: • Falha certa, de inclinação desconhecida, com componente de movimentação vertical (marcas no bloco inferior). Esta falha corresponde à falha da Messejana – falha de dimensão regional orientada ENE-WSW. • Falhas prováveis, falhas subparalelas à falha da Messejana com possível movimentação vertical. Na Carta Neotectónica encontra-se ainda identificado um lineamento, orientado NE-SW, que poderá corresponder a uma possível falha activa. Este lineamento tem uma expressão regional, desenvolvendo-se desde Serpa, atravessando o concelho de Castro Verde, até ao Oceano Atlântico. 4.3.4.3. Sismicidade O território Português insere-se numa zona de sismicidade relativamente importante, pertencendo a uma região de fronteira entre as placas Africana e Euroasiática (zona de fractura Açores – Gibraltar). Este enquadramento é responsável por manifestações sísmicas históricas e deformações tectónicas actuais. Na Carta de Intensidades Máximas Históricas do Instituto de Meteorologia, a região de Castro Verde apresenta intensidades sísmicas máximas de grau VII na Escala de Mercalli Modificada de 1956. Um sismo de grau VII (sismo muito forte) desencadeia o pânico geral nas populações, originando estragos, ainda que limitados, em edifícios de boa construção. As construções mais frágeis sofrem estragos importantes e generalizados (Desenho 8, Volume II). De acordo com o zonamento da sismicidade do território Português (Decreto-lei nº 235/83 de 31 de Maio; Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, 1983), a área de intervenção desenvolve-se na zona sísmica do tipo A, à qual corresponde um coeficiente de sismicidade de 1. Esta zona é suportada por terrenos do tipo I: rochas e solos coerentes duros. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 57 4.3.5. Recursos geológicos 4.3.5.1. Recursos geológicos não metálicos Na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela não se localiza nenhuma pedreira destinada à exploração de recursos geológicos não metálicos. Efectuou-se um levantamento das pedreiras localizadas no Concelho de Castro Verde, suportado pela base de dados do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, que disponibiliza informação acerca das pedreiras que registaram movimentos de processos de licença, constantes do Boletim de Minas, desde 1964. Este levantamento permitiu identificar a existência de duas pedreiras activas no concelho de Castro Verde – ambas fora da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. No Quadro 4.3.1 apresentam-se as principais características das pedreiras localizadas na envolvente da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. Quadro 4.3.1 – Principais características das pedreiras inventariadas na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela Pedreira dos Aivados Tipo de rocha pórfiro Explorador Tecnovia-Infra-Estruturas Herdade de Arranha Mantas grauvaque Eco - Empresa de Construções e Obras Públicas Data da licença 1993 1976 Freguesia Casével Castro Verde Localização relativamente à área do Plano de Pormenor da Cavandela Este (junto à estação da CP de Ourique) s.i. s.i. sem informação De acordo com a informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Castro Verde, apresenta-se no extracto da Carta Geológica a localização da Pedreira dos Aivados (localizada a Noroeste da área afecta ao Plano de Pormenor). A visita à área de intervenção permitiu confirmar a inexistência de qualquer exploração actual de recursos geológicos na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. Apesar de actualmente não existir nenhuma pedreira, são evidentes, em diversos locais da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela, pequenas explorações que aparentemente terão extraído pedra local para a construção de algumas das habitações (Fotografias 4.3.3 e 4.3.4, Volume II). Na zona da Tapada foram identificadas quatro áreas em que se terá procedido à exploração de pedra: duas áreas a Sul do Monte e duas áreas a Oeste deste núcleo construído, próximo do edifício em ruínas que se localiza junto à estrada. 58 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.3.5.2. Recursos geológicos metálicos O concelho de Castro Verde localiza-se numa importante província metalogenética Portuguesa – a Faixa Piritosa. Na Faixa Piritosa encontra-se um dos mais importantes jazigos de minerais metálicos do mundo – Neves Corvo, mina localizada a alguns quilómetros a Sul da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. De acordo com os registos históricos, as reservas de minério da Faixa Piritosa terão contribuído para a fixação de um número significativo de povos ao longo do tempo. Foram sobretudo os romanos que mais intensamente prospectaram e exploraram a Faixa Piritosa, de tal modo que se pode hoje afirmar terem trabalhado a grande maioria das minas conhecidas, com excepção das que se encontravam ocultas a profundidades significativas, como é o caso de Neves Corvo (Oliveira, 1996). O minério explorado em Neves Corvo é essencialmente de cobre e de estanho, encontrando-se ainda importantes depósitos minerais de zinco, chumbo, prata, ouro, e cobalto. A lavra subterrânea da concessão de Neves Corvo desenvolve-se por uma área de 1350 ha, abrangendo os concelhos de Castro Verde e de Almodôvar, e as freguesias de Santa Bárbara, de Padrões e da Sra da Graça de Padrões. De acordo com a informação disponibilizada na base de dados do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, são actualmente conhecidas 24 ocorrências minerais no concelho de Castro Verde, correspondendo uma delas ao Campo Mineiro de Neves Corvo. As ocorrências minerais são essencialmente de manganês (18 ocorrências) e bário (3 ocorrências), não se localizando nenhuma delas na área afecta ao Plano de Pormenor. Na Carta Geológica de Portugal, folha 8, à escala 1:200 000 (SGP, 1992) são cartografadas ocorrências minerais de chumbo e bário, associadas ao vulcanismo submarino responsável pelas formações geológicas do Complexo vulcano-sedimentar da Faixa Piritosa. Estas ocorrências minerais ocorrem a Sudeste de Castro Verde, não abrangendo a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. A Noroeste de Castro Verde, associado à Faixa Piritosa, encontram-se duas outras concessões de exploração de depósitos minerais: Aljustrel e Gavião nº6. Em Aljustrel exploram-se depósitos minerais de enxofre, cobre, zinco, chumbo e prata, e em Gavião nº 6 depósitos minerais de enxofre, ferro, cobre, zinco, chumbo, prata e ouro. Nenhuma destas concessões para a exploração de recursos minerais metálicos abrange a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. Durante a visita à área afecta ao Plano de Pormenor foram identificadas duas situações indicadoras de que terão aí ocorrido no passado explorações de recursos minerais metálicos. Na envolvente do vértice Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 59 geodésico da Cova dos Mouros observa-se uma zona de afloramento de rochas ácidas que terão sido alvo de exploração e, imediatamente adjacente, uma zona de escombreira consolidada, onde se individualizam diversos depósitos de rochas, dos quais alguns correspondendo a materiais com enxofre (Fotografias 4.3.5 e 4.3.6, Volume II). A Sul deste vértice geodésico foi ainda observada uma vala, orientada aproximadamente Este-Oeste, que indicia a presença de uma anterior zona de pesquisa ou de exploração de recursos minerais (Fotografia 4.3.7, Volume II). Estas duas situações correspondem a antigos testemunhos de pesquisa e de extracção de recursos minerais, havendo registos que confirmam a existência, no passado, de explorações desta natureza no interior da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. De acordo com informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Castro Verde, em 1877 foi efectuado um reconhecimento da Herdade da Cavandela que comprovou a existência de vestígios de escavações antigas (nesta área denominada como mina das Covas dos Mouros), correspondendo a vala referida a uma corta para exploração do minério de cobre e de ferro. Pelo contexto geológico regional em que a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela se insere, no âmbito do Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA) o concelho de Castro Verde foi incluído numa área de potencial exploração de sulfuretos polimetálicos (Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2010 de 2 de Agosto) Inclusivamente, no passado recente esta área esteve concessionada à empresa Ferragudo Minérios de Portugal para prospecção e pesquisa de depósitos minerais de cobre, zinco, estanho, chumbo, prata e ouro (Desenho 9, Volume II). O contrato desta empresa para prospecção e pesquisa de depósitos minerais terá estado em vigor entre 1999 e 2000. De acordo com a informação disponibilizada pela Direcção Geral de Geologia e Energia e pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia, o contrato para prospecção e pesquisa não está actualmente em vigor, não existindo dados que evidenciem que a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela apresente reservas importantes e economicamente interessantes que justifiquem uma futura exploração de recursos minerais. 4.3.6. Património geológico A área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela enquadra-se numa zona marcada pela importância dos depósitos minerais. Contudo, nesta área não se localiza nenhuma estrutura, forma ou unidade geológica classificada como património geológico nacional ou municipal ou que esteja referenciada como tendo 60 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental interesse geológico ou geomorfológico pela sua singularidade, grandiosidade ou importância científica ou didáctica. 4.4. Solos 4.4.1. Introdução O conhecimento das características pedológicas dos solos permite perceber, entre outros aspectos, a adequabilidade de cada tipo de solo à sua ocupação actual e futura, permitindo ainda detectar a presença de zonas com maior ou menor propensão a fenómenos erosivos. A metodologia seguida para a análise dos solos na área do Plano de Pormenor da Cavandela baseou-se na pesquisa bibliográfica e cartográfica dos elementos considerados relevantes para a descrição e compreensão das suas características. A identificação das unidades pedológicas e das classes de capacidade de uso do solo na área de intervenção foi elaborada com base na Carta de Solos em formato digital editada pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (ex-Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica) à escala 1:25 000 (Folhas 548 e 556). Recorreu-se ainda à consulta de cartas e bibliografia da especialidade, nomeadamente ao trabalho de Cardoso (Cardoso, 1965), e de Pimenta (Pimenta, M.T., 1998), que incidem na caracterização dos solos a Sul do rio Tejo. 4.4.2. Identificação das unidades pedológicas na área em estudo A génese de um solo é determinada pelos processos a que foram sujeitos (físicos ou químicos), pelos factores de formação do solo (material de origem, clima, relevo, organismos, tempo e homem), pelos processos pedogenéticos envolvidos na diferenciação de solos e pela relação solo/condições ambiente. A influência destes factores leva a que surjam unidades pedológicas distintas em termos físicos e químicos. No Quadro 4.4.1 estão patentes as diversas famílias de unidades pedológicas presentes na área da propriedade objecto do Plano de Pormenor. Além das áreas apresentadas, acrescem ainda 1,8 ha (0,3 % da área de intervenção) correspondentes a áreas sociais. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 61 Da análise do Quadro 4.4.1 pode-se concluir que a família de solos mais abundante na área do Plano de Pormenor (com uma representatividade de 63,7 %) é a dos Solos Mediterrâneos Pardos de xistos e grauvaques (Px), de fase dominantemente delgada (Px(d)=379 ha) (Fotografias 4.4.1 e 4.4.2), maioritariamente ocupados por sequeiro 2 (ver Desenho 18, Volume II). Quadro 4.4.1 – Unidades pedológicas na área do Plano de Pormenor Unidade Pedológica Cb Pb Designação Área (ha) Área (%) 1,3 0,2 31,4 5,2 164,8 27,3 385,0 63,7 18,3 3,0 3,4 0,6 604,2 100,0 Barros Castanho-Avermelhados, não calcários, de basaltos ou doleritos ou outras rochas eruptivas ou cristalofílicas básicas Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Solos Argiluviados Pouco Insaturados, de xistos ou grauvaques ou de materiais de ambos Solos Argiluviados Pouco Insaturados - Solos Mediterrâneos, Pardos, de Ppm Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de rochas microfíricas (pórfiros) Px Vx Solos Argiluviados Pouco Insaturados, Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques Solos Argiluviados Pouco Insaturados, Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Sr Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de "rañas" ou depósitos afins Total De seguida, os solos mais representativos são os Mediterrâneos Pardos de Materiais Não Calcários, ParaSolos Hidromórficos, de rochas microfíricas (pórfiros) (Ppm) (27,3%), que estão concentrados a Nordeste da área do Plano de Pormenor (Fotografia 4.4.3), sendo actualmente ocupados por culturas de sequeiro (ver Desenho 18, Volume II). Os Para-Solos Argiluviados Pouco Insaturados, de xistos ou grauvaques ou de materiais de ambos (Pb) (Fotografia 4.4.4.), e os Solos Mediterrâneos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques (Vx) têm uma representatividade de 5,2 % e de 3,0%, respectivamente. Com representatividade inferior a 1% encontram-se os Solos Mediterrâneos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de "rañas" ou depósitos afins (Sr) (0,6%) e os Barros Castanho-Avermelhados, não calcários, de basaltos ou doleritos ou outras rochas eruptivas ou cristalofílicas básicas (Cb) (0,2%). No Desenho 10 (Volume II) apresenta-se a Carta de Solos para a área de intervenção. 62 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.4.3. Agrupamento dos solos por sub-ordens pedológicas Dada a variedade de unidades pedológicas presentes na área em estudo, procedeu-se à sua descrição em função das subordens em que estas unidades pedológicas se incluem. Pretende-se com este tipo de análise e diagnóstico, descrever categorias taxonómicas com características comuns, que se reflectem em limitações e potencialidades genéricas semelhantes. As quatro subordens de solos presentes na área de intervenção estão descritas no Quadro 4.4.2, e representadas num diagrama circular na Figura 4.4.1. Estas subordens foram adaptadas de Cardoso (1965). Às áreas apresentadas foram mais uma vez excluídos os 1,8 ha (0,3% da área total do Plano de Pormenor) correspondentes a áreas sociais. Quadro 4.4.2 – Principais subordens de solos presentes na área de intervenção e área correspondente Subordens Área (ha) Barros castanho-avermelhados não calcários 1,3 Sem horizonte eluvial 31,4 Solos mediterrâneos pardos 549,8 Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos 21,7 Solos mediterrâneos verm elhos ou amarelos 3,6% Barros castanhoaverm elhados não calcários 0,2% Sem horizonte eluvial 5,2% Solos mediterrâneos pardos 91,0% Figura 4.4.1 – Percentagem ocupada por cada subordem de solos Verifica-se que, na área de intervenção, os solos mediterrâneos pardos são a subordem pedológica mais representativa, ocupando cerca de 91% da área da propriedade. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 63 Com uma representatividade de 5,2% apresentam-se os solos sem horizonte eluvial. Os solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos correspondem a cerca de 3,6% da área do Plano de Pormenor e os barros castanho-avermelhados não calcários a cerca de 0,2 %. Seguidamente, efectua-se uma breve descrição das subordens de solos abrangidas por este estudo, aprofundado-se essa análise até ao nível da unidade pedólogica. SOLOS MEDITERRÂNEOS PARDOS E VERMELHOS OU AMARELOS Estes solos pertencem à ordem dos solos Argiluviados Pouco Insaturados. Os Solos Mediterrâneos Pardos (os mais frequentes na área de intervenção) possuem, como o nome indica, cores pardacentas nos dois horizontes superficiais. Os Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos, apresentam nos dois primeiros horizontes uma coloração avermelhada. Ambos desenvolvem-se em relevo normal ou sub-normal, em climas com características mediterrâneas. São solos evoluídos de perfil ABC, que apresentam um horizonte sub-superficial (B) com alto teor de argila acumulado, proveniente do horizonte superficial (A). Estes solos têm uma expansibilidade elevada, e permeabilidade lenta a muito lenta. Nos solos cultivados o teor de matéria orgânica é normalmente baixo, podendo no entanto atingir valores elevados em terrenos incultos. Em condições normais estes solos apresentam um uso agrícola aceitável. No Quadro 4.4.3, descrevem-se as características das unidades pedológicas de Solos Mediterrâneos Pardos e Vermelhos ou Amarelos que ocorrem na área de intervenção. Quadro 4.4.3 – Características dos Solos Mediterrâneos presentes na área do Plano de Pormenor Solos Mediterrâneos Pardos Para-Hidromórficos de rochas microfíricas (pórfiros) (Ppm) Horizonte 15 a 25 cm; pardo-pálido ou cinzento-claro; franco-arenoso com alguns elementos grosseiros A1 de pórfiro; estrutura granulosa fina fraca a sem agregados; muito friável, fofo a pouco rijo; pH PARDOS 5,5 a 6,0. Horizonte 0 a 25 cm; semelhante ao anterior mas de cor mais clara e sem agregados ou com estrutura A2 anisoforme angulosa muito grosseira fraca; pH 5,5 a 6,0. Horizonte 15 a 40 cm; pardo-acinzentado com algumas ou bastantes manchas pequenas distintas ou B pouco distintas amareladas, avermelhadas ou acinzentadas; franco-argilo-arenoso ou francoargiloso; estrutura maciça; aderente ou muito aderente, plástico ou muito plástico, firme ou muito firme; pH 5,5 a 6,0. Horizonte Material proveniente da meteorização de rochas microfíricas (pórfiros). C 64 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Solos Mediterrâneos Pardos de xistos ou grauvaques (Px) Horizonte 15 a 25 cm; pardo ou castanho, nalguns casos pardo-amarelado; em geral franco, A1 frequentemente com apreciável percentagem de limo; estrutura granulosa fina moderada a fraca; friável; pH 5,5 a 6,0. Horizonte 10 a 30 cm; pardo ou pardo-amarelado; franco a franco-argiloso; estrutura anisoforme B angulosa média moderada; notam-se películas de argila nas faces dos agregados; friável a firme; pH 5,5 a 6,5. Horizonte Material originário: mistura de material terroso com fragmentos de rocha, em transição para a C rocha-mãe, que é um xisto argiloso, um xisto cristalofílico não básico ou um grauvaque. Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos de xistos ou grauvaques (Vx) Horizonte 15 a 25 cm; pardo-avermelhado ou vermelho; franco ou franco-argiloso; estrutura granulosa VERMELHOS OU AMARELOS A1 fina fraca a moderada; friável; pH 5,0 a 6,0. Horizonte 20 a 50 cm; vermelho-escuro, pardo-avermelhado ou vermelho-amarelado; argiloso; estrutura B granulosa média moderada ou anisoforme subangulosa fina moderada; vêem-se algumas películas de argila nas faces dos agregados; firme; pH 5,0 a 6,0. Horizonte Material originário: mistura de material semelhante ao do horizonte anterior com fragmentos C de rocha, fazendo transição para a rocha-mãe (xistos argilosos ou xistos cristalofílicos não básicos). Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos de “rañas” ou depósitos afins (Sr) Horizonte 25-35 cm, por vezes só com 20 cm ou até 45 cm, franco-arenoso a franco-argilo-arenoso, com Ap alguns a bastantes elementos grosseiros, estrutura fraca, por vezes com concreções ferruginosas; Horizonte 40-110 cm, argiloso ou franco-argiloso, com bastantes a muitos elementos grosseiros, com B superfícies polidas, com concreções ferruginosas; sobre C. Fonte:http://agricultura.isa.utl.pt/agricultura/solos/Default.htm (02-11-2005) SOLOS HIDROMÓRFICOS SEM HORIZONTE ELUVIAL Os Solos Hidromórficos que em Portugal, a Sul do rio Tejo, não apresentam um horizonte eluvial estão quase sempre sujeitos a encharcamento permanente, em todo ou em parte do seu perfil, por acção de uma toalha freática que sofre oscilações mais ou menos profundas com as estações. A migração do ferro ferroso é, na maioria dos casos, ascendente, formando-se manchas e concreções ferruginosas na zona de oscilação da toalha freática por precipitação dos óxidos férricos. A zona mais duradouramente encharcada, em que predominam os fenómenos de redução, apresenta cor cinzenta, por vezes esverdeada, devido à acumulação do ferro ferroso. A formação deste tipo de solos está sempre relacionada com relevos planos ou côncavos, aparecendo frequentemente em quase todas as formações aluvionares. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 65 As características dos Solos Hidromórficos presentes na área de intervenção são apresentadas no Quadro 4.4.4. Quadro 4.4.4 – Características dos Solos Hidromórficos presentes na área de intervenção Solos Hidromórficos Sem Horizonte Eluvial de xistos ou grauvaques ou materiais de ambos (Pb) 15 a 30 cm; pardo-pálido ou pardo-acinzentado; franco ou franco-argiloso; com estrutura Horizonte A1 anisoforme subangulosa grosseira ou muito grosseira fraca ou moderada composta de granulosa fina fraca, friável ou firme; pH 6,0 a 7,0. 10 a 50 cm; pardo-acinzentado ou cinzento-oliváceo com pontuações ferruginosas; franco-argiloso Horizonte Bg ou argiloso; com estrutura anisoforme subangulosa média fraca a maciça; firme e muito rijo; pH 6,0 a 7,5. Horizonte C, Cg Material originário: mistura de material terroso com fragmentos de rocha em transição para rocha-mãe, que é um xisto ou um grauvaque ou materiais deles provenientes, em geral acumulados por coluviação. Fonte: http://agricultura.isa.utl.pt/agricultura/solos/Default.htm (02-11-2005) BARROS CASTANHO-AVERMELHADOS Esta sub-ordem integra a ordem dos Barros. Os Barros Castanho-Avermelhados, em comparação com os barros pretos, são mais fáceis de trabalhar e parecem fendilhar um pouco menos. São solos evoluídos de perfil ABC, argilosos com apreciável percentagem de colóides, minerais do grupo da montmorilonite, que lhes conferem elevada plasticidade e rigidez. Apresentam pronunciado fendilhamento nas épocas secas. Os fenómenos de contracção e expansão, de fendilhamento e de deslizamento, tão comuns nestes solos, bem como o seu fácil deslocamento em massa, mesmo em declives suaves, torna-os instáveis e levanta graves problemas, provocando fendas, que chegam a atingir mais de 25 cm de largura. A textura argilosa e a relativamente baixa permeabilidade tornam os Barros muito susceptíveis à erosão. Mesmo em declives muito suaves os fenómenos erosivos são notórios e acima de 8 % os perfis encontram-se frequentemente decapitados. Nas zonas planas surgem quase sempre problemas de drenagem de solução difícil. Não obstante todas as deficiências apontadas, estes solos possuem boa fertilidade, conseguindo-se produções muito elevadas a partir dos mesmos. No Quadro seguinte apresentam-se as características da unidade pedológica deste grupo que ocorre na área de intervenção. 66 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.4.5 – Características dos Barros que ocorrem na área de intervenção Barros Castanho-Avermelhados Não Calcários de basaltos ou doleritos ou outras rochas eruptivas básicas (Cb) 20 a 35 cm; castanho-avermelhado tonalidades compreendidas entre 2,5 YR e 7,5 YR); argiloso a Horizonte Ap franco-argilo-arenoso; estrutura anisoforme angulosa ou subangulosa média a grosseira forte composta de granulosa média eu fina moderada ou forte; muito aderente, muito plástico, firme e rijo a extremamente rijo; fendilha quando seca; efervescência nula ao HCl, pH 6,5 a 7,5. 10 a 60 cm; idêntico ao anterior mas de estrutura prismática média ou grosseira forte e Horizonte B apresentando muitas vezes películas de argila nas faces dos agregados; com superfícies polidas ("slickensides"); pH 6,5 a 7,5. Horizonte BC Horizontes C 10 a 15 cm; mistura de material idêntico ao dos horizontes anteriores com saibro ou fragmentos prismáticos ou esferoidais provenientes da desagregação da rocha-mãe; pH 6,5 a 7,5. Material originário proveniente da meteorização de basaltos ou dolenitos ou outras rochas eruptivas ou cristalofílicas básicas. Fonte: http://agricultura.isa.utl.pt/agricultura/solos/Default.htm (02-11-2005) 4.4.4. Propriedades do solo e erodibilidade As propriedades físicas, químicas e mineralógicas do solo e suas interacções têm um efeito variado nos valores de erodibilidade. Além disso, actuam muitos mecanismos de erosão simultaneamente, cada um relacionado com as diferentes propriedades específicas do solo em presença. O factor de erodibilidade do solo traduz-se pelas condições de reacção do solo aos processos erosivos de natureza hidrológica. Estes processos consistem no destacamento das partículas do solo e seu transporte, pelo impacto das gotas de chuva e escoamento superficial, seguido de deposição localizada devido à rugosidade do terreno, acompanhando outros processos de interacção água-solo dos quais a infiltração e o fluxo da água no perfil desempenham um papel igualmente relevante. No trabalho “Caracterização da erodibilidade dos solos a Sul do rio Tejo” (Pimenta, 1998a), foi efectuada a estimativa da erodibilidade (parâmetro K) para os solos analisados em Cardoso, 1965 e para outros solos que, não tendo sido analisados por este autor, se encontrassem presentes na bacia hidrográfica do Rio Guadiana. Os valores deste parâmetro, bem como os valores das características do solo necessárias ao seu cálculo, para as unidades pedológicas presentes na área de estudo, são apresentados no Quadro 4.4.6. Os valores de K adoptados no presente trabalho seguem os considerados por Pimenta (1998b), que estabelece relações entre as classificações de solos à escala 1:25 000 e 1:1 000 000, apresentados no Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 67 trabalho “Directrizes para a aplicação da equação universal de perda dos solos em SIG”. Nos Quadros 4.4.7. e 4.4.8, apresentam-se as classes de permeabilidade e estrutura consideradas pela mesma autora. Quadro 4.4.6 – Erodibilidade dos solos para as unidades pedológicas presentes na área do PP Características físicas Unidade pedológica % e perfil 0,2 5,2 Pb Ppm 27,3 Px-455 Px-457 63,7 Vx- 459 Vx-460 Sr-299 Sr-4 Argila areia fina Cb-10 Cb-334 Limo+ 3,0 0,6 Propriedades físicas Areia %Matéria Permeabi- Estrutura grossa orgânica lidade (p) (s) Erodibilidade M(1) K (SI(2)) K (métricas(3)) 0,035 0,34 20,7 35,4 43,9 0,935 2 4 2804,28 28,6 37,7 33,7 1,4 3 4 2694,12 33,5 50,3 16,2 1,86 4 4 3341,95 0,037 0,36 7,4 44,2 48,4 3,05 2 2,5 4093,46 0,027 0,26 16,3 40,3 43,4 0,98 2 2 3376,72 16,7 54,7 28,6 6,37 3 2 4559,21 0,030 0,29 27,1 52,1 20,8 0,9 4 2 3794,54 30,3 50,6 19,1 0,9 4 2 3530,01 0,033 0,32 21,0 43,4 35,6 0,625 3 2 3425,00 0,034 0,33 9,2 49,2 41,6 3,2 1 2 4464,35 0,029 0,28 (1) Parâmetro que define o tamanho das partículas, corresponde ao produto (%limo+areia muito fina)*(100-%argila); Unidades SI= ton.ha.h.ha(-1).MJ(-1)..mm(-1). Unidades métricas= Unidades SI*9,8m.s(-2) Fonte: Pimenta, M.T. (1998a) (2) (3) Quadro 4.4.7 – Classes de permeabilidade Classes Descrição 1 Rápida (infiltração > 130 mm/h) 2 Moderada a rápida (60-130 mm/h) 3 Moderada (20-60 mm/h) 4 Lenta a moderada (5-20 mm/h) 5 Lenta (1-5 mm/h) 6 Muito lenta (infiltração < 1 mm/h) Fonte: ARS-USDA, 1994 in Pimenta, 1998a 68 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.4.8 – Classes de estrutura Classes Descrição 1 Granular muito fina (< 1 mm) 2 Granular fina (1-2 mm) 3 Granular grosseira (2-10 mm) 4 Compacta (> 10 mm) Fonte: ARS-USDA, 1994; Pimenta, 1998 Adoptando as classes de espessura efectiva do solo de IHERA (2003), indicadas no Quadro 4.4.9, na área do Plano de Pormenor verifica-se que mais de metade dos solos (63%) – proporção correspondente à unidade pedológica Px(d), considerada pela mesma publicação de classe 5 – apresentam unidades pedológicas delgadas, com uma espessura efectiva entre 15 cm e 30 cm. Quadro 4.4.9 – Classes de espessura efectiva Classes Espessura efectiva (cm) Classificação 6 ≤ 15 Muito delgado 5 15-30 Delgado 4 30-45 Moderadamente delgado 3 45-70 Moderadamente espesso 2 70-100 Espesso 1 ≥ 100 Muito espesso Fonte: IHERA (2003) Resumindo, tendo em consideração as unidades pedológicas presentes na área em estudo, dominam as seguintes características de solos: • Estrutura granular fina; • Espessura delgada; • Permeabilidade moderada a rápida; • Erodibilidade entre os 0,26 e os 0,29. 4.4.5. Classificação da capacidade de uso dos solos A capacidade de uso dos solos está relacionada com o potencial que os solos apresentam face às utilizações humanas possíveis, tendo por base de comparação a agricultura, encontrando-se desta forma bastante dependente das características dos horizontes superficiais do solo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 69 Relativamente à capacidade de uso do solo, a sistematização normalmente utilizada consiste numa organização dos solos em classes de A a E, em função da sua utilização agrícola ou florestal. A classificação do ex-Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica considera cinco classes de capacidade de uso (A, B, C, D e E), em que os solos das três primeiras classes (A, B e C), são susceptíveis de utilização agrícola (culturas pouco intensivas a intensivas), e os solos das classes restantes (D e E), não são, normalmente, susceptíveis de utilização agrícola (Quadro 4.4.10). Quadro 4.4.10 – Classes de Capacidade de Uso do Solo Classes Características principais Poucas ou nenhumas limitações A Sem riscos de erosão ou com riscos ligeiros Susceptível de utilização agrícola intensiva Limitações moderadas B Riscos de erosão no máximo moderados Susceptível de utilização agrícola moderadamente intensiva Limitações acentuadas C Riscos de erosão no máximo elevados Susceptível de utilização agrícola pouco intensiva Limitações severas Riscos de erosão no máximo elevados a muito elevados D Não susceptível de utilização agrícola, salvo casos muito especiais Poucas ou moderadas limitações para pastagens, exploração de matos e exploração florestal Limitações muito severas Riscos de erosão muito elevados E Não susceptível de utilização agrícola Severas a muito severas limitações para pastagens, matos e exploração florestal Ou servindo apenas para vegetação natural ou floresta de protecção ou recuperação Ou não susceptível de qualquer utilização Fonte: http://www.idrha.min-agricultura.pt/cartografia/notaexplisolo.htm (30-05-2007) Como solos de utilização agrícola, consideram-se os solos apropriados para: • Culturas intensivas; • Culturas moderadamente intensivas; • Culturas pouco intensivas. Como solos de utilização não agrícola (florestal) consideram-se os solos adaptados para: • 70 Pastagens permanentes; Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Exploração de matas; • Exploração florestal com poucas restrições; • Exploração florestal com muitas restrições; • Vegetação natural de protecção ou recuperação. A classificação adoptada pelo ex-IDRHa subdivide as classes referidas nas subclasses apresentadas no Quadro 4.4.11. Quadro 4.4.11 – Subclasses de capacidade de uso dos solos Subclasses Significado e erosão e escoamento superficial h excesso de água s limitações do solo na zona radicular Fonte: http://www.idrha.min-agricultura.pt/cartografia/notaexplisolo.htm (30-05-2007) De acordo com a Carta de Capacidade de Uso dos Solos (Desenho 11, Volume II), as áreas abrangidas pelas diferentes capacidades de uso, excluindo as áreas sociais, são as apresentadas no Quadro 4.4.12. Quadro 4.4.12 – (Sub)Classes de capacidade de uso dos solos presentes na área do Plano de Pormenor (Sub)Classe de Capacidade de Uso Área (ha) Área (%)% De 397,6 65,8 Ch 31,4 5,2 Cs 7,0 1,2 Ce 164,8 27,3 Bs 3,4 0,6 604,2 100,0 Total Na Figura 4.4.2 representa-se a percentagem das classes de capacidade de uso do solo na área do Plano de Pormenor. As classes A e E não estão presentes. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 71 Classe B 0,6% Classe C 33,6% Classe D 65,8% Figura 4.4.2 – Percentagem de cada classe de capacidade de uso do solo na área do Plano de Pormenor Assim, na área do Plano de Pormenor predomina a classe D (cerca de 66 % da área total do Plano de Pormenor, excluindo as áreas sociais). Os solos assim classificados apresentam limitações severas que derivam sobretudo da erosão e do escoamento superficial. Estes solos encontram-se maioritariamente associados a declives suaves (3 a 8%) e aplanados (<3%), que dominam na área de intervenção. A segunda classe de capacidade de uso do solo com maior representatividade é a classe C (cerca de 34%). Estes solos, dominantes no extremo Nordeste da área do Plano de Pormenor, correspondem a áreas de RAN, e encontram-se maioritariamente associados a declives suaves (3 a 8%) e moderados (8 a 16%). Apresentam, no entanto, problemas de erosão e escoamento superficial, excesso de água e limitações na zona radicular. A classe B inclui apenas 3,4 ha de solos, tendo uma representatividade muito reduzida (cerca de 0,6%). 4.4.6. Potencialidade dos solos As características dos diferentes tipos de solos fazem com que eles possuam limitações para determinadas utilizações, mas que sejam adequados para outras. Assim, a adequabilidade de um solo está também relacionada com os objectivos para os quais que se propõe utilizá-lo. No quadro 4.4.13 apresentam-se as potencialidades genéricas das unidades pedológicas identificadas para a área de estudo, encontradas por correspondência com os “solos” considerados por Moreira (1998). 72 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.4.13 – Potencialidades das unidades pedológicas presentes na área do Plano de Pormenor Unidade pedológica (Px*) Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaque (Vx*) Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaques (Px) Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Normais, de xistos ou grauvaque (Ppm) Solos Argiluviados Pouco Insaturados Solos Mediterrâneos, Pardos, de Materiais Não Calcários, Para-Solos Hidromórficos, de rochas microfíricas (pórfiros) (Sr) Solos Argiluviados Pouco Insaturados – Solos Mediterrâneos, Vermelhos ou Amarelos, de Materiais Não Calcários, Normais, de "rañas" ou depósitos afins Área (ha) Potencialidades genéricas Matas e matos com funções essencialmente de 373,8 protecção e recuperação. Nos casos mais favoráveis, pastagem permanente melhorada e integrada no sistema montado. Sistemas culturais arvenses cerealíferos, hortícolas ou frutícolas e até pratenses e florestais 173,9 apropriados, pouco intensivos. Se de reacção alcalina apresentam boas condições para olival ou também vinha. Sistemas culturais arvenses cerealíferos intensivos, (Pb) Solos Hidromórficos, Sem Horizonte Eluvial, Para-Solos Argiluviados Pouco Insaturados, de xistos ou grauvaques ou de frutícolas, pratenses, montados ou florestais. 31,4 materiais de ambos Particularmente aptos para olival e proteaginosas se de reacção alcalina. Verificando-se hidromorfismo permitem horticultura de Inverno, tuberícolas e afins. (Cb) Barros Castanho-Avermelhados, não calcários, de basaltos ou doleritos ou outras 1,3 rochas eruptivas ou cristalofílicas básicas Sistemas culturais arvenses, cerealíferos e intensivos. * – Em fase delgada e/ou acentuados problemas ou riscos de erosão Resumindo, a maior parte dos solos da área do Plano de Pormenor apresentam assim potencialidades para os seguintes usos: • Matas e matos com funções essencialmente de protecção e recuperação. Nos casos mais favoráveis, pastagem permanente melhorada e integrada no sistema montado; • Sistemas culturais arvenses cerealíferos, hortícolas ou frutícolas e até pratenses e florestais apropriados, pouco intensivos. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 73 A acidez característica das unidades pedológicas que se estendem por maior área na área do Plano de Pormenor varia entre 5,5 e 6; são exemplos de culturas adaptadas a estes valores de pH: videira, cebola, cenoura, cevada, couve-flor, ervilheira, macieira, milho, morangueiro, pepino, pinheiro, sorgo, tomateiro, trigo. O tremoceiro, o tricale, a aveia, a batateira, toleram solos mais ácidos (ph < 5). Relativamente à salinidade, a tolerância das espécies vegetais também é variável, conforme informação do Quadro 4.4.14. Quadro 4.4.14 – Tolerância à salinidade de algumas espécies vegetais Tolerante Medianamente tolerante Algodoeiro; aveia; azevém perene; beterraba; beterraba sacarina; cevada; palmeira Sensível Alface; batateira; cebola; cenoura; Bróculos; espinafre; festuca; figueira; citrinos; couve; faveira; feijoeiro; oliveira; soja; sorgo; trigo luzerna; morangueiro; pomóideas; prunóideas Fonte: Produtividade dos solos e ambiente (Varennes, A., 2003) 4.5. Recursos hídricos superficiais 4.5.1. Introdução O Alentejo é uma zona relativamente uniforme em termos morfológicos, apenas com algumas massas montanhosas de pequena altitude; apresenta um clima temperado de feição mediterrânica, tendencialmente continental no interior. Os Verões são quentes e secos, e a precipitação concentra-se fortemente em poucos dias de Inverno, responsáveis normalmente por cerca de 80% do total da precipitação anual. Estas características determinam um regime de escoamento superficial temporário e muito irregular, de tipo torrencial durante curtos períodos do Inverno e muito reduzido durante a maior parte do ano. 4.5.2. Caracterização do sistema hidrográfico A área do Plano de Pormenor da Cavandela é atravessada por cursos de água de pequena dimensão, com regime temporário, consistindo num canal seco durante a maior parte do ano e comportando fluxo de água durante e imediatamente após os períodos de precipitação. O regime torrencial destes cursos de água é característico dos pequenos cursos de água no Sul do Portugal, em que os caudais são nulos ou praticamente nulos em grande parte do ano. 74 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Com o intuito de proceder a uma melhor caracterização do sistema hidrográfico existente na área do Plano de Pormenor da Cavandela, pode-se dividir a mesma área em dois sistemas hidrográficos: o primeiro desenvolve-se na zona Norte do terreno e é composto pelo Ribeiro da Horta da Nora que culmina num pequeno Açude, em área classificada como Reserva Ecológica Nacional; o segundo sistema é composto por linhas de escorrência, que na maior parte dos casos não possuem mais de um metro de largura e meio metro de altura. Estas linhas de escorrência convergem todas para o mesmo ponto, a Sudeste da área do Plano de Pormenor da Cavandela, onde atravessam o IP2 e vão dar lugar à Ribeira de Maria Delgada. Tanto a Ribeira de Maria Delgada como a Ribeira Horta da Nora são tributários do Rio Terges. Este Rio, também designado por Rio Cobres, é um dos tributários da margem direita do Rio Guadiana em Moinho de Escalda, a dois quilómetros e meio a Norte da Herdade do Pulo do Lobo (ver Desenho 12, Volume II). Na zona Oeste da área de intervenção identifica-se ainda um pequeno curso de água de pequena expressão, que também ele é um tributário da margem esquerda da Ribeira de Maria Delgada. 4.5.3. Bacia hidrográfica do ribeiro da Horta da Nora O Ribeiro da Horta da Nora situa-se na parte Norte da área do Plano de Pormenor e é um dos mais importantes recursos hídricos superficiais aí existentes, não só pela quantidade e qualidade da água escoada, como pela importância ecológica do açude interceptado pelo Ribeiro, obtendo mesmo a classificação de Reserva Ecológica Nacional. A zona de REN inclui a barragem formada pelo açude a vegetação ripária que a ladeia, totalizando cerca de 17 ha de terreno. Este Ribeiro nasce em Lagoas da Caldeirinha a 250 m de altitude, entra na área do Plano de Pormenor da Cavandela por Noroeste, e dá lugar a uma pequena barragem de 4,8 ha e com capacidade de aproximadamente 100.000m3. Para fora da área de intervenção, o Ribeiro desenvolve-se com uma direcção predominante W – E vindo a dar lugar à Ribeira de Terges em Monte de Torrejão. Mais tarde, adquire a designação de Ribeira de Cobres. 4.5.3.1. Aspectos gerais Uma bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou por um sistema interligado de cursos de água, tal que, todos os caudais afluentes sejam descarregados através de uma única saída (secção de referência da bacia). A bacia hidrográfica do Ribeiro da Horta da Nora foi delimitada sobre a carta militar nº 547 e 548, recorrendo a um Sistema de Informação Geográfica Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 75 (ARCGIS). A secção de referência considerada no presente estudo foi o Açude existente (Desenho 13, Volume II). A bacia hidrográfica do Ribeiro Horta da Nora insere-se no Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana, fazendo fronteira, a Oeste, com a Bacia Hidrográfica do Rio Sado. 4.5.3.2. Características geométricas A bacia hidrográfica do Ribeiro da Horta da Nora tem 9,6 km2 de área, a que equivale um perímetro de 15,25 km. A linha de água da bacia nasce aos 250 m de altitude em Lagoas da Caldeirinha. A forma da bacia indica a maior ou menor tendência para concentrar o escoamento no seu sector terminal. O coeficiente de compacidade (kc) é um dos indicadores usados para determinar a forma das bacias. Refira-se que quanto maior for este coeficiente, mais irregular é a bacia, ou seja mais alongada ela é. No mínimo este coeficiente será igual a 1, a que corresponde uma bacia circular. A tendência para grandes cheias será tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o valor do coeficiente de compacidade, uma vez que o escoamento dos afluentes chega ao curso de água principal em secções próximas e com menor intervalo temporal. Considera-se uma bacia compacta quando o coeficiente for inferior a 1,6. A bacia em análise apresenta um factor de compacidade de 1,38, o que demonstra uma certa compacidade da bacia. Aliás a sua forma geométrica assemelha-se mais a um círculo. Outro índice para caracterizar a forma da bacia hidrográfica é o factor de forma, que exprime a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia. Considera-se este comprimento igual ao comprimento do respectivo curso de água mais longo, desde a secção de referência até à cabeceira mais distante na bacia. O curso de água apresenta um comprimento total de 5,7 km, apresentando assim, um factor de forma igual a 0,3. Este índice adimensional constitui outro factor da maior ou menor tendência da bacia para a ocorrência de cheias. Assim, numa bacia estreita e longa, que apresenta um factor de forma baixo, há menos possibilidade de ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda a sua extensão. 4.5.3.3. Características do sistema de drenagem O comprimento total dos cursos de água da bacia em estudo é 24,33 km, a que corresponde uma densidade de drenagem de 2,53 km/km2. A densidade de drenagem varia directamente com a extensão do 76 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental escoamento superficial e fornece uma indicação da eficiência de drenagem natural da bacia. Este índice varia de 0,5 km/km2, para bacias mal drenadas, a 3,5 km/km2, ou mais, para bacias muito bem drenadas. No que diz respeito à constância do escoamento, a linha de água em estudo pode-se classificar como efémera, consistindo num canal seco durante a maior parte do ano e comportando fluxo de água durante e imediatamente após os períodos de precipitação. O Ribeiro da Horta da Nora apresenta um padrão de drenagem dendrítica e desenvolve-se em rochas de resistência uniforme. A inclinação média do leito da ribeira é de 0,00614. A sinuosidade de um curso de água é a relação entre o comprimento do rio principal e o comprimento da directriz. Este parâmetro é uma característica da velocidade do curso de água, sendo tanto maior quanto mais baixo o valor da sinuosidade. No Ribeiro da Horta da Nora a sinuosidade é igual a 1,5. Um valor igual à unidade significa que o rio é rectilíneo. 4.5.3.4. Características do relevo O relevo da bacia de drenagem é suave, apresentando uma altitude máxima de 263 m, no ponto de cumeada Lagoas da Caldeirinha e uma altitude mínima na secção de referência de 215 m. O declive de uma bacia colectora controla a velocidade com que se dá o escoamento superficial e, consequentemente, o tempo que leva a água a concentrar-se nos leitos fluviais da rede de drenagem, afectando a grandeza das pontas de cheia e a maior ou menor infiltração bem como susceptibilidade à erosão dos solos. O índice de declive de Roche, declive médio para toda a bacia, entre a cota mais elevada e a mais baixa é equivalente a 0,00798 m/m. 4.5.3.5. Caudais afluentes ao açude do Ribeiro da Horta da Nora em regime natural Considerações prévias No presente capítulo procedeu-se ao cálculo dos volumes de água afluentes ao Açude do Ribeiro da Horta da Nora. O cálculo desses volumes foi feito a partir de dados de precipitação de estações meteorológicas e hidrométricas na vizinhança, disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos do Instituto da Água. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 77 Uma vez que não existem dados de escoamento na secção de referência considerada (o Açude), recorreuse a dados de estações hidrométricas vizinhas e procedeu-se à transposição dos respectivos dados, com base no pressuposto de que as estações hidrométricas da vizinhança encontram-se em condições climatológicas e geológicas afins. A validade da transposição, após a dimensionalização, da informação recolhida numa EH para outra secção da rede hidrográfica vizinha, em que aquela informação não esteja disponível, foi posta em evidência, relativamente a bacias hidrográficas portuguesas, por Quintela, 1967 e 1979 e, mais recentemente, por Portela e Quintela, 2000. Este último trabalho fundamentou-se em 24 estações hidrométricas, razoavelmente dispersas pelo território de Portugal Continental e apresentando períodos de registo superiores a 30 anos. Com base na constatação de que, numa região com um dado clima, o escoamento anual médio numa secção dum rio expresso em altura de água sobre a correspondente bacia hidrográfica, indicação sobre a variabilidade temporal do escoamento (quanto mais baixo for H, fornece H , ou seja, quanto mais árida for a bacia hidrográfica, maior é a variabilidade relativa do escoamento, quer interanualmente, quer no interior dos anos). O cálculo do valor de H= H , vem da aplicação da seguinte equação, ∀ A Em que ∀ é o volume anual médio afluente à secção de referência e A a respectiva área da bacia. Portela e Quintela, 2000, demonstram a possibilidade de utilizar a altura de escoamento anual médio como parâmetro para transpor a informação hidrométrica anual, mensal ou diária para secções de cursos de água em que tal informação não se encontre disponível. A nível mensal, tal demonstração baseou-se nos resultados apresentados na figura 4.5.1, referentes à variação, em função das alturas do escoamento anual médio, consideradas, das médias, quadráticos médios, MED DQM , e dos H , nas 24 estações hidrométricas então desvios-padrão, DESV DQM , dos desvios DQM , dos escoamentos mensais adimensionais obtidos para os sucessivos anos dos períodos de registos. Numa dada estação hidrométrica (caracterizada por um valor de H) o desvio quadrático médio, DQM , em cada ano com registos fornece a variabilidade do escoamento mensal no interior desse ano sendo calculado, em termos adimensionais, por: 78 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental ∑ [(H 12 ) ] − Hi / H 2 j =1 DQM i = Em que i e i, j 12 j são os índices de ano e de mês, respectivamente, e as restantes variáveis têm os seguintes significados: DQM i H desvio quadrático médio do escoamento mensal no ano i ; altura do escoamento anual médio no período de registo; H i altura do escoamento mensal médio no ano i ; H i , j altura do escoamento no mês j do ano i . Média e desvio-padrão dos DQM (-) 0,14 Média dos DQM, MED DQM 0,12 Desvio-padrão dos DQM, DESV DQM 0,10 MED DQM = 0,428 H c.c. = −0,846 0,08 − 0,2396 0,06 DESV DQM = 1,549 H − 0,5313 c.c. = − 0,869 0,04 0,02 100 600 1100 1600 H ( mm ) Fonte: Portela e Quintela, 2000 Figura 4.5.1 – Médias e desvios-padrão das séries dos desvios quadráticos médios dos escoamentos mensais adimensionais em 24 estações hidrométricas portuguesas, em função dos respectivos valores de H A anterior figura evidencia que, tanto as médias, como os desvios-padrão dos desvios quadráticos médios se correlacionam com os respectivos escoamentos anuais médios expressos em altura de água, Sendo o desvio quadrático num dado ano, DQM i , H. tanto maior quanto mais irregulares forem os escoamentos mensais nesse ano, conclui-se que, em média, a variabilidade relativa desses escoamentos diminui à medida que H aumenta (diminuição de MED DQM com o aumento de H ). A dispersão dos desvios quadráticos médios em torno das respectivas médias diminui também com o aumento de Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 79 H (diminuição de DESV DQM com o aumento de H ). Verifica-se, assim, que o escoamento anual médio expresso em altura, H , constitui também uma medida da irregularidade relativa do escoamento mensal, atenuando-se tal irregularidade à medida que H aumenta. Em face aos anteriores resultados, conclui-se que a série dos escoamentos mensais adimensionais relativa a uma secção de um curso de água com escoamento anual médio expresso em altura de água, H , pode ser transposta para outra secção sem informação hidrométrica para a qual se tenha obtido uma estimativa do escoamento anual médio, H1 , próxima de H (Portela e Quintela, 2000 in Aqualogos/Seia 2001). Em conformidade com os autores em referência a transposição pode ser efectuada por aplicação das seguintes equações: H H EH H i , j = H iEH ,j Qi , j = QiEH ,j ∀ ∀EH Em que os índices i e j são, respectivamente, o ano e o mês, sendo as variáveis com índice EH referentes à estação hidrométrica da vizinhança e as variáveis sem índice referentes à bacia hidrográfica em que se incide o estudo. Para que seja possível a transposição das séries, é necessário possuir registos de escoamento numa estação hidrométrica da vizinhança e dados de escoamento anual médio sobre a bacia hidrográfica em questão. Por aplicação de modelos de escoamento anual – precipitação anual é possível obter-se o volume anual médio que aflui à bacia hidrográfica. O valor da precipitação anual sobre a bacia hidrográfica resulta de uma ponderação entre os valores de precipitação anual, para as estações meteorológicas na vizinhança da secção de referência, através do método dos polígonos de Thiessen. Este método consiste na união dos postos adjacentes, três a três por segmentos de recta, traçando-se normais ao meio dos segmentos, formando polígonos com estas normais (polígonos de Thiessen). Cada um dos polígonos assim formados tem um único posto de observação no seu interior, e qualquer ponto contido no interior do polígono está mais próximo desse posto do que de qualquer outro. O polígono traçado define a área de influência do posto. Se for Pi a precipitação no posto i , e Ai a sua área de influência, a precipitação ponderada, P , sobre a área total, A , será: P=∑ 80 Pi Ai A Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A base deste método está no facto de se considerar a bacia hidrográfica homogénea. A partir dos dados de precipitação aplica-se um modelo de escoamento anual versus precipitação anual, do tipo: E = aP + b Em que E é o escoamento anual que se pretende estimar em mm, P a precipitação anual sobre a bacia em mm, e a e b os coeficientes regionais do modelo. Com os dados dos volumes afluentes às secções de referência, já se pode aplicar o modelo de transposição. Estação Hidrométrica A estação hidrométrica escolhida para proceder à referida transposição foi a EH de Monte da Ponte (26J/01) situada no Rio Cobres ou Ribeira de Terges que é um tributário da margem direita do Rio Guadiana. Por consulta do mapa de isolinhas de escoamento anual médio do Instituto do Ambiente, espera-se que as alturas do escoamento anual médio na bacia hidrográfica de Monte da Ponte e na bacia hidrográfica da Açude do Ribeiro da Horta da Nora sejam muito próximas uma vez que estas se encontram relativamente pouco distanciadas. Com recurso às cartas militares da região (CM nº 530, 547, 572, 557, 564, 540, 563, 556, 531, 538, 539, 548, 549 e 555) procedeu-se à delimitação da bacia hidrográfica de Monte da Ponte a que correspondeu uma área de drenagem de 709,8 km2 e um perímetro de 168 km. Quadro 4.5.1 – Características da Estação Hidrométrica de Monte da Ponte Estação Hidrométrica Localização Altitude Bacia Hidrográfica Nº de anos com registos Código Nome M (m) P (m) 27H/01 Panóias 184805 87851 175 Sado 61 26I/03 Aljustrel 197000 100109 223 Sado 68 27I/01 Castro Verde 203510 81240 180 Guadiana 69 186415 84519 140 Sado 17 213394 74313 250 Guadiana 21 204594 70635 250 Guadiana 21 completos Barragem do Monte da 27H/02 Rocha Santa Bárbara 28J/03 Padrões Rosário 28I/02 (Almodôvar) Fonte: Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (www.snirh.inag.pt) Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 81 Este curso de água apresenta um regime hidrológico característico dos cursos de água do sul do país, em que o regime pluviométrico é altamente sazonal, apresentando um máximo de precipitação mensal nos meses de Dezembro e Janeiro, que se reflecte nos escoamentos, apresentando frequentemente caudais nulos nos meses estivais. A série cronológica de dados de escoamento da EH de Monte da Ponte apresenta duas falhas nos registos, designadamente, em Março e Abril do ano hidrológico de 1988/89. Antes de prosseguir o estudo procedeu-se ao preenchimento dessas falhas com recurso a dados de escoamento de estações hidrométricas vizinhas que apresentassem valores de escoamento nos meses em falha. Para o efeito escolheu-se a EH de Albernoa (26J/01), e o modelo de preenchimento de falhas baseou-se na regressão linear simples entre as séries cronológicas de escoamento da EH de Monte da Ponte e da EH de Albernoa. O coeficiente de correlação do modelo é igual a 98%, considerando-se desta forma haver uma boa relação entre os escoamentos registados na EH de Monte da Ponte e na EH de Albernoa. Os escoamentos assim alcançados foram 61,75 dam3 (Março) e 496,99 dam3 (Abril). No Quadro 4.5.2 encontram-se sistematizados os postos meteorológicos seleccionados, para o cálculo do modelo de precipitação anual – escoamento anual referente à EH de Monte da Ponte. Estes postos foram seleccionados tendo em conta a sua localização geográfica e o tamanho das séries cronológicas, que deveriam ser o maior possível para validar o referido modelo. Quadro 4.5.2 – Características das Estações Meteorológicas seleccionadas Estação Localização Altitude Bacia Nº de anos com registos Código Nome M (m) P (m) (m) Hidrográfica 24L/01 Amieira 250100 145959 172 Guadiana 49 24N/01 Amareleja (DGRN) 279148 138512 192 Guadiana 69 25L/01 Pedrogão do Alentejo 242611 127877 140 Guadiana 59 26J/01 Trindade 221193 101924 176 Guadiana 65 completos 26L/01 Serpa 246522 108566 190 Guadiana 69 26M/01 Herdade de Valada 261513 108819 230 Guadiana 32 27I/01 Castro Verde 203510 81240 180 Guadiana 69 25O/01 Restauração 286353 122242 280 Guadiana 69 28H/01 Aldeia de Palheiros 189287 70856 210 Mira 69 28H/02 São Sebastião (G. A.) 196397 60645 265 Mira 41 28I/01 Almodôvar 205778 60184 270 Guadiana 69 27K/01 Algodôr 230122 86104 163 Guadiana 69 26I/03 Aljustrel 197000 100109 223 Sado 68 27J/01 São Marcos da Ataboeira 217105 81966 174 Guadiana 43 26I/01 Santa Vitória 209478 110566 153 Sado 50 27H/01 Panóias 184805 87851 175 Sado 61 Fonte: Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (www.snirh.inag.pt) 82 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O cálculo da influência de cada estação meteorológica na bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte foi feito com recurso à ferramenta Allocation do ArcView. Dos postos meteorológicos seleccionados apenas oito têm influência na referida bacia, designadamente, Aljustrel (26I/03), São Sebastião (28H/02), Almodôvar (28I/01), Aldeia de Palheiros (28H/01), São Marcos da Ataboeira (27J/01), Castro Verde (27I/01), Trindade (26J/01) e Algodôr (27K/01) (ver Desenho 14, Volume II). Quadro 4.5.3 – Ponderação de cada Posto Meteorológico na bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte Estação Meteorológica Ponderação Área de Influência dentro da bacia (km2) Código Nome 26J/01 Trindade 0,2195 155,79 27I/01 Castro Verde 0,3604 255,84 28H/01 Aldeia de Palheiros 0,0202 14,36 28H/02 São Sebastião (G. A.) 0,0213 15,10 28I/01 Almodôvar 0,1522 108,01 27K/01 Algodôr 0,0008 0,59 26I/03 Aljustrel 0,0122 8,64 27J/01 São Marcos da Ataboeira 0,2134 151,49 A precipitação ponderada sobre a bacia foi calculada com base nas ponderações de cada posto. Sendo a precipitação no posto i , e Pi Ai a sua área de influência, a precipitação ponderada, P , sobre a área total, A , será: P=∑ Pi Ai A A precipitação ponderada média anual sobre a bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte é igual a 520 mm tendo em consideração o período de registos de 1958/59 a 1999/2000. Tendo em vista a obtenção do volume afluente ao Açude do Ribeiro da Horta da Nora, a partir dos dados de precipitação aplicou-se um modelo de escoamento anual versus precipitação anual, do tipo: E = aP + b Em que E é o escoamento anual que se pretende estimar em mm, P a precipitação anual sobre a bacia em mm, e a e b os coeficientes regionais do modelo. O modelo obtido para a EH de Monte da Ponte encontra-se representado na figura 4.5.2. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 83 500 400 y = 0 ,6 9 9 4 x - 2 3 9 , 4 6 R 2 = 0 ,8 3 9 8 300 200 100 0 0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,00 -100 Figura 4.5.2 – Regressão linear simples entre precipitações e escoamentos anuais na EH de Monte da Ponte A equação regional que relaciona a precipitação anual e o escoamento anual na bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte toma os valores indicados no Quadro 4.5.4. O coeficiente de correlação do modelo apresentado toma o valor de 84%, sendo que se considera haver uma boa relação entre os escoamentos anuais e as precipitações anuais que estiveram na base do modelo. Quadro 4.5.4 – Características do Regime Hidrológico na EH de Monte da Ponte (27J/01) Parâmetro Unidade Valor Precipitação média anual ( P ) mm 520 Altura de água ( H ) mm 141,6 Volume médio anual afluente ( ∀ ) dam3 100512 A partir do modelo, pode-se estimar os volumes anuais afluentes ao Açude existente por aplicação da referida equação tendo por base a precipitação anual média sobre a bacia do Açude. 84 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Volume médio anual afluente ao açude A precipitação ponderada anual média na bacia hidrográfica do Açude do Ribeiro da Horta da Nora foi estimada segundo o mesmo método, sendo que o único posto que exerce influência na bacia hidrográfica é o posto meteorológico de Castro Verde. Quadro 4.5.5 – Características da Estação Meteorológica de Castro Verde Estação Hidrométrica Localização Altitude Bacia Código Nome M (m) P (m) (m) Hidrográfica 27I/01 Castro Verde 203510 81240 180 Guadiana Nº de anos com registos completos 69 A precipitação média anual ponderada sobre a bacia hidrográfica é igual a 540,7 mm (Desenho 15, Volume II). Aplicando a equação de regressão linear calculada para a EH de Monte da Ponte obtém-se o escoamento anual médio afluente à secção de referência (Açude existente). Quadro 4.5.6 – Variáveis hidrológicas da bacia hidrográfica do Açude do Ribeiro da Horta da Nora Variável Unidades Valor Precipitação média ponderada ( P ) mm/ano 540,7 Altura média de água afluente ( H ) mm/ano 138,9 Volume médio afluente ( ∀ ) dam3/ano 1332 Volume médio mensal afluente ao açude Tendo em conta o volume anual médio afluente à bacia hidrográfica do açude existente e o volume anual médio afluente à bacia hidrográfica da EH de Monte da Ponte é possível realizar a transposição dos registos e estimar os correspondentes escoamentos mensais médios afluentes ao Açude do Ribeiro da Horta da Nora, conforme foi descrito anteriormente (c.f. ponto 2.5.3.5), por aplicação da expressão: Q =Q B i, j EH i, j ∀B ∀ EH Em que os índices i e j são, respectivamente, o ano e o mês, sendo as variáveis com índice EH referentes à EH de Monte da Ponte e as variáveis sem índice referentes à bacia hidrográfica em que se incide o estudo. Os caudais médios mensais obtidos para a bacia hidrográfica do Açude encontramse no quadro seguinte. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 85 Quadro 4.5.7 – Volumes médios mensais (dam3) afluentes ao Açude existente Ano Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set 1959/1960 17,76 44,80 212,86 308,42 597,76 752,97 41,88 14,45 30,22 0,04 0,00 0,00 1960/1961 28,63 118,09 38,04 33,67 9,54 55,67 7,16 0,40 47,32 1,33 0,00 0,80 1961/1962 0,11 95,30 515,06 462,97 18,82 412,07 4,11 1,46 0,08 0,00 0,00 0,00 1962/1963 53,02 75,28 490,40 1167,56 993,00 321,02 112,26 45,46 5,30 0,00 0,00 0,00 1963/1964 0,00 1,33 1184,52 84,69 387,55 497,96 23,46 0,80 0,13 0,00 0,00 0,00 1964/1965 0,00 0,00 0,00 5,30 44,00 123,26 1,19 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 89,73 479,93 929,65 32,21 10,74 0,66 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,40 40,29 47,05 6,36 1,19 5,57 0,01 0,00 0,00 12,99 4,51 441,50 409,29 9,28 0,93 0,00 0,00 0,00 0,00 1254,37 833,95 67,46 5,83 3,31 0,13 0,00 0,00 1965/1966 1966/1967 1967/1968 169,79 286,16 0,00 0,00 112,93 210,08 1968/1969 0,00 95,96 493,85 925,27 1969/1970 12,99 202,39 172,70 1846,17 46,52 13,12 29,29 0,93 3,58 0,01 0,00 0,00 1970/1971 0,00 0,00 0,00 151,63 43,47 3,18 43,74 48,11 5,70 0,40 0,00 0,00 1971/1972 0,00 0,00 0,00 42,55 341,69 275,69 6,23 1,86 0,00 0,00 0,00 0,00 1972/1973 58,32 118,89 78,20 327,78 100,47 5,04 0,40 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 1973/1974 0,00 0,00 6,49 5,96 58,85 18,95 39,90 7,55 0,04 0,00 0,00 0,00 1974/1975 0,00 0,00 0,00 0,00 46,65 363,16 5,57 11,80 1,06 0,03 0,00 0,00 1975/1976 0,00 0,00 73,30 3,58 136,39 34,06 2,52 4,24 0,07 0,00 0,00 0,05 1976/1977 0,27 110,80 1030,91 660,19 668,14 30,88 2,39 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 1977/1978 0,00 31,41 900,89 158,52 300,60 396,56 7,95 68,26 1,19 0,04 0,00 0,00 1978/1979 0,00 88,27 471,98 1354,97 1369,69 134,79 199,08 3,98 0,27 0,07 0,00 0,00 1979/1980 251,56 9,28 4,64 7,69 9,15 43,87 70,51 4,64 0,13 0,00 0,00 0,00 1980/1981 0,00 3,31 0,80 0,53 0,40 0,40 0,53 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 1981/1982 0,00 0,00 378,94 368,47 58,98 11,00 23,46 0,53 0,00 0,00 0,00 0,66 1982/1983 0,03 21,21 2,12 1,99 0,53 1,99 0,80 0,13 0,00 0,00 0,04 1,72 1983/1984 0,00 710,82 373,37 26,11 5,57 24,92 54,34 2,39 0,09 0,00 0,00 0,00 1984/1985 0,00 0,00 32,34 540,50 489,34 25,71 4,51 1,99 0,13 0,00 0,00 0,00 1985/1986 0,00 0,00 0,00 19,62 383,71 199,08 29,42 1,33 0,00 0,00 0,00 1,99 1986/1987 1,19 0,53 1,33 120,88 296,63 16,04 4,37 0,27 0,00 0,00 0,00 0,00 1987/1988 3,84 177,21 998,83 304,18 82,97 7,16 0,53 6,23 0,53 0,00 0,00 0,00 1988/1989 0,00 359,72 37,51 45,06 9,68 0,37 0,27 4,77 5,83 0,00 0,00 0,00 1989/1990 286,02 821,10 2145,05 248,78 38,57 35,26 149,64 26,77 0,11 0,00 0,00 0,00 1959/1960 17,76 44,80 212,86 308,42 597,76 752,97 41,88 14,45 30,22 0,04 0,00 0,00 1960/1961 28,63 118,09 38,04 33,67 9,54 55,67 7,16 0,40 47,32 1,33 0,00 0,80 86 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Os valores de escoamento obtidos encontram-se em consonância com os valores estimados no Atlas do ambiente (ver Desenho 16, Volume II), sendo o volume médio anual afluente ao açude existente na área de intervenção é igual a 1 280 dam3. 4000 Vo lu m e a f lue n te (d a m 3 ) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 1989/1990 1988/1989 1987/1988 1986/1987 1985/1986 1984/1985 1983/1984 1981/1982 1982/1983 1980/1981 1979/1980 1978/1979 1977/1978 1976/1977 1975/1976 1974/1975 1973/1974 1971/1972 1972/1973 1970/1971 1969/1970 1968/1969 1967/1968 1966/1967 1965/1966 1964/1965 1963/1964 1961/1962 1962/1963 1959/1960 0 1960/1961 500 Figura 4.5.3 – Escoamento médio anual afluente ao açude existente na área de intervenção Verifica-se que existe uma elevada variabilidade temporal nos escoamentos anuais. Na série de registos de 31 anos, em 4 deles obtiveram-se volumes de água afluentes superiores aos 3 000 dam3, sendo que no ano hidrológico de 1980/81 o escoamento médio anual registado foi de 6,07 dam3. Com o intuito de caracterizar com mais pormenor o regime natural de afluências na secção do Açude, identificaram-se, mês a mês, os caudais que se admitem poderem representar condições excepcionalmente secas e condições excepcionalmente húmidas. Os caudais que traduzem estas condições correspondem aos caudais que, no período para o qual foi estabelecida a série, ocorressem ou fossem inferiores a 20% dos anos e 80% dos anos. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 87 600 E s c o a m e n to ( da m 3 ) 500 400 300 200 100 0 Out Nov Dez Jan Fev Media Mar Abr P80% Mai Jun Jul Ago Set P20% Figura 4.5.4 – Escoamento médio anual afluente, condições “húmidas” e “condições secas” Os meses em que o escoamento é mais elevado são Dezembro, Janeiro e Fevereiro, sendo que nos meses estivais o escoamento é muito baixo, e mesmo nulo no mês de Agosto, em condições médias. De facto, a ocorrência de condições excepcionalmente secas não é singular, verificando-se a ocorrência de 71, 97, 84 e 55% de anos com caudais nulos nos meses de Julho, Agosto, Setembro e Outubro, respectivamente. 4.5.4. Albufeira do Monte da Rocha A albufeira de Monte da Rocha, classificada como protegida, tem como uso principal a rega (no Aproveitamento Hidroagrícola de Campilhas e Alto Sado). A partir do ano de 1992 passou também a fornecer água para o abastecimento às populações (autarquias). Na Figura 4.5.5 apresentam-se os consumos de água para vários usos de acordo com os dados da estação 27H/01 A (Monte da Rocha) do SNIRH, entre 1990 e 2006. A partir do ano 2000 os consumos apenas foram superiores a 15 hm3/ano no ano 2004. 88 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 30.000 Consumos de água (dam3) 25.000 20.000 Agrícola Industrial 15.000 Municipal Usos diversos 10.000 5.000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Fonte: http://snirh.pt, Abril 2011 Figura 4.5.5 – Consumos de água na albufeira do Monte da Rocha (1990-2006) A albufeira situa-se na freguesia de Panóias, concelho de Ourique, distrito de Beja, serve 10500 habitantes e é explorada pela Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado. As principais características da albufeira e da sua bacia hidrográfica são apresentadas nos quadros seguintes: Quadro 4.5.8 – Características da albufeira de Monte da Rocha Nível máximo de cheia (NMC) 138,45 m Nível pleno armazenamento (NPA) 137 m Nível mínimo de exploração (NmE) 113,25 m Área inundada ao NPA 1100 ha Capacidade total de armazenamento 102,76 hm3 Capacidade morta 5 hm3 Capacidade útil 97,76 hm3 Fonte: www.snirh.pt, Abril 2011 Quadro 4.5.9 – Características da bacia hidrográfica Área da Sub-Bacia Hidrográfica Própria 244,93 km2 Altitude média 193 m Declive médio 4% Escoamento Médio Anual 43.3 hm3 Fonte: www.snirh.pt, Abril 2011 O Aproveitamento Hidroagrícola de Campilhas e Alto Sado, com uma área total beneficiada de 6 097 ha, situa-se ao longo dos vales das ribeiras de Campilhas, S. Domingos, Vale Diogo e Ribeira da Ferraria ou Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 89 Barranco de Monte Gato e ao longo das margens do rio Sado para montante da sua confluência com a ribeira do Roxo, no concelho de Santiago do Cacém (4.849 hectares) do distrito de Setúbal e, nos concelhos de Odemira (629 hectares) e Ourique (619 hectares), do distrito de Beja (http://www.dgadr.pt, Abril de 2011). A água para a rega provém, além da albufeira de Monte da Rocha, das albufeiras de Campilhas, Fonte Serne, Monte Gato e Monte Miguéis. 