Ata da Reunião entre Suzano Papel e Celulose e Opção Verde
Participantes:
Suzano Papel e Celulose – Alessandra Wenzel, Estevão Braga, Juliana ramos, Naiara de
Carvalho.
Opção Verde – Nilton Leite Almeida Branco
Data e Local: 01 de abril de 2013 - Centro Técnico Florestal Suzano, Itapetininga, SP.
Horário: De 10h00as 12h00 horas
Relato dos problemas indicados pelo Sr. Nilton (texto revisado pela
Opção Verde)
A reunião se iniciou com o Sr. Nilton se apresentando, e apresentando sua empresa. A Opção
Verde é uma empresa que atua há mais de 30 anos no mercado de biomassa ( energia
renovável ), para fins energéticos. Faz o fomento das fontes e dos usuários, buscando o
aproveitamento racional dos resíduos de serraria, florestas e outras formas, para substituir
caldeiras que operam com gás e óleo.
O Sr. Nilton afirma que é vizinho da Fazenda Vitória, de propriedade da Suzano e que conhece
a região desde 1973. Em função dessa longa presença na área, ele vem percebendo alterações
significativas, que relatou e espera contribuir para minimizá-las a partir de então.
O primeiro ponto mencionado foi a questão do abandono do Patrimônio da Saudade, a vila
que fica na entrada da Fazenda Vitória.
A seguir, questionou a operação de alargamento das estradas, entende ser necessário, mas
que deveriam ser feitas com mais cuidado para evitar os assoreamentos. Entende ser
perfeitamente possível, basta que haja melhor planejamento.
Também questionou o uso de herbicida Glifosato, apesar de ter conhecimento que todos os
plantios requerem esse tipo de tratamento, não sabendo se da mesma marca há um impacto
ao meio ambiente. Basta ler sua bula e precauções, e sabendo que após as aplicações não tem
como segurar o trânsito dos animais nesse ambiente, obviamente, são envenenados. O
impacto é visível, não há vida local, por um bom tempo. Gostaria de entender se não há
alternativa menos agressiva para substituir esse produto.
Em seguida, informou não ser mais possível observar o fenômeno da piracema, que antes era
intenso, nas quedas d’água dos riachos da região, nos meses de dezembro a fevereiro.
Também notou a diminuição dos peixes de couro ( bagres ). Presume, que a redução de vida
nos córregos é uma consequência direta dos assoreamentos e arraste dos herbicidas aos seus
leitos, em épocas de chuva. Importante - esses córregos são as nascentes do Rio
Paranapanema, o único que ainda preserva o título de não poluído do estado de São Paulo.
Informou, a título de curiosidade, haver na região de florestas, grutas ainda não exploradas,
onde há relatos de inscrições rupestres, bem como indícios que sugerem atividade de garimpo
pelos jesuítas ( entre 1550 a 1700 ), são desvios de cursos de água, cemitérios e outros, além
de salientar a grande beleza turística do local, com mata exuberante, muita fauna e cachoeiras
de grande porte. Sugeriu que se busque formas de explorar todo esse potencial turístico.
Quem pode orientar melhor sobre esses locais é o Sr. Gerson, que nasceu e mora no local,
sendo funcionário terceirizado da Suzano.
O Sr. Nilton também alertou sobre a constante presença de jipeiros e motos nas áreas de mata
da fazenda.
Por total falta de sensibilidade ambiental,
a maioria,
utiliza o local
promovendo arruaças, intensa poluição sonora, descartando lixo nas trilhas e cachoeiras,
cortando árvores, fazendo fogueiras e arriscando-se em alta velocidade. Isso ocorre
principalmente nos finais de semana e feriados.
Finalmente, o Sr. Nilton questionou a retirada de grandes indivíduos de Pinus nas áreas de
APP, bem como solicita a preservação dos ciprestes ao longo da vila Patrimônio da Saudade, e
das árvores frutíferas, existentes atrás das casas, visto suas importâncias como áreas de
nidificação de pássaros, e fonte de alimentos para as mesmas e grandes mamíferos - pacas,
capivaras, antas, quatis e tantos outros.
Relato da Resposta da Suzano
A Suzano agradeceu a presença do Sr. Nilton e fez algumas colocações sobre os pontos
levantados.
