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25/08/2011 às 10:19 Atualizado em 25/08/2011 às 10:20
Jovens recém-formados buscam
concursos públicos como alternativa
para entrar no mercado de trabalho
Ione Luques ([email protected])
RIO - Eles têm entre 18 e 30 anos, são de ambos os sexos, mas, na maioria, mulheres
(60%) e estão adiando os planos de pós-graduação para se preparar para os concursos
públicos. Cada vez mais jovens recém-formados vislumbram na carreira pública a
oportunidade de entrar no mercado de trabalho de uma forma mais rápida e, de quebra,
conquistar estabilidade no emprego.
— Desde o fim de 2008, quando aconteceu a crise financeira mundial, muitos jovens
passaram a ver na administração pública a confiança de um emprego que tira as
incertezas que um cargo numa empresa particular carrega. E de fato não há facilidades
no mercado privado, que a cada dia está mais competitivo e cruel — afirma Alexandre
Prado, do Concurso Virtual.
Celso Gonçalves, diretor do R2 Cursos Preparatórios, aponta três fatores de atração para
os recém-formados para o serviço público, embora muitos defendam que estamos
caminhando para o pleno emprego: raras exceções, não se exige experiência prévia, ao
contrário da iniciativa privada; o processo seletivo, que é objetivo e todos concorrem em
condições de igualdade; e bons salários, pois, enquanto um recém-formado começa uma
carreira ganhando, em média, de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil, na iniciativa privada, no serviço
público este mesmo profissional pode começar ganhando entre R$ 4 mil e R$ 8 mil, por
exemplo.
Embora muitas instituições governamentais procurem por especialistas, é possível, sim,
que os jovens recém-formados aproveitem o grau de bacharel que obtiveram, seja ele
qual for, para ingressar no serviço público, afirma Prado.
— Praticamente todas as profissões podem ser exercidas na carreira pública, que inclui
tanto os cargos oriundos das empresas públicas como os das sociedades mistas, que em
muito se assemelham à iniciativa privada. Médicos (em todas as especialidades),
enfermeiros, nutricionistas, engenheiros (em todas as áreas), odontólogos, estatísticos,
jornalistas e administradores, entre outros, são selecionados com frequência —
completa Gonçalves.
De acordo com o diretor do R2, os concursos mais procurados pelos jovens, tanto do
nível médio quanto do superior, são aqueles que não exigem formação específica.
— Há uma combinação de fatores que tornam o concurso atraente: remuneração,
número de vagas e abrangência — completa Gonçalves, lembrando que as carreiras
públicas e privadas não são, necessariamente, excludentes. O recém-formado pode
ingressar na iniciativa privada ao mesmo tempo em que busca a preparação para os
concursos públicos.
Já o diretor do Concurso Virtual ressalta que as seleções para as áreas de direito e
administração também atraem bastante o interesse dos recém-formados. As áreas
jurídica, fiscal e tributária — tanto na esfera municipal, quanto na estadual e federal —
também são bem disputadas. Já para o nível médio, os mais procurados são os
concursos das áreas de educação e de segurança.
As gêmeas Marcelle e Renata Barcellos têm 23 anos e estudam na Academia do
Concurso há pouco mais de um ano. Ambas se formaram em biotecnologia, em 2009,
pela Universidade Estadual da Zona Oeste, e tiveram a oportunidade de fazer mestrado
com bolsa, mas acabaram abrindo mão da especialização:
— O retorno financeiro de uma bolsa integral para mestrado ou mesmo doutorado,
levando em consideração o tempo que nos dedicamos, ficaria aquém das minhas
necessidades. Comecei na Academia fazendo curso para o Mistério Público da União
(MPU) e, hoje, estou terminando o curso para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Com o conhecimento adquirido nos dois cursos, dos cinco concursos que já prestei, fui
classificada em dois, Fiocruz e Inmetro — diz Marcelle.
Erick de Lima Leite, 24 anos, formado em medicina veterinária na Universidade Estácio
de Sá, teve o mesmo pensamento das gêmeas. Deixou de lado, por um tempo, os planos
na sua área de formação e entrou para um curso preparatório para concursos, também
com a certeza de ser aprovado em menos de dois anos.
— Comecei a estudar ano passado para a Polícia Federal e, agora, em 2011, para a
Polícia Civil. Com poucos meses de estudo, me classifiquei no primeiro concurso que
fiz, para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que acabou me motivando ainda mais.
Alcançado o objetivo atual, poderei viabilizar o que planejo, que é abrir minha própria
clínica veterinária.
Dedicação e uma boa estratégia de estudo é fundamental para quem busca uma
aprovação rápida. No caso de Renata Barcellos, conciliar cursos que tenham matérias
em comum foi a melhor estratégia.
— De um curso para outro, revejo matérias e adiciono novas, ampliando meu leque de
conhecimento. Quanto ao tempo que dispenso estudando, fica em torno de nove horas
diárias, divididas em três horas no curso e seis horas em salas de estudo — diz Renata,
que, como a irmã, fez os cursos para o Ministério Público da União (MPU) e do TRE e
começa em setembro o curso para o Ministério Público do Estado (MPE-RJ).
Diretor do Concurso Virtual, Alexandre Prado ressalta que o jovem que descobre no
concurso público a grande oportunidade para ter estabilidade financeira e total
independência se dedica e não para de estudar:
— A cada semestre percebe-se que mais jovens estão enxergando no concurso público
uma grande oportunidade profissional. Com isso, a concorrência está mais acirrada,
levando, inclusive, alguns concurseiros a abrirem mão de seus diplomas para tentarem
uma seleção de nível médio.
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Jovens recém-formados buscam concursos