4.5.5. Qualidade dos recursos hídricos Na zona de intervenção a informação disponível sobre a qualidade dos recursos hídricos é escassa, não existindo nenhuma estação de monitorização da qualidade da água na vizinhança que permita aferir sobre o estado dos recursos hídricos. A estação de monitorização da qualidade da água mais próxima da área de intervenção e que se localiza a jusante da secção de referência é a Estação de Monte da Rocha (rio cobres ou ribeira de terges - 27J01). De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos, a qualidade da água da estação foi classificada como “muito má” em 2000, devido aos parâmetros fósforo e fosfatos; e “razoável” de 2001 a 2009, com excepção do ano 2003, em que foi classificada como “má”, devido aos parâmetros sólidos suspensos totais e oxidabilidade. Refere-se que no último ano para o qual se tem classificação, 2009, esta deve-se aos parâmetros fenóis e carência química de oxigénio. Fonte: http://snirh.pt, Abril de 2011 Figura 4.5.6 – Qualidade da água na albufeira de Monte da Ponte (1999-2009) Estes dados não são porém comparáveis com a qualidade da água do açude do ribeiro Horta da Nora. A estação de Monte da Ponte possui uma bacia drenante de 709 km2, estando por isso sujeita a cargas muito superiores. Neste contexto, pode-se apenas inferir relativamente às fontes de poluição existentes na bacia drenante do açude. De acordo com os dados obtidos durante as visitas técnicas ao local, pode-se identificar a existência de poluição difusa associada à agricultura e à actividade pecuária do tipo extensivo e semi- 90 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental extensivo. Poderão surgir ainda cargas poluentes ligadas à produção de aves e outros animais de capoeira. Tendo em conta a dimensão da bacia, não são de esperar níveis de contaminação alarmantes. Contudo, a água armazenada no açude poderá, devido às condições a que está sujeita (radiação solar e acumulação de nutrientes), desenvolver um crescimento exponencial de algas, que poderá contribuir para a deterioração da qualidade das águas, pondo em causa os ecossistemas existentes. No que respeita à albufeira de Monte da Rocha (27H03), de acordo com o Plano de Ordenamento da Albufeira (Resolução do Conselho de Ministros n.º 154/2003, DR 225 SÉRIE I-B de 2003-09-29), esta apresenta alguns problemas ao nível da quantidade e qualidade da água. De acordo com informação apresentada no site do SNIRH, a qualidade da água na albufeira entre 1996 e 2009 foi classificada em oito anos com classe D (qualidade má) e em seis anos com classe C (qualidade razoável) (Figura 4.5.7). Na década de 90 do século passado os maus resultados (classe D) deviam-se sobretudo ao oxigénio dissolvido. Já nos dois últimos anos com pior classificação (D) foi o azoto kjeldahl e os fenóis os parâmetros responsáveis, em 2007 e 2008, respectivamente. No último ano com dados sintetizados disponíveis (2009) a qualidade voltou à classe C (razoável). Fonte: http://snirh.pt, Abril de 2011 Figura 4.5.7 – Qualidade da água na albufeira de Monte da Rocha (1996-2009) O volume de água armazenada, nos anos hidrológicos 2005/2006, 2006/2007, 2007/2008 e 2008/2009, foi inferior a 70% da capacidade total de armazenamento. Nos anos hidrológicos de 2009/2010 e 2010/2011, os níveis de armazenamento variaram entre 70 a 100% em vários meses observados. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 91 Fonte: http://snirh.pt, Abril de 2011 Figura 4.5.8 – Volume de armazenamento na albufeira de Monte da Rocha 4.6. Recursos hídricos subterrâneos 4.6.1. Enquadramento regional As formações metamórficas, metassedimentares e ígneas que afloram na área de intervenção (sequência turbidítica do Carbónico e complexo-vulcano-sedimentar da Faixa Piritosa; ver Capítulo da Geologia) correspondem a unidades geológicas com reduzido interesse hidrogeológico, abrangendo o concelho de Castro Verde duas das massas de água subterrânea definidas no âmbito da implementação da Directiva Quadro da Água: Zona Sul Portuguesa da Bacia do Guadiana e Zona Sul Portuguesa da Bacia do Mira. As massas de água subterrânea da Zona Sul Portuguesa da Bacia do Guadiana (4 551 km2) e Zona Sul Portuguesa da Bacia do Mira (1 727 km2) têm como unidades aquíferas de maior produtividade os xistos e os grauvaques. As formações vulcano-sedimentares do Sub-sector Pomarão-Castro Verde (que afloram na área do Plano de Pormenor), pela reduzida representatividade espacial e interesse hidrogeológico estão incluídas nestas massas de água subterrânea que englobam a maioria das rochas cristalinas do Maciço Hespérico da Zona Sul Portuguesa. Pelas suas características litológicas e estruturais, os terrenos que afloram na área de intervenção apresentam reduzida porosidade e permeabilidade, formando, em geral aquífugos ou pequenos aquíferos locais descontínuos. O aumento da capacidade de infiltração dos terrenos e o armazenamento de água em profundidade estão relacionados com as condições de fracturação e de alteração local das rochas cristalinas. Deste modo, de acordo com as condições de fracturação e de alteração das rochas, verifica-se o desenvolvimento de níveis aquíferos descontínuos que são aproveitados por captações (em geral poços) 92 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental que extraem as águas subterrâneas para satisfazer pequenos consumos locais (rega, abeberamento de animais e consumos domésticos). De acordo com o Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Sado (Hidroprojecto et al, 1999), é possível caracterizar os recursos hídricos subterrâneos no concelho de Castro Verde da seguinte forma: Quadro 4.6.2 – Características dos recursos hídricos subterrâneos no concelho de Castro Verde Águas Subterrâneas no concelho de Castro Verde Precipitação média anual (mm) Recarga máxima anual (mm) Recarga mínima anual (mm) Recarga média anual (mm) Taxa de recarga média (%) Volume extraível máximo anual (mm) Volume extraível mínimo anual (mm) Volume extraível médio anual (mm) Extracção de água subterrânea anual entre 1990 e 1994 (m3) 551 184 1 7 1 128 1 5 150 000 Hidroprojecto et al, (1999) As captações de água subterrânea mais profundas - os furos - captam níveis de água a dezenas de metros da superfície e destinam-se sobretudo a assegurar consumos de água mais exigentes ou a complementar as origens de água superficial que abastecem as populações de Castro Verde para os mais diversos fins. O abastecimento público das populações de Castro Verde é assegurado maioritariamente por água de origem superficial, proveniente da albufeira do Monte da Rocha. O recurso a água subterrânea é ainda relativamente importante no abastecimento de água às populações dispersas do concelho. No Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais (INSAAR, in www.inag.pt, 2011) verifica-se que em 2007 (último ano com informação disponível), a Câmara Municipal de Castro Verde possuía 22 captações de água subterrânea destinadas ao abastecimento público. A reduzida aptidão hidrogeológica e armazenamento das formações geológicas condiciona fortemente a produtividade das captações de água subterrânea, explicando a razão pela qual num dos Relatórios de Acompanhamento da Seca ocorrida em 2005 (correspondendo ao período compreendido entre 16 e 31 de Outubro de 2005) é referido que numa localidade do concelho de Castro Verde (Viseus) o abastecimento dos reservatórios do sistema público estava a ser feito com recurso a autotanques (bombeiros). As captações que contribuem para o abastecimento público das 81 pessoas desta localidade, localizada a ESE Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 93 de Castro Verde, devido ao baixo nível da água em profundidade, não asseguram os consumos de água necessários. Desta forma, e de acordo com este documento, houve a necessidade de proceder à abertura de novos furos para assegurar o abastecimento público de Castro Verde. A água subterrânea é, de facto, uma importante origem de água para o abastecimento das populações. Como a informação disponibilizada, quer pelo INSAAR quer pelo SNIRH, não identifica a localização das captações de abastecimento público, não é possível correlacionar estes dados (tendo-se verificado contudo no reconhecimento de campo que nenhuma destas captações se localiza na área afecta ao Plano de Pormenor). De acordo com o INSAAR, em 2007, o volume captado em origens subterrâneas para o abastecimento público das populações do concelho de Castro Verde ascendeu a cerca de 216 657 m3. 4.6.2. Caracterização hidrogeológica local Face ao enquadramento hidrogeológico regional, de reduzida aptidão hidrogeológica, compreende-se a razão pela qual no Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (in www.snirh.pt, 2011) não se encontra inventariada nenhuma captação de água subterrânea na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. De facto, as condições geológicas locais são muito pouco favoráveis à ocorrência de aquíferos com produtividades significativas. Não quer isto dizer que, localmente, e em condições muito particulares, não possam ser encontrados pequenos aquíferos que permitam uma exploração pontual, necessariamente em situações de recurso, já que, previsivelmente, as taxas de extracção serão muito superiores às taxas de recarga da água. Não obstante o inventário do SNIRH não incluir nenhuma captação de água subterrânea na área do Plano de Pormenor da Cavandela, existem no interior desta área oito poços e um furo, maioritariamente concentrados na proximidade das edificações localizadas na área central da Herdade da Cavandela (c.f. informação cedida pela Câmara Municipal de Castro Verde e pela Cavandela Sociedade Imobiliária). Esta localização preferencial leva a supor que estas captações de água subterrânea assegurariam os consumos de água dos proprietários e os caudais necessários para a rega da área agrícola e abeberamento dos animais (Desenho 17, Volume II). Não foi disponibilizada informação relativa às características das captações localizadas na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela ou da qualidade das águas extraídas pelo que, para a caracterização 94 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental hidrogeológica local consideram-se como representativos os dados disponibilizados no Sistema Nacional de Recursos Hídricos Subterrâneos (SNIRH). A informação disponível no SNIRH sobre os recursos hídricos subterrâneos diz essencialmente respeito à localização e ao tipo de captações de água existentes no concelho de Castro Verde – todas fora da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. Para além desta informação não existem dados sobre as características hidrodinâmicas do meio hídrico subterrâneo ou sobre as utilizações a que se destinam as águas extraídas. As 91 captações de água subterrânea inventariadas no concelho de Castro Verde distribuem-se pelas seguintes freguesias: Cas ével Castro Ve rde E ntra das S. Marc os da Ataboe ira San ta B árbara de Pa drõe s 12 8 16 44 11 Fonte: www.snirh.pt Figura 4.6.1 – Número de captações por freguesia do concelho de Castro Verde Cerca de 85% das captações de água subterrânea correspondem a furos, correspondendo 12% dos pontos de água a poços. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 95 charca furo nascente poço 1% 12% 1% 86% Fonte: www.snirh.pt Figura 4.6.2 – Tipo de captações existentes no concelho de Castro Verde À semelhança do que acontece com outras captações de água subterrânea instaladas em formações geológicas cristalinas da Zona Sul Portuguesa, com um comportamento de reduzida permeabilidade, os melhores caudais de exploração das águas subterrâneas são obtidos através de furos, que exploram níveis aquíferos profundos, em geral a várias dezenas de metros da superfície. A informação disponível sobre as captações de água subterrânea inventariadas é escassa, encontrando-se apenas disponível informação relativa à qualidade da água extraída para um furo vertical (ponto de água 548/25), localizado a Nordeste da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela, na freguesia de Entradas, próximo do IP2. Este ponto de água integra-se na rede de monitorização dos recursos hídricos subterrâneos que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo tem em funcionamento, podendo-se considerar as características das águas subterrâneas extraídas neste ponto como representativas da qualidade do meio hídrico na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. No Quadro 4.6.3 apresenta-se um resumo da informação disponível para este ponto de água. Quadro 4.6.3 – Caracterização físico-química do ponto de água 548/25 Parâmetro 96 Média Nº de amostras Período de análise pH 7,51 5 2000-2009 Condutividade 938.6 8 2003-2008 Bicarbonato 232 2 2000-2001 Cálcio 62,6 5 2000-2007 Cloreto 166.4 14 2000-2008 Dureza 2315 2 2000-2001 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Parâmetro Média Nº de amostras Período de análise Potássio 1.71 7 2000-2006 Sódio 112.1 5 2000-2006 Nitrato 16.9 16 2000-2009 Sulfato 70,6 16 2000-2009 Ortofosfato 0,06 15 2000-2009 Nitrito 0,011 11 2000-2006 Magnésio 28,1 5 2000-2006 Alumínio 0,058 3 2000-2002 < 0,050 1 2009 Pesticidas totais Parâmetros físico-químicos: catiões e aniões medidos em mg/l, condutividade eléctrica em μS/cm Fonte: INAG, 2011. As altas concentrações do ião cloreto e os valores de condutividade eléctrica destas águas são em grande parte explicados pelos processos naturais de interacção água-meio, uma vez que a circulação da água se processa em terrenos com origem marinha. As altas concentrações do ião cloreto nas águas subterrâneas são bem conhecidas na região de Castro Verde, sendo que as elevadas taxas de evapotranspiração favorecem também a mineralização dos solos e consequentemente das águas subterrâneas. Apesar da informação disponível não permitir uma avaliação rigorosa da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos extraídos no concelho de Castro Verde, é possível fazer uma razoável aproximação à área de estudo com base nos elementos de caracterização físico-química apresentados (Quadro 4.6.3), tecendo-se as seguintes considerações: • as águas subterrâneas apresentam uma mineralização significativa; • os principais problemas de qualidade estarão associados às altas concentrações dos iões sódio e cloreto, verificando-se que os valores médios apresentam concentrações superiores aos VMR estabelecidos no Decreto-lei nº 236/98 de 1 de Agosto; • o ião nitrato, um dos principais parâmetros indicadores de possível contaminação agrícola, surge com valores médios próximos do valor máximo recomendado (VMR) estabelecido no Decreto-lei nº 236/98 de 1 de Agosto; • a presença do ião nitrito é pouco significativa. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 97 4.6.3. Vulnerabilidade à poluição Em situações de evolução natural, ou seja, sem a intervenção humana, a qualidade das águas subterrâneas reflecte as características físico-químicas das formações geológicas em que estas circulam. A alteração das características primárias de qualidade das águas subterrâneas resulta, na maioria das vezes, das actividades que são desenvolvidas na área de influência dos aquíferos, sendo estes contaminados através da migração de substâncias em profundidade. A contaminação das águas subterrâneas pode ser classificada segundo a origem e distribuição espacial em dois tipos (Lobo Ferreira, 1995): • pontual: contaminação restrita a pequenos locais e frequentemente associada à deposição não controlada de materiais com carga poluente que é arrastada pela precipitação em profundidade. Na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela localiza-se actualmente um depósito de estrume, que corresponde a uma fonte de poluição pontual, uma vez que os lixiviados se encontram a drenar em direcção aos três poços localizados a Sul do edificado localizado na área central da propriedade. • difusa: este tipo de contaminação é o mais frequente em actividades agrícolas, resultando do excesso de fertilizantes azotados, cujos elementos não são utilizados pelas plantas no seu metabolismo. A anterior actividade agrícola que se desenvolveu na Herdade da Cavandela constituiu uma origem de poluição difusa que actualmente não se verifica. As características litológicas e de permeabilidade das formações geológicas da área de intervenção não favorecem a infiltração e a circulação da água em profundidade, potenciando em contrapartida a escorrência superficial. Estas condições naturais potenciam a actuação dos agentes biológicos na degradação e na atenuação da propagação de substâncias contaminantes que circulem em profundidade, reduzindo a vulnerabilidade à poluição dos níveis aquíferos que se desenvolvam em profundidade. Pelo acima exposto considera-se que a área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela possui uma vulnerabilidade à poluição reduzida. 4.7. Qualidade do ambiente (ar, ambiente sonoro e saneamento) 4.7.1. Introdução e metodologia O presente capítulo destina-se a caracterizar a situação de referência da qualidade do ambiente na área de implantação do Plano de Pormenor da Cavandela. Para tal, analisar-se-ão os descritores relativos à 98 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental qualidade do ar, ao ambiente sonoro e ao saneamento (abastecimento de água, tratamento de águas residuais e gestão de resíduos), com base nas metodologias que seguidamente se descrevem. Na área de estudo não se encontra instalada nenhuma estação de medição pertencente à Rede Nacional de Monitorização da Qualidade do Ar. Ainda assim, uma vez que não existe disponível informação específica relativa à concentração dos principais poluentes atmosféricos no local, foram utilizados os dados da estação de monitorização “Alcoutim/Cerro”, que constitui uma das estações mais próximas da área de intervenção (~60 km a SE) e que se considera possuir especificidades adaptáveis à área de intervenção relativamente à qualidade do ar (tipo de ambiente – “rural regional” –, e tipo de influência – “fundo”). Foram também caracterizadas as principais fontes de emissão de poluentes atmosféricos e receptores sensíveis presentes na envolvente da área de intervenção com base numa visita de campo. A caracterização da situação de referência para o descritor “ambiente sonoro” baseou-se em campanhas de medições in situ dos níveis sonoros (no período diurno, em Setembro de 2006, e nos períodos diurno, entardecer e nocturno, em Maio de 2007), de acordo com a normalização aplicável, nomeadamente o Regulamento Geral do Ruído (RGR), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro (com posteriores alterações de pormenor) e a Norma Portuguesa NP 1730 (“Acústica. Descrição e medição do ruído ambiente”). Novas medições foram realizadas em Maio de 2011 por Certiprojecto, Lda. A análise do descritor “saneamento” baseia-se na caracterização da situação actual relativa ao abastecimento de água, drenagem e tratamento de águas residuais e gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no concelho de Castro Verde e concretamente na área de intervenção, com base em elementos disponibilizados pela Câmara Municipal de Castro Verde e pela Cavandela-Sociedade Imobiliária. 4.7.2. Enquadramento legal 4.7.2.1. Qualidade do ar A legislação vigente nesta matéria consta do Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, estabelece o regime da avaliação e gestão da qualidade do ar ambiente, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2008/50/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Maio, relativa à qualidade do ar ambiente e a um ar mais limpo na Europa; e a Directiva n.º 2004/107/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de Dezembro, relativa ao arsénio, ao cádmio, ao mercúrio, ao níquel e aos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos no ar ambiente. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 99 O Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, estabelece ainda os limiares de alerta para as concentrações de determinados poluentes no ar, bem como os métodos e critérios de avaliação das respectivas concentrações e normas sobre informação do público, com vista a evitar, prevenir ou limitar os efeitos nocivos dessas substâncias sobre a saúde humana e sobre o ambiente na sua globalidade. Os valores limite segundo o Decreto-Lei n.º 102/2010, apresentam-se no Quadro 4.7.1. Quadro 4.7.1 – Limiares legais para poluentes no ar ambiente (Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro) Poluentes NO2 SO2 O3 PM10 Designação Período considerado Limiar de alerta Protecção da saúde humana Limiar de alerta 3h consecutivas 1h Ano civil 3h consecutivas 1h 1 dia Ano civil e Inverno (de 1 de Outubro a 31 de Março) Protecção da saúde humana Protecção da saúde humana Protecção da vegetação Protecção da saúde humana 400 µg/m3 200 µg/m3 40 µg/m3 500 µg/m3 350 µg/m3 125 µg/m3 20 µg/m3 8h Limiar de alertaa 240 µg/m3 Limiar informação 180 µg/m3 Valor alvob 120 µg/m3 AOT40c 18000 µg/m3.h 1 dia Ano civil 50 µg/m3 40 µg/m3 Valor alvo 25 µg/m3 Valor limited 25 µg/m3 1h Ano civil PM2,5 Valor limite Salvo se especificado em contrário Ano civil Fonte: Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro Notas: (a) a excedência do limiar deve ser medida ou estimada durante três horas consecutivas; (b) Valor máximo diário das médias octo-horárias, calculadas por períodos consecutivos de oito horas. (c) AOT40 (expresso em (μg/m3).hora) designa a soma da diferença entre as concentrações horárias superiores a 80 μg/m3 (=40 partes por bilião) e o valor 80 μg/m3, num determinado período, utilizando apenas os valores horários determinados diariamente entre as 08h00 e as 20h00. (d) Fase 1: Margem de tolerância de 20 % até 11 de Junho de 2008, a reduzir no dia 1 de Janeiro seguinte e em cada período de 12 meses subsequentes numa percentagem anual idêntica, até atingir 0 % em 1 de Janeiro de 2015. 4.7.2.2. Ambiente sonoro A legislação aplicável ao ambiente sonoro consta do Regulamento Geral de Ruído, aprovado pelo DecretoLei n.º 9/2007 de 17 de Janeiro (com posteriores alterações). O Plano de Pormenor da Cavandela enquadra-se no disposto no artigo 6º do RGR, relativo aos “Planos municipais de ordenamento do território”, a saber: 100 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 1— Os planos municipais de ordenamento do território asseguram a qualidade do ambiente sonoro, promovendo a distribuição adequada dos usos do território, tendo em consideração as fontes de ruído existentes e previstas. 2— Compete aos municípios estabelecer nos planos municipais de ordenamento do território a classificação, a delimitação e a disciplina das zonas sensíveis e das zonas mistas. 3— A classificação de zonas sensíveis e de zonas mistas é realizada na elaboração de novos planos e implica a revisão ou alteração dos planos municipais de ordenamento do território em vigor. O artigo 7º dispõe que as câmaras municipais elaborem mapas de ruído para apoiar a elaboração, alteração e revisão dos planos directores municipais e dos planos de urbanização. Em termos de planeamento territorial, foi definida a classificação zonas sensíveis e zonas mistas, bem como os respectivos limites de exposição a que estas zonas podem ficar expostas. Foi ainda definida como zona urbana consolidada a zona sensível ou mista com ocupação estável em termos de edificação. Quadro 4.7.2 – Valores limite de exposição sonora Zonas Sensíveis Zonas Mistas Área definida em plano municipal de ordenamento do Área definida em plano municipal de ordenamento do território uso território, cuja ocupação seja afecta a outros usos, habitacional, ou para escolas, hospitais ou existentes ou previstos, para além dos referidos na similares, ou espaços de lazer, existentes ou definição de zona sensível. como vocacionada para previstos, podendo conter pequenas unidades de comércio e de serviços destinadas a servir a população local, tais como cafés e outros estabelecimentos de restauração, papelarias e outros estabelecimentos de comércio tradicional, sem funcionamento no período nocturno. Limites de Exposição Limites de Exposição Lden ≤ 55 dB(A) Lden ≤ 65 dB(A) Ln ≤ 45 dB(A) Ln ≤ 55 dB(A) Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 101 Até à classificação das zonas Limites de Exposição junto dos receptores sensíveis Lden ≤ 63 dB(A) Ln ≤ 53 dB(A) Fonte: Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17 de Janeiro (Artigo 11.º) Conforme disposto no Artigo 12.º, no caso de operações urbanísticas sujeitas a avaliação de impacte ambiental, o cumprimento dos valores limite acima apresentados é verificado no âmbito do mesmo procedimento. As fontes de ruído susceptíveis de causar incomodidade estão sujeitas ao cumprimento dos valores limite de exposição e do critério de incomodidade1 bem como ao disposto no n.º 5 do artigo 13º e são sujeitas a controlo preventivo no âmbito do procedimento de AIA, quando aplicável, e dos respectivos procedimentos de autorização ou licenciamento. A instalação e o exercício de actividades ruidosas permanentes2 têm que respeitar os valores limite de exposição (artigo 11º) e o critério de incomodidade (artigo 13º), o que deve ser verificado no âmbito do procedimento de avaliação de impacte ambiental, sempre que a actividade ruidosa permanente esteja sujeita ao respectivo regime jurídico. É proibido o exercício de actividades ruidosas temporárias3 na proximidade de: a) edifícios de habitação, aos sábados, domingos e feriados e nos dias úteis entre as 20 e as 8 horas; b) escolas, durante o respectivo horário de funcionamento; c) hospitais ou estabelecimentos similares (artigo 14º). Além do RGR destacam-se ainda os seguintes diplomas: i) Decreto-Lei n.º 221/2006 de 8 de Novembro estabelece o Regulamento das Emissões Sonoras para o Ambiente de Equipamento para Utilização no Exterior; ii) Decreto-Lei nº 129/2002 de 11 de Maio - Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (alterado pelo Decreto-Lei n.º 96/2008 de 9 de Junho). 1 A diferença entre o valor do indicador LAeq do ruído ambiente determinado durante a ocorrência do ruído particular da actividade ou actividades em avaliação e o valor do indicador LAeq do ruído residual, não pode exceder 5 dB(A) no período diurno, 4 dB(A) no período do entardecer e 3 dB(A) no período nocturno, nos termos do anexo I ao RGR. 2 Actividades que produzam ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em locais onde se fazem sentir os efeitos dessa fonte de ruído, designadamente laboração de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços. 3 Actividade de carácter não permanente e que produza ruído nocivo ou incomodativo para quem habite ou permaneça em locais onde se fazem sentir os efeitos dessa fonte de ruído tais como obras de construção civil, competições desportivas, espectáculos, festas ou outros divertimentos, feiras e mercados 102 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.7.2.3. Saneamento Abastecimento de água e saneamento de águas residuais A Lei n.º 58/2005 de 29 de Novembro (Lei quadro da água) estabelece o enquadramento para a gestão das águas superficiais, designadamente as águas interiores, de transição e costeiras, e das águas subterrâneas. Nos sectores da água e águas residuais destacam-se ainda os seguintes diplomas: • Decreto-Lei n.º 198/2008, de 8 de Outubro, relativo à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho, que transpõe para o direito interno a Directiva 91/271/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativamente ao tratamento de águas residuais urbanas. • Decreto-Lei n.º 306/2007 de 27 de Agosto, que altera o Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, relativo à água para consumo humano; • Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio, que estabelece que a descarga nas massas de água ou aplicação no solo requer a emissão de título próprio. • Decreto-Lei n.º 149/2004, de 22 de Junho, que altera o Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho; • Decreto-Lei n.º 68/99 de 11 de Março, que altera o Decreto-Lei n.º 235/97 de 3 de Setembro protecção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola. • Decreto-Lei n.º 348/98, de 9 de Novembro, que altera o Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho, transpondo para o direito interno a Directiva 98/15/CE, da Comissão, de 27 de Fevereiro; • Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto (parcialmente revogado pelo Decreto-Lei n.º 103/2010, de 24 de Setembro) - apresenta normas, critérios e objectivos de qualidade água para: i) produção de água para consumo humano (Anexos I a V); ii) água para consumo humano (Anexos VI a IX); iii) suporte à vida aquícola (Anexos X a XIV); iv) fins balneares (Anexo XV); v) rega (Anexo XVI, XVII); vi) descarga de águas residuais (Anexo XVIII); vii) águas superficiais (Anexo XXI, XXII). Resíduos O regime geral da gestão de resíduos é estabelecido pelo Decreto-Lei nº 178/2006 de 5 de Setembro. Existem ainda vários fluxos específicos com enquadramento legal próprio. O Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março estabelece o regime das operações de gestão de resíduos de construção e demolição. Em termos legais, destaca-se ainda a Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, relativa à Lista Europeia de Resíduos, assim como a obrigatoriedade de cumprimento das regras estabelecidas na Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio no transporte de resíduos e no Decreto-Lei nº 152/2002, de 23 de Maio no que respeita à admissão de resíduos em aterro. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 103 4.7.3. Caracterização da qualidade do ar 4.7.3.1. Fontes de poluição locais A área do Plano de Pormenor da Cavandela é essencialmente rural. A principal fonte de poluição atmosférica resulta de fontes móveis (vias rodoviárias, nomeadamente o IP2 e a A2, bem como via ferroviária), uma vez que não existem grandes indústrias emissoras de poluentes atmosféricos nas imediações. O tráfego rodoviário é responsável pela emissão de gases de combustão (monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx), dióxido de enxofre (SO2), hidrocarbonetos (HC) e partículas em suspensão). Muitas destas emissões, ao serem lançadas na atmosfera, tomam parte em reacções químicas influenciadas pela luz solar, dando origem a poluentes secundários, os quais têm efeitos diferentes e em alguns casos mais severos que os dos poluentes iniciais. O transporte ferroviário, que contempla o modo diesel, servindo o transporte de mercadorias, é responsável pela emissão de dióxido de carbono e óxidos de azoto, hidrocarbonetos (HC) e partículas em suspensão. Quanto ao regime de ventos local, a caracterização do vento nas estações meteorológicas mais próximas – Beja e Alvalade, apontam para ventos dominantes dos quadrantes NW (Alvalade) e W (Beja). Os ventos de maior intensidade correspondem ao rumo SW (18 km/h) (Beja), sendo que a velocidade do vento em Beja é mais do dobro da registada em Alvalade para a maioria dos rumos. 4.7.3.2. Rede nacional de monitorização da qualidade do ar O controlo da qualidade do ar passa por uma vigilância dos níveis atingidos pelos diversos poluentes face aos padrões de qualidade do ar definidos legalmente. As emissões de poluentes atmosféricos na região do Alentejo são monitorizadas pela CCDR-Alentejo, através de uma rede de qualidade do ar que engloba seis estações de monitorização: Alandroal-Terena (fundo); Santiago do Cacém- Santiago do Cacém (industrial); Santiago do Cacém-Sonega (industrial); Sines-Monte Chãos (industrial) e Sines-Sines (tráfego). As emissões de poluentes atmosféricos na região do Algarve são monitorizadas pela CCDR-Algarve, através de uma rede de qualidade do ar que engloba sete estações de monitorização: Albufeira-Malpique 104 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental (fundo); Albufeira-Município (tráfego); Alcoutim-Cerro (fundo); Faro-Afonso III (tráfego); Faro-Joaquim Magalhães (fundo); Portimão-David Neto (tráfego); Portimão-Pontal (fundo). Como decorre da localização das estações acima mencionadas, na área prevista para a implantação do projecto não existem estações que possibilitem a caracterização local da qualidade do ar. Ainda assim, uma vez que não existe disponível informação específica relativa à concentração dos principais poluentes atmosféricos no local, foram utilizados os dados da estação de monitorização “Alcoutim/Cerro”, que constitui a estações mais próximas da área de intervenção (~60 km a SE) e que se considera possuir especificidades adaptáveis à área de intervenção relativamente à qualidade do ar (tipo de ambiente – “rural regional” –, e tipo de influência – “fundo”). Naturalmente estes dados foram considerados com as devidas reservas – sobretudo enquanto indicação do panorama geral em termos de qualidade do ar. As características gerais da referida estação apresentam-se no quadro que se segue. Quadro 4.7.3 – Características da estação de monitorização da qualidade do ar “Alcoutim/Cerro” Código 5012 Data de início 2004-10-15 Tipo de ambiente Rural regional Tipo de influência Fundo Zona Algarve Rua Cerro-Alcoutim Freguesia/Concelho Vaqueiros/Alcoutim Coordenadas Gauss Latitude 38 591 Militar (m) Longitude 240 286 Coordenadas Latitude 37°18'45" Geográficas WGS84 Longitude 7°40'43" Altitude (m) 300 Rede/Instituição Rede de Qualidade do Ar do Algarve Fonte: QualAr (Maio 2011) No quadro seguinte apresenta-se uma síntese da situação dos principais poluentes atmosféricos no ano de 2007 (último ano com estatísticas oficiais disponíveis on-line na base de dados QualAr – APA: Maio de 2011). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 105 Quadro 4.7.4 – Resumo dos resultados obtidos para NO2 e SO2 (2007) NO2 Parâmetro SO2 Valor anual Valor anual Valor anual Valor anual Valor Inverno (base horária) (base diária) (base horária) (base diária) (base horária) Eficiência (%) 23,5 22,7 35,4 31,8 33,1 Dados validados (n.º) 2 055 83 3 103 116 1 445 Média (µg/m3) 1,0 1,0 1,5 1,5 2,1 Máximo (µg/m3) 16,9 5,1 84,5 20,6 162,0 Fonte: QualAr (Maio de 2011) Quadro 4.7.5 – Resumo dos resultados obtidos para O3, PM10 e PM2,5 (2007) O3 Parâmetro PM10 PM2,5 Valor anual Valor anual Valor anual Valor anual Valor anual Valor anual (base horária) (base 8h) (base horária) (base diária) (base horária) (base diária) Eficiência (%) 49,3 48,2 38,7 35,1 21.1% 20.3% Dados validados (n.º) 4 321 4 219 3 390 128 1 845 74 Média (µg/m3) 78,5 78,3 16,6 16,5 7,7 7,7 Máximo (µg/m3) 146,5 134,0 114,3 57,6 91,0 26,5 Fonte: QualAr (Maio de 2011) Nota: As médias de base octo-horária (8 horas) são calculadas a partir dos dados horários. O primeiro período de cálculo para um determinado dia será o período decorrido entre as 17h00 do dia anterior e a 01h00 desse dia. O último período de cálculo será o período entre as 16h00 de um determinado dia e as 24h00 desse mesmo dia. Para o cálculo de uma média octo-horária são necessários, pelo menos, 75% de valores horários, isto é, 6 horas. 106 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.7.6 – Análise de conformidade legal dos resultados obtidos para os principais poluentes atmosféricos (2007) Poluentes Designação Limiar de alerta NO2 Valor limite Valor considerado Salvo se especificado em contrário obtido 3h consecutivas Protecção da saúde humana 400 µg/m3 0/- 16,9 µg/m3 0 / 18 Ano civil 40 µg/m3 1,0 µg/ m3 - 3h consecutivas 500 µg/m3 - 0/- 1h 350 µg/m3 84,5 µg/ m3 0 / 24 1 dia 125 µg/m3 20,6 µg/ m3 0/3 Ano civil e Inverno (de 1 de Outubro a 31 de Março) 20 µg/m3 Protecção da saúde humana Protecção da vegetação 1h Protecção da saúde humana 240 µg/m3 Limiar informação 0/146,5 µg/m3 0/- 180 µg/m3 Valor alvob 120 µg/m3 134,0 µg/m3 12c / 25d AOT40e 18000 µg/m3.h 10346,2f µg/m3.h - 1 dia 50 µg/m3 57,6 µg/m3 1 / 35 Ano civil 40 µg/m3 16,5 µg/m3 - Ano civil PM2,5 permitidas 200 µg/m3 8h PM10 n.º excedências - Limiar de alertaa O3 N.º excedências/ 1h Protecção da saúde humana Limiar de alerta SO2 Período Ano civil Valor alvo 25 µg/m3 Valor limiteg 7,7 µg/m3 25 µg/m3 - Fonte: QualAr (Maio de 2011) Notas: (a) a excedência do limiar deve ser medida ou estimada durante três horas consecutivas; (b) Valor máximo diário das médias octo-horárias, calculadas por períodos consecutivos de oito horas. (c) número de dias do ano em que se verificaram uma ou mais excedências ao valor alvo/limite. (d) a não exceder mais de 25 dias por ano, em média, por ano civil, num período de três anos. (e) AOT40 (expresso em (μg/m3).hora) designa a soma da diferença entre as concentrações horárias superiores a 80 μg/m3 (=40 partes por bilião) e o valor 80 μg/m3, num determinado período, utilizando apenas os valores horários determinados diariamente entre as 08h00 e as 20h00. (f) O valor de AOT40 corresponde ao ano em análise. (g) Fase 1: Margem de tolerância de 20 % até 11 de Junho de 2008, a reduzir no dia 1 de Janeiro seguinte e em cada período de 12 meses subsequentes numa percentagem anual idêntica, até atingir 0 % em 1 de Janeiro de 2015. Pela análise do quadro acima apresentado verifica-se que, à excepção do ozono (valor alvo de base octohorária), e PM10 (máximo das médias diárias), os valores obtidos em 2007 estiveram abaixo dos limites legais estabelecidos. No caso do ozono verificaram-se 12 situações de excedência do valor alvo relativo às Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 107 médias octo-horárias (Protecção da saúde humana: 25 excedências permitidas por lei). No entanto, importa salientar que, relativamente a este parâmetro, tanto o limiar de alerta, assim como o limiar de informação nunca foram ultrapassados. Em termos de partículas, o valor máximo das médias diárias de PM10 no ar ambiente excedeu uma vez o valor limite diário para protecção da saúde humana, e em apenas 7,6 μg/m3 (35 excedências permitidas). Em todos estes casos, importa ressalvar que a taxa de recolha de dados foi reduzida, comprometendo o rigor da análise da qualidade do ar. Pode-se assim concluir, com as devidas ressalvas (e.g. as últimas estatísticas oficiais validadas e disponíveis on-line datarem de 2007 e o facto de a estação de amostragem não se situar na proximidade da área de intervenção, embora tenha algumas características passíveis de serem consideradas semelhantes), que a qualidade do ar na zona de influência do projecto não deverá apresentar problemas de maior, à excepção de alguns dias por ano em que se podem verificar valores de ozono troposférico e PM10 mais elevados, facto que pode ser justificado pela proximidade das infra-estruturas rodoviárias envolventes (gases de combustão) e valores tendencialmente elevados de radiação solar, assim como pela existência de áreas de solo agrícola a nu. 4.7.3.3. Índice de qualidade do ar O índice de qualidade do ar (IQAr) é uma ferramenta que permite uma classificação simples e compreensível do estado da qualidade do ar. Este índice foi desenvolvido pelo ex-Instituto do Ambiente (actual Agência Portuguesa do Ambiente) para poder traduzir a qualidade do ar, especialmente das aglomerações no país, mas também de algumas áreas industriais e cidades, dando resposta às obrigações legais. A informação sobre a qualidade do ar é de fácil acesso ao público, visto que este índice pode ser consultado directamente no site da Agência Portuguesa do Ambiente, ou através dos órgãos de Comunicação Social. São cinco os poluentes englobados no IQAr apresentado: • Dióxido de azoto (NO2) – médias horárias; • Dióxido de enxofre (SO2) – médias horárias; • Monóxido de carbono (CO 8h) – médias de 8h consecutivas; • Ozono (O3) – médias horárias; • Partículas inaláveis ou finas, cujo diâmetro médio é inferior a 10 microns (PM10) – média diária. O Índice de Qualidade do Ar de uma determinada área resulta da média aritmética calculada para cada um dos poluentes medidos em todas as estações da rede dessa área. Os valores assim determinados são 108 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental comparados com as gamas de concentrações associadas a uma escala de cores sendo os poluentes com a concentração mais elevada os responsáveis pela classe do Índice de Qualidade do Ar atribuída. Diariamente, este índice é disponibilizado pela Agência Portuguesa do Ambiente, com base em informação recolhida pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. De acordo com o histórico anual do Índice de Qualidade do Ar, relativo aos anos de 2008 e 2009 (últimos disponíveis on-line) (cf. Figuras abaixo), a qualidade do ar foi considerada “boa” em cerca de 74% e 65% dos dias amostrados em 2008 e 2009, respectivamente. Salienta-se, contudo, que em 2009 cerca de 11% dos dias amostrados apresentaram qualidade do ar “média”. Não se registou nenhum dia com qualidade “má”. Fonte: QualAr (Maio de 2011) Figura 4.7.1 – Índice de Qualidade do Ar para 2008 Fonte: QualAr (Maio de 2011) Figura 4.7.2 – Índice de Qualidade do Ar para 2009 4.7.4. Caracterização do ambiente sonoro Na área de intervenção do Plano de Pormenor a ocupação é maioritariamente rural, não se desenvolvendo actualmente qualquer actividade além da pastorícia e agricultura. Na envolvente directa a sul destaca-se o IP2 e a oeste a via-férrea, que secciona parte da área de intervenção. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 109 Para efeitos de verificação de conformidade dos valores do ambiente sonoro na situação actual com os valores fixados no RGR, foram realizadas campanhas de medição acústica no local. Campanha de medição do ruído de 2006 (NEMUS) Esta campanha foi realizada em Janeiro de 2006 em período diurno, no âmbito do Estudo de Caracterização Ambiental da Herdade da Cavandela (NEMUS, 2006). Nesta data estava ainda em vigor o Decreto-Lei n.º 292/2000 de 14 de Novembro (RLPS), pelo que o indicador utilizado para verificar o cumprimento dos limites de exposição era o LAeq (nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A). Foram efectuadas oito medições no dia 23/01/2006. As condições meteorológicas foram favoráveis para a realização das medições, com céu limpo e vento fraco. Para um adequada interpretação dos dados, alerta-se ainda para os seguintes aspectos, relativos às medições realizadas: • A presença de obras no IP2, no lado oposto ao da área do Plano de Pormenor da Cavandela, entre a ribeira que a atravessa no seu centro e o nó de ligação a Castro Verde, com frequente deslocação de maquinaria e emissão de sinais sonoros intermitentes de aviso de marcha atrás; • A presença de uma manada de bovinos que se foi movimentando ao longo do dia na área do Plano de Pormenor da Cavandela. Os valores medidos respeitavam o critério de exposição máxima legislado no RLPS então em vigor para Zonas Sensíveis (55 dB(A)) no período diurno), estando inclusivamente abaixo do limite definido para o período nocturno (45 dB(A)) para todos pontos excepto os que sofrem maior influência das vias rodoviárias (nomeadamente os pontos R1, R2 e R8). Uma análise mais pormenorizada permite tecer as seguintes considerações: • O ponto menos ruidoso, de acordo com as medições efectuadas, foi o R4 (junto às edificações), seguido, por ordem crescente, dos pontos R5 (olival), R7 (caminho frente às edificações) e R6 (junto ao muro da tapada). Em todos estes pontos o valor do Laeq foi inferior a 40 dB. • O ponto R3 registou 40,1 dB, valor fortemente influenciado pela presença de uma manada de bovinos (e respectivos chocalhos) junto do local de medição. • Os pontos mais ruidosos foram respectivamente, e por ordem decrescente, o R2 (cruzamento da IP2 com a EM 535), R8 (cruzamento da linha de comboio com a IP2) e R1 (açude, junto à EM 535), todos eles fortemente influenciados pela passagem de veículos motorizados. Referem-se ainda os seguintes valores, registados no ponto de medição R8: 110 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • À passagem do comboio, o nível sonoro instantâneo registado foi de cerca de 100 dB; • À passagem de um veículo pesado na IP2, o nível sonoro instantâneo variou entre 59 e 66 dB; • À passagem de um veículo ligeiro na IP2, regista-se um nível sonoro instantâneo cerca de 10 dB mais baixo do que o relativo à passagem de um veículo pesado. Quadro 4.7.7 – Níveis sonoros medidos e fontes sonoras associadas (NEMUS, Janeiro de 2006) Local R1- Açude R2- Cruzamento EM535-IP2 (ponte) R3 - Caminho a Sul do açude LAeq Condições Fontes sonoras (as dominantes encontram- dB(A) meteorológicas se sublinhadas) Céu limpo Tráfego na EM535 e na IP2; pássaros; água a T= 12ºC 46,7 correr; cães a ladrar; sinal intermitente de Vento 3-4 Km/h com maquinaria de obra rajadas de 6-7 Km/h Céu limpo Tráfego na EM535 e na IP2; pássaros; T= 13ºC 51,3 Avião; chocalhos e mugir de vacas; buzinas; Vento 2-3 Km/h pessoas a falar 40,1 R4 - Edificações 31,5 R5 - Olival 33,1 R6 - Tapada (muro) R7- Caminho frente às edificações R8 - Cruzamento do caminho de ferro com a IP2 (ponte) Céu limpo T= 17ºC Vento 2-3 Km/h Chocalhos e mugir de vacas; Tráfego na EM535 e na IP2; pássaros; cães a ladrar Céu limpo T= 16,5ºC Pássaros; insectos; carros (ao longe) Vento 2,5-3,5 Km/h com rajadas 5 Km/h Céu limpo Pássaros; insectos; Tráfego, sinal intermitente T= 18,5º C de maquinaria de obra e tractor (ao longe) Vento 2,5-3,5 Km/h Céu limpo Pássaros; chocalhos e mugir de vacas; sinal T= 18º C intermitente de maquinaria de obra; Tráfego 37,4 Vento 2-3 Km/h com (ao longe); insectos rajadas Céu limpo Tráfego na IP2; chocalhos e mugir de vacas; T= 20º C sinal intermitente de maquinaria de obra; cães Vento 2,5-3,5 Km/h a ladrar; pássaros; insectos 47,6 Céu limpo Tráfego na IP2; tractores (no lado oposto da T= 20º C linha de caminho de ferro, laboravam 4 Vento 0,5-1,5 Km/h tractores); pássaros Campanha de medição do ruído de 2007 (NEMUS) Esta campanha foi realizada nos dias 29 e 30 de Maio de 2007, nos períodos diurno, entardecer e nocturno, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro. A selecção dos locais de medição teve como objectivos, por um lado, caracterizar o ambiente sonoro actual junto dos receptores sensíveis mais próximos da área de intervenção (todos eles localizados no exterior da área do Plano de Pormenor), e por outro caracterizar o ambiente sonoro da própria área abrangida pelo Plano de Pormenor. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 111 As únicas ocupações sensíveis (de acordo com a classificação do RGR) próximas da área de intervenção situam-se, como se pode observar no Desenho 25 (Volume II): • No limite da Área de Localização Empresarial; • No lado oposto da IP2, junto ao nó com a N2; • No lado oposto da EM-535, a Nordeste do açude. Além destes locais, foram ainda realizadas medições no limite Norte da área de intervenção, na Tapada e junto do IP2. As condições meteorológicas foram favoráveis para a realização das medições, com céu limpo e vento fraco, pontualmente moderado. No Quadro seguinte indica-se o intervalo das temperaturas e da velocidade do vento durante as medições. Quadro 4.7.8 – Condições climatéricas durante a campanha de medição de ruído (NEMUS, Maio de 2007) Período diurno Período entardecer Período nocturno T= 27 - 29 ºC T= 14 - 23 ºC T= 14 -15 ºC Vento < 5 Km/h com rajadas até 20 Km/h Vento entre 0 e 10 Km/h com rajadas até 20 Km/h Vento < 5 Km/h com rajadas até 10 Km/h Em todos os pontos a medição foi superior ou igual a 30 minutos, no entanto, em sete medições localizadas na proximidade de vias rodoviárias, não foi possível estabilizar o LAeq devido à passagem irregular de tráfego. Quadro 4.7.9 – Níveis sonoros medidos, indicadores Lden e Ln e fontes sonoras associadas (NEMUS, Maio de 2007) Níveis Local sonoros Fontes sonoras Fotos (Volume II) (em dB(A)) R1 – Limite Norte da área do PP R2 – Norte do açude (exterior à área do PP) 112 Ld= 38,2 Le= 38,9 Ln= 32,2 Pássaros, vento, chocalhos (ao longe) Pássaros, vento Pássaros, rãs, vento Lden= 40,9 - Pássaros, vento, insectos, cães, carros Ld= 44,4 (tráfego ocasional) Le= 45,2 Insectos, carros (tráfego ocasional) Tráfego (ocasional), comboio, Ln= 39,7 insectos, chocalhos Lden= 47,7 - Foto 4.7.1 Foto 4.7.2 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Níveis Local sonoros Fontes sonoras Fotos (Volume II) (em dB(A)) R3 – Tapada R4 – Nó IP2/N2 (exterior à área do PP) R5 – IP2 R6 – Limite exterior ZLE (exterior à área do PP) Ld= 38,8 Cães, chocalhos, tráfego (ao longe) Le= 37,9 Pássaros, chocalhos, tráfego (ao longe) Ln=33,1 Rãs, carros (tráfego ao longe), aviões Lden= 41,2 Tráfego (frequente com circulação Ld= 60,0 esporádica de pesados), cães, vento Le= 55,5 Tráfego (ocasional), pássaros, vento Ln= 47,7 Tráfego (ocasional), pássaros, cães Lden= 59,4 Tráfego (ocasional), pássaros Ld= 65,2 Le= 55,7 Tráfego (ocasional) Ln= 49,9 Tráfego (ocasional) Lden= 63,6 Ld= 43,1 Pássaros, vento, tráfego (ao longe), rãs Le= 51,0 Rãs, tráfego (ao longe) Ln= 38,3 Rãs, tráfego (ao longe) Lden= 49,2 - Foto 4.7.3 Foto 4.7.4 Foto 4.7.5 Foto 4.7.6 70 68 66 64 62 Ln Lden dB(A) 60 58 56 Zona não classificada Ln (53 dB(A)) Lden (63 dB(A)) 54 52 Zona mista 50 48 46 Ln (55 dB(A)) Lden (65 dB(A)) 44 42 40 Zona sensível Ln (45 dB(A)) Lden (55 dB(A)) 38 36 34 32 30 0 1 2 3 4 5 6 Pontos de Medição da Campanha de 2007 Figura 4.7.3 – Comparação do Ln e Lden com os valores limites de medição legislados (NEMUS, Maio de 2007) Discussão de resultados das campanhas de medição realizadas em 2006 e 2007 (NEMUS) Nas deslocações ao local para medição de ruído (Janeiro de 2006 e Junho de 2007), foi possível constatar que a principal fonte sonora permanente susceptível de causar incomodidade no local está relacionada com o tráfego automóvel, principalmente na IP2, mas também na EM-535. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 113 Os níveis sonoros habituais são periodicamente afectados pela passagem do comboio, particularmente no extremo oeste da área do Plano de Pormenor da Cavandela, junto à linha de caminho de ferro. Os níveis de ruído mais baixos foram obtidos nos pontos de medição 1 e 3 (mais afastados das vias de tráfego rodoviário), e os mais elevados nos pontos 5 (ponto de medição junto ao IP2) e 4 (ponto de medição próximo do nó do IP2 com a N2). Uma vez que o concelho de Castro Verde não tem ainda mapa de ruído aprovado, para efeitos de verificação do valor limite de exposição aplicam-se aos receptores sensíveis os valores limite de Lden igual ou inferior a 63 dB(A) e Ln igual ou inferior a 53 dB(A) (a vermelho na Figura 4.7.1). Comparando os valores de Lden e Ln medidos junto aos receptores sensíveis na campanha de medição de ruído realizada (pontos R2, R4 e R6), verifica-se que em todos eles são cumpridos os limites de exposição estipulados na legislação em vigor. Considerando a classificação prevista para a área do Plano de Pormenor (ver Desenho 32 do PP, que acompanha o regulamento do Plano de Pormenor), e os pontos de medição no interior da área do PP (R1, R3 e R5): • Nos pontos de medição R1, R2 e R3 (no interior da propriedade) bem como no R 6 (exterior da propriedade) os valores de Ln e Lden medidos são ambos bem inferiores aos valores limite de exposição mais exigente (zonas sensíveis). A zona abrangida por R1 e R3 está porém prevista no PP ser classificada como zona mista; • No ponto de medição R5 (previsto no PP como zona mista) e no R4 (nó do IP2, fora da área de intervenção) os valores de Ln e Lden medidos são ambos inferiores aos valores limite de exposição previstos para estes parâmetros em zonas mistas; • No Parque Empresarial, apesar de não terem sido realizadas medições, os valores registados junto ao IP2 serão idênticos aos do ponto de medição R5 uma vez que a distância à fonte sonora é semelhante, atenuando-se para o interior, com o distanciamento a esta fonte. Campanha de medição do ruído de 2011 (Certiprojecto) No âmbito da elaboração do Mapa de Ruído para o Plano de Pormenor (ver PP, Desenho 31-A e 31-B), foram realizadas medições acústicas em 2 e 3 de Maio de 2011. 114 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Fonte: Certiprojecto (2011) LEGENDA M – Ponto de medição acústica Limite da Herdade da Cavandela Estradas Ramal Ferroviário de Neves Corvo Figura 4.7.4 – Locais de medição acústica na área de intervenção do Plano de Pormenor da Cavandela (Certiprojecto, Maio de 2011) Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 115 Quadro 4.7.8 – Níveis sonoros do ruído ambiente na área de intervenção e envolvente (Certiprojecto, Maio de 2011) Fonte: Certiprojecto (2011) (1) – Locais assinalados na Figura 4.7.4. (2) - Valores registados entre as 23h e as 02h. (3) – AFRS: ausência de fontes de ruído significativas Quadro 4.7.9 – Valores dos indicadores de ruído regulamentares Lden e Ln (Certiprojecto, Maio de 2011) Fonte: Certiprojecto (2011) Segundo Certiprojecto (2011), o ambiente sonoro actual na generalidade da área de intervenção do PPC e na sua envolvente apresenta-se pouco perturbado em todos os períodos de referência, com valores de Lden < 55 dB(A) e Ln < 45 dB(A). 116 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Exceptuam-se as faixas de terreno marginais aos vários troços do IP2, onde naturalmente o ambiente sonoro é perturbado pelo ruído da circulação rodoviária, observando-se níveis sonoros da ordem de Lden ≈ 60/66 dB(A) e Ln ≈ 48-57 dB(A) a cerca de 10/12m destes. Durante o período nocturno verifica-se uma redução muito significativa da circulação rodoviária, e consequentemente do ruído ambiente junto às vias de tráfego. Refere-se ainda a existência do ramal ferroviário de Neves Corvo, onde circulam, em média, 2 (dois) comboios de mercadorias durante o período diurno, não ocorrendo normalmente circulação de comboios durante os períodos do entardecer e nocturno, pelo que o ambiente sonoro actual nas proximidades desta via é também pouco perturbado, apresentando valores de Lden ≈ 45 dB(A) e Ln ≈ 30 dB(A) a 25m da via férrea. O exposto acima permite concluir que os níveis sonoros observados actualmente na área em apreço verificam com segurança os valores limite de exposição aplicáveis a “zonas mistas” (Lden ≈ 65 dB(A); Ln ≈ 55 dB(A)). 4.7.6. Caracterização das infra-estruturas de saneamento 4.7.6.1. Água Relativamente ao abastecimento de água ao município de Castro Verde, o nível de atendimento era de 93% em 2008 (INSAAR, 2009). O abastecimento de água a Castro Verde tem sido garantido através da adução de água à Estação de Tratamento de Água (ETA) de Castro Verde a partir da albufeira de Monte da Rocha. A gestão em alta do sistema de abastecimento de água e saneamento tem sido da AMALGA- Associação de Municípios Alentejanos para o Ambiente. No entanto, nos termos da parceria estabelecida entre a AMGAP – Associação de Municípios para a Gestão da Água Pública do Alentejo e a empresa Águas de Portugal, SGPS, SA., desde Janeiro de 2011 os sistemas de abastecimento de água em “alta” da maioria dos aglomerados populacionais do concelho de Castro Verde, incluindo a povoação de Castro Verde, a partir da Barragem do Monte da Rocha, passaram a ser geridos pela empresa AgdA- Águas Públicas do Alentejo, SA..O período de transição de transferência de competências perdurará entre 3 a 6 meses. De acordo com os dados do INSAAR, existiam na freguesia de Castro Verde 16 origens de água subterrânea, a partir de furos, todas elas do Maciço Antigo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 117 De acordo com dados do INSAAR, relativos a 2007, o Município tinha a gestão de sete Estações de Tratamento de Água e de sete postos de cloragem, que serviam, no total, cerca de 2537 habitantes. A ETA de Castro Verde abastece 4500 habitantes. Durante o Verão, quando a população flutuante aumenta, a ETA produz um caudal de 2 000 metros cúbicos diários, que contrastam com os 1 100 metros cúbicos diários produzidos durante o Inverno (Câmara Municipal de Castro Verde, fax de 05-12-2005). A ETA possui uma linha de tratamento composta pelas principais operações unitárias de tratamento: précloragem; acerto de pH; arejamento; coagulação/floculação; decantação; filtração rápida e desinfecção final (Câmara Municipal de Castro Verde; fax ref.ª 1083-U/7-1 de 05/12/05). 4.7.6.2. Águas residuais As águas residuais produzidas na freguesia de Castro Verde são tratadas na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Castro Verde localizada no Monte Novo do Pontão Caixilho. A responsabilidade pela gestão desta ETAR é da Câmara Municipal de Castro Verde. Esta ETAR trata os efluentes de uma população equivalente a 3819 habitantes a que corresponde um caudal médio anual de 189 151 m3. O sistema de tratamento é secundário, havendo remoção biológica de nutrientes por lagoas de estabilização. Actualmente, a ETAR não está dotada de tratamento terciário (desinfecção), o que impossibilita o uso da água tratada para outros fins, como lavagem de ruas, rega, etc. De acordo com informação da CCDR Alentejo (fax ref.ª 907/DSGA/DDH/05 de 16/11/05) a ETAR foi dimensionada para 2025, ano em que terá uma capacidade disponível para servir 4500 habitantes equivalentes, que corresponde um caudal médio diário de 540 m3/dia. A rejeição da água residual tratada é realizada na Ribeira de Maria Delgada, que passa a nascente de Castro Verde e a Sul da área de intervenção do PP. O sistema de drenagem de efluentes de Castro Verde é um sistema misto, recolhendo simultaneamente, água residual e água pluvial, porém existem algumas zonas da cidade, designadamente zonas recentemente edificadas, que já possuem sistema de drenagem separativo. Concretamente na área de intervenção, uma vez que esta não tem actualmente qualquer ocupação, não são gerados efluentes domésticos ou industriais. 118 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.7.6.3. Resíduos A gestão de resíduos sólidos urbanos no município de Castro Verde pertence à Resialentejo – Tratamento e Valorização de Resíduos EIM, empresa intermunicipal criada pela AMALGA em Maio de 2004, encontrando-se operacional desde Junho desse ano. As principais infra-estruturas do sistema são: • Um aterro sanitário, localizado em Beja (Herdade do Montinho - Santa Clara do Louredo), a funcionar desde Dezembro de 2001, com área de 6 ha, capacidade de 841 000 m3 e período de vida útil estimado de 12 anos; • Uma estação de triagem, localizada em Beja, a funcionar desde Junho de 2003; • Quatro estações de transferência, uma das quais em Piçarras (Castro Verde), a funcionar desde Julho de 2002, que além do concelho de Castro Verde serve também o concelho de Ourique; • Cinco ecocentros, dos quais um em Castro Verde; • 52 ecopontos em Castro Verde. A Resialentejo iniciou a colocação de ilhas de ecopontos subterrâneas nos Municípios Associados, duas das quais em Castro Verde. No Parque Ambiental da AMALGA em Beja, encontra-se ainda inserido um Aterro de Resíduos Industriais Banais gerido pela empresa LENA AMBIENTE. Esta infra-estrutura insere-se na estratégia nacional de tratamento de resíduos não perigosos do sector não urbano, ocupando uma área de 12 ha e com uma vida útil estimada de 13 anos. No Parque Ambiental da AMALGA existe também uma Unidade de Tratamento de Resíduos Hospitalares, gerida pela AMBIMED, que pretende dar destino aos resíduos hospitalares. No âmbito da Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos (TMB) dos sistemas GESAMB, AMCAL e Resialentejo, estão previstas as seguintes acções: • Construção de uma instalação de Tratamento Mecânico e Biológico (compostagem) em Évora com capacidade de 113.000 ton./ano de resíduos indiferenciados (totalidade dos resíduos da GESAMB e da AMCAL e parte dos resíduos da Resialentejo), que visa a recuperação de materiais recicláveis e a produção de composto e de CDR, projecto este que proporcionará o desvio de aterro de cerca de 56.100 ton./ano de RUB; • Construção de uma instalação de Tratamento Mecânico e Biológico (vermicompostagem) em Beja com capacidade de 30.000 ton./ano de resíduos indiferenciados (restante parte dos resíduos da Resialentejo) que visa a recuperação de materiais recicláveis e a produção de composto, que proporcionará o desvio de aterro de cerca de 14.900 ton./ano de RUB. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 119 No âmbito do Projecto RESIAGRO, a Resialentejo irá disponibilizar para recepção dos Resíduos Agrícolas o Parque Ambiental da AMALGA (Beja). Esta infra-estrutura irá receber resíduos plásticos não perigosos, como filme plástico, fitas de rega, tubagens de rega, etc, para além dos Ecocentros que já recebiam como pneus usados, sucatas e embalagens não perigosas de papel/cartão e metal. Refere-se também o Projecto REGEST, desenvolvido no sentido de disponibilizar soluções ambientalmente correcta para os Resíduos de Equipamento Eléctrico e Electrónico (REEE), no âmbito do qual a Resialentejo irá disponibilizar cinco locais para recepção destes Resíduos, designadamente: Ecocentro de Barrancos, Ecocentro de Castro Verde (Piçarras), Ecocentro de Mértola, Ecocentro de Serpa (Pias) e Parque Ambiental da AMALGA (Beja). No âmbito do projecto “Converter”, encontra-se em funcionamento desde 2008 em Beja, o Centro de Triagem e Valorização de Resíduos de Construção e Demolição. Este centro situado na Estrada N320-2, entre São Brissos e Trigaches, é uma experiência piloto assente numa parceria entre a AMALGA, a Câmara Municipal de Beja e a URBERECICLAR, com o propósito de dar solução aos resíduos provenientes da construção e demolição, e de aferir indicadores de cariz económico, financeiro e técnico-operacional para avaliar a viabilidade de implementação do projecto noutros concelhos. De referir ainda a existência, no distrito de Beja, de vários centros de recepção de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura (VALORFITO). A quantidade de resíduos indiferenciados recolhidos no concelho de Castro Verde tem vindo a diminuir desde 2005. Em 2008 foram produzidas 2 932 t de resíduos. Fonte: http://www.amalga.pt, Maio de 2011 in http://www.cmcastroverde.pt/cm_castroverde/ambiente/default.asp?t=residuos Figura 4.7.5 – Resíduos indiferenciados recolhidos em Castro Verde (2002-2008) 120 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A quantidade média de recolha de embalagens tem vindo a aumentar progressivamente desde 2005: Fonte: http://www.amalga.pt, Maio de 2011 in http://www.cmcastroverde.pt/cm_castroverde/ambiente/default.asp?t=residuos Figura 4.7.6 – Embalagens recolhidas em Castro Verde (2002-2008) Concretamente na área de intervenção do Plano de Pormenor, uma vez que não existe actualmente qualquer ocupação, os resíduos produzidos são apenas os dos sistemas naturais e dos animais que aí fazem pastoreio, não existindo quaisquer equipamentos de recolha de resíduos. 4.8. Ecologia, fauna e flora 4.8.1. Introdução A área do Plano de Pormenor da Cavandela, sob o ponto de vista da sua fisionomia vegetal e dos ecossistemas que a constituem, apresenta-se notoriamente marcada pela intervenção humana. Na realidade, à semelhança da sua envolvente e de uma grande parte do Baixo Alentejo, constitui uma área de planície aberta vocacionada essencialmente para a agricultura extensiva de sequeiro e actividades agropastoris. Para além das áreas de cultivo extensivo de cereais, ocorrem na área do Plano algumas áreas de montado misto de azinho e sobro (povoamento e árvores dispersas) e um olival. Os ecossistemas que caracterizam esta área são assim, essencialmente, ecossistemas agrícolas cerealíferos e de montado. A intensiva produção cerealífera que caracterizou a Campanha do Trigo, nas décadas de 30/40, constitui uma marca ainda hoje visível dos terrenos da região, os quais mantiveram o uso do solo de então, Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 121 resultando numa ausência das formações vegetais autóctones, nomeadamente sobreirais, azinhais e matos, os quais ocorrem normalmente de modo disperso e fragmentado na planície alentejana. Devido à pobreza dos solos, os sistemas agrícolas tradicionais que se praticam na região baseiam-se na rotatividade das culturas e na utilização de pousios, de um ou mais anos, para a recuperação do potencial produtivo dos solos (CONFRAGRI, 2005). Este tipo de sistema agrícola resulta num mosaico de habitats que inclui, geralmente, campos de cereal, restolhos, campos de leguminosas de sequeiro, campos lavrados, pousios de diferentes idades e pastagens, estes últimos sendo utilizados para pastoreio de gado ovino e bovino. Os habitats assim caracterizados são designados de habitats estepários ou pseudo-estepários, uma vez que simulam, em termos ecológicos e para um conjunto variado de comunidades biológicas, as estepes naturais que outrora ocupavam áreas significativas do norte da Europa e que se extinguiram regionalmente, ou estão circunscritas a pequenas áreas. No Alentejo, as áreas mais importantes de pseudo-estepes cerealíferas localizam-se na zona de Castro Verde e Beja (Limão & Santos, 2002). Não obstante o carácter marcadamente humanizado e agrícola do mosaico paisagístico que caracteriza a região enquadrante da área do Plano de Pormenor da Cavandela, ele constitui o habitat de um conjunto de aves, designadas de aves estepárias, que na sua maioria constituem espécies protegidas pela Directiva Habitats (Directiva 92/43/CEE) e Directiva Aves (Directiva 79/409/CEE). São exemplo de espécies de avifauna estepária consideradas como prioritárias para a conservação na Comunidade e listadas no Anexo II da Directiva Habitats, a Abetarda (Otis tarda) e o Sisão (Tetrax tetrax). A ocorrência destas espécies nas estepes cerealíferas da região de Castro Verde, conduziu à classificação em 1999 de uma área de 79 007 ha como Zona de Protecção Especial de Castro Verde (código PTZPE0046) (Decreto-Lei n.º 384-B/99 de 23 de Setembro de 1999, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 141/2002 de 20 de Maio), ao abrigo do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril (com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 4 de Fevereiro), que procede à transposição para o ordenamento jurídico português da Directiva Aves Directiva n.°79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril. Recentemente, através do Decreto-Lei n.