Sobre a questão do patrimônio da Saudade, a empresa se mostrou sensibilizada, mas indicou
não haver disponibilidade de recursos para a conservação do conjunto arquitetônico da
Saudade. Também indicou que fez consultas com a comunidade local e que a mesma não
indicou que aquela vila teria qualquer valor histórico, cultural ou sentimental para eles. Ainda
indicou que fez contato com universidades para saber do interesse em desenvolver projetos
de ecoturismo, mas pela falta de recursos o projeto não foi adiante. A Suzano também indicou
que fez uma consulta com especialistas em restauração e que o custo para restaurar a vila para
seu estágio original seria de centenas de milhões, o que é inviável para a empresa, devido ao
seu escopo de atividade e à grave crise econômica a qual a empresa hoje se encontra.
Sobre o uso de herbicidas e outros produtos químicos, a Suzano indicou que os mesmos são
aplicados de forma racional, tanto pela questão ambiental, quanto pelo alto custo dos
mesmos. Ainda indicou que busca, junto a empresas do setor de produtos químicos,
alternativas a alguns produtos, como o sulfluramida (isca formicida). Entretanto, a empresa
indicou que o processo de busca de novos produtos é demorado, podendo levar décadas, dada
a complexidade do sistema brasileiro de aprovações de novos produtos. O Sr. Nilton
demonstrou interesse no tema e se dispôs a contatar as empresas químicas e o próprio IBAMA
para tentar entender o processo e eventualmente até acionar a mídia como forma de pressão
para que o processo não pare devido a burocracia da legislação brasileira.
Especificamente sobre o glifosato, a Suzano indicou que participa do PROMAB, programa de
monitoramento de micro bacias, coordenado pelo Prof. Walter de Paula Lima da ESALQ/IPEF e
que em décadas de monitoramento não encontraram resíduos que glifosato ou outros
produtos químicos aplicados nos reflorestamentos, mesmo em condições de estresse
climático, como secas ou chuvas intensas. Foi sugerido pelo Sr. Nilton o monitoramento local
de dois cursos d’água. A Suzano explicou que o monitoramento é amostral e que é baseado
em bacias representativas, normalmente com grandes áreas da empresa dentro da
microbacia, de forma a ter certeza que qualquer alteração na qualidade ou quantidade de
água se deve pelas ações de manejo da empresa.
Sobre a questão do assoreamento, a empresa se comprometeu a fazer um levantamento da
fazenda visando identificar se e onde eventualmente estariam acontecendo esses
assoreamentos, e que caso identificados, estaria tomando as devidas providências para evitar
que sedimentos fossem levados para os córregos nas áreas da empresa.
Sobre as inscrições rupestres, a empresa informou que irá avaliar as mesmas e que, caso
confirmado por um especialista, estaria designando essa área como área de alto valor para
conservação.
Finalmente a empresa informou que as trilhas realizadas por jipes dentro da área da empresa
não são autorizadas e que já informou à Polícia Ambiental sobre o ocorrido, bem como instruiu
o zelador da área a não permitir a entrada dos mesmos, mas que é complicado porque eles
entram pelo reflorestamento. A Suzano irá reforçar a atuação junto à polícia e seu sistema de
vigilância patrimonial para evitar entradas não autorizadas na propriedade.
Fim do relato
Ações acordadas
Suzano Papel e Celulose
- Ação1 : A Suzano irá avaliar a necessidade de retirada do cedrinho perto da casa do GERSON
na Fazenda Vitória, bem como das árvores frutíferas, visando confirmar ou não se estão dentro
de Área de Preservação Permanente (APP).
- Ação 2: A Suzano irá avaliar as Inscrições rupestres na caverna indicada (casa de pedra) e
tomar as medidas de proteção cabíveis caso as mesmas se comprovem como sendo de valor
arqueológico. Um(a) especialista será contratado(a) para essa avaliação.
- Ação 3 – A Suzano irá fazer levantamento sobre o assoreamento dos riachos e córregos, bem
como rever os procedimentos de construção e manutenção de estradas caso o assoreamento
seja identificado. Caso confirmado, um treinamento de reciclagem dos profissionais da área
será conduzido.
Opção Verde
Ação 4. Checar com empresas de produtos químicos e com o IBAMA como acelerar processo
de desburocratização do desenvolvimento de produtos químicos substitutos aos atualmente
empregados.
FIM
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