Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 14/7/12
Com péssima campanha na
Série C, Brasiliense viu o
torcedor sumir: hoje, o time
recebe o Madureira, às 16h
ESPORTE CANDANGO
A bola da
vez é a oval
Com péssima média de público nas séries C e D, equipes de futebol do Distrito Federal
levam menos torcedores aos estádios do que os times locais de futebol americano
ão é segredo: a capital da
pátria de chuteiras traiu a
tradição nacional e raramente consegue destaque
no cenário futebolístico do Brasil.
Surpresa é que, depois do firme
matrimônio com o basquete, o
público candango agora se acostuma às emoções da bola oval. Desde a criação em 2009 do Torneio
Touchdown, uma espécie de Brasileirão de futebol americano, a novidade tem conseguido adeptos no
Distrito Federal, e levado mais
gente aos estádios que o futebol.
Em disputa desde 23 de junho,
o Torneio Touchdown 2012 realizou até agora três jogos no Estádio
do Cave, no Guará. BrasíliaV8 e Tubarões do Cerrado levaram em
média 1.427 torcedores por partida
— no ano passado, os Tubarões foram vistos por pelo menos 800
apoiadores em seus compromissos. O Ceilândia e o Sobradinho
começaram a disputa da Série D
no mesmo dia, o Brasiliense estreou na Série C na semana seguinte. Desde então, os times candangos de futebol não conseguiram ultrapassar a média de 590 pagantes por encontro. Os ingressos
custam o mesmo nas duas modalidades: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
“Demos aulas de marketing aos
clubes e sempre acompanhamos
as ações deles”, conta André José
Adler, um dos idealizadores do Torneio Touchdown. O número de pagantes em cada jogo ainda não cobre os gastos de cada equipe, mas
o dirigente acredita que a categoria
N
tem passado por uma melhora.
Com patrocínios e transmissão da
tevê fechada, a organização pode
destinar R$ 20 mil a cada clube.
Para os dirigentes do futebol
candango, a falta de credibilidade
do esporte no DF se reflete na baixa
presença do público. “Caímos no
descrédito porque há muita desorganização, principalmente por parte da federação”, critica Rodrigo Vale, presidente do Sobradinho, equipe que levou apenas 34 pagantes
ao estádio no fim de semana passado, contra a Aparecidense (GO).
A concorrência com as partidas da primeira divisão também é
considerada culpada. “O torcedor
até vai ao Campeonato Candango, mas, quando está acontecendo o Brasileiro, prefere ficar em
casa”, argumenta Almir de Almeida, diretor de futebol do Ceilândia. “Não adianta fazer propaganda de jogo com cartaz na rua. Não
resolve e eu gasto mais dinheiro.”
Os três times do DF que disputam torneios nacionais viram
o número de torcedores cair jogo
após jogo. O Brasiliense ocupa a
lanterna do Grupo B da Série C e
viu o público do Serejão cair
11,3% desde a estreia. O time de
Taguatinga volta a jogar em casa
hoje, às 16h, contra o Madureira.
“Se o time tem mau desempenho,
o torcedor, com toda razão, não vai
ao estádio”, admite o ex-senador
Luiz Estevão, dono do Jacaré.
A situação nos outros clubes do
DF é ainda pior. A média do Ceilândia desceu 38% e o Sobradinho
viu despencar em 98,4% o número de apoiadores entre a estreia e a
partida de eliminação na Série D.
Daniel Ferreira/CB/D.A Press - 29/7/10
» BRAITNER MOREIRA
» NÁDIA MEDEIROS
Se o time tem mau
desempenho, o torcedor,
com toda razão, não vai
ao estádio. A gente não
tem de reclamar com
ele, temos é que fazer
com que o time
melhore”
Luiz Estevão,
mandatário do Brasiliense
O Tubarões do Cerrado atrai um público fiel aos jogos do Estádio do Cave
590
Média de público de Brasiliense,
Ceilândia e Sobradinho
nas séries C e D
1.427
Média de público de Brasília V8
e Tubarões do Cerrado no
Torneio Touchdown 2012
Prejuízo para entrar em campo
Imagine ter de pagar para trabalhar. Essa é a situação atual dos
clubes candangos nas séries C e D
do Campeonato Brasileiro. Mesmo sem precisar pagar aluguel
dos estádios, Brasiliense, Ceilândia e Sobradinho precisam tirar
dinheiro do próprio bolso, sempre que jogam em casa, para quitar despesas com arbitragem e segurança, por exemplo.
Segundo os borderôs divulgados no site oficial da CBF, o Brasiliense tem média de prejuízo de
R$ 1.931 cada vez que joga em Taguatinga. A média de torcedores
do Brasiliense é quase seis vezes
menor do que a da terceira divisão.
Situação parecida vive o Ceilândia. Classificado às oitavas de final
da Série D, o único clube candango em boa fase nos torneios nacionais é também aquele com a conta
mais vermelha. Depois de levar
média de apenas 96 torcedores
durante a campanha, somou prejuízo de R$ 13.424 na primeira fase
da competição. O Sobradinho, eliminado como lanterna, ficou com
R$ 8.220 de perda.
“Há 15 anos pagamos para jogar, isso é normal. Os jogadores não
se preocupam muito com o público, jogam porque estão recebendo”,
simplifica Almir de Almeida, diretor
de futebol do Ceilândia. O cartola,
porém, ainda se mostra ligeiramente otimista. “Estaremos na Copa do Brasil no ano que vem, quem
sabe melhore a situação”, torce.
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ESPORTE CANDANGO Prejuízo para entrar em campo