º 59/2008 de 27 de Março, os limites da ZPE foram aumentados. A ZPE de Castro Verde margina a área objecto do presente Plano nos seus limites Norte e Poente, com a separação feita a Norte pela Estrada Nacional EM535 que liga Castro Verde a Casével. Os ecossistemas estepários alentejanos e as suas comunidades biológicas, nomeadamente aqueles existentes na região de Castro Verde, estão dependentes da manutenção das práticas agrícolas tradicionais. Com o objectivo geral de compatibilizar as explorações agrícolas e a evolução destas face à Política Agrícola Comum (PAC), com a conservação dos habitats e comunidades estepárias, tem vindo a ser 122 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental implementado desde 1995 o Plano Zonal de Castro Verde, o qual constitui uma medida agro-ambiental, através da qual os agricultores são subsidiados para realizar um tipo de exploração agrícola em regime de rotatividade e com determinadas especificidades (Confragri, 2005a). Neste contexto, é de salientar também os projectos de conservação dos ecossistemas e comunidades estepárias de Castro Verde, levados a cabo pela Liga para a Protecção da Natureza (www.lpn.pt) e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (www.spea.pt). Para a conservação das aves estepárias, em particular do sisão (Tetrax tetrax), do francelho (Falco naumanni) e da abetarda (Otis tarda), foram criadas em 2008 novas zonas de protecção especial: Monforte, Veiros, Vila Fernando, São Vicente, Évora, Reguengos, Cuba e Piçarras, em complemento das zonas de protecção especial de Moura/Mourão/Barrancos, Castro Verde, Campo Maior e Vale do Guadiana. De acordo com o Decreto Regulamentar n.º 6/2008 de 26 de Fevereiro. Estas ZPE vêem contribuir para estabelecer um número de áreas adequadas para assegurar a necessária conservação destas espécies. A ZPE de Piçarras, com área total de 2827 ha, abrange os concelhos de Ourique, Castro Verde e Almodôvar. No total, cerca de 85% do território do concelho de Castro Verde constitui Zona de Protecção Especial. 4.8.2. Metodologia A metodologia adoptada para o estudo dos valores biológicos e ecológicos da área do Plano de Pormenor da Cavandela incluiu três componentes distintas: • A elaboração de uma cartografia dos habitats presentes na área de estudo através de fotointerpretação; • Uma prospecção não sistemática no terreno para a detecção e identificação das comunidades florísticas e faunísticas presentes na área de intervenção; • A validação e aperfeiçoamento da cartografia de habitats no terreno, e com os dados recolhidos no levantamento de campo. De referir ainda que, durante o processo de elaboração do presente trabalho, foi consultado o Instituto para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), como entidade que rege juridicamente a ZPE de Castro Verde e contactada a Liga para a Protecção da Natureza (LNP), organização não governamental de ambiente que tem desenvolvido esforços para a conservação das aves estepárias no local. A metodologia utilizada é descrita em maior detalhe nos parágrafos seguintes. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 123 Cartografia dos habitats A metodologia para a produção de cartografia e caracterização dos habitats presentes na área de estudo incluiu a fotointerpretação em ambiente SIG (ArcGis 8.3 - ESRI, 1999-2002) de uma ortofoto da área do Plano de Pormenor. A ortofoto utilizada, de 2005, é de cor real e tem uma resolução espacial de 50 cm no terreno por pixel. A escala utilizada para a fotointerpretação foi genericamente de 1: 3 000. A cartografia de habitats produzida foi posteriormente verificada e validada no terreno, com o trabalho de campo que decorreu em 2005, 2006 e 2007. Os levantamentos florísticos e faunísticos realizados, e a bibliografia especializada consultada, forneceram as bases necessárias para a caracterização dos habitats inventariados. Prospecção não sistemática para detecção e identificação das comunidades florísticas No que respeita à amostragem das comunidades florísticas presentes na área de estudo, foi realizada em Outubro de 2005 uma prospecção não sistemática através de percursos a pé e de jipe por toda a área, de modo a percorrer a mesma na maior extensão possível. Nos percursos realizados procurou-se abarcar um conjunto de biótopos diversos, incluindo as áreas de afloramentos rochosos e de antigas explorações mineiras, as linhas de água e valas de escorrência. Foram registadas todas as espécies observadas no decorrer da prospecção realizada. A identificação das espécies foi, sempre que possível, efectuada no terreno, tendo-se recolhido exemplares para identificação em laboratório, com o auxílio de floras. Pelo facto da prospecção florística ter sido realizada no Outono, a diversidade florística observada foi muito menor do que aquela que caracteriza realmente estes habitats, os quais são por excelência habitats de espécies anuais, e que portanto neste período se encontram a secar, preparando-se para passar o Inverno sob a forma de um banco de sementes. Esta lacuna sobre a diversidade biológica existente na área, foi colmatada pela pesquisa de referências bibliográficas que caracterizam os habitats arvenses em presença. Prospecção não sistemática para detecção e identificação das comunidades faunísticas A inventariação do elenco faunístico potencialmente presente na área de estudo seguiu uma metodologia semelhante à utilizada para a flora. Assim, procedeu-se num primeiro passo à compilação dos elementos bibliográficos disponíveis para a região em análise, para a inventariação do elenco faunístico regional. 124 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A informação assim recolhida foi complementada com duas visitas técnicas ao terreno, realizadas em Outubro de 2005 e Janeiro de 2006, para apreciação do mosaico de habitats presente e do estado de conservação dos mesmos e para detecção do elenco faunístico. Na visita de campo foram realizados transectos a pé e de jipe, de modo a cobrir a totalidade da área em estudo, ao longo do qual foram registadas todas as espécies da fauna observadas directa e indirectamente, considerando as classes Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos. Ao longo dos transectos, realizaram-se alguns pontos de observação e escuta, em que o observador se manteve imóvel durante sensivelmente vinte minutos. Inventariação das comunidades avifaunísticas Para o conhecimento mais detalhado das comunidades avifaunísticas, para além dos censos já realizados na invernada de 2006, foram realizados 14 censos dirigidos à avifauna nidificante, na época de nidificação de 2007 nos meses de Março (dia 28), Abril (dias 4, 12, 19 e 26), Maio (dias 3, 10, 18 e 26) e Junho (dias 1, 7, 15, 22 e 28) (Ver Anexo I B). Nestes censos, para avaliar o número de espécies que ocorrem na área foram realizados cinco transectos sem limite de distância, distribuídos pela área de estudo da seguinte forma: três em culturas extensivas de sequeiro, um em montado misto de sobreiro e azinheira e um em olival. Todas as ocorrências foram registadas com indicação do número de indivíduos por espécie. Para a inventariação das espécies consideradas prioritárias (abrangidas por algum estatuto de ameaça), foram efectuadas contagens pontuais em 12 pontos distribuídos pela área em estudo. Os pontos de observação estavam distanciados pelo menos 650 m entre si de modo a minimizar a possibilidade de repetição de registos de indivíduos já observados. Utilizou-se uma área-tampão circular com centro no ponto e com um raio de 250 m, de modo a permitir o cálculo da densidade de indivíduos. 4.8.3. Habitats da área de estudo A visualização da área do Plano de Pormenor da Cavandela através de uma ortofoto (escala 1:15000) permite identificar claramente quatro formas principais de ocupação do solo. A cada uma destas unidades espaciais correspondem cobertos vegetais e habitats distintos: a) o mosaico de terrenos de agricultura extensiva de sequeiro, que inclui áreas de cereal, pousio e restolho, b) uma área de montado de azinho e sobro; povoamentos e árvores dispersas, c) o olival e d) a charca permanente da ribeira da Horta da Nora. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 125 Um habitat pode designar-se como uma porção de território com características bióticas e abióticas indicadas ao desenvolvimento de um ser vivo, ou de um biota característico, e com variável grau de humanização (Alves et al., 1998). O estabelecimento e o desenvolvimento dos seres vivos, nomeadamente das plantas, é fortemente condicionado pelas características edáficas, geomorfológicas e climáticas do meio em causa. Por interdependerem de um considerável complexo de factores, considera-se normalmente que as associações e as comunidades vegetais constituem a base estrutural dos habitats, permitindo assim o seu reconhecimento (Alves et al., 1998). A descrição dos habitats aqui apresentada tem por base a identificação das diversas comunidades vegetais que os compõem, a que se acrescentam as espécies e/ou os grupos faunísticos mais frequentes. No total, foram cartografados sete habitats/unidades de coberto vegetal, em seguida enumerados. Os habitats cartografados são apresentados no Desenho 18 (Volume II) e no Quadro 4.8.1. Quadro 4.8.1 – Habitats e unidades de coberto vegetal presentes na área do Plano de Pormenor da Cavandela Habitat Área (ha) Culturas extensivas de sequeiro em regime de uso rotacional Área (%) 500,5 82,6 Povoamentos de sobreiro e azinheira 34,3 5,7 Olival 40,5 6,7 Vegetação higrófila das linhas de água 10,1 1,7 Charca permanente (Ribeira da Nora) 5,0 0,8 Vegetação arbustiva esparsa 1,0 0,2 Outros povoamentos florestais mistos 0,5 0,1 14,2 2,3 606,0 100,0 Áreas artificializadas TOTAL * Os povoamentos de sobreiro e azinheira e árvores isoladas, também designados por montado, constituem um habitat listado no Anexo I da Directiva Habitats (Código 6310 – Montados de Quercus spp. de folha perene). Neste contexto, a identificação rigorosa das áreas de povoamento, foi realizada de acordo com o DL n.º 169/2001 de 25 de Maio, com as alterações que foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 155/2004 de 30 de Junho. Para além dos habitats semi-naturais acima listados, foram ainda cartografadas as áreas artificializadas, as quais incluem as áreas edificadas, estradas alcatroadas, caminhos de terra batida e áreas com solo nu. A área ocupada por estas classes de ocupação do solo é de 14,2 ha (2,3% da área de estudo). Em seguida é feita uma descrição dos principais habitats cartografados. 126 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A. Culturas extensivas de sequeiro em regime de uso rotacional As culturas extensivas de sequeiro cobrem cerca de 82,6 % da área da área em estudo, numa área de 500ha, constituindo a classe de ocupação do solo dominante por larga maioria. Tal como foi referido anteriormente, o sistema agrícola na região de Castro Verde, em tudo semelhante ao que tem sido praticado na área em estudo, assenta na rotatividade de culturas e na utilização de pousios, com um ano ou mais, de forma a permitir a recuperação do potencial produtivo do solo. Destas práticas agrícolas tradicionais resulta um mosaico de habitats que incluem: (a) áreas com restolhos (são os pousios de primeiro ano, correspondendo aos restolhos do cereal, normalmente trigo (Triticum spp.) e eventualmente de girassol (Helianthus annuus) após a ceifa); (b) pousios antigos (campos não cultivados há mais de 1 ano); (c) áreas lavradas (solo recentemente lavrado); (d) searas (campos de cereal); (e) áreas com leguminosas, sendo as mais usualmente cultivadas, a tremocilha (Lupinus spp.), ervilhaca (Vicia sativa e V. hirsuta), luzerna (Medicago sativa), entre outras; (f) e pastagens (campos pastoreados por gado ovino ou bovino) (Fonseca, 2004). Fonte: http://www.confagri.pt/Caca/OutrosDocumentos/outrosdoc3.htm Figura 4.8.1 – Exemplo genérico de dois tipos de rotação da cultura cerealífera O mosaico agrícola assim formado disponibiliza diversos recursos alimentares para a fauna. De acordo com a Figura 4.8.2, a qual apresenta o padrão espacial do mosaico paisagístico característico das zonas cerealíferas, temos que: • (1) Áreas agrícolas. Estas zonas apresentam potencialidades para a fauna, pois fornecem abrigo e alimento. A diversidade de culturas, especialmente com diferentes ciclos culturais, Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 127 beneficia a fauna pois pode fornecer abrigo e alimento num período mais vasto do ano. Como exemplo temos o girassol que só é colhido em Agosto. • (2) e (3) As parcelas em pousio (curto ou média duração) oferecem habitat para nidificação e alimento. Quanto mais longa a duração do pousio, mais densa e diversa será a vegetação herbácea. • (4) As parcelas de pastagem são favoráveis para a fauna. Fonte: http://www.confagri.pt/Caca/OutrosDocumentos/outrosdoc3.htm Figura 4.8.2 – Padrão espacial do mosaico agrícola característico das zonas cerealíferas De um ponto de vista florístico, estes habitats são compostos essencialmente por espécies arvenses, sendo que as pastagens e pousios suportam um maior e mais diversificado número de espécies. São dominantes as formações vegetais herbáceas constituídas por espécies vegetais anuais (terófitos) ou vivazes (hemicriptófitos) que surgem aquando da intervenção humana sobre a vegetação e o solo. Estas comunidades estão adaptadas a intervenções permanentes (pastoreio, pisoteio) ou cíclicas (culturas agrícolas) e os taxa vegetais predominantes incluem-se nas famílias Poaceae, Asteraceae e Caryophyllaceae. São características destes habitats as comunidades de herbáceas anuais, nitrófilas ou subnitrófilas, que se desenvolvem em meios ricos em matérias azotadas. Trata-se de vegetação sinantrópica constituída por terófitos ou pequenos geófitos que, por altura da Primavera, matizam os campos agrícolas, onde os 128 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental principais protagonistas florísticos são Coleostephus myconis, Chrysanthemum segetum, Chamaemelum sp. e Oxalis pes-caprae, as quais matizam de amarelo e branco as searas e Echium plantagineum, o qual matiza tão tipicamente de roxo, as planícies alentejanas. Do ponto de vista fitossociológico, as espécies características deste habitat incluem-se predominantemente na classe Stellarietea media. Nos locais de afloramentos rochosos (ou zonas artificiais acumulação de rocha, decorrentes de antigas explorações mineiras) (Fotografia 4.8.7, Volume II), a pressão agrícola é menor, havendo condições para outras comunidades mais sensíveis se instalarem. Assim, neste locais ocorrem comunidades florísticas de características rupícolas, com a presença de Leucojum autumnale, Merendera filifolia e Narcissus bulbocodium (Fotografias 4.8.8. a 4.8.9, Volume II). Ocasionalmente, como sucede nos limites norte e sudoeste da área de distribuição deste habitat e ainda a sul do muro de adobe, podem surgir dispersas algumas árvores, fundamentalmente quercíneas (com uma densidade inferior a 10 indivíduos/ha). Este facto, aumenta, em termos gerais, a capacidade de suporte para a fauna deste habitat. Estas áreas de pseudo-estepes são importantes para alguns grupos animais adaptados a estes meios abertos, como as aves estepárias, das quais são os exemplos mais emblemáticos a Abetarda (Otis tarda) e o Sisão (Tetrax tetrax), bem como algumas aves de rapina mais associados a estes meios, como o Peneireiro-das-torres (Falco naumanni), o Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus) ou o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus). As áreas de pseudo-estepes são ainda utilizadas como áreas de assentamento para juvenis de grandes águias, como a Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus) ou a Águia-real (Aquila chrysaetos). A importância para a avifauna das áreas de culturas anuais extensivas da área em estudo é, no entanto, diminuída pela intensa actividade de pastoreio que aqui se verifica, que degrada consideravelmente as formações vegetais herbáceas presentes. B. Povoamentos de Sobreiro e Azinheira Cerca de 5,7% da área do Plano de Pormenor da Cavandela, correspondendo a 34,3 ha de povoamentos de sobreiro (Quercus suber) e azinheira (Quercus rotundifolia) (Desenho 18, Volume II). O montado constituindo um habitat de interesse comunitário, listado no Anexo I da Directiva Habitats (Directiva n.° 92/43/CEE, do Conselho, transposta para o ordenamento jurídico português através do Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril com as modificações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 49/2005) com o Código 6310 – Montados de Quercus spp. de folha perene. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 129 Além da Directiva Habitats, os sobreiros e azinheiras encontram protecção no Decreto-Lei n.º 169/2001, com as modificações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 155/2004. As áreas de povoamento, nos termos dos referidos decretos, situam-se na área da Tapada (Povoamento 1, 31,1 ha) e no limite NO da Herdade (Povoamento 2, 3,2 ha) (Fotografias 4.8.11, 4.8.12 e 4.8.13, Volume II). Atendendo ao desfasamento temporal e de escala entre a elaboração do plano e a concretização dos projectos, e ao facto de algumas das árvores existentes terem sido afectadas pelo incêndio que percorreu a área a 11 de Julho de 2006, considera-se particularmente útil o levantamento efectuado das áreas de povoamento de sobreiros e azinheiras assim como do Perímetro à Altura do Peito (PAP) e as observações sobre o estado sanitários dos exemplares arbóreos. Genericamente, um montado típico e de uso tradicional caracteriza-se por uma estrutura cultural de origem antrópica, cuja dominância ecológica é partilhada pelo remanescente arbóreo de um antigo bosque de sobreiros ou azinheiras, numa distribuição espacial em savana, e por uma pastagem cespitosa vivaz com origem e persistência associada à pastorícia extensiva de ovinos e por vezes incluindo parcialmente sistemas de agricultura arvense extensiva. São dominados por hemicriptófitos cespitosos, principalmente Poa bulbosa, Trifolium subterraneum e Plantago sp. (ICNB, 2008ab). Na área delimitada pelo muro da Tapada, a intensidade dos usos do solo, tanto em termos do pastoreio, como em termos agrícolas, faz com que o sobcoberto herbáceo do montado seja constituído essencialmente por comunidades de espécies anuais sub-nitrófilas, adaptadas ao pisoteio (PolygonoPoetea annuae), e não pelas acima indicadas, as quais têm um ciclo de vida perene, e cuja formação (pastagens de Poetea bulbosa) demora pelo menos dez anos a estabelecer-se (ICNB, 2008ab). É de sublinhar também, que o sobcoberto do montado encontrado na área de estudo é caracterizado por uma total ausência de estrato arbustivo, até mesmo de arbustos dispersos, como a vulgar esteva (Cistus ladanifer), frequentemente encontrada nos montados alentejanos, o que se deve à forte pressão de pastoreio que se verifica na área. O pastoreio de gado bovino, que se verifica na área do Plano de Pormenor é, em comparação com o de gado ovino, mais danosa para a estrutura dos solos e para a manutenção das pastagens vivazes que formam o sobcoberto dos montados tradicionais, mais valorosas de um ponto de vista da Conservação da Natureza. No que diz respeito à fauna, os montados de sobro e azinho, como os remanescentes das florestas autóctones, são um dos habitats mais importantes desta região do país para todos os grupos animais estudados. A presença do estrato arbóreo aumenta a capacidade de sustentação deste habitat para a fauna em geral. Em relação à avifauna, por exemplo, os montados constituem o habitat que suporta a maior diversidade específica deste grupo, desde rapinas diurnas, como o Milhano (Milvus milvus), a nocturnas, bem como uma grande variedade de passeriformes. 130 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Na área em estudo, as áreas de montado revelam-se importantes para alguns destes grupos, tendo sido detectada a presença, para além de mamíferos, de avifauna não estepária, incluindo diversos passeriformes, e algumas rapinas, como o tartaranhão-caçador (Circus pygargus), espécie de interesse comunitário (de acordo com a Directiva Aves, anexo I), com estatuto Em Perigo de acordo com o “Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal” (Cabral et al., 2008). C. Olival Ocupando cerca de 6,7% da área em estudo, ou seja, uma área de 40,5 ha, o olival constitui uma unidade relevante no conjunto da área do Plano de Pormenor, ocupando também uma pequena área junto ao casario do monte alentejano. Este habitat é constituído, basicamente, por um pomar de oliveiras (Olea europaea var. domestica), cujo sobcoberto se assemelha àquele existente nas áreas de culturas extensivas de sequeiro e montado, com um maior nível de perturbação, uma vez que, para além do acentuado pastoreio bovino e ovino, a vegetação destes pomares de sequeiro é normalmente removida, tornando menos estruturado o estrato herbáceo, com maior exposição de solo nu (Fotografia 2.7.14, Volume II). À semelhança do que se encontra nas áreas de culturas extensivas, o sobcoberto herbáceo é composto por espécies características de prados e arrelvados maioritariamente incluídas na classe Stellarietea media, que caracteriza as comunidades nitrofílicas de terófitos ou geófitos características de áreas intervencionadas pelo homem, como as áreas agrícolas e as áreas urbanas. Em relação à fauna, os olivais são habitats de alguma importância, dado que apresentam um estrato arbóreo que aumenta a capacidade de sustentação do habitat, disponibilizando novos nichos e uma acrescida disponibilidade alimentar, na forma de frutos, para muitas espécies, em particular aves, mas também alguns mamíferos que incluem frutos na sua dieta. D. Vegetação higrófila das linhas de água A área em estudo é cruzada por algumas linhas de água, as quais se encontram completamente embebidas no mosaico cerealífero, desprovidas, portanto, de qualquer estrato arbóreo ou arbustivo associado às suas margens. Na realidade, algumas destas linhas de água apresentam a fisionomia de linhas de escorrência, constituindo pequenos sulcos no solo sem qualquer vegetação higrófila ou nitrófila nas suas margens; outras são bordejadas por comunidades higrófilas de Cyperaceae e Juncaceae, e por comunidades de herbáceas nitrófilas, com presença de espécies como Heliotropium europaeum, Mentha suaveolens, Pulicaria paludosa, Eryngium campestre, etc. (Fotografia 4.8.14, Volume II). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 131 E. Charca permanente da Ribeira da Nora A barragem da Ribeira da Nora é uma zona húmida artificializada, proveniente do represamento da ribeira da Nora, e ocupando cerca de 5 ha. Este tipo de represamento é muito comum no Alentejo, servindo essencialmente para as actividades agrícolas e produção de gado e, algumas vezes, como áreas de produção piscícola. As margens destes corpos de água tendem a ser colonizadas por comunidades florísticas higrófilas, pouco estruturadas, de espécies quer nativas, quer exóticas, que aproveitam a disponibilidade hídrica para se instalarem (10,1 ha, ou seja, 1,7% da área do PP). Assim, são comuns nas margens destes habitats aquáticos dulciaquícolas artificializados, comunidades vegetais de estrutura arbustiva, com ocorrência de cana (Arundo donax), salgueiros (Salix spp.), loendros (Nerium oleander), caniços (Phragmites australis), tábuas (Typha spp.) e bunhos (Scirpus spp.) (Alves et al., 1998). Ocorrem também formações de estrutura sub-arbustiva, dominadas pelas famílias Poaceae, Juncaceae e Cyperaceae, enquadradas, de uma forma geral, na classe Molinio – Arrhenatheretea. Na área em estudo, estas comunidades são muito rarefeitas nas margens da barragem, possivelmente devido ao pastoreio intenso e uso agrícola até ao corpo de água, observando-se apenas um núcleo importante de tábuas (Typha spp), alguns indivíduos dispersos de caniços (Phragmites australis) e salgueiros (Salix sp.), comunidades fragmentadas de Juncaceae e a presença frequente de Scirpus holoschoenus (Fotografias 4.8.15 e 4.8.16, Volume II). É de realçar que estas comunidades, apesar de degradadas, têm não só uma importância ecológica na manutenção da qualidade da água, como também na criação de condições e nichos ecológicos para a sua utilização por diversas comunidades de animais, nomeadamente anfíbios e aves, em particular aves aquáticas. Durante as visitas de campo, foram observadas diversas aves aquáticas e limícolas nesta pequena barragem, que não ocorreriam na área de estudo na ausência desta pequena massa de água, incluindo o Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), o Mergulhão-pequeno (Tachybaptus ruficollis), a Garça-real (Ardea cinerea), o Pato-real (Anas platyrhynchos), a Galinha-de-água (Gallinula chloropus) e a Rola-do-mar (Arenaria interpres). Este facto atesta bem a importância desta unidade no mosaico de habitats existente na área em estudo, o seu papel na sua diversificação e o seu contributo para incrementar a biodiversidade local. Observou-se ainda nesta barragem a presença do Cágado (Mauremys leprosa), assim como evidências da presença de Lontra (Lutra lutra) no troço de ribeira a montante do plano de água. 132 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A relativa capacidade de regeneração das comunidades vegetais típicas de zonas húmidas, torna possível a recuperação ecológica das margens da Barragem da Ribeira da Nora (basicamente através de uma diminuição da pressão agro-pastoril nas margens da barragem), e a sua reconversão numa estrutura ecológica mais interessante não só de um ponto de vista paisagístico, mas também ecológico e ambiental. F. Vegetação arbustiva esparsa e outros povoamentos florestais mistos Tal como já foi referido anteriormente, as formações arbóreas ou arbustivas autóctones são muito escassas na área em estudo, sendo a sua ocorrência muito pontual e restrita, num total de cerca de 1 ha. A completa ausência de vegetação arbustiva, sobretudo no montado, mas também no olival, reflecte a forte pressão do pastoreio que existe na área do Plano de Pormenor, bem como a sua utilização agrícola. Na realidade, não se verifica a presença de espécies frequentemente encontradas de modo pontual e disperso nestes habitats, nomeadamente, o carrasco (Quercus coccifera), o medronheiro (Arbutus unedo), os espargos (Asparagus spp.) e a murta (Myrtus communis). Nem mesmo a esteva (Cistus ladanifer), tão frequentemente encontrada nos montados alentejanos, ocorre no montado da área em estudo, espelhando, de facto, a intensidade do pastoreio. O único sítio onde estas espécies foram encontradas foi num pequeno cercado murado, de mais difícil entrada para os animais e onde a vegetação atinge um porte arbustivo alto. Junto à barragem da Ribeira na Nora, existe um pequeno e denso povoamento florestal misto, com uma área de 0,5 ha, no qual estão presentes, entre outras espécies, eucaliptos (Eucalyptus sp.) e choupos (Populus sp.). De referir ainda que existem eucaliptos (Eucalyptus globulus) plantados na área em estudo, pontualmente, bordejando os caminhos. 4.8.4. Flora e vegetação 4.8.4.1. Enquadramento biogeográfico Numa perspectiva de enquadramento biogeográfico da flora e vegetação da área em estudo, serão em seguida apresentadas as principais características da eco-região onde esta se insere. Do ponto de vista biogeográfico, a região de Castro Verde, incluindo a área objecto do Plano de Pormenor, inserem-se na Região Mediterrânica, Sub-Região Mediterrânica Ocidental, Superprovíncia Mediterrânica Ibero-Atlântica, Província Luso-Extramadurense, Sector Mariânico-Monchiquense, Sub-sector Baixo Alentejo-Monchiquense e Superdistrito Baixo Alentejo. Refira-se que estas categorias são, genericamente, espaços geográficos de superfície contínua, que incluem os acidentes orográficos e variações geológicas Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 133 de cada local, sendo normalmente definidos por uma flora (elemento florístico), vegetação, litologia, geomorfologia, solos e paleo-história particulares (Costa et al., 1998). O Superdistrito do Baixo Alentejo é um território aplanado, menos chuvoso e mais continental que as serras algarvias e alentejanas (como Monchique, Grândola, Cercal, etc.), as quais formam o Superdistrito Serrano-Monchiquense. Caracteriza-se por uma paisagem onde predominam os montados de sobreiro e azinheira. Tem um ombroclima sub-húmido a seco e situa-se maioritariamente no andar termomediterrânico. São endemismos desta unidade biogeográfica Linaria ricardoi e Armeria neglecta, actualmente em vias de extinção (Costa et al., 1998). 4.8.4.2. Flora e vegetação Após a descrição dos principais habitats e unidades de vegetação existentes na área em estudo, pretendese agora sintetizar a informação referida relativamente à flora e vegetação. É de salientar que, face à época em que foi realizada a prospecção de campo (finais de Outubro), a que acresce a elevada falta de água que caracterizou o ano hidrológico de 2004/2005 e ainda o intenso pastoreio verificado, o coberto vegetal da área do Plano de Pormenor se encontrava completamente seco e reduzido a uma fina camada de vegetação, com reduzida biomassa, expondo o solo nu e as plântulas que começaram a germinar com as primeiras chuvas. As plantas que colonizam estes habitats são sobretudo espécies anuais, ou seja, com um ciclo de vida anual, que se inicia com a germinação no Inverno, floração na Primavera e senescência no Verão, “hibernando” sob a forma de um banco de sementes até à próxima época húmida. Por esta razão o elenco específico descrito (Anexo II, Volume II) é manifestamente pobre, não reflectindo a miríade de espécies que colonizam estes habitats, sobretudo espécies arvenses, mais ou menos nitrófilas, mais ou menos adaptadas à perturbação pelas práticas agrícolas e pelo pastoreio, e que se tornam muito evidentes na Primavera, florindo as searas e montados. Na realidade, o ciclo de vida anual é uma estratégia muito eficiente adoptada pelas plantas da Bacia do Mediterrâneo, já que lhes permite sobreviver à secura estival. Esta mesma estratégia concede-lhes uma vantagem adaptativa no cenário dos ciclos agrícolas de exploração humana do solo, os quais limpam e lavram os solos antes de estas plantas germinarem e ocuparem o solo, actividade agrícola que elimina, portanto, os seus competidores. Na área em estudo são dominantes as culturas extensivas de sequeiro em regime de uso rotacional, com uma dominância estrutural dada pelas espécies cultivadas, em particular o trigo (Triticum spp.). Não foram 134 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental observados vestígios de culturas de girassol (Helianthus annuus), apesar de ser usualmente utilizado neste tipo de sistemas agrícolas. Do elenco específico inventariado não consta qualquer espécie protegida ao abrigo dos anexos II e IV da Directiva Habitats (D.C. 92/43/CEE, transposta pelo D.L. 140/99, com as modificações introduzidas pelo D.L. 49/2005), tendo-se apenas registado a presença de uma espécie constante do anexo V desta Directiva: Narcissus bulbocodium (família Amaryllidaceae). Este anexo inclui as espécies “de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objecto de medidas de gestão”. Uma espécie rara de ocorrência potencial, em termos biogeográficos, na área em estudo (não detectada no inventário florístico realizado), é Linaria ricardoi, a qual constitui uma espécie prioritária para a conservação, listada no Anexo II da Directiva Habitats. Esta espécie constitui um endemismo do Sudeste do nosso país muito ameaçado (i.e., a sua distribuição geográfica mundial é restrita ao nosso país, em particular, à região do Alentejo interior), habitando em searas de trigo (Franco, 1984). Os núcleos mais conhecidos desta espécie ocorrem na zona de Beja. Durante os trabalhos de campo, não se registou a presença de nenhuma outra espécie Rara, Endémica, Localizada, Ameaçada ou Em Perigo de Extinção – habitualmente designadas por espécies RELAPE. 4.8.5. Fauna No presente sub-capítulo procede-se à descrição e análise do elenco faunístico potencialmente presente na área do Plano de Pormenor da Cavandela. A inventariação do elenco faunístico baseia-se na compilação dos elementos bibliográficos disponíveis para a região em análise, complementada com duas visitas técnicas ao terreno, em Outubro de 2005 e Janeiro de 2006, para apreciação do estado de conservação dos habitats presentes, e com a monitorização da avifauna realizada em 2007. O conhecimento do elenco faunístico regional, em conjunto com a apreciação do mosaico de habitats presente na área de estudo, permite indicar as espécies da fauna de ocorrência potencial na área em estudo. Assim, nos pontos seguintes, é analisada a comunidade faunística potencialmente ocorrente, incluindo os Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos. O elenco faunístico inventariado de acordo com a metodologia acima exposta é apresentado nos Quadros I.1 a I.4 do Anexo IA (Volume II), indicando-se para cada espécie a probabilidade da sua ocorrência na área de estudo, considerando-se três graus de probabilidade: certa – Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 135 espécies cuja ocorrência foi confirmada por observação directa ou indirecta durante a visita de campo ou para as quais existem dados recentes e concretos do seu registo na área do Plano de Pormenor; provável – espécies que pertencem ao elenco regional, e para as quais existe habitat adequado na área de estudo; e possível – espécies que pertencem ao elenco regional mas para as quais existe apenas habitat marginalmente adequado na área de estudo. 4.8.5.1. Anfíbios No Quadro I.1 do Anexo IA apresentam-se as espécies de anfíbios inventariadas pela metodologia acima descrita para a área de estudo, num total de oito espécies. Destas, apenas foi possível confirmar a presença da Rã-verde (Rana perezi), num dos poços existentes na área de estudo. A principal fonte consultada para a produção deste inventário foi Malkmus (2004). Todos os anfíbios referidos para a área de estudo apresentam distribuição relativamente ampla no nosso país, sendo que apenas uma tem estatuto de conservação segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2008): a Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), um endemismo ibérico que apresenta estatuto de “Quase ameaçada”. Esta espécie encontra-se ainda inscrita no Anexo II da Directiva Habitats (anexo que inclui as espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação). Embora os restantes anfíbios inventariados não se encontrem ameaçados no nosso país, três espécies são protegidas pelo Anexo IV da Directiva Habitats (espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa): o Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii), o Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes) e a Rela-meridional (Hyla meridionalis). Os anfíbios, enquanto grupo, são particularmente dependentes do meio aquático em pelo menos uma das fases do seu ciclo biológico, sendo os habitats mais importantes para este grupo biológico todos os habitats dulçaquícolas, como os ribeiros, albufeiras, barragens e outros pontos de água, bem como habitats com elevada disponibilidade de humidade, como pastagens húmidas, etc. A área de estudo não apresenta em geral muitos habitats importantes para os anfíbios. As linhas de água que atravessam a área de estudo são pequenas linhas de cabeceira, de escorrência e intermitentes, com vegetação higrófila muito incipiente, pelo que não constituem um habitat muito importante para os anfíbios. 136 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Assim, os anfíbios inventariados para a área de estudo correspondem na sua maioria a espécies de hábitos sub-terrestres, relativamente tolerantes ao stress hídrico, como a Salamandra-de-costelassalientes (Pleurodeles waltl), o Sapo-parteiro-ibérico, o Sapo-de-unha-negra e o Sapo (Bufo bufo). A barragem da ribeira da Nora da Horta é o único habitat dulçaquícola permanente existente na área de estudo, permitindo assim a presença potencial de anfíbios mais associadas ao meio aquático, como a Rãde-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) e a Rã-verde, esta última de ocorrência confirmada. Numa avaliação global, a área do Plano de Pormenor não apresenta particular importância para os anfíbios enquanto grupo, devido ao mosaico de habitats presente. 4.8.5.2. Répteis O inventário das espécies de répteis ocorrentes na região envolvente à área em estudo é apresentado no Quadro I.2 do Anexo IA, e engloba um total de 10 espécies. Dos répteis inventariados, apenas foi confirmada a presença do Cágado (Mauremys leprosa), no troço da ribeira da Horta da Nora dentro da área de estudo, e também na pequena barragem construída na mesma ribeira. A principal fonte consultada para a produção deste inventário foi Malkmus (2004). A grande maioria dos répteis inventariados são espécies sem estatuto de conservação e amplamente distribuídas no nosso país. A única excepção é o Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), que apresenta estatuto de conservação de “Em perigo”, de acordo com o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2008). Conforme se indica no Quadro I.2 do Anexo IA, no entanto, não se considera muito provável a ocorrência destas espécies na área de estudo, embora a mesma seja possível, dado fazerem parte do elenco herpetofaunístico regional, e existirem habitats marginalmente adequados na área em estudo. Quanto à legislação comunitária, apenas os dois cágados constam do Anexo II da Directiva Habitats (E. orbicularis e Mauremys leprosa), enquanto que a Cobra-de-ferradura (Coluber hippocrepis) está protegida pelo Anexo IV da mesma Directiva. Em termos gerais a área de estudo não apresenta particular interesse para os répteis, o que se reflecte no facto de, para além do Cágado cuja presença foi confirmada no terreno, apenas se considere provável a ocorrência de mais três espécies, os sáurios Osga (Tarentola mauritanica), Lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus) e Cobra-cega (Blanus cinereus). As restantes espécies são dadas como de ocorrência possível, mas não muito provável. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 137 De facto, a maior parte da área de estudo é ocupada por terreno totalmente aberto, sujeito a uma grande pressão de pastoreio, sendo o sobcoberto praticamente inexistente, e sem uma componente importante de estruturas rochosas ou outras que possam servir de refúgio aos répteis. Este tipo de habitat não favorece a ocorrência da maioria dos répteis, especialmente sáurios e ofídios, que compõem o elenco regional, dado que se tratam na sua maioria de espécies termófilas, que preferem efectivamente zonas semi-abertas, mas que dependem também da existência de estruturas rochosas, naturais (afloramentos) ou artificiais (muros, construções), ou coberto arbóreo, que possam ser utilizados como locais de refúgio ou para termoregulação, por exposição solar. Estas condições existem na área de estudo apenas na proximidade do olival e das áreas de montado, onde ocorrem também algumas estruturas construídas, o que levou a considerar-se possível a presença de alguns ofídios, como a Cobra-de-ferradura, a Cobra-de-escada (Elaphe scalaris), a Cobra-de-capuz e a Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus). 4.8.5.3. Aves O elenco avifaunístico da área do Plano de Pormenor é apresentado no Quadro I.3 do Anexo IA, sendo composto por 76 espécies. A inventariação das espécies constantes deste elenco foi efectuada através de observação directa dos indivíduos, seja na campanha de invernada ou nas campanhas realizadas no período de nidificação. De acordo com o estatuto fenológico constante de ICNB (2011), o elenco avifaunístico inventariado é dominada por espécies residentes, que representam 54,7% das espécies presentes, enquanto que apenas 27,9% são nidificantes estivais e 16,3% são invernantes. Das espécies inventariadas para a área de estudo, 19 são protegidas pelo Anexo I da Directiva Aves, que inclui as aves de interesse comunitário cuja conservação requer a designação de zonas de protecção especial. Entre estas destaca-se a presença confirmada do Sisão (Tetrax tetrax) e da Abetarda (Otis tarda), espécies de protecção prioritária no espaço comunitário. O elenco avifaunístico inclui também 27 das aves com estatuto de conservação no território nacional, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2008), incluindo: • 2 espécies Criticamente Em Perigo – o Milhano (apenas a população nidificante) e o Rolieiro (Coracias garrulus); • 138 2 espécies Em Perigo – o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e a Abetarda (Otis tarda); Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • 7 espécies Vulneráveis – o Falcão-peregrino (Falco peregriuns), o Sisão (Tetrax tetrax), o Alcaravão (Burhinus oedicnemus), a Perdiz-do-mar (Glaerola pratincola), a Gaivota-de-asaescura (Larus fuscus – apenas a população nidificante), o Cuco-rabilongo (Clamator glandarius) e o Chasco-ruivo (Oenanthe hispanica); • e 6 espécies Quase ameaçadas – a Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus), a Águia-calçada (Hieraaetus pennatus), o Andorinhão-real (Tachymarptis melba), a Calhandra (Melanocorypha calandra), o Picanço-barreteiro (Lanius senator) e o Corvo (Corvus corax). A ZPE de Castro Verde, que faz fronteira com a área do Plano de Pormenor a Norte e Poente, corresponde a uma área classificada pelo Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro, ao abrigo da Directiva Aves (Directiva 79/409/CEE, transposta para o direito interno pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril), cujos limites foram alterados pelo Decreto-Lei n.º 59/2008 de 27 de Março. Os objectivos das ZPE’s são a protecção de espécies de aves ameaçadas ao nível europeu e a conservação dos seus habitats. No caso da ZPE de Castro Verde as espécies-alvo que justificaram a sua criação enquadram-se em dois grupos ecológicos: aves de rapina e aves estepárias. Em relação às aves de rapina, a ZPE de Castro Verde é importante pela existência de efectivos de aves de rapina não reprodutoras, constituindo uma área de assentamento para a Águia-real (Aquila chrysaetos), Águia-imperial e Águia de Bonelli (Costa et al., 2003). Para além destas rapinas, a ZPE de Castro Verde tem ainda como espécies-alvo o Milhafre-preto (Milvus migrans), o Milhano (Milvus milvus), o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), o Tartaranhão-azulado (Circus cyaneus), o Peneireiro-das-torres e o Peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus) (ICNB, 2008a). Em relação às rapinas referidas acima, foram directamente observadas na área de estudo: o Milhafre-preto (2005 e 2007), o Milhano e o Tartaranhão-caçador (2006 e 2007) e o Peneireiro-cinzento (2007). Em relação às estepárias, para além da Abetarda e do Sisão, a ZPE de Castro Verde tem ainda como espécies-alvo de conservação várias outras aves de hábitos estepários, incluindo o Grou (Grus grus), o Alcaravão (Burhinus oedicnemus) e o Cortiçol-de-barriga-preta (Pterocles orientalis) (ICNB, 2008a). Segundo Costa et al. (2003), Castro Verde é o local mais importante no país para a Abetarda, sendo ainda a área do país onde ocorrem maiores concentrações de Cortiçol-de-barriga-preta. Nas saídas de campo efectuadas em 2006 e 2007, para além da Abetarda e do Sisão, nas áreas de pseudoestepes da área de estudo foram observados: o Alcaravão, a Perdiz-do-mar, a Calhandrinha e a Calhandrareal (Melanocorypha calandra). Relativamente a esta última, refira-se que a região de Castro Verde congrega uma elevada percentagem (cerca de 85%) da estimativa da população nacional de Calhandrareal (superior a 10 000 indivíduos maturos), sendo que para a área de estudo se estimou ocorrerem cerca de 36 indivíduos. Na campanha de 2007 (Anexo IB, Volume II), foram detectados um local de nidificação de dois casais de Rolieiro, nas ruínas do monte da Herdade da Cavandela (espécie com o estatuto Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 139 “Criticamente em Perigo”) e de um ninho de Milhafre-preto (Milvus migrans) com duas crias. Foram ainda observados (campanha de 2006) bandos de Abibe (Vanellus vanellus) e Tarambola-dourada (Pluvialis apricaria), duas espécies relativamente comuns e bem distribuídas. Não obstante o elevado número de espécies consideradas prioritárias observadas, o desenvolvimento do trabalho de campo permitiu concluir que a maioria destas espécies – com excepção do Sisão e da Calhandra-real – revela pouca expressividade em termos de abundância na área em estudo. Tendo em conta o estado de relativa degradação em que se encontram os habitats estepários da área em estudo, em resultado da pressão intensa de pastoreio, mas também a disponibilidade de habitats em estado favorável de conservação na envolvente próxima à área de estudo (nomeadamente na ZPE), é de admitir que esta área seja essencialmente utilizada como zona de passagem nas deslocações destas espécies. As aves mais sensíveis são aquelas para as quais a área em estudo representa um recurso importante, enquanto habitat de alimentação, por exemplo, mas especialmente enquanto habitat de nidificação. As duas espécies nidificantes na área do Plano de Pormenor com maior estatuto de conservação são o Sisão (Tetrax tetrax) e o Rolieiro (Coracias garrulus). O Sisão é considerada pela Directiva Aves uma espécie de conservação prioritária no espaço comunitário, apresentando em Portugal o estatuto de “Vulnerável”. Segundo dados da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Leitão, 2006), as estimativas produzidas no âmbito do programa Life Sisão apontam para a existência de cerca de 17 551 machos reprodutores em todo o Alentejo, região onde se localizam os maiores núcleos populacionais conhecidos a nível nacional, na Primavera (altura em que a população de Sisão atinge o seu valor máximo), o que representa cerca de 35 102 indivíduos (considerando uma proporção macho:fêmea de 1:1). Os valor de densidade estimado para o Sisão (Tetrax tetrax) no presente estudo (3,0 machos/100 ha) situa-se entre os valores estimados em áreas próximas dentro dos limites da ZPE de Castro Verde, durante a época de reprodução de 2004, que se situaram entre os 2,4 machos/100 ha e os 5,0 machos/100 ha (Silva & Pinto, 2004). Estima-se a existência de 13 machos reprodutores para a totalidade da área de estudo, o que corresponde a 0,07% da população de Sisão de todo o Alentejo. A população nacional de Rolieiro não é bem conhecida, estando estimada em cerca de 100 a 1000 casais (Rufino, 1989). A ZPE de Castro Verde é considerada como provavelmente o principal local de reprodução a nível nacional (ICNB, 2008a), estimando-se que albergue uma população de 40 a 60 casais (Costa et al. 2003). Os dois casais presentes na Herdade da Cavandela representarão assim cerca de 0,2% a 2% da população nacional e 3 a 5 % da população regional. 140 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A ZPE de Castro Verde é importante para ambos os grupos ecológicos de aves descritos anteriormente (rapinas e estepárias), devido às grandes extensões de habitats pseudo-estepários que existem no seu território (culturas extensivas de cereais, pastagens e pousios), e de que estas aves dependem, quer como habitat preferencial (estepárias) quer como zona de caça (rapinas). Refira-se que este tipo de habitat ocupa cerca de 70% de toda a extensão da ZPE, o que corresponde a aproximadamente 55 mil hectares de habitats pseudo-estepários dentro da ZPE de Castro Verde (ICNB, 2008a). A importância desta região para a avifauna é ainda corroborada pelo facto de ser considerada uma Zona Importante para as Aves (ZIA), de acordo com o inventário nacional produzido pela Birdlife Internacional e pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (ZIA PT029 - Costa et al., 2003). 4.8.5.4. Mamíferos Em relação aos mamíferos, apresenta-se no Quadro I.4 do Anexo IA o inventário das espécies potencialmente presentes na área de estudo, englobando um total de 17 mamíferos. Destes, apenas foi possível confirmar a presença de quatro: a Lebre (Lepus granatensis) e o Coelho (Oryctolagus cuniculus), observados directamente, e a Lontra (Lutra lutra) e o Texugo (Meles meles), dos quais foram encontrados vestígios (dejectos e tocas, respectivamente). Em termos conservacionistas, quatro destes mamíferos são protegidos pelo Anexo II da Directiva Habitats: as três espécies de morcegos e a Lontra (ver Quadro I.4 do Anexo IA, Volume II). Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Cabral et al., 2008), quatro destes mamíferos apresentam também estatuto de conservação no nosso território, incluindo os três morcegos, classificados como “Vulneráveis” e o Coelho, que tem estatuto de “Quase ameaçado”. Em termos gerais, a área do Plano de Pormenor não apresenta particular importância para os mamíferos. Exceptuando as três espécies de morcegos, que poderão utilizar a área de estudo essencialmente como zona de caça, em especial junto à barragem, os mamíferos incluídos no elenco potencial correspondem a espécies sem estatuto de conservação elevado, amplamente distribuídas e abundantes no território nacional e relativamente adaptadas à pressão humana. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 141 4.9. Uso do solo e ordenamento do território 4.9.1. Introdução Neste capítulo pretende-se enquadrar a área do Plano de Pormenor da Cavandela no âmbito do uso do solo presente e dos instrumentos de gestão territorial incidentes. A caracterização do uso actual do solo foi efectuada com base na informação disponível decorrente da interpretação de fotografia aérea (realizada no âmbito do descritor Ecologia), validada no terreno. Foi ainda analisada a relação da área de estudo com as figuras de ordenamento, com as servidões e restrições de utilidade pública e com as áreas legalmente reconhecidas como de interesse para a conservação da natureza, recorrendo à informação disponibilizada pela Direcção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e pelo Instituto da Água. 4.9.2. Uso do solo A área do Plano de Pormenor é acompanhada a Sul pelo IP2 e a Norte pela Estrada Municipal n.º 535, que permite a ligação da vila de Castro Verde a Casével. A área em estudo dispõe de diversos caminhos sem nenhuma ligação com o exterior, à excepção de um que comunica a Nascente com Castro Verde através da passagem inferior ao IP2. A área do Plano é atravessada por um ramal ferroviário (REFER) de acesso à mina de Neves Corvo. Esta barreira que subdivide a área em duas é interrompida por uma ponte ferroviária, no limite do terreno, que permite a passagem inferior do IP2 e da via de estabelecimento paralelo, no interior da área do Plano. Na área do Plano de Pormenor (total de cerca de 606 ha) domina o uso agrícola do solo, com ocupação predominante de culturas de sequeiro (82,6% da área total). Associada ao sequeiro, 6,7% da área de intervenção (a Norte) é ocupada por olival e 5,7% é ocupada por povoamentos de sobreiro e azinheira. As áreas artificializadas, em que se incluem os caminhos de terra batida, a Estrada Municipal nº 535 e os edifícios existentes (edifícios com a tipologia do “Monte Alentejano”, armazéns, edifícios de apoio à actividade agro-pecuária, muro em taipa), representam 2,3% da área total. Verifica-se também a presença de corpos de água (5 ha) e de vegetação variada, designadamente junto ao IP2 (no limite Sul da área do plano), junto ao ramal ferroviário de acesso à mina de Neves-Corvo e junto à Estrada Municipal nº 535 (ver Desenho 18, Volume II e Quadro 4.9.1). 142 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.9.1 – Uso do solo na área do Plano de Pormenor da Cavandela Classes Área (ha) Sequeiro Área (%) 500,5 82,6 Povoamentos de sobreiros e azinheiras* 34,3 5,7 Olival 40,5 6,7 Outra vegetação 11,5 1,9 Áreas artificializadas 14,2 2,3 Corpos de água 5,0 0,8 Total 606 100 * O montado constitui um habitat listado no Anexo I da Directiva Habitats (Código 6310 – Montados de Quercus spp. de folha perene). 4.9.3. Planos de ordenamento Na área do Plano de Pormenor da Cavandela aplicam-se os seguintes Planos de Ordenamento: • Plano Director Municipal de Castro Verde (PDM); • Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana (PBH); • Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA). • Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo (PROF BA). Para além dos instrumentos de gestão territorial referidos, o Plano de Pormenor relaciona-se, em maior ou menor grau, com outros planos e programas que definem orientações para a região do Alentejo, destacando-se os seguintes: Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território; Estratégia de Desenvolvimento do Alentejo 2007-2013; Plano Estratégico Nacional do Turismo 2006-2015; Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural. A análise da compatibilidade do PP com estes planos e programas é efectuada no capítulo da análise de efeitos. No Anexo II (Volume II) sistematizam-se os objectivos gerais e específicos dos planos e programa referidos. 4.9.3.1. Plano Director Municipal de Castro Verde (PDM) O PDM de Castro Verde foi ratificado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 59/93, de 2 de Setembro. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 143 Na sequência da aprovação do Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA), as normas do PDM de Castro Verde incompatíveis com este instrumento de ordenamento foram alteradas, por adaptação, através da Deliberação n.º 2271/2010, de 7 de Dezembro. A observação da Planta de Ordenamento do PDM (Desenho 19, Volume II), permite verificar que a área do Plano de Pormenor é abrangida pelas seguintes classes: 1. Solo de transformação condicionada (STC): Esta classe, correspondente às áreas exteriores aos perímetros urbanos não abrangidas pela REN e pela RAN, destina-se, no que diz respeito à alteração do uso do solo para fins não agrícolas ou florestais, à viabilização de iniciativas para a melhoria das condições sócioeconómicas do concelho, nomeadamente nos sectores da indústria e do turismo que, pela sua dimensão e características, não possam ser satisfeitas pela oferta prevista de solo urbano (n.º 2 do artigo n.º 11). De acordo com o artigo 27.º, relativo aos condicionamentos no solo de transformação condicionada: 1- Poderá ser autorizada a alteração do uso do solo para fins não agrícolas, nomeadamente indústria e turismo, em situações servidas por vias existentes. No que respeita ao sector turístico, os empreendimentos turísticos a implementar em solo rural sob a forma de Empreendimentos Turísticos Isolados (ETI) devem obedecer às disposições constantes do ponto 3 do artigo 11.º do regulamento. 2- Poderão ser autorizadas construções isoladas, em edifício único, até dois pisos para habitação, ou comércio e indústria, a edificar em área igual ou superior à definida pela unidade mínima de cultura, ou inferior, desde que a propriedade tenha sido constituída ou fraccionada em data anterior à entrada em vigor da Lei Nº 2116, de 14 de Agosto de 1962. 3- A concentração de construções resultante dos empreendimentos a que se referem os números anteriores só será autorizada quando for reconhecido o interesse económico, nomeadamente no sector turístico e industrial, e as características da paisagem não o desaconselhem. No que respeita ao sector turístico, os Empreendimentos Turísticos Isolados devem obedecer às disposições constantes do ponto 3 do artigo 11.º do regulamento do PDM; 144 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Conforme o Artigo 32º do Regulamento do PDM, a Câmara pronuncia-se sobre a viabilidade dos programas apresentados pelos requerentes destinados ao STC, adoptando critérios de oportunidade e ou adequação aos programas de investimento do município. Relativamente a este aspecto, a Câmara Municipal encontra-se a coordenar o processo de elaboração do Plano de Pormenor da Cavandela, que tem merecido especial atenção por parte desta entidade conforme disposto nas “Grandes Opções do Plano de 2007” da Câmara Municipal: “atentas as características do mesmo e o facto deste investimento constituir uma das mais relevantes apostas do município nos próximos anos”. 2- Reserva Ecológica Nacional (REN): Na área do Plano de Pormenor, a área de REN inclui a barragem formada por um açude existente na Ribeiro da Horta da Nora situado a Norte do terreno e a vegetação ripária que a ladeia, totalizando cerca de 17 ha de terreno. As condicionantes à REN encontram-se descritas no ponto 4.9.4. 3- Reserva Agrícola Nacional (RAN): As áreas de RAN são constituídas, na área de intervenção, por solos da classe de capacidade de uso C, solos aluviais e coluviais. A área de RAN é de cerca de 218 ha, distribuída em cinco manchas, em que a principal está localizada a Norte da área do Plano de Pormenor. As condicionantes à RAN encontram-se descritas no ponto 4.9.4. Atendendo à ocupação do solo prevista para o extremo Poente do Plano de Pormenor, ou seja, a implementação de uma área de localização empresarial, refere-se ainda a existência de condicionamentos ao uso e transformação do solo associados à actividade industrial, os quais estão previstos no Art.º 18º do PDM de Castro Verde. Para o planeamento e ordenamento das zonas industriais definem-se os seguintes tipos de área: • Área bruta de desenvolvimento: área total da mancha destinada à implantação de um parque, zona ou loteamento industrial; • Área comercializável: somatório das áreas dos lotes destinados à implantação de actividades industriais ou actividades comerciais de apoio; • Área verde: área total resultante da soma dos espaços verdes públicos com os espaços verdes dos lotes; • Área de circulação: conjunto de áreas ocupadas por edifícios de acolhimento a actividade de apoio às unidades industriais ou de áreas em que se implantam infra-estruturas (ETAR, etc). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 145 Os valores máximos para índices brutos de ocupação são apresentados no quadro seguinte: Quadro 4.9.2 – Valores máximos para os índices brutos de ocupação Valor típico (%) Índice de comercialização (Área comercializável1/ área bruta) Indicador Índice de área verde (Área verde total/ área bruta) Índice de pavimentação (Área pavimentada2/ área bruta) Infra-estruturas (ETAR, PT, etc) 60 30 7 3 Fonte: Regulamento do PDM de Castro Verde, 1993 Legenda: 1 - pode incluir área afecta a serviços de utilização comum; 2- área afecta a vias de circulação, estacionamento e percursos pedonais. No âmbito do lote, define-se um índice de ocupação (quociente entre a área de projecção vertical dos edifícios e a área total do lote), cujo máximo pode variar entre os 40% e os 50%, embora em casos particulares, como no de armazéns comerciais de apoio, se aceitem valores superiores, da ordem dos 60 a 70%. A restante área do lote corresponde à circulação interna, estacionamento, armazenagem a descoberto e , eventualmente, área verde. O quadro seguinte indica os limites de variação das áreas dos lotes para uma mancha industrial média (10 ha a 50 ha), que é o caso da que se pretende instalar. Quadro 4.9.3 – Limites de variação das áreas dos lotes para uma mancha industrial média Empresas a instalar Médias empresas (dominante). Algumas pequenas empresas Lotes (m2) Mínimo Máximo 2 000/3 000 8 000/12 000 Fonte: Regulamento do PDM de Castro Verde, 1993 No que se refere à altura dos edifícios industriais deverão ser respeitadas as indicações da autarquia, designadamente, o valor resultante do valor máximo do volume total das edificações dividido pela área do lote. 4.9.3.2. Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana (PBH) 146 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O Concelho de Castro Verde, onde a zona de estudo se localiza, está parcialmente abrangido pelo Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana, plano sectorial aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º16/2001, de 5 de Dezembro, integrando-se na Unidade Homogénea de Planeamento 7 (UHP 7) – Bacia Própria do Pulo do Lobo. O PBH tem por objecto a definição das regras de gestão dos recursos hídricos e os planos municipais e intermunicipais de ordenamento do território, bem como os projectos e programas a realizar na área de intervenção do PBH devem conformar-se com este. Todos os instrumentos de planeamento que definam ou determinem a ocupação física do território, nomeadamente os previstos no Artigo 2º do Decreto-Lei 380/99, de 22 de Setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro), deverão, em articulação com o Plano de Bacia, integrar condicionamentos para todas as actividades que constituam ocupações e utilizações com potenciais efeitos significativos sobre o meio hídrico, designadamente: captações de águas superficiais e subterrâneas; movimentação de terras; florestação; actividades agrícolas; instalação de unidades industriais e grandes superfícies comerciais; campos de golfe; espaços de recreio e lazer; etc. 4.9.3.3. Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA) O Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA) foi aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2010, de 2 de Agosto, constituindo um instrumento de desenvolvimento territorial, que afirma o Alentejo como território sustentável e de forte identidade regional, sustentada por um sistema urbano policêntrico, garantindo adequados níveis de coesão territorial e integração reforçada com outros espaços nacionais e internacionais, valorizando o seu posicionamento geoestratégico. Segundo o diploma que regulamenta este instrumento de gestão, as opções de desenvolvimento territorial tiveram como suporte os seguintes Eixos Estratégicos: • Eixo I – Integração Territorial e Abertura ao Exterior; • Eixo II – Conservação e Valorização do Ambiente e do Património Natural; • Eixo III – Diversificação e Qualificação da Base Económica Regional; • Eixo IV – Afirmação do Policentrismo e do Desenvolvimento Rural. O Modelo Territorial desenvolvido no âmbito do PROTA (Fig.4.9.1) integra como componentes territoriais estruturantes, o sistema urbano, a estrutura regional de protecção e valorização ambiental, as actividades económicas, e as infra-estruturas e as principais redes de conectividade regional. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 147 Fonte: Extracto do Mapa 1 do PROTA (2010) Figura 4.9.1 – Modelo Territorial do PROTA (2010) O Modelo territorial sublinha o posicionamento da região do Alentejo no contexto das relações interregionais no espaço nacional e, particularmente, no contexto das relações económicas entre Portugal e Espanha e o restante espaço europeu. Um segundo aspecto que é valorizado relaciona-se com os centros urbanos de dimensão regional como espaços determinantes do desenvolvimento económico regional, da coesão territorial e da sustentabilidade económica e social das zonas rurais de mais baixa densidade. O Modelo Territorial do PROT traduz de forma expressiva a importância territorial das actividades agrícolas e florestais na economia regional, destacando, por um lado, o papel estruturante da exploração e valorização do sistema de exploração de povoamentos de azinheira e sobreiro em montado e da indústria da cortiça, e, por outro lado, o potencial de modernização do modelo agrícola associado à expansão das áreas de regadio e à valorização das áreas de produção do olival e da vinha. De acordo com esse modelo, a zona de intervenção sobrepõe-se a um ‘Corredor Nacional’, próxima ao cruzamento deste com um “Corredor Regional”, estando associada a um “Centro Urbano Estruturante”(Castro Verde) e a uma “Rede Urbana de nível 1”, que conecta Castro Verde a Beja e no âmbito do “Eixo Urbano” Castro Verde – Aljustrel. 148 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental As Unidades de Paisagem identificadas no PROT Alentejo apresentam uma correspondência com as Unidades de Paisagem definidas e caracterizadas no estudo “Contributos para a identificação e caracterização da paisagem em Portugal Continental (Universidade de Évora, 2004). Neste sentido, a unidade “Campos do Baixo Alentejo” (onde se localiza a área de intervenção segundo o PROTA), tem correspondência, além de outras duas unidades, com a Unidade de Paisagem definida no estudo acima referido “114 – Campo Branco de Castro Verde”, e que se descreve no ponto 4.10.3. O Mapa 4 do PROTA (Fig. 4.9.2) representa a Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental e Litoral (ERPVA), cujo objectivo é o de garantir a manutenção, a funcionalidade e a sustentabilidade dos sistemas biofísicos, assegurando, desta forma, a qualidade e a diversidade das espécies, dos habitats, dos ecossistemas e das paisagens. Ao estabelecer o ERPVA, o Modelo Territorial do PROTA reforça a importância da valorização dos recursos naturais como suporte de desenvolvimento viável e coeso e como garantia da preservação da paisagem e da identidade regional. A figura seguinte permite constatar que a zona de intervenção não intersecta nenhuma das áreas que constituem a ERPVA, embora se localize próxima a “Áreas nucleares”. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 149 Fonte: Extracto do Mapa 4 do PROTA (2010) Figura 4.9.2 – Estrutura Regional de Protecção e Valorização Ambiental e Litoral do PROTA (2010) Da análise do Mapa 7 - Subsistema das Actividades Agro-Florestais do PROTA, verifica-se a intersecção da área de intervenção com os ‘Sistemas Agro-Silvopastoris’. Estes sistemas correspondem a sistemas de agricultura e pecuária praticados em regime extensivo sobcoberto de baixa densidade de quercíneas ou povoamentos explorados em sistema de montado (sobro e azinho) e de olival tradicional, caracterizados pela conjugação das seguintes circunstâncias: baixa densidade e envelhecimento populacional; largo predomínio de grandes e médias explorações agrícolas com sistemas de produção extensiva sobcoberto (agrícola, pecuária e florestal) potencialmente competitivos num contexto agro-comercial de produção pecuária, com boas condições de desenvolvimento de serviços agro-ambientais e rurais que se baseiem na abundância e qualidade do ambiente natural e da paisagem. Em função das políticas que se desenharem para o sector e da evolução do mercado, as áreas afectas a estes sistemas poderão evoluir para sistemas agrícolas (áreas de potencial produtivo mediano) ou para sistemas florestais (áreas de fraco potencial produtivo). 150 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental No âmbito específico do Planeamento e Edificação Turística, o PROTA estabelece normas relativas à inserção territorial de novos empreendimentos turísticos, os quais, em solo rural, poderão adoptar a forma de Empreendimentos Turísticos Isolados (ETI) ou Núcleos de Desenvolvimento Turístico (NDT). De acordo com a norma 178 do PROTA, os NDT integram empreendimentos turísticos e equipamentos de animação turística, bem como outros equipamentos e actividades compatíveis com o estatuto de solo rural. Os NDT não são delimitados em PDM, e devem ser desenvolvidos através de Planos de Urbanização ou de Pormenor. A mesma norma define os critérios de inserção territorial, integração paisagística e qualidade urbanística e ambiental, garantindo, nomeadamente, os seguintes aspectos: • A solução de ocupação do solo deve promover a concentração da edificação e das áreas impermeabilizadas; • A relação entre a área infraestruturada e a área do NDT constante no PMOT, deve ser inferior a 30%; • A área de espaços livres/verdes de utilização comum, por unidade de alojamento deve ser superior a 100m2, incluindo as áreas incluídas na Estrutura Ecológica; • A área mínima dos NDT deve variar entre os 50 e os 100 ha, podendo variar em função de critérios objectivos estabelecidos em PDM; • As soluções arquitectónicas devem ser adequadas ao clima e valorizadoras da paisagem e da identidade regional com adequada inserção na morfologia do terreno; • As soluções paisagísticas devem valorizar o património natural e cultural do local e da envolvente; • A estrutura ecológica deve ser contínua e em articulação com a estrutura ecológica municipal; • Devem ser delimitadas as áreas de povoamento de sobreiro e azinheira, que deverão integrar a estrutura ecológica, não sendo permitidas edificações nessas áreas. Refira-se no entanto que, de acordo com a referida Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2010, de 2 de Agosto, são excluídos da necessidade de adaptação às orientações do PROTA, sem prejuízo da norma 183, a elaboração, alteração ou revisão em curso de planos de urbanização e planos de pormenor, nomeadamente os que enquadrem empreendimentos turísticos, caso: - a) O procedimento de formação de contrato que tenha por objecto a elaboração de um projecto de plano se tenha iniciado ou a sua elaboração tenha sido determinada até 7 de Maio de 2009, com a deliberação prevista no n.