Triplica número de empresas que procuram SEBRAE para investir em inovação A adoção de tecnologia em processos de gestão e controle cada vez mais deixa de ser uma prática exclusiva de empresas de grande porte. De acordo com o gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do SEBRAE Nacional, Ênio Pinto, investir em inovação se tornou questão de sobrevivência até mesmo para as micro e pequenas empresas. “O pequeno empreendedor, como qualquer outro, precisa de diferencial para ser sustentável”, ressalta. Pinto conta que o número de companhias que procuraram o SEBRAE para investir em inovação e tecnologia triplicou em dois anos: foi de 40 mil em 2010 para 120 mil empresas em 2012. “Até pouco tempo, o empreendedor vivia cercado de falsas verdades. Ele achava que investir em tecnologia era algo caro e restrito a grandes empreendimentos e aos setores de ponta.” Isso, porém, está mudando. Em Florianópolis, por exemplo, a SocialBase, uma espécie de rede social corporativa criada para substituir as tradicionais intranets, passou a contar com um software cujo objetivo é ajudar pequenas e médias empresas a desenvolver ações de marketing digital. A ferramenta permite, entre outras coisas, a criação, o envio e o gerenciamento de e-mails marketing e a gestão de redes sociais em uma única plataforma. “A maioria das intranets não é amigável e colaborativa. Nós quisemos trazer a mesma experiência das redes sociais ao ambiente corporativo”, conta Radamés Martini, de 30 anos, diretor da empresa. Com a adoção do RD Station, a empresa atingiu mais de 30 mil “likes” no Facebook e criou mais de 1,4 mil redes de contato com clientes em menos de um ano de existência. Opções – Lançada há menos de um ano, em maio de 2012, a ferramenta tem versões paga e gratuita e já está presente em 1,5 mil empresas, totalizando 20 mil usuários cadastrados. De acordo com Eric Santos, CEO da Resultados Digitais, que desenvolveu o RD Station, o software pode ajudar pequenas empresas a ter um sistema interno que reúna informações importantes e, ao mesmo tempo, sirva como um meio de integração dos funcionários. A versão gratuita pode ser utilizada livremente e a paga custa, para até 50 usuários, R$ 9 mensais por membro cadastrado. Na medida em que sobe o número de usuários, diminui o custo unitário. Ex-empresário e investidor anjo do grupo Jacard, Marcelo Amorim conta que o barateamento das tecnologias e algumas novas exigências do governo foram fatores que contribuíram para a mudança de cenário. “Há 20 anos, as empresas de pequeno porte estavam fora do uso de tecnologia”, diz Amorim. Ele acredita que o surgimento da computação em nuvem teve um grande papel na diminuição dos custos. “Antes, a empresa teria de comprar um servidor, um software, contratar uma empresa para instalar esses programas. Com a oferta de software de internet, não há mais exigência de estrutura de maquinário interno”, afirma. “Com isso, o empresário pode adequar como vai pagar apenas pelo uso da ferramenta. Antes, era um investimento maior”, acrescenta. Quanto à contribuição da ação governamental, Amorim lembra da exigência da nota fiscal eletrônica, que obrigou empresas a adotar algum tipo de informatização. O investidor lembra que o tipo de tecnologia adequada varia de acordo com o tamanho e as necessidades das empresas, mas algumas são importantes para diversos portes de empreendimentos e áreas de atuação, como aquelas que facilitam a gestão de fluxo de caixa e os equipamentos que facilitam a venda, como uso de cartões e sistemas de pagamento eletrônico. “Toda empresa precisa controlar quanto recebe quanto gasta”, reforça. Quanto aos mecanismos para ampliação de vendas, Amorim explica que muitos empreendimentos estão investindo em lojas online. “Assim que podem, elas investem”, diz. Abertura – O gerente do SEBRAE lembra que a globalização da economia e a chegada de mais produtos estrangeiros ao País aumentaram a necessidade de o micro e pequeno empreendedor investir em inovação. “Não só muitos produtos importados estão chegando aqui mais facilmente, como o consumidor brasileiro está consumindo mais lá fora. Essa situação traz novas exigências para o mercado”, afirma Pinto, que complementa: “O concorrente não é mais só o vizinho. Ou o pequeno empreendedor adota inovação como prática corriqueira ou ele está fora (do mercado)”. Segundo Pinto, os empreendedores brasileiros estão mais conscientes dessa necessidade e procuram mais a instituição para saber como inovar. Ele conta que o SEBRAE tem um programa para facilitar o acesso dos pequenos empreendedores a técnicas de inovação, por meio do Sebraetec. “Muita vezes o desenvolvedor de tecnologia não fala a língua do pequeno empreendedor, não pratica preços acessíveis, faltam no mercado produtos mais customizados.” Fonte: O Estado de S. Paulo