º 4 do artigo 6.º -A ou no n.º 1 do artigo 74.º do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro; - b) A aprovação do plano pela assembleia municipal ocorra no prazo máximo de 12 meses após a entrada em vigor da resolução que aprova o PROTA. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 151 4.9.3.4. Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo (PROF BA) Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), são instrumentos de gestão de política sectorial que incidem sobre os espaços florestais e visam enquadrar e estabelecer normas específicas de uso, ocupação, utilização e ordenamento florestal, por forma a promover e garantir a produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes espaços. O PROF BA foi aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 18/2006 de 20 de Outubro, e as suas orientações estratégicas florestais, fundamentalmente no que se refere à ocupação, uso e transformação do solo nos espaços florestais, devem ser integradas nos planos municipais de ordenamento do território (PMOT). Presentemente, o PROF encontra-se suspenso parcialmente, pela Portaria n.º 62/2011, de 2 de Fevereiro, que determina a suspensão, pelo prazo de dois anos, da aplicação dos artigos 32.º e 34.º a 38.º do regulamento anexo ao referido Decreto Regulamentar. O PROF BA identifica as sub-regiões homogéneas, as zonas críticas do ponto de vista da defesa da floresta contra incêndios e da conservação da natureza, os terrenos submetidos a regime florestal e os corredores ecológicos. A área do Plano de Pormenor enquadra-se na sub-região designada “Cintura de Ourique”. Nesta sub-região homogénea são aplicadas normas de intervenção generalizada a toda a sub-região e normas de intervenção específica a zonas determinadas pela sua especificidade, as quais são apresentadas no Anexo II (Volume II). Cerca de 77 ha da área do Plano (a Sudeste) são considerados “corredor ecológico”. De acordo com o Artigo 10.º do Decreto Regulamentar n.º 18/2006 de 20 de Outubro: 2—As normas a aplicar, no âmbito do planeamento florestal, são as consideradas para as funções de protecção e de conservação, nomeadamente a subfunção de protecção da rede hidrográfica, com objectivos de gestão e intervenções florestais ao nível da condução e restauração de povoamentos nas galerias ripícolas, bem como a subfunção de conservação de recursos genéticos, com objectivos de gestão da manutenção da diversidade genética dos povoamentos florestais e manutenção e fomento dos próprios corredores ecológicos. 3—Os corredores ecológicos devem ser objecto de tratamento específico no âmbito dos planos de gestão florestal e devem ainda contribuir para a definição da estrutura ecológica municipal no âmbito dos PMOT. 152 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.9.4. Servidões e restrições Da observação da planta de condicionantes do PDM de Castro Verde (Desenho 20, Volume II), verifica-se que incidem na área de estudo as seguintes condicionantes, servidões e restrições de utilidade pública: • Reserva Ecológica Nacional (REN), • Reserva Agrícola Nacional (RAN), • Domínio Público Hídrico (DPH), • Protecção aos sobreiros e azinheiras, • Infra-estruturas rodoviárias, • Rede ferroviária, • Rede eléctrica, • Servidão radioeléctrica, • Marcos geodésicos. 4.9.4.1. Reserva Ecológica Nacional (REN) No que respeita à área de REN existente na área de intervenção (barragem formada por um açude existente na Ribeiro da Horta da Nora situado a Norte do terreno e a vegetação ripária que a ladeia, totalizando cerca de 17 ha de terreno) aplica-se o disposto no Decreto-Lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto (rectificado de acordo com a Declaração de Rectificação n.º 63-B/2008 de 21 de Outubro). Nos termos da legislação aplicável, nas áreas da REN são proibidas todas as acções, de iniciativa pública ou privada, que se traduzam em operações de loteamento; obras de urbanização, construção e ampliação; vias de comunicação; escavações e aterros; destruição do revestimento vegetal, com as excepções e nos termos previstos no n.º 2 e no n.º 3 do Artigo 20º (acções compatíveis com os objectivos de protecção ecológica e ambiental e de prevenção e redução de riscos naturais). Nas albufeiras e respectivos leitos, margens e faixas de protecção podem ser realizadas as acções que não coloquem em causa as seguintes funções: • Salvaguarda e protecção dos recursos hídricos armazenados, nas suas componentes qualitativa e quantitativa; • Regulação do ciclo da água e controlo de cheias; • Conservação das espécies de fauna. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 153 É permitida a instalação de golfe (excluindo as áreas edificadas), ficando a instalação na faixa de protecção contígua à margem sujeita a autorização. Estando a pretensão em causa sujeita a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, a pronúncia favorável da CCDR no âmbito desse procedimento compreende a emissão de autorização. 4.9.4.2. Reserva Agrícola Nacional (RAN) A Reserva Agrícola Nacional é o conjunto das áreas que em termos agro-climáticos, geomorfológicos e pedológicos apresentam maior aptidão para a actividade agrícola. As áreas de RAN existentes na área de intervenção (cerca de 218 ha, distribuída em seis manchas, em que a principal está localizada a Norte da área do Plano de Pormenor) estão sujeitas ao regime definido no Decreto-Lei n.º 73/2009 de 31 de Março. As áreas da RAN devem ser afectas à actividade agrícola e são áreas non aedificandi. Nos solos da RAN, são proibidas as acções previstas no Artigo 21º. De acordo com o Artigo 22º, entre as utilizações não agrícolas de áreas integradas na RAN, permitem-se: 1.i) instalações desportivas especializadas destinadas à prática de golfe declaradas de interesse para o turismo pelo Turismo de Portugal, I.P., desde que não impliquem alterações irreversíveis na topografia do solo e não inviabilizem a sua eventual reutilização pela actividade agrícola. 1.o) obras de captação de águas ou de implantação de infra-estruturas hidráulicas. As utilizações não agrícolas da RAN estão sujeitas a parecer prévio vinculativo das respectivas unidades regionais da RAN ou a comunicação prévia; quando a utilização em causa esteja sujeita a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, a pronúncia favorável da entidade regional da RAN compreende a emissão do parecer prévio. 4.9.4.3. Domínio Público Hídrico O Domínio Público Hídrico é constituído pelo domínio público marítimo, lacustre e fluvial e o domínio público das restantes águas, integrando na área de estudo os leitos e linhas de água não navegáveis nem flutuáveis e suas margens com a largura de 1 0 metros para cada lado do leito, numa extensão total de cerca 5 km. 154 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Autorização, licença ou concessão constituem títulos de utilização dos recursos hídricos, e são reguladas nos termos da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro e do Decreto-Lei n.º 226-A/2007 de 31 de Maio. 4.9.4.4. Protecção aos sobreiros e azinheiras O Decreto-Lei n.º 169/2001 de 25 de Maio, com as alterações que foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 155/2004 de 30 de Junho, estabelece medidas de protecção ao sobreiro e à azinheira. Um povoamento de sobreiro, de azinheira ou misto constitui uma formação vegetal com área superior a 0,50 ha e, no caso de estruturas, com largura superior a 20 m, onde se verifica presença de sobreiros ou azinheiras associados ou não entre si ou com outras espécies, cuja densidade satisfaz os seguintes valores mínimos: i) 50 árvores por hectare, no caso de árvores com altura superior a 1 m, que não atingem 30 cm de perímetro à altura do peito; ii) 30 árvores por hectare, quando o valor médio do perímetro à altura do peito das árvores das espécies em causa se situa entre 30 cm e 79 cm; iii) 20 árvores por hectare, quando o valor médio do perímetro à altura do peito das árvores das espécies em causa se situa entre 80 cm e 129 cm; iv) 10 árvores por hectare, quando o valor médio do perímetro à altura do peito das árvores das espécies em causa é superior a 130 cm. O Decreto-Lei n.º 155/2004, de 30 de Junho veio acrescentar a aplicabilidade do disposto quanto aos povoamentos às formações vegetais com área igual ou inferior a 0,5 ha, e no caso de estruturas lineares, àquelas que tenham área superior a 0,5ha e largura igual ou inferior a 20 m, onde se verifique a presença de sobreiros ou azinheiras associados ou não entre si ou com outras espécies, cuja densidade satisfaça os valores mínimos da aliena q) do art.º 1º, desde que revelem valor ecológico elevado (artigo 1.º-A). Atendendo ao desfasamento temporal e de escala entre a elaboração do plano e a concretização dos projectos, e ao facto de algumas das árvores existentes terem sido afectadas pelo incêndio que percorreu a área a 11 de Julho de 2006 estando em aberto a reacção de cada um dos exemplares, considerou-se necessário o levantamento rigoroso das áreas de povoamento, a ser efectuado em fase de projecto. De acordo com o parecer de Caracterização dos Povoamentos de Sobreiros e azinheiras existentes na Herdade da Cavandela, elaborado no âmbito das questões levantadas pela AFN relativas ao Plano de Pormenor, foram identificados dois povoamentos de sobreiro e azinheira, nos termos da legislação em vigor, sendo estes: Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 155 • Povoamento 1 – situado na área da Tapada, com cerca de 31,1 ha de área; • Povoamento 2 – situado no limite NO da Herdade, com cerca de 3,2 ha. Ou seja cerca de 5,7 % da área do Plano de Pormenor da Cavandela (34,3 ha) é ocupada por povoamentos de sobreiro e azinheira (Desenho 18, Volume II). De acordo com a legislação em vigor: • Não são permitidas conversões, com excepção das efectuadas ao abrigo do n.º 2 do art.2º (nomeadamente, das conversões efectuadas em empreendimentos de imprescindível utilidade pública); • O corte ou arranque de sobreiros e azinheiras em povoamento ou isolados carece de autorização; em povoamento, podem ser autorizados: “a) Em desbaste, com vista à melhoria produtiva dos montados; b) Cortes de conversão nas condições admitidas no n.º 2 do artigo 2.º, e c) Por razões fitossanitárias” [...] (Art.º 3°); • De acordo com o Artigo 8.º o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas condicionará a autorização de corte ou arranque de sobreiros e azinheiras em povoamentos, determinando como forma compensatória, sob proposta da Autoridade Florestal Nacional, medidas específicas para a constituição de novas áreas de povoamento ou beneficiação de áreas existentes, devidamente geridas, expressas em área ou em número de árvores. Estas áreas devem efectuar-se em prédios rústicos pertencentes à entidade proponente e abranger uma área nunca inferior à afectada pelo corte ou arranque multiplicada de um factor de 1,25. Relativamente à inibição da alteração do uso do solo das áreas ocupadas por povoamentos florestais percorridos pelo incêndio ocorrido em 11/07/2006, e dado que as conversões já não eram permitidas, considera-se que esta questão não é muito relevante. 4.9.4.5. Infra-estruturas rodoviárias O Decreto-Lei n.º 222/98 de 17 de Julho, alterado pela Lei n.º 98/99 de 26 de Julho e pelo Decreto-Lei n.º 182/2003 de 16 de Agosto define a Rede Rodoviária Nacional do Continente (Plano Rodoviário Nacional). As áreas non aedificandi das vias da rede nacional são as definidas pela legislação em vigor, nomeadamente no Decreto- Lei n.º 13/94, de 15 de Janeiro. 156 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Para a rede de infra-estruturas rodoviárias existentes na área do Plano de Pormenor da Cavandela, e de acordo com o disposto no Regulamento do PDM de Castro Verde, são estabelecidos os condicionamentos constantes do quadro seguinte: Quadro 4.9.4 – Classificação da rede rodoviária na área de estudo e faixas de protecção aplicáveis Faixa de protecção a partir do limite da berma Via IP2 N2 EM 535 Edifícios ** 15 10 Edifícios industriais 70 50 50 200 200 50 Feiras ou mercados *200 *200 50 Depósitos de lixo e exposição de materiais agrícolas *100 *100 50 Depósitos de materiais para venda 50 30 20 Árvores e arbustos *7 *1 1 Muros ou vedações *7 ***5 3 Depósitos de sucatas Legenda: * Do limite da zona de estrada; ** 50 m para cada lado do eixo da estrada e nunca a menos de 20 m da zona da estrada; *** Mas nunca a menos de 1 m da zona da estrada em taludes de aterro e 2 m em taludes de escavação. Fonte: Regulamento do PDM de Castro Verde, 1993 A área de estudo coincide com áreas non aedificandi de infra-estruturas rodoviárias numa extensão de cerca de 7 km. 4.9.4.6. Rede ferroviária O terreno em estudo é atravessado no extremo sudoeste por um ramal ferroviário (REFER) de acesso à mina de Neves-Corvo. O Decreto-Lei n.º 276/2003, de 4 de Novembro, estabelece o regime jurídico dos bens do domínio público ferroviário, com as alterações dadas pelo Decreto-Lei n.º 29-A, de 1 de Março, relativo ao Orçamento de Estado de 2011. No Artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 276/2003, é definido o regime aplicável às zonas non aedificandi. Assim, nos prédios confinantes ou vizinhos das linhas férreas ou ramais ou de outras instalações ferroviárias em relação às quais se justifique a aplicação do presente regime, nomeadamente as subestações de tracção eléctrica, é proibido: • Fazer construções, edificações, aterros, depósitos de materiais ou plantação de árvores a distância inferior a 10 m (sem prejuízo do disposto no n.º 2 do mesmo artigo); Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 157 • Fazer escavações, qualquer que seja a profundidade, a menos de 5 m da linha férrea (sem prejuízo do disposto no n.º 3 do mesmo artigo); • Manter actividades de índole industrial a distância inferior a 40 metros. A extensão da infra-estrutura ferroviária presente na área de intervenção é de 0,7 km. 4.9.4.7. Redes e instalações eléctricas Nos aglomerados populacionais, os planos municipais de ordenamento do território deverão incluir as instalações eléctricas existentes e os projectos das infra-estruturas de abastecimento de energia eléctrica, incluindo os corredores de acesso para as linhas eléctricas destinadas à alimentação desses aglomerados (art.º 2º do DL n.º 446/76, de 5 de Junho). Estão previstas zonas de protecção para as linhas eléctricas de média e alta tensão, definidas no Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 1/1992, de 18 de Fevereiro, e que compreendem: • faixas de 15 m para as linhas de tensão nominal entre 1KV (corrente alternada)/1,5KV(corrente contínua) e 40 KV, • faixas de 25 m para as linhas de tensão nominal entre 40 KV e 60 kVA, • faixas de 45 m para as linhas de tensão nominal superior a 60 kVA. Nestas faixas são condicionadas ou sujeitas a autorização prévia algumas actividades. No caso em estudo, a área do Plano é atravessada por duas linhas de electricidade, a que se aplicam faixas de protecção de 15 metros: • A Sul, uma linha aérea de 30 kV implantada numa faixa paralela ao itinerário rodoviário do IP2 que tem a sua origem em Ourique e que alimenta uma subestação em Castro Verde; • Desta subestação parte, por sua vez, uma linha aérea de 15 KV implantada a Norte junto à Estrada Municipal EM 535. Nas proximidades de Castro Verde existe ainda uma linha de 60 KV que actualmente não tem ligação à rede local. 158 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.9.4.8. Instalações de telecomunicações - Centros radioeléctricos Ficam sujeitas a servidão radioeléctrica, nos termos do disposto no Decreto-Lei nº 597/1973, de 7 de Julho, e Decreto-Lei Nº 181/1970, de 28 de Abril, as áreas envolventes do centro radioeléctrico de Castro Verde (zonas de libertação) e as faixas que reúnem esta instalação radioeléctrica ao centro radioeléctrico de Beja e ao centro radioeléctrico de Ourique (faixas de desobstrução). A maior parte da área do Plano de Pormenor (cerca de 592 ha) insere-se na zona de libertação secundária (área que circunda os limites do centro radioeléctrico até à distância máxima de 4 000 m), que circunda a zona de libertação primária (área que circunda os limites do centro radioeléctrico até à distância máxima de 500 m). Dentro dos 1 000 m imediatamente adjacentes à zona de libertação primária deverão ser observados os seguintes condicionamentos: • As linhas eléctricas de tensão composta só serão permitidas para tensão composta igual ou inferior a 5KV e desde que não prejudiquem o funcionamento do centro; • Toda a aparelhagem eléctrica deverá ser provida, se tal for considerado necessário, dos mais eficientes dispositivos eliminadores ou atenuadores de perturbações radioeléctricas, por forma a não prejudicar o funcionamento do centro considerado; • A implantação de qualquer obstáculo, fixo ou móvel, só poderá ser autorizada se o seu nível superior não ultrapassar a respectiva cota máxima de terreno fixada no despacho que estabelecer a servidão em mais de um décimo da distância entre esse obstáculo e o limite exterior da zona de libertação primária. Na restante área da zona de libertação secundária só serão permitidas linhas aéreas de tensão composta superior a 5KV quando não prejudiquem o funcionamento do respectivo centro. 4.9.4.9. Marcos geodésicos A constituição de servidões relativas à sinalização geodésica e cadastral segue o regime previsto pelo Decreto-Lei n.º 143/82, de 26 de Abril. Os marcos geodésicos têm zonas de protecção determinadas, caso a caso, em função da visibilidade que deve ser assegurada ao sinal construído e entre os diversos sinais. A extensão da zona de protecção tem, no mínimo, um raio de 15 metros. Não é permitido fazer plantações, construções e outras obras ou trabalhos que impeçam a visibilidade das direcções constantes das minutas de triangulação revista. Os projectos de obras ou planos de arborização, na proximidade dos marcos geodésicos, não podem ser licenciados sem prévia autorização do Instituto Geográfico Português – art.º 23º do DL n.º 143/82. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 159 4.10. Paisagem 4.10.1. Introdução A implementação de um Plano de Pormenor que prevê a alteração do uso actual do solo, como acontece com o Plano de Pormenor da Cavandela, pode ter associadas alterações na paisagem existente, com potencialidade de afectar a sua qualidade e percepção visual. Por esse motivo é importante aferir o modo como as intervenções previstas no Plano de Pormenor poderão alterar a paisagem, assim como a interferência que terão na sua qualidade e percepção visual. O estudo da paisagem pode ser orientado no sentido de identificar a paisagem com o meio, com enfoque na importância da paisagem como indicador de síntese do que acontece num determinado território, ou como imagem apercebida ou recurso natural necessário para o desfrute estético. Ambas as abordagens são importantes, partindo de uma base comum que é a realidade do território, o objecto de estudo. De uma forma geral pode dizer-se que as paisagens resultam de uma combinação de factores, aos quais se podem chamar componentes e que reflectem os resultados da geomorfologia, do clima, da presença de fauna e flora específicas, da presença ou ausência do elemento água e da influência antrópica. Estas componentes podem sintetizar-se da seguinte forma: • Componente física, determinada pela morfologia do terreno e pela rede hidrográfica; • Componente biótica, cujo elemento mais importante é a vegetação e/ou ocupação natural; • Componente humana, reflectida nos diversos tipos de estruturas efectuadas pelo homem, quer sejam pontuais, extensivas ou lineares. Assim, no presente capítulo, para além do estudo das componentes referidas, definiram-se as unidades de paisagem presentes na área do Plano de Pormenor, a sua qualidade visual e fragilidade visual. Para o estudo da paisagem definiu-se como área de estudo a zona que será abrangida pelo Plano assim como a sua envolvente. 4.10.2. Componentes da paisagem Seguidamente descrevem-se as componentes da paisagem através da análise da morfologia do terreno, da ocupação humana e da ocupação natural. 160 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.10.2.1. Morfologia A morfologia do terreno constitui a base sobre a qual assentam e se desenvolvem as restantes componentes da paisagem e condiciona a maioria dos processos que têm lugar sobre o território. Por esse motivo, o seu estudo é indispensável para entender o funcionamento de uma paisagem. No Desenho 5 (Volume II) apresenta-se a estrutura de festos e talvegues sobreposta à hipsometria do terreno na área de estudo. Da observação desta carta e do levantamento topográfico da área pode notarse que as cotas do terreno variam entre um máximo de 247,9 metros, junto ao limite Oeste da área do Plano e um mínimo de cerca de 206 metros no seu limite Sudeste. As zonas mais altas do terreno são coincidentes com o festo que separa a bacia da ribeira da Zambujeira da bacia que lhe fica adjacente para Norte. Este festo atravessa longitudinalmente a área de estudo, aproximando-se em grande parte da sua extensão do limite Norte da área do Plano, incluindo altimetrias sempre superiores a 225 metros. Para cada um dos lados deste festo as cotas do terreno decrescem, em direcção à ribeira da Zambujeira, para Sul, e na direcção da ribeira da Horta da Nora, para Norte. A partir do festo principal e para Sul desenvolvem-se ainda outros festos menos importantes, sendo de destacar o que delimita a bacia do afluente da ribeira de Maria que constitui uma das linhas de água mais importantes da área do Plano. Este festo desenvolve-se perpendicularmente ao IP2 e acompanha parte do limite Sudoeste da Área do Plano, possuindo igualmente cotas superiores a 225 metros. Para Norte, os festos secundários são menos extensos que este último, uma vez que a linha de água principal, a ribeira da Horta da Nora se desenvolve paralelamente ao festo principal a uma distância relativamente curta. Próximo do limite Noroeste da área do Plano desenvolve-se uma zona mais elevada, com cotas também superiores a 225 metros. No Desenho 6 (Volume II) apresentam-se os declives do terreno na área do Plano. A diferenciação do terreno por classes de declives permite introduzir o factor quantitativo à interpretação do relevo, assim como apontar potencialidades e restrições para a implementação de diversos usos. No quadro seguinte apresentam-se as classes de declive adoptadas, assim como algumas das limitações de declive referentes às actividades agrícolas/rega, circulação, recreio/espaços verdes e edificação (adoptado de Instituto Universitário de Évora, s.d.). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 161 Quadro 4.10.1 – Classes de declive adoptadas e limitações de uso associadas Classe/Relevo aplanado suave % Actividade agrícola/ Rega Circulação Espaços Verdes Edificação 0-3% 3-8% 8-16% <2% culturas de alagamento, (método das faixas e dos sulcos) 2-5% limite normal de nivelamento para instalação de rega, por isso limite usual para os perímetros de rega 7-15% elevados gastos de potência necessária para a mecanização da agricultura Moderado <10%, limitação usual para rega pelo método dos sulcos <4% limite usado em estradas principais 4-5% limitações para grandes superfícies pavimentadas 8% limite máximo para declive de auto-estradas e tracção animal 10% limite usual para estradas e caminhos de peões 16-25% acentuado 15% limite do trabalho mecanizado. 16% limite para rega por aspersão 12-18% limitações moderadas para caminhos de peões 18-30% limitações severas para caminhos de peões muito acentuado Recreio / 2-6% limitações moderadas para zonas de jogos intensivos 6-10% limitações severas para zonas de jogos intensos. 6-12% limitações moderadas para parques de campismo e zona de merendas. 12-18%, limitações moderadas para caminho se peões. 12-20% desejável só para trilhos de peões. a partir de 18% indesejável para o uso activo <2% por vezes apresentam-se problemas de drenagem hídrica e atmosférica. 5-10% apto para construção com movimentos de terra moderados. embora a partir do 8%, se ponham já problemas maiores ou menores consoante a dimensão das instalações 10-15%, apto para construção com movimento de terras já importante. >16% grande encarecimento da construção de edifícios e infraestruturas devido à necessidade de grandes movimentos de terras > 25% Da análise da carta pode concluir-se que dominam declives entre 3 e 8% (relevo suave), constituindo a matriz do terreno na área do Plano. Pode ainda referir-se que o terreno possui áreas representativas com declives inferiores a 3% (relevo aplanado) que se intercalam com as anteriores e se distribuem um pouco por toda a área de estudo. Por outro lado, apresenta ainda declives entre 8 e 16% (relevo moderado). Para além de pequenas áreas dispersas pela zona abrangida pelo Plano, as áreas incluídas nesta última classe distribuem-se dominantemente na parte Norte da área do Plano. Encontram-se, designadamente, ao longo da encosta que se desenvolve para Sul da cumeada principal, na zona do marco geodésico Cova dos Mouros e para Norte do mesmo festo principal. Na envolvente ao marco geodésico Cova dos Mouros, e, com menor incidência, associados a outras zonas com declives entre 8 e 16% ocorrem ainda declives entre 16 e 25% (relevo acentuado), que são, no entanto, muito pouco representativos. São ainda pouco representativas as áreas com declives superiores a 25%, com maior incidência no ramal de caminho de ferro que atravessa a área do Plano. 162 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A análise da carta de declives permite concluir que grande parte da área do Plano não apresenta grandes limitações para as actividades identificadas no quadro anterior, sendo as existentes circunscritas às zonas onde os declives são superiores a 8%, que representam uma parte relativamente pouco significativa da área total do Plano. Nestas zonas encontram-se já algumas limitações para as diversas actividades consideradas. 4.10.2.2. Ocupação natural (vegetação) e ocupação humana A paisagem da área do Plano é uma paisagem humanizada por efeito da agricultura, que é desde há muito a principal actividade exercida sobre este terreno. Por esse motivo, não se encontra propriamente uma ocupação natural na área em estudo e a vegetação existente resulta de acções humanas para exploração e rentabilização das propriedades. De facto, actualmente, a área de estudo tem uma ocupação dominante por áreas com agricultura de sequeiro e pastagens, às quais em alguns casos se associa algum coberto arbóreo de sobreiros, azinheiras e eucaliptos. No interior da tapada, verifica-se uma maior incidência desta situação, devido ao facto desta área ter sido no passado uma área destinada à caça. Também na envolvente da linha de caminho de ferro, na área de terreno para Oeste desta, e numa zona a Sul da EM-535 e a Oeste da represa, verifica-se uma maior incidência de coberto arbóreo. Para além destas áreas, existe ainda um extenso olival, que envolve o limite Norte da Tapada, assim como vegetação característica associada à represa que se encontra junto ao limite Norte da área do Plano. Estão ainda presentes na área do Plano, para Oeste da anterior, duas outras represas, mas de muito pequena dimensão. Por outro lado, na Herdade da Cavandela encontram-se diversas estruturas construídas, que se concentram dominantemente no limite e no interior da tapada, área delimitada por um muro originalmente executada para constituir uma zona de caça. As estruturas construídas existentes na área do Plano, para além da casa principal e da zona do monte da Herdade da Cavandela, têm uma origem associada à exploração agrícola e pecuária das propriedades que constituem a área do Plano. 4.10.3. Unidades de paisagem e sua percepção A área abrangida pelo Plano de Pormenor insere-se na unidade denominada como Campo Branco de Castro Verde (Universidade de Évora, 2004), unidade caracterizada por um relevo suave ondulado, sobre o Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 163 qual domina um coberto vegetal herbáceo, associado às searas, às pastagens e aos pousios. Por este motivo é ainda uma unidade com uma grande abertura de vistas em geral e na qual se verifica um tipo de povoamento concentrado. Este tipo de povoamento pode verificar-se na envolvente da área de estudo através do aglomerado da vila de Castro Verde, localizado a Este da Área do Plano, cujos limites urbanos se distinguem nitidamente da envolvente rural. Pode ainda verificar-se pela presença de “montes”, de que o núcleo construído da Herdade da Cavandela constitui um exemplo. É no contexto referido que se enquadra a área do Plano de Pormenor, no interior da qual se podem distinguir cinco unidades de paisagem (Desenho 21, Volume II). Estas distinguem-se sobretudo por diferenciações no uso do solo, já que o relevo da área é relativamente homogéneo: • Campos abertos (fotografias 4.10.1, 4.10.3 e 4.10.4, Volume II) – esta unidade é caracterizada pela dominância de terrenos com culturas agrícolas de sequeiro e pastagens, constituindo áreas abertas em termos visuais. Os limites visuais são trazidos pela topografia ou por outras unidades de paisagem, e em particular pelos elementos verticais que integram, seja a vegetação ou sejam os elementos construídos. Na unidade campos abertos podem diferenciar-se as zonas a Norte e a Sul do festo principal que atravessa a área do Plano. • Para Norte o terreno tem declives genericamente mais acentuados, desenvolvendo-se relativamente próximo do festo, a ribeira da Horta da Nora. Esta situação leva a que a bacia visual seja mais pequena do que para Sul. Por outro lado, para Norte da cumeada principal a água é um elemento constante, devido à presença de represas e da própria ribeira. • Para Sul, o relevo é dominantemente mais suave, dominando uma paisagem extensa, visível em muitos casos até à linha de horizonte. É visivelmente mais árida que para Norte do festo principal e atravessada pela linha de caminho-de-ferro, que separa física e visualmente a área do plano próximo do seu limite Oeste. • Tapada (fotografia 4.10.2, Volume II) – esta unidade distingue-se da envolvente por ser delimitada por troços de um muro de forma decagonal, outrora contínuo, que delimitava uma área destinada à caça. Devido ao muro, mas também devido ao facto deste acompanhar cumeadas numa parte significativa do seu desenvolvimento, esta unidade encontra-se relativamente contida visualmente em relação à envolvente. No entanto, através dos interstícios existentes, actualmente, entre os troços de muro obtêm-se imagens dos campos abertos, contrariando o fecho imposto por esta estrutura. Por outro lado, a partir da zona mais alta incluída no interior desta unidade, denominada miradouro, tem-se uma vista dominante sobre toda a paisagem envolvente, incluindo sobre a vila de Castro Verde. No interior da tapada o tipo de ocupação distingue-se ainda das restantes unidades de paisagem, uma vez que, para além de alguns eucaliptos em alinhamento, possui um coberto arbóreo dominante de sobreiros e azinheiras. 164 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Monte (fotografia 4.10.3, Volume II) – esta unidade integra o núcleo principal, assim como grande parte das estruturas construídas da área do Plano, nomeadamente associadas à horta, ao jardim, à vinha e às funções de produção pecuária que se desenvolviam na Herdade da Cavandela. Parte dos edifícios encontram-se na continuidade do muro que encerrava a tapada, constituindo outrora parte do seu limite físico. • Olival (fotografia 4.10.1, Volume II) – esta unidade é constituída por um olival disposto no terreno com compasso regular tal como é característico, impondo-se como limite visual à unidade de campos abertos; • Represa (fotografia 4.10.4, Volume II) – esta unidade inclui o plano de água da represa existente junto ao limite Norte da área do Plano e a vegetação associada. A água, não sendo um elemento constante na paisagem da área abrangida pelo Plano de Pormenor, encontra aqui um local em que permanece, enriquecendo a envolvente em termos visuais. A unidade de paisagem que constitui a matriz da área do Plano é a unidade “campos abertos”, como se pode comprovar na carta de unidades de paisagem. As unidades olival, tapada e monte encontram-se associadas à parte central/Norte da área do Plano, representando em conjunto uma parte significativa desta, enquanto que a represa tem uma expressão muito reduzida. É ainda de referir que a área do Plano de Pormenro é delimitada por duas unidades lineares correspondentes ao IP2 e à estrada que liga Castro Verde a Almeirim, sendo ainda atravessada pela linha de caminho de ferro que serve as minas de Neves Corvo. 4.10.4. Qualidade visual A percepção da beleza de uma paisagem é um acto criativo de interpretação por parte do observador (Polakowski, 1975, in Ministerio de Medio Ambiente, 2000), sendo a forma como uma paisagem é apreciada por um determinado observador condicionada por três tipos de factores (Laurie, 1975, in Ministerio de Medio Ambiente, 2000): • condições e mecanismos sensitivos e de percepção inerentes ao próprio observador; • condições educativas e culturais; • relações do observador com o objecto a contemplar. De forma a minorar a parte subjectiva da avaliação da paisagem que tem a ver com o próprio observador, utilizou-se um método indirecto de valoração da paisagem através de categorias estéticas, nomeadamente, a metodologia aplicada por BLM (1980, in Ministerio de Medio Ambiente, 2000). Neste Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 165 âmbito, para cada unidade de paisagem definida, avaliaram-se diversos aspectos como a morfologia, vegetação, água, cor, fundo cénico, raridade, modificações e actuações humanas (quadro 4.10.2). Aplicando a os dados constantes no quadro anterior às unidades de paisagem presentes na área de estudo, obtém-se uma perspectiva comparativa da qualidade visual das unidades de paisagem presentes, podendo referir-se o seguinte: • são consideradas unidades com características excepcionais a represa e a tapada, considerando-se que têm uma qualidade visual elevada; • são consideradas unidades com características excepcionais em alguns aspectos, mas comuns noutros, e consequentemente de qualidade visual média, os campos abertos, o olival e o monte. Assim, pode concluir-se que a maior parte da área possui, de acordo com os critérios avaliados, uma qualidade visual média, verificando-se ainda áreas com qualidade visual elevada, mas em menor extensão. 166 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.10.2 – Critérios de ordenação e pontuação para avaliação da qualidade da paisagem Morfologia Vegetação Água Cor Fundo cénico Raridade Actuação humana 5 Relevo montanhoso, marcado e proeminente Relevo de grande variedade superficial Presença de peculiaridades singulares e dominantes 5 grande variedade de tipos de vegetação com formas, texturas e distribuição interessantes 5 Factor dominante na paisagem Aparência limpa e clara, águas brancas (rápidos e cascatas) ou superfícies de água em repouso 5 Combinações de cores intensas e variadas, ou contrastes agradáveis entre o solo, a vegetação, rocha, água e neve 5 A paisagem circundante potencia muito a qualidade visual 6 Única, pouco corrente e muito rara na região; Possibilidade real de contemplar fauna e vegetação excepcional 2 Livre de actuações esteticamente não desejadas e com modificações que incidem favoravelmente na qualidade da paisagem 3 Formas de relevo interessantes ou relevo variado em tamanho e forma Presença de formas e detalhes interessantes, mas não dominantes ou excepcionais 3 alguma variedade da vegetação, mas só de um ou dois tipos 1 Colinas suaves, fundos de vales planos, poucos ou nenhuns detalhes singulares 1 Pouca ou nenhuma variedade ou contraste na vegetação 3 0 Água em movimento ou em Ausente ou inapreciável repouso, mas não dominante na paisagem 3 Alguma variedade e intensidade nas cores e contraste do solo, rocha e vegetação, mas não actuando como elemento dominante 3 A paisagem circundante incrementa moderadamente a qualidade visual do conjunto 2 Característico, embora similar a outros na região 1 Muito pouca variação de cor ou contraste Cores apagadas 0 A qualidade cénica está afectada por modificações pouco harmoniosas, embora não na totalidade, ou as alterações não trazem qualidade visual -1 Modificações intensas e extensas, que reduzem ou anulam a qualidade cénica 0 A paisagem adjacente não exerce influência na qualidade do conjunto 1 Bastante comum na região Fonte: adaptado de BLM, 1890, in Ministerio de Medio Ambiente (2000) 4.10.5. Fragilidade visual A fragilidade visual é a susceptibilidade de uma paisagem à alteração quando se efectua um uso sobre ela, expressando o grau de deterioração que a paisagem assumiria perante a incidência de determinadas acções. Enquanto que a qualidade visual de uma paisagem é uma qualidade intrínseca do território, não Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 167 acontece o mesmo com a fragilidade que, em princípio, depende da actividade que se pretende desenvolver. No entanto, tratando-se neste caso de uma superfície de estudo relativamente grande, a fragilidade pode tomar também um carácter genérico e considerar-se como intrínseca a cada unidade de paisagem. Para definição a fragilidade visual, determinou-se a capacidade de absorção visual de cada unidade de paisagem de acordo com a metodologia proposta por Yeomans (1986) (in Ministerio de Medio Ambiente, 2000), que considera que esta: • diminui quanto maior é a pendente; • diminui com a erodibilidade; • aumenta com a capacidade de regeneração da vegetação; • aumenta com a diversidade da vegetação; • aumenta com o contraste do solo e rocha; • aumenta com o contraste entre o solo e a vegetação. Tendo por base estes pressupostos e a aplicação da metodologia referida conclui-se que as unidades represa e campos abertos têm uma capacidade de absorção visual baixa e por isso uma fragilidade visual elevada. As restantes unidades de paisagem têm capacidade de absorção visual e fragilidade visual médias. É ainda de referir a proximidade do IP2, da EN2, da EM-535 e da área urbana de Castro Verde, permitindo a visualização frequente da área de estudo, factor importante na avaliação de efeitos na paisagem. 4.11. Património histórico-cultural 4.11.1. Introdução A abordagem ao Património Cultural decorre da crescente necessidade de conciliar o progresso económico e social das regiões com a memória colectiva dos seus habitantes, materializada em testemunhos da presença humana no território. Para proceder a uma correcta análise é necessário considerar todos os indícios que permitam uma apreciação da história local, abrangendo assim imóveis classificados, edificações (património arquitectónico), elementos construídos relacionados com o passado recente ainda bem vincado na memória da população (património etnográfico) e património móvel (vestígios arqueológicos), ou seja, testemunhos materiais que permitem um reconhecimento dos vários processos de ocupação do território afecto ao plano em análise. 168 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Na política de conservação do Património Cultural há duas fases distintas: uma primeira fase de recolha de informação de modo a que as ocorrências patrimoniais (quer se tratem de vestígios arqueológicos, elementos arquitectónicos ou de interesse etnográfico) possam ser reconhecidas e devidamente registadas, e uma segunda fase onde se procede à avaliação destes registos, equacionando os sítios que podem e devem ser conservados, bem como as áreas de particular interesse que devem manter a sua integridade histórico – cultural. Do estudo decorrerá a proposta de medidas com vista a assegurar a solução mais adequada para os elementos patrimoniais identificados e a contribuir, por um lado, para o conhecimento, preservação e revalorização do património, e por outro, para a própria valorização e dinâmica do espaço onde os elementos patrimoniais se inserem. Os próximos pontos especificam os meios e métodos de abordagem empregues no estudo. 4.11.2. Metodologia No âmbito da análise do presente descritor foram considerados elementos patrimoniais distintos, nomeadamente os materiais, as estruturas, sítios e outras fontes de informação de interesse arqueológico, arquitectónico e etnográfico. Assim, considera-se de facto, um amplo espectro de realidades passíveis de integrar o âmbito do presente relatório: • Vestígios arqueológicos numa acepção restrita (achados isolados, manchas de dispersão de materiais, estruturas parcial ou totalmente cobertas por sedimentos, contudo passíveis de detecção); • Vestígios de rede viária e caminhos antigos; • Vestígios de mineração, pedreiras e outros indícios materiais de exploração de matériasprimas; • Estruturas hidráulicas e industriais; • Estruturas defensivas e delimitadores de propriedade; • Estruturas de apoio a actividades agro-pastoris; • Edifícios/ estruturas associadas a cultos religiosos; • Outros tipos de estruturas e vestígios arqueológicos e patrimoniais. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 169 A metodologia geral de caracterização da situação de referência envolve quatro etapas fundamentais: • Recolha de informação; • Trabalho de campo; • Registo e inventário; • Gestão da informação obtida. Nos parágrafos seguintes descrevem-se as metodologias seguidas para cada uma destas etapas. 4.11.2.1. Trabalho de campo O trabalho de campo, realizado por um arqueólogo, compreendeu três níveis de inquérito ao espaço físico que definem critérios de abordagem metodológicos distintos: • Reconhecimento no terreno dos indícios toponímicos e fisiográficos que apontam para a presença de vestígios de possível presença antrópica (arqueológicos, arquitectónicos ou etnográficos); • Recolha de informação oral junto da população local e posterior confirmação de indícios e dados de natureza patrimonial; • Prospecção selectiva na área em estudo. Neste sentido, pretende-se abranger o maior leque de variáveis possíveis de modo a encerrar toda a informação existente. O terreno encontrava-se, no seu todo, com baixas condições de visibilidade, encontrando-se a maioria dos terrenos em pousio com vegetação rasteira densa, inclusivamente as áreas com olival. Apenas na zona cercada pelo muro de propriedade (denominado de Tapada), ocupada por azinheiras e sobreiros, foi possível uma boa visibilidade do terreno. 4.11.2.2. Registo e inventário As informações e dados colectados em sequência das fases de recolha de informação e do trabalho de campo, resultaram no inventário patrimonial da área de estudo, que se apresenta no Desenho 22 (Volume II) e no Quadro III.1 (Anexo III), e se descreve no ponto seguinte. 170 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O sistema de coordenadas utilizado é o Hayford-Gauss Militar (datum de Lisboa, projecção cartográfica Gauss-Kruger, origem das coordenadas no ponto fictício Cabo de S. Vicente). 4.11.2.3. Gestão da informação obtida Com base em toda a informação recolhida e registada, procedeu-se à identificação e avaliação de efeitos que poderão decorrer sobre o património histórico-cultural, que se apresenta no ponto 5 do presente relatório. Após ponderação do potencial científico e patrimonial elaboram-se propostas genéricas de protecção e conservação dos registos inventariados, que se apresentam no ponto 6 e no Quadro 6.9.1. Seguidamente, apresentam-se de forma mais detalhada as tarefas específicas desempenhadas para a caracterização da situação de referência para o descritor património arqueológico e histórico-cultural. 4.11.3. Breve enquadramento histórico – cultural A região em que se insere o presente trabalho tem sido alvo de pesquisa desde meados do séc. XIX, com trabalhos abrangentes, sobretudo direccionados para sítios com alguma monumentalidade, como o são as antas ou as pars urbanas das villae. Apesar destas pesquisas não corresponderem a um levantamento exaustivo (no sentido em que presentemente lhe é atribuído), foram trabalhos que marcaram a arqueologia portuguesa, e que ainda hoje servem de base de pesquisa a quem pretenda desenvolver projectos de investigação na área. Os estudos específicos começaram a surgir na década de 70 do séc. XX pelas mãos de C. Beirão, de V. H. Correia, de Maria Maia e Manuel Maia. A região de Castro Verde foi alvo de um novo incremento de estudos aquando do início de actividade das minas de Neves Corvo em que Manuel e Maria Maia foram contactados pela Somincor para realizarem trabalhos de índole arqueológica na área de incidência das minas, dando-se assim início a um conjunto de prospecções sistemáticas e de escavações. Os estudos que correlacionam a informação específica dos dados de campo com os textos clássicos têm permitido concluir que os Conii, o povo que habitava esta região, começou a sofrer influências orientalizantes antes mesmo de haver instalações comerciais efectivas dos fenícios na Península Ibérica. Durante a Iª Idade do Ferro (750-450 a.C.), e de acordo com a Ode Marítima de Avieno, a rota terrestre que ligava as colónias fenícias (no vale do Tejo e Sado) ao reino dos Tartessos (actual Andaluzia) passava pelo território dos Conii, onde as terras eram baixas, não fortificadas. As habitações deste povo eram rectangulares com muros de base em xisto que cresciam em taipa ou adobe. Os solos pobres onde se Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 171 implantaram consentiriam uma actividade agro – pastoril pouco produtiva, no entanto, os filões de cobre que nas redondezas se encontram, poderão ter sido explorados. O elemento que diferencia os Conii dos restantes povos ibéricos é a utilização de lápides funerárias epigrafadas, sendo de destacar a descoberta na envolvente de Castro Verde de uma placa de xisto, conhecida como a placa de Espanca, que parece ter servido para exercícios de ortografia. A IIª Idade do Ferro distingue-se pela implantação dos povoados em locais de grandes recursos naturais, pela não utilização da escrita e pela incineração em urnas, com um evidente carácter céltico da Meseta, afastando-se da cultura orientalizante. Este tipo de registo não foi identificado na envolvente imediata da área em estudo. No séc. I a.C., durante o denominado período romano republicano, dá-se uma forte procura dos metais e consequente exploração, apesar de não haver um incentivo à colonização do território. A ocupação e exploração é feita pelos militares que se instalam em acampamentos construídos de raiz ou ocupando habitats indígenas. O mais próximo da Herdade da Cavandela é o acampamento militar que se situa imediatamente a Noroeste do perímetro de Castro Verde4. Será apenas no consulado de Augusto que os romanos começam a empreender uma exploração sistemática dos recursos mineiros, na esmagadora maioria sobre filões anteriormente conhecidos. É já no período Imperial, nos séculos I-II d.C., que se dá o apogeu da actividade mineira em toda a região peninsular. Nesta época, a exploração não se encontrava totalmente sobre o jugo do Estado havendo explorações de particulares e de sociedades. Na envolvente de Castro Verde este tipo de actividade é evidente, conhecendo-se várias villae5 implantadas em solos de baixa qualidade de aptidão (tipo De e Ee) mas que, por se localizarem sobre o complexo vulcano – sedimentar da Faixa Piritosa, desenvolviam a actividade mineira. Este tipo de actividade económica entra em declínio no séc. III apesar de algumas minas ainda se encontrarem a produzir no séc. IV d.C. 4 Identificado na Carta de Património do Plano Director Municipal com o número 33. 5 A distribuição espacial destas villae surge ao longo da linha de água que se inicia na villa dos Bispos (Almeirim), que passa pela villa do Reguengo e que acaba por se juntar à ribeira da Horta da Nora em cuja margem direita se localiza a villa da Horta da Serrana e a villa do Olival de S. Martinho. As villae estão todas localizadas na Carta de Património do Plano Director Municipal de Castro Verde. 172 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.11.4. Resultados da recolha de informação A recolha de informação compreendeu o levantamento bibliográfico, com desmontagem comentada do máximo de documentação específica disponível, dando-se particular destaque aos títulos de âmbito local e regional. A documentação e bibliografia consultada são de natureza distinta: • Inventários patrimoniais de organismos públicos (Instituto Português de Arqueologia, Instituto Português do Património Arquitectónico); • Bibliografia especializada; • Plano Director Municipal de Castro Verde; • • Da pesquisa bibliográfica resultou a referência ao povoado da Barragem, a que é atribuída uma datação da Iª Idade do Ferro, e a Mina da Cavandela, à qual não é atribuída uma cronologia, no entanto, de acordo com informação fornecida pelo IPA, extensão de Castro Verde (ref: 2005-10-27) a mina datará de época romana. A pesquisa incidiu também sobre documentação cartográfica, sendo preconizado um levantamento toponímico abrangendo a área da Herdade da Cavandela e Herdade da Ameixieira. Neste trabalho foram utilizadas como suporte as Cartas Militar de Portugal 1:25 000 – folhas 548 e 456. A análise da toponímia tem como principal pressuposto metodológico o complementar da informação disponível de natureza arqueológica e patrimonial, permitindo orientar a pesquisa no planeamento das actividades de campo. Para a análise fisiográfica fez-se o cruzamento de dados obtidos na carta militar portuguesa 1:25 000 com a carta geológica 1:50 000, de modo a identificar áreas potenciais de ocupação humana. Na análise à toponímia apenas se identificaram dois topónimos na área em apreciação, nomeadamente o topónimo da Herdade da Cavandela e a Cova dos Mouros. Enquanto que o primeiro não sugere extrapolações patrimoniais, o segundo está intimamente ligado a perturbações do solo que as populações tradicionalmente associam a acções dos mouros. A interpretação que normalmente se faz deste tipo de topónimo é a possibilidade de se tratar de antigas minas. Neste caso específico, esta leitura é corroborada pela pesquisa bibliográfica que indica a existência de uma mina neste local. Com a análise fisiográfica foi possível perceber que o local corresponde a terrenos abertos, característicos do Baixo Alentejo associados ao complexo vulcano – sedimentar da Faixa Piritosa que se prolonga até à zona de Canal Caveira. De acordo com o registo arqueológico da região, é possível associar, de forma genérica, este tipo de paisagem a um povoamento romano ou da primeira idade do ferro sem, no entanto, definir locais concretos para a sua implantação, já que a área em apreciação é toda ela muito monótona. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 173 4.11.5. Elementos patrimoniais identificados durante o trabalho de campo 4.11.5.1. Vestígios arqueológicos Com o trabalho de campo fez-se a relocalização de dois sítios identificados em bibliografia (desenho 22, Volume II). O povoado da Barragem foi identificado pela primeira vez pelos arqueólogos Manuel Maia e Maria Maia, que a partir dos vestidos então presentes foi possível fazer uma atribuição cronológica da I Idade do Ferro (PDM de Castro Verde: 1991). Presentemente pouco se pode observar no terreno, tendo apenas como elemento caracterizador a grande quantidade de pedras de médias dimensões com vestígios de um afeiçoamento grosseiro. Os materiais cerâmicos são muito escassos resumindo-se a fragmentos muito pequenos e incaracterísticos. Por se desconhecer o tipo de material identificado pelos descobridores do povoado e o facto dos elementos obtidos em prospecção serem muito frágeis, apenas é possível considerar a existência de um sítio arqueológico sem, contudo, se avançar com qualquer tipo de extrapolação de índole cronológica. Na Fotografia 4.11.1. (Volume II) apresenta-se uma vista geral de implantação do povoado da Barragem (A001). De acordo com os elementos observados no terreno e a bibliografia existente, considera-se o arqueosítio de valor patrimonial médio. A mina da Cavandela foi igualmente identificada à época pelos arqueólogos Manuel Maia e Maria Maia, no entanto, parece haver alguma confusão quanto ao topónimo utilizado. No sítio onde se ergue o vértice geodésico da Cova dos Mouros existem vestígios de uma antiga exploração mineira a céu aberto em que o resultado é uma enorme depressão no topo do cabeço com vários cortes de rocha ainda a descoberto. No topo da elevação existe uma escombreira em que os elementos predominantes são as rochas ácidas e os materiais com enxofre. O modo de exploração aqui registado é muito comum ao longo das diferentes épocas não sendo possível uma atribuição cronológica, de qualquer modo, a presença de materiais como o enxofre, sugerem acções recentes. Nas Fotografias 4.11.3 e 4.11.4. é possível observar a escombreira resultante da exploração recente da mina da Cova dos Mouros (A003). A cerca de 300 metros Sudeste da Cova dos Mouros identificaram-se duas valas abertas com a mesma orientação, no sentido da vertente. Este sítio é igualmente referido no PDM de Castro Verde e surge ainda num levantamento levado a cabo pelo arqueólogo Artur Martins, e cuja informação, apesar de não estar publicada, foi gentilmente cedida pelo então Instituto Português de Arqueologia. De acordo com os elementos cedidos pelo extinto IPA, actual Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, extensão de Castro Verde (ref:2005-10-27), a mina data de época romana, tendo-se utilizado para a sua datação não só a tipologia do sistema de exploração como um achado de moedas romanas neste local. O sítio romano mais próximo conhecido é a villa da Horta da Serrana, que se situa a cerca de 174 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 1.5 km Nordeste, podendo o local de extracção localizar-se no fundus da villa. Na Fotografia 4.11.2. apresenta-se uma vala para extracção de minério de época romana (A002). Considera-se que este sítio possui um valor patrimonial elevado. Dentro da Tapada existe um miradouro (A004) cuja estrutura é construída por lajes de xisto de grandes e médias dimensões, colocadas na horizontal e ligadas por terra local. As pedras expostas na parede exterior estão rudemente facetadas (Fotografias 4.11.5 e 4.11.6). Apesar do elevado grau de destruição, o tipo de estrutura parece corresponder a uma antiga torre de vigia, no entanto, colocam-se algumas reservas quanto a esta afirmação, considerando-se que poderá tratar-se de um vestígio mais antigo. Apesar da interpretação do elemento levantar algumas reservas, nas várias hipóteses interpretativas o elemento possuirá sempre um valor patrimonial médio, podendo assumir um elevado valor patrimonial caso se venha a verificar tratar-se de um vestígio estruturado anterior ao período moderno. 4.11.5.2. Elementos etnográficos Os elementos etnográficos identificados pertencem a três tipos de actividade económica: a extracção de pedra, o fabrico de cerâmica de construção (ambos para utilização local) e a pecuária (desenho 22, Volume II). Os vestígios de pedreira surgem um pouco por toda a área em estudo, destacando-se dois pontos onde o perímetro do local é maior, revelando uma extracção mais intensa (Fotografias 4.11.8 e 4.11.9) - um dentro da Tapada, a Oeste (E006) do edifício da Cerca da Zorra, e um segundo (E007) a Sul do edifício principal da Herdade da Cavandela, a cerca de 100 metros Oeste do forno de cerâmica. A representatividade deste tipo de vestígio e o grau avançado de ruína permite avaliar de baixo valor patrimonial. O edifício do forno (E005) está em estado de ruína, não havendo vestígios da estrutura de cobertura, no entanto, extrapolando o que acontece em estruturas semelhantes, pode-se afirmar que teria uma cobertura em abóbada (Fotografia 4.11. 7). O edifício, de planta quadrangular, é construído em tijolo burro, sendo ainda visíveis algumas pilastras de suporte da base do forno. O curral (E009), com uma orientação NW-SE, possui duas divisões contíguas fazendo-se a passagem por uma pequena porta (Fotografia 4.11. 10). A construção é em pedra toscamente afeiçoada ligada por uma cal à base de terra e desengordurantes grosseiros. O edifício terá sido rebocado somente no interior, com uma argamassa de grão grosso. As ombreiras da entrada diferenciam-se da restante estrutura por serem construídas num só elemento facetado de forma paralelipipédica. A representatividade deste tipo de estrutura na região e o grau avançado de ruína permite considerar o edificado de baixo valor patrimonial. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 175 4.11.5.3. Património arquitectónico Durante a primeira etapa do trabalho foi possível recolher um conjunto de informações respeitantes às actividades desenvolvidas na Herdade da Cavandela no seu período de apogeu. A Herdade, apesar da sua dimensão, não estava direccionada para uma ocupação efectiva por parte dos seus proprietários, havendo apenas uma vivência ocasional decorrente de acções mais especificadas decorrentes das actividades produtivas. A Herdade é formada por vários edifícios estruturados em torno do pátio principal, tendencialmente de grandes dimensões, num acto de centralização dos serviços e de vigilância das diferentes dependências. Com a construção de novos edifícios, que ocorre num processo diacrónico, vão-se estruturando novos espaços vazios, pátios de serviço, que funcionariam não só como áreas de circulação mas também onde decorreriam outras actividades de produção. A Herdade da Cavandela era composta por um conjunto de edifícios, nomeadamente: • De habitação: casa dos caseiros e casa do hortelão; • Armazéns: celeiros, adega (Fotografia 4.11.11), rouparia, casa das máquinas – rações e silos; • Para albergar animais: cavalariças, vacarias, cabradas, ramadas, pocilgas, pombal, galinheiro e galinheiros para espécies exóticas (Fotografia 4.11.12); • Espaços ao ar livre: vinha, horta e jardim. Do conjunto de edificações, presentemente em estado evolutivo de ruína, cabe destacar alguns casos, pelas suas características funcionais e/ou arquitectónicas: • Silos: conjunto estrutural de tipologia pouco comum na região, possui uma excelente qualidade construtiva; • Cerca da Zorra: espaço associado à actividade cinegética. Inicialmente utilizada para atrair raposas, perde funções com a introdução do gamo, passando a albergar os elementos mais jovens desta espécie (Fotografia 4.11.14); • Tapada: espaço limitado por muro em taipa (Fotografia 4.11.13), abrangendo 87 hectares. A Tapada é o principal elemento que distingue a Herdade dos demais Montes Alentejanos da região. A Tapada que ainda se encontra limitada por um muro em taipa na maioria da sua extensão, forma um decágono com 87 hectares. O interesse patrimonial deste espaço prende-se não só com a particularidade da tipologia e morfologia do muro mas também com a originalidade do espaço considerando a corrente ideológica iluminista que predominava na época em que foi criado. 176 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.11.6. Registo e inventário O inventário patrimonial que consubstancia a Situação de Referência da área em estudo é representado sob a forma de lista (Quadro III.1 - Anexo III) e em cartografia (Desenho 22, Volume II). Com a inventariação pretende-se um levantamento actualizado e exaustivo das ocorrências de valor patrimonial presentes na área abrangida pelo Plano de Pormenor da Cavandela. O Quadro III.1 (Anexo III) apresenta os descritores utilizados com base informativa para caracterizar e avaliar os elementos patrimoniais, designadamente: • ID (identificação); • Categoria; • Coordenadas; • Designação; • Tipologia; • Cronologia; • Descrição; • Conservação • Potencial científico. A ilustração deste inventário completa-se com a cartografia apresentada (Desenho 22, Volume II) e com o registo fotográfico (Volume II), dos elementos patrimoniais referenciados. A Carta de Património (Desenho 22, Volume II) ilustra o inventário patrimonial, representando-se nesta carta a localização dos sítios patrimoniais, o seu tipo (arqueológico, etnográfico ou arquitectónico), a visibilidade do terreno quando foram desenvolvidos os trabalhos de campo e a mancha de dispersão dos vestígios, nos casos em que tal conceito é aplicável. 4.12. Sócio-economia 4.12.1. Introdução Este capítulo tem por objectivo efectuar uma caracterização socio-económica da área geográfica abrangida pelo Plano de Pormenor da Cavandela, alvo do presente Relatório Ambiental e servirá de base à fase seguinte, onde se efectuará a análise dos efeitos sociais e económicos do plano, bem como a proposta de medidas de minimização e potenciação dos efeitos identificados. Assim, serão contempladas as variáveis sociais e económicas que possibilitem obter uma visão global e integrada da estrutura socio-económica da área de influência do Plano, designadamente: Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 177 • a estrutura populacional e a evolução demográfica; • a estrutura socio-económica; • a população activa, onde se incluem as componentes referentes à sua distribuição por sectores de actividade, a mobilidade entre os mesmos e as taxas de actividade da população residente; • e a estrutura das actividades económicas, destacando-se as principais bolsas de emprego. Por fim far-se-á uma breve análise das condições de vida da população bem como uma caracterização das acessibilidades e rede viária. Esta caracterização permitirá aprofundar os conhecimentos relativamente à situação actual da unidade geográfica em estudo e avaliar a tendência de evolução da população e das actividades económicas tendo em consideração o comportamento no passado. Para efeitos da análise socio-económica, considerar-se-á que o concelho de Castro Verde constitui a área de influência do presente Plano de Pormenor. Esta opção é justificada não só pela maior disponibilidade de dados do INE – principal fonte de informação – mas também porque a caracterização ao nível do concelho possibilita uma visão global e integrada que é essencial para a compreensão das características da população da área em estudo. Esta análise socio-económica será efectuada em dois níveis distintos: num primeiro nível será feita uma análise geral à região do Alentejo (NUT II)6 e sub-região do Baixo Alentejo (NUT III) e, num segundo nível, será feita uma análise mais detalhada, à área abrangida pelo Plano de Pormenor da Cavandela, nomeadamente o concelho e a freguesia onde o mesmo se insere (Castro Verde). No entanto, a caracterização ao nível das freguesias, só foi possível relativamente a alguns indicadores da análise demográfica, dada a escassez de dados actualizados. Para o desenvolvimento do presente capítulo foram fundamentalmente utilizados os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, nomeadamente os referentes aos Censos de 1991 e 2001, o Anuário Estatístico da Região do Alentejo (2001, 2002 e 2003) e o Plano Director Municipal (PDM) de Castro Verde. Estes dados fornecerão elementos para actualizar os principais indicadores populacionais, as evoluções entretanto verificadas e indícios do que poderá ser a sua evolução futura. Pontualmente, recorrer-se-á a outras fontes bibliográficas, que serão devidamente identificadas. O Decreto Lei nº 244/2002 estabelece alterações às NUTS, nomeadamente à NUTS II (Alentejo) que passou a integrar também a sub-região da Lezíria do Tejo, pelo que se optou sempre que possível, por organizar e apresentar os dados estatísticos de acordo com as novas NUTS. 6 178 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.12.2. Demografia e dinâmica populacional Efectuando uma curta análise à distribuição da população no Alentejo, constata-se que desde sempre esta região se apresentou como uma área pouco povoada, facto que pode ser justificado, entre outros factores, pelas características climáticas (pluviosidade reduzida e irregular) e pela estrutura de posse da terra, com o predomínio do latifúndio. A evolução da população da região Alentejana caracterizou-se, até à primeira metade do século passado, por consecutivos crescimentos populacionais, reflexos de uma elevada natalidade e pela atractividade exercida sobre a população de outras regiões do país que aí fixavam residência, para o desempenho de actividades sazonais, na sua grande parte, ligadas à agricultura. No entanto, a partir de finais da década de 50, inverteu-se esta tendência, começando a registar-se um decréscimo populacional, em particular nas décadas de 60 e 70, tendência que se mantém até à actualidade, fruto da incapacidade regional para absorver o excedente de população activa que era libertada dos trabalhos agrícolas, que se dirigiu especialmente para as zonas industriais de Lisboa e Setúbal. Na última década, o Alentejo perdeu também a capacidade de se auto-regenerar demograficamente, devido aos baixos níveis de fecundidade existentes e ao aumento do número de idosos (em termos absolutos), o que se traduz por um acentuado envelhecimento demográfico da região. Desta forma, o Alentejo caracteriza-se actualmente como uma região de forte repulsão populacional, com densidades populacionais muito baixas, quando comparadas com a média nacional e com uma população a apresentar uma dinâmica com as especificidades seguintes: diminuição da população residente, forte envelhecimento demográfico, saldos migratórios negativos, baixos níveis de fecundidade e estagnação, ou mesmo declínio, da população activa. Estes aspectos serão desenvolvidos ao longo deste capítulo. O Alentejo apresentava, em 2001, um efectivo total de 776.585 habitantes, o que corresponde aproximadamente a 7,5 % da população portuguesa, distribuídos por uma área total de quase 32 mil Km2, o que representa 1/3 do território português. Quadro 4.12.1 – Evolução da população residente e densidade populacional População Residente (n.º) Contexto Geográfico população Área Total 2 (Km ) Estimativas da Variação 1991 2001 Variação 1991/2001 31/12/2009 2001/2009 (%) Portugal 91.946,7 9.867.147 10.356.117 Alentejo 31.983,6 782.331 Baixo Alentejo 8.503,8 143.020 (Hab/Km2) (%) 2009 5,0 10.637.713 2,7 115,4 776.585 -0,7 753.407 -3,0 23,8 135.105 -5,5 125.066 -7,4 14,6 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Densidade Populacional 179 População Residente (n.º) Contexto Geográfico população Área Total (Km2) Estimativas da Variação 1991 2001 Variação 1991/2001 31/12/2009 2001/2009 (%) Densidade Populacional (Hab/Km2) (%) 2009 Aljustrel 455,6 11.990 10.567 -11.9 9.333 -11,7 20,4 Almodôvar 775,4 8.999 8.145 -9.5 7.045 -13,5 9,1 Alvito 264,8 2.650 2.688 1.4 2.706 0,7 10,2 Barrancos 168.4 2.052 1.924 -6.2 1.670 -13,2 9,9 Beja 1.138,7 35.827 35.762 -0.2 34.193 -4,4 29,8 Castro Verde 567,3 7.762 7.603 -2.0 7.767 2,2 13,6 Cuba 171,3 5.494 4.994 -9.1 4.656 -6,8 27,1 Ferreira do Alentejo 646,8 10.075 9.010 -10.6 8.031 -10,9 12,4 Mértola 1.279,47 9.805 8.712 -11.1 7.178 -17,6 5,6 Moura 957,7 17.549 16.590 -5.5 16.022 -3,4 16,7 Ourique 660,1 6.597 6.199 -6.0 5.331 -14,0 8,0 1.103,7 17.915 16.723 -6.7% 15.270 -8,7 13,8 314,2 6305 6.188 -1.9 5.864 -5,2 18,6 Serpa Vidigueira Fonte: INE, 1992; INE, 2002a, INE,2003; INE2010; Como se pode constatar, praticamente todo o Alentejo contraria a tendência geral de crescimento do país, ou seja, entre 1991 e 2001, a sua população decresceu, sendo que no caso da sub-região do Baixo Alentejo registou-se um decréscimo de 5,5% na população residente. Castro Verde enquadra-se nesta tendência, verificando-se um decréscimo de dois pontos percentuais no período inter-censos, valor que é, apesar de tudo, inferior ao da média da sub-região do Baixo Alentejo, na qual existem concelhos cuja diminuição da população foi significativamente superior, como é o caso de Mértola, Aljustrel e Ferreira do Alentejo (-11,9%, -11,1% e -10,6%, respectivamente). O único concelho da sub-região do Baixo Alentejo que contraria a tendência apresentada de decréscimo de população é o concelho de Alvito, que apresentou um crescimento populacional de 1,4%, neste período. Importa realçar que, de acordo com as estatísticas demográficas de 2009, publicadas pelo INE, as tendências descritas são para se manter, ou seja, a região alentejana na sua generalidade continua a registar uma regressão demográfica. Por exemplo, a população residente estimada em 2009 para o Baixo Alentejo era de 125 066 habitantes o que representa um decréscimo de cerca de 3,5% relativamente a 2004. 180 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental No entanto, salienta-se que desde 2001 o concelho de Castro Verde tem vindo a mostrar alguma vitalidade demográfica, tendo conseguido inverter a tendência de decréscimo populacional descrita, uma vez que apresentou um aumento da população residente de 2001 para 2009 (2,2%). Esta alteração da evolução da população deste concelho poderá ser em parte justificada pelo dinamismo económico que tem registado nos últimos anos, apresentando-se actualmente como uma das mais importantes vilas do distrito de Beja. Esta importância advém sobretudo da localização estratégica do concelho no centro da região alentejana e dos acessos rodoviários que possui, funcionando assim como pólo de atracção de pessoas e actividades económicas, sendo a feira que se realiza anualmente em Castro Verde disso um exemplo. Um outro factor que confirma a desertificação alentejana é a verificação de que, se em média habitam 115,4 pessoas por km2 nacional, na região alentejana habitam apenas 23,8 indivíduos por km2. O Baixo Alentejo apresenta um valor ainda mais baixo, com uma densidade populacional de apenas 14,6 2 habitantes/ Km , sendo Beja – sede de distrito - o concelho com a maior densidade, e Mértola o que 2 apresenta a densidade mais baixa - 29,8 e 5,6 habitantes/ Km , respectivamente. Em Castro Verde 2 residiam em 2009, em média, cerca de 14 indivíduos por Km . Na análise ao nível da freguesia, verificam-se também assimetrias significativas relativamente à distribuição da população. Assim, a freguesia mais populosa é de longe a freguesia de Castro Verde - sede de concelho – onde reside mais de 50% da população do concelho, mais precisamente 4.820 indivíduos, apresentando as restantes freguesias quantitativos populacionais inferiores - menos de 1300 habitantes. A freguesia de Casével é a freguesia menos populosa, com 365 indivíduos, em 2001 (Quadro 4.12.2). Quadro 4.12.2 – Área, população residente e densidade populacional das freguesias de Castro Verde Área Contexto Geográfico Total População Residente Total (n.º) 2 (Km ) Densidade Variação Populacional (%) (Hab/Km2) 1991 2001 299,9 4.646 4.820 3,7 16,1 Casével 23,2 365 365 - 15,7 Entradas 75,8 895 774 -13,5 10,2 Santa Bárbara de Padrões 67,0 1.311 1.271 -3,1 19,0 São Marcos da Ataboeira 103,4 545 373 -31,6 3,6 Castro Verde Fonte: INE, 1992; INE2002a Relativamente à evolução da população ao nível das freguesias, constata-se que duma forma geral a situação agravou-se comparativamente a 1991, no concelho de Castro Verde, apresentando a freguesia de São Marcos da Ataboeira um decréscimo populacional de cerca 32%,portanto o valor mais elevado. Só a Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 181 freguesia de Castro Verde, contrariou esta tendência, pelos factores já mencionados, onde se assistiu a um acréscimo da população residente, de quase 4%, no período de 1991-2001. No que se refere à densidade populacional, os valores ao nível das freguesias são muito próximos das médias do concelho e sub-região do Baixo Alentejo, com excepção da freguesia de São Marcos de 2 Ataboeira, que apresenta uma densidade de apenas 3,6 habitantes/ Km . Estes valores traduzem bem os problemas de desertificação que esta região e, em particular estas freguesias, enfrentam. Noutra perspectiva, e para uma melhor compreensão da evolução e características da população de uma qualquer região, torna-se importante conhecer a evolução da sua população por estrutura etária, no sentido de se poder aferir a vitalidade demográfica dessa região. Esta, quando existe, favorece e potencia melhores perspectivas de desenvolvimento da região em causa. Um dos seus principais indicadores é o envelhecimento da população, sendo que, pela importância que assume no contexto nacional, é uma das principais preocupações nas análises realizadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Assim, e segundo esta fonte, entre 1991 e 2001, o “fenómeno do envelhecimento demográfico, definido como o aumento da importância relativa de idosos na população total, ocorreu em todas as regiões do país, sendo que apenas no Norte e nas Regiões Autónomas se mantém a proporção de jovens superior à dos idosos” (INE2002b). De facto, na média do país, a população com idade compreendida entre os 0-14 anos (cerca de 16%) era, à data do último recenseamento, inferior à da população com 65 anos ou mais (16,4%). Ainda analisando o país como um todo, esta evolução representa um envelhecimento significativo, já que em 1991, essas percentagens eram, respectivamente, de 19% e 13%. Já no Alentejo, Baixo Alentejo ou no concelho em análise, a proporção de idosos era, já em 1991 superior à dos jovens, situação que se acentuou em 2001. No caso específico de Castro Verde, os jovens representavam em 2001, 13,7% e os idosos 22,2% da população. Quadro 4.12.3 – Evolução da população, por grupo etário (INE, 2001) População Residente 1991 2001 182 Indivíduos Portugal Alentejo Baixo Alentejo Castro Verde Percentagem do grupo no total por região Baixo Castro Portugal Alentejo Alentejo Verde Total 9.867.147 782.331 143.020 7.762 - - - - Homens 4.756.775 381.711 70.390 3.865 48,2 48,8 49,2 49,8 0 a 14 anos 1.972.403 136.670 25.122 1.364 19,0 17,6 18,6 17,6 15 a 24 anos 1.610.836 107.344 19.584 1.050 15,6 13,8 14,5 13,5 25 a 64 anos 4.941.164 392.603 69.262 3.723 47,7 50,6 51,3 48,0 65 ou mais anos 1.342.744 145.714 29.052 1.625 13,0 18,8 21,5 20,9 Total 10.356.117 776.585 135.105 7.603 - - - - Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental População Residente Indivíduos Percentagem do grupo no total por região Baixo Castro Portugal Alentejo Alentejo Verde Portugal Alentejo Baixo Alentejo Castro Verde Homens 5.000.141 379.310 66.651 3.813 48,3 48,8 49,3 50,2 0 a 14 anos 1.656.602 106.645 18.404 1.045 16,0 13,7 13,6 13,7 15 a 24 anos 1.479.587 100.507 17.380 1.003 14,3 12,9 12,9 13,2 25 a 64 anos 5.526.435 395.932 66.945 3.865 53,4 51,0 49,6 50,8 65 ou mais anos 1.693.493 173.501 32.376 1.690 16,4 22,3 24,0 22,2 Fonte: INE, 2002a Efectivamente, entre 1991 e 2001, a população do grupo etário acima dos 65 anos aumentou em qualquer das unidades regionais apresentadas, no entanto, realça-se o facto de Castro Verde apresentar um crescimento muito modesto deste grupo etário (apenas 4%) quando comparado com as restantes unidades geográficas estudadas, que apresentaram crescimentos superiores a 10% o que atenua um pouco a tendência de forte envelhecimento demográfico que caracteriza a região do Alentejo. O concelho em estudo registou variações negativas mais significativas no grupo dos jovens (0-24 anos) que a média nacional (mas ainda assim inferiores às da região onde se insere) e um aumento da população em idade activa inferior ao registado no país (que foi de cerca de 12%). No Baixo Alentejo assistiu-se a um decréscimo em todos os outros grupos etários, com a excepção do grupo dos idosos como já referido. Variação 1991-2001 (%) 30 20 10 0 Portugal -10 Baixo Alentejo -20 Castro Verde -30 0 a 14 15 a 24 25 a 64 anos anos anos 65 ou mais anos Grupos etários Fonte: INE, 2002a Figura 4.12.1 – Variação da população por grupo etário entre 1991-2001 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 183 Quanto aos indicadores demográficos mais representativos (Quadro 4.12.4), pode afirmar-se, com base nos dados dos anuários estatísticos regionais, que: • O índice de envelhecimento no Alentejo é bastante superior ao do País, sendo que o pior cenário é o do concelho de Castro Verde, onde existiam, de acordo com as estimativas demográficas do INE para 2009, cerca de 202 idosos para cada 100 jovens, enquanto que o País o valor desse indicador era de 118 idosos; • A taxa de excedentes de vidas foi negativa em todas as unidades geográficas consideradas no contexto nacional, (-0,5‰); no Baixo Alentejo apresentou a taxa negativa mais alta (7,3‰) valor este justificado por uma taxa de mortalidade acima da média nacional e regional, já que a taxa de natalidade apresenta um valor relativamente próximo ao da média nacional; • Salienta-se pela negativa o facto de Castro Verde apresentar a taxa de natalidade mais Baixa – 5,1‰ contra 8,3‰ para o Alentejo e 9,4‰ para Portugal; • a taxa de fecundidade foi, também ela, inferior à média nacional, para o Alentejo e, em particular, para o concelho de Castro Verde; apesar de no Baixo Alentejo apresentar valores superiores aos da média nacional. Quadro 4.12.4 – Principais Indicadores Demográficos Taxa de Taxa de Taxa de Taxa Índice de Natalidade Mortalidade Excedente de Fecundidade Envelhecimento (‰) (‰) Vidas (‰) (‰) N.º Portugal 9,4 9,8 -0,5 38,7 117,6 Alentejo 8,3 13,8 -5,5 37,8 173,2 Baixo Alentejo 8,5 15,7 -7,3 39,3 175,0 5,1 12,0 -6,8 24,5 202,4 Contexto Geográfico Castro Verde Fonte: INE, 2010. Em suma, da análise da estrutura demográfica conclui-se que a região do Alentejo no geral e, o concelho de Castro Verde, em particular, apresenta uma estrutura envelhecida face ao país, o que tem naturalmente reflexos no dinamismo económico da região. Assim, constata-se a tendência para o envelhecimento de uma população já de si envelhecida, dado que a estrutura populacional apresenta um número cada vez maior de idosos e em que o número de jovens é cada vez mais reduzido. No futuro próximo, é improvável que se assista a uma alteração desta tendência. Deste modo a região alentejana só poderá ultrapassar esta situação de declínio demográfico quando tiver capacidade não só para fixar os seus habitantes, mas também para atrair do exterior população activa e em idade de procriar. 184 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.12.3. Níveis de instrução De acordo com o último recenseamento, Portugal registou de forma generalizada um decréscimo na taxa de analfabetismo. Embora no contexto global do país esta taxa tenha sofrido uma diminuição de 2%, situando-se, em 2001 em 9%, nas várias regiões esta diminuição foi diferenciada, como o demonstram os dados do quadro abaixo. Quadro 4.12.5 – Taxas de analfabetismo (INE, 2001) Região 2001 1991 Diferença Portugal 9,0 11,0 - 2,0 Norte 8,3 9,9 - 1,6 Centro 10,9 14,0 - 3,1 Lisboa 5,7 6,2 - 0,5 Alentejo 15,9 20,2 - 4,3 Baixo Alentejo 18,2 23,3 - 5,1 Castro Verde 15,7 20,5 - 4,8 Algarve 10,4 14,2 - 3,8 Fonte: INE,2002a Assim, apesar de na região alentejana, a redução do analfabetismo ter sido significativa, esta continua a ser a região do país onde a taxa de analfabetismo é maior – 15,9% da população com 10 ou mais anos não sabe ler nem escrever. Castro Verde apresentava um valor um pouco inferior, sendo o valor deste indicador de 15,7%. A sub-região do Baixo Alentejo apresenta o valor mais alto das unidades geográficas analisadas, com cerca de 18,2% de taxa de analfabetismo. Quanto ao nível de literacia, as diferenças regionais também se fazem sentir. Com efeito, Castro Verde possui quase 20% da população sem qualquer nível de ensino, sendo esse valor relativamente mais alto no Alentejo, mas claramente mais baixo em Portugal, o que demonstra existirem outras regiões do país, significativamente mais favorecidas. Apesar disso, o nível de instrução mais representativo da população residente é o básico, em todas as unidades geográficas, apresentando o concelho em estudo o valor mais elevado. No Quadro 4.12.6 apresenta-se a distribuição da população por grau de ensino, para Portugal, Alentejo, Baixo Alentejo e para o Município de Castro Verde. Quadro 4.12.6 – Nível de Instrução (INE, 2001) Contexto Sem Ensino Básico Completo Ensino Ensino Secundário Médio Superior Ensino 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Completo Completo Completo Portugal 14,3% 35,1% 12,6% 10,9% 15,7% 0,8% 10,8% Alentejo 19,8% 36,2% 11,2% 10,2% 14,2% 0,5% 7,8% Geográfico Nível de Ensino Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 185 Contexto Geográfico Baixo Alentejo Castro Verde Sem Ensino Básico Completo Nível de Ensino Ensino Ensino Secundário Médio Superior Ensino 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Completo Completo Completo 21,6% 36,1% 11,6% 10,5% 12,3% 0,4% 7,4% 18,8% 38,1% 12,8% 10,5% 12,4% 0,3% 7,1% Fonte: INE, 2002a No que refere ao ensino superior, constata-se que o município de Castro Verde se insere na média da região alentejana, com cerca de 7% da população com curso superior, valor este inferior à média do país (10,8% da população total). 4.12.4. População activa e situação no emprego A taxa de actividade portuguesa (relação entre população activa com 15 ou mais anos e a população total) era, em 2001, de 48,4%, correspondendo a um aumento de quase quatro pontos percentuais relativamente a 1991, justificado essencialmente pela crescente participação da mulher no mercado de trabalho. Ao nível regional, as diferenças existentes acompanham as tendências demográficas identificadas, com a região do Alentejo a registar uma das taxas de actividade mais baixas do país (45,4% para o Alentejo e 42,5% para sub-região do Baixo Alentejo). Comparativamente, a região de Lisboa apresentou em 2001 uma taxa de actividade de 52,2%. No concelho de Castro Verde, a percentagem de população com actividade económica era de 44,4%, valor este ainda assim superior ao da sub-região do Baixo Alentejo, apesar de inferior à média da região alentejana. Quadro 4.12.7 – Taxa de actividade (INE, 2001) População Contexto economicamente Geográfico activa (N.º) Taxa de actividade (%) 2001 1991 2001 Portugal 4.990.208 44,6 48,2 Alentejo 352.949 42,0 45,4 Baixo Alentejo 57.390 38,8 42,5 Castro Verde 3.375 39,8 44,4 Fonte: INE, 2002a Relativamente à taxa de desemprego, o Quadro 4.12.8 mostra outra das realidades da região do Alentejo que sempre se caracterizou por níveis de desemprego muito superiores à média nacional. Contudo, tem 186 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental vindo a assistir-se a uma recuperação gradual desta região no que se refere a este indicador, uma vez que num cenário de agravamento das taxas de desemprego nacionais, no período de 1991-2001, quer a região alentejana como o concelho em estudo, registaram uma diminuição dos níveis de desemprego (embora neste último a diminuição seja mínima). Quadro 4.12.8 – Taxa de desemprego, por sexo (INE, 2001) Taxa de Desemprego (%) Ano 1991 2001 Classe Baixo Castro Portugal Alentejo Homens e Mulheres 6,1 9,2 14,3 11,8 Homens 4,2 4,7 7,9 5,1 Mulheres 8,9 16,8 26,3 26,6 Homens e Mulheres 6,8 8,4 11,5 11,6 Homens 5,2 5,3 7,0 4,9 Mulheres 8,7 12,5 17,7 21,5 Alentejo Verde Fonte: INE, 2002a De facto esta tendência de convergência das taxas de desemprego da região do Alentejo e de Portugal tem-se mantido nos últimos anos, com a continuação do agravamento do desemprego no contexto nacional, face à continuação da sua diminuição ao nível desta região. Com efeito, de acordo com as estatísticas do INE, a taxa de desemprego registada no 1.º trimestre de 2009 foi de 8,9% do total da população economicamente activa do país, contra 10,2% para o Alentejo. Se se comparar com o mesmo período de 2008, verifica-se um acréscimo da taxa de desemprego em todas as regiões do país, incluindo o Alentejo (www.ine.pt) Os valores apresentados escondem igualmente as desigualdades existentes entre homens e mulheres relativamente a este indicador, uma vez que como se pode observar pelo quadro anterior, o desemprego presente na região alentejana e, em particular, no concelho de Castro Verde, é maioritariamente feminino – 21,5% das mulheres estavam desempregadas em 2001, contra apenas 4,9% dos homens. Relativamente ao nível de instrução da população desempregada (Quadro 4.12.9), observa-se um maior número de desempregados ao nível dos habitantes com o 1º Ciclo, seguindo-se o 2º Ciclo e o Ensino Secundário. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 187 Quadro 4.12.9 – População residente desempregada e respectivo nível de instrução (completo, incompleto ou a frequentar) (2001) Desempregados (%) Nível de Instrução Baixo Castro Alentejo Verde Não sabe ler nem escrever 5,2 1,3 1º Ciclo 33,6 33,3 2º Ciclo 20,6 23,3 3º Ciclo 15,4 15,4 Ensino secundário 18,8 17,7 Ensino médio 0,1 --- Ensino superior 6,4 9,0 Fonte: INE, 2002a. Realça-se o facto dos desempregados à procura de novo emprego serem aqueles que mais contribuem para o total de desempregados (cerca de 78 % em Castro Verde e 83% no Baixo Alentejo) facto que reflecte o cariz estrutural do desemprego regional, maioritariamente constituído por desempregados à procura de novo emprego e, em especial, por um número significativo de desempregados de longa duração (cerca de 22% dos desempregados em Castro Verde e 25% no Baixo Alentejo estão desempregados há mais de um ano). Este último aspecto é característico da existência de um défice de qualificações escolares e profissionais, aliás como o quadro anterior demonstra, o que dificulta a sua reinserção no mercado de trabalho. O reduzido número de desempregados sem instrução correlaciona-se provavelmente com as actividades que estes habitantes desenvolvem, nomeadamente as actividades de valorização regional como o artesanato e a agricultura. 4.12.5. Estrutura Económica A caracterização da estrutura económica inclui a descrição e enquadramento regional dos seguintes índices: dinâmica económica/competitividade da região do Alentejo e estrutura sectorial das actividades económicas, com indicação das principais bolsas de emprego. 188 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 4.12.5.1 Dinâmica económica A região do Alentejo posiciona-se ainda entre as regiões mais pobres da União Europeia, segundo o indicador PIB per capita, com valores muito abaixo das médias europeias, não obstante esta região ter convergido significativamente para a média comunitária, desde a entrada de Portugal na Comunidade Europeia, em 1986, quando apresentava um PIB per capita de apenas 37% da média comunitária. Em 2003, este valor era já de 66,4% da média dos 25 países. Esta convergência foi um resultado dos avanços económicos e da melhoria da qualidade de vida verificados nas últimas décadas nas diferentes regiões do país, tendo a região do Alentejo passado de uma situação em que possuía um dos PIB per capita mais baixos no contexto nacional para uma situação intermédia, tendo ultrapassado as regiões do Norte e do Centro. Em 2007 o PIB per capita era já de cerca de 93,1% da média nacional, enquanto que a região Norte apresentava um valor de 79,2% e o Centro um valor de 83,4%. De entre as sub-regiões do Alentejo, há a destacar a sub-região do Alentejo Litoral, uma vez que foi a única sub-região, em 2007, com um PIB per capita, superior à média nacional (+42,7%), todas as outras se situaram abaixo, com o Baixo Alentejo a registar um valor de 94,1% da média do país (INE2010). O sector primário ocupa na região do Alentejo um peso superior ao da sua importância no Valor Acrescentado Bruto (VAB) do país, tendo apresentado no período de 2004-2007, uma dinâmica de crescimento negativa, de forma semelhante ao que aconteceu no contexto nacional. O sector terciário é aquele que tem maior expressão na estrutura de distribuição do VAB por sectores, com uma dinâmica de crescimento idêntica à do País embora com forte representação dos serviços públicos não mercantis, apresentando, contudo, a actividade turística fortes potencialidades de desenvolvimento. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 189 Quadro 4.12.10 – Valor Acrescentado Bruto a Preços de Base em Portugal e Alentejo e actividades económicas, em 2007 Alentejo7 Portugal Actividade VAB Milhões de euros (2007) Agricultura, caça e silvicultura; VAB em % do total da região (2007) Variação VAB Milhões 2004- de euros 2007 (%) (2007) VAB em % do total da região (2007) Variação 20042009 (%) 3.515 2,4 -11,5 708 10,4 -10,9 37.033 25,4 16,4 2.142 31,5 50,2 Serviços 105.149 72,2 17,5 3.958 58,1 12,5 Total 145.697 100 22,4 6.808 100 51,8 Pesca e aquicultura Indústrias (incluindo energia) e Construção Fonte: INE, 2004,2010; Salienta-se ainda que, nos últimos anos, esta região tem vindo a evidenciar alguma dinâmica no tecido económico, o que é indiciado quer por alguns indicadores (e.g. turismo, construção civil, criação/fixação de empresas, etc.) quer pela capacidade de fixação de investimento no âmbito dos regimes de incentivos ao investimento e ao emprego (associados aos fundos comunitários). 4.12.5.2. Sectores de Actividade Económica A distribuição da população pelos sectores de actividade faz-se sentir com maior peso no sector terciário. Como se pode verificar pela análise do Quadro 4.12.11, no período 1991-2001 assistiu-se a uma alteração da estrutura económica nas unidades geográficas apresentadas, com particular incidência na região alentejana e no concelho em estudo, no sentido de uma acentuada diminuição da população empregada no sector primário face ao aumento registado no sector terciário. 7 na região “Alentejo” não se incluiu a sub-região da Lezíria do Tejo 190 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.12.11 – População empregada por sectores de actividade económica (1991/2001) Unidades Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário Regionais 1991 2001 1991 2001 1991 2001 Portugal 10,8% 5,0% 37,9% 35,1% 51,3% 59.9% Alentejo8 23,2% 13,0% 25,9% 26,1% 50,8% 61,0% Baixo Alentejo 24,8% 14,9% 22,4% 22,7% 52,9% 62,4% Castro Verde 18,9% 11,1% 34,4% 32,7% 46,8% 56,2% Fonte: INE,1992; INE,2002a Todavia, apesar do significativo decréscimo do sector primário registado, este sector possui ainda um papel preponderante no estabelecimento das bases económicas locais e regionais, ocupando cerca de 11,1% da população activa, no concelho em estudo, em 2001. No entanto, os dados apresentados comprovam também a importância do sector terciário no concelho e sub-região do Baixo Alentejo. De facto, cerca de dois terços da população activa estava empregada neste sector em 2001, o que está directamente relacionado com a actividade turística e serviços. Este sector revelou um acentuado crescimento entre 1991 e 2001 em todas as unidades territoriais em estudo – de 51,3% para 59,9 % para Portugal, de 50,8 % para 60,1% no Alentejo, de 52,9% para 62,4% no Baixo Alentejo e de 46,8% para 56,2% no concelho de Castro Verde. Será de esperar que o sector terciário se torne cada vez mais importante para a economia alentejana, em resultado das características peculiares do seu território (paisagem, gastronomia, cultura, património, etc.) que potenciam o desenvolvimento das actividades turísticas na região, considerando, designadamente, a complementaridade com o Projecto Alqueva. Relativamente à distribuição percentual da população empregada por ramo de actividade em 2001, apresentam-se no quadro seguinte as cinco CAE (Classificação de Actividades Económicas) mais representativas de população, em cada uma das regiões caracterizadas – Portugal, Baixo Alentejo e Castro Verde - para identificação das actividades económicas que mais ocupam a população. A análise do Quadro 4.12.12 permite extrair as seguintes conclusões: • No conjunto do país, a diversificação das actividades é bastante maior do que no Baixo Alentejo ou Castro Verde, razão pela qual as cinco primeiras actividades respondem apenas por cerca de 44% da população activa empregada em Portugal, e nos outros casos respondem por mais de 60% dessa população; 8 na região “Alentejo” não se incluiu a sub-região da Lezíria do Tejo Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 191 • Enquanto que no total do país, a categoria “Agricultura, Produção Animal, Caça e Serviços Relacionados” não aparece sequer nos primeiros cinco grupos (é aliás, o 8º, por ordem decrescente de população activa empregada, respondendo por 4%), no Baixo Alentejo é o segundo grupo, com uma representatividade de 14%. Em Castro Verde, este ramo surge apenas em terceiro, com uma representatividade de 11% do total da população activa empregada; • Castro Verde é o principal pólo de extracção de pedra da região, o que transforma as indústrias extractivas na principal fonte de emprego do concelho, a par do sector da construção, que emprega cerca de 14% do total da população activa. Quadro 4.12.12 – Principais ramos de actividade, por percentagem da população empregada - Portugal e Baixo Alentejo e Castro Verde (INE, 2001) CAE Portugal Total da população activa 4.650.947 empregada Construção Comércio a Retalho (excep.v.automóv.) 12% 11% CAE Total da população activa empregada Baixo Alentejo 50.818 Administração Pública, Defesa e Seg.Social Agric., Prod. animal, Caça e Act. Serv. Rel. 8% Construção Saúde e Acção Social Sub-total 7% Comércio a Retalho (excep.v.automóv..) activa empregada 2.985 Industrias Extractivas 14% 14% Construção. 14% 13% Seg. Social Educação Total da população Castro Verde 15% Administração Pública, Defesa e CAE 11% 6% Educação 8% 44% Sub-total 61% Administração Pública, Defesa e Seg.Social Agric., Prod. animal, Caça e Act. Serv. Rel Comércio a Retalho (excep.v.automóv..) Sub-total 13% 11% 9% 61% Fonte: INE, 2002a Sector Primário As principais actividades do sector primário são a agricultura e a pecuária, sendo esta última relevante no estabelecimento das bases económicas locais, apesar de se encontrar em regressão nas últimas décadas. A comprovar este facto, refere-se a importância histórica das feiras de gado da região e, em particular, da famosa Feira de Castro. Deste modo, o sector primário empregava em 2001, cerca de 14,9% da população da região do Baixo Alentejo e 11,1% da população do concelho em estudo. 192 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O tipo de agricultura que se pratica no concelho de Castro Verde é uma agricultura extensiva, de cultivo de cereais, assente em práticas tradicionais, o que possibilita a estratégia adoptada de conciliação desta actividade com a conservação do tipo de paisagem dominante - a estepe cerealífera, através, nomeadamente, de apoios comunitários, no sentido de preservar o habitat da avifauna estepária, já que este concelho é um dos seus principais habitats. Sector secundário O sector secundário engloba actividades incluídas nas indústrias extractivas, indústria transformadora e na construção civil, que empregavam em Castro Verde, de acordo com os Censos de 2001, cerca de 32,7% da população residente. A indústria extractiva assume um papel preponderante na dinâmica económica local, uma vez que Castro Verde alberga uma das mais importantes indústrias extractivas do país, factor que é responsável pelo grande crescimento da população residente registado no concelho nos anos 80. No que se refere à industria transformadora, este sector tem pouca expressão em Castro Verde, mesmo quando inserido num contexto regional, designadamente na sub-região do Baixo Alentejo, representando em 200, apenas 4,6% do total da indústria transformadora da região, o que corresponde a um total de 49 empresas sedeadas no concelho de Castro Verde de um total 1.049 indústrias existentes nesta sub-região. Sector Terciário De acordo com os dados estatísticos já referidos, o sector terciário apresenta, quer no Alentejo, quer no concelho de Castro Verde, o maior número de efectivos populacionais empregados, sendo que o comércio e o turismo garantem uma grande percentagem desse emprego. Não obstante este facto, este sector é relativamente menos importante em Castro Verde, já que o concelho apresenta uma representatividade inferior em cerca de seis pontos percentuais comparativamente à sub-região onde se insere (Baixo Alentejo). No entanto, a aposta no sector do turismo é impreterível, dado que este exerce um importante efeito multiplicador sobre toda a actividade económica, favorecendo o desenvolvimento das actividades quer a montante quer a jusante. Com efeito, o sector do turismo constitui um mercado por excelência para os produtos locais, ocasiona uma forte procura da construção civil e obras públicas, promove um fluxo de actividades complementares geradoras de emprego e rendimento, nomeadamente os transportes, lojas de artigos regionais, restaurantes, bares e outros estabelecimentos de diversão, e por conseguinte, gera receitas brutas significativas e cria uma oferta de emprego com algum significado em termos sócioeconómicos. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 193 Atendendo à proposta de ocupação do solo preconizada no Plano de Pormenor da Cavandela, interessa apreender as potencialidades de Castro Verde na atracção de população sazonal, em busca de actividades recreativas e de lazer. Da análise realizada às estatísticas de turismo disponíveis no INE e Direcção Geral de Turismo (DGT), fica claro que o desenvolvimento desta actividade é incipiente em Castro Verde, sendo a capacidade de alojamento bastante limitada. Efectivamente, em 2009, existiam dois estabelecimentos hoteleiros no concelho, um classificado como Hotel e o outro como “outros estabelecimentos”9, dos 26 existentes na Sub-região do Baixo Alentejo, o que se traduz numa capacidade de alojamento muito limitada (Quadro 4.12.13). Quadro 4.12.13 – Estabelecimentos, capacidade de alojamento em 31/07/02 e em 31/07/09 Contexto Geográfico Estabelecimentos N.º Capacidade de Alojamento 31/07/02 31/07/09 Variação 31/07/02 31/07/09 Variação Portugal 1.890 1.988 5,2% 239.903 273.804 14,1% Alentejo 118 153 29,7% 8.432 10.591 25,6% Baixo Alentejo 22 26 18,2% 1.102 1.432 29,9% Castro Verde 1 2 100,0% 84 106 26,2% Fonte: INE,2002a;INE,2010. Importa salientar que, num cenário de crescimento quer do número de estabelecimentos hoteleiros quer da capacidade de alojamento, em resultado do desenvolvimento da actividade turística verificada nos últimos anos, quer a subregião do Baixo Alentejo, quer o concelho em estudo acompanharam esta tendência apresentando, de 2002 para 2009, um aumento do número de estabelecimentos. De acordo com a informação no site da Câmara Municipal de Castro Verde, existem actualmente no Concelho as seguintes unidades de alojamento: um hotel-apartamento de 2* (com 40 apartamentos), dois hotéis de 3*(34 e 64 camas), um estabelecimento de turismo rural e um parque de campismo (com capacidade para 500 pessoas). No concelho de Castro Verde constam na base de dados do inventário de recursos turísticos da DirecçãoGeral do Turismo (fax n.º 205/2007 de 06.06.2007): 9 • Uma estação arqueológica (Castro de Castro Verde); • Um castelo (Castelo Velho de Cobres); Esta categoria engloba os hotéis-apartamentos, os apartamentos turísticos, os aldeamentos turísticos, os motéis, as pousadas e as estalagens 194 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Três miradouros (miradouro de S. Pedro das Cabeças, miradouro de Aracelis, miradouro do jardim da Câmara de Castro Verde); • Duas igrejas e duas ermidas; • Um museu (museu da Lucerna); • Uma biblioteca; • Um jardim municipal; • Duas empresas de animação turística, uma sedeada em Casével, dedicada à organização de passeios turísticos e outra sedeada em Entradas, que organiza actividades de canoagem, paintball, passeios pedestres, em moto 4 e todo-o-terreno, BTT, manobras de cordas e tiro com arco; • Oito zonas de caça turística (fax de Novembro de 2005). No quadro seguinte são indicadas as pretensões turísticas no concelho de Castro Verde e nos concelhos limítrofes de Aljustrel, Almodôvar e Ourique, cujos processos deram entrada na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA) entre 2000 e 2007 (CCDRA, fax ref.ª 330-DSGA/05 de 1912-2005 e fax ref.ª 8-VPR1/07 de 18-07-2007). Quadro 4.12.14 – Pretensões turísticas nos concelhos de Castro Verde, Aljustrel, Almodôvar e Ourique Ano Concelho Localização Tipologia Alojamento Equipamentos Hotel - - - - 3 Apartamentos Piscina Monte dos 2000 Ourique Espinhos-Courela da Fontinha Ourique 2001 Ourique Aljustrel Campanador Empreendimento Turístico Herdade do Feixial Apartamentos de Cima Turísticos Monte do Salto- Aldeamento Barragem do Roxo Turístico Conj. Turístico 2002 Aljustrel Herdade do (hotel Romeiral-Ervidel rural+aldeamento turístico) Ourique Ourique 2004 2005 Ourique Aljustrel Monte da Achada Parque de campismo 3* Ourique Residencial Cerca do Castelo- Apartamentos Santana da Serra Turísticos Herdade do Conj. Turístico 10 Bungalows Hotel (30 quartos) + lotes habitacionais etc. Clubhouse, Clubhouse equestre, Quinta pedagógica, piscina, ginásio, salas de reuniões 100 campistas Diversos 15 quartos Cafetaria 5 T1, 2 T2 Piscina 30 moradias + - Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Piscina, ténis, parque infantil, 195 Ano Concelho Localização Tipologia Alojamento Romeiral (aldeamento hotel (20 quartos) Equipamentos turístico+hotel) Almodôvar Castro Verde 20062007 PP do NDT do Castelo Alto Herdade da Cavandela NDT não disp. - (1522 unidades de Conj. Turístico alojamento + Piscinas, golfe, etc. centro hoteleiro) Ourique Conceição Estalagem 60 camas Piscina Ourique Torre Vã Hotel Rural 28 camas - Ourique Monte da Rocha Conj. Turístico - - Fonte: CCDR Alentejo, fax ref.ª 330-DSGA/05 de 19-12-2005 e fax ref.ª 8-VPR1/07 de 18-07-2007; www.cm-almodovar.pt (*) Projectos PIN Neste contexto, foi ainda referida pela CCDR a intenção de construção de dois aldeamentos turísticos em Aljustrel, perto da Albufeira do Roxo, ambos com parecer desfavorável. De acordo com a informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Ourique, através da Internet, encontra-se em construção nesse Concelho um empreendimento de cariz essencialmente turístico, designado Monte do Campanador, que disporá de estabelecimento hoteleiro com 250 camas, 350 apartamentos, 100 casas, 50 townhouses, 20 estates além de equipamentos de lazer, tais como campo de golfe, campo de jogos, piscinas, campos de ténis, zona de equitação e zonas de recreio. Finanças Municipais De acordo com os dados disponíveis no INE, o total de receitas da Câmara Municipal de Castro Verde em 2008 foi de 14,9 milhões de euros, constituindo um valor relativamente elevado na sub-região do Baixo Alentejo. O concelho que mais se destaca a este nível é o de Beja, cujas receitas totais do município foram de 25,3 milhões de euros, quase 2 vezes superiores às de Castro Verde. Em segundo lugar, surge o concelho de Serpa com receitas totais de 16,7 milhões de euros (INE, 2010). Relativamente a esse ano, as receitas correntes tinham um significativo peso no total das receitas municipais de Castro Verde (11,3 milhões de euros), tendência que se verificava em todos os municípios d0 Baixo Alentejo. Os fundos municipais representavam cerca de 30% do total das receitas, sendo que, nalguns municípios, esta representatividade chegava aos 80%, como era o caso de Barrancos, o concelho com a menor receita (INE, 2010). Relativamente ao Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e à Contribuição Autárquica, no conjunto, estes representavam 9,0% do total das receitas correntes de Castro Verde, um 196 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental valor mais baixo do que a maioria dos concelhos da sub-região (nomeadamente Beja, um dos concelhos mais “ricos”, com um valor de 23,4%) (INE, 2010). No que respeita às despesas da Câmara Municipal de Castro Verde, as principais componentes eram as despesas com pessoal, com 3,58 milhões de euros em 2008 (48% do total de despesa corrente), e as despesas com a aquisição de bens de capital com 3,76 milhões de euros (INE, 2004). 4.12.6. Condições de vida da população A qualidade de vida das populações, bem como a capacidade de atracção de determinado território, dependem em grande medida da existência e possibilidade de utilização de diversos equipamentos ou serviços, designadamente, no âmbito do saneamento, do abastecimento de água, da saúde, da educação e, ainda, da cultura e do desporto, indicadores que seguidamente se analisam. Abastecimento de Água A análise do Quadro 4.12.15 permite constatar que a percentagem de população servida por sistemas públicos de abastecimento de água em Castro Verde (93%) é ligeiramente superior à observada no Alentejo, e inferior à do Baixo Alentejo, onde se atingem valores de abastecimento de 98%. Relativamente à sua origem, verifica-se que no município de Castro Verde a totalidade do caudal captado é de origem subterrânea (100%), uma tendência que se verifica aliás, noutros concelhos na subregião do Baixo Alentejo, nomeadamente Beja, Alvito, Ferreira do Alentejo e Vidigueira. No contexto regional (Alentejo) a origem do caudal é maioritariamente de origem superficial (64,3%). Refere-se que a partir de 2007, passou a ser usada pelo INAG uma nova metodologia de apuramento dos valores de “caudal captado”, baseada no município de localização da respectiva componente (captação, estação de tratamento de água/posto de cloragem, estações de tratamento de água e ponto de rejeição ou descarga de águas residuais) e não nos municípios servidos, o que explica o valor nulo de caudal captado de origem superficial no concelho de Castro Verde. Neste contexto, refere-se que o abastecimento público provém essencialmente de origem de água superficial (58%), proveniente da Albufeira do Monte da Rocha, localizada no concelho de Ourique, (abastece cerca de 55% da população do concelho); e da Albufeira de Santa Clara (3% da população). O restante concelho é abastecido por captações subterrâneas, correspondendo a cerca de 38% da origem do abastecimento. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 197 Quadro 4.12.15 – Abastecimento de água em 2008 Contexto Geográfico Caudal Captado Caudal Origem Total Tratado População Servida (103 m3) Superficial Subterrânea (103 m3) Continente 779.731 68,0% 32,0% 747.138 94,0% Alentejo 125.612 63,7% 36,7% 117.565 92,0% Baixo Alentejo 16.578 64,3% 35,7% 11.811 98,0% Castro Verde 225 0% 100,0% 390 93,0% Fonte: INE, 2010; INSAAR –INAG, 2010 Em termos de infra-estruturas, verifica-se que a Estação de Tratamento de Águas (ETA) de Castro Verde apresenta as seguintes características (Câmara Municipal de Castro Verde, faxes de 05-12-2005 e de 0806-2007): • Caudal de dimensionamento: 200 m3/hab; • População abastecida: 4500 habitantes; • Caudal médio tratado: 1300 m3/dia (caudal máximo Verão: 2.000 m3/dia; caudal máximo Inverno: 1.100 m3/dia); • Ano de horizonte de projecto: 2030. Saneamento No que se refere ao saneamento as populações da área em estudo estão bem servidas – em 2008 93% da população era servida quer por sistemas de drenagem como por estações de tratamento de águas residuais. Com efeito, a proporção de população servida com sistemas de drenagem de águas residuais em Castro Verde está ao nível do Baixo Alentejo e acima do Alentejo e da média do país. Situação idêntica ocorre no que se refere ao tratamento destes efluentes, o que poderá traduzir um maior nível de qualidade de vida relativamente a este indicador quando comparado com o país como um todo. Próximo da propriedade da Cavandela existe uma ETAR que serve a população de Castro Verde, com as seguintes características (Câmara Municipal de Castro Verde, faxes de 05-12-2005 e de 08-06-2007): 198 • População servida: 3820 habitantes; • Caudal tratado na ETAR: 450 m3/dia. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 4.12.16 – Drenagem e Tratamento de Águas Residuais em 2008 Drenagem Contexto Geográfico Total de Caudais Efluentes (103m3) Tratamento Pop. Servida c/ Pop. Servida c/ Sist. de Drenagem Águas Caudal Tratado Estações 103 m3 Tratamento de Residuais (%) Águas Residuais (%) Continente 433.673 80,0% 494.992 71,0% Alentejo 30.275 86,0 30.608 77,0 B. Alentejo 5.753 95,0 5.125 87,0 308 93,0 287 93,0 Castro Verde Fonte: INE, 2010; INSAAR –INAG, 2010 Recolha de resíduos Os materiais reciclados vendidos ou cedidos provêem exclusivamente da recolha selectiva, nos casos de Castro Verde e Baixo Alentejo, ao invés do que se passa no Alentejo e no país, onde estes materiais são em quantidade superior à recolhida por estes sistemas, o que indicia a existência de infra-estruturas como sejam as centrais de triagem. Conforme se verifica da análise do quadro seguinte, a recolha e reciclagem de resíduos sólidos encontrava-se generalizada por todo o território português, estando 94% da população de Castro Verde servida com este tipo de sistemas. O que se torna evidente, também, é que a percentagem de resíduos resultante de recolha selectiva é muito baixa, situação que é comum a todas as unidades geográficas apresentadas, embora no caso do município em estudo os valores sejam significativamente superiores cerca de 26,3% contra os 7,6% do Baixo Alentejo e os cerca de 3% das restantes duas unidades regionais estudadas. Quadro 4.12.17 – Resíduos recolhidos em 2001 Resíduos Recolhidos Contexto Geográfico Urbanos (%) Total (t) Total População Recolha Servida com Selectiva Sistemas (%) Portugal 4.847.157 96,9 3,8 98,6 Alentejo 376.741 99,7 3,0 96,6 B. Alentejo 70.899 100,0 7,6 96,7 9120 100,0 26,3 94,0 Castro Verde Fonte: INE, 2003 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 199 Serviços de saúde Os indicadores de saúde de Castro Verde e do Alentejo em geral apresentam valores muito abaixo da média nacional. De facto, para os anos de 2008 e 2009, e no que se refere o município em estudo, o número médio de médicos por habitante é oito vezes inferior à média do país (0,5 e 3,8 médicos por cada 1000 habitantes, respectivamente). Relativamente à taxa média de mortalidade infantil, entre 2005 e 2009, relativamente a Castro Verde, esta taxa apresenta um valor nulo, o que é significativo quando comparado com a taxa média observada nas restantes unidades geográficas, sobretudo no Baixo Alentejo, onde esta taxa atinge valores de quase 5‰. Quadro 4.12.18 – Indicadores de Saúde em 2009 Farmácias e postos Taxa Média de Médicos por Mortalidade Infantil - 1000 habitantes anos 2005/09 (‰) (N.º) Portugal 3,4 3,8 0,3 Alentejo 3,7 2,0 0,5 Baixo Alentejo 4,9 1,9 0,5 0,0 0,5 0,4 Contexto Geográfico Castro Verde de medicamentos por 1000 habitantes (N.º) Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 2010. Os serviços médicos são garantidos, quer por médicos quer por enfermeiros, num centro de saúde em Castro Verde e respectivas extensões, embora sem a possibilidade de internamento, existindo em 2008 um total de cinco médicos e 13 enfermeiros a prestar estes serviços. É importante referir que todas as freguesias do concelho estão equipadas com uma extensão do centro de saúde e que o centro de saúde possui Serviço de Urgência básica. Quadro 4.12.19 – Centros de saúde e suas extensões, em 2008 Contexto Geográfico Centros de Saúde Com Sem Internamento Internamento Extensões dos Centros de Saúde Pessoal ao Serviço Consultas Médicas Total Médico Enfermagem Portugal 34 343 1.778 31.710.698 30.580 7.346 8.867 Alentejo 5 54 319 2.727.294 2.803 523 795 Baixo Alentejo 2 11 67 430.829 524 96 150 Castro Verde - 1 5 35.562 39 5 13 Fonte: INE, 2010 200 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Equipamentos de cultura, desporto e recreio De acordo com os dados constantes no site da Internet da Câmara Municipal de Castro Verde, no município existem os seguintes equipamentos de cultura, desporto e recreio: • Cine – Teatro Municipal; • Anfiteatro (1); • Auditórios (3); • Biblioteca Municipal; • Fórum Municipal; • Galeria Municipal para utilizações multifuncionais; • Centro de Educação Ambiental Vale Gonçalinho; • Sala de Exposições (3); • Museus (4): Museu da Lucerna; Tesouro da Basílica Real; “Moinho de Vento” e “Núcleo Etnográfico do Monte das Oliveiras”; • Piscinas Municipais: coberta 16,6mx8m; descoberta 25mx12,5m; tanque saltos 15mx10m; • Campos de Ténis (2); • Pavilhão Desportivo Municipal; • Estádio Municipal (1); • Campos de Futebol (11 – 9 grandes e 2 pequenos); • Pista de Corrida de Galgos; • Campo de Tiro; • Mini-golfe; • Polidesportivos (11) (Castro Verde e Sedes de Freguesia); • Centros Culturais e Recreativos (18). Da listagem apresentada, conclui-se que este concelho se encontra bem equipado com este tipo de infraestruturas, salientando-se o facto de todas as freguesias do concelho possuírem um pavilhão polidesportivo. A população de Castro Verde pode assim usufruir de um conjunto muito variado de serviços e equipamentos, entre os quais se destacam os quatro museus, as piscinas municipais (coberta e descoberta), a biblioteca, o cine-teatro, os centros de convívio para idosos (18), os campos de ténis, etc. Comparando as despesas em actividades culturais da Câmara Municipal de Castro Verde com a situação existente no país e na região em que o município está inserido, verifica-se que este apresenta valores por habitante significativamente superiores à média regional e nacional. Também o peso da despesa em cultura no total de despesas é praticamente o dobro da média da região do Baixo Alentejo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 201 Quadro 4.12.20 – Despesas das câmaras municipais em actividades culturais em 2009 Despesas das câmaras municipais em actividades culturais Contexto Geográfico Despesa de capital em Despesa correntes em Despesa total em Despesa da actividades culturais por actividades culturais por actividades culturais por cultura no total habitante habitante habitante de despesas Euro % Portugal 24,9 68,9 93,8 11,4 Alentejo 43,9 97,0 140,9 11,1 Baixo Alentejo 61,8 110,9 172,7 12,9 164,7 192,0 356,7 20,2 Castro Verde Fonte: INE, 2010 Ensino Finalmente, referem-se aqui as infra-estruturas de ensino existentes na região, por tipo de ensino ministrado no ano lectivo de 2008/2009 (o número de estabelecimentos foi contado tantas vezes quanto o tipo de cursos que ministra). Quadro 4.12.21 – Estabelecimentos de ensino segundo o ensino ministrado em 2008/2009 Contexto Geográfico Ensino Público e Privado – N.º de Estabelecimentos Ed. Pré-Escolar Ensino Básico Ensino Secundário Ensino Superior Público Privado 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Público Privado Público Privado Portugal 4.591 2.390 5.865 1.163 1.526 560 387 170 126 Alentejo 407 158 528 99 137 57 22 15 2 Baixo Alentejo 84 19 96 19 30 11 7 4 0 Castro Verde 6 1 6 1 2 1 0 - - Fonte: INE, 2010 Conforme se constata, não existe ensino secundário privado em Castro Verde, embora existam 7 estabelecimentos deste tipo no Baixo Alentejo, sendo que, no primeiro, também não existem escolas profissionais. Existe, porém, um número significativo de estabelecimentos de ensino pré-escolar, básico e secundário. De acordo com o site da Internet da Câmara Municipal de Castro Verde existem actualmente 11 estabelecimentos de ensino, sendo que 4 correspondem a escolas de Ensino Básico com Jardim de Infância (EB1/JI), 2 ao 1º Ciclo de Ensino Básico (EB1), um ao 2º/3º ciclo e um ao ensino secundário, existindo ainda o Conservatório Regional do Baixo Alentejo – secção de Castro Verde (que não consta dos dados no INE). 202 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A Educação especial e de apoio à deficiência é assegurada de modo integrado no sistema regular de ensino, nos estabelecimentos pertencentes ao agrupamento e em instituições especializadas na área. 4.12.7. Acessibilidades A rede rodoviária da região é constituída por um conjunto de estradas, com diversas classificações, que formam uma malha hierarquizada: Auto-Estrada –AE; Itinerário Principal – IP; Itinerário complementar – IC, Estradas Nacionais – EN; Estradas Regionais – ER; Estradas e Caminhos Municipais. Com efeito, a A2 (auto-estrada do Sul) que possui nó em Castro Verde, na saída n.º 12, e o IP2, constituem os principais eixos de ligação da Rede Rodoviária Nacional longitudinal, tendo como um dos pontos de passagem mais importantes, no Baixo Alentejo, a cidade de Beja. As estradas nacionais e regionais permitem a ligação entre cidades e vilas regionais (N2, EM 535, EN 123, entre outras) e, por último, as estradas e caminhos municipais proporcionam a ligação entre os diversos aglomerados populacionais da região. Fonte: www.castroverde.pt Figura 4.12.2 – Rede rodoviária de Castro Verde Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 203 Assim, e conforme se pode visualizar no na Figura 4.12.2, o concelho de Castro Verde encontra-se, de uma forma geral, equipado com infra-estruturas de acesso rodoviário de boa qualidade, que combinam uma localização estratégica no corredor de ligação do Norte ao Algarve com a facilidade de acessos aos principais eixos de comunicação da região alentejana. Assim, este concelho encontra-se localizado: • a 45 kms do Aeroporto de Beja, a 100 kms do Aeroporto de Faro, e a 200Kms do Aeroporto de Lisboa; • a 95 kms do Porto Marítimo de Sines; • a 42 kms da cidade de Beja; • a 120 kms da cidade de Évora ; • a 15 kms da Estação de Caminho de Ferro mais próxima, O concelho é servido pelos seguintes eixos rodoviários: ligação ao litoral alentejano por Ourique, pela E.N. 123; ligação ao litoral algarvio pela A2 e I.C. 1; ligação a Lisboa pelo I.C.1 (pela estação de Ourique) pela E.N.2 (por Aljustrel) e pela A2; ligação a Mértola (E.N. 123), ligação a Almodôvar pela E.N.2; ligação a Beja e Évora pelo IP2; e por último, por estradas e caminhos municipais, que proporcionam a ligação entre os diversos aglomerados populacionais da região. A área do Plano de Pormenor é acompanhada a Sul e a Nascente pelo IP2 e a Norte pela Estrada Municipal n.º 535, que permite a ligação da vila de Castro Verde a Casével e ao IC1. A área em estudo dispõe de diversos caminhos sem nenhuma ligação com o exterior, à excepção de um que comunica a Nascente com Castro Verde através da passagem inferior ao IP2. A área do Plano é atravessada por um ramal ferroviário (REFER) de acesso à mina de Neves Corvo. 4.13. Evolução da situação de referência sem o plano Na ausência das intervenções previstas no Plano de Pormenor não se prevê qualquer alteração ao nível do Clima. A evolução do solo e do seu uso na área de intervenção dependerá directamente da ocupação que aí vier a verificar-se. Na ausência do Plano de Pormenor da Cavandela, e a manterem-se as actuais classes de espaço previstas no PDM, a ocupação prevista poderia evoluir no sentido das seguintes afectações do uso do solo: • Ocupação por actividades agro-florestais, com base em espécies autóctones, considerando o objectivo de conservação da natureza - utilização do habitat pela fauna, nomeadamente aves estepárias; 204 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Ocupação por outras actividades nos sectores da indústria e do turismo. No primeiro cenário, as características dos solos, recursos hídricos, geologia e geomorfologia, qualidade do ambiente e paisagem descritas para a situação de referência não deveriam sofrer grande alteração; no segundo cenário, a evolução do solo não é passível de aferir, uma vez que dependeria das actividades a instalar, que não são passíveis de prever. Considerando que os recursos hídricos subterrâneos constituem uma reserva de água estratégica e, numa perspectiva de gestão integrada dos recursos hídricos, é possível que algumas das captações de água subterrânea localizadas nesta área possam, conjuntamente com outras captações, ser reactivadas para assegurar as necessidades de água geradas por futuras ocupações. Esta possibilidade terá maior importância em situações de emergência e de escassez de água nesta região (à semelhança do que se verificou durante a seca de 2005). Em termos concelhios e regionais, com a implementação do sistema plurimunicipal de saneamento e abastecimento de água em “alta” previsto, deverá vir a reduzir-se o recurso a captações superficiais relativamente à situação actual. Relativamente ao saneamento esperam-se, ao nível do concelho, melhorias no funcionamento dos sistemas de abastecimento de água e tratamento de águas residuais, e a criação de novas infra-estruturas de valorização de resíduos. No entanto, concretamente na área de intervenção do Plano de Pormenor, na ausência de uma outra ocupação, a situação deverá manter-se idêntica à actual. No âmbito do património histórico-cultural, a evolução da situação de referência na ausência de intervenção poderá permitir a manutenção dos elementos patrimoniais registados, e de outros eventualmente existentes, em condições idênticas às actuais. Sem intervenção, os sítios arqueológicos, etnográficos e arquitectónicos degradar-se-iam com a erosão natural e em continuidade dos trabalhos agrícolas de que os terrenos correspondentes são alvo, com a mesma progressividade existente actualmente, de natureza perecível, mas com um grau lento. A erosão potencia igualmente a destruição dos níveis arqueológicos conservados, e o desenvolvimento de matos oculta quaisquer elementos, dificultando a identificação de jazidas arqueológicas através de materiais de superfície, bem como a sucessiva deterioração do Património edificado que permaneça em condições de abandono. Embora se desconheça a existência de outras intenções de intervenção na área em estudo, ressalva-se que uma futura ocupação desregrada da área, sem objectivos programados ou não sujeitos a uma avaliação de efeitos, poderá levar à destruição dos elementos patrimoniais aí existentes, assim como de elementos de valor arqueológico que possam vir a ser descobertos na sequência de intervenções no subsolo. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 205 Como principais tendências do desenvolvimento social e económico do concelho e região destacam-se as seguintes: • Estagnação da população ou crescimento demográfico pouco significativo, com o acentuar da tendência para o envelhecimento no topo (aumento do peso dos idosos), apesar do aumento da natalidade); • As actividades ligadas a agricultura continuarão a assumir um papel importante na dinâmica económica do concelho de Castro Verde. Veja-se a crescente importância que tem adquirido a feira que aí se realiza anualmente; • Continuação da aposta nas actividades turísticas como motor de desenvolvimento, embora noutros modelos. 206 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5. Avaliação de Efeitos Ambientais 5.1. Introdução Neste capítulo pretende-se identificar eventuais conflitos de uso e avaliar os principais efeitos ambientais decorrentes da proposta de ordenamento do Plano de Pormenor da Cavandela. Nesse sentido, a proposta de ocupação prevista foi desagregada num conjunto de acções que deverão vir a fazer parte das fases de construção e exploração de projectos específicos. Nesta fase, não são avaliados os efeitos associados à instalação e funcionamento do estaleiro, uma vez que os mesmos serão mais adequadamente avaliados numa fase subsequente, nomeadamente, no âmbito dos processos de Avaliação de Impacte Ambiental. As principais acções consideradas na fase de construção são as seguintes: C1- Circulação de veículos: associado ao transporte de materiais de construção; C2- Preparação do terreno /movimentação de terras: inclui a desmatação e limpeza prévia do terreno, movimentação de maquinaria em geral, acções de escavação e aterro, intervenções nos leitos e margens de linhas de água e eventual desvio de caudais; C3- Construção de infra-estruturas e equipamentos: nesta actividade incluíram-se diversas tarefas: - A construção dos edifícios e equipamentos (hotéis; unidades de alojamento; comércio e serviços; armazéns; edifícios industriais; equipamentos desportivos; Estação de Tratamento de Águas Residuais), que engloba várias actividades de construção civil; - As operações de instalação de redes de abastecimento de água, de saneamento e de telecomunicações envolvem, genericamente, a abertura de valas, implantação dos equipamentos e, por último, o soterramento das valas; no caso da rede de alimentação de energia eléctrica, será necessário construir uma nova subestação, desviar a linha de média tensão existente na propriedade, estabelecer um ramal enterrado, e construir um posto de seccionamento; - A criação de vias e estacionamentos envolve operações de escavação, aterro, terraplanagem, pavimentação (de faixas, bermas, estacionamento e passeios) e construção das respectivas redes de drenagem; C4- Instalação do golfe, de áreas agrícola e ajardinadas: inclui a preparação do terreno; implementação das redes de rega e de drenagem; criação das barragens; plantação/sementeira, com recurso à rega e à utilização de adubos; Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 207 Na fase de exploração as principais actividades serão: E1- “Presença física” e funcionamento das infra-estruturas e equipamentos: englobando o funcionamento geral de todas as infra-estruturas construídas e trabalhos de manutenção, como sejam abastecimento de água, drenagem de águas residuais, limpezas, recolha de resíduos sólidos, manutenção de máquinas e equipamentos, etc.; E2- Manutenção do campo de golfe, das áreas agrícolas e ajardinadas: englobando trabalhos mecânicos; rega; fertilização e aplicação de produtos fito-sanitários; alimentação das barragens com águas residuais tratadas e com água de drenagem superficial; eventual consumo de água com origem na albufeira do Monte da Rocha; manutenção dos sistemas de rega e de drenagem; E3- Circulação de veículos: aumento da circulação de veículos associados à utilização do Conjunto Turístico e das empresas instaladas no Parque Empresarial. Por efeito ambiental entende-se toda e qualquer alteração que se verifique na área de estudo, ao nível das componentes ambientais em análise e que advenha de forma directa ou indirecta da concretização das propostas de ocupação previstas no Plano de Pormenor. Estes efeitos serão avaliados em especial recorrendo ao seu sentido valorativo, tipo de ocorrência, desfasamento no tempo, magnitude, significância, podendo, sempre que se revele necessário, ser sistematizadas segundo os critérios de classificação seguintes: • Sentido valorativo: negativo, nulo ou positivo; • Tipo de ocorrência: directos ou indirectos; • Probabilidade de ocorrência: certos, prováveis, improváveis ou de probabilidade desconhecida; • Duração: temporários ou permanentes; • Magnitude: reduzida, média ou elevada; • Grau de significância: pouco significativos, significativos ou muito significativos; • Reversibilidade: reversíveis ou irreversíveis; • Desfasamento no tempo: imediatos, de médio prazo ou de longo prazo; • Âmbito espacial: local, regional ou nacional; • Tipo de interacção: efeitos resultantes de processos cumulativos ou sinergéticos. A indicação dos métodos de previsão utilizados para avaliar os efeitos previsíveis é referida no âmbito de cada descritor analisado recorrendo-se, principalmente, à avaliação por especialistas. 208 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5.2. Clima Os efeitos ao nível do clima são difíceis de prever, não só devido à complexidade dos padrões climáticos mas também porque resultam tipicamente das relações indirectas de uma multiplicidade de factores. A esta dificuldade intrínseca junta-se ainda o estado relativamente incipiente dos estudos de investigação acerca da evolução do clima no nosso país. No entanto, considerando as acções que se prevê venham ser necessárias na implementação dos projectos a desenvolver em sequência do Plano de Pormenor agora em análise, é possível concluir que: • Na fase de construção, não haverá qualquer influência relevante sobre os parâmetros climáticos na área de estudo, pelo que os efeitos serão nulos; • Na fase de exploração, as acções que potencialmente poderão influenciar esta componente na área de estudo são a presença das novas barragens e de uma área extensa de coberto vegetal regado. A presença da água de rega no solo deverá contribuir para aumentar a humidade relativa do ar, a evaporação, para diminuir ligeiramente a temperatura e atenuar a amplitude térmica local, tornando o clima ligeiramente mais ameno. Estes efeitos são considerados positivos, dada a continentalidade da área de estudo, que seria assim amenizada, de magnitude baixa e pouco significativos, mesmo no âmbito local. 5.3. Geologia e geomorfologia 5.3.1. Introdução A estratégia de intervenção prevista no Plano de Pormenor da Cavandela poderá contribuir para a modificação das características físicas de uma zona pouco intervencionada, pelo que se justifica uma avaliação das repercussões da ocupação e da utilização sobre os aspectos de carácter geológico, e geomorfológico da área abrangida. Na identificação de efeitos consideram-se as principais intervenções previstas no Plano de Pormenor durante as fases de construção e exploração e que são susceptíveis de gerar efeitos nas componentes físicas. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 209 5.3.2. Fase de construção A preparação do terreno e as movimentações de terras necessárias para a execução das infra-estruturas e equipamentos previstos, bem como para a instalação do golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes, são as actividades em que se poderá registar maior interferência sobre as características geológicas e geomorfológicas, nomeadamente no que diz respeito à modificação da superfície topográfica e ao aumento da erosão hídrica. As escavações para a fundação dos edifícios, a implantação dos estacionamentos subterrâneos, a abertura de linhas de jogo, a modelação de percursos e a implementação da rede de rega e de drenagem superficial para instalação do golfe, das áreas para a prática agrícola e dos espaços verdes, traduzir-se-ão em efeitos negativos, uma vez que estas acções implicarão a modificação da morfologia local. O plano define, no seu regulamento, que as acções de modelação do terreno, a reduzir ao mínimo indispensável, serão detalhadas nos respectivos projectos de execução, observando a representação genérica constante da Planta de Modelação - Desenho 12 (art. 22º). Especificamente o plano prevê a minimização dos movimentos de terras em particular no âmbito da instalação dos campos de golfe, assumindo no art. 34º que esta medida constitui um dos principais critérios de sustentabilidade da intervenção. A modificação da morfologia corresponde a um efeito negativo, directo, permanente e irreversível, local, de magnitude reduzida, pouco significativo e minimizável. O incremento dos fenómenos erosivos resultará da compactação dos terrenos e da consequente modificação das condições de drenagem natural nas áreas de implantação dos edifícios e infra-estruturas. Consideram-se estes efeitos como negativos, directos, permanentes, irreversíveis, mas face ao facto de serem de incidência muito pontual e pouco expressivos no espaço (limitando-se aos locais de implantação dos edifícios e infra-estruturas) são considerados de magnitude reduzida e pouco significativos. Na fase actual do Plano de Pormenor não são ainda conhecidos os volumes de escavação e de aterro, pelo que não é possível avaliar se haverão terras excedentes ou qual o seu destino. Se for privilegiada a utilização das terras escavadas nos aterros a realizar na área de intervenção, minimizando deste modo a necessidade de proceder ao armazenamento dos materiais excedentes em vazadouros exteriores à área afecta ao Plano de Pormenor, os efeitos resultantes do excesso de terras e da necessidade de encontrar um local de depósito no exterior à área do Plano de Pormenor correspondem a efeitos negativos, directos, imediatos, pouco significativos e de magnitude moderada a baixa, dependendo do volume de materiais excedentes que venham a ser produzidos. 210 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5.3.3. Fase de exploração Na fase de exploração não são esperados efeitos negativos directos sobre o meio físico envolvente associados à presença e funcionamento de infra-estruturas e equipamentos, à manutenção do golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes, à ocupação dos edifícios e dos estacionamentos e à utilização do espaço, não se prevendo acções que conduzam à alteração morfológica dos terrenos ou que potenciem o aumento dos fenómenos erosivos. 5.4. Solos 5.4.1. Introdução Na área do Plano de Pormenor, ocorrem seis unidades pedológicas correspondentes ao nível taxionómico da Família da Classificação dos Solos de Portugal (Cardoso, 1965); face à ocupação proposta, todas elas deverão vir a sofrer algum tipo de intervenção: • Áreas de golfe e de agricultura: ocupação de solos Ppm, Sr, Pb e Vx(d); • Barragens: ocupação de solos PPm, Vx(d), Px e Px (d); • Vegetação de protecção e enquadramento: ocupação de solos Cb, Px, Px(d), Vx(d); • Vias, estacionamentos e edificações (indústrias, hotéis, aldeamentos, comércio e serviços): ocupação de solos Px(d); • Espaços verdes de uso comum: ocupação de solos Pb e Px(d). Em termos de classes de capacidade de uso, os solos da área do Plano de Pormenor inserem-se, essencialmente, nas classes D (cerca de 66%) e C (cerca de 34%), com limitações de uso pelo nível da erosão e escoamento superficial a que estão sujeitos. Os melhores solos encontram-se classificados como Reserva Agrícola Nacional. No presente sub-capítulo são avaliados os principais efeitos esperados sobre os solos em resultado do desenvolvimento de projectos que contemplem a ocupação prevista no Plano de Pormenor da Cavandela, nas suas fases de construção e exploração. Uma vez que a avaliação inerente ao presente relatório se remete à fase de plano, deverá ser aprofundada nas fases de projecto subsequentes. Genericamente, os principais riscos que impendem sobre os solos podem ser agrupados em três tipos: Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 211 • Risco de erosão e consequente contaminação de águas superficiais com poluição difusa de sedimentos, fósforo, azoto e outros agroquímicos; • Risco de salinização, com implicações negativas principalmente sobre a capacidade produtiva dos solos; este risco encontra-se fortemente dependente da qualidade da água de rega e da drenagem dos solos; • Risco de alcalização, também com possíveis efeitos negativos directos sobre a capacidade produtiva dos solos mas principalmente com implicações negativas sobre as características físicas do solo, favorecendo a formação de crosta e a redução da infiltração no horizonte superficial; nos horizontes subsuperficiais origina aumento da compactação com consequente redução da drenagem interna e do arejamento; em ambos os casos, aumenta o escoamento superficial e o risco de erosão; também este efeito está fortemente dependente da qualidade da água de rega, a par da drenagem dos solos. 5.4.2. Fase de construção A fase de preparação do terreno/movimentação de terras englobará as acções de desmatação e limpeza dos terrenos (designadamente os cortes de vegetação, o desenraizamento e a remoção de pedras), as terraplanagens e a modelação. Nesta fase, e na fase de instalação das redes de água, saneamento, electricidade e telecomunicações e de criação de novas vias e estacionamentos, prevê-se a eliminação permanente e irreversível dos horizontes pedológicos existentes nas áreas envolvidas, resultando assim na alteração da qualidade e capacidade de uso dos solos. Considerando a não afectação de solos de muito boa qualidade (classe A e B), avaliam-se os efeitos negativos associados a esta fase como directos, locais, permanentes, de magnitude média e de significância reduzida. A passagem de veículos e maquinaria afecta à obra na área do Plano de Pormenor alterará as condições naturais de permeabilidade dos solos, dificultando ou impedindo o seu adequado arejamento e a circulação de água. De modo semelhante, a erosão será consequente da exposição dos terrenos aos agentes atmosféricos, sendo que será mais acentuada durante períodos de precipitação e ventos fortes, que arrastam e/ou removem os solos expostos. Face às condições de exposição que estes solos já apresentam actualmente, prevê-se que estes efeitos sejam negativos, directos, temporários, reversíveis, de magnitude média e pouco significativos. Na instalação do golfe, de áreas de produção agrícola e ajardinadas, a fertilização dos solos antes da sementeira pode traduzir-se na aplicação de grandes quantidades de fertilizantes de uma só vez. Desta acção, poderão resultar efeitos negativos directos e locais ao nível dos solos. Na fase de construção a 212 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental magnitude destes efeitos espera-se baixa e a significância reduzida, considerando que serão seguidas boas práticas de fertilização. O plano contempla a minimização da aplicação de fertilizantes e de produtos fitossanitários no âmbito da instalação dos campos de golfe (art. 34º do regulamento). 5.4.3. Fase de exploração Nesta fase, os efeitos estarão dependentes das práticas de gestão e protecção dos solos e das técnicas de rega, que se serão analisadas na avaliação de impacte ambiental a efectuar em fase de projecto, particularmente no que respeita às áreas inseridas na RAN. A presença dos relvados do campo de golfe e de arbustos e árvores deverão contribuir para proteger os solos de processos erosivos. As operações mecânicas desenvolvidas para a manutenção dos solos e relvados e a adição de nutrientes deverão interferir de forma positiva com as características do solo. Assim, no que se refere à capacidade de uso, a ocupação prevista induzirá um efeito positivo, directo, reversível, de magnitude média e pouco significativo nos solos. No entanto, a aplicação contínua de fertilizantes e a presença excessiva de sais minerais nas águas de rega podem favorecer a acidificação, salinização e/ou a alcalização dos solos, implicando efeitos negativos que poderão ser significativos. A aplicação contínua de fertilizantes pode conduzir a um abaixamento do pH dos solos. Os fertilizantes orgânicos tendem a baixar o PH uma vez que vão ser decompostos por microrganismos libertando protões. Alguns fertilizantes minerais, em especial os que contêm azoto amoniacal são acidificantes. Não só o sal pode ter reacção ácida como a absorção do ião amónio pelas plantas, ou a transformação em azoto nítrico realizada pelos microrganismos no solo, são processos que libertam protões. A conversão de prados e pastagens para agricultura resulta também num aumento de protões devido à rápida decomposição da matéria orgânica do solo. No entanto, é possível a correcção do pH do solo recorrendo, por exemplo, à calagem. Também a presença de sais nas águas de rega podem favorecer a salinização e/ou a alcalização dos solos, situação que, atendendo aos potenciais efeitos negativos significativos que poderá gerar, terá que ser monitorizada de forma a ser corrigida atempadamente. A condutividade eléctrica do solo dá indicação da quantidade de sais solúveis existentes. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 213 A salinização e/ou a alcalização dos solos podem ocorrer quando se alia uma água de rega rica em sais a uma elevada evapotranspiração. Deste modo, a acumulação de sais nos horizontes mais superficiais dos solos pode alterar as suas características físicas e químicas tornando os solos salinos e/ou alcalizados e, consequentemente, diminuindo a sua capacidade de suster culturas agrícolas. Este processo de alcalização/salinização dos solos pode ser muito lento, e ocorrer durante um período de tempo muito longo (que pode demorar décadas a ser devidamente diagnosticado). Os riscos de salinização ou alcalização dos solos serão tanto maiores quanto maior o actual grau de salinização ou alcalização de um dado solo, e quanto maior for o teor em sais na água de rega. O risco de salinização é crescente quando a condutividade da água de rega é superior a 0,75 dS m1 (Quadro 5.4.1). A água com risco de salinização médio ou alto só deve ser usada em quantidades moderadas, para rega de plantas tolerantes à salinidade, e desde que exista lixiviação suficiente em cada rega. Para valores superiores a 3 dS m1 a água não deverá ser usada para rega, pois ocorrerá salinização do solo se for usada durante vários anos, mesmo se o solo à partida não for salino. Quadro 5.4.1 – Classificação da água de rega de acordo com o risco de salinização do solo Risco de salinização Condutividade eléctrica (dS m-1) Baixo < 0,75 Médio 0,76-1,50 Alto 1,51-3,0 Muito alto >3,0 Fonte: Produtividade dos solos e ambiente (Varennes, A., 2003) A sodicidade da água de rega é normalmente expressa pela relação da adsorção de sódio (RAS). A água de rega com valores da RAS inferiores a 3 pode ser usada em todos os tipos de solo sem que haja risco de acumulação de sódio, desde que ocorra lixiviação em parte do ano. Se o valor se situar entre 3 e 9, a água já só pode ser usada em solos de textura grosseira com boa permeabilidade. Águas com valores de RAS superiores a 9 não devem ser utilizadas para rega contínua, a não ser que não tenham uma condutividade eléctrica muito elevada e que seja adicionado gesso ao solo. Uma vez que a quantidade de sais existentes na água de rega (qualidade da água), assim como a intensidade e frequência da rega, aliadas a factores relacionados com a drenagem dos solos, poderão alterar os riscos de alcalização e/ou salinização dos solos, o Plano prevê a monitorização da implantação e utilização do golfe (art.34º do Regulamento), nomeadamente, nos aspectos de salinização e erosão dos solos e protecção dos lençóis freáticos, a monitorização da qualidade das águas de rega (art.º 30º do Regulamento). 214 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5.5. Recursos hídricos superficiais 5.5.1. Introdução A identificação e avaliação de efeitos nos recursos hídricos superficiais visa analisar a compatibilidade da proposta de ordenamento contemplada no Plano de Pormenor com a preservação dos recursos hídricos superficiais a nível local e regional. Conforme disposto no Art.8º do regulamento do Plano de Pormenor, as linhas de água identificadas na planta de condicionantes (Desenho 2) integram domínio público hídrico e estão sujeitas ao regime jurídico da titularidade dos recursos hídricos. O curso da Ribeira da Horta da Nora dispõe de uma faixa de protecção com a largura de 25 metros, contada a partir das linhas limite do respectivo leito. As restantes linhas de água dispõe de uma faixa de protecção com a largura de 10 metros contada a partir das linhas limite do respectivo leito. 5.5.2. Fase de construção As acções de construção implicarão a desmatação e a mobilização de solos, através de acções de escavação e aterro. Estas acções, em conjunto com a circulação de maquinaria, contribuem para que os solos se apresentem, temporariamente, mais soltos e desagregados, facilitando o arrastamento de partículas para as linhas de água mais próximas. Estes sedimentos, transportados pelas águas pluviais após a ocorrência de chuvadas, contribuem para a degradação temporária da qualidade da água, através do aumento da sua turvação e do acréscimo do transporte sólido aluvionar. Esta situação ocorrerá caso as obras sejam realizadas fora da época seca e nos períodos em que as actividades da obra se realizarem nos leitos e margens das linhas de água. Estes efeitos serão temporários, localizados e reversíveis após a fase de construção, pelo que se classificam, de um modo geral, como negativos, de magnitude reduzida e pouco significativos. A circulação de maquinaria e veículos afectos à obra poderão contribuir para uma maior compactação do solo nos locais intervencionados, situação que durante o período de maiores precipitações poderá contribuir para aumentar, temporariamente, o escoamento superficial em detrimento do escoamento subterrâneo. No entanto, este efeito, negativo e directo, pode ser considerado pontual e pouco significativo. Conforme descrito na caracterização da situação de referência, o Ribeiro da Horta da Nora é um dos mais importantes recursos hídricos superficiais existentes na área de intervenção que culmina no açude existente; existem ainda um conjunto de linhas de escorrência que darão lugar mais a jusante à Ribeira de Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 215 Maria Delgada. Tanto a Ribeira de Maria Delgada como a Ribeira Horta da Nora são tributárias do Rio Cobres (Desenho 12, Volume II), um dos tributários da margem direita do Rio Guadiana. As alterações ao regime de escoamento natural das linhas de água constituem os principais efeitos negativos da fase de construção, que se prolongarão na fase de exploração. Grosso modo, o escoamento nas bacias hidrográficas é influenciado essencialmente pelo relevo, pelas características geológicas dos terrenos, pelo revestimento vegetal e pelas modificações artificiais em presença: • Uma bacia com boa drenagem e grandes declives apresenta um hidrograma íngreme com pouco escoamento de base. As bacias com grande área de inundação tendem a amortecer o escoamento e regularizar o fluxo; • A geologia e os solos influenciam a velocidade do escoamento superficial e a capacidade de infiltração da água; • O revestimento vegetal da bacia tende a retardar o escoamento, a reduzir os fenómenos de erosão e de ocorrência de grandes cheias, e a contribuir para o aumento das reservas hídricas subterrâneas; • As modificações artificiais de um rio para o uso mais racional da água introduzem também alterações ao escoamento natural. Um reservatório para regularização da vazão tende a reduzir o pico e distribuir o volume do escoamento. As sub-bacias a jusante da sub-bacia 1 (delimitadas no Desenho 24 do Volume II) desenvolvem-se maioritariamente na área territorial correspondente à Zona de Protecção Especial de Castro Verde. De acordo com a ficha deste sítio, confirmada pela análise de fotografias aéreas, esta é uma região de peneplanície vocacionada para a agricultura e pecuária extensiva, cujo habitat predominante são áreas agrícolas extensivas, desprovidas de vegetação arbóreo-arbustiva. Ocorrem também montados de azinho de densidade variável, charnecas dominadas por estevais e olivais tradicionais. Assim, pode dizer-se que a ocupação do solo na sub-bacia 1 em termos de coberto vegetal é sensivelmente idêntica às que se encontram a jusante. Na peneplanície destaca-se a presença de alguns aglomerados populacionais, sendo os principais Castro Verde e Almodôvar. As formações geológicas presentes na região em que se desenvolve a bacia da ribeira da Horta da Nora conferem-lhe características maioritariamente impermeáveis, que favorecem o escoamento superficial. A região envolvente a Castro Verde e a região de Almodôvar é formada por turbiditos e conglomerados (que integram a Formação de Mértola). Entre a zona de Entradas e Albernoa, numa faixa com sentido SudesteNoroeste que se estende até Mértola, alternam filitos, siltitos, arenitos e ortoquartzitos (que integram a Formação Filito-quartzítica) com areias e cascalheiras; esta zona apresenta maior permeabilidade que a 216 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental anterior, no entanto, o escoamento sobrepõe-se à capacidade de infiltração, havendo apenas condições para a formação de reservas subterrâneas de água muito localizadas. Na foz do Rio Terges, a Este de Albernoa, verifica-se a presença de filitos e quartzitos (que integram a Formação de Pulo do Lobo). As características geológicas e de coberto vegetal presentes nas sub-bacias em análise favorecem o escoamento superficial, podendo-se admitir, numa análise regional, que não são muito diferentes das verificadas para a sub-bacia 1. Para estimar a magnitude com que o represamento de água nas barragens poderá afectar as actividades desenvolvidas a jusante da sub-bacia da Ribeira da Horta da Nora onde se insere actualmente o açude (sub-bacia 1), nomeadamente, ao nível da actividade agrícola, procedeu-se da seguinte forma: • Delimitaram-se seis sub-bacias a jusante da que corresponde à área de estudo e que é limitada pelo açude (sub-bacia 1), calcularam-se as respectivas áreas e o comprimento da linha de água principal nelas inserida (ver Quadro 5.5.1 e Desenho 24 do Volume II do Relatório Ambiental); • Calculou-se a representatividade (em termos de área), da sub-bacia 1 nas secções das subbacias a jusante (ver Quadro 5.5.1 e Desenho 25 do Volume II do Relatório Ambiental). No Quadro 5.5.1 apresentam-se as seguintes características das sete sub-bacias da ribeira da Horta da Nora delimitadas no Desenho 24 (Volume II): área, comprimento da ribeira no interior da sub-bacia e representatividade da sub-bacia 1 na sub-bacia em causa. Quadro 5.5.1 – Características das sub-bacias Sub-bacia Área (ha) 1 2 3 4 5 6 7 960 2478 5207 9010 18850 26158 107490 Comprimento Representatividade da linha de água da sub-bacia 1 na principal (m) sub-bacia em causa 5720 11581 19393 26861 37089 47286 47409 100% 39% 18% 11% 5% 4% 1% O Quadro acima apresentado permite verificar que na secção que delimita a sub-bacia 2, a área da subbacia 1 corresponde a cerca de 39% da área total da sub-bacia 2. Neste caso se o escoamento superficial da sub-bacia for totalmente represado, manter-se-á um escoamento natural na sub-bacia 2 que grosso modo corresponderá a 61% do escoamento total. A análise parte do pressuposto de que as condições de precipitação e de escoamento são uniformes em toda a bacia; dada a semelhança da fisiografia (relevo, Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 217 solos e formações geológicas) e do coberto vegetal (estepe cerealífera com montado esparso) e dada a área territorial ser reduzida (o que pressupõe condições idênticas de precipitação) este pressuposto corresponde a uma simplificação aceitável. As linhas de água com mais alterações serão as que comportarão as barragens a criar, das quais a barragem A será a maior em termos de volume. Mas ao escoamento natural haverá que acrescentar o volume de caudal ecológico que será necessário garantir a jusante do açude. Considerando uma percentagem da afluência anual média afecta a fins ecológicos de 25 dam3/mês, ou seja, cerca de 300 dam3/ano, estima-se a seguinte representatividade para o caudal ecológico: • face ao escoamento máximo: 8%; • face ao escoamento médio: 23%; • face ao escoamento mínimo: 4942%. Com base na representatividade do caudal ecológico acima estimada, apresenta-se no Quadro seguinte uma estimativa do escoamento natural afluente a cada secção para três cenários de caudal ecológico: • O primeiro cenário corresponde a um ano muito seco, em que o caudal ecológico considerado foi de 50% do escoamento natural afluente (3 dam3/ano para um caudal médio de 6 dam3/ano); • O segundo cenário corresponde a uma situação intermédia, tendo-se considerado um caudal ecológico de 23% do escoamento natural (295 dam3/ano para um caudal médio de 1281 dam3/ano); • Ao terceiro cenário, em ano muito húmido, corresponde um caudal ecológico de 8% do escoamento natural (300 dam3/ano para um caudal médio de 1281 dam3/ano). Quadro 5.5.2 – Escoamento natural afluente a cada secção em regime livre Comprimento Secção da linha de cada secção em regime livre (estimativa) água até a secção 1 (m) 218 % de escoamento natural afluente a Situação Situação Situação seca intermédia húmida 1 0 100% 100% 100% 2 5861 81% 70% 64% 3 13673 91% 86% 83% 4 21141 95% 92% 90% Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Comprimento Secção da linha de água até a secção 1 (m) % de escoamento natural afluente a cada secção em regime livre (estimativa) Situação Situação Situação seca intermédia húmida 5 31369 97% 96% 95% 6 41567 98% 97% 97% 7 41690 100% 99% 99% A análise do quadro anterior permite inferir que a partir da secção 3 (inclusive), na situação mais crítica (seca), a percentagem de escoamento natural afluente é superior a 90%. A área mais afectada é a que se encontra entre as secções 1 e 3, que corresponde a uma área de 1518 ha e a um comprimento da linha de água principal de 13,7 Km. Considerando o volume de caudal ecológico que será necessário garantir a jusante do açude, então o caudal afluente à secção s2 da sub-bacia 2 corresponderá a cerca de 70%, no caso de um ano médio em termos hidrológicos (ver quadro 2) do escoamento em regime natural, ou seja, o represamento vai reduzir em cerca de 1/3 o caudal afluente à secção s2, comparando a situação futura (proposta no Plano de Pormenor) e a situação natural. No entanto, é importante sublinhar que o represamento já é actualmente realizado no açude, que apresenta um volume de 100 000 m3 e uma área de 4,8 ha, e portanto o que será legítimo no sentido de ponderar a avaliação de efeitos será comparar a situação actual com a situação futura. Neste caso, a futura redução na secção s2 será menor, ou seja, não se passará de 100% de caudal afluente para 70% mas de cerca de 90 a 85% (considerando que o caudal represado representa 10 a 15% das escorrências naturais) do caudal actualmente afluente para 70% no futuro. Estes efeitos prevêem-se de âmbito regional, permanentes, reversíveis, de magnitude média, tendencialmente pouco significativos nos recursos hídricos superficiais. A construção das barragens conduzirá ainda a efeitos indirectos na vegetação ripícola, que são analisados no descritor Ecologia. 5.5.3. Fase de exploração Água para consumo humano A quantidade de água necessária para abastecimento público à área do Plano de Pormenor da Cavandela variará ao longo do ano, sendo previsível que existam picos de consumo nos meses de Primavera e de Outono, altura em que se prevê que o Conjunto Turístico esteja a 100% da sua capacidade de ocupação. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 219 Tendo como premissa a ocupação de 40%, 100%, 20% e 100% do Conjunto Turístico para o Inverno, Primavera, Verão e Outono, o consumo objectivo para unidades de alojamento, hotéis, SPA, restaurantes, piscinas, equipamentos diversos e parque empresarial é de 295 609 m3/ano). O consumo normal (sem restrições ao uso de água), seria da ordem dos (378 433 m3/ano). O abastecimento de água para consumo humano para o conjunto das actividades e funções previstas no PP será assegurado pelo concessionário público responsável pelo sistema plurimunicipal de saneamento e abastecimento de água em “alta”. De acordo com o Relatório do PP, este deverá garantir uma capacidade de alimentação da ordem de 270 a 868 m3/dia, conforme a altura do ano, que serão armazenados em reservatórios dentro da área do plano. Não se descarta também a utilização de água proveniente de furos, caso se venha a verificar ser possível a sua utilização. Apesar dos consumos de água serem elevados, o relatório do Plano prevê inúmeras medidas de redução dos mesmos, o que constitui uma oportunidade de poupança deste recurso. Após a aplicação das medidas previstas é assumido no plano que se poderá atingir um limite de uma capitação da ordem dos 185 litros/dia. Poderão verificar-se efeitos negativos na origem de água, particularmente caso existam anos excepcionalmente secos consecutivos. Caso esta origem seja a barragem de Monte da Rocha, têm-se já verificado problemas de quantidade e qualidade da água, pelo que esta situação deverá ser devidamente acautelada. Água para rega As necessidades de rega resultam da presença de: • Campos de golfe; • Culturas produtivas, nomeadamente a vinha, o olival, o ameixial, o amendoal; • Paisagem propriamente dita, compreendida por uma extensão de plantas aromáticas, faixa de protecção, mata de pinhal, mata ribeirinha, parque da tapada e ainda as árvores das avenidas e praças. Os consumos anuais médios estimados são os seguintes: • Consumo previsto do golfe (36 buracos) – consumo objectivo de 476 640 m3/ano; • Rega da paisagem/agricultura – consumo objectivo de 579 500 m3/ano (primeiros anos) / 560 500 m3/ano (pleno funcionamento). 220 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Deste modo, as necessidades máximas de água para rega serão da ordem de 1 037 140 m3/ano em pleno funcionamento. Contudo, com excepção da vinha, todas as restantes culturas têm capacidade para resistirem sem rega, pelo que, neste caso, a necessidade anual de água para rega da paisagem baixaria para 157 500 m3/ano (correspondentes à vinha e à tapada). A água a utilizar na rede de rega poderá ser originária de quatro fontes: • Água proveniente do escoamento superficial armazenada nas barragens (prevê-se a construção de três novas barragens - A, C e D, para reforço da capacidade já existente – Barragem B); • Água tratada proveniente das ETARs de Castro Verde e do Parque Empresarial (a instalar); • Água proveniente de furos, caso se venha a verificar a sua possível utilização, permitidos no lote 1 – Agricultura e Desporto – Golfe, unicamente; • Rede pública (em situação excepcional). De acordo com as simulações efectuadas no âmbito da elaboração do PP (ver relatório), mediante a construção das barragens, e recorrendo à água reutilizada das ETAR (ie sem recorrer à utilização da água proveniente da albufeira de Monte da Rocha), mesmo num cenário de ocupação máxima é possível garantir com uma fiabilidade de 91% na rega de um campo de golfe de 36 buracos, considerando o consumo mínimo necessário para poder manter a paisagem criada, nomeadamente o parque da Tapada. Caso se adicione o consumo da vinha o índice de fiabilidade desce para 82%, sendo que para uma situação correspondente à rega da totalidade dos espaços verdes a fiabilidade seria de 48%, ou seja, em praticamente metade dos anos a pluviosidade seria a suficiente para regar a totalidade do golfe e da paisagem produtiva. Estes valores permitem pensar na concepção de um campo de golfe com 36 buracos em que a priori há a probabilidade de, em cada 10 anos, haver um ano em que não se regam 9 buracos. De acordo com este facto, haverá que ponderar a necessidade de negociar, para o consumo da agricultura, o abastecimento de água a partir da Barragem do Monte da Rocha. Considerando que a barragem Monte da Rocha poderá ser também a origem da água da rede pública, poderão verificar-se pontualmente efeitos negativos significativos nesta origem, particularmente caso existam anos excepcionalmente secos consecutivos. Para que seja possível atingir os patamares de consumo de água de rega, o plano prevê: • A definição de consumos médios diários de água, a respeitar nos campos de golfe em cada mês (art.31º); Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 221 • Um sistema de rega centralizado e automatizado de modo a ajustar os consumos de água às necessidades (art.31º); • A instalação de barragens para a recolha de águas pluviais das áreas impermeabilizadas e da água das ribeiras que atravessam a área de intervenção (art.30º); • O recurso à água reutilizada da ETAR de Castro Verde e da ETAR do Parque Empresarial para rega (art.30º); • A utilização de material vegetal constituído por espécies de baixo consumo de água e a optimização do consumo de água nas áreas planas entre os buracos (art.31º); • De acordo com o artigo 31º do regulamento do PP, deverá ser elaborado um plano de rega que abranja as componentes da estrutura ecológica, de modo a garantir a quantidade e a qualidade da água adequadas a cada fase de implementação do empreendimento. A decisão de reutilização para rega das águas residuais tratadas vai ao encontro das estratégias definidas para o sector da água a nível nacional, apresentando diversas vantagens ambientais (poupança de recursos de águas superficiais e subterrâneas; diminuição dos fertilizantes usados na manutenção da relva; redução da poluição hídrica por redução da descarga de contaminantes no meio receptor habitual) e económicas (redução dos custos de rega; maior disponibilidade de água; redução dos custos de manutenção da relva). No entanto, a reutilização de águas residuais tratadas para rega poderá favorecer a redução da qualidade das águas superficiais na área do Plano de Pormenor (barragens) e a jusante, quer por via de uma eventual insuficiente qualidade, quer por escorrências superficiais com elevada carga de azoto, fósforo e outros químicos utilizados na agricultura e na manutenção dos relvados do golfe. Uma insuficiente qualidade das águas de rega poderá afectar o sistema de rega (bombas, válvulas e filtros) e aumentar o risco de eutrofização das massas de água das barragens. Estes efeitos negativos susceptíveis de ocorrer são difíceis de prever e de classificar nesta fase, mas uma vez que podem ser significativos, devem ser ponderados nos projectos a desenvolver, e ser sujeitos a monitorização, conforme previsto pelo plano nos artigos 29º e 33º. Uma vez que os promotores dos projectos serão os principais interessados em manter uma boa qualidade dos recursos hídricos, e contemplando-se a monitorização da qualidade das águas superficiais, julga-se que, caso se verifiquem os efeitos negativos acima referidos durante a fase de exploração, os mesmos venham a ser devidamente controlados, pelo que, apesar de poderem vir a ser pontualmente significativos, não deverão prolongar-se no tempo. 222 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 5.6. Recursos hídricos subterrâneos 5.6.1. Introdução Associado à implementação das diferentes componentes previstas no Plano de Pormenor da Cavandela serão desenvolvidas actividades potencialmente geradoras de efeitos sobre os recursos hídricos subterrâneos, sendo de particular destaque o facto de estar prevista a transformação do tipo de ocupação do solo para a instalação de dois campos de golfe, de áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes. Não obstante as formações geológicas aflorantes na área afecta ao Plano de Pormenor da Herdade da Cavandela terem uma aptidão hidrogeológica relativamente reduzida, regionalmente inserem-se numa zona em que os recursos hídricos subterrâneos têm significativa importância no abastecimento das populações locais. Sendo os recursos hídricos subterrâneos uma reserva estratégica no Alentejo e face à susceptibilidade de se verificarem alterações nas características de qualidade e de quantidade das águas armazenadas em profundidade na área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela, avaliam-se as acções e as actividades potencialmente geradoras de efeitos durante as fases de construção e exploração. 5.6.2. Fase de construção As escavações para preparação do terreno e a construção de infra-estruturas e dos equipamentos poderão interferir com o regime hídrico subterrâneo local, por modificação das condições de drenagem e pela intersecção em profundidade do nível piezométrico local, o que a acontecer, corresponderá a um efeito negativo, directo e provável. Contudo, e atendendo à reduzida aptidão hidrogeológica local, espera-se que a afectação dos níveis piezométricos possa ocorrer de forma muito localizada, sobretudo nas situações em que estão previstas construções subterrâneas, sendo os efeitos locais, de magnitude reduzida e pouco significativos, e não implicando esta acção alterações ao regime de exploração das captações de água subterrânea inventariadas na envolvente da área de intervenção. A intersecção dos níveis piezométricos durante as escavações poderá determinar a exposição dos níveis de água, situação que a acontecer expõe as águas subterrâneas a focos de contaminação existentes no local. O aparecimento dos níveis de água e a eventualidade de ocorrerem fenómenos pontuais de poluição Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 223 das águas subterrâneas corresponderá a um efeito negativo, provável, directo, temporário, embora com uma magnitude reduzida e pouco significativo. Durante a fase de construção proceder-se-á à instalação do relvado do campo de golfe, sendo para tal necessário proceder à rega e à aplicação de pesticidas e fertilizantes para assegurar o crescimento da relva e criar as condições necessárias para o desenvolvimento de um campo de golfe de boa qualidade durante o período de exploração. De acordo com o Plano de Pormenor, os volumes necessários para a rega do campo de golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes serão essencialmente assegurados pelas águas (pluviais e residuais domésticas tratadas na ETAR) armazenadas no conjunto de quatro barragens que se distribuirão pela área de intervenção (três a construir - barragens Grande, Cova dos Mouros e Cavandela, e uma existente – barragem primeira). A qualidade da água armazenada nas barragens e a forma de aplicação dos pesticidas e dos fertilizantes são fundamentais para garantir a qualidade futura dos recursos hídricos subterrâneos, uma vez que uma incorrecta dotação de água, de fitofármacos ou dos macronutrientes necessários ao crescimento das plantas poderá originar alterações às características físico-químicas originais do meio hídrico. Como medida preventiva, o plano prevê a monitorização da implantação e utilização do golfe (art.34º), nomeadamente, nos aspectos de salinização e erosão dos solos e protecção dos lençóis freáticos, bem como a redução da aplicação de fertilizantes e de produtos fitossanitários no âmbito da instalação dos campos de golfe (art. 34º). Na fase de instalação do campo de golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes não são esperadas alterações significativas aos recursos hídricos subterrâneos, quer ao nível da qualidade, quer ao nível da quantidade. 5.6.3. Fase de exploração Apesar da presença e do funcionamento de infra-estruturas e de equipamentos contribuírem para a diminuição da área de recarga, esta afectação será muito localizada e não originará efeitos nas condições hidrodinâmicas e de funcionamento das massas de água subterrânea. Refira-se que a dimensão das massas de água subterrânea é de cerca de 4 551 km2, no caso da Zona Sul Portuguesa da Bacia do Guadiana, e de 1 727 km2, no caso da Zona Sul Portuguesa da Bacia do Mira, pelo que a impermeabilização decorrente da presença e do funcionamento de infra-estruturas e de equipamentos não terá significado nos recursos hídricos da região. 224 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Por outro lado, e de acordo com o art. 37º é interdita a impermeabilização em percentagem superior a 30% da área da unidade de implantação de referência, excepto nos logradouros sobrepostos a espaços construídos, ou nos que se destinem a estacionamento coberto, constituindo esta uma medida também particularmente importante na minimização do efeito negativo de diminuição da recarga local. De acordo com o art. 28º do Regulamento, o abastecimento de água para consumo humano será efectuado a partir da rede da área de intervenção, estando interdita qualquer captação com origem em furo artesiano para este fim. Deste modo, não são esperados efeitos negativos no meio hídrico subterrâneo para assegurar o consumo humano. Sendo a adubação e a rega origens potenciais de contaminação dos recursos hídricos subterrâneos, as acções inerentes à manutenção do campo de golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes poderão repercutir-se sobre a qualidade das águas subterrâneas da área afecta ao Plano de Pormenor da Cavandela. O risco de degradação da qualidade da água prende-se sobretudo com a aplicação de fertilizantes e pesticidas e com o regadio do campo de golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes. A necessidade de serem aplicados fertilizantes que incluam na sua composição espécies químicas como o nitrato, ião muito solúvel que facilmente é lixiviado em profundidade, pode originar a longo prazo fenómenos de degradação da qualidade da água devido à concentração deste ião ser superior aos valores estipulados pelo Decreto-lei nº 236/98 de 1 de Agosto. Além do nitrato pode-se também verificar o aumento da mineralização e da concentração de iões como o cloreto, sulfato, magnésio, cálcio e nitrito. Uma incorrecta fertilização, nomeadamente a aplicação de produtos em quantidades superiores àquelas que as plantas necessitam, determina a permanência no solo das espécies químicas que não são absorvidas na sua totalidade pelas plantas até que sejam lixiviadas naturalmente até aos níveis aquíferos pela precipitação ou de forma induzida pelo regadio. Associado à rega do campo de golfe, das áreas destinadas à prática agrícola e dos espaços verdes será também necessária a aplicação de fitofármacos. A contaminação das águas subterrâneas com produtos fitofarmacêuticos depende das propriedades dos pesticidas, nomeadamente dos seus constituintes e dos seus produtos de transformação (como o tempo de vida), da persistência, do manuseamento, do método, da forma, das quantidades e da época de aplicação. O movimento de um pesticida para além do local em que foi aplicado é feito através da movimentação da água ao longo do perfil do solo, transportando o pesticida até às águas subterrâneas, se possuir compostos persistentes. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 225 Os fitofármacos têm toxicidade, sendo em muitos casos persistentes e com elevada mobilidade no solo. Os pesticidas persistentes e os seus produtos de degradação tóxica permanecem no terreno o tempo suficiente para que possam ser arrastados, pela precipitação ou pelas águas de escorrência do regadio, até aos níveis aquíferos. Atendendo à reduzida permeabilidade das formações geológicas aflorantes de natureza metamórfica e ígnea na área afecta ao Plano de Pormenor, que favorece a diminuição da velocidade de propagação de poluentes, a presença de iões indicadores de poluição por fertilizantes e por pesticidas, depende sobretudo da localização das aplicações e se estas são efectuadas de forma correcta. Nas aplicações a maior distância das captações de água subterrânea inventariadas na área do Plano de Pormenor, face às características naturais de permeabilidade dos terrenos, a contaminação poderá afectar sobretudo os níveis aquíferos pouco profundos explorados pelos poços, permitindo ao solo a actuação dos processos de adsorção de poluentes em profundidade que progressivamente tendem a ser eliminados. A afectação da qualidade da água devido à aplicação de fertilizantes e de pesticidas corresponde a um efeito negativo, provável, indirecto, permanente durante o período de exploração das diferentes componentes do Plano de Pormenor, de magnitude reduzida e pouco significativo, uma vez que a reduzida permeabilidade dos terrenos não favorece a contaminação do meio hídrico em profundidade. Por outro lado a redução prevista, no art.º 34º do Regulamento, na aplicação de fertilizantes e de produtos fitossanitários é particularmente importante na minimização dos efeitos negativos. Outra acção susceptível de provocar efeitos negativos na qualidade das águas subterrâneas está associada às dotações de rega e à composição química da água de rega, em particular porque a qualidade da água que atinge o meio hídrico subterrâneo é um reflexo do somatório dos iões presentes na água de rega com as espécies químicas adicionadas nos processos de fertilização e que não são absorvidas pelas culturas como nutrientes. Refira-se que o art.º 31º do Regulamento prevê que, e tendo em vista a necessidade de redução do consumo de água para a rega de jardins, dos parques e do campo de golfe, na área de intervenção devam, apenas, ser utilizadas nas plantações espécies vegetais adaptadas às condições biofísicas existentes e que deste modo a rega implique um reduzido consumo de água. Prevê-se ainda que se implemente um sistema de rega automático que contemple a leitura, a interpretação e a conversão de dados fornecidos por estação meteorológica, bem como a medição de humidade no solo. Considerando a implementação destas regras não são esperadas aplicações de água em excesso que favoreçam a infiltração de substâncias contaminantes em profundidade, pelo que os efeitos sobre a 226 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental qualidade das águas subterrâneas apesar de negativos, indirectos, prováveis, são locais e reversíveis, de magnitude reduzida e pouco significativos. No que diz respeito à água de rega torna-se particularmente importante a composição química das águas armazenadas nas quatro barragens, uma vez que, em conjunto com os produtos a utilizar na manutenção do golfe e espaços verdes, podem contribuir para a degradação da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos, conferindo-lhes propriedades físico-químicas diferentes daquelas que apresentam até à exploração do regadio. A afectação da qualidade da água subterrânea devido à mineralização das águas armazenadas nas barragens corresponde a um efeito negativo, indirecto, provável, de magnitude reduzida, de âmbito local, reversível e pouco significativo. Este efeito negativo é minimizável atendendo que está prevista a monitorização da qualidade da água superficial e subterrânea (conforme art. 30º). O art.28º contempla a possibilidade de proceder à captação de água subterrânea para a rega do Lote 1 (destinado à prática da agricultura e de golfe) e dos espaços de uso comum dos lotes destinados aos aldeamentos. O recurso a águas subterrâneas (furos localizados no interior da propriedade) para rega, no sentido de complementar os volumes de água provenientes do escoamento superficial armazenada nas barragens e da água tratada proveniente das ETAR, em situação de seca prolongada, corresponderá a um efeito negativo, resultante da redução dos volumes de água armazenados em profundidade e dos níveis piezométricos. Este efeito é avaliado como directo, certo, temporário, pontual (em períodos de seca), reversível, de reduzida magnitude e pouco significativo. 5.7. Qualidade do ambiente (ar, ambiente sonoro e saneamento) 5.7.1. Introdução Seguidamente procede-se à avaliação de efeitos da ocupação prevista no Plano de Pormenor na qualidade do ambiente, nas fases de construção e exploração. A avaliação contempla as vertentes da qualidade do ar, ambiente sonoro e saneamento (águas, águas residuais e resíduos). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 227 5.7.2. Qualidade do ar 5.7.2.1. Fase de construção Durante as operações de construção, o principal factor de degradação da qualidade do ar local será a emissão de poeiras, provenientes principalmente, da preparação do terreno/movimentação de terras (desmatação, movimentação de maquinaria, escavações e aterro de terras), da circulação de veículos, das acções de construção de infra-estruturas e equipamentos e da exploração de pedreiras para fornecimento de materiais. A produção de poeiras pela circulação de veículos localizar-se-á essencialmente na zona de obra, uma vez que os acessos para chegar ao local se encontram asfaltados. Estas acções contribuirão para o aumento da concentração de poeiras em suspensão, cuja quantificação é muito complexa uma vez que depende da conjugação de inúmeros factores, como o tipo de solo, o vento, a humidade, a vegetação envolvente e a velocidade de circulação dos veículos e equipamentos envolvidos na obra. Apresentam-se ainda assim, alguns valores de referência, a título indicativo, de factores de emissão (Quadro 5.7.1). Os períodos de condições meteorológicas mais desfavoráveis (períodos secos e ventosos) serão os mais críticos quanto a este aspecto, sendo de qualquer modo o raio de acção mais comum uma faixa limitada em redor dos locais de obra. De facto, após a sua suspensão, as partículas tendem a manter-se na atmosfera e a serem transportadas durante um período de tempo mais ou menos prolongado até se depositarem novamente. O tempo e a distância de transporte das partículas suspensas na atmosfera varia em função da sua granulometria, do seu grau de humidade e da velocidade do vento. As partículas mais grosseiras rapidamente se depositam, percorrendo pequenas distâncias. Tipicamente, com ventos de velocidade média, como os mais frequentes na região, partículas com diâmetros superiores a 100 μm percorrem distâncias inferiores a 10 m em relação à fonte, enquanto para dimensões entre 30 e 100 μm este valor aumenta para algumas dezenas de metros. Assim, temporariamente, e consoante a orientação e velocidade do vento, a emissão de poeiras poderá afectar os receptores sensíveis mais próximos da área de intervenção do plano de pormenor (Castro Verde, a nascente, e núcleo populacional a norte da barragem existente). O rumo dominante de vento na zona é expectavelmente o oeste, com maior incidência no verão, o que aumenta a probabilidade de afectação dos receptores referidos, em especial aquando das intervenções que envolvem maior revolvimento dos solos e que se desenvolvam na metade nascente do terreno. Em termos globais, classificam-se estes efeitos como negativos, locais, reversíveis, temporários, de fraca magnitude e pouco significativos (ainda que pontualmente possam ser significativos). 228 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Salienta-se ainda que a extensão e magnitude destes efeitos poderão ser minoradas com relativa facilidade caso sejam implementadas medidas de minimização específicas para esta fase do projecto (por exemplo a rega controlada das superfícies de solo exposto, nos períodos secos e com destaque também para as medidas relacionadas com o transporte de materiais pulverulentos). Destaca-se também a preocupação do plano na minimização dos movimentos de terras associados à construção do campo de golfe, entre outros. Outros factores de degradação da qualidade do ar serão a emissão de gases de combustão (óxidos de azoto - NOx, dióxido de enxofre-SO2, monóxido de carbono - CO, hidrocarbonetos e partículas - fumos negros) produzidos pela circulação dos veículos de transporte de materiais (camiões) e pelo funcionamento de equipamentos a utilizar na obra (rectro-escavadoras, bulldozers, entre outros). As emissões de gases de combustão dependem da quantidade e tipo de maquinaria envolvida, bem como de uma multiplicidade de outros factores, entre os quais a carga transportada, a velocidade de circulação e o tipo e estado de conservação dos veículos e equipamentos, provocando um aumento temporário na concentração dos poluentes tipicamente associados a estas fontes, nas imediações dos percursos utilizados. Mesmo pressupondo um elevado número diário de camiões de transporte de materiais durante as fases mais críticas da obra neste aspecto (terraplanagens) e de máquinas envolvidas, não se prevê que esta componente possa originar concentrações de poluentes que façam ultrapassar os limites legais vigentes em matéria de qualidade do ar. Assim, classificam-se estes efeitos como negativos, temporários, reversíveis, de baixa magnitude e pouco significativos. Prevê-se também a emissão de partículas e COV da produção de asfalto betuminoso para revestimento das vias, associadas ao funcionamento dos equipamentos a alta temperatura e resultantes do processo de preparação do asfalto e da combustão do fuel na caldeira. 5.7.2.2. Fase de exploração Na fase de exploração, as principais emissões atmosféricas decorrerão: • Do tráfego automóvel associado à deslocação de clientes, funcionários e fornecedores de produtos de e para o empreendimento turístico e empresas a instalar no parque empresarial; • Do funcionamento dos equipamentos utilizados nas operações de manutenção; • Do tratamento das águas residuais na ETAR a construir; • Da aplicação de produtos fitossanitários e fertilizantes (caso venham a ser utilizados). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 229 As duas primeiras fontes, das quais se destaca claramente a primeira, serão responsáveis pela emissão de gases de combustão, nomeadamente monóxido de carbono, óxidos de azoto, hidrocarbonetos e partículas. Ao nível das emissões atmosféricas destacam-se as estratégias previstas no domínio da mobilidade, no sentido de alcançar um elevado grau de independência em relação ao automóvel: • Concepção urbanística orientada para o peão, em termos de percursos directos permitindo uma boa conexão entre as diferentes áreas de estadia e de comércio/serviços; • Grau adequado de protecção contra o sol para o peão a criar com galerias abertas, arcadas pedonais, estruturas de sombreamento e arborização; • Alternativas de transporte adequadas no interior da área do PP; • Percursos cicláveis; • Locais de estacionamento exteriores ao perímetro da tapada mas acessíveis, seguros e convenientes para os utentes; • Logradouros dimensionados para admitir o acesso de veículos de emergência e de carga em situações justificáveis. A viabilidade técnico-financeira dos modos de transporte alternativo exigirá estudos a efectuar em fase posterior. Admite-se em termos de conceito que o principal apoio será através de veículos eléctricos utilizados em regime de rotação. O conceito de mobilidade a implementar, incluiu a necessidade de integração social de públicos com mobilidade e percepção reduzidas, através da eliminação de barreiras arquitectónicas e da criação de um espaço urbano compatível e acessível a todos. Outros indicadores de qualidade do serviço de transporte alternativo serão, também, posteriormente incorporados no plano de monitorização do empreendimento. A nova ETAR a construir no parque empresarial e a ampliação da ETAR de Castro Verde para receber as águas residuais do empreendimento serão responsável por emissões difusas de poluentes como metano e gás sulfídrico e ainda um conjunto de outros compostos voláteis responsáveis por odores desagradáveis. Sendo estas emissões consideradas difusas (ou ”fugitivas”) a sua quantificação é bastante complexa. Se for garantida a boa condução da exploração das novas ETAR (com o controlo da sua afinação), assegurando as características técnicas e regulamentares a que deve obedecer o seu dimensionamento, incluindo em particular a instalação de eventuais sistemas de desodorização, espera-se que os efeitos negativos e locais associados a estas emissões, quer em termos de compostos poluentes, quer em termos de incómodo gerado por maus cheiros, sejam de magnitude reduzida. A contaminação da atmosfera por pesticidas pode ocorrer como resultado da advecção pelo vento durante a aplicação, por volatilização ou por erosão eólica de partículas de solo contaminadas. As perdas são 230 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental função das condições meteorológicas e dos métodos de aplicação, podendo atingir percentagens entre os 25% e os 75% da quantidade de pesticidas aplicada. Os poluentes emitidos nas actividades de manutenção dos relvados do campo de golfe estão essencialmente relacionados com o efeito de estufa, nomeadamente a aplicação de adubos azotados, que pode contribuir para as emissões de NH3 e N2O para a atmosfera. Contudo, os efeitos negativos verificados por esta via esperam-se pouco significativos e pontuais. Não se prevê que as concentrações de poluentes atmosféricos no local venham a ultrapassar os valores estipulados por lei devido às novas fontes de poluição. Assim, os efeitos gerados durante a fase de exploração na área do plano de pormenor esperam-se negativos, directos e indirectos, pouco significativos, permanentes (e periódicos) e de reduzida magnitude. Esperam-se ainda efeitos indirectos resultantes das deslocações dos principais utentes do empreendimento turístico do Norte da Europa para Portugal, que deverão vir a ser realizadas maioritariamente por via aérea. 5.7.3. Ambiente sonoro 5.7.3.1. Fase de construção A afectação do ambiente sonoro irá verificar-se essencialmente na fase de implementação dos projectos que virão a ser desenvolvidos em fases subsequentes ao Plano de Pormenor. Os critérios a cumprir junto dos receptores sensíveis são os indicados no Quadro 5.7.1. Dada a natureza da empreitada considerou-se que não ocorrerão actividades construtivas durante o período nocturno pelo que não se apresenta o indicador Ln. Quadro 5.7.1 – Requisitos do RGR para a fase de construção (zona não classificada) 10 7h às 20 h 20 h às 23h LAr(Res.) - LAeq(Fun.)10≤ 5 e LAr(Res.) - LAeq(Fun.) ≤ 4 e Lden ≤ 63 dB(A) Lden ≤ 63 dB(A) Considerando fontes sonoras Mutuamente Incoerentes, tem-se que, por definição, o LAeq,T do Ruído Resultante [LAeq,T(Res.)] é dado pela Soma Energética do LAeq,T do Ruído de Fundo [LAeq,T(Fun.)] com o L Aeq,T do Ruído Particular [LAeq,T(Par.)], ou seja: LAeq,T(Res.) = LAeq,T(Fun.) ⊕ LAeq,T(Part.) Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 231 É expectável que no decorrer da fase de construção se registe um aumento dos níveis de ruído no local das obras e envolvente e também na envolvente aos acessos usados, sobretudo devido a actividades diversas ligadas à construção (escavações, movimentação de terras e materiais, pavimentação, entre outras) que implicam a utilização de máquinas e equipamentos ruidosos (ex: cilindros, abre-valas, retroescavadoras, dumpers) e ao tráfego de veículos pesados de fornecimento/expedição de materiais. Os níveis de ruído gerados durante esta fase serão normalmente descontínuos, podendo oscilar entre uma gama alargada de valores, entre os 70 e os 110 dB(A) (Figura 5.7.1). Figura 5.7.1 – Níveis de ruído produzidos por alguns tipos de máquinas e equipamentos correntemente utilizados em construção civil Os níveis gerados poderão apresentar variações significativas associadas ao tipo de operações realizadas, ao seu período de duração e ao modo de utilização do material e equipamento necessário. Como tal, é usual nesta fase realizar apenas uma abordagem qualitativa aos níveis sonoros, tendo por base o Decreto-Lei n.º 221/2006, de 8 de Novembro, que estabelece as regras a aplicar em matéria de emissões sonoras de equipamento para utilização no exterior (revoga o Decreto-Lei n.º 76/2002, de 26 de Março, que aprovara o “Regulamento das Emissões Sonoras de Equipamento para Utilização no Exterior”). No quadro que se segue indicam-se as distâncias correspondentes aos Níveis Sonoros Contínuos Equivalentes, Ponderados A (LAeq), de 65, 55 e 45 dB(A), considerando fontes pontuais usualmente utilizadas em obras de construção civil, um meio de propagação homogéneo e quiescente e os valoreslimite de potência sonora definidos no referido diploma legal. 232 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 5.7.2 – Distâncias correspondentes a LAeq de 65 dB(A), 55 dB(A) e 45 dB(A) (fase de construção) P: potência instalada efectiva (kW) Tipo de equipamento Pel: potência eléctrica (kW) m: massa do aparelho (kg) Compactadores (cilindros vibrantes, placas vibradoras e apiloadores vibrantes) Distância à fonte (m) LAeq65 LAeq55 LAeq45 P≤8 8<P≤70 P>70 40 45 >46 126 141 >146 398 447 >462 P≤55 P>55 32 >32 100 >102 316 >322 P≤55 P>55 25 >26 79 >81 251 >255 P≤15 P>15 10 >10 32 >31 100 >99 Martelos manuais, demolidores e perfuradores m≤15 15<m≤30 m>30 35 ≤52 >65 112 ≤163 >205 355 ≤516 >649 Grupos electrogéneos de soldadura e potência Pel≤2 2<Pel≤10 Pel>10 ≤12 ≤13 >13 ≤37 ≤41 >40 ≤116 ≤130 >126 P≤15 P>15 14 >15 45 >47 141 >147 Dozers, carregadoras e escavadoras-carregadoras, com rasto contínuo Dozers, carregadoras e escavadoras-carregadoras, com rodas; dumpers, niveladoras, compactadores tipo carregadora, empilhadores em consola com motor de combustão, gruas móveis, compactadores (cilindros não vibrantes), espalhadoras-acabadoras, fontes de pressão hidráulica Escavadoras, monta-cargas, guinchos de construção, moto-enxadas Compressores Dependendo do número de equipamentos a utilizar – total e por tipo – e dos obstáculos à propagação sonora, entre a zona de obra e os receptores sensíveis, os valores apresentados no quadro anterior podem aumentar ou diminuir significativamente. De qualquer forma o quadro é indicativo de que a menos de 50 metros da obra o ruído particular deverá ser superior a 65 dB(A). As actividades de obra serão assim responsáveis pelo aumento temporário dos níveis sonoros locais numa faixa adjacente até 50-100m, numa magnitude que se estima média. Para distâncias superiores a 100 m (relativamente às fontes sonoras), considera-se usualmente que os níveis de ruído estão sujeitos a fenómenos de atenuação que reduzem o seu efeito perturbador nos receptores existentes. Um outro efeito negativo também decorrente das obras de construção civil está associado a um acréscimo do tráfego de veículos pesados, resultante da necessidade de assegurar o transporte de materiais, máquinas e trabalhadores. Devido às características da obra, considera-se que a movimentação de maquinaria, em especial de camiões de transporte de terras poderá ser significativa. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 233 A passagem de um camião típico de transporte de mercadorias provoca instantaneamente níveis de ruído elevados (LAeq médio entre 70 e 75 dB(A)). No entanto, as características do ruído gerado, nomeadamente a sua intensidade, dependem de uma multiplicidade de factores, entre os quais o volume de tráfego, a velocidade de circulação, o estado de conservação e a carga transportada pela viatura, o estado e inclinação da via, entre outros. A envolvente à rede viária da zona é actualmente pouco a medianamente perturbada em termos acústicos, pelo que a actividade de transporte de materiais deverá vir a implicar um aumento de magnitude média nos níveis sonoros face aos resultantes do tráfego actual. No cômputo geral, os receptores sensíveis mais próximos (núcleo junto ao actual barragem) e habitação junto ao IP2, a oeste do futuro parque empresarial serão afectados de forma negativa, de uma forma geral pouco significativa, na maior parte da extensão da fase de construção, podendo vir a ser pontualmente significativa quando se desenvolverem as intervenções programas para a envolvente aos mesmos (golfe e ALE, respectivamente). Pela sua distância à zona de obra e envolvência pelo IP2 não se considera que seja provável uma afectação relevante das habitações mais próximas pertencente ao núcleo urbano da vila de Castro Verde. 5.7.3.2. Fase de exploração Na fase de exploração as principais fontes sonoras potencialmente geradoras de efeitos negativos serão: • O tráfego automóvel associado ao normal funcionamento do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial (clientes, fornecedores, funcionários); • As actividades de manutenção, particularmente as do campo de golfe e dos jardins (corte de relva, sopro e recolha de folhagem, etc.); • O funcionamento de equipamentos (bombas, compressores, unidades de frio, condensadores, AVAC, exaustores, etc.), particularmente os instalados em espaços exteriores; • Outras actividades potencialmente ruidosas que se venham a instalar na área de localização empresarial. O Plano classifica a área de interesse, da seguinte forma: • “Zonas Mistas”: totalidade da área da Unidade de Execução I, destinada a usos de tipo residencial, hoteleiro, comércio e serviços, cultural, lazer e prática desportiva, incluindo as áreas para a prática de golfe, excluindo a área a Poente do Ramal Ferroviário de Neves Corvo (Parque Empresarial), ficando sujeitas aos limites Lden < 65 dB(A); Ln < 55 dB(A); 234 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Zonas sem classificação: área do PPC a Poente do Ramal Ferroviário de Neves Corvo (Unidade de Execução II), destinada a actividades de tipo industrial, serviços, etc., sem ocupação sensível ao ruído, não havendo limites sonoros aplicáveis ao seu interior. Para simulação da propagação sonora na área do Plano de Pormenor foi elaborado pela Certiprojecto, Lda. (Maio de 2011) um modelo acústico de simulação com recurso a um programa de cálculo automático específico para o efeito para o cenário de pleno funcionamento do Plano de Pormenor (2030). Com base nesta simulação foram elaborados, pela Certiprojecto, Lda. mapas de ruído para a área do Plano de Pormenor (Desenhos 31 A e 31 B do Plano de Pormenor). Verificou-se que para o cenário de pleno funcionamento do empreendimento, no ano horizonte 2030, identificaram-se como principais fontes ruidosas as vias de tráfego IP2, EM535 e a via principal de acesso ao empreendimento. Apresenta-se seguidamente a interpretação dos mapas de ruído efectuada no documento “Plano de Pormenor da Cavandela - Mapas de Ruído” (Certiprojecto, 2011): “Não obstante o ruído gerado nestas vias, a análise dos mapas de ruído permite prever que na generalidade da área de intervenção do PPC o ambiente sonoro será pouco perturbado, com níveis sonoros Lden < 65 dB(A) e Ln < 55 dB(A), cumprindo os valores limite de exposição (art.º 11.º do Dec.-Lei n.º 9/2007) aplicáveis às zonas classificadas como “mistas” no Regulamento do PPC. Em zonas afastadas das referidas vias os indicadores regulamentares Lden e Ln tomam valores inferiores conduzindo a zonas de maior calmia. Na área do Parque Empresarial (a poente do Ramal Ferroviário de Neves Corvo) é previsível que o ambiente acústico se apresente relativamente perturbado durante o período diurno (no período nocturno a actividade será reduzida), em particular junto à via principal de acesso ao Parque, devido ao tráfego rodoviário afecto às actividades a desenvolver (com componente significativa de veículos pesados), embora nesta área não sejam aplicáveis quaisquer exigências regulamentares em matéria de ruído ambiente, dado que, por não apresentar ocupação sensível ao ruído, não é classificada como “zona sensível” nem como “zona mista”. Prevê-se assim, na totalidade da área do PPC, o integral cumprimento das disposições regulamentares aplicáveis em termos dos valores limite de exposição (art.º 11.º do Dec.-Lei n.º 9/2007), considerando-se que o ambiente sonoro até ao ano horizonte do estudo (2030) é adequado aos usos do solo previstos. Salienta-se que o Ramal Ferroviário de Neves Corvo (no qual não se prevê uma evolução dos volumes de tráfego que agrave as condições acústicas actuais), determina níveis sonoros Lden ≈ 45 dB(A) a 25m da Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 235 via, não afectando o período nocturno, concluindo-se assim que tem uma influência muito reduzida (e desprezável) no ambiente sonoro da área em apreciação. No que respeita às condições acústicas apercebidas em zonas com ocupação sensível situadas no exterior da área do PPC, os mapas de ruído elaborados permitem também prever que serão cumpridas, até ao ano horizonte do projecto, as disposições regulamentares aplicáveis (art.º 11.º do Dec.-Lei n.º 9/2007 – Valores limite de exposição).” Face ao exposto, e atendendo à localização dos principais receptores sensíveis identificados, prevê-se que o efeito sonoro na fase de exploração seja negativo, permanente, de magnitude reduzida e pouco significativo. 5.7.4. Saneamento 5.7.4.1. Fase de construção Água O abastecimento de água potável durante a obra deverá vira a ser realizado em semi-reboques e autotanques, abastecidos no posto mais próximo da rede pública, não sendo nesta fase possível determinar as quantidades envolvidas nem o período em que o abastecimento ocorrerá desta forma. Os efeitos gerados neste sistema prevêem-se irrelevantes nesta fase. Águas residuais As águas residuais durante a fase de construção serão sobretudo produzidas no estaleiro da obra, individualizando-se duas categorias: drenagem superficial (águas pluviais e de lavagem de pavimentos, máquinas e equipamentos) e esgotos das instalações sanitárias. A drenagem dos efluentes irá, possivelmente, efectuar-se numa rede de esgotos provisória a construir pelo empreiteiro, sendo previsível a sua ligação a fossas sépticas estanques com recolha periódica do efluente através de empresa licenciada ou dos serviços municipais competentes. Os efeitos no sistema de saneamento de Castro Verde dependerão das soluções de tratamento existentes nessa data, e serão mais adequadamente avaliados em fase de projecto, aquando da realização dos respectivos Estudos de Impacte Ambiental. 236 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Resíduos Durante a fase de construção irá ainda ser gerada uma multiplicidade de resíduos sólidos, tipicamente associados à execução de obras desta natureza, cujos quantitativos não estão disponíveis. Os resíduos de obra apresentarão, previsivelmente, as tipologias indicadas no Quadro 5.7.3 (segundo classificação da Lista Europeia de Resíduos, aprovada pela Portaria n.º209/2004). Os códigos LER identificados com “*” são considerados resíduos perigosos. Quadro 5.7.3. – Principais tipologias de resíduos esperadas na fase de construção LER Tipologias de resíduos esperadas na fase de construção 02 01 03 Resíduos de tecidos vegetais 02 01 04 Resíduos de plásticos 02 01 08* e 09 Resíduos agro-químicos 02 01 10 Resíduos metálicos 13 01 * Óleos hidráulicos usados 13 02 * Óleos de motores, transmissões e lubrificação usados 15 01 01 a 07 Embalagens de papel, cartão, plástico, madeira, metal, compósitas, misturas de embalagens e vidro 15 01 10* Resíduos de embalagem contendo ou contaminadas por resíduos de substâncias perigosas 15 02 02* Desperdícios contaminados e filtros de óleo 15 02 03 Filtros de ar 16 01 03 Pneus usados 16 01 17 Sucata diversa de metais ferrosos 16 01 18 Sucata diversa de metais não ferrosos 17 01 01 a 03 betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos 17 01 06* e 07 Misturas ou fracções separadas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos 17 02 01 a 17 02 03 17 02 04* 17 03 * 17 04 Madeira, vidro e plástico Madeira, vidro e plástico contendo ou contaminados com substâncias perigosas Misturas betuminosas, alcatrão e produtos de alcatrão Metais 17 05 04 Solos e rochas dos processos de movimentação de terras 17 06 04 Materiais de isolamento 17 08 02 Materiais de construção à base de gesso 17 09 04 Mistura de resíduos de construção 18 01 04 Pensos, compressas, ligaduras 20 01 01, 02, 39 e 40 20 01 08 Papel e cartão, vidro, plástico e metais recolhidos selectivamente Resíduos biodegradáveis Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 237 LER Tipologias de resíduos esperadas na fase de construção 20 01 13* Solventes 20 01 27* Tintas, produtos adesivos, colas e resinas contendo substâncias perigosas 20 01 28 Tintas, produtos adesivos, colas e resinas não abrangidos em 20 01 27 20 01 33* e 34 Pilhas e acumuladores 20 01 35* e 36 Equipamento eléctrico e electrónico 20 02 20 03 01 Resíduos “verdes” Misturas de resíduos urbanos e equiparados A categoria dos resíduos de construção e demolição (17 01 01 a 17 09 04) deverá ser dominante. O sistema de gestão de resíduos onde o concelho de Castro Verde se integra possui um conjunto diversificado de soluções que permitirá encaminhar para destino final adequado os resíduos produzidos. Deste modo, o destino final da maioria dos resíduos deverá ser o Parque Ambiental da AMALGA e o Centro de Triagem e Valorização de Resíduos de Construção e Demolição, ambos localizados em Beja (caso entretanto não tenha ainda entrado em funcionamento um centro mais próximo) com o transporte a ser realizado por empresas licenciadas. Parte dos resíduos, nomeadamente os perigosos, poderão ser recolhidos e encaminhados a outros destinos por entidades licenciadas. Havendo infra-estruturas adequadas para receber os resíduos produzidos no sistema e considerando que serão observadas boas práticas de separação e encaminhamento a destino final adequado dos resíduos gerados em obra, estarão criadas condições para que não ocorram efeitos negativos associados à produção e gestão de resíduos em obra. 5.7.4.2. Fase de exploração Água para consumo humano O abastecimento de água para consumo humano para o conjunto das actividades e funções previstas no PP será assegurado pelo concessionário público responsável pelo sistema plurimunicipal de saneamento e abastecimento de água em “alta”. O abastecimento será efectuado de três modos possíveis: • Através da rede pública, que preverá uma nova estação de tratamento de água (ETA) a construir a Nordeste da EM 535; • Através da rede pública, que preverá uma ampliação da estação de tratamento actualmente existente junto da Barragem do Monte da Rocha; 238 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Através da derivação de uma conduta adutora que serve Castro Verde que poderá, em caso de avaria ou manutenção da nova ETA abastecer parte do caudal necessário (situação excepcional). Deste modo, e estando já prevista por parte da Câmara Municipal de Castro Verde, a implementação de soluções de tratamento e distribuição de água para responder às necessidades das infra-estruturas a criar na área do Plano de Pormenor, os efeitos no sistema de tratamento e distribuição de água apenas se farão sentir em caso de avaria das infra-estruturas a criar. Deste modo, os efeitos prevêem-se nulos em situação normal. Águas residuais Na fase de exploração, as águas pluviais em excesso serão produzidas, essencialmente, nos meses de Inverno, quando se verifiquem duas situações simultaneamente: i) o solo se encontrar saturado e sem capacidade de infiltração e ii) o sistema de drenagem se encontrar saturado e sem capacidade de armazenamento de água nas barragens. As águas pluviais em excesso serão descarregadas directamente no meio receptor natural. No que respeita às águas de rega, uma parte será captada pelo sistema de drenagem e outra infiltrar-se-á no solo, pelo que não se verificará produção de efluentes líquidos associados a estas águas. A produção de esgotos na fase de exploração relaciona-se com a provável utilização do Conjunto Turístico de acordo com a época do ano. Prevê-se que venham a ser produzidos, em plena exploração, os seguintes caudais: Quadro 5.7.4 – Estimativa da produção de esgotos no conjunto turístico N.º de utentes* Caudal expectável** (m3/dia) Inverno 2000 413 a 533 Primavera 4700 889 a 1154 Verão 1000 255 a 327 Outono 4700 889 a 1154 (*)Ocupação estimada; (**) – Este valor expressa o caudal entre o valor objectivo e o valor normal Fonte: adaptado de Relatório do PP da Cavandela (Maio 2011) Em termos de destino final para os efluentes, prevê-se que os efluentes do Conjunto Turístico venham a ser encaminhados para a ETAR de Castro Verde, a ser alvo de remodelação (com capacidade futura para tratamento de 12 000 habitantes equivalentes e tratamento terciário), sendo os esgotos produzidos no Parque Empresarial tratados em ETAR própria, a construir por módulos, para permitir, em caso de avaria da ETAR de Castro Verde, que os esgotos do Conjunto Turístico sejam aqui tratados. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 239 Em termos de tratamento de águas residuais domésticas haverá duas vertentes distintas: • A ETAR de Castro Verde será concebida de forma a garantir um tratamento terciário que garanta a qualidade da água com vista à utilização da mesma para a rega do campo de golfe; • A nova ETAR a construir na área da Zona Empresarial será concebida de forma a garantir um tratamento terciário que garanta a qualidade da água com vista à utilização da mesma para rega do campo de golfe. Atendendo a que estão já previstas soluções para a drenagem, tratamento e reutilização para rega após tratamento, dos esgotos produzidos na área do plano de pormenor, os efeitos na fase de exploração das infra-estruturas a instalar na área do Plano de Pormenor no sistema de drenagem e tratamento de Castro Verde (a ampliar) prevêem-se nulos. O facto da nova ETAR a construir na área da Zona Empresarial permitir tratar, em caso de avaria da ETAR de Castro Verde, que os esgotos do Conjunto Turístico sejam aqui tratados, contribui para a minimização dos efeitos no sistema de drenagem e tratamento de esgotos de Castro Verde. De qualquer forma, haverá que acompanhar durante a exploração a qualidade do efluente tratado, através de monitorização. Resíduos Na fase de exploração, atendendo à diversidade de actividades abrangidas, deverão ser gerados resíduos de tipologias muito diversas (ver Quadro 5.7.5), associados ao funcionamento geral do Conjunto Turístico e Parque Empresarial e às operações de limpeza/manutenção das infra-estruturas, do campo de golfe e áreas ajardinadas. Quadro 5.7.5 – Principais tipologias de resíduos esperadas na fase de exploração LER Tipologias de resíduos esperadas na fase de exploração 02 01 03 Resíduos de tecidos vegetais 02 01 04 Resíduos de plásticos 02 01 07 Resíduos silvícolas 02 01 08* Resíduos agro-químicos contendo substâncias perigosas 02 01 09 Resíduos agro-químicos não incluídos em 02 01 08 02 01 10 Resíduos metálicos 13 01 * Óleos hidráulicos usados 13 02 * Óleos de motores, transmissões e lubrificação usados 15 01 01 a 07 Embalagens de papel, cartão, plástico, madeira, metal, compósitas, misturas de embalagens e vidro 240 15 01 10* Resíduos de embalagem contendo ou contaminadas por resíduos de substâncias perigosas 15 02 02* Desperdícios contaminados e filtros de óleo 15 02 03 Filtros de ar Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental LER Tipologias de resíduos esperadas na fase de exploração 16 01 03 Pneus usados 16 01 17 Sucata diversa de metais ferrosos 16 01 18 Sucata diversa de metais não ferrosos 17 01 06* e 07 Misturas ou fracções separadas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos 17 09 04 Mistura de resíduos de construção 18 01 01 e 18 02 01 Objectos cortantes e perfurantes 18 01 04 e 18 02 03 Pensos, compressas, ligaduras, etc 19 08 e 19 09 20 01 01, 02, 39 e 40 Resíduos de ETARs e ETAs Papel e cartão, vidro, plástico e metais recolhidos selectivamente 20 01 08 Resíduos biodegradáveis 20 01 13* Solventes 20 01 21* Lâmpadas fluorescentes e outros resíduos contendo mercúrio 20 01 25 Óleos e gorduras alimentares 20 01 27* e 28 Tintas, produtos adesivos, colas e resinas 20 01 33* e 34 Pilhas e acumuladores 20 01 35* e 36 Equipamento eléctrico e electrónico fora de uso 20 02 Resíduos “verdes” 20 03 04 Resíduos de limpeza de ruas 20 03 01 Misturas de resíduos urbanos e equiparados 20 03 07 Monstros 20 03 04 Lamas das barragens Nota: A classificação dos resíduos segundo a Lista Europeia de Resíduos (LER) foi aprovada pela Portaria 209/2004, de 3 de Março. Os códigos LER identificados com “*” são considerados resíduos perigosos. Parte dos resíduos que resultarão das actividades a instalar na Área de Localização Empresarial não são apresentados, uma vez que não se conhecem ainda as empresas que aqui se irão instalar Pretende-se em relação aos resíduos produzidos na construção aplicar o princípio dos “três R”, nomeadamente reduzir, reutilizar e reciclar. No projecto dos edifícios: • Especificar-se-á sempre que possível materiais e tecnologias que conduzam a uma redução dos desperdícios e resíduos na construção; • Far-se-á a separação e o reaproveitamento de entulhos para fins de agregados de substituição e de camadas de agregados de base na própria construção; • As fracções de resíduos químicos de baixo teor, metais, madeiras e sintéticos serão separadas, existindo para esse fim contentores e um sistema adequado em obra; • Controlar-se-á com indicadores do sistema de monitorização do Conjunto Turístico, o grau de reutilização e reciclagem dos resíduos de construção, tendo por meta um valor superior a 70%. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 241 Instalar-se-ão ecopontos e, a partir do Centro de Interpretação Ambiental, promover-se-ão acções de formação e divulgação de informação sobre o tema alargando a sua frequência aos habitantes de Castro Verde. Procurar-se-á ainda incentivar soluções de compostagem que possam reduzir a pressão sobre o sistema público. Esta compostagem poderá ser recuperada pelos serviços de manutenção, prevendo-se a instalação de uma empresa de criação de plantas, para o golfe e jardins, no Parque Empresarial. Para os resíduos sólidos urbanos, às preocupações já referidas para os resíduos de materiais de construção, acrescenta-se a de assegurar uma gestão adequada de resíduos orgânicos, incluindo a biomassa resultante de operações de manutenção de espaços verdes e jardins, num sistema eficaz de valorização através de aplicações na agricultura, em compostagem ou em, em última instância, de valorização energética. No caso do Conjunto Turístico, a maior parte dos resíduos produzidos deverá ser do tipo doméstico ou equiparado (resíduos verdes, resíduos indiferenciados, vidro, papel/cartão, embalagens de plástico e de metal, resíduos orgânicos), podendo ser encaminhados para a Estação de Transferência de Castro Verde. A integração na estratégia Municipal ou Intermunicipal, para o sistema de separação, recolha, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos deverá vir a ser articulada com a Câmara Municipal de Castro Verde. Quanto aos resíduos perigosos, originados nas acções de manutenção dos equipamentos (óleos usados e materiais com estes contaminados - filtros e desperdícios; embalagens contendo ou contaminadas por resíduos de substâncias perigosas, etc.) e aos resíduos da prestação de cuidados de saúde, não se prevê a produção de quantidades muito relevantes, no entanto, este tipo de resíduos necessitam de uma gestão individualizada. Existem diversas entidades licenciadas para proceder à recolha e encaminhamento destes resíduos, pelo que não haverá efeitos negativos a assinalar nesta componente, caso seja contratada uma entidade licenciada para o efeito. As lamas dos lagos, ETA e ETAR poderão, em princípio, ser encaminhadas para o aterro sanitário existente. Os efeitos associados à produção e gestão de resíduos dependem, essencialmente, da tipologia dos resíduos, das condições armazenagem temporária, das taxas de reutilização e valorização e da disponibilidade e capacidade das infra-estruturas de gestão existentes na região. Os actuais semi-reboques da estação de transferência, que recebem os resíduos recolhidos nos concelhos de Castro Verde e Ourique, têm uma capacidade de 90m3, correspondendo a 24 toneladas de resíduos (www.amalga.pt, 6-04-2011). Considerando uma capitação média de 1,1 kg/hab.dia (com base nos quantitativos disponibilizados pela AMALGA para a população de Castro Verde - ver caracterização da situação de referência), serão transportados diariamente para a estação de transferência, com proveniência dos dois concelhos, cerca de 15 t de RSU. 242 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Com o funcionamento do Conjunto Turístico, nos períodos de Outono e Primavera (para os quais se espera uma ocupação máxima de 5 000 utentes) haverá que garantir capacidade para cerca de 20 t/dia. Deste modo, haverá um aumento de cerca de 5 t de resíduos/dia face à situação actual. Contudo, à data de pleno funcionamento do Conjunto Turístico, as soluções de armazenagem e deposição de resíduos no concelho deverão ser já diferentes das actuais. Por exemplo, o aterro sanitário do Parque Ambiental em Beja, em funcionamento desde 2001, foi dimensionado para uma capacidade de 841 000 m3 e uma vida útil de 14 anos, pelo que à data do pleno funcionamento do Conjunto Turístico terá já esgotado a sua capacidade, e outras soluções deverão já ter sido previstas e implementadas. Assim, caso não fossem previstas novas infra-estruturas de gestão de resíduos, ou seja, considerando os efeitos sobre as infra-estruturas actualmente existentes no concelho, estes seriam negativos, directos, permanentes, reversíveis, de âmbito regional, de magnitude média e significativos. No entanto, considerando que a Câmara Municipal de Castro Verde integra o sistema intermunicipal de gestão de resíduos, será de prever a criação de novas infra-estruturas (nomeadamente ao nível da deposição em aterro) tomando já em consideração o desenvolvimento previsto para a Herdade da Cavandela, pelo que os efeitos dos resíduos produzidos na fase de exploração dos projectos sobre as infra-estruturas de gestão de resíduos existentes àquela data, esperam-se negativos, directos, permanentes, reversíveis, de âmbito regional, de magnitude reduzida (nos meses de Verão de Inverno) a média (nos meses de Outono e de Primavera), mas de significância reduzida. Contudo, a avaliação da magnitude e significância dos efeitos deverá ser analisada em maior pormenor em fases subsequentes de desenvolvimento. 5.8. Ecologia, fauna e flora 5.8.1. Introdução No presente capítulo são identificados e avaliados os efeitos decorrentes da estratégia de intervenção prevista no Plano de Pormenor da Cavandela sobre a componente ecológica da área objecto desse mesmo Plano. A identificação e avaliação dos efeitos baseiam-se na situação de referência anteriormente caracterizada e no conhecimento existente sobre as intervenções previstas no Plano de Pormenor, nomeadamente, nas fases de construção e exploração dos respectivos projectos actualmente ainda em fase de desenvolvimento. 5.8.2. Fase de construção Na fase de construção, tendo em conta as características dos projectos a desenvolver em sequência da ocupação do solo prevista no Plano de Pormenor, prevê-se que as principais acções susceptíveis de gerar Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 243 efeitos sobre a componente ecológica – habitats, flora e fauna – da área de estudo sejam a circulação de maquinaria de apoio à obra e a preparação do terreno, movimentações de terras e construção de infraestruturas e equipamentos diversos. O desenvolvimento no terreno destas acções deverá ser cuidadosamente planeado, de forma a reduzi-las ao mínimo imprescindível e a localizá-las preferencialmente nas zonas actualmente mais humanizadas da área de estudo, correspondentes ao(s) habitat(s) com menor valor do ponto de vista da conservação (áreas edificadas). Os principais efeitos expectáveis durante a fase de construção são os seguintes: • Destruição e fragmentação de habitats; • Contaminação de habitats. Destruição e fragmentação de habitats A preparação dos terrenos para construção dos edifícios e equipamentos, incluindo os equipamentos desportivos, áreas de golfe, barragens de água, estação de tratamento de águas residuais, redes de abastecimento, saneamento e telecomunicações, envolvem acções de limpeza e desmatação, com consequente destruição de partes de alguns habitats e a fragmentação das áreas restantes. Analisando a localização dos edifícios e equipamentos mencionados é possível constatar que os mesmos se distribuem um pouco por toda a área em estudo, muito embora se possa identificar uma maior incidência da actividade construtiva na área da Tapada, circunscrita genericamente pelo muro de adobe. Identificam-se actualmente neste local um povoamento de sobreiros e azinheiras (Povoamento 1, 31,1 ha), assim como exemplares isolados de ambas as espécies (cf. Desenho 18, Volume II). Relativamente à intervenção sobre esta área, importa tecer as seguintes considerações: - O Povoamento 1, situado na área da Tapada, com cerca de 31,3 ha, apresenta um sobcoberto degradado, marcado pela total ausência de estrato arbustivo e de pastagens vivazes que constituem o sobcoberto dos montados tradicionais, em virtude da pressão antrópica associada ao pastoreio intenso e do incêndio que percorreu a área a 11 de Julho de 2006; - O Povoamento 2, situado no limite NO da Herdade, com cerca de 3,7 ha, fora da área de implantação dos lotes urbanos previstos; - Todavia, é de salientar a importância destes povoamentos de sobreiros e azinheiras (montados) para a generalidade dos grupos animais presentes na área em estudo. Relativamente à avifauna, os montados constituem o habitat que suporta a maior diversidade específica deste grupo, sendo de destacar a presença detectada durante os 244 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental trabalhos de campo de diversos passeriformes e de algumas rapinas, como o tartaranhãocaçador (Circus pygargus), espécie de interesse comunitário (de acordo com a Directiva Aves, anexo I), com estatuto Em Perigo de acordo com o “Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal” (Cabral et al., 2008); - No âmbito do desenvolvimento do plano, procedeu-se a estudos de compatibilização do desenho urbano com a salvaguarda de sobreiros e azinheiras, tendo por base o levantamento efectuado à escala 1: 5 000 (ver Anexo 10 do Relatório do Plano de Pormenor), tendo resultado a inexistência de afectação dos povoamentos existentes. Além disso, o regulamento refere, entre outros, que: • Artigo 15º: Os exemplares de sobreiros e de azinheiras singulares ou em povoamento, que apresentem condições de viabilidade fito-sanitária, são condicionantes para quaisquer acções de execução do plano, sendo interdita a danificação dos sistemas radiculares, do tronco e da copa, nos termos do respectivo regime jurídico de protecção; • Artigo 33º (2): nos diversos espaços que constituem a estrutura ecológica devem ser preservados e mantidos os exemplares arbóreos notáveis. Desta forma, e mesmo tendo em consideração que a intervenção prevista não afecta povoamentos, caso venha a revelar-se necessário o corte ou arranque (ainda que pontual) de exemplares isolados de sobreiros e azinheiras, o mesmo terá um efeito negativo, directo, irreversível, local, de magnitude baixa e, em todo o caso, pouco significativo no contexto local e regional dos habitats dominantes. Este efeito será contudo minimizado, passando mesmo a positivo, com as acções de plantio de quercíneas preconizadas no plano (art.º 34º e 37 e 68º do regulamento do PP), nas matas de grande porte que acompanham a Cumeada, nas faixas arbóeo-arbustivas e no parque da Tapada. Estas acções devem respeitar, no mínimo, as compensações previstas na legislação em vigor no caso de necessidade de abate de exemplares isolados. Relativamente às culturas extensivas de sequeiro – habitat predominante na área em estudo, da qual ocupa cerca de 82,6% – será essencialmente sobre a avifauna que se farão sentir os efeitos decorrentes das intervenções sobre este habitat. Quanto aos restantes grupos faunísticos ocorrentes nesta área, bem como às comunidades florísticas inventariadas, refira-se que as comunidades bióticas em presença apresentam em geral uma importância reduzida do ponto de vista da conservação. Relativamente aos restantes habitats – olival, vegetação higrófila das linhas de água, charca permanente da Ribeira da Nora e outros povoamentos florestais mistos – tecem-se as seguintes considerações: Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 245 - Relativamente ao olival, atendendo ao nível de perturbação verificado (ver 4.8.3), à relativamente reduzida percentagem de área deste habitat a intervencionar e à reduzida importância em termos florísticos do mesmo (não obstante a relevância que apresenta para a fauna), o efeito decorrente da destruição e fragmentação de parte deste habitat deverá ser considerado negativo, certo, directo, irreversível, local, de baixa magnitude e pouco significativo; - Dada a baixa riqueza específica e a ausência de estruturação das comunidades ribeirinhas associadas às linhas de água existentes na área em estudo (ver 4.8.3), completamente embebidas que estão no mosaico cerealífero envolvente, devido ao uso agrícola e pastoreio intensos, a intervenção a produzir sobre estas linhas de água, nomeadamente em resultado da construção das barragens, que provocará uma inundação das respectivas margens, deverá resultar num efeito negativo, provável, indirecto, local, de baixa magnitude e pouco significativo; - Relativamente ao povoamento florestal misto que ocupam uma pequena área de cerca de 0,5 hectares junto à charca da Ribeira Nova, o mesmo insere-se numa área para a qual a proposta de ocupação de solo do Plano de Pormenor prevê “conjuntos arbóreos de grande porte (pinheiros mansos, azinheiras e sobreiros)”. Dada a actual composição específica do referido povoamento (que inclui, entre outras espécies, eucaliptos), qualquer intervenção a produzir nesta área terá em princípio um efeito positivo, provável, indirecto, local, de baixa magnitude e pouco significativo; - Relativamente à charca da Ribeira da Nora, não se prevêem nesta fase acções susceptíveis de provocar a destruição ou fragmentação deste habitat. Contaminação de habitats O conjunto das actividades previstas na fase de construção, envolvendo a movimentação de terras e de maquinaria diversa, poderão provocar emissão e deposição de poeiras e terras sobre os diversos habitats. Poderão igualmente ocorrer outras formas de contaminação – química, nomeadamente – por derramamento acidental de substâncias utilizadas na obra, como óleos e lubrificantes, combustíveis, decapantes entre outros, que poderão afectar as comunidades florísticas e faunísticas. Naturalmente que a implementação de medidas adequadas de segurança na obra permitirá reduzir a probabilidade de ocorrência destas eventualidades. Desta forma, considera-se este efeito como sendo negativo, directo, mas improvável, e reversível, sendo a sua magnitude e significância variáveis em função da natureza e quantidade do(s) produto(s) derramado bem como dos habitats atingidos. 246 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Avifauna Os trabalhos de campo desenvolvidos na área do Plano de Pormenor de Cavandela revelaram que a maioria das espécies com estatuto de protecção elevado – com excepção do Sisão e da Calhandra-real – apresenta uma ocorrência ocasional na área em estudo, utilizando-a essencialmente como zona de passagem nas suas deslocações. Desta forma, o efeito sobre estas espécies decorrente da implantação dos projectos previstos no Plano de Pormenor será negativo embora pouco significativo. As aves mais sensíveis são aquelas para as quais a área em estudo representa um recurso importante, enquanto habitat de alimentação, por exemplo, mas especialmente enquanto habitat de nidificação. As duas espécies nidificantes na área do Plano de Pormenor com maior estatuto de conservação são o Sisão (Tetrax tetrax) e o Rolieiro (Coracias garrulus). Mesmo assumindo que a implementação dos projectos previstos no Plano de Pormenor iria deslocar todos os machos de Sisão da área, o efeito é avaliado como negativo, mas pouco significativo a significativo, considerando que a espécie tem o estatuto de conservação mais elevado ao nível comunitário, mas que em Portugal encontra-se apenas “Vulnerável” e que será afectada uma percentagem muito reduzida da população nacional e mesmo regional (cerca de 0,07% da população de Sisão de todo o Alentejo). Os efeitos sobre o Sisão poderão, no entanto, ser minimizáveis, dado que se prevê que parte da área seja mantida com exploração agrícola. Através da selecção adequada dessas áreas, de modo a coincidirem com territórios de Sisão na área de estudo, e com a manutenção de culturas anuais de sequeiro em regime extensivo numa área significativa, poderá eventualmente ser possível manter a utilização da área do Plano de Pormenor como habitat de nidificação para o Sisão. Quanto ao Rolieiro, admitindo que a restauração do monte da Herdade da Cavandela leve a que estes casais deixem de nidificar neste sítio, o que é o cenário mais provável, o efeito do projecto sobre esta espécie é considerado como negativo e significativo, dado afectar uma percentagem reduzida mas relevante da população regional de uma espécie “criticamente em perigo” de extinção no nosso país (0,2% a 2% da população nacional e 3 a 5 % da população regional). Os efeitos da implantação dos projectos previstos no Plano de Pormenor sobre esta espécie são, no entanto, minimizáveis através da instalação de locais de nidificação artificiais alternativos na área do Plano de Pormenor. Segundo Catry et al. (2003 in ICN, 2006), as acções de disponibilização de paredes artificiais, cavidades e ninhos artificiais para Francelho (Falco naumanni) em Portugal têm tido sucesso também para o Rolieiro, verificando ainda que em Espanha houve um incremento da densidade de casais após uma campanha de instalação de ninhos artificiais (Avilés et al. 1999 in ICN, 2006). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 247 Assim a criação e instalação de ninhos artificiais para Rolieiro, medida cujo projecto deverá ser desenvolvido posteriormente, poderá reduzir a significância do efeito sobre esta espécie para pouco significativo. Quanto à Calhandra-real (Melanocorypha calandra), o facto da maior parte da população se encontrar concentrada numa pequena região, aumenta a sua vulnerabilidade a factores adversos. Não obstante, tendo em conta o número de indivíduos estimados para a área de estudo (36), o seu peso a nível regional e nacional (no máximo 0,42% e 0,36%, respectivamente) e o seu estatuto de conservação a nível global e em Espanha (“Pouco Preocupante”), o efeito do projecto sobre a Calhandra-real considera-se como negativo mas pouco significativo, considerando-se que também aqui poderão ser adoptadas as mesmas medidas de minimização preconizadas para o Sisão. 5.8.3. Fase de exploração A proposta de ocupação de solo do Plano de Pormenor da Cavandela prevê uma intervenção profunda sobre a generalidade dos habitats actualmente existentes na área em estudo. O abandono das culturas cerealíferas, a plantação de pomares, vinha, povoamentos florestais (incluindo pinheiros, sobreiros e azinheiras), campos de aromáticas, o estabelecimento de galerias ripícolas em torno de algumas das linhas de água e barragens a criar, entre outras intervenções, para além dos efeitos anteriormente associados à fase de construção, prefiguram uma extensa reconversão de habitats (em especial do habitat actualmente dominante: as culturas extensivas de sequeiro), com a criação de novos habitats. Apesar de as operações que produzirão estas alterações se processarem durante a fase de construção, espera-se que os seus efeitos se reflictam subsequentemente, durante a fase de exploração, pelo que estes são aqui considerados. Numa apreciação global, sob o ponto de vista dos habitats e comunidades florísticas em presença, a introdução das plantações acima referidas irá diversificar o mosaico actualmente existente, enriquecendoo face à situação de referência descrita. Mesmo tendo em conta que uma parte importante dos habitats actuais será totalmente artificializada – a correspondente às áreas edificadas e vias de circulação, apresentando um valor nulo do ponto de vista ecológico, a intervenção a produzir nas restantes áreas poderá produzir habitats semi-naturais com algum interesse do ponto de vista das comunidades florísticas e faunísticas potenciais (ou, pelo menos, com um interesse acrescido face à situação actual). Trata-se de um efeito positivo, provável, local, de moderada magnitude e significância previsivelmente baixa. Excluemse desta apreciação as áreas a afectar a campos desportivos e as áreas de golfe de jogo activo. A plantação de sobreiros e azinheiras para regeneração e densificação do povoamentos de sobreiros e 248 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental azinheiras existentes e para caiação de novos núcleos, constitui igualmente um efeito positivo, provável, local, de baixa magnitude e significativo. Deve referir-se, todavia, que de uma forma geral, com o novo mosaico de habitats a implementar, a demanda de água (e nutrientes) por parte das novas comunidades florísticas será significativamente superior à actual, o que colocará exigências acrescidas em termos de rega. Em especial, é de salientar, ainda no âmbito da análise de efeitos decorrentes das alterações ao uso do solo previstas, a questão da manutenção dos campos relvados (áreas de golfe tratadas e regadas e campos desportivos). Os campos relvados a estabelecer resultarão fundamentalmente de uma reconversão de parte substancial do habitat culturas extensivas de sequeiro. A manutenção destes espaços verdes irá envolver irrigação frequente, bem como a previsível aplicação de fertilizantes e fitofármacos. Na ausência duma planificação cuidada da manutenção destes espaços, que envolva uma definição criteriosa das necessidades de rega e de aplicação de fertilizantes e fito-fármacos, poderão ocorrer consumos muito superiores ao estritamente necessário. Nestas condições, ocorrerão fenómenos de escorrência para áreas adjacentes, com possível contaminação das mesmas, nomeadamente com compostos azotados e fosfatados. É um problema que deverá ser tido em conta para a generalidade dos habitats, e em especial para os ecossistemas aquáticos: linhas de água e barragens (a actualmente existente e as três a criar). Os compostos referidos poderão ter dois tipos de efeitos: a curto prazo, a indução de fenómenos de eutrofização de massas de água e, a médio/longo prazo, o potencial favorecimento de espécies vegetais de crescimento rápido, com acentuada demanda de nutrientes e com potencial infestante, alterando a composição florística com eventual redução da biodiversidade. Trata-se de um efeito negativo, improvável – tendo em conta as medidas de minimização que poderão ser adoptadas, indirecto, irreversível e de magnitude e significância variáveis em função dos volumes de escorrência e das concentrações finais dos compostos nos meios receptores. Face ao estado de conservação actual desfavorável da vegetação ribeirinha (tanto das linhas de água como da barragem da Ribeira da Nora – ver 4.8.3), o estabelecimento de galerias ripícolas ao longo das linhas de água e das barragens a criar constituirá um importante elemento de valorização ecológica destes habitats, incrementando a riqueza e estruturação das comunidades florísticas e funcionando, por um lado, como protecção contra a erosão do solo e, por outro lado, como locais de abrigo e alimentação de alguma fauna local. Trata-se de um efeito positivo, certo, directo/indirecto, irreversível, de baixa magnitude e significativo. Por fim, um outro tipo de efeitos que importa considerar durante a fase de exploração decorre da intensificação da presença e circulação humanas no local. O incremento da circulação viária e pedonal na Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 249 área do Plano de Pormenor da Cavandela poderá provocar efeitos ao nível dos habitats e comunidades bióticas, com o incremento do pisoteio e a consequente possível destruição ou danificação de vegetação, a emissão e deposição de resíduos diversos e a consequente contaminação de habitats. Tratam-se em ambos os casos de efeitos negativos, prováveis, directos/indirectos, reversíveis, de magnitude e significância variáveis. 5.9. Uso do solo e ordenamento do território 5.9.1. Introdução Neste capítulo será analisada a compatibilidade da proposta de ocupação do solo do Plano de Pormenor da Cavandela com as figuras de ordenamento do território, servidões e condicionantes ao uso do solo em vigor. Os efeitos são avaliados para as actividades que se prevê vir a desenvolver na área do PP nas fases de construção e exploração, segundo a proposta de ordenamento do Plano. 5.9.2. Fase de construção De um modo geral, os efeitos esperados durante a fase de construção prendem-se com a afectação física de condicionantes, servidões e restrições de utilidade pública. Considerando que as intervenções serão realizadas mediante o respeito pela legislação aplicável (identificada no ponto 4.9.4), e com a devida autorização das autoridades competentes, os efeitos esperados classificam-se da seguinte forma: • REN: as intervenções previstas incluem-se no n.º 2 do Artigo 20º do Decreto-lei n.º 166/2008, de 22 de Agosto - usos e as acções compatíveis com os objectivos de protecção ecológica e ambiental e de prevenção e redução de riscos naturais de áreas integradas em REN; o efeito esperado é local, reversível, de magnitude baixa, e pouco significativo; • RAN: as intervenções nesta área incluem-se no Artigo 22.º ponto 1 alínea i) do Decreto-Lei n.º 73/2009 de 31 de Março, nos limites da Portaria 162/2011, de 18 de Abril; o efeito esperado classifica-se como local; a magnitude, reversibilidade e significância dependerão da alteração à topografia, e deverão ser analisados no âmbito do EIA a desenvolver para o projecto do campo de golfe, esperando-se no entanto uma magnitude média e um efeito pouco significativo; 250 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental • Domínio público hídrico: a construção das barragens carece de título de utilização, recomendando-se que o seu efeito seja analisado no âmbito do EIA a desenvolver para o projecto do campo de golfe; as plantações em domínio hídrico carecem de título de utilização, prevendo-se que dêem origem a um efeito pouco significativo; • Protecção de sobreiros e azinheiras: a cartografia do PP (nomeadamente o Desenho 2) identifica os povoamentos e todos os exemplares de sobreiros e de azinheiras viáveis como condicionantes. Face aos polígonos de implantação das edificações verifica-se que não são afectados quaisquer dos dois povoamentos identificados. Poderá no entanto ocorrer a afectação pontual de exemplares isolados, nos termos das possibilidades legais na matéria, o que deverá ser averiguado com maior rigor na fase seguinte de desenvolvimento, atendendo a que será certamente possível fazer ajustes no desenho urbano para evitar eventuais afectações. Nestas condições, pensa-se que os eventuais efeitos negativos poderão ser considerados pouco significativos, e compensáveis pela plantação já prevista de novos exemplares. • Centro radioeléctrico e áreas non aedificandi de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e da rede eléctrica: os efeitos das intervenções, mediante autorização, esperam-se locais, reversíveis, de magnitude baixa e pouco significativos. 5.9.3. Fase de exploração Na fase de exploração importa analisar a forma como o Plano de Pormenor da Cavandela integra as orientações e os objectivos de sustentabilidade dos planos aplicáveis à área de intervenção. - Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território (PNPOT) O Plano de Pormenor apresenta uma coerência forte com a opção estratégica territorial traçada no PNPOT para a região do Alentejo: “Incentivar o desenvolvimento sustentável das actividades turísticas de modo a compatibilizar a protecção e valorização do património natural com a afirmação da fileira de produtos turísticos diferenciados que aproveitem em pleno as especificidades e a qualidade ambiental, paisagística, patrimonial e cultural dos vários espaços do Alentejo”. - Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA) De acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2010, de 2 de Agosto, são excluídos da necessidade de adaptação às orientações do PROTA, sem prejuízo da norma 183, a elaboração, alteração ou revisão em curso de planos de urbanização e planos de pormenor, nomeadamente os que enquadrem empreendimentos turísticos, caso: Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 251 - a) O procedimento de formação de contrato que tenha por objecto a elaboração de um projecto de plano se tenha iniciado ou a sua elaboração tenha sido determinada até 7 de Maio de 2009, com a deliberação prevista no n.º 4 do artigo 6.º -A ou no n.º 1 do artigo 74.º do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro; - b) A aprovação do plano pela assembleia municipal ocorra no prazo máximo de 12 meses após a entrada em vigor da resolução que aprova o PROTA. Relativamente ao PROTA, o Plano de Pormenor caracteriza-se também pela coerência ao nível dos objectivos gerais desse instrumento, referidos no ponto 4.9, destacando-se os seguintes: • Promover o crescimento económico e o emprego; • Suster a perda demográfica e qualificar e atrair recursos humanos; • Consolidar o sistema urbano e desenvolver um novo relacionamento urbano – rural; • Valorizar e preservar o património natural, paisagístico e cultural; • Implementar um modelo de turismo sustentável; • Combater os processos de desertificação. Relativamente aos desígnios estabelecidos nesse instrumento, nomeadamente ao “contribuir para a ampliação da base económica regional” e “qualificação da organização territorial de suporte às actividades económicas e de atracção de empresas e de população em idade activa”. Neste contexto, o PP associa-se também aos objectivos do PROTA no que se refere a “Uma região com um relevante património natural, paisagístico e cultural, assente na protecção e valorização ambiental, manifestando resultados eficazes no combate ao processo de desertificação, e na valorização e preservação dos recursos históricos e culturais”. Relativamente ao enquadramento do Plano de Pormenor nas orientações/definições dos sistemas agrosilvopastoris onde se insere (Mapa 7 - Subsistema das Actividades Agro-Florestais, do PROTA), o projecto em questão não assume exclusivamente estas orientações. No entanto, considera-se muito positiva a coerência das propostas do Plano sustentadas nas fileiras identificadas no PROTA como estratégicas, no âmbito dos sistemas agrícolas, nomeadamente a produção de qualidade diferenciada (incluindo a agricultura biológica); e no âmbito dos sistemas florestais. É importante ainda referir o facto da zona de intervenção, apesar de não se inserir nas “Áreas nucleares” definidas no modelo territorial PROTA, que pressupõem a fomentação do uso destas áreas como espaços privilegiados para a investigação e para o recreio e lazer (ecoturismo), se localizam na envolvente imediata destas áreas, pelo que se considera relevante o facto das propostas preconizadas pelo Plano irem, em grande medida, ao encontro destes objectivos. 252 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental - Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana O Plano de Pormenor integra os objectivos do PBH do Guadiana na medida em que prevê: • O estabelecimento de galerias ripícolas ao longo das linhas de água; • A delimitação e regulamentação do domínio público hídrico (art. 8º e Planta 2 do plano): o curso da Ribeira da Horta da Nora dispõe de uma faixa de protecção com a largura de 25 metros, contada a partir das linhas limite do respectivo leito e as restantes linhas de água dispõem de uma faixa de protecção com a largura de 10 metros, contada a partir das linhas limite do respectivo leito; • O regulamento do PP adopta os seguintes procedimentos: • a restrição das modelações de terreno (art. 22º); • a limitação da captação a partir de furo artesiano (art. 28º); • a reutilização de águas residuais tratadas para rega (art. 30º); • o aproveitamento das águas pluviais em barragens (art. 30º); • a instalação de meios de filtragem com separadores de hidrocarbonetos nas lagoas (art. 30º); • a monitorização da qualidade das águas de rega (art.º 30º); • o estabelecimento de metas para controlar os consumos de água para rega do campo de golfe (art. 31º); • a utilização de sistemas de rega centralizado e automatizado (art. 31º); • a previsão de um plano de rega abrangendo todas as componentes da estrutura ecológica de modo a garantir a quantidade e qualidade da água adequadas a cada fase de implementação do empreendimento (art. 31.º); • a adopção de espécies vegetais adaptadas às condições dos solos e que permitam reduzir os consumos de água de rega (art. 31º); • a minimização dos movimentos de terra na implantação dos campos de golfe (art. 34º); • um programa de monitorização das fases de implantação e utilização do golfe nos aspectos de protecção dos lençóis freáticos, de salinização e de erosão dos solos, e de preservação da fauna (art. 34º); • a optimização do consumo de água nas áreas planas entre os buracos do campo de golfe (art. 34º); • a redução da aplicação de fertilizantes e produtos fito-sanitários (art. 3º); • a restrição da utilização de rega por aspersão fora das áreas de recreio activo (art.37º); • a utilização de espécies que suportem seca prolongada fora das áreas de recreio activo de parques e jardins (art.37º). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 253 Ao nível dos recursos hídricos superficiais, no capítulo 5.5 (avaliação de efeitos nos recursos hídricos) procede-se à avaliação dos efeitos esperados em resultado da concretização dos projectos previstos no Plano de Pormenor. - Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo Na solução de ocupação e ordenamento para a Área de Intervenção foi ponderado, na medida em que a respectiva escala de publicação o permitiu, o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo, publicado em anexo ao Decreto Regulamentar n.º 18/2006, de 20 de Outubro. O PP vai ao encontro da norma de intervenção específica do PROF aplicável à sub-região em que se insere: “espaços florestais com função de conservação de recursos genéticos, em particular ao longo das linhas de água que representam potencial para manutenção e fomento de corredores ecológicos”, na medida em que prevê, no Art. 34º, para o espaço produtivo de enquadramento e de prática de golfe, a criação, ao longo das linhas de drenagem natural e nas zonas húmidas, de galerias ripícolas. A análise da sobreposição do corredor ecológico definido no PROF com a área de incidência do Plano de Pormenor (PP) da Cavandela revela que existe uma sobreposição marginal, abrangendo o limite nascente da Herdade da Cavandela e o limite poente do corredor. Os corredores ecológicos delimitados no Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF) do Baixo Alentejo têm como função o favorecimento do intercâmbio genético entre populações dispersas com pouca ligação entre si, formando uma metapopulação (cf. Caderno 5, ponto 5.1.3 do PROF). Este instrumento de ordenamento considera ainda que as áreas com potencial para corredor ecológico devem ser avaliadas individualmente, devendo a sua gestão ser planeada em função dos valores naturais que se pretendem conectar. Para avaliar a funcionalidade do corredor ecológico em causa, importa analisar a actual ocupação do solo na referida área de sobreposição. De acordo com a Carta de Habitats (Desenho 18, Volume II), constata-se que a área da Herdade da Cavandela que se sobrepõe ao corredor ecológico é ocupada exclusivamente por culturas extensivas de sequeiro em regime de uso rotacional. Os trabalhos de campo desenvolvidos, e a observação de imagens de fotografia aérea, confirmam a inexistência de quaisquer faixas de arvoredo nesta área. Deste modo, a situação de referência é marcada pela inexistência de uma conectividade ao nível do coberto arbóreo-arbustivo, facto que compromete a funcionalidade do corredor ecológico definido no PROF. Ademais, a proximidade e orientação do IP2 constitui um factor adicional de fragmentação e de quebra dessa funcionalidade. 254 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O PP prevê para a área de sobreposição com o corredor ecológico, no âmbito da estrutura ecológica que propõe, quatros tipos distintos de ocupação: • Matas de grande porte; • Pomares, culturas arbustivas e herbáceas; • Culturas arbustivas e herbáceas; • Barragem da Cova dos Mouros. A ocupação prevista, ao mesmo tempo que contempla a manutenção de áreas de culturas herbáceas – ocupação semelhante à actual (mantendo a presença deste habitat, relevante para diversas espécies da fauna da área em estudo, em especial da avifauna), prevê também a implementação de uma mata de grande porte ao longo de quase todo o limite da herdade que confronta com o IP2 (sendo interrompida no limite nordeste por uma área de “Pomares, culturas arbustivas e herbáceas”) e que se prolonga ao longo do seu limite Norte. A presença desta faixa é susceptível de incrementar a conectividade ao nível do coberto arbóreo-arbustivo, reforçando a funcionalidade do corredor ecológico definido no PROF. Em geral, considera-se que a implementação do PP, neste caso concreto, possibilitará uma melhoria da diversidade e qualidade de habitats dentro do corredor, o que constitui uma das orientações do PROF (cf. Caderno 5, ponto 5.1.3 do PROF). Considera-se ainda que o PP, na sua fase de desenvolvimento actual, não inviabiliza a adopção da generalidade das normas de intervenção enunciadas no PROF (ao mesmo tempo que, de uma forma geral, respeita as restrições impostas). A solução de ocupação, no que concerne à protecção contra o risco de incêndio decorrente da proximidade da floresta, tem em conta o disposto no artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, com as alterações dadas pelo Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de Janeiro, assim como o Plano Municipal de defesa da Floresta contra Incêndios do concelho de Castro Verde. Neste sentido, o Plano integra as faixas de gestão de combustível preconizadas nestes diplomas para a envolvente da área de implantação das edificações. Relativamente à definição duma faixa de protecção para gestão de combustíveis no limite NO do Parque Empresarial, confinante com a propriedade vizinha, considera-se que a faixa salvaguardada constante da proposta de Plano (com uma largura igual ou superior a 50 m), se encontrará de acordo com a legislação específica referida mediante a salvaguarda duma faixa idêntica no âmbito da propriedade vizinha, dividindo deste modo a faixa de gestão de combustíveis obrigatória com 100 metros de largura entre a Herdade da Cavandela e a propriedade vizinha. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 255 - Plano Director Municipal de Castro Verde O Plano de Pormenor da Cavandela desenvolve e concretiza propostas de organização espacial de uma área de 606,1 ha, classificada na Planta de Ordenamento do Plano Director Municipal de Castro Verde como “Solo de Transformação Condicionada”. Uma vez que o “Solo de Transformação Condicionada” se destina à “viabilização de iniciativas para a melhoria das condições sócio-económicas do concelho, nomeadamente nos sectores da indústria e do turismo que, pela sua dimensão e características, não possam ser satisfeitas pela oferta prevista de solo urbano (n.º 2 do artigo n.º 11 do Regulamento do PDM de Castro Verde)”, a proposta de ordenamento prevista no PP vai ao encontro das expectativas da Câmara Municipal de Castro Verde o que constitui um efeito positivo, de magnitude média e significativo. - Programa Operacional Regional do Alentejo 2007-2013 O PP da Cavandela, ao prever uma área destinada à localização de um Parque Empresarial, mostra-se coerente com o PO Regional do Alentejo 2007-2013, nomeadamente, na medida em que contribui para incentivar o empreendedorismo e para a rede regional de parques empresariais. O PP, diferenciando núcleos para a localização de indústria com laboração bio-tecnológica e indústria indiferenciada, tem quanto a uma e outras, preocupações de natureza ambiental, preconizando indústrias que respondam às características legalmente exigidas para as tipologias 3 e 4 dos estabelecimentos industriais, factor relevante para a localização vizinha de empreendimentos de natureza turística. - Plano Estratégico Nacional do Turismo A proposta de ocupação relativa ao Conjunto Turístico prevista pelo Plano de Pormenor da Cavandela enquadra-se na estratégia nacional delineada para o sector do turismo, uma vez que preconiza um importante investimento para o concelho de Castro Verde, em termos económicos, e a dotação desta região com um conjunto de infra-estruturas de características raras, incluindo actividades recreativas, culturais e de lazer, que funcionará, ele próprio, como um pólo de atracção de turistas e visitantes, de diferentes segmentos de mercado e de classes sócio-económicas tendencialmente mais elevadas. Os produtos “circuito turístico (touring) cultural e paisagístico”, “resorts integrados” e “gastronomia e vinhos”, contemplados no PP, são considerados pelo PEN Turismo como produtos estratégicos a apostar na região do Alentejo. Num conjunto de 4 níveis que classificam a contribuição de cada produto para o turismo, no Alentejo, o touring apresenta nível prioritário (nível 1), e os outros dois produtos apresentam nível 3 (sendo que no resto do país os mesmos não atingem em qualquer outra região um nível de contribuição mais elevado). 256 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O carácter estratégico de uma aposta no desenvolvimento desta região é ainda reforçado pela dotação que a mesma apresenta em termos de acessibilidades, não sendo praticamente necessários investimentos a esse nível, contrariamente ao que acontece com outros destinos turísticos no Alentejo. Finalmente, refere-se que o cálculo de nº de camas/densidade populacional está de acordo com o disposto no Despacho nº 11 375/2 007 do Gabinete do Secretário de Estado do Turismo. - Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural O desenvolvimento da componente agrícola prevista no PP e, uma vez que as condições de solo e clima não permitem uma competitividade do sector agrícola remunerada, exclusivamente baseada no mercado, vai essencialmente ao encontro dos objectivos dos eixos II e III do PEN Desenvolvimento Rural, ou seja, “Promover a sustentabilidade dos Espaços Rurais e dos Recursos Naturais” e “Revitalizar Económica e Socialmente as Zonas Rurais”. A estratégia de ocupação inerente ao Plano de Pormenor da Cavandela (e particularmente a componente empresarial a instalar no Parque Empresarial, que contempla tecnologias e biotecnologias ambientais e agro-alimentares) vai ao encontro das acções previstas no PEN, podendo contribuir, em particular, para os seguintes desígnios do PEN: • Preservação da actividade agrícola em zonas desfavorecidas; • Sustentação de valores naturais e paisagísticos; • Valorização dos produtos do ambiente que possam ser transaccionáveis; • Orientação dos agentes produtores para a gestão sustentável dos recursos naturais; • Estímulo a comportamentos ambientais com efeitos positivos adicionais; • Correcção de problemas de natureza ambiental; Espera-se assim promover a valorização de produtos de qualidade e aumentar a atractividade e competitividade de Castro Verde enquanto local para viver, trabalhar e visitar. No que respeita aos efeitos do plano na fase de exploração sobre as condicionantes ao uso do solo: • No que respeita à Reserva Ecológica Nacional (REN) (17 ha na área do PP), não são esperados efeitos nesta fase. O PP regulamenta no seu Artigo 10º as disposições aplicáveis a esta condicionante, delimitando-a na Planta de Condicionantes. • Relativamente às áreas de Reserva Agrícola Nacional (RAN) (218 ha na área do PP) o PP regulamenta no seu Artigo 9º as disposições aplicáveis a esta condicionante, delimitando-a na Planta de Condicionantes. Além de se ter proposto uma ocupação de uso do solo e um design que minimizasse os movimentos de terra, procurou-se a compatibilização com a Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 257 exploração do golfe no âmbito das medidas introduzidas no regulamento do PP relativas à preservação dos solos: Restrição das modelações de terreno; Monitorização da qualidade das águas de rega; Minimização dos movimentos de terra na implantação dos campos de golfe; Programa de monitorização das fases de implantação e utilização do golfe no aspecto de salinização e erosão dos solos; Redução da aplicação de fertilizantes e produtos fito-sanitários nos campos de golfe. Deste modo, esperam-se efeitos negativos, locais e pouco significativos da exploração do plano sobre as área de RAN (a acompanhar). • Quanto ao domínio público hídrico: as principais afectações sentir-se-ão na fase de construção. Nesta fase, e uma vez que estas áreas se encontram delimitadas na Planta de Condicionantes do PP e regulamentadas no Artigo 8º do PP, não se prevêem efeitos ambientais; • Sobreiros e azinheiras: nesta fase esperam-se efeitos positivos significativos, na medida em que se prevê plantar novos sobreiros e azinheiras; • A implantação das vias principais que constituem os acessos do exterior à unidade operativa 1 - Conjunto Turístico determina a necessidade de constituição de servidão de natureza perpétua a criar sobre o Lote 1- Agricultura e Desporto – Golfe (cf. disposto no Art.º 24º do Regulamento do PP); não se esperam efeitos negativos desta alteração; • Quanto à rede eléctrica, a planta de condicionantes do PP identifica o traçado da linha de transporte de energia, regulamentada no artigo 14º. Aplicar-se-á assim uma faixa de protecção de 15 m para a linha de tensão nominal de 30 KV enterrada a instalar na área de intervenção e alterar-se-á a faixa de protecção existente (relativa à linha de média tensão que será desviada para Sul do IP2), o que deverá ser vertido para o PDM na próxima revisão; não se esperam efeitos negativos desta alteração; • Serão também aplicáveis novas condicionantes ao uso do solo na envolvente das infraestruturas de água e saneamento a instalar (redes de água, de águas residuais, de águas pluviais e de águas domésticas tratadas), o que implicará a sua integração na próxima revisão do PDM; não se esperam efeitos negativos desta alteração; • Não se prevêem afectações da área de protecção da rede ferroviária e marco geodésico, que se encontram assinaladas na planta de condicionantes que acompanha o Regulamento do Plano de Pormenor, e regulamentadas respectivamente, nos artigos 11º e 12º. 258 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O plano integra também Mapas de Ruído, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17 de Janeiro, e define o zonamento acústico (Desenhos 31 e 32 e Artigo 17º do PP). 5.10. Paisagem 5.10.1. Introdução Com a implementação dos projectos que deverão vir a ser desenvolvidos em sequência do Plano de Pormenor da Cavandela prevêem-se alterações na paisagem relacionadas com o uso do solo e a morfologia do terreno, que deverão ter reflexos em termos da imagem da paisagem e do modo como esta será apreendida. Seguidamente, identificam-se os principais efeitos previstos durante as fases de construção e de exploração das intervenções inerentes ao Plano de Pormenor. 5.10.2. Fase de construção A preparação do terreno deverá incluir as limpezas necessárias, decapagens e desmatações do terreno, assim como, quando necessário, o abate de árvores. As limpezas, desmatações e decapagens do terreno terão como resultante a simplificação e/ou degradação das áreas onde ocorrerem, causando, em conjunto, a sua descaracterização visual. Incidirão nas zonas que serão construídas e impermeabilizadas, mas também nas áreas de golfe, nas áreas de produção agrícola e nas áreas ajardinadas/verdes. Nas áreas de construção coincidentes com zonas arborizadas, será ainda necessário o abate de árvores levando à simplificação da paisagem actual e à potenciação de uma maior visibilidade da área nos locais intervencionados. Relativamente às movimentações de terras, os aterros e escavações deverão estar associados às mesmas áreas que serão decapadas, e deverão ter especial incidência nas zonas edificadas, nos lagos (para construção dos diques) e nas áreas de golfe. A execução das modelações dos terrenos terá como resultados principais: • A criação de áreas com o solo nu, de forma provisória, até à sua construção ou plantação/sementeira; • A alteração da morfologia do terreno de forma permanente; • A alteração provisória da morfologia do terreno devido ao depósito de materiais provenientes de escavação ou de outros (por exemplo de decapagem) que aguardem em depósito para a Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 259 execução de aterros ou para serem transportados para os locais definitivos fora da área de intervenção (os excedentes da obra). A construção das redes de infraestruturas implicará, sobretudo, a abertura de valas, a construção e/ou implementação das redes e o seu posterior fecho. A construção dos edifícios e equipamentos, assim como das vias e estacionamentos deverá levar à degradação das áreas a intervencionar devido às transformações que estas deverão sofrer até terminarem as obras, uma vez que só nesta altura as estruturas construídas apresentarão o seu aspecto final. Até lá, encontrar-se-ão num estado de transição que terá como consequência a criação de degradações visuais próprias das zonas em obras. Estão previstos efeitos visuais negativos relacionados com as seguintes acções: • Elevação das estruturas construídas correspondentes aos edifícios e sua interposição na paisagem envolvente, com um aspecto degradado e de transição até ao final da fase de construção; • Degradação visual das áreas em construção. Para a instalação do campo de golfe, e após as modelações de terreno e a construção das infraestruturas necessárias, deverão verificar-se as plantações e sementeiras necessárias para a concretização do programa previsto no Plano. Por outro lado, serão ainda instaladas as restantes áreas produtivas, como os pomares e os novos prados de sequeiro. O mesmo deverá acontecer com as áreas ajardinadas/verdes, que deverão ser construídas no interior da área do Plano. A implementação dos projectos subjacentes ao desenvolvimento do Plano de Pormenor levará a que a fase de construção se estenda no tempo, ao longo de um período que não se encontra ainda definido, mas que deverá ser longo (cerca de 16 anos). Sendo o Plano um instrumento de gestão territorial que pretende alterar o uso do solo, espera-se que, sucessivamente, à medida que as diferentes fases forem concretizadas, o uso do solo na área do Plano vá sendo transformado e, consequentemente, a paisagem. Contudo, na fase de construção das diferentes fases previstas, antes da alteração do uso do solo, verificarse-ão, sequencialmente, degradações das áreas a intervencionar, por efeito das acções a executar descritas no subcapítulo anterior. A construção associada à primeira fase de implementação do Plano corresponderá ao início da transformação da paisagem, com a realização de todas as operações necessárias à implantação de um campo de golfe de 18+18 buracos, de parte das áreas produtivas e ajardinadas/verdes previstas, assim como das novas barragens e de áreas edificadas. Neste âmbito, será necessária a preparação do terreno e a realização de movimentações de terras, em particular para a construção das áreas de jogo do campo de 260 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental golfe, das represas, dos edifícios e dos estacionamentos previstos, com as consequentes degradações visuais. Estas intervenções incidirão sobre zonas actualmente visíveis da área do Plano, uma vez que o coberto vegetal existente é essencialmente herbáceo, e que as áreas em questão estão na continuidade da rede viária principal existente na envolvente. No entanto, está também prevista a execução, no âmbito da estrutura ecológica, de mata de grande porte ao longo da rede viária e na zona envolvente à entrada da propriedade e, a enquadrar o aldeamento da Cumeada, uma extensa faixa arbóreo-arbustiva. Posteriormente à implementação da primeira fase do Plano, tanto ao nível do edificado, como da estrutura ecológica, espera-se que a paisagem continue progressivamente a ser alterada, sendo objecto de degradações por efeito da fase de construção das restantes três fases previstas. De facto, as acções necessárias à construção das diferentes fases levarão a que partes do empreendimento fiquem degradadas por efeito das obras, de forma temporária, enquanto estas estiverem a ser executadas, e a que se implantem, com o final da fase de construção, estruturas construídas previamente inexistentes. A implantação faseada das zonas construídas levará à progressiva transformação do interior das unidades de paisagem Tapada e área construída numa zona urbana, que se encontrará parcialmente degradada por efeito das obras enquanto a fase de construção não estiver terminada. Neste âmbito, considera-se que se verificarão efeitos visuais negativos, muito significativos na paisagem, por efeito da construção associada ao Plano de Pormenor da Cavandela, uma vez que a partir da envolvente se poderá visualizar o erigir progressivo da nova “cidade” e a degradação associada à fase de construção, numa zona com poucos limites visuais e com pouca vegetação. Estes efeitos deverão ainda ter uma magnitude média. No entanto, os efeitos referidos são, em parte minimizáveis, uma vez que no plano, ao nível das suas diversas fases, são tidas em consideração medidas de enquadramento e de protecção visual. Por outro lado, a própria fisiografia do terreno e o uso do solo actual e previsto, potenciam nalguns casos, a minimização dos efeitos visuais. De facto, progressivamente, e à medida que a vegetação prevista para enquadramento e protecção visual da área do Plano de Pormenor for crescendo, haverá uma maior contenção visual, o mesmo acontecendo à medida que as várias edificações forem concluídas, potenciando contenção ou enquadramento visual às áreas construídas à posteriori. Neste aspecto, as acções ao nível da estrutura ecológica implementadas na primeira fase serão importantes, porque permitirão enquadrar visualmente a área do Plano. Por outro lado, a própria vegetação associada às áreas produtivas (e essencialmente a vegetação arbórea), potenciará a integração visual das áreas construídas do Plano de Pormenor da Cavandela, em particular quando já tiverem um porte adulto, como acontece já com o olival, que será requalificado. É ainda de referir que, devido à morfologia do terreno, as intervenções a executar no interior da Tapada ficarão parcialmente contidas pelas cumeadas que acompanham parte dos seus limites, e ao longo das Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 261 quais o edificado previsto deverá progressivamente constituir-se como novo limite visual para o exterior do muro da Tapada. Verifica-se uma situação diferente no que respeita aos aldeamentos da Cumeada e do Monte (1,2 e 3), assim como no que se refere à UE2, por se encontrarem fora dos limites visuais referidos. No caso do aldeamento da Cumeada, este implantar-se-á sobre um festo que se distribui transversalmente ao IP2, ficando numa zona de visibilidade potencialmente elevada. Assim, espera-se que as degradações visuais por efeito das obras referentes ao aldeamento da Cumeada venham inicialmente a ser muito visíveis, inclusive a partir do interior da área do Plano (quando estiverem áreas simultaneamente em exploração). Assim, espera-se que venham a ocorrer efeitos visuais negativos de magnitude média e muito significativos. No entanto, estes impactes visuais serão minimizáveis, principalmente nas fases posteriores do plano, quando a vegetação implementada na primeira fase já tiver um porte suficiente para impedir ou minimizar a visualização das partes do aldeamento que serão construídas posteriormente. No que se refere ao aldeamento do Monte, designadamente aos aldeamentos do Monte 2 e 3, estes ficarão localizados em cumeadas e nas encostas adjacentes, sendo potencialmente muito visíveis a partir da EM-535. No entanto, deverão ficar integrados em termos visuais pela vegetação das faixas de protecção de enquadramento das vias, pelo olival e pelos pomares culturas arbustivas e herbáceas que deverão ser plantados antes ou em simultâneo com a construção dos aldeamentos. Já no que respeita ao aldeamento do Monte 1, este também ficará parcialmente contido na unidade de paisagem olival, que potenciará alguma contenção visual durante a fase de construção. Assim, prevêem-se efeitos visuais negativos, de magnitude reduzida e significativos relacionados com a construção destas áreas. Relativamente à UE2, após a construção das infraestruturas e da estrutura ecológica associada, espera-se que esta venha a ser progressivamente implementada à medida das necessidades dos interessados. Estando esta área contígua com o IP2, espera-se que inicialmente venham a verificar-se efeitos visuais negativos, de magnitude média e muito significativos, devido à ausência de limites visuais entre a área e o IP2. No entanto, com o crescimento das faixas de protecção e enquadramento das vias previstas na primeira fase, prevê-se que venham a ser progressivamente minimizados. É ainda de referir que, para além da parte construída, se verificarão alterações na paisagem na parte Norte da propriedade, devido à implementação da estrutura ecológica prevista nas fases 3 e 4, com a realização das operações necessárias à implementação de um segundo campo de golfe de 18 buracos (na fase 3, correspondendo na prática a uma extensão do primeiro) e das áreas produtivas previstas e consequentes degradações visuais. 262 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Em síntese, durante a fase de construção ocorrerão alterações na paisagem que se relacionarão principalmente com a fase de transição em que esta se encontrará devido à execução das obras previstas para as diferentes fases, e com as modificações de uso do solo que se processarão, apresentando as áreas em causa um aspecto generalizadamente degradado até à conclusão das obras de cada uma das fases. Esta situação deverá levar a que durante o período previsto para a implementação do Plano se vão progressivamente observando degradações visuais até ao final da fase 4. Os efeitos visuais esperados por efeito das obras serão temporários, prevendo-se que os efeitos relacionados com o carácter degradado/inacabado dos elementos construídos vão decrescendo à medida que as obras forem concluídas e que os edifícios e estruturas de apoio apresentarem um aspecto final, devido ao facto das degradações visuais irem cessando e dos espaços exteriores e vegetação arbórea amenizarem e integrarem as construções. 5.10.3. Fase de exploração A presença e funcionamento do empreendimento irão fazer-se de forma sequencial em função do faseamento da construção, devendo verificar-se uma sobreposição no tempo da fase de exploração de algumas áreas do Plano com a construção de outras. No entanto, o que se prevê é que, progressivamente, a paisagem actual se vá transformando. De facto, a paisagem actual ir-se-á alterando, assumindo inicialmente um carácter de paisagem recreativa e também produtiva, devido à introdução de novos elementos como pomares, aromáticas, relvados, com a presença de novas barragens com vegetação ripícola, de faixas vegetadas para protecção e enquadramento das vias e de conjuntos arbóreos de grande porte na envolvente das barragens e da restante estrutura ecológica prevista. Manterá, no entanto, outros elementos actualmente presentes como prados de sequeiro e o olival, que será requalificado. A resultante da implementação da estrutura ecológica prevista será uma paisagem que apesar de não possuir especificamente as características da paisagem tradicional anteriormente existente nesta zona, integrará elementos característicos da paisagem agrícola, que envolverão e integrarão a paisagem recreativa do golfe, estabelecendo, em parte, a transição para a envolvente exterior, assim como no interior da própria área do Plano. Esta transição será ainda reforçada pelas restantes medidas previstas no Plano para protecção e enquadramento das vias, que também permitirão o enquadramento da nova paisagem. No entanto, a paisagem resultante será bastante diferente da actual. Com a implementação das diversas fases, surgirão progressivamente novas áreas construídas, que culminarão na consolidação de um núcleo Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 263 edificado, com espaços de circulação, espaços públicos e espaços verdes, que se desenvolverá no local coincidente com a actual Tapada e nas áreas coincidentes com os aldeamentos do Monte e da Cumeada. Por seu lado, na extrema Poente da área do plano, separado física e visualmente da UE1 ficará o parque empresarial (UE2), onde deverão ficar implantados vários edifícios e onde se desenvolverão as actividades relacionadas com o sector de actividade a desenvolver em cada lote. Assim, no final da implementação do Plano de Pormenor, a imagem da paisagem encontrar-se-á alterada em relação à situação inicial, gerando-se uma nova paisagem relacionada com a presença da área urbana, da área recreativa, da área produtiva e da área industrial. Esta nova paisagem integrar-se-á no seio da paisagem agrícola dominante na envolvente e na proximidade da paisagem urbana de Castro Verde. Tal como a fase de construção, que se desenvolverá de forma faseada, também a área do Plano de Pormenor se encontrará progressivamente mais construída e transformada, sendo exploradas cada vez um maior número de áreas de acordo com o faseamento previsto. Relativamente à nova paisagem criada, não é possível afirmar com objectividade se esta é melhor ou pior que a actualmente presente. Desde sempre o Homem interveio na paisagem, modelando-a, plantando-a, construindo-a. Considerando este facto, a alteração da paisagem faz parte do próprio percurso do Homem. Neste caso, considera-se importante avaliar a integração da intervenção na paisagem tradicional, assim como a consideração das características do território no desenvolvimento do Plano e das propostas do plano. Relativamente ao primeiro aspecto - a integração das intervenções do plano na paisagem tradicionalconsidera-se que a paisagem a criar não será uma paisagem tradicional, quer devido à implementação do campo de golfe, quer devido a parte das actividades produtivas a implementar não serem as que se encontram na envolvente. Por outro lado, o próprio edificado não deverá apresentar integralmente características tradicionais. No entanto, não se pode descartar o facto de, no seu desenvolvimento, o Plano ter considerado e procurado referências na paisagem tradicional, quer no que respeita à disposição do edificado, em povoamento concentrado, quer no que se refere à sua volumetria, forma da área urbana (da Tapada), disposição (em local elevado), quer no que se refere à forma dos quarteirões, que procurou referências nas localidades existentes na proximidade. Não se pode igualmente ignorar o facto da localização do parque empresarial ser coincidente com a zona menos nobre da propriedade, separada da restante área pela linha de caminho de ferro e contígua ao IP2. Há ainda a considerar o facto de, na disposição do aglomerado urbano, se ter atendido à sua potencial concorrência visual com a localidade de Castro Verde, que manterá uma posição privilegiada em termos visuais. Por outro lado, o Plano prevê diversas medidas que potenciarão a integração visual da área intervencionada na envolvente mais tradicional, através da implementação da estrutura ecológica 264 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental prevista. Por esse motivo, quando o Plano se encontrar totalmente implementado, já deverá beneficiar do desenvolvimento da vegetação de enquadramento. Assim, considera-se que se criará uma paisagem que não é tradicional, mas que será devidamente integrada na envolvente através de medidas previstas no próprio Plano, prevendo-se, deste ponto de vista efeitos negativos, significativos e com magnitude média, mas que deverão ser progressivamente minimizados pelas intervenções já referidas, prevendo-se que cheguem a ser pouco significativos e com magnitude reduzida ou mesmo nulos, na fase de plena implementação do Plano, tanto devido aos factores referidos, como devido à progressiva integração da área do Plano na imagem habitual da paisagem. Relativamente ao segundo aspecto, a consideração das características do território no desenvolvimento do Plano e das propostas do plano, de acordo com o que foi já referido, estas foram tidas em consideração no que respeita às características da área urbana. Na localização do edificado e dos espaços verdes urbanos foram também tidas em consideração as características biofísicas do território, o que permitiu o desenvolvimento de um desenho urbano coerente e sustentado. Por outro lado, tal como já foi mencionado, o parque empresarial está previsto na zona com menos valias do ponto de vista paisagístico. Também as espécies vegetais escolhidas e as culturas produtivas previstas são adaptadas às condições biofísicas do território. Considera-se assim, não colocando em causa o conteúdo programático previsto no Plano, que as propostas apresentadas tiram partido e consideram as características do território, potenciando uma intervenção que se pretende equilibrada. Este é um aspecto positivo e importante referir, mas que não constitui por si só uma mais-valia para a paisagem actual. É ainda de destacar o facto de se criar uma paisagem com potencial para utilização recreativa, não muito comum nesta área, o que se considera como um efeito positivo do ponto de vista do usufruto da paisagem, dada a ausência de oferta de actividades recreativas do género na zona, ainda que pouco significativo. Relativamente à manutenção da área do Plano, esta acção contribuirá para a qualidade das infraestruturas e estruturas construídas, assim como dos espaços verdes/produtivos e, consequentemente, para a qualidade da paisagem. No entanto, não se considera que tenha efeitos na paisagem uma vez que faz parte do funcionamento normal do empreendimento previsto no Plano de Pormenor. O mesmo se passa relativamente ao tráfego rodoviário. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 265 5.11. Património histórico-cultural 5.11.1. Introdução No presente sub-capítulo são avaliados os principais efeitos esperados sobre o património em resultado do desenvolvimento de projectos que contemplem a ocupação prevista no Plano de Pormenor da Cavandela, nas suas fases de construção e exploração. Uma vez que a avaliação inerente ao presente relatório se remete à fase de plano, deverá ser aprofundada nas fases de projecto subsequentes. 5.11.2. Fase de construção A fase de construção comporta um conjunto de obras e intervenções a executar na área do Plano de Pormenor potencialmente geradoras de efeitos sobre os vestígios patrimoniais identificados, nomeadamente: • A desmatação e limpeza de terreno; • A movimentação de veículos e equipamentos; • A preparação do terreno/movimentação de terras; • A criação de novas vias; • Modelação de terreno para a construção de campos de golfe. Caso venha a ser concretizada a proposta de ocupação do solo prevista, verificar-se-á a afectação de um conjunto abrangente de sítios de cariz cronológico-tipológico diverso. De salientar que, no património arqueológico, a atribuição cronológica é feita a partir dos vestígios móveis observados no terreno que resultam de acções de destruição diversas que mascaram o que se encontra no subsolo. Os vestígios identificados à superfície servem sobretudo como um vértice directório para a caracterização do sítio, nunca se assumindo como uma avaliação final e absoluta. Seguidamente apresenta-se no Quadro 5.11.2. a listagem dos sítios que poderão ser sujeitos a afectações com a concretização do Plano de Pormenor da Cavandela. 266 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Quadro 5.11.2 – Ocorrências patrimoniais identificadas Código de sítio A001 A002 A003 Identificação Povoado da Barragem Mina da Cavandela Cova dos Mouros Categoria Cronologia Tipologia Arqueológico I Idade do Ferro Povoado Arqueológico Romano Mina/ tesouro Arqueológico Indeterminado Mina Estrutura circular em A004 Miradouro Indeterminado Indeterminado E005 Cavandela 1 Etnográfico Moderno Forno cerâmica E006 Cavandela 2 Etnográfico Moderno Pedreira E007 Cavandela 3 Etnográfico Moderno Pedreira Arquitectónico Moderno Monte C008 Herdade da Cavandela pedra E009 Amendoeira Etnográfico Contemporâneo Curral C010 Cerca da Zorra Arquitectónico Moderno Curral O inventário realizado abrange diferentes graus de interesse científico e patrimonial. Assim, dividiu-se o conjunto por três categorias ou graus de valor patrimonial: elevado, médio e reduzido. • A categoria elevado corresponde aos registos com grande interesse patrimonial. Esta categoria integra a Mina romana da Cavandela (A002) pelo seu estado de conservação e o edificado da Herdade da Cavandela (C008) e a Cerca da Zorra (C010) por representarem uma forma de ocupação e exploração do espaço ímpar ainda com memória viva entre a população local; • A categoria médio - abrange os registos patrimoniais, com grandes potencialidades históricoarqueológicas e que não foram objecto de acções de investigação aprofundadas, nomeadamente sondagens ou escavações. Neste grupo incluem-se o povoado da Barragem (A001), Mina da Cova dos Mouros (A003), o Miradouro (A004) e Cavandela 1 (E005); • A categoria reduzido - agrupa-se o património etnográfico com grande representatividade regional e aquele que se encontra em elevado estado de ruína. Assim, inclui-se nesta categoria as pedreiras de Cavandela 3 e 4 (E007 e E008) e o curral da Ameixieira (E009). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 267 A estas categorias de avaliação correspondem três graus de propostas de condicionantes: Quadro 5.11.3 – Proposta de condicionantes Categoria Grau Condicionante As obras a realizar na zona do património construído não poderão introduzir elementos dissonantes e deverão manter a traça do existente, excepto as obras que se destinem a eliminar elementos dissonantes; Elevado 1 Em relação ao património arqueológico deve-se respeitar uma faixa de protecção de 10 metros em torno do perímetro externo da estrutura visível ficando condicionada a construção de infraestruturas ou a realização de quaisquer acções intrusivas concretas nas áreas ocupadas pelos elementos com valor patrimonial. Os sítios classificados com a categoria Médio condicionam mas não impedem a realização de actividades ou a construção de infraestruturas. Uma vez que na maioria dos casos os registos assim designados carecem de elementos novos que Médio 2 permitam a sua correcta avaliação, o condicionamento impõe-se até à realização de trabalhos de investigação científica (levantamento, sondagem, escavação, valorização/conservação). Em conformidade, as obras previstas para estas áreas devem estar sujeitas ao parecer do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Reduzido 3 Os elementos agrupados na categoria Reduzido não condicionam quaisquer actividades. O Artigo 21.º do Regulamento do Plano de Pormenor estabelece que “No interior da Área de Intervenção se, no desenvolvimento dos trabalhos de preparação ou de execução de qualquer tipo de obra, forem descobertos ou for indiciada a existência de outros vestígios de natureza arqueológica, devem aqueles ser interrompidos, dando-se do facto conhecimento imediato à Câmara Municipal e à entidade da administração central que tutela a área do património arqueológico, de modo a que possam ser desencadeados os procedimentos preconizados no regime legal específico”. Deste modo, esperam-se efeitos negativos pouco significativos da implementação do plano. 5.11.3. Fase de exploração As acções de manutenção/conservação das infra-estruturas implicarão obras pontuais com eventual afectação do subsolo. No entanto, e uma vez que esta área já foi intervencionada na fase de construção, não se esperam efeitos significativos. No caso de ser necessário uma intervenção de grande envergadura nos locais onde existam vestígios arqueológicos, deverão ser aplicadas medidas de minimização, a definir caso a caso. 268 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental A valorização de ocorrências patrimoniais poderá representar um efeito positivo muito significativo, se forem respeitadas as suas características originais e definido um plano de intervenções. 5.12. Sócio-economia 5.12.1. Introdução Num investimento desta envergadura (o plano de investimentos, caso as propostas de ocupação do solo previstas no Plano de Pormenor venham a materializar-se, ronda os 505.950 milhares de euros) e que tantas transformações irá gerar, é essencial que se valorizem indicadores relativos à criação de emprego e fixação de pessoas ao território, tendo como referencial quer a área de influência do plano, quer a população residente, não descurando a sustentabilidade do emprego gerado (AJS&A, 2006). Uma vez que o Plano de Pormenor da Cavandela constitui uma proposta de ocupação, e que não existem ainda projectos específicos que permitam pormenorizar a avaliação de efeitos, esta será fundamentalmente qualitativa, por recurso à análise das tendências e projecções, bem como pelas comparações com os efeitos induzidos por projectos similares (caso aplicável). A escala de análise será a do concelho, a qual será alargada à Região do Alentejo na fase de exploração, dada a dimensão quer espacial quer económica que a concretização da proposta de plano congrega. A avaliação de efeitos ambientais será efectuada relativamente a duas componentes principais, designadamente, a componente social e a componente económica. A componente social integrará a análise dos seguintes aspectos: • Receptividade da população e principais actores sócio-económicos à execução do plano; • Incomodidade e riscos para a população da área de influência, principalmente durante a fase de construção; • Efeitos na evolução da população na área de influência do plano; • Acessibilidades e circulações locais. Na componente económica será avaliada a influência do plano sobre os seguintes aspectos: • Economia local e regional, tendo em conta o efeito que o Conjunto Turístico e o Parque Empresarial poderão desencadear; • Contribuição do Plano de Pormenor da Cavandela para a diminuição das assimetrias regionais; Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 269 • Estrutura do emprego e rendimento das famílias. Nos pontos seguintes serão assim analisados os efeitos que se prevê virem a ocorrer com as intervenções subjacentes à proposta de ocupação do solo delineada no Plano de Pormenor, nas fases de construção e exploração. 5.12.2. Fase de construção A identificação de efeitos na fase de construção centra-se, principalmente, nas variáveis demográficas, na estrutura socio-económica e nos indicadores considerados mais adequados a esta fase de implementação do plano, na qual a construção civil possui um peso significativo. Do ponto de vista da demografia, a construção dos edifícios e a implantação das infra-estruturas provocarão um afluxo positivo temporário de população exterior, em resultado da criação de postos de trabalho (directos e indirectos) no sector da construção civil e actividades correlacionadas. Dado que a concretização do Plano será faseada no tempo, cujo desenvolvimento se estima vir a ocorrer num período entre 16 anos, os efeitos na demografia local e regional poderão ser considerados estruturantes e quase que permanentes (caso não se verifique uma grande rotatividade de pessoas e trabalhadores entre as diferentes fases da obra). Atendendo aos níveis de desemprego que se registam no concelho de Castro Verde e concelhos limítrofes, considera-se que a construção inerente à implantação das infra-estruturas propostas para a área do Plano de Pormenor deverá absorver uma fracção importante de trabalhadores locais ou dos concelhos vizinhos (sendo inclusivamente aconselhável que tal aconteça), não se prevendo por isso a ocorrência de conflitos significativos associados a trabalhadores exteriores à região. No entanto, há que considerar a possibilidade de se verificarem situações contrárias a este cenário, nomeadamente se a população local não for suficiente para satisfazer a procura de mão-de-obra (recordase o progressivo envelhecimento da população deste concelho) ou não possuir as qualificação necessárias para dar resposta aos postos de trabalho directos e indirectos criados nesta fase, motivando afluxos significativos de população exterior à região (incluindo trabalhadores estrangeiros) o que, eventualmente, poderá gerar conflitos com a população local. Esta situação dependerá muito da estratégia adoptada pelos construtores civis na contratação de mão-de-obra, sendo recomendável, do ponto de vista sócioeconómico, que se dê preferência à contratação de mão-de-obra local. 270 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Em termos gerais, espera-se, contudo, um efeito na demografia local e regional do aumento temporário da população positivo, de elevada magnitude (dado o prazo alargado de execução e a dimensão das obras a desenvolver, comparativamente à situação esperada sem a implantação do plano de pormenor), directo, certo, de carácter temporário (ainda que permanente durante o período de duração das obras, que se estima em cerca de 16 anos), local e sub-regional, sendo por isso avaliado como significativo. Para além deste factor, existem outras influências indirectas que poderão ser positivas para o concelho e freguesia em estudo, como seja o desenvolvimento de serviços e actividades económicas associadas que inclusivamente terão potencial para assumir um carácter permanente. No entanto, os benefícios que este movimento de pessoas trará à economia local, dependerão muito da iniciativa dos agentes locais, nomeadamente da sua capacidade de satisfação das necessidades dessas pessoas ao nível do alojamento, restauração, fornecimento de materiais e equipamentos ligados à construção civil, etc. No que se refere aos efeitos na estrutura económica, e, para além das consequências indirectas do aumento temporário da população acima descritas, é expectável um aumento do nível de emprego em resultado da criação de postos de trabalho ligados à construção civil e de apoio às obras, que poderão assumir um carácter quase permanente dado o prazo estimado de faseamento das mesmas. O efeito ao nível do emprego é assim avaliado como positivo, com alta probabilidade de ocorrência, directo, de elevada magnitude, temporário (ainda que permanente no período de duração das obras), de dimensão espacial local e regional, e tendencialmente significativo. A significância do efeito dependerá, no entanto, da estratégia de contratação dos construtores civis, em termos de volume de mão-de-obra contratada localmente. A decisão de privilegiar a mão-de-obra local reflectir-se-á positivamente no rendimento das famílias e na diminuição da taxa de desemprego local. As intervenções inerentes à Proposta de Plano de Pormenor da Cavandela (particularmente, o Conjunto Turístico) terão igualmente importantes efeitos positivos ao nível das finanças locais, decorrentes da cobrança de impostos e taxas municipais. Os cálculos efectuados apontam para uma receita fiscal directa de cerca de 7,5 milhões de euros, dos quais 60% reverteriam para o município de Castro Verde (AJS&A, 2006). O impacte fiscal é classificado como positivo, directo, certo, permanente (ocorre também na fase de exploração, apesar da natureza dos valores mudar substancialmente) de magnitude elevada, incidência local e muito significativo, dada a importância que assumirá nas receitas totais do concelho de Castro Verde (as receitas correntes previstas, para 2011, no documento Grandes Opções do Plano e Orçamento 2011 do Município de Castro Verde são de 8,44 milhões de euros). Poderão verificar-se, ainda na fase de planeamento e de construção, problemas de receptividade de parte da população de Castro Verde à concretização dos projectos delineados na proposta de Plano de Pormenor, uma vez que se contempla a criação, ainda que de uma forma faseada no tempo, de um Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 271 aglomerado populacional de dimensões populacionais e territoriais idênticas às de Castro Verde. Este efeito é avaliado como negativo, de média ou elevada magnitude, temporário, de incidência local, e cujo significado irá depender da maior ou menor capacidade dos promotores dos projectos a implementar de envolver a população e de clarificar os objectivos e as orientações que estiveram na base da elaboração do Plano de Pormenor da Cavandela. Ainda na fase de construção, e sobretudo ao nível local, são espectáveis efeitos nas condições de vida da população. Estes efeitos prendem-se com as incomodidades causadas em resultado de: • Circulação de pesados e de equipamentos, aumento de ruídos e de poeiras, presença de elementos estranhos à paisagem, desmatação, movimentação de terras; • Degradação do pavimento e condicionamento temporário da circulação em algumas vias. Tratam-se assim de efeitos negativos, directos, prováveis, temporários, de incidência local e de média magnitude (dado que as afectações das obras, em determinado período, serão localizadas) sendo, por isso, classificados como pouco significativos. Em termos de acessibilidades, na fase de construção haverá um movimento significativo de veículos pesados e maquinaria associada à obra que poderá contribuir para uma degradação do pavimento das estradas de acesso utilizadas, o que constituirá um efeito negativo, mas pouco significativo, uma vez que será facilmente minimizável quando, no final de cada fase das obras, forem restabelecidas as condições das vias utilizadas. 5.12.3. Fase de exploração A proposta de ocupação relativa ao Conjunto Turístico prevista pelo Plano de Pormenor da Cavandela enquadra-se na estratégia nacional delineada para o sector do turismo, uma vez que preconiza um importante investimento para o concelho de Castro Verde, em termos económicos, e a dotação desta região com um conjunto de infra-estruturas de características raras, incluindo actividades recreativas, culturais e de lazer, que funcionará, ele próprio, como um pólo de atracção de turistas e visitantes, de diferentes segmentos de mercado e de classes sócio-económicas tendencialmente mais elevadas. De facto, no PEN Turismo, os produtos “resorts integrados e o turismo residencial” e “gastronomia e vinhos”, contemplados no PP, são considerados produtos estratégicos a apostar na região do Alentejo. Os produtos “golfe”, “saúde e bem-estar”, “turismo de natureza” e “turismo de negócios”, integrados no PP, também são considerados como produtos estratégicos no PEN Turismo, ainda que a região do Alentejo não seja considerada prioritária para o seu desenvolvimento. 272 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O desenvolvimento da componente agrícola prevista no PP e, uma vez que as condições de solo e clima não permitem uma competitividade do sector agrícola remunerada, exclusivamente baseada no mercado, vai essencialmente ao encontro dos objectivos dos eixos II e III do PEN Desenvolvimento Rural, ou seja, “Promover a sustentabilidade dos Espaços Rurais e dos Recursos Naturais” e “Revitalizar Económica e Socialmente as Zonas Rurais”. A estratégia de ocupação associada a esta componente vai ao encontro das medidas previstas no PEN, podendo contribuir, designadamente, para preservar a actividade agrícola em zonas desfavorecidas, valorizar os produtos de qualidade e aumentar a atractividade e competitividade de Castro Verde enquanto local para viver, trabalhar e visitar. Para os dois últimos grandes desígnios anteriormente apontados poderá também contribuir a componente empresarial a instalar no Parque Empresarial, uma vez que contempla tecnologias e biotecnologias ambientais e agro-alimentares. A exploração do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial terá reflexos no desenvolvimento local e regional e na qualidade de vida das populações, designadamente através da criação de emprego (directo, indirecto e induzido) do estímulo de actividades económicas, do desenvolvimento sustentado do sector do turismo, e do acréscimo das receitas municipais. Importa primeiro analisar os efeitos que este investimento terá no emprego e, logo, na capacidade de fixação da população que poderá trazer ao concelho. De um modo geral, os efeitos no item emprego podem classificar-se em três tipos: • Directo – resultante dos postos de trabalho criados na exploração das actividades a desenvolver na área do Plano de Pormenor, • Indirecto – resultante dos postos de trabalho criados nas actividades económicas relacionados com/ou dependentes das actividades turísticas oferecidas pelo Conjunto Turístico e das actividades do Parque Empresarial; • Induzido – resultante dos efeitos multiplicadores das actividades oferecidas pelo Conjunto Turístico e Parque Empresarial; De acordo com a consultora António José Sá & Associados, consultores em Planeamento Marketing e Turismo (AJS&A, 2006), num contexto global da exploração, estima-se que o Conjunto Turístico da Cavandela possa criar cerca 3.500 postos de trabalho, dos quais 1.750 serão empregos directos, 750 indirectos e 1.000 induzidos. No entanto, dada a variedade de actividades que constituem este empreendimento e a complexidade em aferir com rigor as interacções entre as diferentes componentes, os efeitos indirectos e induzidos no emprego são difíceis de quantificar, pelo que o total de postos de trabalho indirectos e induzidos a criar poderá ser significativamente superior aos 1.750, caso se altere algum dos pressupostos. A análise dos efeitos que empreendimentos similares induziram na estrutura socio-económica local e regional da sua área envolvente, designadamente ao nível da criação de postos de trabalho, permite confirmar as estimativas acima apresentadas. Por exemplo, estima-se que a Quinta do Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 273 Lago, um empreendimento com semelhanças ao preconizado no PP, com o golfe a assumir-se como a actividade nuclear, gere actualmente um volume de emprego directo e indirecto na ordem dos 5.000 postos de trabalho. Deste modo, é expectável que o volume de emprego criado pelo Conjunto Turístico e Parque Empresarial da Cavandela exerçam um efeito positivo significativo na estrutura socio-económica do concelho de Castro Verde e mesmo na região alentejana, contribuindo para uma significativa diminuição da taxa de desemprego, numa região onde estas são tendencialmente altas (11,5%). Haverá, no entanto, que avaliar se o concelho em estudo e a própria região onde se insere terão ou não capacidade para fornecer a mão-de-obra adequada (em quantidade ou com as qualificações requeridas) ou se haverá a necessidade de recrutar trabalhadores de outras regiões. De acordo com a análise efectuada à situação de referência, na área de influência do PP: • A população apresenta um progressivo envelhecimento; • A população activa cresce abaixo da média nacional, no que diz respeito a Castro Verde, e diminui, no que se refere à região do Baixo Alentejo; • Os níveis de qualificação da população são bastante inferiores ao país. Por outro lado, salienta-se o facto do concelho em estudo, apresentar em 2001, uma população economicamente activa de cerca de 3.375 indivíduos, sendo que só a estimativa de postos de trabalho directos a criar rondam os 1.750 (mais de metade da população activa) e o emprego indirecto ou induzido poderá ser superior aos 1.750 na exploração global do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial, pelo que se afigura necessária a importação de mão-de-obra de outros concelhos/regiões. Acresce ainda que, o conceito associado ao Conjunto Turístico é o da exigência de qualidade dos serviços prestados, o que obrigará ao recrutamento de mão-de-obra especializada. Deste modo, esta região só maximizará os benefícios sócio-económicos inerentes ao Conjunto Turístico se as escolas da região forem dotadas com as condições adequadas à formação e qualificação de alunos com vista a constituírem a mão-de-obra futura do empreendimento. Esta situação, a ocorrer, contribuirá de um modo significativo para a qualificação da mão-de-obra e do emprego no concelho de Castro Verde, ou da região. Caso tal não seja possível na íntegra, verificar-se-á a contratação de mão-de-obra exterior à região. Assim, espera-se um efeito no emprego positivo, imediato, permanente, certo, directo e indirecto, de elevada magnitude (dado o número previsto de postos de trabalho que serão criados), de incidência local, regional ou mesmo nacional (face ao nível de qualificação exigido e ao volume de empregos necessários), sendo por isso avaliado como muito significativo. É expectável um aumento da população em Castro Verde, em resultado dos postos de trabalho que o Conjunto Turístico irá criar, particularmente através do desenvolvimento do sector do turismo e dos efeitos que este terá sobre a economia local e regional. De facto, as actividades turísticas constituem um “mercado” por excelência para os produtos locais, induzem uma forte procura de construção civil e obras 274 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental públicas e promovem um fluxo de actividades complementares geradoras de emprego e rendimento (e.g. transportes, lojas de artigos regionais, restaurantes, bares, etc.). Por outro lado, o Plano de Pormenor integra também outras actividades e serviços como é o caso do Parque Empresarial e da componente agrícola que certamente contribuirão para o incremento da dinâmica socio-económica do concelho e região. Assim, é esperado que pela dimensão, abrangência e complementaridade do presente plano de pormenor, a sua implementação possa contribuir para a instalação de população residente que será atraída pela criação directa e indirecta de um número significativo de postos de trabalho, que se traduzirá numa melhoria do nível de rendimentos das famílias e das condições de vida das populações (considerados factores de atractividade de população residente). Prevê-se um acréscimo de população na área do PP, na fase de plena exploração do Conjunto Turístico entre 3750 a 4.000 pessoas (AJS&A, 2006) o que representará, comparativamente à população residente no concelho em estudo em 2001, um aumento superior a 50% e, no caso da vila de Castro Verde, um aumento superior a 80%. Neste contexto é expectável também um crescimento demográfico nos concelhos limítrofes e na sub-região do Baixo Alentejo. Acresce ainda o facto de se tratar de um incentivo à fixação da população numa zona em processo de despovoamento, nomeadamente através da criação de emprego qualificado. O efeito na população residente é avaliado como positivo, directo, de duração permanente, certo de incidência local ou regional, e muito significativo, uma vez que pode contribuir quer para o rejuvenescimento da população (acolhimento de população activa e em idade de procriar) quer para a inversão da tendência de despovoamento e atenuação das assimetrias territoriais. Prevê-se ainda um aumento significativo dos movimentos demográficos de carácter temporário, em resultado das condições ambientais privilegiadas e da diversidade dos serviços oferecidos, dos quais sobressai a prática do golfe, e que conduzirá a períodos de ponta de utentes, principalmente nos períodos da Primavera e do Outono. Na realidade estima-se que a população flutuante tenha um acréscimo de cerca de 80 a 90 mil pessoas/ano na exploração plena do Conjunto Turístico, maioritariamente de origem estrangeira (Norte e Centro da Europa) distribuídas da seguinte forma: Hotelaria - cerca de 15 a 20 mil hóspedes/ano e Aldeamentos - cerca de 65 a 70 mil pessoas/ano. Trata-se assim de um efeito de natureza positiva, directo, com alta probabilidade de ocorrência, de carácter permanente (ainda que com alguma sazonalidade), de incidência local ou regional e muito significativo, face aos números apresentados. O Conjunto Turístico e o Parque Empresarial representarão um importante estímulo directo e indirecto para as actividades económicas da região do Baixo Alentejo, em geral e, do concelho de Castro Verde, em particular, em resultado da criação de emprego e do aumento da população (temporária e permanente e com um elevado poder de compra), da promoção das actividades turísticas e recreativas e do desenvolvimento das actividades industriais (não poluentes) e de logística previstas para o Parque Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 275 Empresarial e das actividades de produção agrícola. Deste modo, este empreendimento poderá transformar-se a curto prazo num motor de desenvolvimento económico sustentável de Castro Verde. De facto, o modelo de desenvolvimento do Plano de Pormenor da Cavandela assenta na diversificação económica da região, através da integração e desenvolvimento de várias actividades económicas (actividades industriais, agrícolas e serviços), ancoradas no Turismo, e baseadas no aproveitamento dos recursos locais. Assim, é expectável que a adopção deste modelo produza outras afectações positivas na estrutura socio-económica do concelho, designadamente ao nível da diversificação do tecido produtivo, permitindo deste modo, diminuir a sua dependência económica e criar um ambiente social e económico e uma dinâmica empresarial muito próprias e atractivas para a fixação de investimentos e populações. Estes efeitos terão naturalmente reflexos positivos na qualidade de vida da população residente (aumento do nível de rendimento e do consumo dos agregados familiares). Os efeitos na estrutura socio-económica são avaliados como positivos, directos e indirectos, permanentes, certos, de dimensão local e regional, e muito significativos. No que respeita à rede viária, o Plano de Pormenor prevê intervenções nos eixos rodoviários que darão acesso à área do Plano de Pormenor. Os efeitos previstos na fase de exploração estão essencialmente associados ao aumento do tráfego viário na rede regional e local, que poderá ser sazonalmente significativo. Os eventuais efeitos negativos que a exploração do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial da Cavandela induzirá na rede viária do concelho deverão ser avaliados e minimizados de forma pormenorizada através de um estudo de tráfego. O efeito ao nível das acessibilidades é assim avaliado como negativo, provável, permanente, directo, de média magnitude, de incidência local, pouco significativo a significativo. Esta avaliação deverá ser actualizada em fases subsequentes de desenvolvimento, face aos elementos adicionais produzidos no estudo de tráfego anteriormente mencionado. Durante a fase de exploração poderão verificar-se, particularmente no período inicial, efeitos negativos significativos associados à receptividade da população às intervenções preconizadas no PP, particularmente, ao Conjunto Turístico, face à sua dimensão (semelhança espacial e populacional à vila de Castro Verde) e às características particulares que possui. Contudo, o plano pretende contrariar esses efeitos, e prevê desde logo promover a interacção entre a população local e a população visitante/turista de modo a minimizar os efeitos de clivagem social entre Castro Verde e a Cavandela. Pretende-se encontrar formas de consumo transversais às várias camadas sociais, e promover a mobilização da população residente de forma a que o lazer não seja considerado uma prática exclusiva do turista ou visitante. Prevê-se assim desenvolver “pontos de encontro” no próprio Conjunto Turístico, de alcance regional; aproveitar os eventos de Castro Verde e estendê-los ao núcleo da Cavandela; desenvolver actividades complementares às existentes no concelho e propiciar sinergias com a 276 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental população local. Esta é parte da estratégia a “Proposta de Valor Única” enunciada no Relatório do Plano de Pormenor, que considera a integração de um conjunto de vectores: unidades de alojamento, hotéis, serviços, integração local, acessibilidade e lazer. Deste modo, à medida que a população residente começar a familiarizar-se com a paisagem e com os novos usos do solo, e a interagir com os visitantes, é expectável que comece a diminuir o desconforto inicial suscitado, e que os efeitos passem a pouco significativos, e finalmente, a nulos. A componente agrícola e empresarial deverão ser facilmente aceites. A primeira, por ser uma actividade empregadora ainda importante na região (11,1% da população de Castro Verde), e a segunda pela expectativa de desenvolvimento económico que encerra. Não obstante considerar-se a ocorrência provável de efeitos negativos ao nível da receptividade da população residente em Castro Verde, devem ser tidos em conta os efeitos positivos, de elevada magnitude e muito significativos que se espera que ocorram na estrutura sócio-económico do concelho, nomeadamente ao nível da criação de emprego, do estímulo da actividade económica e do aumento do rendimento das famílias. Esta situação contribuirá significativamente para a melhoria das condições de vida das populações, o que deverá servir de atenuante aos efeitos negativos associados à aceitação do Conjunto Turístico. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 277 Esta página foi deixada intencionalmente em branco. 278 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 6. Medidas Ambientais 6.1. Medidas de mitigação integradas no plano A integração das questões ambientais relevantes constituiu uma preocupação desde o início do processo de planeamento do Plano de Pormenor. No Quadro 6.1.1 apresentam-se, por descritor ambiental, os principais pontos do Plano de Pormenor da Cavandela que evidenciam a preocupação de minimização dos efeitos ambientais negativos detectados na avaliação ambiental e de promoção dos efeitos positivos. Apresentam-se também as principais causas associadas aos efeitos gerados, cuja avaliação de importância considera a aplicação das medidas de minimização/potenciação indicadas. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 279 Quadro 6.1.1 – Integração de medidas de ambientais no plano de pormenor e em resultado da Avaliação Ambiental geomorfologia Geologia e Domínio Causas Efeitos Importância Modificação local da morfologia e Preparação do terreno e movimentação de terras aumento local da erosão hídrica. Eventual necessidade de depósito de terras excedentárias na fase - Restrição das modelações de terreno (art. 22º e Desenho 12) (-) Pouco significativos de construção. Preparação do terreno e movimentação de terras condições de permeabilidade, aumento da erosão na fase de - Minimização dos movimentos de terra na implantação dos campos de golfe (art. 34º) - Os planos de água propostos aproveitam a conformação fisiográfica do terreno - A própria concepção do desenho urbano procurou respeitar a morfologia do terreno, minimizando desde logo os movimentos de terra Eliminação de horizontes pedológicos; Alteração das Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - A recuperação dos solos que demonstram situações de degradação e erosão é expressa nos (-) Pouco significativos objectivos do plano (art. 4º) - A minimização dos movimentos de terra na implantação dos campos de golfe é também assumida no regulamento do Plano (art. 34º) construção. - Redução da aplicação de fertilizantes e produtos fito-sanitários nos campos de golfe (art. 34º) - Monitorização da qualidade das águas de rega (art.º 30º) Solos - Contemplação de um programa de monitorização das fases de implantação e utilização do golfe no Aplicação de fertilizantes; rega (-/--) com água com concentrações Potencial acidificação, salinização excessivas de sais minerais (aliada e/ou a alcalização dos solos a uma elevada evapotranspiração) Pouco significativos, que concerne, entre outros, à salinização e erosão dos solos (art. 34º) - Previsão de assentamento no pavimento (avenidas, ruas, parques e jardins) com materiais que evitem pontualmente a total impermeabilização e permitam o arejamento dos solos (art. 36.º) significativos - Restrição da impermeabilização em jardins privativos, em percentagem superior a 30% da área da unidade de implantação de referência (art. 37º) - Antes do enchimento das barragens a criar prevê-se a decapagem da terra vegetal, aproveitando-se a terra, de melhor qualidade, para colocar nas futuras áreas a plantar Manutenção dos solos e relvados Melhoria da capacidade de uso do e adição de nutrientes solo (+) Pouco significativos - Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo 280 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Domínio Causas Efeitos Importância Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - Limitação da captação a partir de furo artesiano para o consumo humano (art. 28º), salvo para rega no Lote 1 e nos espaços de uso comum dos lotes destinados aos aldeamentos - Reutilização de águas residuais tratadas para rega (art. 30º e art. 68º) - Restrição das plantações a espécies adaptadas às condições dos solos e que permitam reduzir os consumos de água de rega (art. 31º, art.34º) Recursos hídricos e qualidade da água - Programa de monitorização das fases de implantação e utilização do golfe no aspecto de protecção dos lençóis freáticos (art. 34º) - Retenção das águas pluviais para rega através de um sistema de lagoas e cisternas e também através das barragens propostas (art. 30º e Desenho 23 do PP) Rega do campo de golfe, áreas (-/--) produtivas e paisagem; Aumento das necessidades de abastecimento do conjunto água e da pressão sobre os significativos, - Utilização de sistemas de rega centralizado e automatizado (art. 31º) turístico e do parque recursos hídricos pontualmente - Previsão de um plano de rega abrangendo todas as componentes da estrutura ecológica de significativos modo a garantir a quantidade e qualidade da água adequadas a cada fase de implementação do empresarial Pouco - Estabelecimento de metas para controlar os consumos de água para rega dos jardins, parques e golfe (art. 31º) empreendimento (art. 31.º) - Optimização do consumo de água nas áreas planas entre os buracos do campo de golfe (art. 34º) - Restrição da utilização de rega por aspersão, nos parques e jardins, às áreas de recreio activo (art.37º) - Fora das áreas de recreio activo de parques e jardins, utilização de espécies que suportem seca prolongada (art.37º) - Consideração de um conjunto de medidas para redução da água para consumo humano (cf. Relatório da Proposta de PP) Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 281 da água Recursos hídricos e qualidade Domínio Causas Efeitos Utilização de águas residuais para Redução da qualidade das águas rega; escorrências superficiais superficiais (mineralização, com produtos químicos eutrofização das barragens) Alteração do regime de Criação de 3 novas barragens escoamento natural das linhas de água Importância (-/--) Pouco significativos, pontualmente significativos (-) Pouco significativos sonoro Ambiente Aumento dos níveis sonoros, Actividades construtivas e aumento do tráfego rodoviário (sem afectar os receptores sensíveis situados no exterior da área do PP ou os futuros usos Qualidade do ar de construção Aumento do tráfego rodoviário Emissão de poeiras Aumento das emissões atmosféricas - Instalação de meios de filtragem com separadores de hidrocarbonetos nos pontos de entrega da rede pluvial nas lagoas de retenção previstas (art. 30º) - Monitorização da qualidade das águas de rega (art.º 30º) - Restrição da aplicação de fertilizantes e produtos fito-sanitários (art. 34º) - Antes do enchimento das barragens, prevê-se a desmatação das margens - Prevê-se que o perímetro das barragens tenha um enquadramento protegido por vegetação densa e alta - Prevê-se a monitorização do caudal ecológico - Regulamentação das disposições legais aplicáveis (art.17º) e elaboração de mapa de ruído (-) Pouco significativos previstos internamente) Movimentação de terras, na fase Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP prospectivo (Desenhos 31-A e 31-B do PP) - Concepção urbanística orientada para o peão - Instalação de percursos pedonais e cicláveis - Integração de espaços verdes de protecção que funcionam como barreiras à propagação de ruído (-) Pouco significativos (-) Pouco significativos - Minimização dos movimentos de terra na implantação dos campos de golfe (art. 34º) - A própria concepção do desenho urbano procurou respeitar a morfologia do terreno, minimizando desde logo os movimentos de terras - Concepção urbanística orientada para o peão - Consideração de alternativas de transporte adequadas no interior da área do PP - Criação de percursos pedonais e cicláveis Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo 282 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental efluentes Resíduos e Domínio Causas Efeitos Importância Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - Instalação de equipamentos de separação selectiva (art. 32º) Funcionamento do Conjunto Aumento da produção de Turístico e Parque Empresarial resíduos e efluentes (-) Pouco significativos - Monitorização da qualidade do efluente tratado à saída da ETAR (art. 30º) - Ampliação da ETAR de Castro Verde e execução do emissário, estação e conduta elevatória, a integrar no sistema público em alta (art. 30º) - Foi efectuada a monitorização prévia da avifauna, no sentido de melhor conhecer a ocupação do - Fragmentação de habitats Movimentação de terras; - Deslocação dos territórios de implantação de edifícios e infra- nidificação e alimentação de estruturas; intensificação da espécies protegidas pela Directiva presença e circulação humanas Aves território por parte das espécies existentes (-/--) Pouco significativos a significativos - Previsão de um programa de monitorização das fases de implantação e utilização do golfe no aspecto de preservação da fauna (art. 34º) - Prevê-se que o projecto, a construção e as condições de operação do campo de golfe sejam objecto de certificação ambiental que preveja as medidas e as práticas de conservação da natureza (art. 41º) - Perturbação geral - Identificação e regulamentação da estrutura ecológica em regulamento - Prevê-se que nas matas de grande porte a base da florestação corresponda à plantação de sobreiros Ecologia e azinheiras (…); assegurando as funções de compartimentação, escala e a valorização das vistas (art.º 34) Plantação de pomares, vinhas e Criação de habitats semi-naturais povoamentos florestais incluindo com interesse acrescido para as sobreiros e azinheiras, e comunidades florísticas e recuperação do olival faunísticas (+/++) Pouco significativos a significativos - Prevê-se o reforço da plantação de árvores perenes de grande porte (…) com a implantação de novos exemplares de sobreiros e azinheiras (art.º 37) - Prevêem-se acções de recuperação, valorização e ampliação das manchas de plantio (de olival) (art.º 34) - Prevê-se que nas áreas preconizadas para a plantação de pomares, culturas arbustivas herbáceas, sejam utilizadas espécies frutícolas e espécies aromáticas arbustivas e sub-arbustivas, (…), assim como vinha e prados naturais ou semeados (…) (art.º 34) Estabelecimento de galerias Valorização ecológica do habitat; ripícolas ao longo das linhas de redução da erosão do solo; (++) água e criação de pequenas criação de locais de abrigo e Significativos barragens alimentação para a fauna - Prevê-se que sejam criadas ao longo das linhas de drenagem natural e nas zonas húmidas, galerias ripícolas (art.º 34) Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 283 Domínio Causas Efeitos Importância Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - O desenho urbano resulta da compatibilização com a salvaguarda de sobreiros e azinheiras (ver Anexo 10 do Relatório do PP), tendo sido identificados e respeitados os povoamentos existentes - Procura-se criar as melhores condições para a regeneração e vitalidade dos povoamentos de sobreiros e azinheiras Instalação de edificações e infraestruturas Afectação (pontual) de sobreiros e azinheiras isolados, que não constituem povoamentos - Procede-se à identificação e regulamentação das condicionantes legais aplicáveis relativamente à (-) Pouco significativos protecção do sobreiro e da azinheira (art. 15º) - Nos diversos espaços que constituem a estrutura ecológica devem ser preservados e mantidos os exemplares arbóreos notáveis (art. 33º(2)) Ordenamento do Território - Na implantação das edificações prevê-se a preservação das árvores existentes referenciadas como espécies protegidas (art. 56º (2d) e art. 68º (2b)) - Prevê-se a densificação da florestação e monitorização de sobreiros e azinheiras (art. 34º (4 e 5) e 37º (7)) Instalação do campo de golfe e de equipamentos desportivos; construção das barragens Intervenções em áreas de domínio hídrico, RAN e REN (-) Pouco significativos - Regulamentação das disposições legais aplicáveis e delimitação na carta de condicionantes (art. 8.º, 9.º e 10.º, respectivamente) - Compatibilidade com as orientações dos principais planos estratégicos e de ordenamento Instalação do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial aplicáveis, dos quais se destaca o PENT - Concretização das expectativas (++) Significativos - da Câmara Municipal de Castro Verde traduzidas no PDM do município Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo 284 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Domínio Causas Efeitos Importância Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - No seu desenvolvimento o Plano procurou referências na paisagem tradicional, quer no que respeita à disposição do edificado, em povoamento concentrado, quer no que se refere à sua volumetria, forma da área urbana (da Tapada), disposição das edificações Implementação do plano Paisagem (consolidação de um núcleo edificado, com espaços de circulação, espaços públicos e espaços verdes; instalação de áreas desportivas; instalação do parque empresarial, etc.) - Transformação progressiva da - A proposta de ocupação da paisagem permite dar maior continuidade possível do espaço natural paisagem actual (inicialmente com aberto. Das principais vias circundantes da área de intervenção, nunca será visualmente abrangida a efeitos negativos significativos, totalidade da intervenção urbana em virtude da morfologia do terreno diminuindo progressivamente o seu significado com o tempo) (-/+) Pouco significativos - Manutenção da leitura predominante do núcleo de Castro Verde (sede do concelho) na paisagem, o que implica a opção por implantar a área de maior construção no interior da Tapada, permitindo, - Criação de uma paisagem com assim, deixar uma área livre externa entre este núcleo e Castro Verde potencial para utilização - O Plano prevê medidas que potenciarão a integração visual da área na envolvente mais tradicional, recreativa através da implementação da estrutura ecológica - A localização do parque empresarial é coincidente com a zona com menos valias do ponto de vista paisagístico - As cérceas regulamentadas são baixas (1, 2 pisos, muito excepcionalmente 3) Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 285 Património Domínio Causas Efeitos Importância Preparação do terreno e Potencial afectação de movimentação de terras ocorrências patrimoniais Pouco significativos Potencial valorização das (+++) ocorrências patrimoniais Muito significativos Intervenções no monte da Cavandela e integração do curral da Cerca da Zorra (-) - Dinamização das actividades Socioeconomia e do Parque Empresarial população - Rejuvenescimento da população com inversão da tendência de despovoamento e atenuação das assimetrias territoriais - Consideração dos elementos etnográficos e achados arqueológicos no ordenamento e desenho urbano (art. 21º) unidades de alojamento, hotéis, serviços, integração local, acessibilidade e lazer; - Dinamização do emprego Instalação do Conjunto Turístico - Salvaguarda de achados arqueológicos (art. 21º) - É feita uma “Proposta de Valor Única”, que considera a integração de um conjunto de vectores: económicas - Promoção da qualificação da Minimização de efeitos negativos e potenciação de efeitos positivos no PP - A indústria ligeira e o turismo correspondem a sectores económicos enunciados na estratégia de (+++) Muito significativos desenvolvimento contida no PDM, bem como nos documentos previsionais do município, designadamente, “As grandes opções do plano”; - As unidades de execução propostas inscrevem-se na filosofia da Agenda 21; - O cálculo de nº de camas/densidade populacional está de acordo com o disposto no Despacho nº 11.375/2007 do Gabinete do Secretário de Estado do Turismo, subscrito em 17 de Maio. Efeito: - negativo pouco significativo; -- negativo significativo; --- negativo muito significativo; + positivo pouco significativo; ++ positivo significativo; +++ positivo muito significativo 286 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 6.2. Outras recomendações ambientais A maior parte das medidas ambientais que foram sugeridas em fases anteriores do processo de Avaliação Ambiental foram integradas na versão final do plano. As recomendações que seguidamente se apresentam visam promover a sustentabilidade ambiental da fase seguinte, sem contudo serem exaustivas, uma vez que haverá lugar a processos de Avaliação de Impacte Ambiental que identificarão, de forma específica, as medidas a implementar. • Água e recursos hídricos: i) caso venha a recorrer-se à utilização de água proveniente da albufeira de Monte da Rocha para a rega dos espaços agrícolas, sugere-se a compatibilização dos quantitativos com as utilizações existentes e previstas. Sugere-se o estabelecimento dos critérios de exploração da albufeira, de forma a assegurar os consumos essenciais em situações de escassez; ii) recomenda-se que a água afecta a recursos hídricos subterrâneos seja preservada como reserva estratégica, devendo a sua utilização só ocorrer no caso de não existir a possibilidade de recorrer a outra origem de água; • Ecologia: Em coerência com o referido no capítulo respeitante à ecologia e no relatório de monitorização da avifauna (Anexo IB), dever-se-á: i) Procurar manter na propriedade a maior área possível de prados de sequeiro, de forma a favorecer a continuidade de utilização da zona por aves estepárias, nomeadamente o Sisão; ii) Manter as estruturas que actualmente albergam colónias de rolieiro e/ou considerar a instalação de estruturas artificiais que possam funcionar como locais alternativos de nidificação para esta espécie. • Património: as actividades que pressuponham acções na área de intervenção do Plano deverão compreender, consoante a escala de análise mais adequada ao projecto em questão, uma avaliação mais pormenorizada. Deverão ser efectuadas, ao nível de projecto de execução, acções de prospecção sistemática de campo seguidas de sondagens e escavações nos locais em que tal se venha a justificar. Posteriormente, ao nível, de obra, deverá haver o acompanhamento arqueológico das acções de movimentações de terras ou terraplanagens. Deve ser privilegiada uma integração valorativa das intervenções no monte da Cavandela e a integração do curral da Cerca da Zorra. Esta acção permitiria a preservação estrutural de dois espaços que tiveram um papel activo nas actividades económicas desenvolvidas na Herdade da Cavandela na primeira metade do século XX. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 287 Esta página foi deixada intencionalmente em branco. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 288 7. Seguimento e Monitorização do Plano De acordo com o Artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de Junho, as entidades responsáveis pela elaboração dos planos devem avaliar e controlar os efeitos significativos no ambiente decorrentes da respectiva aplicação e execução, verificando a adopção das medidas previstas na Declaração Ambiental, a fim de identificar atempadamente e corrigir os efeitos negativos imprevistos. Face aos principais objectivos de sustentabilidade identificáveis nos planos e programas que se aplicam à área de intervenção e aos efeitos ambientais identificados (mais significativos nos domínios recursos hídricos, solos, paisagem e social), identifica-se um conjunto de indicadores de acompanhamento da implementação do plano que se apresentam no Quadro 7.1.1. A responsabilidade pelo cálculo dos indicadores será dos promotores das actividades a desenvolver no Conjunto Turístico e Parque Empresarial, que deverão transmitir os resultados da monitorização à Câmara Municipal de Castro Verde. Os resultados das acções de controlo serão actualizados com uma periodicidade mínima anual, divulgados pela Câmara Municipal através de meios electrónicos e remetidos à Agência Portuguesa do Ambiente (conforme Artigo 11º do Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de Junho). Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 289 Quadro 7.1.1 – Indicadores de acompanhamento da implementação do plano Objectivos Diversificação da economia rural e Indicadores Unidades Frequência de amostragem Emprego gerado no Conjunto Turístico e no Parque Empresarial N.º de trabalhadores Anual Procura turística Nº de dormidas Anual Compatibilização da protecção e Extensão de percursos pedonais e cicláveis m valorização do património natural com Sobreiros e azinheiras em bom estado fitossanitário Nº Anual a afirmação da actividade turística Actividades relacionadas com o ciclo da vida do Homem e da Nº e participantes Anual Evolução da ocupação dos lotes do parque empresarial % Anual Salinização dos solos localizados em Reserva Agrícola Nacional Diversas, dependendo dos parâmetros A definir em fase de EIA Diversas, dependendo dos parâmetros A definir em fase de EIA melhoria da qualidade de vida Natureza Incentivo ao empreendedorismo e reforço da rede regional de parques empresariais Uso sustentável das terras agrícolas Protecção e eficiência de utilização da água 290 Qualidade da água superficial, subterrânea e qualidade para rega (cumprimento do Decreto-Lei n.º 236/98) Consumo de água (por origem e por uso) m3 Anual Rf_t06047/03 Relatório Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 8. Conclusões Processo de avaliação ambiental O processo de avaliação ambiental do Plano de Pormenor (PP) da Cavandela cumpriu, até à presente fase, os principais objectivos inerentes a um processo desta natureza, uma vez que: • Assegurou a consideração dos aspectos de ordem ambiental, social e económica no processo de planeamento; • Permitiu identificar oportunidades e riscos e avaliar e comparar opções alternativas de desenvolvimento enquanto estas se encontravam ainda em discussão; • Acolheu recomendações de diversas entidades, públicas e privadas, com competências diversificadas nos domínios ambiental, social e económico, no decurso de várias reuniões e comunicações; • Promoveu a participação pública da população no decurso do processo de planeamento do plano. De facto, a integração das questões ambientais relevantes constituiu uma preocupação deste o início do processo de planeamento, tendo sido efectuada, logo na fase inicial (fase de intenções programáticas), uma a Caracterização Ambiental da Herdade da Cavandela (NEMUS, 2006). Esta caracterização foi importante na identificação das principais potencialidades e constrangimentos da área de intervenção, na identificação de aspectos críticos e no planeamento de estudos subsequentes, nomeadamente, nas áreas da Ecologia (monitorização da avifauna) e dos Recursos Hídricos. No decorrer do processo de planeamento do PP foram considerados os pareceres de diversas entidades, que foram referidas no capítulo 3.3. Estes pareceres e orientações foram seguidos no desenvolvimento dos estudos de avaliação ambiental e no relatório ambiental, e quando aplicável, também na elaboração do Plano. No capítulo 5 procede-se à avaliação ambiental da proposta final do PP, e no capítulo 6 sintetizam-se as principais medidas de mitigação ambiental integradas no PP. No capítulo 7 apresentam-se os indicadores seleccionados para acompanhar a implementação do plano e o cumprimento dos objectivos de sustentabilidade relevantes. Estes indicadores deverão ser anualmente divulgados pela Câmara Municipal de Castro Verde, permitindo à população acompanhar os efeitos ambientais e sócio-económicos associados ao plano. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 291 Efeitos do plano O Plano de Pormenor da Cavandela desenvolve e concretiza propostas de organização espacial de uma área de 606,1 ha, classificada na Planta de Ordenamento do Plano Director Municipal de Castro Verde como “Solo de Transformação Condicionada”. Avança com o objectivo de promover as actividades socioeconómicas na região, quer através do desenvolvimento de um empreendimento turístico quer de uma plataforma empresarial. Os impactes ambientais associados às fases de construção e exploração dos vários projectos serão avaliados em maior pormenor nos Estudos de Impacte Ambiental a realizar para os que vierem a ser desenvolvidos, nomeadamente para o golfe, sendo que no entanto são já identificados no presente relatório os efeitos mais importantes. Assim, na fase de construção poderão surgir efeitos negativos relacionados com a receptividade da população às intervenções inerentes à implementação do PP e à importação de mão-de-obra exterior à região. Poderão ainda surgir efeitos negativos da afectação física de condicionantes, servidões e restrições de utilidade pública. No que respeita aos sobreiros e azinheiras, o PP contempla já medidas de minimização destes efeitos, destacando-se o estudo de compatibilização do desenho urbano com a salvaguarda destas espécies (Anexo 10 do Relatório do PP), o que permitiu evitar por completo a afectação de exemplares em povoamento. Integraram-se no regulamento condicionantes às acções de projecto com vista a garantir a sua protecção e a previsão do plantio de novos exemplares. No que respeita à avifauna, considerando: i) que o Decreto Regulamentar n.º 6/2008, de 26 de Fevereiro, veio estabelecer um número adicional de Zonas de Protecção Especial (ZPE) consideradas adequadas para assegurar a necessária conservação das aves estepárias: ii) que a área do Plano de Pormenor não se encontra abrangida por qualquer estatuto de protecção, nomeadamente por ZPE; iii) os resultados do estudo de Monitorização da Avifauna na Área do Plano de Pormenor da Cavandela; iv) que 85% do território do concelho de Castro Verde se encontra abrangido por Zonas de Protecção Especial; considerase que os efeitos na avifauna, nomeadamente sobre as espécies com estatuto de conservação mais elevado, serão pouco significativos a significativos, contudo minimizáveis. Por outro lado, far-se-ão sentir, desde logo na fase de obra, efeitos positivos significativos a nível da sócioeconomia, quer em relação à demografia local e regional, quer em relação à estrutura económica (ao nível do emprego, da dinamização das actividades económicas e das finanças locais). Será porém na fase de exploração que se evidenciarão os principais efeitos positivos da concretização do Plano de Pormenor, particularmente ao nível do ordenamento do território e da sócio-economia. 292 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental O Plano de Pormenor da Cavandela é coerente com os instrumentos de gestão territorial em vigor a nível nacional, regional e local (Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território; Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo, Plano de Bacia Hidrográfica do Guadiana; Plano Regional de Ordenamento Florestal do Baixo Alentejo e Plano Director Municipal de Castro Verde). É também coerente com as orientações de carácter mais estratégico veiculadas pelo Programa Operacional Regional do Alentejo 2007-2013; pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo 2006-2015 e também pelo Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural. De referir ainda que o Plano de Pormenor se insere numa área de excelentes acessibilidades, o que reforça o carácter estratégico de uma aposta no desenvolvimento desta região. A nível sócio-económico esperam-se efeitos positivos locais e regionais, muito significativos, em resultado da dinamização das actividades económicas, do emprego gerado (e consequente redução da taxa de desemprego, aumento do rendimento das famílias, e melhoria das condições de vida), da promoção do nível de qualificação e do rejuvenescimento da população, da inversão da tendência de despovoamento e da atenuação das assimetrias territoriais. É provável que existam porém, nesta fase, algumas reacções adversas da população às intervenções inerentes à implementação do PP, devido ao incómodo das obras e à chegada de uma nova população (com hábitos e cultura diferentes). Contudo o plano contempla já uma estratégia que visa minorar estes efeitos, nomeadamente, promovendo as sinergias e contactos entre a população local e os visitantes/turistas. Por outro lado, o aumento das necessidades de água (para consumo humano e para rega) e o aumento da produção de efluentes e de resíduos a tratar no concelho de Castro Verde poderão acarretar efeitos negativos significativos caso não sejam garantidas à priori as infra-estruturas necessárias à satisfação dessas mesmas necessidades. Relativamente às necessidades de água para abastecimento e para rega na área do PP, o plano prevê já uma estratégia de minimização dos consumos, bem como soluções integradas para responder aos mesmos, nomeadamente, a instalação de barragens para armazenamento de água, a instalação de reservatórios e a reutilização para rega de águas residuais tratadas na ETAR de Castro Verde e na ETAR própria a construir. Haverá que continuar a ponderar, no âmbito da implementação do plano, as disponibilidades de água superficial de modo a alcançar uma solução que não comprometa a viabilidade do Conjunto Turístico nem a disponibilidade e qualidade de água na origem, e que garanta a preservação das águas subterrâneas como reserva estratégica. Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental 293 Os efeitos na fase de exploração do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial nas infra-estruturas de saneamento e de resíduos dependerão da capacidade de resposta do município em criar novas soluções de tratamento adequadas a um maior quantitativo populacional. Constituem também questões importantes face aos potenciais efeitos gerados, as acções de fertilização e de rega (do campo de golfe, da paisagem e da componente agrícola), uma vez que a aplicação contínua de fertilizantes, bem como a presença de sais nas águas de rega podem favorecer a salinização e/ou a alcalização dos solos, e uma diminuição da qualidade da água superficial (nas barragens e nos recursos hídricos superficiais a jusante da área do PP). Além disso, uma insuficiente qualidade da água de rega pode causar danos nos sistemas de rega e aumentar os riscos de eutrofização das barragens. No sentido de minimizar estes efeitos, e de promover uma resposta atempada a eventuais problemas que venham a surgir nestes domínios, o Plano de Pormenor prevê a monitorização dos solos e dos recursos hídricos. Sustentabilidade do plano O conceito subjacente ao desenvolvimento do Plano de Pormenor da Cavandela é um conceito abrangente de sustentabilidade, que tem como objectivo principal o desenvolvimento de uma comunidade turística de referência, a partir da gestão eficiente dos recursos locais, integrando simultaneamente as dimensões ambientais, sócio-económica e sócio-cultural. Os projectos do Conjunto Turístico e do Parque Empresarial enquadram-se e correspondem às grandes orientações da Agenda 21, no sentido em que: • Participam no desenvolvimento local; • Têm à escala regional um efeito estruturante; • Correspondem a uma resposta e a uma forma de combate à desertificação humana da região; • Propõem uma implementação de sinergias entre as actividades ligadas ao turismo e à indústria. O projecto do Parque Empresarial criará condições para que o Empreendimento Turístico proposto se inscreva numa filosofia de um turismo responsável e sustentável. Em termos operativos, são considerados grupos de critérios a respeitar, nas diferentes etapas do desenvolvimento do projecto do Plano de Pormenor, desde a sua conceptualização até à sua implementação e à sua monitorização durante a sua utilização (cf. Anexo 3 do Relatório do Plano – Estratégia de Intervenção para o Desenvolvimento Sustentável do Empreendimento Turístico). Pode assim concluir-se que o conceito subjacente à elaboração do Plano de Pormenor da Cavandela é o da sustentabilidade da sua área de influência, procurando-se uma gestão eficiente dos recursos e o desenvolvimento de uma comunidade turística de referência. Este conceito foi vertido nos objectivos do Plano, no desenho urbano e transposto para o Regulamento. 294 Rf_t06047/04 Avaliação Ambiental do Plano de Pormenor da Cavandela (Castro Verde): Relatório Ambiental Bibliografia AJS&A (2006). Abordagem sintética aos principais benefícios impactes sócio-económicos do Projecto Herdade da Cavandela. Cavandela-Sociedade Imobiliária, S.A. AJS&A (2005). Plano de Pormenor para o Aproveitamento da Herdade da Cavandela, em Castro Verde: Estudo de Mercado Estratégia de Usos, Comercialização e Viabilidade - Analise Exploratória sobre os Impactes e a Sustentabilidade Económica do Empreendimento. Cavandela-Sociedade Imobiliária, S.A. Alarcão, Jorge de (1996): O primeiro milénio a.C. 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